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Delirium e qualidade de vida em pacientes críticos: um estudo de coorte prospectivo

RESUMO

Objetivo:

Avaliar a associação entre a incidência de delirium na unidade de terapia intensiva e qualidade de vida 1 mês após a alta hospitalar

Métodos:

Trata-se de estudo de coorte prospectivo desenvolvido em unidades de terapia intensiva de dois hospitais de média complexidade durante o período de dezembro de 2015 a dezembro de 2016. Delirium foi identificado por meio da escala Confusion Assessment Method for the Intensive Care Unit. No momento da alta hospitalar, foram avaliadas capacidade funcional e cognição por meio do índice de Barthel e da escala de Mini Exame do Estado Mental, respectivamente. Após 30 dias da alta hospitalar do paciente, por meio de contato telefônico, aplicou-se o questionário World Health Organization Quality of Life-Bref.

Resultados:

Foram incluídos 216 pacientes. Delirium foi identificado em 127 (58,8%) deles. Os pacientes com delirium apresentaram maior dependência funcional (mediana do índice de Barthel 50,0 [21,2 - 70,0] versus 80,0 [60,0 - 95,0]; p < 0,001) e menor cognição (escore do Mini Exame do Estado Mental 12,9 ± 7,5 versus 20,7 ± 9,8; p < 0,001) na alta hospitalar. Com relação à qualidade de vida, avaliada 1 mês após alta hospitalar, não houve diferença, em nenhum dos domínios, entre os pacientes com e sem delirium.

Conclusão:

Nossos achados sugerem que os pacientes com delirium na unidade de terapia intensiva não apresentam piora da qualidade de vida 1 mês após a alta hospitalar, apesar de apresentarem maior prejuízo cognitivo e incapacidade funcional no momento da alta hospitalar.

Descritores:
Delirium; Qualidade de vida; Alta do paciente; Desempenho físico funcional; Cognição; Unidades de terapia intensiva

Abstract

Objective:

To evaluate the association between the incidence of delirium in the intensive care unit and quality of life 1 month after hospital discharge.

Methods:

This was a prospective cohort study conducted in the intensive care units of two medium-complexity hospitals from December 2015 to December 2016. Delirium was identified using the Confusion Assessment Method for the Intensive Care Unit scale. At the time of hospital discharge, functional capacity and cognition were assessed with the Barthel index and the Mini Mental State Examination, respectively. Thirty days after patient discharge, the World Health Organization Quality of Life-BREF questionnaire was administered by telephone.

Results:

A total of 216 patients were included. Delirium was identified in 127 (58.8%) of them. Patients with delirium exhibited greater functional dependence (median Barthel index 50.0 [21.2 - 70.0] versus 80.0 [60.0 - 95.0]; p < 0.001) and lower cognition (Mini Mental State Examination score 12.9 ± 7.5 versus 20.7 ± 9.8; p < 0.001) at hospital discharge. There was no difference in any of the quality-of-life domains evaluated 1 month after hospital discharge between patients with and without delirium.

Conclusion:

Our findings suggest that patients with delirium in the intensive care unit do not have worse quality of life 1 month after hospital discharge, despite presenting greater cognitive impairment and functional disability at the time of hospital discharge.

Keywords:
Delirium; Quality of life; Patient discharge; Physical functional performance; Cognition; Intensive care units

INTRODUÇÃO

O delirium é caracterizado como um distúrbio agudo da atenção, com alteração cognitiva e curso flutuante, com ou sem sintomas hiperativos, que ocorre frequentemente em pacientes críticos. De acordo com metanálise com mais de 16 mil pacientes, a incidência de delirium é quase um terço.(11 Salluh JI, Wang H, Schneider EB, Nagaraja N, Yenokyan G, Damluji A, et al. Outcome of delirium in critically ill patients: systematic review and meta-analysis. BMJ. 2015;350:h2538.) Alguns estudos, entretanto, reportaram taxas superiores a 80% em pacientes com necessidade de ventilação mecânica (VM).(22 Ely EW, Inouye SK, Bernard GR, Gordon S, Francis J, May L, et al. Delirium in mechanically ventilated patients: validity and reliability of the confusion assessment method for the intensive care unit (CAM-ICU). JAMA. 2001;286(21):2703-10.,33 Ely EW, Shintani A, Truman B, Speroff T, Gordon SM, Harrell FE Jr, et al. Delirium as a predictor of mortality in mechanically ventilated patients in the intensive care unit. JAMA. 2004;291(14):1753-62.)

Além de maior tempo de internação e de maior mortalidade, pacientes com delirium apresentam a longo prazo maior prejuízo cognitivo e incapacidade funcional.(44 Brummel NE, Jackson JC, Pandharipande PP, Thompson JL, Shintani AK, Dittus RS, et al. Delirium in the ICU and subsequent long-term disability among survivors of mechanical ventilation. Crit Care Med. 2014;42(2):369-77.,55 Pandharipande PP, Girard TD, Jackson JC, Morandi A, Thompson JL, Pun BT, Brummel NE, Hughes CG, Vasilevskis EE, Shintani AK, Moons KG, Geevarghese SK, Canonico A, Hopkins RO, Bernard GR, Dittus RS, Ely EW; BRAIN-ICU Study Investigators. Long-term cognitive impairment after critical illness. N Engl J Med. 2013;369(14):1306-16.) A associação com qualidade de vida, no entanto, ainda é controversa. Dois estudos sugerem que delirium é fator de risco para menor qualidade de vida,(66 Van Rompaey B, Schuurmans MJ, Shortridge-Baggett LM, Truijen S, Elseviers M, Bossaert L. Long term outcome after delirium in the intensive care unit. J Clin Nurs. 2009;18(23):3349-57.,77 Abelha FJ, Luís C, Veiga D, Parente D, Fernandes V, Santos P, et al. Outcome and quality of life in patients with postoperative delirium during an ICU stay following major surgery. Crit Care. 2013;17(5):R257.) enquanto outros quatro estudos sugerem que não há associação.(88 van den Boogaard M, Schoonhoven L, Evers AW, van der Hoeven JG, van Achterberg T, Pickkers P. Delirium in critically ill patients: impact on long-term health-related quality of life and cognitive functioning. Crit Care Med. 2012;40(1):112-8.

9 Svenningsen H, Tønnesen EK, Videbech P, Frydenberg M, Christensen D, Egerod I. Intensive care delirium - effect on memories and health-related quality of life - a follow-up study. J Clin Nurs. 2014;23(5-6):634-44.

10 Wolters AE, van Dijk D, Pasma W, Cremer OL, Looije MF, de Lange DW, et al. Long-term outcome of delirium during intensive care unit stay in survivors of critical illness: a prospective cohort study. Crit Care. 2014;18(3):R125.
-1111 Busico M, Intile D, Sivori M, Irastorza N, Alvarez AL, Quintana J, et al. Risk factors for worsened quality of life in patients on mechanical ventilation. A prospective multicenter study. Med Intensiva. 2016;40(7):422-30.)

O presente estudo tem como objetivo avaliar a associação entre a incidência de delirium na unidade de terapia intensiva (UTI) e qualidade de vida 1 mês após a alta hospitalar.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo de coorte prospectivo. O estudo foi desenvolvido nas UTIs do Hospital de Aeronáutica de Canoas (HACO), no Rio Grande do Sul, hospital privado de média complexidade, e no Hospital de Montenegro, também no Rio Grande do Sul, hospital público de média complexidade. A UTI do HACO possuía cinco leitos clínico-cirúrgicos separados por cortinas, em quarto compartilhado, com janelas que permitem a entrada de luz natural. A UTI do Hospital de Montenegro possuía dez leitos clínico-cirúrgicos, sendo dois individuais e oito separados por cortinas, em quarto compartilhado, com janelas que permitem a entrada de luz natural. Em nenhuma das duas UTIs havia política de visitação estendida de familiares durante a coleta de dados. A visitação em ambas era permitida por 1 hora, em três períodos do dia. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade La Salle, em Canoas, com CAAE 49738715.4.0000.5307.

Foram avaliados para eligibilidade todos os pacientes que internaram nas UTIs dos dois hospitais no período de dezembro de 2015 a dezembro de 2016. Foram excluídos os pacientes aos quais não foi possível aplicar a escala Confusion Assessment Method for the Intensive Care Unit (CAM-ICU) durante a internação na UTI ou com menos de 24 horas de internação na UTI.

Na admissão do paciente na UTI, foram coletadas as seguintes variáveis: idade, sexo, capacidade funcional prévia pelo índice de Barthel (respondida pelo familiar), origem da admissão, tipo de admissão e Simplified Acute Physiology Score 3 (SAPS 3). Durante a evolução na UTI, foram registrados necessidade de VM, sedação contínua, uso de vasopressor e traqueostomia. Delirium foi identificado por meio da CAM-ICU, validada para português,(1212 Gusmao-Flores D, Salluh JI, Dal-Pizzol F, Ritter C, Tomasi CD, Lima MA, et al. The validity and reliability of the Portuguese versions of three tools used to diagnose delirium in critically ill patients. Clinics (São Paulo). 2011;66(11):1917-22.) que era aplicada duas vezes ao dia durante toda a internação do paciente na UTI, após avaliação do nível de sedação do paciente por meio da Escala de Agitação e Sedação de Richmond (RASS). O paciente deveria apresentar RASS entre -3 e +4 para aplicação do CAM-ICU. No momento da alta hospitalar, foram aplicados o índice de Barthel(1313 Guimarães RB, Guimarães RB. Validação e adaptação cultural para a língua portuguesa de escalas de avaliação funcional em doenças cerebrovasculares: uma tentativa de padronização e melhora da qualidade de vida. Rev Bras Neurol. 2004;40(3):5-13.) e a escala de Mini Exame do Estado Mental (MEEM).(1414 Bertolucci PH, Brucki SM, Campacci SR, Juliano Y. O Mini-Exame do Estado Mental em uma populac¸a~o geral: impacto da escolaridade. Arq Neuropsiquiatr. 1994;52(1):1-7.) Após 30 dias da alta hospitalar do paciente, por meio de contato telefônico, aplicou-se o questionário World Health Organization Quality of Life-Bref (WHOQOL-bref).(1515 Fleck MP, Louzada S, Xavier M, Chachamovich E, Vieira G, Santos L, et al. Aplicação da versão em português do instrumento abreviado de avaliação da qualidade de vida" WHOQOL-bref". Rev Saúde Pública. 2000;34(2):178-83.)

A avaliação da capacidade funcional foi realizada por meio do índice de Barthel. Esse índice mensura o nível de independência em dez atividades de autocuidado: alimentação, banho, higiene pessoal, vestir-se, controle da bexiga e do intestino, uso do banheiro, deambulação, subir escadas e transferência da cadeira para cama. A pontuação varia de zero a cem. Os pacientes foram considerados dependentes se apresentassem índice de Barthel < 60.(1616 Mahoney FI, Barthel DW. Functional evaluation: the Barthel Index. Md State Med J. 1965;14:61-5.)

A avaliação de cognição foi realizada por meio do MEEM do estado mental. O escore varia de zero a 30. Os pacientes foram classificados como cognição normal (escore 3 24), prejuízo cognitivo leve (escore entre 19 e 23) e prejuízo cognitivo grave (escore entre 0 e 18).(1717 Sakuramoto H, Subrina J, Unoki T, Mizutani T, Komatsu H. Severity of delirium in the ICU is associated with short term cognitive impairment. A prospective cohort study. Intensive Crit Care Nurs. 2015;31(4):250-7.)

A qualidade de vida dos pacientes foi avaliada pelo questionário WHOQOL-bref. O questionário contém 26 questões, que englobam quatro domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente.

Análise estatística

As variáveis contínuas são apresentadas com média ± desvio padrão (DP) ou mediana e intervalo interquartil (IQ). As variáveis categóricas são apresentadas em número absoluto e percentual. Teste t de student ou teste de Mann-Whitney foram utilizados para variáveis contínuas, e teste do qui-quadrado foi utilizado para variáveis categóricas. Para ajustar para potenciais confundidores, foram selecionadas covariáveis a priori baseadas em plausibilidade clínica para ocorrência do desfecho. Essas covariáveis incluíram idade, tempo de internação na UTI, SAPS 3, Barthel na admissão e necessidade de VM. Tais variáveis, além do diagnóstico de delirium, foram incluídas nos modelos de regressão linear múltipla, utilizando seleção forward. Para cada domínio do WHOQOL-bref, uma análise de regressão linear múltipla separada foi realizada. O nível de significância foi estabelecido em 0,05. A análise estatística foi realizada por meio do programa estatístico comercialmente disponível, o Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 22.0 (SPSS, Chicago, IL, USA).

RESULTADOS

Durante o período do estudo, 319 pacientes foram avaliados para eligibilidade. Foram excluídos 103 pacientes, resultando em 216 pacientes incluídos no estudo. Delirium foi identificado em 127 (58,8%) pacientes. Dos pacientes incluídos no estudo, 169 tiveram alta hospitalar. Destes, 74 pacientes responderam ao questionário de qualidade de vida 1 mês após a alta hospitalar (Figura 1).

Figura 1
Fluxograma de inclusão dos pacientes no estudo.

CAM-ICU - Confusion Assessment Method for the Intensive Care Unit; UTI - unidade de terapia. intensiva.


A tabela 1 mostra uma análise descritiva das características dos pacientes. Os pacientes com delirium eram mais velhos, com escore de gravidade maior e com menor capacidade funcional prévia à admissão. Além disso, durante a evolução na UTI, esses pacientes necessitaram mais frequentemente de VM e apresentaram mais tempos de internação na UTI e hospitalar. Por fim, os pacientes com delirium tiveram maior mortalidade hospitalar.

Tabela 1
Comparação univariada das características gerais dos pacientes de acordo com a incidência ou não de delirium durante internação na unidade de terapia intensiva

Quanto à duração do delirium, 49 (38,6%) pacientes apresentaram apenas 1 dia de delirium, e 78 (61,4%) pacientes apresentaram delirium por mais de 1 dia.

Com relação à capacidade funcional, em análise univariada, os pacientes com delirium apresentaram maior dependência funcional em relação aos pacientes sem delirium. A mediana do índice de Barthel na alta hospitalar foi 50,0 (21,2 - 70,0) e 80,0 (60,0 - 95,0) para os pacientes com e sem delirium, respectivamente (p < 0,001). Entre os pacientes com delirium, 30 (57,7%) deles foram considerados dependentes. Para os pacientes sem delirium, apenas 14 (21,2%) foram considerados dependentes. Além disso, 44 (84,6%) pacientes com delirium apresentaram redução no escore de Barthel em relação ao escore prévio à admissão hospitalar. Entre os pacientes sem delirium, 28 (42,4%) apresentaram redução (p < 0,001). No modelo de regressão linear múltipla, delirium manteve associação independente com capacidade funcional (Tabela 2).

Tabela 2
Regressão linear múltipla para capacidade funcional

Os pacientes com delirium também apresentaram pior cognição na alta hospitalar em relação aos pacientes sem delirium. Na análise univariada, o escore do MEEM dos pacientes com delirium foi, em média, 12,9 ± 7,5. Para os pacientes sem delirium, o resultado do escore foi 20,7 ± 9,8 (p < 0,001). Dos 53 pacientes com delirium avaliados pelo escore de cognição na alta hospitalar, apenas dois (3,8%) pacientes tinham cognição normal e 40 (75,5%) apresentaram défice cognitivo grave. Entre os 65 pacientes sem delirium avaliados pelo escore, a prevalência de cognição normal e o défice cognitivo grave foram 41,5% (n = 27) e 36,9% (n = 24), respectivamente. Delirium manteve associação independente com cognição na regressão linear múltipla (Tabela 3).

Tabela 3
Regressão linear múltipla para cognição

Com relação à qualidade de vida, avaliada 1 mês após a alta hospitalar, não houve diferença na análise univariada, em nenhum dos domínios, entre os pacientes com e sem delirium (Tabela 4). A presença de delirium na UTI permaneceu sem relação com qualidade de vida após ajuste para confundidores no modelo de regressão linear múltipla (Material suplementar). Os motivos para a perda de seguimento 1 mês após a alta hospitalar foram óbito (7; 18,9% e 8; 13,8%; com p = 0,80), incapacidade cognitiva e/ou funcional de responder o questionário por telefone (13; 35,1% e 22; 37,9%; com p = 0,80) e impossibilidade de contato telefônico (17; 45,9% e 28; 48,3%; com p = 0,63) para os pacientes sem e com delirium, respectivamente.

Tabela 4
Comparação dos domínios do World Health Organization Quality of Life-Bref entre os pacientes com e sem delirium

DISCUSSÃO

Neste estudo de coorte prospectivo envolvendo uma população geral de pacientes críticos, nós encontramos uma associação de delirium com diminuição da capacidade funcional e da cognição, mesmo após ajuste para variáveis confundidoras. No entanto, não houve associação de delirium com qualidade de vida em 1 mês após a alta hospitalar.

Há poucos estudos que avaliaram o impacto da incidência de delirium durante internação na UTI na qualidade de vida dos sobreviventes após a alta hospitalar. Dois estudos sugerem que delirium é um fator de risco para menor qualidade de vida,(66 Van Rompaey B, Schuurmans MJ, Shortridge-Baggett LM, Truijen S, Elseviers M, Bossaert L. Long term outcome after delirium in the intensive care unit. J Clin Nurs. 2009;18(23):3349-57.,77 Abelha FJ, Luís C, Veiga D, Parente D, Fernandes V, Santos P, et al. Outcome and quality of life in patients with postoperative delirium during an ICU stay following major surgery. Crit Care. 2013;17(5):R257.) enquanto outros quatro estudos sugerem que não há associação.(88 van den Boogaard M, Schoonhoven L, Evers AW, van der Hoeven JG, van Achterberg T, Pickkers P. Delirium in critically ill patients: impact on long-term health-related quality of life and cognitive functioning. Crit Care Med. 2012;40(1):112-8.

9 Svenningsen H, Tønnesen EK, Videbech P, Frydenberg M, Christensen D, Egerod I. Intensive care delirium - effect on memories and health-related quality of life - a follow-up study. J Clin Nurs. 2014;23(5-6):634-44.

10 Wolters AE, van Dijk D, Pasma W, Cremer OL, Looije MF, de Lange DW, et al. Long-term outcome of delirium during intensive care unit stay in survivors of critical illness: a prospective cohort study. Crit Care. 2014;18(3):R125.
-1111 Busico M, Intile D, Sivori M, Irastorza N, Alvarez AL, Quintana J, et al. Risk factors for worsened quality of life in patients on mechanical ventilation. A prospective multicenter study. Med Intensiva. 2016;40(7):422-30.) Nessa análise, não consideramos o estudo de Jackson et al.,(1818 Jackson JC, Pandharipande PP, Girard TD, Brummel NE, Thompson JL, Hughes CG, Pun BT, Vasilevskis EE, Morandi A, Shintani AK, Hopkins RO, Bernard GR, Dittus RS, Ely EW; Bringing to light the Risk Factors And Incidence of Neuropsychological dysfunction in ICU survivors (BRAIN-ICU) study investigators. Depression, post-traumatic stress disorder, and functional disability in survivors of critical illness in the BRAIN-ICU study: a longitudinal cohort study. Lancet Respir Med. 2014;2(5):369-79.) pois avaliou apenas dois dos oito domínios do escore Medical Outcomes Short-Form Health Survey (SF-36). Van Rompaey et al.(66 Van Rompaey B, Schuurmans MJ, Shortridge-Baggett LM, Truijen S, Elseviers M, Bossaert L. Long term outcome after delirium in the intensive care unit. J Clin Nurs. 2009;18(23):3349-57.) não realizaram correção para gravidade da doença. No estudo de Abelha et al.,(77 Abelha FJ, Luís C, Veiga D, Parente D, Fernandes V, Santos P, et al. Outcome and quality of life in patients with postoperative delirium during an ICU stay following major surgery. Crit Care. 2013;17(5):R257.) apenas pacientes cirúrgicos foram incluídos, o que dificulta a generalização dos resultados. Em três dos quatro estudos que não verificaram associação entre delirium e qualidade de vida, a maioria dos pacientes incluídos era cirúrgica.(88 van den Boogaard M, Schoonhoven L, Evers AW, van der Hoeven JG, van Achterberg T, Pickkers P. Delirium in critically ill patients: impact on long-term health-related quality of life and cognitive functioning. Crit Care Med. 2012;40(1):112-8.

9 Svenningsen H, Tønnesen EK, Videbech P, Frydenberg M, Christensen D, Egerod I. Intensive care delirium - effect on memories and health-related quality of life - a follow-up study. J Clin Nurs. 2014;23(5-6):634-44.
-1010 Wolters AE, van Dijk D, Pasma W, Cremer OL, Looije MF, de Lange DW, et al. Long-term outcome of delirium during intensive care unit stay in survivors of critical illness: a prospective cohort study. Crit Care. 2014;18(3):R125.) Além disso, dois desses estudos eram unicêntricos.(88 van den Boogaard M, Schoonhoven L, Evers AW, van der Hoeven JG, van Achterberg T, Pickkers P. Delirium in critically ill patients: impact on long-term health-related quality of life and cognitive functioning. Crit Care Med. 2012;40(1):112-8.,1010 Wolters AE, van Dijk D, Pasma W, Cremer OL, Looije MF, de Lange DW, et al. Long-term outcome of delirium during intensive care unit stay in survivors of critical illness: a prospective cohort study. Crit Care. 2014;18(3):R125.) Nosso estudo reforça os achados em pacientes clínicos, além de ter sido realizado em dois centros.

Nos estudos prévios, a avaliação de qualidade de vida foi feita entre o segundo e o 18º mês após a alta da UTI.(66 Van Rompaey B, Schuurmans MJ, Shortridge-Baggett LM, Truijen S, Elseviers M, Bossaert L. Long term outcome after delirium in the intensive care unit. J Clin Nurs. 2009;18(23):3349-57.

7 Abelha FJ, Luís C, Veiga D, Parente D, Fernandes V, Santos P, et al. Outcome and quality of life in patients with postoperative delirium during an ICU stay following major surgery. Crit Care. 2013;17(5):R257.

8 van den Boogaard M, Schoonhoven L, Evers AW, van der Hoeven JG, van Achterberg T, Pickkers P. Delirium in critically ill patients: impact on long-term health-related quality of life and cognitive functioning. Crit Care Med. 2012;40(1):112-8.

9 Svenningsen H, Tønnesen EK, Videbech P, Frydenberg M, Christensen D, Egerod I. Intensive care delirium - effect on memories and health-related quality of life - a follow-up study. J Clin Nurs. 2014;23(5-6):634-44.

10 Wolters AE, van Dijk D, Pasma W, Cremer OL, Looije MF, de Lange DW, et al. Long-term outcome of delirium during intensive care unit stay in survivors of critical illness: a prospective cohort study. Crit Care. 2014;18(3):R125.
-1111 Busico M, Intile D, Sivori M, Irastorza N, Alvarez AL, Quintana J, et al. Risk factors for worsened quality of life in patients on mechanical ventilation. A prospective multicenter study. Med Intensiva. 2016;40(7):422-30.) Provavelmente, a diferença entre pacientes com e sem delirium na UTI seja mais pronunciada no início do processo de recuperação.(88 van den Boogaard M, Schoonhoven L, Evers AW, van der Hoeven JG, van Achterberg T, Pickkers P. Delirium in critically ill patients: impact on long-term health-related quality of life and cognitive functioning. Crit Care Med. 2012;40(1):112-8.) Nós escolhemos fazer uma avaliação mais precoce para investigar um aspecto ainda não abordado nos estudos anteriores e pela hipótese de que o primeiro mês após a alta hospitalar seria, possivelmente, o período de maior impacto do delirium apresentado na UTI. Porém, mesmo com essa avaliação precoce no curso da recuperação, não encontramos associação de delirium com nenhum dos domínios avaliados no escore de qualidade de vida.

Muitos pacientes, após internação na UTI, apresentam diminuição da capacidade funcional, mesmo sendo funcionalmente independentes antes da internação.(1919 Iwashyna TJ, Ely EW, Smith DM, Langa KM. Long-term cognitive impairment and functional disability among survivors of severe sepsis. JAMA. 2010;304(16):1787-94.,2020 Barnato AE, Albert SM, Angus DC, Lave JR, Degenholtz HB. Disability among elderly survivors of mechanical ventilation. Am J Respir Crit Care Med. 2011;183(8):1037-42.) Esse prejuízo é geralmente visto na habilidade em realizar atividades básicas da vida diária, como tomar banho, vestir-se, alimentar-se e ter continência fecal e urinária. Esse prejuízo possivelmente seja ainda maior quando o paciente apresenta delirium na UTI. Brummel et al. verificaram associação independente entre delirium e diminuição da capacidade funcional 1 ano após a internação na UTI.(44 Brummel NE, Jackson JC, Pandharipande PP, Thompson JL, Shintani AK, Dittus RS, et al. Delirium in the ICU and subsequent long-term disability among survivors of mechanical ventilation. Crit Care Med. 2014;42(2):369-77.) Resultados semelhantes foram encontrados em outro estudo, que incluiu apenas pacientes cirúrgicos.(77 Abelha FJ, Luís C, Veiga D, Parente D, Fernandes V, Santos P, et al. Outcome and quality of life in patients with postoperative delirium during an ICU stay following major surgery. Crit Care. 2013;17(5):R257.) No entanto, o estudo que avaliou esse desfecho com o maior número de pacientes incluídos não observou tal associação.(1818 Jackson JC, Pandharipande PP, Girard TD, Brummel NE, Thompson JL, Hughes CG, Pun BT, Vasilevskis EE, Morandi A, Shintani AK, Hopkins RO, Bernard GR, Dittus RS, Ely EW; Bringing to light the Risk Factors And Incidence of Neuropsychological dysfunction in ICU survivors (BRAIN-ICU) study investigators. Depression, post-traumatic stress disorder, and functional disability in survivors of critical illness in the BRAIN-ICU study: a longitudinal cohort study. Lancet Respir Med. 2014;2(5):369-79.) No nosso estudo, os pacientes com delirium apresentaram maior prejuízo na capacidade funcional avaliada no momento da alta hospitalar, mesmo após ajuste para variáveis confundidoras, incluindo a capacidade funcional prévia à internação. Novamente, essas discrepâncias possivelmente estejam relacionadas às características da população e ao tempo de seguimento. A avaliação mais precoce no curso da recuperação, como realizada no nosso estudo, provavelmente tenha favorecido nosso achado.(2121 Rudolph JL, Inouye SK, Jones RN, Yang FM, Fong TG, Levkoff SE, et al. Delirium: an independent predictor of functional decline after cardiac surgery. J Am Geriatr Soc. 2010;58(4):643-9.)

Os mecanismos responsáveis pela possível relação entre delirium e incapacidade funcional ainda não estão esclarecidos. Um mecanismo potencial é que a redução na atividade física espontânea é uma das característica do delirium hipoativo, que é o subtipo de delirium mais comum entre os pacientes críticos.(2222 Peterson JF, Pun BT, Dittus RS, Thomason JW, Jackson JC, Shintani AK, et al. Delirium and its motoric subtypes: a study of 614 critically ill patients. J Am Geriatr Soc. 2006;54(3):479-84.,2323 Pandharipande PP, Pun BT, Herr DL, Maze M, Girard TD, Miller RR, et al. Effect of sedation with dexmedetomidine vs lorazepam on acute brain dysfunction in mechanically ventilated patients: the MENDS randomized controlled trial. JAMA. 2007;298(22):2644-53.) Essa redução da atividade física espontânea pode levar à atrofia muscular por desuso e, subsequentemente, à incapacidade funcional percebida nos meses após a doença crítica.(44 Brummel NE, Jackson JC, Pandharipande PP, Thompson JL, Shintani AK, Dittus RS, et al. Delirium in the ICU and subsequent long-term disability among survivors of mechanical ventilation. Crit Care Med. 2014;42(2):369-77.,2424 Griffiths RD, Hall JB. Intensive care unit-acquired weakness. Crit Care Med 2010;38(3):779-87.,2525 Latronico N, Bolton CF. Critical illness polyneuropathy and myopathy: a major cause of muscle weakness and paralysis. Lancet Neurol 2011;10(10):931-41.) Outro mecanismo sugerido é que a inflamação, geralmente presente em pacientes críticos com delirium, possa ser uma explicação para a perda de massa muscular nesses pacientes.(2626 Ebersoldt M, Sharshar T, Annane D. Sepsis-associated delirium. Intensive Care Med. 2007;33(6):941-50.)

A associação entre delirium e prejuízo cognitivo é mais consistentemente demonstrada. Diversos estudos prospectivos multicêntricos(55 Pandharipande PP, Girard TD, Jackson JC, Morandi A, Thompson JL, Pun BT, Brummel NE, Hughes CG, Vasilevskis EE, Shintani AK, Moons KG, Geevarghese SK, Canonico A, Hopkins RO, Bernard GR, Dittus RS, Ely EW; BRAIN-ICU Study Investigators. Long-term cognitive impairment after critical illness. N Engl J Med. 2013;369(14):1306-16.,88 van den Boogaard M, Schoonhoven L, Evers AW, van der Hoeven JG, van Achterberg T, Pickkers P. Delirium in critically ill patients: impact on long-term health-related quality of life and cognitive functioning. Crit Care Med. 2012;40(1):112-8.,1010 Wolters AE, van Dijk D, Pasma W, Cremer OL, Looije MF, de Lange DW, et al. Long-term outcome of delirium during intensive care unit stay in survivors of critical illness: a prospective cohort study. Crit Care. 2014;18(3):R125.,1717 Sakuramoto H, Subrina J, Unoki T, Mizutani T, Komatsu H. Severity of delirium in the ICU is associated with short term cognitive impairment. A prospective cohort study. Intensive Crit Care Nurs. 2015;31(4):250-7.) e metanálise(11 Salluh JI, Wang H, Schneider EB, Nagaraja N, Yenokyan G, Damluji A, et al. Outcome of delirium in critically ill patients: systematic review and meta-analysis. BMJ. 2015;350:h2538.) confirmaram essa associação. No nosso estudo, a maioria dos pacientes com delirium apresentou défice cognitivo grave no momento da alta hospitalar. Embora esse momento possa ser bastante precoce para realizar avaliação de cognição, um estudo prévio verificou que a função cognitiva no momento da alta hospitalar foi um preditor significativo de função cognitiva a longo prazo.(2727 Newman MF, Kirchner JL, Phillips-Bute B, Gaver V, Grocott H, Jones RH, Mark DB, Reves JG, Blumenthal JA; Neurological Outcome Research Group and the Cardiothoracic Anesthesiology Research Endeavors Investigators. Longitudinal assessment of neurocognitive function after coronary-artery bypass surgery. N Engl J Med. 2001;344(6):395-402.)

Os mecanismos responsáveis pela associação entre delirium e prejuízo da cognição também não são claros. O delirium está associado com redução da integridade da substância branca do sistema nervoso central, que está associada com prejuízo da cognição.(2828 Morandi A, Rogers BP, Gunther ML, Merkle K, Pandharipande P, Girard TD, Jackson JC, Thompson J, Shintani AK, Geevarghese S, Miller RR 3rd, Canonico A, Cannistraci CJ, Gore JC, Ely EW, Hopkins RO; VISIONS Investigation, VISualizing Icu SurvivOrs Neuroradiological Sequelae. The relationship between delirium duration, white matter integrity, and cognitive impairment in intensive care unit survivors as determined by diffusion tensor imaging: the VISIONS prospective cohort magnetic resonance imaging study. Crit Care Med. 2012;40(7):2182-9.) Além disso, o delirium já foi associado com atrofia cerebral, possivelmente por meio de inflamação e apoptose neuronal.(2929 van Gool WA, van de Beek D, Eikelenboom P. Systemic infection and delirium: when cytokines and acetylcholine collide. Lancet. 2010;375(9716):773-5.,3030 Cunningham C. Systemic inflammation and delirium: important co-factors in the progression of dementia. Biochem Soc Trans. 2011;39(4):945-53.)

Interessantemente, não houve impacto do prejuízo cognitivo na percepção de qualidade de vida dessa população. Embora uma associação entre problemas cognitivos e piora da qualidade de vida fosse esperada, nossos resultados são consistentes com estudos prévios que não verificaram essa associação.(88 van den Boogaard M, Schoonhoven L, Evers AW, van der Hoeven JG, van Achterberg T, Pickkers P. Delirium in critically ill patients: impact on long-term health-related quality of life and cognitive functioning. Crit Care Med. 2012;40(1):112-8.,1010 Wolters AE, van Dijk D, Pasma W, Cremer OL, Looije MF, de Lange DW, et al. Long-term outcome of delirium during intensive care unit stay in survivors of critical illness: a prospective cohort study. Crit Care. 2014;18(3):R125.)

Nosso estudo apresenta algumas limitações. O pequeno número de pacientes incluídos, especialmente o de pacientes que completaram o seguimento de 1 mês, é uma limitação importante. Embora as razões para perda de seguimento não tenham sido diferentes entre os pacientes com e sem delirium, a perda de seguimento pode ter acrescentado um viés aos resultados. A maioria das perdas foi devida à falta de seguimento telefônico, sendo que esses pacientes podem ter uma pior qualidade de vida, com menos suporte social que os que foram contactados. Outra limitação foi a perda de pacientes por não terem realizado o CAM-ICU. Esses pacientes, em sua maioria, permaneceram sedados até o óbito, o que impossibilitou a aplicação da ferramenta. Além disso, a avaliação da capacidade funcional prévia à internação foi baseada no relato de familiar, embora esta seja uma limitação de quase todos os estudos com paciente crítico. A avaliação da qualidade de vida prévia à internação não foi realizada, sendo outra limitação do estudo. Finalmente, nós não avaliamos o impacto do delirium a longo prazo. Apesar de ser uma limitação, a avaliação mais precoce adiciona alguns achados não investigados pelos outros estudos.

CONCLUSÃO

Nossos achados sugerem que os pacientes que apresentam delirium na unidade de terapia intensiva não apresentam piora da qualidade de vida 1 mês após a alta hospitalar, apesar de apresentarem maior prejuízo cognitivo e incapacidade funcional no momento da alta hospitalar.

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Editado por

Editor responsável: Antonio Paulo Nassar Jr.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Out 2020
  • Data do Fascículo
    Jul-Sep 2020

Histórico

  • Recebido
    08 Jan 2020
  • Aceito
    23 Mar 2020
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