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Estudo retrospectivo dos resultados do tratamento cirúrgico de 31 tumores de células gigantes da bainha do tendão da mão* * Trabalho desenvolvido no Departamento de Ortopedia e Traumatologia, Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Marília, Marília, SP, Brasil. Publicado originalmente por Elsevier Editora Ltda. © 2018 Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.

Resumo

Objetivo

Avaliar os resultados do tratamento de 31 tumores de células gigantes da bainha do tendão da mão encontrados entre 2006 e 2015.

Métodos

Entre fevereiro de 2006 e novembro de 2015, um grupo de pacientes foi selecionado para avaliação retrospectiva, na qual foram estudados e avaliados 31 prontuários de pacientes submetidos a procedimento cirúrgico devido a tumor de células gigantes da bainha do tendão dos dedos da mão. O tratamento preconizado foi a excisão completa do tumor com a preservação das estruturas adjacentes. A confirmação diagnóstica foi feita pelo exame anatomopatológico. Foi avaliada a evolução do tratamento após a cirurgia, principalmente no tocante ao índice de recidivas dos tumores.

Resultados

Dos 31 pacientes da amostra, houve predomínio do sexo feminino e da etnia branca. O tumor acometeu principalmente indivíduos entre 30 e 50 anos. O lado mais acometido foi o esquerdo, e amaioria dos tumores estava na face flexora. Houve predominância dos dedos radiais, juntamente com sua extremidade distal. Esses pacientes têm sido acompanhados em intervalos regulares em ambulatório. Dos 27 pacientes reavaliados, foram identificados 3 casos de recidiva tumoral.

Conclusão

Uma técnica cirúrgica adequada é essencial para a prevenção de recidivas do TCGBT. Os resultados obtidos na pesquisa estão em concordância com a literatura atual.

Palavras-chave:
neoplasias; mãos; tumores de células gigantes

Abstract

Objective

To evaluate the results of the treatment of 31 giant-cell tumors of the tendon sheath of the hand cared for between 2006 and 2015.

Methods

A group of patients for the present retrospective evaluation was defined, covering the period between February 2006 and November 2015, in which 31 records of patients who underwent surgery due to cell tumor of the tendon sheath of the fingers were studied and evaluated. The recommended treatment was complete excision of the tumor with preservation of the adjacent structures. The diagnosis was confirmed by pathological examination. The progress of the treatment after surgery was evaluated, especially regarding the rate of tumor recurrence.

Results

Taking all 31 patients into consideration, there was a predominance of the female gender and white ethnicity. Most of these patients were aged between 30 and 50 years. The most affected side was the left one, and most tumors were in the flexor face. There was a predominance of the radial fingers, along with their distal end. A total of 27 patients are being followed up at regular intervals at an outpatient clinic, and three cases of tumor recurrence have been identified.

Conclusion

An appropriate surgical technique is essential in order to prevent GCTTS recurrences. The results obtained in this research are in agreement with the literature.

Keywords:
neoplasms; hands; giant-cell tumors

Introdução

O tumor de células gigantes da bainha do tendão (TCGBT), genericamente chamado de tumor de células gigantes de partes moles (TCGPM), é uma neoplasia benigna com origem no tecido sinovial tendinoso, peritendinoso ou articular. É também denominado fibro-histiocitoma das bainhas tendinosas, xantogranuloma, fibroxantoma, mieloma da bainha tendinosa, tenossinovite vilonodular pigmentada, sinvioma benigno, fibro-hemangioma gigantocelular, sarcoma hemossiderótico, granuloma histiocítico xantomatoso, hemangioma esclerosante, mieloxantoma ou artrite vilosa. Foi primeiramente descrito por Chassaignac,11 Chassaignac M. Cancer de la gaine des tendons. Gaz Hosp CivMilit 1852;47:185-6 que o considerou como uma neoplasia maligna da bainha do tendão do dedo.22 Weiss SW, Goldblum JR, Folpe AL. Enzinger andWeiss's soft tissue tumors. 6th ed. Philadelphia: Saunders; 2014 33 Adams EL, Yoder EM, Kasdan ML. Giant cell tumor of the tendon sheath: experience with 65 cases. Eplasty 2012;12:e50 44 Lancigu R, Rabarin F, Jeudy J, Saint Cast Y, Cesari B, Fouque PA, et al. Giant cell tumors of the tendon sheaths in the hand: review of 96 patients with an average follow-up of 12 years. Orthop Traumatol Surg Res 2013;99(4, Suppl)S251-4 55 Reilly KE, Stern PJ, Dale JA. Recurrent giant cell tumors of the tendon sheath. J Hand Surg Am 1999;24(6):1298-302 66 Williams J, Hodari A, Janevski P, Siddiqui A. Recurrence of giant cell tumors in the hand: a prospective study. J Hand Surg Am 2010;35(3):451-6 77 Valentini JD, Aguiar DF, Ferdinando MPL, Wagner M, Silva JB. Tumores da mão parte I: tumores de partes moles da mão. Rev AMRIGS 2015;59(3):237-42 88 Lautenbach M, Kim S, Millrose M, Eisenschenk A. Nodular giant cell tumour of the tendon sheath of the hand: analysis of eightyfour cases: diagnostic decisions and outcome. Int Orthop 2013;37 (11):2211-5 Moser99 Moser E. Primares sarkom der fussgelenklapsel Extirpation. Dauerheiung. Dtsch Z Chir 1909;98:306-10 descreveu o primeiro exemplo, do tipo difuso, e Dowd em 1912 apud Weiss et al.22 Weiss SW, Goldblum JR, Folpe AL. Enzinger andWeiss's soft tissue tumors. 6th ed. Philadelphia: Saunders; 2014 questionou se as lesões eram realmente malignas. Jaffe et al.1010 Jaffe H, Lichtenstein L, Sutro CJ. Pigmented villonodular synovitis, bursitis and tenosynovitis. Arch Pathol (Chic) 1941;31:731-65 introduziram o termo tenossinovite vilonodular pigmentada, que durante algum tempo foi considerado sinônimo de TCGBT devido às similaridades histológicas; atualmente, porém, são reconhecidas como enfermidades distintas: a primeira é caracterizada como difusa e a segunda, nodular ou localizada.22 Weiss SW, Goldblum JR, Folpe AL. Enzinger andWeiss's soft tissue tumors. 6th ed. Philadelphia: Saunders; 2014 88 Lautenbach M, Kim S, Millrose M, Eisenschenk A. Nodular giant cell tumour of the tendon sheath of the hand: analysis of eightyfour cases: diagnostic decisions and outcome. Int Orthop 2013;37 (11):2211-5 1111 Botez P, Sirbu PD, Grierosu C, Mihailescu D, Savin L, Scarlat MM. Adult multifocal pigmented villonodular synovitis-clinical review. Int Orthop 2013;37(4):729-33 1212 Glowacki KA. Giant cell tumors of tendon sheath. J Hand Surg Am 2003;3(2):100-7

É considerado o tumor mais frequente da mão e deve-se a uma proliferação benigna de histiócitos na articulação e no tecido sinovial peritendinoso que se desenvolve ao redor da bainha do tendão, ligamento articular e sinóvia articular.44 Lancigu R, Rabarin F, Jeudy J, Saint Cast Y, Cesari B, Fouque PA, et al. Giant cell tumors of the tendon sheaths in the hand: review of 96 patients with an average follow-up of 12 years. Orthop Traumatol Surg Res 2013;99(4, Suppl)S251-4 1212 Glowacki KA. Giant cell tumors of tendon sheath. J Hand Surg Am 2003;3(2):100-7 1313 Di Grazia S, Succi G, Fragetta F, Perrotta RE. Giant cell tumor of tendon sheath: study of 64 cases and review of literature. G Chir 2013;34(5-6):149-52 1414 Hwang JS, Fitzhugh VA, Gibson PD, Didesch J, Ahmed I. Multiple giant cell tumors of tendon sheath found within a single digit of a 9-year-old. Case Rep Orthop 2016;2016:1834740 1515 Silva JB, Calcagnotto GN, Scolari J, Fridman M. Tumor de células gigantes da bainha tendinosa ao nível dos dedos: exérese através da incisão circunferencial. Rev Bras Ortop 2002;37(4): 129-32 1616 Pedrinelli A, Camargo OP, Barreto RB, Moldenhauer D, Pedrinelli R. Tumor de células gigantes de bainha de tendão no LCA. Acta Ortop Bras 2007;15(3):171-3 Apesar de ainda existirem divergências, a etiologia mais aceita é a de hiperplasia reativa ou regenerativa associada com processo inflamatório.55 Reilly KE, Stern PJ, Dale JA. Recurrent giant cell tumors of the tendon sheath. J Hand Surg Am 1999;24(6):1298-302 1717 Fotiadis E, Papadopoulos A, Svarnas T, Akritopoulos P, Sachinis NP, Chalidis BE. Giant cell tumour of tendon sheath of the digits. A systematic review. Hand (N Y) 2011;6(3):244-9

É mais comum entre 30 e 50 anos, com predomínio no sexo feminino numa relação de aproximadamente 3:2.22 Weiss SW, Goldblum JR, Folpe AL. Enzinger andWeiss's soft tissue tumors. 6th ed. Philadelphia: Saunders; 2014 33 Adams EL, Yoder EM, Kasdan ML. Giant cell tumor of the tendon sheath: experience with 65 cases. Eplasty 2012;12:e50 88 Lautenbach M, Kim S, Millrose M, Eisenschenk A. Nodular giant cell tumour of the tendon sheath of the hand: analysis of eightyfour cases: diagnostic decisions and outcome. Int Orthop 2013;37 (11):2211-5 1313 Di Grazia S, Succi G, Fragetta F, Perrotta RE. Giant cell tumor of tendon sheath: study of 64 cases and review of literature. G Chir 2013;34(5-6):149-52 1414 Hwang JS, Fitzhugh VA, Gibson PD, Didesch J, Ahmed I. Multiple giant cell tumors of tendon sheath found within a single digit of a 9-year-old. Case Rep Orthop 2016;2016:1834740 1717 Fotiadis E, Papadopoulos A, Svarnas T, Akritopoulos P, Sachinis NP, Chalidis BE. Giant cell tumour of tendon sheath of the digits. A systematic review. Hand (N Y) 2011;6(3):244-9 1818 Alves MPT. Excision of giant cell tumor of tendon sheath with bone involvement by means of double access approach: case report. Rev Bras Ortop 2015;46(1):101-6 Ocorre predominantemente como tumorações nas mãos, com propensão para os dedos radiais, frequentemente próximas à articulação interfalangeana distal.33 Adams EL, Yoder EM, Kasdan ML. Giant cell tumor of the tendon sheath: experience with 65 cases. Eplasty 2012;12:e50 77 Valentini JD, Aguiar DF, Ferdinando MPL, Wagner M, Silva JB. Tumores da mão parte I: tumores de partes moles da mão. Rev AMRIGS 2015;59(3):237-42 88 Lautenbach M, Kim S, Millrose M, Eisenschenk A. Nodular giant cell tumour of the tendon sheath of the hand: analysis of eightyfour cases: diagnostic decisions and outcome. Int Orthop 2013;37 (11):2211-5 1414 Hwang JS, Fitzhugh VA, Gibson PD, Didesch J, Ahmed I. Multiple giant cell tumors of tendon sheath found within a single digit of a 9-year-old. Case Rep Orthop 2016;2016:1834740 1818 Alves MPT. Excision of giant cell tumor of tendon sheath with bone involvement by means of double access approach: case report. Rev Bras Ortop 2015;46(1):101-6 1919 Osman W, Alaya Z, Haggui A, Rejeb MB, Jemni S, Naouar N, et al. Les tumeurs à cellules géantes des gaines synoviales de la main: à propos de 50 cas. Pan Afr Med J 2017;26(128):8p Há preferência do tumor pela face flexora da mão, embora a face extensora também possa ser acometida. Ocasionalmente podem ser encontrados lateralmente ou de forma circunferencial.1818 Alves MPT. Excision of giant cell tumor of tendon sheath with bone involvement by means of double access approach: case report. Rev Bras Ortop 2015;46(1):101-6 2020 Green DP, Hotchkiss RN, Pederson WC. Green's operative hand surgery. 6th ed. New York: Churchill Livingstone; 2010 Outros locais podem ser acometidos com menor intensidade, como pé, tornozelo, joelho e quadril.22 Weiss SW, Goldblum JR, Folpe AL. Enzinger andWeiss's soft tissue tumors. 6th ed. Philadelphia: Saunders; 2014 33 Adams EL, Yoder EM, Kasdan ML. Giant cell tumor of the tendon sheath: experience with 65 cases. Eplasty 2012;12:e50 1414 Hwang JS, Fitzhugh VA, Gibson PD, Didesch J, Ahmed I. Multiple giant cell tumors of tendon sheath found within a single digit of a 9-year-old. Case Rep Orthop 2016;2016:1834740 1616 Pedrinelli A, Camargo OP, Barreto RB, Moldenhauer D, Pedrinelli R. Tumor de células gigantes de bainha de tendão no LCA. Acta Ortop Bras 2007;15(3):171-3

Esses tumores desenvolvem-se por longo período e geralmente mantêm o mesmo tamanho por muitos anos. Os pacientes acometidos apresentam taxa de colesterol normal.22 Weiss SW, Goldblum JR, Folpe AL. Enzinger andWeiss's soft tissue tumors. 6th ed. Philadelphia: Saunders; 2014 A transiluminação percutânea pode auxiliar no diagnóstico diferencial com ganglion (cisto sinovial).

Radiograficamente apresenta uma massa de tecido mole circunscrito em metade dos pacientes e raramente deformação, rarefação e imagens líticas nos ossos.33 Adams EL, Yoder EM, Kasdan ML. Giant cell tumor of the tendon sheath: experience with 65 cases. Eplasty 2012;12:e50 88 Lautenbach M, Kim S, Millrose M, Eisenschenk A. Nodular giant cell tumour of the tendon sheath of the hand: analysis of eightyfour cases: diagnostic decisions and outcome. Int Orthop 2013;37 (11):2211-5 1212 Glowacki KA. Giant cell tumors of tendon sheath. J Hand Surg Am 2003;3(2):100-7

O exame ultrassonográfico pode auxiliar na definição das dimensões do tumor, identificação de lesões-satélite e diferenciação de ganglion ou lipomas, os mais comuns encontrados na mão.88 Lautenbach M, Kim S, Millrose M, Eisenschenk A. Nodular giant cell tumour of the tendon sheath of the hand: analysis of eightyfour cases: diagnostic decisions and outcome. Int Orthop 2013;37 (11):2211-5 Deve-se pensar em outras hipóteses diagnósticas de tumores de partes moles, que serão apenas confirmadas com exame anatomopatológico.77 Valentini JD, Aguiar DF, Ferdinando MPL, Wagner M, Silva JB. Tumores da mão parte I: tumores de partes moles da mão. Rev AMRIGS 2015;59(3):237-42

A ressonância magnética é o exame mais acurado para definir a lesão e suspeita diagnóstica.33 Adams EL, Yoder EM, Kasdan ML. Giant cell tumor of the tendon sheath: experience with 65 cases. Eplasty 2012;12:e50

O TCGBT apresenta-se como uma massa lobulada de consistência firme e crescimento lento, bem circunscrita, coberta parcial ou totalmente por uma cápsula fibrosa, e sem alterações na pele suprajacente; geralmente mede entre 0,5 e 3,0–4,0 cm de diâmetro.22 Weiss SW, Goldblum JR, Folpe AL. Enzinger andWeiss's soft tissue tumors. 6th ed. Philadelphia: Saunders; 2014 33 Adams EL, Yoder EM, Kasdan ML. Giant cell tumor of the tendon sheath: experience with 65 cases. Eplasty 2012;12:e50 77 Valentini JD, Aguiar DF, Ferdinando MPL, Wagner M, Silva JB. Tumores da mão parte I: tumores de partes moles da mão. Rev AMRIGS 2015;59(3):237-42 1818 Alves MPT. Excision of giant cell tumor of tendon sheath with bone involvement by means of double access approach: case report. Rev Bras Ortop 2015;46(1):101-6 2020 Green DP, Hotchkiss RN, Pederson WC. Green's operative hand surgery. 6th ed. New York: Churchill Livingstone; 2010 Quando a localização é no pé, são maiores e mais irregulares do que na mão.22 Weiss SW, Goldblum JR, Folpe AL. Enzinger andWeiss's soft tissue tumors. 6th ed. Philadelphia: Saunders; 2014 Nos cortes transversais, observa-se coloração rosa-acinzentada, salpicada com amarelo ou marrom, a depender da quantidade de lipídios, colágeno, hemossiderina e histiócitos presentes no tumor.22 Weiss SW, Goldblum JR, Folpe AL. Enzinger andWeiss's soft tissue tumors. 6th ed. Philadelphia: Saunders; 2014 33 Adams EL, Yoder EM, Kasdan ML. Giant cell tumor of the tendon sheath: experience with 65 cases. Eplasty 2012;12:e50 1212 Glowacki KA. Giant cell tumors of tendon sheath. J Hand Surg Am 2003;3(2):100-7 1919 Osman W, Alaya Z, Haggui A, Rejeb MB, Jemni S, Naouar N, et al. Les tumeurs à cellules géantes des gaines synoviales de la main: à propos de 50 cas. Pan Afr Med J 2017;26(128):8p

A confirmação diagnóstica só é feita pelo exame anatomopatológico da peça, que em geral varia histologicamente conforme a proporção de células mononucleares, células gigantes, células xantomatosas e o grau de colagenização. Em sua maioria, são células poligonais misturadas com zonas colagenadas hipocelulares discretamente alongadas. Espaços fundidos são ocasionalmente presentes, principalmente próximos à articulação. Células xantomatosas são frequentemente encontradas nesses tumores, podendo conter grânulos de hemossiderina (Fig. 1).1818 Alves MPT. Excision of giant cell tumor of tendon sheath with bone involvement by means of double access approach: case report. Rev Bras Ortop 2015;46(1):101-6 Metaplasia óssea e cartilaginosa são raramente encontradas.22 Weiss SW, Goldblum JR, Folpe AL. Enzinger andWeiss's soft tissue tumors. 6th ed. Philadelphia: Saunders; 2014 55 Reilly KE, Stern PJ, Dale JA. Recurrent giant cell tumors of the tendon sheath. J Hand Surg Am 1999;24(6):1298-302 2020 Green DP, Hotchkiss RN, Pederson WC. Green's operative hand surgery. 6th ed. New York: Churchill Livingstone; 2010 2121 Al-Qattan MM. Giant cell tumours of tendon sheath: classification and recurrence rate. J Hand Surg [Br] 2001;26(1):72-5

Fig. 1
Fotografia de lâmina demonstra característica histológica do TCGBT e evidencia grânulos de hemossiderina (A) e células gigantes (B). Aumento 400x.

Diagnósticos diferenciais são feitos com lesões granulomatosas, xantomas tendinosos, fibromas no tendão e sarcomas epitelioides. Foi relatada associação desse tumor com artrite reumatoide, doença de Paget óssea e osteoartrite degenerativa.22 Weiss SW, Goldblum JR, Folpe AL. Enzinger andWeiss's soft tissue tumors. 6th ed. Philadelphia: Saunders; 2014 55 Reilly KE, Stern PJ, Dale JA. Recurrent giant cell tumors of the tendon sheath. J Hand Surg Am 1999;24(6):1298-302 1212 Glowacki KA. Giant cell tumors of tendon sheath. J Hand Surg Am 2003;3(2):100-7

O tratamento de escolha é a excisão total do tumor, também conhecida como biópsia excisional. Neste procedimento, tenta-se preservar as estruturas articulares, tendinosas, arteriais e nervosas.33 Adams EL, Yoder EM, Kasdan ML. Giant cell tumor of the tendon sheath: experience with 65 cases. Eplasty 2012;12:e50 66 Williams J, Hodari A, Janevski P, Siddiqui A. Recurrence of giant cell tumors in the hand: a prospective study. J Hand Surg Am 2010;35(3):451-6 1212 Glowacki KA. Giant cell tumors of tendon sheath. J Hand Surg Am 2003;3(2):100-7 1515 Silva JB, Calcagnotto GN, Scolari J, Fridman M. Tumor de células gigantes da bainha tendinosa ao nível dos dedos: exérese através da incisão circunferencial. Rev Bras Ortop 2002;37(4): 129-32 Sua recorrência varia de 5 a 50% e está relacionada principalmente a falhas na ressecção de todo o tumor ou quando se depara com lesões com elevada taxa de mitose.2020 Green DP, Hotchkiss RN, Pederson WC. Green's operative hand surgery. 6th ed. New York: Churchill Livingstone; 2010 A variante maligna do TCGBT é rara e de difícil diagnóstico.77 Valentini JD, Aguiar DF, Ferdinando MPL, Wagner M, Silva JB. Tumores da mão parte I: tumores de partes moles da mão. Rev AMRIGS 2015;59(3):237-42 Não há relatos de regressão espontânea.1515 Silva JB, Calcagnotto GN, Scolari J, Fridman M. Tumor de células gigantes da bainha tendinosa ao nível dos dedos: exérese através da incisão circunferencial. Rev Bras Ortop 2002;37(4): 129-32

O objetivo deste trabalho é avaliar os resultados do tratamento cirúrgico de 31 tumores de células gigantes da bainha do tendão da mão tratados em 10 anos (2006–2015) no Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Marília. Além disso, o estudo pretende relacionar as informações colhidas com as encontradas na literatura e destacar a importância de uma técnica cirúrgica adequada para prevenção de recidivas.

Material e Métodos

Definiu-se um grupo de pacientes para avaliação retrospectiva de um período de 10 anos, entre fevereiro de 2006 e novembro de 2015, do qual foram estudados e avaliados 31 prontuários de pacientes submetidos a procedimento cirúrgico devido a TCGBT dos dedos da mão. Os pacientes foram tratados por dois ortopedistas especializados em cirurgia da mão. O número total de pacientes foi 31; desse total, quatro não foram localizados para reavaliação. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética da nossa instituição sob o número CAAE 57226916.6.0000.5413.

Os critérios de inclusão foram cirurgias de tumores da mão, feitas no Serviço de Ortopedia da nossa instituição no período pré-definido, que apresentassem confirmação diagnóstica pelo exame macroscópico e microscópico anatomopatológico de TCGBT (Fig. 1).

Foi atribuído um número de ordem cronológica aos pacientes a partir da data do tratamento cirúrgico por médicos ortopedistas do Serviço de Residência.

Com relação ao sexo, sete pacientes (22,59%) eram do sexo masculino e 24 (77,41%), do feminino.

No tocante à idade, variou entre seis e 74 anos, com média de 43,64. No sexo feminino, a idade variou entre 15 e 74 anos (média de 47,64) e no masculino, entre seis e 56 anos (média de 27).

Em relação à etnia, 25 pacientes (80,64%) eram brancos. Apenas seis (19,36%) eram não brancos.

Na Tabela 1, encontram-se os dados referentes ao número de ordem dos pacientes, iniciais do nome, sexo, idade e data da cirurgia.

Tabela 1
Número de ordem, iniciais do nome, sexo, idade e data da cirurgia dos pacientes

O tratamento cirúrgico feito foi a excisão completa do tumor, com o cuidado de fazer uma revisão minuciosa das áreas subjacentes, procurando pequenos nódulos residuais, principal causa de recidivas. Em todos os pacientes foi usada anestesia locorregional, de forma a possibilitar a instalação de garrote pneumático no membro superior, após exsanguinação ativa com banda de Esmarche. Essa técnica proporciona um campo ideal sem sangramento para o procedimento e propicia melhoria da técnica cirúrgica.

Foram colhidas informações dos pacientes sobre a ocorrência ou não de recidivas.

Destacou-se nas descrições cirúrgicas o planejamento da via de acesso a ser usada e levou-se em consideração a região anatômica onde se encontrava o tumor. Foi feita a via lateral no dedo quando o tumor comprometia a região volar e dorsal (Figs. 2 3 4), a via em zigue-zague nos anteriores (Figs. 5 6 7 8), incisões retas oblíquas sobre os tumores de pequenas dimensões (Figs. 9 e 10) e arciformes longas nos tumores dorsais.

Fig. 2
Aspecto de tumoração no quarto dedo da mão direita, que compromete parcialmente o dorso, a face radial e a volar da falange proximal (paciente número de ordem 6).

Fig. 3
Via lateral permite avaliação e dissecção das estruturas vásculo-nervosas anteriores (paciente número de ordem 6).

Fig. 4
Área cruenta no fim do ato cirúrgico, que deve ser minuciosamente inventariada à procura de pequenos tumores. Ao lado, peça tumoral com pseudocápsula e aspecto amarelo-amarronzado do tumor de células gigantes das bainhas tendinosas (paciente número de ordem 6).

Fig. 5
Desenho da área de tumoração predominantemente na região volar da falange média do segundo dedo da mão esquerda (paciente número de ordem 10).

Fig. 6
Foto perioperatória mostra a incisão em zigue-zague na face volar do segundo dedo (paciente número de ordem 10).

Fig. 7
Imagem da dissecção parcial do tumor mostra a integridade das estruturas vásculo-nervosas, dissecadas e rebatidas ulnarmente (paciente número de ordem 10).

Fig. 8
Área cruenta após ressecção do tumor, que no caso obrigou a retirada junto à massa tumoral da polia anular A3. Ao lado, sobre o terceiro dedo, peça macroscópica do tumor (paciente número de ordem 10).

Fig. 9
Tumoração volar na falange distal do segundo dedo da mão direita (paciente número de ordem 16).

Fig. 10
Área cruenta do leito do tumor e ao lado aspecto amarronzado do tumor de células gigantes das bainhas tendinosas (paciente número de ordem 16).

Na técnica cirúrgica, o tumor foi dissecado e extirpado, poupando-se sua pseudocápsula; em seguida, foi sistematicamente feito um inventário da área cruenta e do leito do tumor, na busca de possíveis restos tumorais; quando encontrados, o tecido suspeito deve ser retirado para prevenir recidivas.

No pós-operatório, foi mantida a goteira gessada por sete dias. Os pontos foram retirados em média entre sete e 14 dias.

A seguir, foi iniciada reabilitação domiciliar com movimentos ativos e passivos depois de retirada da goteira gessada.

As avaliações pós-operatórias de seguimento e reavaliação dos pacientes ocorreram em intervalos que variaram de cinco a 122 meses.

Resultados

O lado esquerdo da mão foi acometido em 17 casos (54,83%) e o direito, em 14 (45,17%).

No tocante ao dedo acometido pelo tumor, quatro (12,9%) se localizavam no polegar, 12 (38,7%) no segundo dedo, sete (22,5%) no terceiro, quatro (12,9%) no quarto e quatro (12,9%) no quinto.

Levando em conta a falange acometida, lesões da falange distal foram encontradas em 16 pacientes (51,6%), seguida pela falange média em nove (29,0%) e a proximal em seis (19,4%).

Quanto à região anatômica predominantemente ocupada pelo tumor, verificou-se comprometimento na face volar em 19 (61,3%) ocasiões e na dorsal, em 12 (38,7%).

Foi calculada a média aritmética das três dimensões do tumor com base na macroscopia. Obteve-se um valor de 1,50 × 1,06 × 0,79 centímetros.

Na Tabela 2, encontram-se dados referentes ao número da ordem dos pacientes, mão, dedo e falange acometidos, além da região anatômica predominantemente ocupada pelo tumor e dimensões do mesmo.

Tabela 2
Referente ao número de ordem dos pacientes, mão, dedo e falange acometidos, região anatômica predominantemente ocupada pelo tumor e dimensões do mesmo

Considerando os 31 pacientes da amostra, houve predomínio do sexo feminino e da etnia branca. A média dos pacientes operados foi de 43,64 anos. O lado mais acometido foi o esquerdo, a maioria dos tumores estava na face flexora e havia predominância dos dedos radiais, juntamente com sua extremidade distal.

A confirmação diagnóstica para todos os pacientes foi feita pelo exame anatomopatológico no Serviço de Patologia. A microscopia do TCGBT é exemplificada na Fig. 1.

Não se constatou necrose de pele ou infecção em qualquer dos casos desta série.

Dos 31 pacientes, 27 foram reavaliados e têm sido acompanhados em intervalos regulares em ambulatório. Houve perda de quatro pacientes durante o período de reavaliação. Até o presente momento, foram identificados três casos de recidiva tumoral, ocorridos nos pacientes de número de ordem 12, 21 e 28.

Discussão

Quando se faz o tratamento de qualquer tumor de partes moles, é importante avaliar as características de benignidade ou malignidade. Após essa avaliação, deve-se propor a biópsia ou excisão completa do tumor. Felizmente são relativamente raros os tumores malignos na mão e, em geral, quando não são muito grandes, pode-se fazer a excisão em primeiro tempo cirúrgico.

O TCGPM, também chamado de TCGBT, está presente em sua maioria na mão e acomete em menor proporção o pé, tornozelo, joelho e quadril.

Esse tipo de tumor raramente causa dor e a apresentação clínica mais frequente é o aumento de volume.88 Lautenbach M, Kim S, Millrose M, Eisenschenk A. Nodular giant cell tumour of the tendon sheath of the hand: analysis of eightyfour cases: diagnostic decisions and outcome. Int Orthop 2013;37 (11):2211-5 1717 Fotiadis E, Papadopoulos A, Svarnas T, Akritopoulos P, Sachinis NP, Chalidis BE. Giant cell tumour of tendon sheath of the digits. A systematic review. Hand (N Y) 2011;6(3):244-9 1818 Alves MPT. Excision of giant cell tumor of tendon sheath with bone involvement by means of double access approach: case report. Rev Bras Ortop 2015;46(1):101-6 1919 Osman W, Alaya Z, Haggui A, Rejeb MB, Jemni S, Naouar N, et al. Les tumeurs à cellules géantes des gaines synoviales de la main: à propos de 50 cas. Pan Afr Med J 2017;26(128):8p Devido à lentidão de crescimento natural do tumor, os sintomas levam de seis meses a dois anos e meio para surgir.33 Adams EL, Yoder EM, Kasdan ML. Giant cell tumor of the tendon sheath: experience with 65 cases. Eplasty 2012;12:e50

O tratamento preconizado é a excisão completa do tumor com preservação das estruturas adjacentes.

Os estudos retrospectivos levam sempre a algumas dificuldades, pois a falta de critérios bem definidos nos preenchimentos dos prontuários pode dificultar a obtenção das informações necessárias para todos os pacientes. O trabalho procurou, assim, construir um protocolo que pudesse ser usado em todos os casos e tornasse mais homogêneas as informações.

Como o presente estudo exigiu a reavaliação dos pacientes e quanto maior o tempo retroativo considerado maior é a chance de perda de contato com os pacientes envolvidos no estudo, neste mesmo foram perdidos quatro pacientes, considerado um número aceitável, perto de 13% da amostra. Os autores acreditam que esse número é pequeno por pertencerem a uma comunidade relativamente estável quanto a migrações e nos prontuários sempre haver mais de um endereço de contato com os pacientes.

Em relação ao sexo, o presente trabalho é compatível com a literatura, com predomínio do sexo feminino (77,41%).22 Weiss SW, Goldblum JR, Folpe AL. Enzinger andWeiss's soft tissue tumors. 6th ed. Philadelphia: Saunders; 2014 33 Adams EL, Yoder EM, Kasdan ML. Giant cell tumor of the tendon sheath: experience with 65 cases. Eplasty 2012;12:e50 77 Valentini JD, Aguiar DF, Ferdinando MPL, Wagner M, Silva JB. Tumores da mão parte I: tumores de partes moles da mão. Rev AMRIGS 2015;59(3):237-42 1313 Di Grazia S, Succi G, Fragetta F, Perrotta RE. Giant cell tumor of tendon sheath: study of 64 cases and review of literature. G Chir 2013;34(5-6):149-52 1414 Hwang JS, Fitzhugh VA, Gibson PD, Didesch J, Ahmed I. Multiple giant cell tumors of tendon sheath found within a single digit of a 9-year-old. Case Rep Orthop 2016;2016:1834740 1717 Fotiadis E, Papadopoulos A, Svarnas T, Akritopoulos P, Sachinis NP, Chalidis BE. Giant cell tumour of tendon sheath of the digits. A systematic review. Hand (N Y) 2011;6(3):244-9 1818 Alves MPT. Excision of giant cell tumor of tendon sheath with bone involvement by means of double access approach: case report. Rev Bras Ortop 2015;46(1):101-6

No tocante a dados epidemiológicos da idade, a amostra esteve de acordo com as características citadas na maioria dos trabalhos, entre a terceira e quinta décadas de vida, podendo afetar, apesar disso, crianças e idosos; a média foi de 43,64 anos, com extremos entre 6 e 74.1212 Glowacki KA. Giant cell tumors of tendon sheath. J Hand Surg Am 2003;3(2):100-7 1313 Di Grazia S, Succi G, Fragetta F, Perrotta RE. Giant cell tumor of tendon sheath: study of 64 cases and review of literature. G Chir 2013;34(5-6):149-52 1414 Hwang JS, Fitzhugh VA, Gibson PD, Didesch J, Ahmed I. Multiple giant cell tumors of tendon sheath found within a single digit of a 9-year-old. Case Rep Orthop 2016;2016:1834740 1717 Fotiadis E, Papadopoulos A, Svarnas T, Akritopoulos P, Sachinis NP, Chalidis BE. Giant cell tumour of tendon sheath of the digits. A systematic review. Hand (N Y) 2011;6(3):244-9 1818 Alves MPT. Excision of giant cell tumor of tendon sheath with bone involvement by means of double access approach: case report. Rev Bras Ortop 2015;46(1):101-6

Quando considerada a região anatômica predominantemente ocupada pelo tumor, os achados do trabalho são semelhantes aos da literatura: é mais frequente a região volar, acometida em 19 dedos (61,3%), em relação à dorsal, afetada em 12 (38,7%).2222 Yamaguchi T, Dorfman HD. Giant cell reparative granuloma: a comparative clinicopathologic study of lesions in gnathic and extragnathic sites. Int J Surg Pathol 2001;9(3): 189-200 Em quase 70% dos casos a localização da lesão é volar.1919 Osman W, Alaya Z, Haggui A, Rejeb MB, Jemni S, Naouar N, et al. Les tumeurs à cellules géantes des gaines synoviales de la main: à propos de 50 cas. Pan Afr Med J 2017;26(128):8p 2020 Green DP, Hotchkiss RN, Pederson WC. Green's operative hand surgery. 6th ed. New York: Churchill Livingstone; 2010

O TCGBT tem preferência pelos dedos indicador e médio na articulação interfalangeana distal. Alguns dados da literatura referem uma predominância não expressiva pelos dedos radiais.33 Adams EL, Yoder EM, Kasdan ML. Giant cell tumor of the tendon sheath: experience with 65 cases. Eplasty 2012;12:e50 77 Valentini JD, Aguiar DF, Ferdinando MPL, Wagner M, Silva JB. Tumores da mão parte I: tumores de partes moles da mão. Rev AMRIGS 2015;59(3):237-42 88 Lautenbach M, Kim S, Millrose M, Eisenschenk A. Nodular giant cell tumour of the tendon sheath of the hand: analysis of eightyfour cases: diagnostic decisions and outcome. Int Orthop 2013;37 (11):2211-5 1414 Hwang JS, Fitzhugh VA, Gibson PD, Didesch J, Ahmed I. Multiple giant cell tumors of tendon sheath found within a single digit of a 9-year-old. Case Rep Orthop 2016;2016:1834740 1818 Alves MPT. Excision of giant cell tumor of tendon sheath with bone involvement by means of double access approach: case report. Rev Bras Ortop 2015;46(1):101-6 1919 Osman W, Alaya Z, Haggui A, Rejeb MB, Jemni S, Naouar N, et al. Les tumeurs à cellules géantes des gaines synoviales de la main: à propos de 50 cas. Pan Afr Med J 2017;26(128):8p No presente trabalho, observaram-se dados compatíveis aos da literatura, visto que os TCGBT estão distribuídos no polegar em quatro (12,9%), seguido do segundo dedo em 12 (38,7%) e do terceiro em sete (22,5%), que somados perfazem 23 casos (74,2%).

Loréa et al.2323 Loréa P, Medina J, Navarro R, Foucher G. Récidive des tumeurs à cellules géantes des gaines tendineuses digitales après exérèse par une voie d'abord dite des "dents de lamer". A propos de 25 cas. Ann Chir Plast Esthet 2001;46(6):607-10 fizeram revisão dos tumores circunferenciais, na qual discutiram a dificuldade técnica e os dois tipos distintos de tumores definidos por imuno-histoquímica. Outros autores discutem a celularidade e atividade mitótica desse tipo de tumor, ainda não totalmente esclarecida na literatura, mas possivelmente relacionada à ocorrência de recidivas.2424 Hosaka M, Hatori M, Smith RA, Kokubun S. A cell line with multinucleated giant cell formation established from a human giant cell tumor of tendon sheath-preliminary report. J Orthop Sci 2001;6(5):414-8

Os dados da literatura são bastante variados no que se refere à recorrência do tumor. O índice de recorrência varia de 5 a 50%, o que demonstra a grande discrepância desses dados, que estão relacionados muitas vezes a procedimentos feitos por cirurgiões gerais, dermatologistas e outros profissionais médicos, em alguns casos de forma ambulatorial e sem o uso de garrote e anestesia adequados.2020 Green DP, Hotchkiss RN, Pederson WC. Green's operative hand surgery. 6th ed. New York: Churchill Livingstone; 2010

Embora clinicamente possa haver suspeita do diagnóstico, esse é confirmado pelo exame anatomopatológico. Sua excisão cirúrgica total é o tratamento definitivo.33 Adams EL, Yoder EM, Kasdan ML. Giant cell tumor of the tendon sheath: experience with 65 cases. Eplasty 2012;12:e50 66 Williams J, Hodari A, Janevski P, Siddiqui A. Recurrence of giant cell tumors in the hand: a prospective study. J Hand Surg Am 2010;35(3):451-6 1212 Glowacki KA. Giant cell tumors of tendon sheath. J Hand Surg Am 2003;3(2):100-7 1515 Silva JB, Calcagnotto GN, Scolari J, Fridman M. Tumor de células gigantes da bainha tendinosa ao nível dos dedos: exérese através da incisão circunferencial. Rev Bras Ortop 2002;37(4): 129-32

Idade, sexo e tamanho do tumor parecem não ter influência sobre a taxa de recidivas.55 Reilly KE, Stern PJ, Dale JA. Recurrent giant cell tumors of the tendon sheath. J Hand Surg Am 1999;24(6):1298-302 Conquanto não haja consenso na literatura, alguns autores acreditam que a erosão óssea, localização, celularidade e atividade mitótica do tumor implicam maior risco de recorrência. Reilly et al.55 Reilly KE, Stern PJ, Dale JA. Recurrent giant cell tumors of the tendon sheath. J Hand Surg Am 1999;24(6):1298-302 observaram que a recidiva do TCGBT é maior na articulação interfalangeana do polegar e nas articulações interfalangeanas distais, devido à inerente dificuldade de se obter uma excisão completa do tumor, tendo em vista a proximidade de estruturas neurovasculares. Entretanto, a ocorrência de recidivas está principalmente relacionada aos cuidados cirúrgicos durante exérese do tumor.33 Adams EL, Yoder EM, Kasdan ML. Giant cell tumor of the tendon sheath: experience with 65 cases. Eplasty 2012;12:e50 1414 Hwang JS, Fitzhugh VA, Gibson PD, Didesch J, Ahmed I. Multiple giant cell tumors of tendon sheath found within a single digit of a 9-year-old. Case Rep Orthop 2016;2016:1834740 1919 Osman W, Alaya Z, Haggui A, Rejeb MB, Jemni S, Naouar N, et al. Les tumeurs à cellules géantes des gaines synoviales de la main: à propos de 50 cas. Pan Afr Med J 2017;26(128):8p

Conclusão

De maneira geral, os dados obtidos no estudo e seguimento desses 31 pacientes estiveram próximos aos da literatura usada nos dias atuais. Dos 27 pacientes reavaliados, encontraram-se três casos de recidivas, o que equivale a 11,1% da amostra.

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    Trabalho desenvolvido no Departamento de Ortopedia e Traumatologia, Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Marília, Marília, SP, Brasil. Publicado originalmente por Elsevier Editora Ltda. © 2018 Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Maio 2019
  • Data do Fascículo
    Jan-Feb 2019

Histórico

  • Recebido
    16 Set 2017
  • Aceito
    23 Nov 2017
  • Publicado
    13 Fev 2018
Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia Al. Lorena, 427 14º andar, 01424-000 São Paulo - SP - Brasil, Tel.: 55 11 2137-5400 - São Paulo - SP - Brazil
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