Acessibilidade / Reportar erro

Peliose esplênica: relato de caso

CARTA AO EDITOR

Peliose esplênica – relato de caso

Marcelo A. F. Ribeiro-Junior; Guilherme L Zanco; Marco A S Sala; Roberto El-Ibrahim; William A. Saad

Correspondência Correspondência: Marcelo A. F. Ribeiro Jr, e-mail: mribeiro@cwaynet.com.br

INTRODUÇÃO

Peliose esplênica é doença rara e criptogênica caracterizada por cavidades polifoliculares cheia de sangue. O seu diagnóstico é histológico. Ela ocorre principalmente em órgãos como o fígado e o baço3,7,8. Os gânglios linfáticos, medula óssea, pulmões, trato gastrointestinal, rins e glândulas supra-renais são raramente envolvidos1,6,13. Tem sido associada com corticoterapia e quimioterapia, infecções crônicas, incluindo o HIV, diabetes e doenças hematológicas2,11.

O seu significado clínico é o potencial de hemorragia intraperitoneal seguida pela ruptura da lesão. Esta doença tem distribuição etária ampla, variando entre 14 e 82 anos, e relação mulher/homem de 1.7/1. Dano à parede senusoidal é considerado evento primário na patogênese5,9. Distúrbios locais da microcirculação manifestada por pressão local intravascular alterada no baço pode ser responsável por pielose associada com lesões vasculares10,12. O tratamento baseia-se na retirada dos esteróides e outras drogas e esplenectomia em alguns casos4.

RELATO DO CASO

Mulher de 48 anos de idade, com queixa de rouquidão e dores abdominais ocasionais no epigástrio procurou assistência médica. Durante a avaliação, ela foi submetida à ultrassonografia abdominal, que detectou vários cistos simples no baço. Nessa ocasião, ela foi tratada de gastrite aguda, com alívio dos sintomas.

Depois de seis anos, ela voltou para avaliação clínica por causa de dores abdominais e referia aumento de volume no lado esquerdo do abdômen. O exame físico revelou esplenomegalia, sem outras alterações. A tomografia computadorizada foi então solicitada e mostrou esplenomegalia difusa com cistos múltiplos. Devido à persistência da dor e aumento difuso do volume observado pelo exame físico, dois meses após o CT, a operação foi indicada com o objetivo de aliviar os sintomas e obter um diagnóstico final, considerando que outras causas de esplenomegalia tinham sido investigados.

Antes da operação a paciente foi submetida à vacinação profilática. A abordagem cirúrgica foi uma incisão mediana supra-umbilical e exploração da cavidade abdominal. Nenhuma alteração foi observada. O baço era grande e cistos múltiplos foram observados em sua superfície. Mobilização de seus ligamentos foi executada, seguida pela ligadura da artéria e veia esplênicas e dissecção cuidadosa do hilo do baço e do pâncreas. A paciente teve recuperação favorável e teve alta no 5º. dia do pós-operatório permanecendo livre de sintomas.

O diagnóstico histopatológico foi consistente com peliose esplênica como mostrado nas Figuras 1 e 2.

Fonte de financiamento: não há

Conflito de interesses: não há

Recebido para publicação: 01/04/2010

Aceito para publicação: 25/01/2011

Trabalho realizado na Universidade da Cidade de São Paulo – UNICID, São Paulo, SP, Brasil.

  • 1. Etzion Y, Benharroch D, Saidel M, Reisenberg K, Gilad J, Schlaeffer F. Atraumatic rupture of the spleen associated with hemo phagocytic syndrome and isolated splenic peliosis. APMIS 2005; 113: 555-557
  • 2. Gugger M, Gebbers JO. Peliosis of the spleen: an immune-complex disease? Histopathology. 1998 Oct;33(4):387-9.
  • 3. Javier Peñalver F, Somolinos N, Villanueva C, Sánchez J, Monteagudo D, Gallego R. Splenic peliosis with spontaneous splenic rupture in a patient with immune thrombocytopenia treated with danazol. Haematologica. 1998 Jul;83(7):666-7.
  • 4. Joseph F, Younis N, Haydon G, Adams DH, Wynne S, Gillet MB, Maurice YM, Lipton ME, Berstock D, Jones IR. Peliosis of the spleen with massive recurrent haemorrhagic ascites, despite splenectomy, and associated with elevated levels of vascular endothelial growth factor. Eur J Gastroenterol Hepatol. 2004 Nov;16(12):1401-6.
  • 5. Lashbrook DJ, James RW, Phillips AJ, Holbrook AG, Agombar AC. Splenic peliosis with spontaneous splenic rupture: report of two cases. BMC Surg. 2006 Jun 26;6:9.
  • 6. Ortega Deballon P, Ferńandez Lobato R, Ortega Muñoz P, Artuñedo Pé P, Ferńandez Luengas D, Moreno Azcoita M. Splenic peliosis: a cause of spontaneous splenic rupture. Surgery. 1999 Sep;126(3):585-6.
  • 7. Parmar H, Patankar T, Prasad S.A lady with chronic left hypocondrial pain. The British Journal of Radiology, 73; 673-674 (2000)
  • 8. Pomp A, Gagner M, Salky B, Caraccio A, Nahouraii R, Reiner M, Herron D. Laparoscopic splenectomy: a selected retrospective review. Surg Laparosc Endosc Percutan Tech. 2005 Jun;15(3):139-43.
  • 9. Raghavan R, Alley S, Tawfik O, Webb P, Forster J, Uhl M. Splenic peliosis: a rare complication following liver transplantation. Dig Dis Sci. 1999 Jun;44(6):1128-31.
  • 10. Shimono T, Yamaoka T, Nishimura K, Naya M, Hojo M, Yamamoto E, Mukaihara S, Hayakawa K. Peliosis of the spleen: splenic rupture with intraperitoneal hemorrhage. Abdom Imaging. 1998 Mar-Apr;23(2):201-2.
  • 11. Tsokos M, Erbersdobler A. Pathology of peliosis. Forensic Sci Int. 2005 Apr 20;149(1):25-33.
  • 12. Tsokos M, Püschel K. Isolated peliosis of the spleen: report of 2 autopsy cases. Am J Forensic Med Pathol. 2004 Sep;25(3):251-4.
  • 13. Warfel KA, Ellis GH. Peliosis of the spleen. Report of a case and review of the literature. Arch Pathol Lab Med. 1982 Feb;106(2):99-100.
  • Correspondência:

    Marcelo A. F. Ribeiro Jr,
    e-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      01 Jul 2011
    • Data do Fascículo
      Jun 2011
    Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva Av. Brigadeiro Luiz Antonio, 278 - 6° - Salas 10 e 11, 01318-901 São Paulo/SP Brasil, Tel.: (11) 3288-8174/3289-0741 - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: revistaabcd@gmail.com