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Perfil microbiológico e de resistência bacteriana no pé diabético infectado

RESUMO

Objetivo:

identificar o perfil sociodemográfico, microbiológico e de resistência bacteriana em pacientes com pé diabético infectado.

Métodos:

tratou-se de estudo observacional, transversal que avaliou os perfis sóciodemográfico e microbiológico de pacientes portadores de pé diabético infectado internados em Pronto Socorro de referência. Os dados sociodemográficos foram coletados por meio de entrevista. Foram colhidos, durante os procedimentos cirúrgicos, fragmentos de tecidos das lesões podais infectadas para realização de cultura/antibiograma.

Resultados:

a amostra foi composta por 105 pacientes. O perfil sociodemográfico mais prevalente foi o de pacientes do sexo masculino, acima dos 50 anos, casados e com baixa escolaridade. Das 105 amostras de fragmentos de tecidos colhidos para realização de cultura e antibiograma, 95 foram positivas, com crescimento de um único germe em cada um dos exames. Houve predomínio de germes da família Enterobacteriaceae (51,5%). Germes Gram-negativos foram isolados em 60,0% das culturas e os espécimes mais isolados individualmente foram os cocos Gram-positivos, Staphylococcus aureus (20,0%) e Enterococcus faecalis (17,9%). Considerando-se os perfis de resistência bacteriana, verificou-se alta taxa de Staphylococcus aureus resistente à meticilina (63,0%) e à ciprofloxacino (55,5%); verificou-se, também, que 43,5% dos germes Gram-negativos eram resistentes à ciprofloxacino.

Conclusões:

o perfil sociodemográfico majoritário, foi o de homens, com mais de 50 anos e com baixa escolaridade. Concluímos que os germes mais prevalentes nas lesões podais dos pacientes diabéticos foram os Gram-negativos, resistentes ao ciprofloxacino e que o germe mais isolado individualmente foi o Staphylococcus aureus resistente à meticilina.

Palavras chave:
Pé Diabético; Microbiota; Antibacterianos; Farmacorresistência Bacteriana

ABSTRACT

Purpose:

the purpose of this research was to identify the sociodemographic and microbiological characteristics and antibiotic resistance rates of patients with diabetic foot infections, hospitalized in an emergency reference center.

Methods:

it was an observational and transversal study. The sociodemographic data were collected by direct interview with the patients. During the surgical procedures, specimens of tissue of the infected foot lesions were biopsied to be cultured, and for bacterial resistance analysis.

Results:

the sample consisted of 105 patients. The majority of patierns were men, over 50 years of age, married and with low educational level. There was bacterial growth in 95 of the 105 tissue cultures. In each positive culture only one germ was isolated. There was a high prevalence of germs of the Enterobacteriaceae family (51,5%). Gram-negative germs were isolated in 60% of cultures and the most individually isolated germs were the Gram-positive cocci, Staphylococcus aureus (20%) and Enterococcus faecalis (17,9%). Regarding antibiotic resistance rates, a high frequency of Staphylococcus aureus resistant to methicillin (63,0%) and to ciprofloxacin (55,5%) was found; additionally, 43,5% of the Gram-negative isolated germs were resistant to ciprofloxacin.

Conclusions:

the majority of patients were men, over 50 years of age, married and with low educational level. The most prevalent isolated germs from the infected foot lesions were Gram-negative bacteria, resistant to ciprofloxacin, and the individually most isolated germ was the methicillin resistant Staphylococcus aureus.

Keywords:
Diabetic Foot; Microbiota; Anti-Bacterial Agents; Drug Resistance, Bacterial

INTRODUÇÃO

O Diabetes Mellitus (DM) é, atualmente, uma das doenças mais prevalentes no mundo, com cerca de 425 milhões de pessoas acometidas e com previsão de aumento para cerca de 642 milhões nos próximos 20 anos. No Brasil, em 2017, havia cerca de 12,5 milhões de pessoas entre 20 e 79 anos portadoras de DM, com estimativa de aumento para 20,3 milhões até o ano de 2045. Acredita-se que o aumento da prevalência de DM seja decorrente do envelhecimento da população, da maior urbanização e do aumento do sedentarismo, levando, concomitantemente, ao aumento da obesidade na população brasileira11 International Diabetes Federation. IDF Diabetes Atlas [livro eletrônico]. 8ª ed. 2017. [acesso em 18 jan 2020]. Disponível em: https://diabetesatlas.org/upload/resources/previous/files/8/IDF_DA_8e-EN-final.pdf
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Um problema importante do DM é a morbidade advinda das complicações da doença, sendo as complicações neurológicas e circulatórias periféricas altamente prevalentes, manifestando-se, clinicamente, por meio de úlceras podais. Pacientes portadores de DM têm probabilidade entre 15 e 25% de apresentarem ulceração podal ao longo da vida22 Lipsky BA. Diabetic foot infections: current treatment and delaying the 'post-antibiotic era'. Diabetes Metab Res Rev. 2016;32 Suppl 4:246-53.,33 Rastogi A, Sukumar S, Hajela A, Mukkerjee S, Dutta P, Bhadada SK, Bhansali A. The microbiology of diabetic foot infections in patients recently treated with antibiotic therapy: A prospective study from India. J Diabetes Complications. 2017;31(2):407-12..

As úlceras podais iniciam-se em decorrência da neuropatia periférica que, associada à diminuição da resposta neuroendócrina e, por vezes, associada à aterosclerose dos membros inferiores, próprias da doença, culminam com o surgimento de ulcerações e infecção secundária das lesões44 Rezende KF, Ferraz MB, Malerbi DA, Melo NH, Nunes MP, Pedrosa HC, Chacra AR Predicted annual costs for in patients with diabetes and foot ulcers in a developing country - a simulation of the current situation in Brazil. Diabet Med. 2010;27(1):109-12.. As feridas são, inicialmente, em geral, colonizadas por microrganismos a partir da microbiota da pele circunjacente, em que os principais patógenos habitualmente responsáveis pelas infecções são o Staphylococcus aureus e os Streptococcus spp55 Ohki V, Galvão RC, Marques CG, Santos VP, Casteli Jr V, Caffari RA. Perfil microbiológico nas infecções profundas do pé diabético. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2010;55(1):15-7. [acesso em 18 jan 2020]. Disponível em: http://arquivosmedicos.fcmsantacasasp.edu.br/index.php/AMSCSP/article/view/306/321
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Na maioria dos casos graves de doenças que necessitam de antibioticoterapia, é necessário que se inicie o antibiótico no momento do diagnóstico, de forma empírica. Posteriormente, por meio de avaliações clínicas diárias e do resultado de cultura e antibiograma, é feito o ajuste adequado da terapia antimicrobiana utilizada33 Rastogi A, Sukumar S, Hajela A, Mukkerjee S, Dutta P, Bhadada SK, Bhansali A. The microbiology of diabetic foot infections in patients recently treated with antibiotic therapy: A prospective study from India. J Diabetes Complications. 2017;31(2):407-12.,66 Pence LM, Mock, CM, Kays MB, Damer KM, Muloma EW, Erdan SM. Correlation of adherence to the 2012 Infectious Diseases Society of America practice guidelines with patient outcomes in the treatment of diabetic foot infections in an outpatient parenteral antimicrobial programme. Diabet Med. 2014;31(9):1114-20..

A realização de exames de cultura e antibiograma de forma rotineira em determinado serviço hospitalar permite o conhecimento da microbiota dessa população, subsidiando a elaboração de diretrizes locais de antibioticoterapia empírica inicial, promovendo impacto direto no sucesso do tratamento e, até mesmo, reduzindo os custos com o uso escalonado e mais lógico dos antimicrobianos77 Sonmerzer MC, Tulek N, Ozsoy M, Erdinc F, Ertem G. Diabetic foot infections: effective microorganisms and factors affecting the frequency of osteomyelitis and amputation. European Res J. 2015;1(3):119-27.,88 Hatipoglu M, Mutluoglu M, Karabacak E, Turhan V, Lipsky BA. The microbiologic profile of diabetic foot infections in Turkey: a 20-year systematic review: diabetic foot infections in Turkey. Eur J Clin Microbiol Infect Dis. 2014;33(6):871-8.. O uso inadequado dos antimicrobianos pode agravar a infecção e até favorecer o desenvolvimento de resistência bacteriana durante o tratamento das infecções de pé diabético99 Oliveira AF, Oliveira Filho H. Perfil microbiológico e de resistência antimicrobiana no pé diabético infectado. J Vasc Bras. 2014;13(4):289-93..

No estado do Amazonas, há carência de estudos de análise do perfil microbiológico e de resistência bacteriana das infecções em lesões podais de pacientes diabéticos. Diante desta lacuna do conhecimento, propusemo-nos a analisar estes aspectos sociodemográficos e microbiológico de pacientes com pé diabético infectado, internados em hospital de referência do Estado do Amazonas.

MÉTODOS

Mediante estudo prospectivo, observacional, transversal, descritivo, de prevalência, avaliou-se o perfil microbiológico e a resistência bacteriana de pacientes internados no Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto, no período de março a agosto de 2018. As lesões eram podais e infectadas. O protocolo do estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal do Amazonas (Parecer No. 2.335.126).

A amostra foi composta de pacientes com DM, com lesões podais infectadas (pé diabético infectado), que buscaram atendimento de urgência pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no serviço de cirurgia vascular do Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto, em Manaus-AM. Foram incluídos pacientes de ambos os sexos, maiores de 18 anos e que aceitaram, formalmente, participar da pesquisa.

Os pacientes elegíveis para entrar na pesquisa foram entrevistados, usando-se formulário contendo dados demográficos, comorbidades, exame físico, classificação da gravidade da infecção. Em um segundo momento, adicionaram-se os resultados dos exames laboratoriais de cultura e antibiograma dos fragmentos de tecidos profundos biopsiados, durante o primeiro procedimento cirúrgico do participante da pesquisa. O tipo do procedimento cirúrgico realizado, as intercorrências, o tempo de internação e o número de óbitos também foram registrados.

Durante os procedimentos cirúrgicos, como drenagem de abscesso, desbridamento e amputações, realizados no centro cirúrgico, com cuidados de antissepsia e assepsia, sob anestesia, era colhido fragmento de tecido com aproximadamente 2cm de comprimento no maior eixo, imediatamente após do desbridamento dos tecidos desvitalizados e da irrigação do leito cruento com soro fisiológico, conforme preconizado por Sotto et al.10 e Lipsky et al.1111 Lipsky BA, Berendt AR, Cornia PB, Pile JC, Peters EJG, Armstrong DG, et al. Infectious Diseases Society of America clinical practice guideline for the diagnosis and treatment of diabetic foot infections. Clin Infect Dis. 2012;54(12):132-73.. Os materiais biológicos foram acondicionados em frascos esterilizados com solução salina e enviados para realização de cultura e antibiograma.

As variáveis de caracterização da população foram: idade, sexo, procedência, estado civil, escolaridade e ocupação, para caracterização do perfil epidemiológico sociodemográfico da população estudada. O estudo do perfil clínico foi feito por meio da busca, com entrevista direta, das variáveis: hipertensão arterial sistêmica (HAS), doença arterial periférica, doença renal crônica, hemodiálise, dislipidemia, tabagismo, internações prévias e uso prévio de antimicrobianos. Para classificar as feridas, foram utilizadas as classificações de Wagner e de PEDIS (Perfusion, Extent/Size, Depth/Tissue Loss, Infection, Sensation)1111 Lipsky BA, Berendt AR, Cornia PB, Pile JC, Peters EJG, Armstrong DG, et al. Infectious Diseases Society of America clinical practice guideline for the diagnosis and treatment of diabetic foot infections. Clin Infect Dis. 2012;54(12):132-73.. Os procedimentos cirúrgicos foram identificados como desbridamento, amputações menores (com preservação do calcanhar) e amputações maiores (acima do tornozelo). Foram também determinados o tempo de internação e o número de óbitos intra-hospitalares.

A análise estátisca foi realizada por meio de frequências simples e absolutas, com teste de Shapiro-Wilk para dados quantitativos e teste qui-quadrado de Pearson para variáveis qualitativas, sendo estabelecido nível de significância de 5%.

RESULTADOS

A amostra do estudo foi composta por 105 pacientes com completo preenchimento do formulário de coleta de dados e com material biológico para análise microbiológica.

Em relação ao perfil sóciodemográfico dos pacientes, evidenciou-se o predomínio de pacientes do sexo masculino, na faixa etária entre 50 e 70 anos de idade, casados, com baixa escolaridade e procedentes da cidade de Manaus (Tabela 1).

Tabela 1
Distribuição das variáveis sociodemográficos dos pacientes estudados.

Considerando-se os dados clínicos e comorbidades (Tabela 2), observou-se alta prevalência de hipertensão arterial sistêmica, bem como de dislipidemia. A doença arterial obstrutiva periférica (DAOP) foi detectada em 27,6% dos pacientes.

Tabela 2
Distribuição das variáveis clínicas dos pacientes estudados.

Todos os pacientes deste estudo realizaram exame radiológico do pé acometido pela lesão, atestando-se a presença de osteomielite radiológica em 40 pacientes (38,1%).

Analisando-se o tipo de procedimento cirúrgico ao qual os pacientes foram submetidos, pouco mais da metade foram submetidos a amputações menores (com preservação do calcanhar), 40% dos mesmos foram submetidos a desbridamento cirúrgico e 7 pacientes (6,5%) foram submetidos a amputações maiores (Tabela 2).

Nesta série houve 5 óbitos (4,8%), tendo como causa registrada mais provável, o choque séptico. A mediana do tempo de internação hospitalar foi 161010 Sotto A, Richard JL, Combescure C, Jourdan N, Schuldiner S, Bouziges N, Lavigne J-P. Beneficial effects of implementing guidelines on microbiology and costs of infected diabetic foot ulcers. Diabetologia. 2010;53(10):2249-55.,2626 Shettigar K, Bhat DV, Satyamoorthy K, Murali TS. Severity of drug resistance and co-existence of Enterococcus faecalis in diabetic foot ulcer infections. Folia Microbiol (Praha). 2018;63(1):115-122. dias (Tabela 2).

Considerando-se a distribuição da gravidade das lesões de acordo com as classificações PEDIS e de Wagner (Figuras 1 e 2), não houve lesões caracterizadas nos graus 0 e no Grau 1, tanto pela classificação de Wagner quanto pela de PEDIS, visto que a amostra foi composta exclusivamente por pacientes portadores de pé diabético infectado que demandaram tratamento cirúrgico. Levando-se em conta a classificação PEDIS, encontrou-se maior prevalência das lesões de Grau 3 (79,0%); já, quanto à classificação de Wagner, encontrou-se maior prevalência de lesões Grau 2 (54,3%) e Grau 3 em (34,3%).

Figure 1
Distribuição das lesões podais segundo a classificação de “Perfusion, Extent/Size, Depth/Tissue Loss, Infection, Sensation” (PEDIS).

Figure 2
Distribuição das lesões podais segundo a classificação de Wagner.

Das 105 amostras de fragmentos de tecidos colhidos para realização de cultura e antibiograma, 95 foram positivas, com crescimento de um único germe em cada um dos exames. Houve predomínio de bactérias Gram-negativas da família Enterobacteriaceae (51,5%) e baixa incidência de bactérias Gram-negativas da família Pseudomonadaceae (4,2%). Dentre as bactérias Gram-positivas isoladas, houve incidência maior de germes das famílias Staphylococcaceae e Enterococcaceae.

Embora o grupo das enterobactérias Gram-negativas tenha apresentando maior prevalência, os germes mais frequentemente isolados neste estudo foram o S. aureus (20,0%) e o Enterococcus faecalis (17,9%), cocos Gram-positivos. O Proteus mirabilis (12,6%) e a Klebsiella pneumoniae (10,5%) foram os espécimes Gram-negativos mais isolados, sendo que a Pseudomonas aeruginosa apresentou baixa frequência (4,2%) nesta população de pacientes (Tabela 3).

Tabela 3
Distribuição dos resultados de cultura segundo germe isolado.

Em relação aos perfis de resistência bacteriana in vitro, verificou-se alta taxa de S. aureus resistente à meticilina (63,2%) e ao ciprofloxacino (55,5%) e observou-se que 43,5% dos germes Gram-negativos eram resistentes ao ciprofloxacino. A P. aeruginosa, assim como todas as outras bactérias Gram-negativas foram sensíveis aos carbapenêmicos. Importante destacar a presença de 4 espécimes de Klebsiella pneumoniae e 4 espécimes de Escherichia coli MDRO (multi-drug resistant organisms) com ESBL (betalactamase de espectro estendido) positivo, assim como foram encontrados 12 espécimes de S. aureus resistentes à meticilina (MRSA) (Tabelas 4 e 5).

Tabela 4
Distribuição do perfil de resistência bacteriana dos dois germes Gram-positivos mais prevalentes.
Tabela 5
Distribuição do perfil de resistência bacteriana dos germes Gram-negativos mais prevalentes.

DISCUSSÃO

Encontrou-se perfil sóciodemográfico que se caracterizou majoritariamente por homens, com faixa etária predominante entre 50 e 70 anos, aposentados, casados, com baixo nível de escolaridade e residentes na cidade de Manaus. Bona et al.1212 Bona SF, Barbosa MAR, Ferraz CLH, Guarita LKS, Nina RVAH, Brabosa NMRF, et al. Prevalência do pé diabético nos pacientes atendidos na emergencia de um hospital público terciário de Fortaleza. Rev Bras Clin Med. 2010;8(1):1-5. [acesso em 18 jan 2020]. Disponível em http://files.bvs.br/upload/S/1679-1010/2010/v8n1/a001.pdf
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em estudo epidemiológico realizado em Fortaleza-CE, analisando, retrospectivamente, 67 prontuários de pacientes internados por pé diabético infectado, encontraram maior frequência de pacientes do sexo feminino (52%), com faixa etária semelhante à encontrada no presente estudo e, também observaram maior frequência de pacientes procedentes da capital do Estado. Pedras et al.1313 Pedras S, Carvalho R, Pereira MG. Sociodemographic and clinical characteristics of patients with diabetic foot ulcer. Rev Assoc Med Bras. 2016;62(2):171-8., em estudo de 206 pacientes diabéticos com indicação de procedimento de amputação, observaram maioria de pacientes do sexo masculino, com idade média de 66 anos, casados e com baixa escolaridade, características semelhantes às encontradas no presente estudo. Tais aspectos indicam que as variáveis sociodemográficas podem exercer papel significativo tanto na prevalência quanto como na evolução do pé diabético, sendo provável que nível socioeconômico baixo, baixa escolaridade e falta de suporte familiar, sejam fatores predisponentes para as complicações do DM e que possam contribuir para maior risco de amputações nas extremidades inferiores1414 Berardis GD, Pellegrini F, Franciosi M, Nardo B, Greenfileld S, Kaplan SH, et al. Are type 2 diabetic patients offered adequate foot care? The role of physician and patient characteristics. J Diabetes Complications. 2005;19(6):319-27..

A 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial refere que a prevalência da HAS está estimada entre 50 e 75% nos pacientes com DM1515 Malachias MVB, Souza WKSB, Plavnik FL, Rodrigues CIS, Branda~o AA, Neves MFT, et al. 7a diretriz brasileira de hipertensão arterial. Arq Bras Cardiol. 2016;107(3):1-103. [acesso em 18 jan 2020]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abc/v107n3s3/pt_0066-782X-abc-107-03-s3-0001.pdf
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. No presente estudo a HAS confirmou-se como comorbidade mais prevalente (56,2%), encontrando-se dentro do estimado pela referida diretriz.

De acordo com Hinchliffe et al.1616 Hinchliffe RF, Brownrigg JRW, Apelqvist J, Boyko EJ, Fitridge R, Mills JL, Reekers J, Shearman CP, Zierler RE, Schaper NC, International Working Group on the Diabetic Foot. IWGDF guidance on the diagnosis, prognosis and management of peripheral artery disease in patients with foot ulcers in diabetes. Diabetes Metab Res Rev. 2016;32 Suppl 1:37-44., a DAOP nos pacientes diabéticos portadores de úlceras podais chega a 50% de frequência, o que impacta negativamente na capacidade de regeneração tecidual das extremidades destes pacientes, acarretando em altas taxas de amputações. No presente estudo, a DAOP esteve presente em 27,6% dos pacientes, o que acreditamos que, somada à infecção, tenha sido responsável por elevada taxa de amputação.

Em nossa série, houve mortalidade não desprezível, próxima a 5%. Assumindo que esses óbitos tenham sido decorrentes de infecção sistêmica cujo foco primário foi a lesão podal, visto que o motivo da internação hospitalar foi a lesão podal infectada, pode-se inferir que a prevenção das lesões podais iniciais é importante. Essa prevenção é plenamente factível com medidas simples de orientação adequada, feitas na atenção primária de saúde pública já bem estabelecidas em diretrizes clínicas1111 Lipsky BA, Berendt AR, Cornia PB, Pile JC, Peters EJG, Armstrong DG, et al. Infectious Diseases Society of America clinical practice guideline for the diagnosis and treatment of diabetic foot infections. Clin Infect Dis. 2012;54(12):132-73.. Ademais tais orientações poderiam, em última instância, ter evitado estes óbitos, bem como as amputações que deixaram sequelas nos sobreviventes.

O procedimento cirúrgico de maior frequência realizado foram as amputações (60%), com predominância das amputações menores (53,3%). Schaper et al.1717 Schaper NC, Andros G, Apelqvist J, Bakker K, Lammer J, Lepantalo M, et al. Diagnosis and treatment of peripheral arterial disease in diabetic patients with a foot ulcer. A progress report of the International Working Group on the Diabetic Foot. Diabetes Metab Res Ver. 2012;28 Suppl 1:218-24., em estudo prospectivo multicêntrico europeu, com 1.232 pacientes, internados e ambulatoriais, encontrou taxa de amputação de 23% e taxa de óbito de 6%. Acreditamos que a taxa de amputação mais elevada por nós encontrada deveu-se ao fato de que só analisamos pacientes internados, portanto, portadores de lesões de maior gravidade.

No presente estudo, utilizou-se como parâmetros para classificar a gravidade das feridas as classificações de Wagner e PEDIS. A Classificação de Wagner, apesar de não abranger escores clínicos cruciais para presença tanto de isquemia quanto neuropatia, por ser elementar e de fácil aplicação, segue sendo a mais utilizada nas pesquisas e na prática clínica. A classificação PEDIS foi originalmente elaborada pelo IWGDF (Internacional Working Group on the Diabetic Foot) para fins de pesquisa, apresentando maior complexidade que a classificação de Wagner, e incorporando critérios objetivos de gravidade do ponto de vista infeccioso local e sistêmico. Desta forma, essa classificação torna-se instrumento útil para orientação do uso empírico de antimicrobianos, antes da obtenção dos resultados de cultura e antibiograma1818 Ghotaslou R, Memar MY, Alizadeh N. Classification, microbiology and treatment of diabetic foot infections. J Wound Care. 2018;27(7):434-41..

Neste estudo, não houve pacientes nos graus 0 e 1 de Wagner e PEDIS, visto que só foram incluídos pacientes com pé diabético infectado que necessitaram de internação para tratamento cirúrgico. Houve predomínio de lesões graus 2 de Wagner e 3 da classificação PEDIS, pouco diferente do encontrado por Bona et al.1212 Bona SF, Barbosa MAR, Ferraz CLH, Guarita LKS, Nina RVAH, Brabosa NMRF, et al. Prevalência do pé diabético nos pacientes atendidos na emergencia de um hospital público terciário de Fortaleza. Rev Bras Clin Med. 2010;8(1):1-5. [acesso em 18 jan 2020]. Disponível em http://files.bvs.br/upload/S/1679-1010/2010/v8n1/a001.pdf
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, no Ceará, e por Oliveira et al.1919 Oliveira JC, Taquary SAS, Barbosa AM, Veronezi RJB. Pé diabético: perfil sociodemográfico e clínico de pacientes hospitalizados. Rev Bras Ciênc Saúde. 2018;22(1):15-20., em Goiânia, que observaram, majoritariamente, lesões de maior gravidade (grau 4 de Wagner). Acreditamos que a possível explicação para esta diferença seja a facilidade do acesso aos serviços de urgência em cirurgia vascular na cidade de Manaus. Conforme esperado, observamos taxas maiores de amputações nos graus de maior gravidade. Jeon et al.2020 Jeon BJ, Choi HJ, Kang JS, Tak MS, Park ES. Comparison of five systems of classification of diabetic foot ulcers and predictive factors for amputation. Int Wound J. 2017;14(3):537-45., estudando 158 pacientes portadores de pé diabético infectado, encontraram, também, correlação positiva entre os graus de gravidade e a taxa de amputações.

Neste estudo, realizaram-se 105 exames de cultura de fragmento de tecido de pé diabético infectado, sendo que em 95 (90,5%) amostras houve crescimento bacteriano. O fato de existirem resultados negativos de culturas de fragmento de tecido de lesões nas quais havia, clinicamente, a existência de infecção, pode ser explicado por falha técnica na coleta do material ou na semeadura do mesmo. Ainda, o início do uso de antibióticos antes da coleta do material biológico, pode ser também causa para culturas negativas, porém menos provável em se tratando de cultura de fragmento de tecido biológico. Diferentemente dos estudos de Mendes et al.2121 Mendes JJ, Marques-Costa A, Vilela C, Neves J, Candeias N, Cavaco-Silva P, et al. Clinical and bacteriological survey of diabetic foot infections in Lisbon. Diabetes Res Clin Pract. 2012;95(1):153-61., Oliveira e Oliveira Filho99 Oliveira AF, Oliveira Filho H. Perfil microbiológico e de resistência antimicrobiana no pé diabético infectado. J Vasc Bras. 2014;13(4):289-93. e Xie et al.2222 Xie X, Bao Y, Ni L, Liu D, Niu S, Lin H, et al. Bacterial profile and antibiotic resistance in patients with diabetic foot ulcer in Guangzhou, southern China: focus on the differences among different wagner's grades, IDSA/IWGDF grades, and ulcer types. Int J Endocrinol. 2017;2017:8694903., encontramos, dentre os resultados positivos, o crescimento de apenas um microrganismo em cada cultura. Este achado provavelmente deveu-se à metodologia adotada para cultura. Neste sentido, obteve-se apenas material biológico de tecido profundo, com realização de biópsia após desbridamento e limpeza adequada da ferida, reduzindo-se, assim, a possibilidade de contaminação por microrganismos superficiais e colonizadores da pele. Ressalta-se que esta é a confirmação da execução correta do método de colheita de material utilizado.

Assim como Oliveira e Oliveira Filho99 Oliveira AF, Oliveira Filho H. Perfil microbiológico e de resistência antimicrobiana no pé diabético infectado. J Vasc Bras. 2014;13(4):289-93., encontramos maior prevalência de bactérias gram-negativas (60,0%), com predomínio da família das Enterobacteriaceae (51,5%). Dentre essas, podemos destacar: Proteus mirabilis, Morganela morganii, Escherichia coli e Klesbisiella pneumoniae; com frequência baixa de Pseudomonas aeruginosa (4,2%). Estas bactérias são frequentemente encontradas em regiões de clima quente2323 Uçkay I, Gariani K, Pataky Z, Lipsky BA. Diabetic foot infections: state-of-the-art. Diabetes Obes Metab. 2014;16(4):305-16., podendo estar relacionados tanto a fatores climáticos, quanto a ambientais, socioculturais e de higiene, dentre outros2424 Peters EJ, Lipsky BA. Diagnosis and management of infection in the diabetic foot. Med Clin North Am. 2013;97(5):911-946.,2525 Bakker K, Apelqvist J, Lipsky BA, Van Netten JJ; International Working Group on the Diabetic Foot. The 2015 IWGDF guidance documents on prevention and management of foot problems in diabetes: development of an evidence-based global consensus. Diabetes Metab Res Rev. 2016;32 Suppl 1:2-6..

Os espécimes isolados predominantes nas feridas foram o S. aureus (20%), seguido do E. faecalis (17,9%), ambos cocos Gram-positivos. Xie et al.2222 Xie X, Bao Y, Ni L, Liu D, Niu S, Lin H, et al. Bacterial profile and antibiotic resistance in patients with diabetic foot ulcer in Guangzhou, southern China: focus on the differences among different wagner's grades, IDSA/IWGDF grades, and ulcer types. Int J Endocrinol. 2017;2017:8694903., estudando 117 pacientes portadores de pé diabético infectado, também encontraram, predominantemente, Staphylococcus aureus e E. faecalis.

Todas os E. faecalis isolados apresentaram altos níveis de sensibilidade às diversas classes de antibióticos. Já Shettigar et al.2626 Shettigar K, Bhat DV, Satyamoorthy K, Murali TS. Severity of drug resistance and co-existence of Enterococcus faecalis in diabetic foot ulcer infections. Folia Microbiol (Praha). 2018;63(1):115-122., em estudo epidemiológico prospectivo com 100 pacientes, encontraram E. faecalis com altas taxas de resistência a antibióticos como eritromicina (94%), tetraciclinas (91%) e ciprofloxacino (89%).

No hospital de referência no qual realizou-se o presente estudo, o esquema de antibiótico empírico amplamente disponível e, frequentemente, utilizado pelos cirurgiões vasculares plantonistas é a associação de ciprofloxacino com clindamicina, embasados por diretrizes clínicas nacionais2727 Levin AAS. Guia de utilização de anti-infecciosos e recomendações para a prevenção de infecções relacionadas à assistência à saúde [internet]. 7.ed. São Paulo: Hospital da Clínicas; 2014. [acesso em 18 jan 2020]. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/pdfs/Anti-Infecciosos_Infec_Hospitalar.pdf. Vries et al.2828 Vries MG, Ekkelenkamp MB, Peters EJ. Are clindamycin and ciprofloxacin appropriate for the empirical treatment of diabetic foot infections? Eur J Clin Microbiol Infect Dis. 2014;33(3):453-456. relataram resistência, para esta combinação de medicamentos, de apenas 15% dos S. aureus e 22% dos germes Gram-negativos. Em nossa casuística, observamos alta taxa de S. aureus resistente à clindamicina (63,2%) e ao ciprofloxacino (55,5%), sendo que apenas 56,5% dos germes Gram-negativos foram sensíveis ao ciprofloxacino. Apesar destes percentuais referirem-se a resistência bacteriana demonstrada in vitro, estes dados apontam para a necessidade na adequação da antibioticoterapia empírica, inicialmente utilizada para o tratamento dos pacientes portadores de pé diabético infectado no Hospital estudado. Provavelmente, esta é a evidência mais importante encontrada do presente estudo.

Houve preocupação constante quanto ao aumento das bactérias multirresistentes desde a década de 90 até o momento atual, com grande atenção voltada aos germes Gram-negativos da família Enterobacteriaceae produtores de betalactamases ou carbapenemases, conhecidos como MDRO, despontando como um dos grandes problemas no tratamento das infecções podais em pacientes diabéticos2424 Peters EJ, Lipsky BA. Diagnosis and management of infection in the diabetic foot. Med Clin North Am. 2013;97(5):911-946.,2929 Boyanova L, Mitov I. Antibiotic resistance rates in causative agents of infections in diabetic patients: rising concerns. Expert Rev Anti Infect Ther. 2013;11(4):411-420.. Isolamos 4 espécimes de K. pneumoniae e 4 espécimes E. coli multirresistentes com resultados positivos para ESBL, perfazendo 14% das bactérias Gram-negativas. Todos os ESBL positivos mostraram-se sensíveis aos carbapenêmicos, porém resistentes ao esquema empírico inicialmente utilizado. Sekhar et al.3030 Sekhar S, Vyas N, Unnikrishnan M, Rodrigues G, Mukhopadhyay C. Antimicrobial susceptibility pattern in diabetic foot ulcer: a pilot study. Ann Med Health Sci Res. 2014;4(5):742-745., em estudo com 108 pacientes internados para tratamento de pé diabético infectado, observaram ser a prevalência de MDRO maior em pacientes diabéticos internados com lesões podais crônicas. Estes autores relataram que as culturas de espécimes de microrganismos como E. coli, P. mirabillis e K. oxytoca produtoras de ESBL, tiveram, do mesmo modo, alta sensibilidade aos carbapenêmicos.

Dentre os 19 (20,0%) casos de S. aureus presentes neste estudo, foram encontradas 12 (63,1%) cepas MRSA, observando-se assim alta frequência em comparação a Mendes et al.2121 Mendes JJ, Marques-Costa A, Vilela C, Neves J, Candeias N, Cavaco-Silva P, et al. Clinical and bacteriological survey of diabetic foot infections in Lisbon. Diabetes Res Clin Pract. 2012;95(1):153-61., que encontraram apenas 24,5% de S. aureus MRSA. Entretanto, Mendes et al.21 estudaram apenas 49 pacientes, sendo que a maioria deles foram tratados ambulatorialmente, portanto com lesões de menor gravidade quando comparadas às lesões do presente estudo. Acreditamos que a alta frequência de S. aureus MRSA por nós encontrada possa decorrer das hospitalizações prévias frequentes (51,4%) e do uso prévio de antimicrobianos (59,0%).

Lauf et al.3131 Lauf L, Ozsvár Z, Mitha I, Regöly-Mérei J, Embil JM, Cooper A, et al. Phase 3 study comparing tigecycline and ertapenem in patients with diabetic foot infections with and without osteomyelitis. Diagn Microbiol Infect Dis. 2014;78(4):469-480. realizaram comparação da utilização do ertapenem e da tigeciclina para tratamento de S. aureus MRSA, com resultados de cura para pacientes tratados com tigeciclina de 66% e de 77% nos tratados com ertapenem. No presente estudo, apesar do ertapenem e da tigeciclina não terem sido testados para MRSA, houve resposta in vitro de 100% para vancomicina, assim como para daptomicina, linezolida, teicoplanina e sulfametoxazol-trimetoprim.

O presente estudo apresentou limitações quanto à ausência de informação sobre o tempo desde a última internação (nos casos dos pacientes com internações prévias) e por não termos explorado quais esquemas antibióticos foram previamente utilizados (naqueles pacientes que fizeram uso prévio à internação).

Concluímos que, no hospital de referência estudado, o perfil sociodemográfico dos pacientes para tratamento de pé diabético infectado foi, majoritariamente, composto por homens, com 50 a 70 anos de idade, casados, aposentados, com nível de escolaridade baixa e procedentes da cidade de Manaus. Houve predominância de bactérias Gram-negativas da família Enterobacteriaceae; entretanto, quando analisada a frequência de germes mais isolados individualmente, observamos que o Staphylococcus aureus MRSA e o E. faecalis, ambos cocos Gram-positivos, foram os mais frequentemente isolados. Quanto ao perfil de resistência bacteriana, houve altas taxas de resistência dos germes Gram-negativos ao ciprofloxacino e alta taxa de S. aureus resistentes à meticilina e, portanto, resistentes à clindamicina. Diante deste achado, apontamos a necessidade de adequação da antibioticoterapia empírica inicial para os pacientes portadores de pé diabético infectado internados no Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto. Propomos, portanto, a associação de vancomicina a um carbapenêmico ou à piperacilina-tazobactam como antibiotibioticoterapia empírica inicial. Reforçamos, ainda, com nossos dados, a importância da realização de culturas de fragmentos de tecidos das lesões podais destes pacientes, associadas aos respetivos antibiogramas, para a adequação da antibioticoterapia durante o tratamento deste grupo de pacientes, buscando, sempre, a redução das taxas de amputações.

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  • Fonte de financiamento:

    nenhuma.
  • Errata

    No artigo “Perfil microbiológico e de resistência bacteriana no pé diabético infectado”, com número de DOI: 10.1590/0100-6991e-20202471, publicado no periódico Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. 47(1);e20202471.
    Onde se lia:
    Fonte de financiamento: nenhuma.
    Leia-se:
    Fonte de financiamento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (EDITAL N. 005/2019 - PAPAC).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Jul 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    26 Jan 2020
  • Aceito
    19 Mar 2020
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