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“Viagem e alargamento conceitual” na apropriação do léxico emergente ao estudo das Relações Internacionais

Resumo

O trabalho analisa o léxico “emergente” em sua apropriação no estudo das Relações Internacionais. O trabalho parte da observação de que o emprego desse predicado a fenômenos das Relações Internacionais carrega transformações em seu significado original, na literatura sobre mercados financeiros. A análise proposta está estruturada em três etapas. Primeiramente, observamos as transformações semânticas do termo em sua literatura original, bem como a historicidade envolta em sua apropriação pelas Relações Internacionais. Essa apropriação será sustentada, à continuação, através de um estudo quantitativo, utilizado como proxy da disseminação do emprego do léxico emergente na disciplina. Por fim, a análise conduz um estudo qualitativo sobre os padrões semânticos no emprego do termo na disciplina, de modo a obter um protótipo conceitual do termo apropriado. Na conclusão, serão discutidos alguns aspectos teórico-metodológicos dos resultados para utilizar o termo “emergente” como um conceito nas Relações Internacionais.

PALAVRAS-CHAVE:
potências emergentes; países emergentes; mercados emergentes; viagem conceitual; alargamento conceitual

Abstract

This work analyses the lexicon “emerging” in its appropriation as a category of International Relations. It is aimed to delimit a conceptual prototype of term from the connotative spectrum arisen from its denotation of international political subjects. The conceptual prototype of an “Emergent” is delimitated from the analysis of the “conceptual stretching” resulting from the “conceptual travelling” during its appropriation by International Relations. The analyses are constituted of three steps. At first, it is observed the semantic transformations of the lexicon in its original literature, in the light of the underlying historicity of the process. This appropriation is measured through the study of the term frequency of reference in seventeen editorial databases. The ending stage is consisted of labeling “family resemblances” in all publications qualified as A1 and A2 in the Qualis CAPES system that uses the lexicon “Emerging Market”, “Emerging Country” and “Emerging Power”. The analysis reveals that the transformation in the referents of the term “Emerging Markets” bequeath a political meaning for the qualifier, conducting itself to denotate International Relations phenomena. This process is correlated to an expansion of the references to the lexicon in academic journals on the matter. Acknowledging that, the conceptual prototype set the attributes of its essablished use. The work intends to contribute to the concept formation by systematizing its “State of Art” in International Relations. The connotative spectrum of the purposed conceptual prototype is expected to be theoretically hierarchized in further efforts.

KEYWORDS:
emerging powers; emerging countries; emerging markets; conceptual travelling; conceptual stretching

I. Introdução1 1 Agradecemos aos comentários elaborados pelos pareceristas anônimos da Revista de Sociologia e Política.

O mundo após a Guerra Fria tem levantado uma contínua discussão sobre a distribuição de poder entre os países. Grande parte da literatura contemporânea de Relações Internacionais tem se centrado na compreensão dos desafios à preponderância, hegemonia ou unipolaridade essadunidense (Brooks & Wohlforth 2008Brooks, S. e Wohlforth, W., 2008. World Out of Balance: International Relations and the Challenge of American Primacy. Princeton: Princeton University Press.; Khana 2008Khana, P., 2008. O Segundo Mundo. Rio de Janeiro: Intrínseca.; Layne 2009Layne, C., 2009. The Waning of U.S. Hegemony: Myth or Reality. International Security, 34(1), pp.147-172. DOI: 10.1162/isec.2009.34.1.147
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; 2012Layne, C., 2012. This Time it's Real: The End of Unipolarity and the Pax Americana. International Studies Quaterly, 56(1), pp.203-213. DOI: 10.1111/j.1468-2478.2011.00704.x
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; Ikenberry, Mastanduno & Wohlforth 2011Ikenberry, G.J., 2011. The Future of Liberal World Order. Foreign Affairs, May-June. Disponível em: http://www.foreignaffairs.com/articles/67730/g-john-ikenberry/the-future-of-the-liberal-world-order. Acesso em: 2 fev 2016.
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). No entanto, ainda que exista um elevado grau de concentração de poder em polos restritos, o redesenho das relações econômicas tem particularmente suscitado a discussão sobre os significados do incremento da participação de novos atores no produto e nos fluxos econômicos mundiais que ocorre no seu bojo. Essa conjuntura de mudanças dá relevância a um esforço interpretativo sobre atores em transição na hierarquia entre seus pares no sistema internacional, mesmo os mais distantes de uma realidade de transição hegemônica.

Em meio a esse contexto, verifica-se um debate relevante em torno de alternativas conceituais para a denotação desses novos atores (Hurrell 2000Hurrell, A., 2000. Some Reflections on the Role of Intermediate Powers in International Institutions. Woodrow Wilson Center Latin American Program Working Paper, 244.; 2013Hurrell, A., 2013. Narratives of Emergence: Rising Powers and the End of the Third World? Brazilian Journal of Political Economy, 33(2), pp.203-221. DOI: 10.1590/S0101-31572013000200001
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; Jordaan 2003Jordaan, E., 2003. The Concept of a Middle Power in International Relations: Distinguishing between Emerging and Traditional Middle Powers. Politikon, 30(2), pp.165-181. DOI: 10.1080/0258934032000147282
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; Cooper, Antikiewicz & Shaw 2007Cooper, A.; Antikiewicz, A. e Shaw, T., 2007. Economic Size Trumps All Else? Lessons from BRICSAM. International Studies Review, 9(4), pp.673-689. DOI: 10.1111/j.1468-2486.2007.00730.x
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; Flemes, 2007Flemes, D., 2007. Conceptualising Regional Power in International Relations: Lessons from the South African Case. GIGA Working Paper, 53. DOI: 10.2139/ssrn.1000123
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; Nolte, 2010Nolte, D., 2010. How to Compare Regional Powers: Analytical Concepts and Research Topics. Review of International Studies, 36(4), pp.881-901. DOI: 10.1017/S026021051000135X
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; Santos 2011Santos, T., 2011. Globalization, Emerging Powers, and the Future of Capitalism. Latin American Perspectives, 38(2), pp.45-57. DOI: 10.1177/0094582X10388500
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; Schenoni 2012Schenoni, L., 2012. Ascenso y hegemonía: pensando a las potências emergentes desde América del Sur. Revista Brasileira de Política Internacional, 55(1), pp.31-48. DOI: 10.1590/S0034-73292012000100003
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; Cooper & Flemes 2013Cooper, A. e Flemes, D., 2013. Especial Edition: Foreign Policy Strategies of Emerging Powers in a Multipolar World: An Introductory Review. Third World Quarterly, 34(6), pp.943-962. DOI: 10.1080/01436597.2013.802501
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). Subjacente a essa disputa entre categorias consagradas das Relações Internacionais – i.e. potências médias, potências regionais e semiperiferia – verifica-se a expansão no emprego do léxico emergente – substantivado em “países emergentes”, “potências emergentes”, “mercados emergentes” ou, simplesmente, os “emergentes” – para classificar esses atores de melhor saldo nas transformações políticas e econômicas observadas. Contudo, o debate sobre o espectro denotativo e conotativo do termo emergente, particularmente o segundo, mantém-se em aberto na literatura, dificultando seu tratamento enquanto categoria conceitual. Desse modo, busca-se contribuir à análise das transformações do seu significado, associadas às mudanças na economia e na política internacional, como vetores da apropriação dessa categoria pelas Relações Internacionais.

Genealogicamente, o termo emergente tem sua origem associada a um contexto diferenciado, na literatura sobre mercados financeiros, provido de conteúdo semântico igualmente distinto. As mudanças conotativas sofridas pelo léxico emergente ao referir-se a fenômenos das Relações Internacionais descrevem um processo de “viagem” (conceptual travelling) e “alargamento conceitual” (conceptual stretching), no sentido originalmente proposto por Sartori (1970)Sartori, G., 1970. Concept Misformation in Comparative Politics. The American Political Science Review, 64(4), pp.1033-1053. DOI: 10.2307/1958356
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. A noção de “alargamento conceitual” é utilizada pelo autor para indicar a sobre-extensão2 2 Sartori (1970, p.1041) identifica a extensão (extension) como o número de referentes reais de uma determinada categoria, ao passo que a intensão (intension) é o conjunto de atributos que determinam os membros dessa categoria. Ambas compõem o que o autor chama de “escala de generalidade” (ladder of generality) de um conceito. Uma sobre-extensão ocorre quando um conceito é deformado para abarcar novos casos. Para melhor compreensão da evolução dessa discussão ver Sartori (1970), Collier e Mahon (1993) e Goertz (2009). de um conceito, ou seja, seu emprego para classificar casos que põem em cheque seus atributos delimitadores. A denotação, em si, de casos que confrontam as fronteiras conotativas originais do conceito é o que Sartori chama de “viagem conceitual”. No caso do presente trabalho, assume-se a hipótese de que a “viagem” e o “alargamento” do léxico emergente, desde a categoria operacional mercado emergente, são elementos-chave de sua apropriação para o estudo das Relações Internacionais. Argumenta-se que a categoria apropriada não sofre de uma sobre-extensão, mas, sim, passa a exigir novos esforços de determinação para se adaptar ao novo contexto teórico em que se insere3 3 Como trabalhado em Fonseca (2013), essa percepção não normativa da “viagem” e do “alargamento” conceituais os aproxima da discussão sobre a reconstrução do real na história, revelada pelo discurso, na tradição hegeliana de pensamento. .

Com isso, o objetivo deste trabalho é analisar o “alargamento” e a “viagem” do léxico emergente em sua apropriação, de modo a mapear o espectro conotativo que esse processo lega à disciplina de Relações Internacionais. A análise começa observando as transformações do significado do termo em sua literatura original, bem como a historicidade envolta em sua apropriação. Isso será desenvolvido nas próximas duas seções. Na seção conseguinte, buscaremos evidenciar tal apropriação através de um breve estudo quantitativo, utilizado como proxy da disseminação do emprego léxico emergente na disciplina. A quinta seção retoma o objetivo central do trabalho, ao buscar os padrões de emprego do termo em trabalhos referenciais, ou seja, analisar o ponto de chegada de sua “viagem” e compreender o espectro conotativo que seu “alargamento” gera. Por fim, a última seção discute alguns significados dos resultados observados para a utilização do termo emergente como um conceito da disciplina de Relações Internacionais.

II. “Viagem” e “alargamento” do léxico emergente na literatura financeira

O predicado emergente nasce descrevendo o sujeito mercados emergentes, dentro da literatura financeira, referindo-se a países que se integravam às novas condições da globalização financeira no final do século XX. Sua gênese está imbricada na conjuntura de refinanciamento dos elevados estoques de dívida de países em desenvolvimento desde a segunda metade da década de 1980. A autoria da alcunha mercados emergentes é atribuída ao presidente Antoine Van Agtamael, em 1981, do IFC (International Finance Corporation), braço financeiro do Banco Mundial, dentro do esforço para retomar o fluxo de capital privado para a reciclagem dos altos estoques de dívida dos países em desenvolvimento. Essa classificação substituía a antiga alcunha de fundos do terceiro mundo a fim de atribuir maior credibilidade a esses devedores dada a adoção das políticas de ajuste indicadas por organismos internacionais de financiamento. Na prática, o que se estava desenvolvendo era uma nova categoria de ativos financeiros que ganharia proeminência a partir dos Brady Bonds (Levi 2009Levi, M.D., 2009. International Finance. London: Palgrave Macmillan.; Pilbeam 2013Pilbeam, K., 2013. International Finance. London: Palgrave Macmillan.).

Nos anos 1990, os títulos de mercados emergentes se tornariam importantes componentes de renda fixa de diversos ativos (Levi 2009Levi, M.D., 2009. International Finance. London: Palgrave Macmillan.; Pilbeam 2013Pilbeam, K., 2013. International Finance. London: Palgrave Macmillan.). Desse processo deriva uma vasta literatura específica sobre o tema e, na consequência de sua função operacional, as primeiras delimitações classificatórias. Solnik (1991)Solnik, B., 1991. International Investments. New York: Addison Wesley. oferece uma das delimitações pioneiras, retomando a classificação original do IFC, ao compatibilizar uma evolução positiva da renda per capita com a adoção das medidas de ajuste estipuladas pelo órgão e por seus pares. Pereiro (2002)Pereiro, L., 2002. Valuation of Companies in Emerging Markets – a practical approach. New York: Wiley. e Harvey (1995aHarvey, C.R., 1995a. Predictable Risk and Returns in Emerging Markets. Review of Financial Studies, 8(3), pp.773-816. DOI: 10.1093/rfs/8.3.773
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; 1995bHarvey, C.R., 1995b. The Risk Exposure of Emerging Equity Markets. World Bank Economic Review, 9(1), pp.19-50. DOI: 10.1093/wber/9.1.19
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) oferecem uma lista mais ampla de atributos que adicionariam às políticas de ajustes e ao crescimento econômico, indicadores de integração de tais economias ao capitalismo financeiro internacional.

No arcabouço classificatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, ao longo dos anos 1990, a categoria mercados emergentes passa a figurar, em identidade, à de países em desenvolvimento. Essa incorporação, contudo, não passa por uma sistematização delimitativa; é a identificação desses espaços geográficos com as novas oportunidades econômicas em expansão. Os mercados emergentes e países em desenvolvimento seriam todas aquelas economias que não as avançadas quanto ao nível de renda per capita (World Bank 2013World Bank, 2013. World Development Report. Disponível em: https://www.wdronline.worldbank.org/. Acesso em 2 fev 2016.
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, International Monetary Fund 2013International Monetary Fund, 2013. World Economic Outlook. Disponível em: http://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2013/01/. Acesso em: 2 fev 2016.
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).

A virada para o século XXI observou um aumento da relevância desses novos mercados emergentes (Kose 2008Kose, M., 2008. Seven Questions About Decoupling. IMF Research Bulletin, 9(3).). Do lado financeiro, o diferencial das taxas de juros oferecidas pelas moedas de alguns desses mercados em relação às do dólar e de outras moedas conversíveis, direcionou-lhes um amplo influxo de capitais, em boa parte atrelados a operações de carry trade4 4 Tomada de recursos no curto prazo, junto a mercados de baixa taxa de juros, a serem investidos em operações de maior risco e rendimento (Cintra 2005, p.19), nesse caso, títulos denominados em moedas não-conversíveis dos países emergentes. (Cintra 2005Cintra, M.A., 2005. A Exuberante Liquidez Global. Economia Política Internacional, 5, pp.17-26., p.19). Ao mesmo tempo, observou-se uma reorganização de fluxos no lado real da economia internacional. Os mercados emergentes passaram a registrar sucessivos superávits em conta corrente nesse século, puxados pelo desempenho de outros “emergentes”, em particular a produção industrial do leste asiático (Spence 2009Spence, M., 2009. Emerging Financial Markets after the Global Financial Crisis. PIMCO Viewpoints, Aug. Disponível em: https://japan.pimco.com/EN/Insights/Pages/Emerging%20Financial%20Markets%20Spence%20August.aspx. Acesso em: 2 fev 2016.
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).

O redesenho exposto estava em curso quando dos primeiros trabalhos da Goldman Sachs (O'Neill, 2001O’Neill, J., 2001. Building Better Global Economic BRICs. Goldman Sachs Global Economics Paper, 66. Disponível em: http://www.goldmansachs.com/our-thinking/archive/archive-pdfs/build-better-brics.pdf. Acesso em: 2 fev 2016.
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; 2003O’Neill, J., 2003. Dreaming with BRICs: Path to 2050. Goldman Sachs Global Economics Paper, 99. Disponível em: http://www.goldmansachs.com/our-thinking/archive/archive-pdfs/brics-dream.pdf. Acesso em: 2 fev 2013.
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; O'Neill et al., 2005O’Neill, J.; Wilson, D.; Purushothaman, R. e Stupnytska, A., 2005. How Solid are the BRICs? Goldman Sachs Global Economics Paper, n. 134. Disponível em: http://www.goldmansachs.com/our-thinking/archive/archive-pdfs/how-solid.pdf. Acesso em: 04.mai.2013
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), destacando, entre as númerosas economias emergentes, aquelas que deveriam exercer um papel central no futuro da economia internacional: Brasil, Rússia, Índia e China. O primeiro trabalho, de 2001, conduzido pelo economista-chefe do banco, Jim O’Neill, demonstrou, através de três estudos econométricos, que haveria uma tendência de essas quatro economias, particularmente a China, apresentarem, na década seguinte, um crescimento superior ao dos outros membros do G-7. Formava-se o acrônimo BRIC, cujos componentes, em um contexto de unificação monetária da União Europeia, deveriam ser incorporados à governança financeira internacional, reestruturando o G-7 (O'Neill 2001O’Neill, J., 2001. Building Better Global Economic BRICs. Goldman Sachs Global Economics Paper, 66. Disponível em: http://www.goldmansachs.com/our-thinking/archive/archive-pdfs/build-better-brics.pdf. Acesso em: 2 fev 2016.
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, p.3). Em O'Neill (2003)O’Neill, J., 2003. Dreaming with BRICs: Path to 2050. Goldman Sachs Global Economics Paper, 99. Disponível em: http://www.goldmansachs.com/our-thinking/archive/archive-pdfs/brics-dream.pdf. Acesso em: 2 fev 2013.
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, o estudo é ampliado e um prazo, o ano de 2039, foi oferecido para que os BRICs ultrapassem a participação do G-7 na renda global. A metodologia utilizada nesse estudo baseou-se em projeções demográficas, da acumulação de capital e do crescimento da produtividade para mapear o crescimento econômico desses dois grupos de economias até 2050 (O'NEILL, 2003O’Neill, J., 2003. Dreaming with BRICs: Path to 2050. Goldman Sachs Global Economics Paper, 99. Disponível em: http://www.goldmansachs.com/our-thinking/archive/archive-pdfs/brics-dream.pdf. Acesso em: 2 fev 2013.
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).

Em O'Neill et al. (2005)O’Neill, J.; Wilson, D.; Purushothaman, R. e Stupnytska, A., 2005. How Solid are the BRICs? Goldman Sachs Global Economics Paper, n. 134. Disponível em: http://www.goldmansachs.com/our-thinking/archive/archive-pdfs/how-solid.pdf. Acesso em: 04.mai.2013
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, é apresentada a metodologia Growth Environment Score (GES)5 5 Para sumário da metodologia ver O'Neill (2007, pp.87-90). para medir o potencial de crescimento dos mercados emergentes. Esse estudo já é contemporâneo a um crescimento mais intenso que o previsto dois anos antes para os BRICs, o que leva a prazos ainda mais favoráveis para a ultrapassagem do G-7 pelos BRIC. A aplicação dessa nova metodologia revela, ademais, os próximos 11 países cujo potencial de crescimento se destacava, os Next-116 6 Coreia do Sul, México, Indonésia, Irã, Filipinas, Turquia, Egito, Nigéria, Vietnã, Paquistão e Bangladesh. , dos quais México e Coreia do Sul teriam potencial para desempenho semelhante ao dos BRICs. No entanto, para os objetivos deste trabalho, um trecho da publicação reflete a relevância singular das dinâmicas expostas para a disciplina de Relações Internacionais:

“[…] nós vemos os BRICs como muito mais que um novo tópico sobre mercados emergentes. Os BRICs são um aspecto-chave da moderna era da globalização. O que distingue os BRICs de qualquer outra narrativa de crescimento de mercados emergentes é sua capacidade de influenciar, e serem influenciados, pela economia e pelos mercados globais em sentido ampliado. A perspectiva atual e futura para a globalização tem as nações dos BRICs em seu núcleo e a interação entre as economias dos BRICs e do G7 é um aspecto crítico da globalização e da interdependência” (O'Neill et al., 2005O’Neill, J.; Wilson, D.; Purushothaman, R. e Stupnytska, A., 2005. How Solid are the BRICs? Goldman Sachs Global Economics Paper, n. 134. Disponível em: http://www.goldmansachs.com/our-thinking/archive/archive-pdfs/how-solid.pdf. Acesso em: 04.mai.2013
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, p.3; tradução livre).

Ainda que o trabalho da Goldman Sachs compusesse uma literatura empírica e operacional, destinada a auxiliar atores no mercado financeiro, ela traz dois componentes relevantes para compreensão da apropriação do léxico emergente pela literatura de Relações Internacionais. Em primeiro lugar, esses trabalhos especificam, entre os “emergentes”, um grupo de países cuja trajetória de crescimento poderia constituir um movimento de longo prazo rumo ao centro da economia internacional. Em segundo lugar, os trabalhos advogam que essa proeminência deveria acompanhar sua devida inclusão nas esferas de governança financeira internacional, nomeadamente, na expansão do G-7. Dessa forma, esse conjunto de trabalhos lança, desde a literatura financeira, um olhar diferenciado sobre esses atores cuja proeminência se confirmaria ao longo dos anos 2000 e transbordaria o âmbito do mercado financeiro da mesma maneira que o léxico emergente transbordaria essa literatura.

III. O século XXI e a apropriação pelas Relações Internacionais

No século XXI, a economia internacional observou mudanças relevantes no fluxo de recursos reais e financeiros, manifestadas em reorganização do emprego, da renda e dos processos políticos internacionais a partir dos efeitos do forte crescimento chinês no período. Com uma taxa de crescimento do PIB na casa dos dois dígitos, o crescimento chinês, junto à expansão estadunidense, explicou mais da metade do ritmo de elevação da renda mundial no ciclo 2003-2008, quadro não alterado pela crise. O crescimento chinês esteve fortemente associado ao deslocamento da produção industrial dos países centrais para os periféricos, em especial para o leste asiático, a partir da estratégia de outsourcing das empresas dos países centrais, assim como à ampliação da demanda dos países centrais e à expansão financeira global.

Nessa conjuntura, a produção industrial chinesa esteve atrelada majoritariamente à oferta aos mercados centrais, exercendo pressão competitiva sobre todos os mercados industriais do mundo e sobre o mercado de recursos naturais, pelo lado da demanda, afetando diretamente o preço das commodities internacionais (Yu 2011Yu, Y., 2011. Identifying the Linkages between Major Mining Commodity Prices and China's Economic Growth – Implications for Latin America. IMF Working Paper, 11(86). Disponível em https://www.imf.org/external/pubs/ft/wp/2011/wp1186.pdf Acesso em: 22 fev 2016.
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). Assim, o crescimento chinês acompanhou e fomentou o crescimento via exportações (export-led growth) dos demais países em desenvolvimento, particularmente dos fornecedores de recursos naturais para a produção industrial da China e dos países do leste asiático (IPEA 2011IPEA, 2011. Desafios para o desenvolvimento brasileiro. Brasília: IPEA.) pela regionalização da produção industrial chinesa. Ao mesmo tempo, a expansão financeira global, sobretudo pela manutenção de baixas taxas de juros nos países centrais, somada à diplomacia financeira chinesa (Cunha, Biancarelli & Prates 2007Cunha, A.M.; Biancarelli, A. e Prates, D.M., 2007. A diplomacia do Yuan Fraco. Revista de Economia Contemporânea, 11, pp.525-562. DOI: 10.1590/S1415-98482007000300006
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), orientou um forte fluxo de investimento em diversos mercados emergentes. Esse contexto fundamentou o incremento na participação dos países em desenvolvimento ou “emergentes” na economia mundial, como demonstram as tabelas do Apêndice 1 Apêndice 1 Os Brics na economia internacional Tabela 1A Participação no Comércio Corrente Mundial de Economias Selecionadas 1991- 2000 2001-2010 Países em desenvolvimento e mercados emergentes 27,7% 45,5% Brasil 0,9% 1% Rússia – 1,8% Índia 0,65% 1,3% China 2,65% 7,3% Fonte: WTO (2014). Tabela 2A Participação no PIB Mundial de Economias Selecionadas 1990 2000 2010 OCDE 79,7% 79,9% 66,2% Não OCDE - China inclusive 20,3% 20,1% 33,9% Não OCDE – China exclusive 18,5% 16,4% 24,5% China 1,8% 3,7% 19,4% Fonte: IMF (2013). (Tabelas 1A e 2A).

No período posterior à crise financeira internacional de 2008, a China logrou manter um ritmo de crescimento anual entre 9% e 10% até 2011, reduzindo para a casa dos 7,5% nos anos seguintes, mas mantendo-se acima do nível geral o crescimento dos países emergentes. A expressão “novo normal” (Gross 2009Gross, B., 2009. On the “Course” to a New Normal. Pimco Investment Outlook. Disponível em: http://global.pimco.com/EN/Insights/Pages/Gross%20Sept%20On%20the%20Course%20to%20a%20New%20Normal.aspx. Acesso em: 2 fev 2013.
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; Spence 2009Spence, M., 2009. Emerging Financial Markets after the Global Financial Crisis. PIMCO Viewpoints, Aug. Disponível em: https://japan.pimco.com/EN/Insights/Pages/Emerging%20Financial%20Markets%20Spence%20August.aspx. Acesso em: 2 fev 2016.
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) tem sido utilizada por diversos economistas para descrever a tendência longeva desses novos comportamentos da economia internacional no pós-crise (El-Erian 2008El-Erian, M., 2008. When Markets Collide: Investment Strategies for Age of Global Economic Change. New York: McGraw Hill.; Eichengreen 2009Eichengreen, B., 2009. Lessons of the Crisis for Emerging Markets. Asian Development Bank Institute Working Papers, 179(15).; Bibow 2010Bibow, J., 2010. The Global Crisis and the Future of the Dollar: Toward Bretton Woods III? Levy Economics Institute of Bard College Working Paper, 584. DOI: 10.2139/ssrn.1553233
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). Além de concentrar os saldos dessa redistribuição do poder econômico, tais mudanças tiveram forte impacto sobre o poder político desses atores, com manifestações ainda mais intensas após a crise. A primeira década do século XXI observou a “ascensão do resto” (Amsden 2003Amsden, A., 2003. The Rise of “The Rest”: Challenges to the West from Late-Industrializing Economies. New York/Oxford: Oxford University Press.; Zakaria 2008Zakaria, F., 2008. The Post-American World. New York/London: W.W. Norton and Company.), com maiores recursos de poder da periferia nas instituições da ordem mundial estabelecida. O processo de normatização da clivagem Norte-Sul das últimas décadas do século XX foi substituído pelo incremento do debate Norte-Sul, manifestando o empoderamento dos “emergentes” nas tratativas multilaterais, nomeadamente na gestão do G-20 financeiro após a crise (Schirm 2010Schirm, S., 2010. Leaders in Need of Followers: Emerging Powers in Global Governance. European Journal of International Relations, 16(2), pp.197-221. DOI: 10.1177/1354066109342922
https://doi.org/10.1177/1354066109342922...
; Visentini & Silva, 2010Visentini, P. e Silva, A., 2010. O Brasil e o multilateralismo econômico, político e ambiental: o governo Lula (2003-2010). Revista Brasileira de Política Internacional, 53, pp.54-72. DOI: 10.1590/S0034-73292010000300004
https://doi.org/10.1590/S0034-7329201000...
; Beeson & Bell 2009Beeson, M. e Bell, S., 2009. The G-20 and International Economic Governance: Hegemony, Collectivism, or Both. Global Governance: A Review of Multilateralism and International Organizations, 15(1), pp.67-86.).

A confirmação do quadro desenhado pela Goldman Sachs de maneira ainda mais intensa e com desdobramentos sobre a política internacional fundamenta ao léxico emergente um campo denotativo e conotativo muito mais variado do que o inicialmente atribuído ao conceito de mercado emergente. Trata-se, portanto, do “alargamento conceitual” da categoria, cuja “viagem conceitual” a conduziu a novas substantivações para o predicado emergente – i.e. país emergente e potência emergente – revelando um campo léxico a ser apropriado pelas Relações Internacionais com intensão e extensão renovadas.

IV. Disseminação do emprego do léxico emergente nas Relações Internacionais

Até aqui foram descritos o “alargamento” semântico sofrido pelo léxico emergente em sua literatura original e o processo histórico que o conduz à denotação de fenômenos das Relações Internacionais. No entanto, a apropriação do termo pela disciplina carece de sustentação empírica. Dessa forma, a esta seção cabe um esforço de mensuração da apropriação do termo, apresentado um estudo quantitativo sobre a evolução do emprego do léxico emergente, a fim de verificar: (i) a existência de uma expansão nesse emprego; (ii) a relevância dessa disseminação como indicador da apropriação do conceito pela disciplina e (iii) sua associação ao “alargamento” descrito na seção anterior.

Para mensurar a disseminação do léxico emergente estudou-se a evolução histórica da frequência de seu emprego em publicações da disciplina de Relações Internacionais. Isso constituiu na verificação, nos trabalhos que fazem referências a “emergentes” em 17 bases de dados acadêmicos entre 1989 e 2012. Para tanto, utilizou-se ferramentas booleanas de busca das próprias bases, analisando os resultados para referencias a “mercado(s) emergente(s)”, “país(es) emergente(s)” ou “potência(s) emergente(s)”7 7 E português, inglês e espanhol. Em inglês, buscou-se por respectivamente: “emerging market(s)”; “emerging/rising country/countries”; “emerging/rising power(s)”. em todo o texto – corpo do texto, palavras-chave, resumo e título – em periódicos revisados por pares. Com a aplicação da busca da referência conjunta dos termos pretende-se minimizar a probabilidade de referências aleatórias, desconexas da temática em estudada. As bases utilizadas foram: 1) o conjunto de periódicos da àrea de Ciências Políticas classificados como A1 ou A2 no sistema Qualis CAPES; 2) pesquisa aberta no Portal de Periódicos - CAPES; 3) Academic Search Premier – EBSCO; 4) Gale – Academic OneFile; 5) Banco de Teses de Doutorado – CAPES; 6) Banco de Dissertações de Mestrado – CAPES; 7) Cambridge Journals Online para periódicos da área de Ciência Política e Relações Internacionais; 8) Duke University; 9) Jstor na área de Ciência Política e Relações Internacionais; 10) Project Muse; 11) Sage Jstor na área de Ciência Política e Relações Internacionais; 12) Oxford University Press na àrea de Ciências Sociais; 13) Google Acadêmico; 14) SCOPUS na àrea de Ciências Sociais; 15) Scielo Brasil; 16) Web of Science na àrea de Relações Internacionais; 17) Wiley and Sons Online. Com essas pesquisas pretende-se cobrir uma parte relevante das publicações em Relações Internacinoais e àreas afins, passível de ilustrar o ritmo da disseminação do emprego do léxico emergente nesse campo de estudos. Almeja-se, portanto, ilustrar quantitativamente a disseminação do léxico emergente na disciplina de Relações Internacionais, tomando esses dados como proxy estatística. Os dados estão demonstrados no Apêndice 2 Apêndice 2 Estudo da disseminação do léxico emergente Gráfico 1B Expansão média do número de trabalhos que empregam o termo mercado emergente Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Gráfico 2B Expansão média do número de trabalhos que empregam o termo país emergente Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Gráfico 3B Expansão média do número de trabalhos que empregam o termo potência emergente Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Tabela 1B Matriz de Correlações de Pearson para busca “Mercado(s) Emergente(s)” A B C D E F G H I J K L M N O P Q A -Qualis A1 e A2 1,0000 B - Portal de Periódicos CAPES 0,8237 1,0000 C -ASP-EBSCO 0,8226 0,9777 1,0000 D - Gale - AcademicOneFile 0,8547 0,9887 0,9751 1,0000 E - CAPES - Teses de Doutorado 0,7694 0,8218 0,7715 0,8345 1,0000 F - CAPES - Dissertações de Mestrado 0,8516 0,8815 0,9093 0,9028 0,7353 1,0000 G - Cambridge Journals Online - Ciencias Sociais Aplicadas e Humanidades 0,7163 0,7698 0,7847 0,7592 0,5631 0,7018 1,0000 H - Duke University 0,4841 0,4317 0,5302 0,4743 0,3725 0,5715 0,2577 1,0000 I - Jstor - Ciência Política e Relações Internacionais 0,5264 0,3143 0,4406 0,4161 0,3035 0,5758 0,2833 0,5717 1,0000 J - Oxford Press 0,4905 0,4957 0,4861 0,5635 0,3318 0,4162 0,3078 0,2694 0,3935 1,0000 K- Project Muse 0,8056 0,8104 0,8341 0,8252 0,7756 0,8985 0,6138 0,6763 0,5485 0,2225 1,0000 L - Sage - Ciência Política e Relaçõe Internacionais 0,7972 0,9561 0,9322 0,9484 0,8165 0,8763 0,7099 0,3569 0,3599 0,4786 0,8229 1,0000 M - Google Acadêmico 0,8196 0,9839 0,9829 0,9676 0,8109 0,8966 0,7607 0,4654 0,3705 0,4280 0,8565 0,9625 1,0000 N - SCOPUS -Social Sciences 0,8283 0,9919 0,9703 0,9751 0,8275 0,8779 0,7678 0,3883 0,3078 0,4488 0,8183 0,9676 0,9902 1,0000 O - Scielo - BR 0,3850 0,3652 0,4337 0,3538 0,0000 0,3540 0,4896 0,0981 0,3225 0,2719 0,2347 0,3130 0,3917 0,3786 1,0000 P - Web of Science - Relações Internacionais 0,3446 0,2802 0,3371 0,3077 0,3718 0,2861 0,6111 0,1276 0,4277 0,0715 0,3698 0,3520 0,3411 0,3147 0,2519 1,0000 Q - Wiley 0,8541 0,9891 0,9848 0,9802 0,8379 0,8924 0,7764 0,4678 0,3693 0,4651 0,8342 0,9431 0,9907 0,9876 0,3795 0,3268 1,0000 Média Aritmética: 0,6984 0,7372 0,7409 0,7160 0,5622 0,6679 0,5578 0,3802 0,3875 0,3607 0,6561 0,7076 0,6784 0,5603 0,3157 0,3268 0,5659 Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Tabela 2B Matriz de correlações de pearson para busca “País(es) Emergente(s)” A B C D E F G H I J K L M N O P Q A -Qualis A1 e A2 1,0000 B - Portal de Periódicos CAPES 0,8377 1,0000 C -ASP-EBSCO 0,8690 0,9626 1,0000 D - Gale - AcademicOneFile 0,8693 0,9798 0,9844 1,0000 E - CAPES - Teses de Doutorado 0,7927 0,9553 0,9199 0,9265 1,0000 F - CAPES - Dissertações de Mestrado 0,7259 0,9099 0,9070 0,9034 0,9438 1,0000 G - Cambridge Journals Online - Ciencias Sociais Aplicadas e Humanidades 0,6422 0,7276 0,8200 0,7895 0,6992 0,7190 1,0000 H - Duke University 0,3745 0,3819 0,3842 0,3878 0,3428 0,2392 0,2348 1,0000 I - Jstor - Ciência Política e Relações Internacionais 0,5923 0,4444 0,5585 0,5387 0,5019 0,5977 0,5581 −0,0564 1,0000 J - Oxford Press 0,8141 0,9550 0,9258 0,9335 0,9114 0,9159 0,7187 0,2506 0,4607 1,0000 K- Project Muse 0,8046 0,7675 0,7961 0,7721 0,8262 0,7327 0,5209 0,5702 0,4181 0,6705 1,0000 L - Sage - Ciência Política e Relaçõe Internacionais 0,7732 0,9565 0,9457 0,9430 0,8808 0,8442 0,7965 0,3937 0,3292 0,9264 0,6913 1,0000 M - Google Acadêmico 0,8403 0,9878 0,9759 0,9764 0,9693 0,9426 0,7610 0,3572 0,5211 0,9562 0,7848 0,9370 1,0000 N - SCOPUS -Social Sciences 0,8209 0,9923 0,9487 0,9626 0,9416 0,8843 0,7266 0,3914 0,3676 0,9573 0,7461 0,9643 0,9769 1,0000 O - Scielo - BR 0,7618 0,8893 0,8567 0,8786 0,7963 0,7659 0,6680 0,4451 0,2617 0,8629 0,6149 0,8791 0,8727 0,9045 1,0000 P - Web of Science - Relações Internacionais 0,7422 0,8122 0,7907 0,8120 0,7350 0,6209 0,5809 0,4652 0,3480 0,6626 0,7170 0,7823 0,7668 0,7967 0,6626 1,0000 Q - Wiley 0,8475 0,9885 0,9592 0,9712 0,9306 0,9033 0,7506 0,3984 0,4600 0,9619 0,7548 0,9616 0,9728 0,9811 0,8820 0,8020 1,0000 Média Aritmética: 0,7568 0,8474 0,8409 0,8304 0,7899 0,7423 0,6316 0,3573 0,3958 0,8879 0,7181 0,9049 0,8973 0,8941 0,7723 0,8020 0,7543 Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Tabela 3B Matriz de Correlações de Pearson para busca “Potência(s) Emergente(s)” A B C D E F G H I J K L M N O P Q A -Qualis A1 e A2 1,0000 B - Portal de Periódicos CAPES 0,8223 1,0000 C -ASP-EBSCO 0,8282 0,9568 1,0000 D - Gale - AcademicOneFile 0,8031 0,9650 0,9541 1,0000 E - CAPES - Teses de Doutorado 0,6543 0,8424 0,8173 0,8658 1,0000 F - CAPES - Dissertações de Mestrado 0,6321 0,8291 0,7634 0,7362 0,7436 1,0000 G - Cambridge Journals Online - Ciencias Sociais Aplicadas e Humanidades 0,7471 0,9112 0,9532 0,8993 0,7779 0,7823 1,0000 H - Duke University 0,2057 0,0392 −0,0430 0,0251 0,0909 −0,0670 −0,1280 1,0000 I - Jstor - Ciência Política e Relações Internacionais 0,8033 0,8297 0,9105 0,8738 0,6410 0,5151 0,8085 0,0265 1,0000 J - Oxford Press 0,6467 0,8950 0,7639 0,8101 0,7745 0,7826 0,7302 0,1091 0,6047 1,0000 K- Project Muse 0,7044 0,8918 0,9263 0,9294 0,8129 0,6228 0,8778 −0,0049 0,8930 0,7533 1,0000 L - Sage - Ciência Política e Relaçõe Internacionais 0,7037 0,8070 0,6909 0,8170 0,7853 0,7451 0,6361 0,1558 0,5801 0,7583 0,6530 1,0000 M - Google Acadêmico 0,8710 0,9847 0,9687 0,9581 0,8516 0,8359 0,9216 0,0007 0,8446 0,8515 0,8808 0,8117 1,0000 N - SCOPUS -Social Sciences 0,8609 0,9619 0,9236 0,9037 0,7915 0,8750 0,8602 0,0020 0,7868 0,8653 0,7971 0,7788 0,9717 1,0000 O - Scielo - BR 0,5830 0,8011 0,7073 0,6679 0,6839 0,7921 0,7500 0,0855 0,4672 0,8821 0,6235 0,5193 0,7728 0,7971 1,0000 P - Web of Science - Relações Internacionais 0,7261 0,9077 0,9464 0,8967 0,8156 0,7746 0,9883 −0,1098 0,7862 0,7460 0,8862 0,6200 0,9164 0,8541 0,7828 1,0000 Q - Wiley 0,8399 0,9633 0,9750 0,9264 0,7956 0,8052 0,9361 −0,0343 0,8477 0,8085 0,8672 0,6936 0,9735 0,9525 0,7868 0,9335 1,0000 Média Aritmética: 0,7145 0,8391 0,8041 0,7930 0,7137 0,6785 0,7381 0,0256 0,7263 0,8186 0,7846 0,6847 0,9086 0,8679 0,7848 0,9335 0,7385 Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Tabela 4B Matriz de Correlação de Pearson para os dados dos Gráficos 1B, 2B e 3B Mercado País Potência Mercado 1 País 0,973663 1 Potência 0,925036 0,982395 1 Média 0,949349 0,982395 0,965872 Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Gráfico 4B Frequência léxica combinada de substantivações do termo emergente Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Gráfico 5B Frequência léxica de substantivação do termo emergente Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Gráfico 6B Média anual de referência do léxico emergente por substantivação Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. do trabalho.

De maneira geral, a pesquisa demonstrou um crescimento substantivo do emprego do predicado emergente através dos sujeitos mercado, país e potência, como demonstram os Gráficos 1, 2 e 3, com destaque para a primeira substantivação. Os dados dessas figuras representam a média aritmética do crescimento do número de trabalhos que empregam cada uma das substantivações nas 17 bases analisadas. Para diminuir o peso das discrepantes dimensões das bases de dados, utilizou-se o número de trabalhos do ano de 1989 igualado a 1, como base para o índice de crescimento. As tabelas no apêndice 2 Apêndice 2 Estudo da disseminação do léxico emergente Gráfico 1B Expansão média do número de trabalhos que empregam o termo mercado emergente Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Gráfico 2B Expansão média do número de trabalhos que empregam o termo país emergente Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Gráfico 3B Expansão média do número de trabalhos que empregam o termo potência emergente Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Tabela 1B Matriz de Correlações de Pearson para busca “Mercado(s) Emergente(s)” A B C D E F G H I J K L M N O P Q A -Qualis A1 e A2 1,0000 B - Portal de Periódicos CAPES 0,8237 1,0000 C -ASP-EBSCO 0,8226 0,9777 1,0000 D - Gale - AcademicOneFile 0,8547 0,9887 0,9751 1,0000 E - CAPES - Teses de Doutorado 0,7694 0,8218 0,7715 0,8345 1,0000 F - CAPES - Dissertações de Mestrado 0,8516 0,8815 0,9093 0,9028 0,7353 1,0000 G - Cambridge Journals Online - Ciencias Sociais Aplicadas e Humanidades 0,7163 0,7698 0,7847 0,7592 0,5631 0,7018 1,0000 H - Duke University 0,4841 0,4317 0,5302 0,4743 0,3725 0,5715 0,2577 1,0000 I - Jstor - Ciência Política e Relações Internacionais 0,5264 0,3143 0,4406 0,4161 0,3035 0,5758 0,2833 0,5717 1,0000 J - Oxford Press 0,4905 0,4957 0,4861 0,5635 0,3318 0,4162 0,3078 0,2694 0,3935 1,0000 K- Project Muse 0,8056 0,8104 0,8341 0,8252 0,7756 0,8985 0,6138 0,6763 0,5485 0,2225 1,0000 L - Sage - Ciência Política e Relaçõe Internacionais 0,7972 0,9561 0,9322 0,9484 0,8165 0,8763 0,7099 0,3569 0,3599 0,4786 0,8229 1,0000 M - Google Acadêmico 0,8196 0,9839 0,9829 0,9676 0,8109 0,8966 0,7607 0,4654 0,3705 0,4280 0,8565 0,9625 1,0000 N - SCOPUS -Social Sciences 0,8283 0,9919 0,9703 0,9751 0,8275 0,8779 0,7678 0,3883 0,3078 0,4488 0,8183 0,9676 0,9902 1,0000 O - Scielo - BR 0,3850 0,3652 0,4337 0,3538 0,0000 0,3540 0,4896 0,0981 0,3225 0,2719 0,2347 0,3130 0,3917 0,3786 1,0000 P - Web of Science - Relações Internacionais 0,3446 0,2802 0,3371 0,3077 0,3718 0,2861 0,6111 0,1276 0,4277 0,0715 0,3698 0,3520 0,3411 0,3147 0,2519 1,0000 Q - Wiley 0,8541 0,9891 0,9848 0,9802 0,8379 0,8924 0,7764 0,4678 0,3693 0,4651 0,8342 0,9431 0,9907 0,9876 0,3795 0,3268 1,0000 Média Aritmética: 0,6984 0,7372 0,7409 0,7160 0,5622 0,6679 0,5578 0,3802 0,3875 0,3607 0,6561 0,7076 0,6784 0,5603 0,3157 0,3268 0,5659 Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Tabela 2B Matriz de correlações de pearson para busca “País(es) Emergente(s)” A B C D E F G H I J K L M N O P Q A -Qualis A1 e A2 1,0000 B - Portal de Periódicos CAPES 0,8377 1,0000 C -ASP-EBSCO 0,8690 0,9626 1,0000 D - Gale - AcademicOneFile 0,8693 0,9798 0,9844 1,0000 E - CAPES - Teses de Doutorado 0,7927 0,9553 0,9199 0,9265 1,0000 F - CAPES - Dissertações de Mestrado 0,7259 0,9099 0,9070 0,9034 0,9438 1,0000 G - Cambridge Journals Online - Ciencias Sociais Aplicadas e Humanidades 0,6422 0,7276 0,8200 0,7895 0,6992 0,7190 1,0000 H - Duke University 0,3745 0,3819 0,3842 0,3878 0,3428 0,2392 0,2348 1,0000 I - Jstor - Ciência Política e Relações Internacionais 0,5923 0,4444 0,5585 0,5387 0,5019 0,5977 0,5581 −0,0564 1,0000 J - Oxford Press 0,8141 0,9550 0,9258 0,9335 0,9114 0,9159 0,7187 0,2506 0,4607 1,0000 K- Project Muse 0,8046 0,7675 0,7961 0,7721 0,8262 0,7327 0,5209 0,5702 0,4181 0,6705 1,0000 L - Sage - Ciência Política e Relaçõe Internacionais 0,7732 0,9565 0,9457 0,9430 0,8808 0,8442 0,7965 0,3937 0,3292 0,9264 0,6913 1,0000 M - Google Acadêmico 0,8403 0,9878 0,9759 0,9764 0,9693 0,9426 0,7610 0,3572 0,5211 0,9562 0,7848 0,9370 1,0000 N - SCOPUS -Social Sciences 0,8209 0,9923 0,9487 0,9626 0,9416 0,8843 0,7266 0,3914 0,3676 0,9573 0,7461 0,9643 0,9769 1,0000 O - Scielo - BR 0,7618 0,8893 0,8567 0,8786 0,7963 0,7659 0,6680 0,4451 0,2617 0,8629 0,6149 0,8791 0,8727 0,9045 1,0000 P - Web of Science - Relações Internacionais 0,7422 0,8122 0,7907 0,8120 0,7350 0,6209 0,5809 0,4652 0,3480 0,6626 0,7170 0,7823 0,7668 0,7967 0,6626 1,0000 Q - Wiley 0,8475 0,9885 0,9592 0,9712 0,9306 0,9033 0,7506 0,3984 0,4600 0,9619 0,7548 0,9616 0,9728 0,9811 0,8820 0,8020 1,0000 Média Aritmética: 0,7568 0,8474 0,8409 0,8304 0,7899 0,7423 0,6316 0,3573 0,3958 0,8879 0,7181 0,9049 0,8973 0,8941 0,7723 0,8020 0,7543 Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Tabela 3B Matriz de Correlações de Pearson para busca “Potência(s) Emergente(s)” A B C D E F G H I J K L M N O P Q A -Qualis A1 e A2 1,0000 B - Portal de Periódicos CAPES 0,8223 1,0000 C -ASP-EBSCO 0,8282 0,9568 1,0000 D - Gale - AcademicOneFile 0,8031 0,9650 0,9541 1,0000 E - CAPES - Teses de Doutorado 0,6543 0,8424 0,8173 0,8658 1,0000 F - CAPES - Dissertações de Mestrado 0,6321 0,8291 0,7634 0,7362 0,7436 1,0000 G - Cambridge Journals Online - Ciencias Sociais Aplicadas e Humanidades 0,7471 0,9112 0,9532 0,8993 0,7779 0,7823 1,0000 H - Duke University 0,2057 0,0392 −0,0430 0,0251 0,0909 −0,0670 −0,1280 1,0000 I - Jstor - Ciência Política e Relações Internacionais 0,8033 0,8297 0,9105 0,8738 0,6410 0,5151 0,8085 0,0265 1,0000 J - Oxford Press 0,6467 0,8950 0,7639 0,8101 0,7745 0,7826 0,7302 0,1091 0,6047 1,0000 K- Project Muse 0,7044 0,8918 0,9263 0,9294 0,8129 0,6228 0,8778 −0,0049 0,8930 0,7533 1,0000 L - Sage - Ciência Política e Relaçõe Internacionais 0,7037 0,8070 0,6909 0,8170 0,7853 0,7451 0,6361 0,1558 0,5801 0,7583 0,6530 1,0000 M - Google Acadêmico 0,8710 0,9847 0,9687 0,9581 0,8516 0,8359 0,9216 0,0007 0,8446 0,8515 0,8808 0,8117 1,0000 N - SCOPUS -Social Sciences 0,8609 0,9619 0,9236 0,9037 0,7915 0,8750 0,8602 0,0020 0,7868 0,8653 0,7971 0,7788 0,9717 1,0000 O - Scielo - BR 0,5830 0,8011 0,7073 0,6679 0,6839 0,7921 0,7500 0,0855 0,4672 0,8821 0,6235 0,5193 0,7728 0,7971 1,0000 P - Web of Science - Relações Internacionais 0,7261 0,9077 0,9464 0,8967 0,8156 0,7746 0,9883 −0,1098 0,7862 0,7460 0,8862 0,6200 0,9164 0,8541 0,7828 1,0000 Q - Wiley 0,8399 0,9633 0,9750 0,9264 0,7956 0,8052 0,9361 −0,0343 0,8477 0,8085 0,8672 0,6936 0,9735 0,9525 0,7868 0,9335 1,0000 Média Aritmética: 0,7145 0,8391 0,8041 0,7930 0,7137 0,6785 0,7381 0,0256 0,7263 0,8186 0,7846 0,6847 0,9086 0,8679 0,7848 0,9335 0,7385 Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Tabela 4B Matriz de Correlação de Pearson para os dados dos Gráficos 1B, 2B e 3B Mercado País Potência Mercado 1 País 0,973663 1 Potência 0,925036 0,982395 1 Média 0,949349 0,982395 0,965872 Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Gráfico 4B Frequência léxica combinada de substantivações do termo emergente Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Gráfico 5B Frequência léxica de substantivação do termo emergente Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Gráfico 6B Média anual de referência do léxico emergente por substantivação Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. (Tabelas 1B, 2B e 3B) representam as matrizes de correlação de Pearson de todas as bases, cuja média foi de “0,565”, “0,754” e “0,738”, respectivamente para os resultados da busca por “mercado(s) emergente(s)”, “país(es) emergente(s)” e “potência(s) emergente(s)”. Tais resultados sugerem uma correlação positiva entre os dados das 17 bases para cada uma das pesquisas8 8 Suspeita-se que a maior discrepância na pesquisa sobre “mercado(s) emergente(s)” esteja relacionada aos diferentes graus de restrição das bases em relação à àrea do conhecimento. . A Tabela 2B (ver apêndice 2 Apêndice 2 Estudo da disseminação do léxico emergente Gráfico 1B Expansão média do número de trabalhos que empregam o termo mercado emergente Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Gráfico 2B Expansão média do número de trabalhos que empregam o termo país emergente Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Gráfico 3B Expansão média do número de trabalhos que empregam o termo potência emergente Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Tabela 1B Matriz de Correlações de Pearson para busca “Mercado(s) Emergente(s)” A B C D E F G H I J K L M N O P Q A -Qualis A1 e A2 1,0000 B - Portal de Periódicos CAPES 0,8237 1,0000 C -ASP-EBSCO 0,8226 0,9777 1,0000 D - Gale - AcademicOneFile 0,8547 0,9887 0,9751 1,0000 E - CAPES - Teses de Doutorado 0,7694 0,8218 0,7715 0,8345 1,0000 F - CAPES - Dissertações de Mestrado 0,8516 0,8815 0,9093 0,9028 0,7353 1,0000 G - Cambridge Journals Online - Ciencias Sociais Aplicadas e Humanidades 0,7163 0,7698 0,7847 0,7592 0,5631 0,7018 1,0000 H - Duke University 0,4841 0,4317 0,5302 0,4743 0,3725 0,5715 0,2577 1,0000 I - Jstor - Ciência Política e Relações Internacionais 0,5264 0,3143 0,4406 0,4161 0,3035 0,5758 0,2833 0,5717 1,0000 J - Oxford Press 0,4905 0,4957 0,4861 0,5635 0,3318 0,4162 0,3078 0,2694 0,3935 1,0000 K- Project Muse 0,8056 0,8104 0,8341 0,8252 0,7756 0,8985 0,6138 0,6763 0,5485 0,2225 1,0000 L - Sage - Ciência Política e Relaçõe Internacionais 0,7972 0,9561 0,9322 0,9484 0,8165 0,8763 0,7099 0,3569 0,3599 0,4786 0,8229 1,0000 M - Google Acadêmico 0,8196 0,9839 0,9829 0,9676 0,8109 0,8966 0,7607 0,4654 0,3705 0,4280 0,8565 0,9625 1,0000 N - SCOPUS -Social Sciences 0,8283 0,9919 0,9703 0,9751 0,8275 0,8779 0,7678 0,3883 0,3078 0,4488 0,8183 0,9676 0,9902 1,0000 O - Scielo - BR 0,3850 0,3652 0,4337 0,3538 0,0000 0,3540 0,4896 0,0981 0,3225 0,2719 0,2347 0,3130 0,3917 0,3786 1,0000 P - Web of Science - Relações Internacionais 0,3446 0,2802 0,3371 0,3077 0,3718 0,2861 0,6111 0,1276 0,4277 0,0715 0,3698 0,3520 0,3411 0,3147 0,2519 1,0000 Q - Wiley 0,8541 0,9891 0,9848 0,9802 0,8379 0,8924 0,7764 0,4678 0,3693 0,4651 0,8342 0,9431 0,9907 0,9876 0,3795 0,3268 1,0000 Média Aritmética: 0,6984 0,7372 0,7409 0,7160 0,5622 0,6679 0,5578 0,3802 0,3875 0,3607 0,6561 0,7076 0,6784 0,5603 0,3157 0,3268 0,5659 Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Tabela 2B Matriz de correlações de pearson para busca “País(es) Emergente(s)” A B C D E F G H I J K L M N O P Q A -Qualis A1 e A2 1,0000 B - Portal de Periódicos CAPES 0,8377 1,0000 C -ASP-EBSCO 0,8690 0,9626 1,0000 D - Gale - AcademicOneFile 0,8693 0,9798 0,9844 1,0000 E - CAPES - Teses de Doutorado 0,7927 0,9553 0,9199 0,9265 1,0000 F - CAPES - Dissertações de Mestrado 0,7259 0,9099 0,9070 0,9034 0,9438 1,0000 G - Cambridge Journals Online - Ciencias Sociais Aplicadas e Humanidades 0,6422 0,7276 0,8200 0,7895 0,6992 0,7190 1,0000 H - Duke University 0,3745 0,3819 0,3842 0,3878 0,3428 0,2392 0,2348 1,0000 I - Jstor - Ciência Política e Relações Internacionais 0,5923 0,4444 0,5585 0,5387 0,5019 0,5977 0,5581 −0,0564 1,0000 J - Oxford Press 0,8141 0,9550 0,9258 0,9335 0,9114 0,9159 0,7187 0,2506 0,4607 1,0000 K- Project Muse 0,8046 0,7675 0,7961 0,7721 0,8262 0,7327 0,5209 0,5702 0,4181 0,6705 1,0000 L - Sage - Ciência Política e Relaçõe Internacionais 0,7732 0,9565 0,9457 0,9430 0,8808 0,8442 0,7965 0,3937 0,3292 0,9264 0,6913 1,0000 M - Google Acadêmico 0,8403 0,9878 0,9759 0,9764 0,9693 0,9426 0,7610 0,3572 0,5211 0,9562 0,7848 0,9370 1,0000 N - SCOPUS -Social Sciences 0,8209 0,9923 0,9487 0,9626 0,9416 0,8843 0,7266 0,3914 0,3676 0,9573 0,7461 0,9643 0,9769 1,0000 O - Scielo - BR 0,7618 0,8893 0,8567 0,8786 0,7963 0,7659 0,6680 0,4451 0,2617 0,8629 0,6149 0,8791 0,8727 0,9045 1,0000 P - Web of Science - Relações Internacionais 0,7422 0,8122 0,7907 0,8120 0,7350 0,6209 0,5809 0,4652 0,3480 0,6626 0,7170 0,7823 0,7668 0,7967 0,6626 1,0000 Q - Wiley 0,8475 0,9885 0,9592 0,9712 0,9306 0,9033 0,7506 0,3984 0,4600 0,9619 0,7548 0,9616 0,9728 0,9811 0,8820 0,8020 1,0000 Média Aritmética: 0,7568 0,8474 0,8409 0,8304 0,7899 0,7423 0,6316 0,3573 0,3958 0,8879 0,7181 0,9049 0,8973 0,8941 0,7723 0,8020 0,7543 Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Tabela 3B Matriz de Correlações de Pearson para busca “Potência(s) Emergente(s)” A B C D E F G H I J K L M N O P Q A -Qualis A1 e A2 1,0000 B - Portal de Periódicos CAPES 0,8223 1,0000 C -ASP-EBSCO 0,8282 0,9568 1,0000 D - Gale - AcademicOneFile 0,8031 0,9650 0,9541 1,0000 E - CAPES - Teses de Doutorado 0,6543 0,8424 0,8173 0,8658 1,0000 F - CAPES - Dissertações de Mestrado 0,6321 0,8291 0,7634 0,7362 0,7436 1,0000 G - Cambridge Journals Online - Ciencias Sociais Aplicadas e Humanidades 0,7471 0,9112 0,9532 0,8993 0,7779 0,7823 1,0000 H - Duke University 0,2057 0,0392 −0,0430 0,0251 0,0909 −0,0670 −0,1280 1,0000 I - Jstor - Ciência Política e Relações Internacionais 0,8033 0,8297 0,9105 0,8738 0,6410 0,5151 0,8085 0,0265 1,0000 J - Oxford Press 0,6467 0,8950 0,7639 0,8101 0,7745 0,7826 0,7302 0,1091 0,6047 1,0000 K- Project Muse 0,7044 0,8918 0,9263 0,9294 0,8129 0,6228 0,8778 −0,0049 0,8930 0,7533 1,0000 L - Sage - Ciência Política e Relaçõe Internacionais 0,7037 0,8070 0,6909 0,8170 0,7853 0,7451 0,6361 0,1558 0,5801 0,7583 0,6530 1,0000 M - Google Acadêmico 0,8710 0,9847 0,9687 0,9581 0,8516 0,8359 0,9216 0,0007 0,8446 0,8515 0,8808 0,8117 1,0000 N - SCOPUS -Social Sciences 0,8609 0,9619 0,9236 0,9037 0,7915 0,8750 0,8602 0,0020 0,7868 0,8653 0,7971 0,7788 0,9717 1,0000 O - Scielo - BR 0,5830 0,8011 0,7073 0,6679 0,6839 0,7921 0,7500 0,0855 0,4672 0,8821 0,6235 0,5193 0,7728 0,7971 1,0000 P - Web of Science - Relações Internacionais 0,7261 0,9077 0,9464 0,8967 0,8156 0,7746 0,9883 −0,1098 0,7862 0,7460 0,8862 0,6200 0,9164 0,8541 0,7828 1,0000 Q - Wiley 0,8399 0,9633 0,9750 0,9264 0,7956 0,8052 0,9361 −0,0343 0,8477 0,8085 0,8672 0,6936 0,9735 0,9525 0,7868 0,9335 1,0000 Média Aritmética: 0,7145 0,8391 0,8041 0,7930 0,7137 0,6785 0,7381 0,0256 0,7263 0,8186 0,7846 0,6847 0,9086 0,8679 0,7848 0,9335 0,7385 Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Tabela 4B Matriz de Correlação de Pearson para os dados dos Gráficos 1B, 2B e 3B Mercado País Potência Mercado 1 País 0,973663 1 Potência 0,925036 0,982395 1 Média 0,949349 0,982395 0,965872 Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Gráfico 4B Frequência léxica combinada de substantivações do termo emergente Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Gráfico 5B Frequência léxica de substantivação do termo emergente Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Gráfico 6B Média anual de referência do léxico emergente por substantivação Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. ) corrobora a constatação anterior ao demonstrar uma maior correlação positiva, medida pelo mesmo índice de correlação de Pearson, entre os dados dos Gráficos 1, 2 e 3.

Os dados permitem inferir que há uma expansão na associação de fenômenos das Relações Internacionais ao campo léxico emergente, uma disseminação de seu emprego. É possível interpretar os resultados como um indício de que a categoria emergente possua uma roupagem semântica disseminada, percebida como fundamental na vivacidade e no interesse por conceitos e para uma fluída transição entre a linguagem técnica e a ordinária por Collier e Mahon (1993Collier, D. e Mahon, J., 1993. Conceptual “Stretching” Revisited: Adapting Categories in Comparative Studies. The American Political Science Review, 87(4), pp.845-855. DOI: 10.2307/2938818
https://doi.org/10.2307/2938818...
, p.853). O emprego disseminado do termo o qualifica pelo critério de ressonância de Gerring (2001)Gerring, J., 2001. Social Science Methodology: A Criteria Framework. Cambridge, UK: Cambridge University Press. – a conformidade de uma categoria com o uso estabelecido que ela possui ou de que ela deriva – percebido como chave na formalização de novos conceitos, de modo a afastá-lo de idiossincrasias ou hermetismos. A disseminação no emprego do termo possibilita identificar nele, enquanto conceito, um protótipo semântico arraigado9 9 Tradução de embedded prototype, no sentido de Rosh e Mervis (1975) e Lakoff (1990). , nos termos de Rosch e Mervis (1975)Rosh, E. & Mervis, C., 1975. Family Resemblances: Studies in the Internal Structure of Categories. Cognitive Psycology, 7, pp.573-605., cuja assimilação cognitiva de seus atributos já estaria incorporada à linguagem em geral.

A análise comparada das séries temporais presentes no apêndice B Apêndice 2 Estudo da disseminação do léxico emergente Gráfico 1B Expansão média do número de trabalhos que empregam o termo mercado emergente Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Gráfico 2B Expansão média do número de trabalhos que empregam o termo país emergente Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Gráfico 3B Expansão média do número de trabalhos que empregam o termo potência emergente Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Tabela 1B Matriz de Correlações de Pearson para busca “Mercado(s) Emergente(s)” A B C D E F G H I J K L M N O P Q A -Qualis A1 e A2 1,0000 B - Portal de Periódicos CAPES 0,8237 1,0000 C -ASP-EBSCO 0,8226 0,9777 1,0000 D - Gale - AcademicOneFile 0,8547 0,9887 0,9751 1,0000 E - CAPES - Teses de Doutorado 0,7694 0,8218 0,7715 0,8345 1,0000 F - CAPES - Dissertações de Mestrado 0,8516 0,8815 0,9093 0,9028 0,7353 1,0000 G - Cambridge Journals Online - Ciencias Sociais Aplicadas e Humanidades 0,7163 0,7698 0,7847 0,7592 0,5631 0,7018 1,0000 H - Duke University 0,4841 0,4317 0,5302 0,4743 0,3725 0,5715 0,2577 1,0000 I - Jstor - Ciência Política e Relações Internacionais 0,5264 0,3143 0,4406 0,4161 0,3035 0,5758 0,2833 0,5717 1,0000 J - Oxford Press 0,4905 0,4957 0,4861 0,5635 0,3318 0,4162 0,3078 0,2694 0,3935 1,0000 K- Project Muse 0,8056 0,8104 0,8341 0,8252 0,7756 0,8985 0,6138 0,6763 0,5485 0,2225 1,0000 L - Sage - Ciência Política e Relaçõe Internacionais 0,7972 0,9561 0,9322 0,9484 0,8165 0,8763 0,7099 0,3569 0,3599 0,4786 0,8229 1,0000 M - Google Acadêmico 0,8196 0,9839 0,9829 0,9676 0,8109 0,8966 0,7607 0,4654 0,3705 0,4280 0,8565 0,9625 1,0000 N - SCOPUS -Social Sciences 0,8283 0,9919 0,9703 0,9751 0,8275 0,8779 0,7678 0,3883 0,3078 0,4488 0,8183 0,9676 0,9902 1,0000 O - Scielo - BR 0,3850 0,3652 0,4337 0,3538 0,0000 0,3540 0,4896 0,0981 0,3225 0,2719 0,2347 0,3130 0,3917 0,3786 1,0000 P - Web of Science - Relações Internacionais 0,3446 0,2802 0,3371 0,3077 0,3718 0,2861 0,6111 0,1276 0,4277 0,0715 0,3698 0,3520 0,3411 0,3147 0,2519 1,0000 Q - Wiley 0,8541 0,9891 0,9848 0,9802 0,8379 0,8924 0,7764 0,4678 0,3693 0,4651 0,8342 0,9431 0,9907 0,9876 0,3795 0,3268 1,0000 Média Aritmética: 0,6984 0,7372 0,7409 0,7160 0,5622 0,6679 0,5578 0,3802 0,3875 0,3607 0,6561 0,7076 0,6784 0,5603 0,3157 0,3268 0,5659 Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Tabela 2B Matriz de correlações de pearson para busca “País(es) Emergente(s)” A B C D E F G H I J K L M N O P Q A -Qualis A1 e A2 1,0000 B - Portal de Periódicos CAPES 0,8377 1,0000 C -ASP-EBSCO 0,8690 0,9626 1,0000 D - Gale - AcademicOneFile 0,8693 0,9798 0,9844 1,0000 E - CAPES - Teses de Doutorado 0,7927 0,9553 0,9199 0,9265 1,0000 F - CAPES - Dissertações de Mestrado 0,7259 0,9099 0,9070 0,9034 0,9438 1,0000 G - Cambridge Journals Online - Ciencias Sociais Aplicadas e Humanidades 0,6422 0,7276 0,8200 0,7895 0,6992 0,7190 1,0000 H - Duke University 0,3745 0,3819 0,3842 0,3878 0,3428 0,2392 0,2348 1,0000 I - Jstor - Ciência Política e Relações Internacionais 0,5923 0,4444 0,5585 0,5387 0,5019 0,5977 0,5581 −0,0564 1,0000 J - Oxford Press 0,8141 0,9550 0,9258 0,9335 0,9114 0,9159 0,7187 0,2506 0,4607 1,0000 K- Project Muse 0,8046 0,7675 0,7961 0,7721 0,8262 0,7327 0,5209 0,5702 0,4181 0,6705 1,0000 L - Sage - Ciência Política e Relaçõe Internacionais 0,7732 0,9565 0,9457 0,9430 0,8808 0,8442 0,7965 0,3937 0,3292 0,9264 0,6913 1,0000 M - Google Acadêmico 0,8403 0,9878 0,9759 0,9764 0,9693 0,9426 0,7610 0,3572 0,5211 0,9562 0,7848 0,9370 1,0000 N - SCOPUS -Social Sciences 0,8209 0,9923 0,9487 0,9626 0,9416 0,8843 0,7266 0,3914 0,3676 0,9573 0,7461 0,9643 0,9769 1,0000 O - Scielo - BR 0,7618 0,8893 0,8567 0,8786 0,7963 0,7659 0,6680 0,4451 0,2617 0,8629 0,6149 0,8791 0,8727 0,9045 1,0000 P - Web of Science - Relações Internacionais 0,7422 0,8122 0,7907 0,8120 0,7350 0,6209 0,5809 0,4652 0,3480 0,6626 0,7170 0,7823 0,7668 0,7967 0,6626 1,0000 Q - Wiley 0,8475 0,9885 0,9592 0,9712 0,9306 0,9033 0,7506 0,3984 0,4600 0,9619 0,7548 0,9616 0,9728 0,9811 0,8820 0,8020 1,0000 Média Aritmética: 0,7568 0,8474 0,8409 0,8304 0,7899 0,7423 0,6316 0,3573 0,3958 0,8879 0,7181 0,9049 0,8973 0,8941 0,7723 0,8020 0,7543 Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Tabela 3B Matriz de Correlações de Pearson para busca “Potência(s) Emergente(s)” A B C D E F G H I J K L M N O P Q A -Qualis A1 e A2 1,0000 B - Portal de Periódicos CAPES 0,8223 1,0000 C -ASP-EBSCO 0,8282 0,9568 1,0000 D - Gale - AcademicOneFile 0,8031 0,9650 0,9541 1,0000 E - CAPES - Teses de Doutorado 0,6543 0,8424 0,8173 0,8658 1,0000 F - CAPES - Dissertações de Mestrado 0,6321 0,8291 0,7634 0,7362 0,7436 1,0000 G - Cambridge Journals Online - Ciencias Sociais Aplicadas e Humanidades 0,7471 0,9112 0,9532 0,8993 0,7779 0,7823 1,0000 H - Duke University 0,2057 0,0392 −0,0430 0,0251 0,0909 −0,0670 −0,1280 1,0000 I - Jstor - Ciência Política e Relações Internacionais 0,8033 0,8297 0,9105 0,8738 0,6410 0,5151 0,8085 0,0265 1,0000 J - Oxford Press 0,6467 0,8950 0,7639 0,8101 0,7745 0,7826 0,7302 0,1091 0,6047 1,0000 K- Project Muse 0,7044 0,8918 0,9263 0,9294 0,8129 0,6228 0,8778 −0,0049 0,8930 0,7533 1,0000 L - Sage - Ciência Política e Relaçõe Internacionais 0,7037 0,8070 0,6909 0,8170 0,7853 0,7451 0,6361 0,1558 0,5801 0,7583 0,6530 1,0000 M - Google Acadêmico 0,8710 0,9847 0,9687 0,9581 0,8516 0,8359 0,9216 0,0007 0,8446 0,8515 0,8808 0,8117 1,0000 N - SCOPUS -Social Sciences 0,8609 0,9619 0,9236 0,9037 0,7915 0,8750 0,8602 0,0020 0,7868 0,8653 0,7971 0,7788 0,9717 1,0000 O - Scielo - BR 0,5830 0,8011 0,7073 0,6679 0,6839 0,7921 0,7500 0,0855 0,4672 0,8821 0,6235 0,5193 0,7728 0,7971 1,0000 P - Web of Science - Relações Internacionais 0,7261 0,9077 0,9464 0,8967 0,8156 0,7746 0,9883 −0,1098 0,7862 0,7460 0,8862 0,6200 0,9164 0,8541 0,7828 1,0000 Q - Wiley 0,8399 0,9633 0,9750 0,9264 0,7956 0,8052 0,9361 −0,0343 0,8477 0,8085 0,8672 0,6936 0,9735 0,9525 0,7868 0,9335 1,0000 Média Aritmética: 0,7145 0,8391 0,8041 0,7930 0,7137 0,6785 0,7381 0,0256 0,7263 0,8186 0,7846 0,6847 0,9086 0,8679 0,7848 0,9335 0,7385 Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Tabela 4B Matriz de Correlação de Pearson para os dados dos Gráficos 1B, 2B e 3B Mercado País Potência Mercado 1 País 0,973663 1 Potência 0,925036 0,982395 1 Média 0,949349 0,982395 0,965872 Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Gráfico 4B Frequência léxica combinada de substantivações do termo emergente Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Gráfico 5B Frequência léxica de substantivação do termo emergente Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. Gráfico 6B Média anual de referência do léxico emergente por substantivação Fonte: Os autores, a partir de bases de dados do Portal de Periódicos CAPES. (Gráficos 1B, 2B e 3B) revela a base do crescimento exponencial dos termos “país(es) emergente(s)” e “potência(s) emergente(s)”, localizada em meados dos anos 2000, enquanto a do termo “mercado(s) emergente(s)” está na primeira metade dos anos 1990. Essa observação subsidia a interpretação de uma maior correlação do contexto descrito ao longo da seção anterior com a expansão no emprego das duas primeiras categorias. Contudo, para analisar a correlação entre as três substantivações, realizou-se um segundo estudo quantitativo. O universo desse estudo foi o total de trabalhos publicados em periódicos científicos classificados como A1 e A2 que empregaram o termo emergente em seus títulos, resumos ou palavras-chave. Não se pretende tomar esse recorte como uma amostra estatística, tampouco, com ele, exaurir as referências de relevância na academia, mas trabalhar com um universo criterioso de trabalhos de destaque na disciplina. Contudo, dado o número mais restrito de trabalhos, foi possível, através da sua leitura sistemática, estudar o número de referências às três substantivações e a sua aparição combinada em trabalhos.

A principal conclusão oferecida por esse segundo estudo é a corroboração da inferência de uma maior conexão lógica entre os termos país emergente e potência emergente como sugere o Gráfico 4. Os Gráficos 4 e 5 também ilustram que quando se restringe a pesquisa a periódicos de Relações Internacionais a substantivação mais recorrente é de “potencia(s) emergente(s)”. O Gráfico 3, que expõe a elevação destacada do número médio de referências a essa substantivação ao longo desse século, sobretudo após a crise de 2008, possibilita considerar que o papel que a roupagem política atribuída aos “emergentes” adquiriu dentro da própria literatura financeira tenha sido relevante para o incremento no interesse acadêmico de alto nível por potências emergentes. Em outras palavras, encontra subsídio inicial a interpretação do “alargamento” e da “viagem” e do processo histórico descritos na seção anterior como fundamentos da apropriação do léxico emergente pela disciplina de Relações Internacionais.

V. Protótipo conceitual no emprego do léxico emergente nas Relações Internacionais

Como exposto até aqui, a apropriação do léxico emergente ocorre em meio a um processo de transformações em seu significado. O objetivo desta seção é mapear o legado dessas transformações para a disciplina através do estudo dos padrões semânticos de emprego do predicado emergente nas Relações Internacionais. Busca-se delimitar um espectro de atributos convencionalmente aceitos para um emergente, na disciplina. A consecução desse objetivo requer duas considerações introdutórias. Primeiramente, devem-se expor os critérios empregados para delimitar o recorte bibliográfico tomado como representativo do emprego do termo na disciplina. Adicionalmente, deve-se explicitar o lugar teórico-metodológico do estudo proposto e os procedimentos nele aplicados.

A análise do emprego do termo emergente está embasada no estudo de suas referências em periódicos consagrados na disciplina de Relações Internacionais, balizando-se pela classificação Qualis A1 e A2 da Capes. Embora se admita que a ampliação dessa amostra para outros periódicos pudesse aprimorar a representatividade da análise, entende-se que uma base de dados concisa permite uma análise qualitativa mais robusta. Tal escolha metodológica se impôs, e a opção foi pela análise dos trabalhos publicados em periódicos classificados como A1 e A2 na referida escala, complementada por obras de referência na discussão do tema no meio acadêmico. A delimitação desse recorte tem como objetivo evitar a subjetividade dos próprios autores e assumir o que a comunidade de politólogos e internacionalistas consideram como sendo os periódicos mais relevantes, através de parâmetros institucionalizados.

O recorte delimitado levou aos seguintes trabalhos: Waltz (1993)Waltz, K., 1993. Emerging Structure of International Politics. International Security, 18(2), pp.47-79. DOI: 10.2307/2539097.
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, Stuenkel (2010)Stuenkel, O., 2010. Identity and the Concept of West: The Case of Brazil and India. Revista Brasileira de Política Internacional, 54(1), pp.178-195. DOI: 10.1590/S0034-73292011000100011
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, Claudìn (2011)Claudìn, C., 2011. ¿Qué Rusia veinte años después? Revista CIDOB d'afers internacionals, 96, pp.11-23., Desai e Vreeland (2011)Desai, R. e Vreeland, J., 2011. Global Governance in a Multipolar World: The Case for Regional Monetary Funds. International Studies Review, 13(1), pp.109-121. DOI: 10.1111/j.1468-2486.2010.01002.x
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http://www.foreignaffairs.com/articles/6...
, Santos (2011)Santos, T., 2011. Globalization, Emerging Powers, and the Future of Capitalism. Latin American Perspectives, 38(2), pp.45-57. DOI: 10.1177/0094582X10388500
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, Andreasson (2012), Gratius (2012)Gratius, S., 2012. Brasil y la UE ante los poderes emergentes y la pujanza asiática. Revista CIDOB d'afers internacionals, 97-98, pp.231-243., Hurrell e Segupta (2012)Hurrell, A. e Segupta, S., 2012. Emerging Powers, North-South Relations and Global Climate Politics. International Affairs, 88(3), pp.463-484. DOI: 10.1111/j.1468-2346.2012.01084.x
https://doi.org/10.1111/j.1468-2346.2012...
, Schenoni (2012)Schenoni, L., 2012. Ascenso y hegemonía: pensando a las potências emergentes desde América del Sur. Revista Brasileira de Política Internacional, 55(1), pp.31-48. DOI: 10.1590/S0034-73292012000100003
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, Cooper e Flemes (2013)Cooper, A. e Flemes, D., 2013. Especial Edition: Foreign Policy Strategies of Emerging Powers in a Multipolar World: An Introductory Review. Third World Quarterly, 34(6), pp.943-962. DOI: 10.1080/01436597.2013.802501
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, Gray e Murphy (2013)Gray, K. e Murphy, C., 2013. Introduction: Rising Powers and the Future of Global Governance. Third World Quarterly, 34(2), pp.183-193., Mittelman (2013)Mittelman, J., 2013. Global Bricolage: Emerging Market Powers and Polycentric Governance. Third World Quarterly, 34(1), pp.23-37. DOI: 10.1080/01436597.2013.755355
https://doi.org/10.1080/01436597.2013.75...
e Vanaik (2013)Vanaik, A., 2013. Capitalist Globalization and the Problem of Stability: Enter the New Quintet and other Emerging Powers. Third World Quarterly, 34(2), pp.194-213. DOI: 10.1080/01436597.2013.775779
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. Para minorar possíveis distorções, completou-se a pesquisa com autores de referência no uso termo (Jordaan 2003Jordaan, E., 2003. The Concept of a Middle Power in International Relations: Distinguishing between Emerging and Traditional Middle Powers. Politikon, 30(2), pp.165-181. DOI: 10.1080/0258934032000147282
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; Flemes 2007Flemes, D., 2007. Conceptualising Regional Power in International Relations: Lessons from the South African Case. GIGA Working Paper, 53. DOI: 10.2139/ssrn.1000123
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; Kang 2007Kang, D.C., 2007. China Rising: Peace, Power and Order in East Asia. New York: Columbia University Press.; Ikenberry & Wright, 2008Ikenberry, G.J., 2008. The Rise of China and Future of the West. Foreign Affairs, Jan-Feb. Disponível em: http://www.foreignaffairs.com/articles/63042/g-john-ikenberry/the-rise-of-china-and-the-future-of-the-west. Acesso em: 2 fev 2016.
http://www.foreignaffairs.com/articles/6...
; Zakaria 2008Zakaria, F., 2008. The Post-American World. New York/London: W.W. Norton and Company.; Lima 2010Lima, M.R., 2010. Brasil e os polos emergentes do poder mundial: Rússia, Índia, China e África do Sul. In: R. Baumann, ed. O Brasil e os demais BRICs: comércio e política. Brasilia: Cepal/Ipea.; Almeida 2010; Hart & Jones 2010Hart, A. & Jones, B., 2010. How Do Rising Powers Rise? Survival, 52(5), pp.63-88.; Benachenhou 2013Benachenhou, A. 2013. Países emergentes. Brasília: FUNAG.; Visentini & Vieira 2013Visentini, P. e Vieira, M., 2013. BRICS: as potências emergentes. Porto Alegre: Vozes.). Com essas obras pretende-se obter um conjunto referencial do emprego do léxico em estudo.

Do ponto de vista teórico-metodológico, o objetivo é atingido na compreensão do “alargamento conceitual” como elemento transformador e não deformador da categoria em estudo. Collier e Mahon (1993)Collier, D. e Mahon, J., 1993. Conceptual “Stretching” Revisited: Adapting Categories in Comparative Studies. The American Political Science Review, 87(4), pp.845-855. DOI: 10.2307/2938818
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trabalham essa possibilidade através de sua noção de conceito radial, pela qual o “alargamento conceitual” produziria uma categoria secundária, que estaria conectada à anterior pela posse de determinados atributos centrais. Essa prerrogativa está fundamentada na noção de semelhanças de família de Wittgenstein (Rosch & Mervis 1975Rosh, E. & Mervis, C., 1975. Family Resemblances: Studies in the Internal Structure of Categories. Cognitive Psycology, 7, pp.573-605., Collier & Mahon 1993Collier, D. e Mahon, J., 1993. Conceptual “Stretching” Revisited: Adapting Categories in Comparative Studies. The American Political Science Review, 87(4), pp.845-855. DOI: 10.2307/2938818
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, Goertz 2006Goertz, G., 2006. Social Science Concepts: A User's Guide. Princeton: Princeton University Press.), segundo a qual: “os usos das palavras formariam uma complicada rede de similaridades sobrepostas e interconexas” (Biletski & Matar 2013Biletski, A. e Matar, A., 2013. Ludwig Wittgenstein. Stanford Encyclopedia of Philosophy. Disponível em: http://plato.stanford.edu/entries/wittgenstein/#Lan. Acesso em: 2 fev 2013.
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), de modo que qualquer definição seria um exercício de hierarquização lógica dos nós que formam tal rede.

Rosch e Mervis (1975)Rosh, E. & Mervis, C., 1975. Family Resemblances: Studies in the Internal Structure of Categories. Cognitive Psycology, 7, pp.573-605. e Lakoff (1990)Lakoff, G., 1990. Women, Fire and Dangerous Things: What Categories Reveals about the Mind. Chicago: University of Chicago Press. trabalham com a ideia de protótipo conceitual, pela qual cada categoria possuiria significados estruturados na linguagem. O protótipo conceitual articularia o conceito radial, delimitando as conjunções de atributos que permitem a sua identificação, ou, alegoricamente, representaria as sobreposições mais salientes da “rede” expressa em Wittgenstein. Rede essa que estaria representada na intertextualidade sobre o léxico emergente presente no recorte da literatura realizado. Desse modo, ao fim dessa seção, pretende-se delimitar um protótipo do conceito de emergente nas Relações Internacionais, ou seja, as conjunções de atributos aceitas em seu emprego corrente para sua denotação.

Procedimentalmente, a estratégia apontada é a de inferência de semelhanças no argumento sobre a particularidade do predicado emergente entre as suas distintas descrições. A busca desses padrões levou a 16 rótulos de semelhança conotativa, cujo arraigamento10 10 Em referência à noção de “embedded prototype” de Rosch e Mervis (1975) e Lakoff (1990). está ilustrado na Figura 111 11 A figura busca representar os rótulos de atributos mais frequentes no universo bibliográfico analisado de acordo com a substantivação do léxico emergente com a qual são empregados. A área de cada esfera é proporcional número de referências encontradas para cada rótulo. A cor dos círculos, ou de cada porção colorida, representa a susbstantivação a que cada um dos rótulos está associada, ou a proporção em que estão. A fim de contribuir para o caráter ilustrativo da figura, os circulos estão dispersos estilizadamente conforme a proporção em que são associados a cada substantivação, junta qual estão postos mais perto. , a seguir. Os 16 rótulos são um conjunto discreto de semelhança de atributos que representam a pluralidade da caracterização do léxico emergente na bibliografia analisada, bem como sua recorrência. Desse modo, esta seção inicialmente resume as narrativas que se coadunam a justificar a delimitação de cada um dos rótulos. Tais rótulos são analisados enquanto atributos, a partir dos vínculos teóricos de interação estabelecidos entre si no recorte delimitado.

Figura 1
Volume de referências dos rótulos de atributos por substantivação

A Figura 1 lista os 16 rótulos delimitados, hierarquizados por sua recorrência. Nessa figura, a posse de um crescimento econômico expressivo e sustentado, ou a previsão de tal desempenho no longo prazo, está ilustrada como o único atributo comum a todas as substantivações, bem como o mais frequente. A recorrência no emprego do termo contrasta, porém, com a lógica de seu emprego. O crescimento econômico aparece, por vezes, como um atributo necessário, mas, de maneira geral, não suficiente.

Nos trabalhos estudados, o crescimento econômico está associado à potencialidade de sua conversão em capacidade militar e, sobretudo, como fundamento da eficácia na ação política. O artigo referencial de Waltz (1993)Waltz, K., 1993. Emerging Structure of International Politics. International Security, 18(2), pp.47-79. DOI: 10.2307/2539097.
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aponta a potencialidade de conversão do desempenho econômico de Alemanha, Japão e China em capacidade militar como o fundamento de sua classificação enquanto potências “emergentes”. Para Chin (2010)Chin, G., 2010. Remaking the Architecture: The Emerging Powers, Self-Insuring and Regional Insulation. International Affairs, 86(3), pp.693-715. DOI: 10.1111/j.1468-2346.2010.00906.x
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, é o crescimento com saldos em transações correntes apresentado nos últimos anos que possibilitou à China e ao Brasil um acúmulo de reservas capaz de lhes dar autonomia e peso político nas instituições de governança financeira global, em um contexto de menor liquidez internacional. Para Palat (2008)Palat, R., 2008. A New Bandung? Economic Growth vs. Distributive Justice among Emerging Powers. Futures, 40(8), pp.721-734. DOI: 10.1016/j.futures.2008.02.004
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, Stuenkel (2010)Stuenkel, O., 2010. Identity and the Concept of West: The Case of Brazil and India. Revista Brasileira de Política Internacional, 54(1), pp.178-195. DOI: 10.1590/S0034-73292011000100011
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e Santos (2011)Santos, T., 2011. Globalization, Emerging Powers, and the Future of Capitalism. Latin American Perspectives, 38(2), pp.45-57. DOI: 10.1177/0094582X10388500
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, junto ao peso demográfico, é a magnitude e a escala do crescimento econômico que possibilitam, às suas decisões de política externa, impactos efetivos na governança global (para o segundo); ou nas instituições hegemônicas (para os demais). Na sequência do trabalho seminal de Hurrell (2006)Hurrell, A., 2006. Hegemony, Liberalism and Global Order: What Space for Would-Be Great Powers? International Affairs, 82(1), pp.1-19. DOI: 10.1111/j.1468-2346.2006.00512.x
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; MacFarlane (2006)Macfarlane, N., 2006. The ‘R’ in BRICs: is Russia an emerging power? International Affairs, 82(1), pp.41-57. DOI: 10.1111/j.1468-2346.2006.00514.x
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, Flemes (2010aFlemes, D., 2010a. O Brasil na iniciativa BRIC: soft balancing numa ordem global em mudança? Revista Brasileira de Política Internacional, 53(1), pp.141-156. DOI: 10.1590/S0034-73292010000100008
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; 2010bFlemes, D., 2010b. A visão brasileira da futura ordem global. Contexto Internacional, 32(2), pp.403-487. DOI: 10.1590/S0102-85292010000200005
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), Lima (2010)Lima, M.R., 2010. Brasil e os polos emergentes do poder mundial: Rússia, Índia, China e África do Sul. In: R. Baumann, ed. O Brasil e os demais BRICs: comércio e política. Brasilia: Cepal/Ipea., Hart e Jones (2010)Hart, A. & Jones, B., 2010. How Do Rising Powers Rise? Survival, 52(5), pp.63-88. e Gratius (2012)Gratius, S., 2012. Brasil y la UE ante los poderes emergentes y la pujanza asiática. Revista CIDOB d'afers internacionals, 97-98, pp.231-243., percebem que o crescimento econômico redimensiona o impacto das potências emergentes sobre o sistema internacional, rompendo a identidade até então direta com as categorias de país em desenvolvimento, potência média ou regional.

Ainda assim, a centralidade do crescimento econômico potencial na classificação dos “emergentes” influencia o espectro denotativo de diversas análises. Silva (2013)Silva, A. 2013. Os países emergentes na política internacional: o grupo Next Eleven (N-11) e as convergências com a política externa brasileira. Estudos Internacionais, 1(2), pp.205-222. adere à metodologia G.E.S.12 12 Para sumário da metodologia, ver O'Neill (2007, pp.87-90). da Goldman Sachs, mas justifica sua delimitação pela potencialidade que a previsão de crescimento dos BRICs e dos N-11 oferece à política externa brasileira. Kumar (2008)Kumar, A., 2008. Paradoxes of Paradigm Shift: Indian Engagement with Liberalization and Globalization. Futures, 40(8), pp.762-766. DOI: 10.1016/j.futures.2008.02.003
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e Claudín (2011)Claudìn, C., 2011. ¿Qué Rusia veinte años después? Revista CIDOB d'afers internacionals, 96, pp.11-23. sustentam a inclusão da Índia e a exclusão da Rússia, respectivamente, no rol dos “emergentes” basicamente pela posse, ou ausência, desse atributo. Para Tammen (2006)Tammen, R., 2006. The Impact of Asia on World Politics: China and India Options for the United States. International Studies Review, 8(1), pp.563-580. DOI: 10.1111/j.1468-2486.2006.00626.x
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, é a capacidade de dissuasão nuclear e um PIB entre 80% e 120% do apresentado pela potência hegemônica a condição para sua classificação como potência emergente13 13 O autor se refere à Teoria da Transição de Poder de Krugler e Organski (Nolte 2010, pp.886-887), que analisa a estabilidade do sistema frente à emergência de desafiantes ao hegêmona. Essas medidas indicam a condição de paridade que denota a emergência de um desafiante. Para sumário da sustentação teórica e metodológica desses indicadores, ver Tammen (2006, pp.566-570). . Os trabalhos de Blázquez & Santiso (2004)Blázquez, J. e Santiso, J., 2004. Mexico: Is it an Ex-Emerging Market? Journal of Latin American Studies, 36(2), pp.297-318. DOI: 10.1017/S0022216X04007709
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, Detomasi (2006)Detomasi, D., 2006. International Regimes: The Case of Western Corporate Governance. International Studies Review, 8(2), pp. 225-251. DOI: 10.1111/j.1468-2486.2006.00572.x
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, Bell e Feng (2009)Bell, S. e Feng, H., 2009. Reforming China's Stock Market: Institutional Change Chinese Style. Political Studies, 57(1), pp.117-140. DOI: 10.1111/j.1467-9248.2008.00726.x
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, que empregam o termo mercado emergente, distam mais significativamente dos demais ao dar ao atributo um caráter operacional, no qual o crescimento é o componente que sustenta os elevados retornos do mercado.

O crescimento econômico se mostra, portanto, como um ponto de convergência dos diversos trabalhos analisados, como signo da potencialidade semanticamente inerente ao termo emergente. De todo modo, trata-se da conotação material mais prototípica empregada aos “emergentes” e, ao mesmo tempo, a representação sintética do elemento fundante do conceito na realidade.

De maneira quase tão recorrente quanto o rótulo anterior, diversos trabalhos associam “países ou potências emergentes” a uma atitude ou um comportamento político revisionista ou reformador da ordem internacional. Gray e Murphy (2013)Gray, K. e Murphy, C., 2013. Introduction: Rising Powers and the Future of Global Governance. Third World Quarterly, 34(2), pp.183-193. organizam esse debate quanto ao impacto almejado pelos “emergentes” nas instituições da governança global: seja sua revisão, seja a busca por mais espaço dentro de suas esferas deliberativas. Em outras palavras, os “emergentes” seriam atores estatais que declaram suas ambições de transformação das instituições – i.e. substituição do G-7 pelo G-20 na coordenação estatal das finanças globais – ou nas instituições– i.e. reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas – da ordem internacional (Chin 2010Chin, G., 2010. Remaking the Architecture: The Emerging Powers, Self-Insuring and Regional Insulation. International Affairs, 86(3), pp.693-715. DOI: 10.1111/j.1468-2346.2010.00906.x
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; Schirm 2010Schirm, S., 2010. Leaders in Need of Followers: Emerging Powers in Global Governance. European Journal of International Relations, 16(2), pp.197-221. DOI: 10.1177/1354066109342922
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; Visentini & Vieira 2013Visentini, P. e Vieira, M., 2013. BRICS: as potências emergentes. Porto Alegre: Vozes.). Além dessas atitudes, é observado um comportamento político de mesmo caráter – i.e. ação do BASIC na governança global sobre o clima ou ações do G-20 comercial junto à OMC (Hurrell 2006Hurrell, A., 2006. Hegemony, Liberalism and Global Order: What Space for Would-Be Great Powers? International Affairs, 82(1), pp.1-19. DOI: 10.1111/j.1468-2346.2006.00512.x
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; Barros-Platiau 2010Barros-Platiau, A.F., 2010. When Emerging Countries Reform Global Governance of Climate Change. Revista Brasileira de Política Internacional, 53, n. especial, pp.73-90. DOI: 10.1590/S0034-73292010000300005
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; Hurrell & Segupta 2012Hurrell, A. e Segupta, S., 2012. Emerging Powers, North-South Relations and Global Climate Politics. International Affairs, 88(3), pp.463-484. DOI: 10.1111/j.1468-2346.2012.01084.x
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; Santos 2011Santos, T., 2011. Globalization, Emerging Powers, and the Future of Capitalism. Latin American Perspectives, 38(2), pp.45-57. DOI: 10.1177/0094582X10388500
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).

Ikenberry (2008)Ikenberry, G.J., 2008. The Rise of China and Future of the West. Foreign Affairs, Jan-Feb. Disponível em: http://www.foreignaffairs.com/articles/63042/g-john-ikenberry/the-rise-of-china-and-the-future-of-the-west. Acesso em: 2 fev 2016.
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foi um dos primeiros autores a problematizar essa questão, sustentando que a ordem internacional vigente ofereceria uma fácil adesão e elevados custos de oposição, o que levaria atores com eventual poder para confrontá-la14 14 Para esse autor, a China. a uma atitude reformista. Para Flemes (2007Flemes, D., 2007. Conceptualising Regional Power in International Relations: Lessons from the South African Case. GIGA Working Paper, 53. DOI: 10.2139/ssrn.1000123
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; 2010a)Flemes, D., 2010a. O Brasil na iniciativa BRIC: soft balancing numa ordem global em mudança? Revista Brasileira de Política Internacional, 53(1), pp.141-156. DOI: 10.1590/S0034-73292010000100008
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, essa atitude é particularmente condizente com potências emergentes de menor respaldo material – como Brasil e África do Sul – uma vez que a alternativa revisionista não teria efetividade. Ainda assim, Flemes (2010b)Flemes, D., 2010b. A visão brasileira da futura ordem global. Contexto Internacional, 32(2), pp.403-487. DOI: 10.1590/S0102-85292010000200005
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aponta o soft balance, o bloqueio à normatização da hegemonia estadunidense, como o comportamento predominante também de Índia, China e Rússia na ordem internacional e a fundamentação da iniciativa BRICS. Hurrell (2006)Hurrell, A., 2006. Hegemony, Liberalism and Global Order: What Space for Would-Be Great Powers? International Affairs, 82(1), pp.1-19. DOI: 10.1111/j.1468-2346.2006.00512.x
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, analogamente, corrobora a predominância de atitudes reformistas, dada a elevada diferença de custos entre reforma e oposição, mas aponta, como decorrência, comportamentos tanto reformistas quanto revisionistas. Para esse autor e seu colega15 15 Em Hurrell (2006; 2013) e Hurrell e Segupta (2012). , quando há possibilidade para efetivação da reforma, ocorre a adesão – como em relação às estruturas de voto da OMC, do Conselho de Segurança da ONU ou no caso do acordo nuclear entre Índia e Estados Unidos; quando não, a opção é pelo comportamento revisionista – como nos casos do TNP e do G-20 financeiro. Para Burity (2008)Burity, J., 2008. Brazil's Rise: Inequality, Culture and Globalization. Futures, 40(8), pp.735-747. DOI: 10.1016/j.futures.2008.02.001
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, Nel (2010)Nel, P., 2010. Redistribution and Recognition: What Emerging Regional Powers Want. Review of International Studies, 36(4), pp.951-974. DOI: 10.1017/S0260210510001385
https://doi.org/10.1017/S026021051000138...
e Santos (2011)Santos, T., 2011. Globalization, Emerging Powers, and the Future of Capitalism. Latin American Perspectives, 38(2), pp.45-57. DOI: 10.1177/0094582X10388500
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, o comportamento reformista é reflexo da possibilidade de efetivação das atitudes redistributivas inerentes aos vínculos identitários desses atores com os dilemas do desenvolvimento próprios de sua emergência16 16 Cabe ressaltar as particularidades dos três argumentos agrupados: Burity (2008) sustenta que o desempenho econômico das potências emergentes, as permite levar à instituições hegemônicas os interesses da periferia; Nel (2010) trabalha a relevância da efetivação de uma agenda redistributiva no processo de reconhecimento desses atores na ordem internacional; e Santos (2011) sugere a conjuntura como uma oportunidade de incorporar a agenda do Terceiro Mundo na revisão das instituições da hegemonia essadunidense. . Callahan (2008)Callahan, W., 2008. Chinese Visions of World Order: Post-Hegemonic or a New Hegemony? International Studies Review, 10(4), pp.749-761. DOI: 10.1111/j.1468-2486.2008.00830.x
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se diferencia das demais abordagens ao embasar a categorização da China como potência emergente na possibilidade de construção de uma nova hegemonia. Tanto Callahan (idem) quanto Kang (2007)Kang, D.C., 2007. China Rising: Peace, Power and Order in East Asia. New York: Columbia University Press. enfatizam a emergência chinesa como a possibilidade uma revisão harmônica da ordem internacional.

Outros autores enfocam o aspecto necessariamente coletivo do comportamento revisionista ou reformista. Para Jordaan (2003)Jordaan, E., 2003. The Concept of a Middle Power in International Relations: Distinguishing between Emerging and Traditional Middle Powers. Politikon, 30(2), pp.165-181. DOI: 10.1080/0258934032000147282
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, Cooper, Antikiewicz e Shaw (2007)Cooper, A.; Antikiewicz, A. e Shaw, T., 2007. Economic Size Trumps All Else? Lessons from BRICSAM. International Studies Review, 9(4), pp.673-689. DOI: 10.1111/j.1468-2486.2007.00730.x
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, Palat (2008)Palat, R., 2008. A New Bandung? Economic Growth vs. Distributive Justice among Emerging Powers. Futures, 40(8), pp.721-734. DOI: 10.1016/j.futures.2008.02.004
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e Mallaby (2011)Mallaby, S., 2011. Can the BRICs take the IMF? Foreign Affairs, June. Disponível em: http://www.foreignaffairs.com/articles/67885/sebastian-mallaby/can-the-brics-take-the-imf. Acesso em: 2 fev 2016.
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, os “emergentes” não apresentam um conjunto de atitudes ou comportamento, reformistas ou revisionistas, ainda que apenas tal comportamento, em nome de interesses comuns, permitiria a concretização de sua proeminência para além do seu potencial de crescimento econômico. Schirm (2010)Schirm, S., 2010. Leaders in Need of Followers: Emerging Powers in Global Governance. European Journal of International Relations, 16(2), pp.197-221. DOI: 10.1177/1354066109342922
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, de maneira correlata, trata as potências emergentes como essencialmente reformistas e cujo comportamento padrão é a busca por seguidores para suas reformas. Essa perspectiva reformista está também subjacente às análises de Lima (2010)Lima, M.R., 2010. Brasil e os polos emergentes do poder mundial: Rússia, Índia, China e África do Sul. In: R. Baumann, ed. O Brasil e os demais BRICs: comércio e política. Brasilia: Cepal/Ipea., Hart e Jones (2010)Hart, A. & Jones, B., 2010. How Do Rising Powers Rise? Survival, 52(5), pp.63-88., Vanaik (2013)Vanaik, A., 2013. Capitalist Globalization and the Problem of Stability: Enter the New Quintet and other Emerging Powers. Third World Quarterly, 34(2), pp.194-213. DOI: 10.1080/01436597.2013.775779
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e Visentini (2013)Visentini, P. e Vieira, M., 2013. BRICS: as potências emergentes. Porto Alegre: Vozes., para as quais as coalizões de emergentes – como o IBAS, o BRICS e o G-20 comercial – fortalecem a influência desses países nas instituições da ordem internacional, dada a possibilidade de concatenar seus interesses. Mittelman (2013)Mittelman, J., 2013. Global Bricolage: Emerging Market Powers and Polycentric Governance. Third World Quarterly, 34(1), pp.23-37. DOI: 10.1080/01436597.2013.755355
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traz a possibilidade de essas coalizões em si estarem revisando a governança global. Silva (2013)Silva, A. 2013. Os países emergentes na política internacional: o grupo Next Eleven (N-11) e as convergências com a política externa brasileira. Estudos Internacionais, 1(2), pp.205-222. busca a conversão dessas interações de interesses em comportamento político, analisando a correlação das votações dos emergentes em organismos multilaterais internacionais.

A pertinência desses atributos está relacionada na literatura à manifestação do fenômeno na determinação da estabilidade das instituições da ordem internacional. Os impactos do maior ativismo desses atores nas instituições da governança global, com atitudes e comportamento de conteúdo revisionista ou reformista, são a implicação principal da emergência desses atores com a qual está preocupada uma expressiva parcela dos trabalhos analisados (Ikenberry 2008Ikenberry, G.J., 2008. The Rise of China and Future of the West. Foreign Affairs, Jan-Feb. Disponível em: http://www.foreignaffairs.com/articles/63042/g-john-ikenberry/the-rise-of-china-and-the-future-of-the-west. Acesso em: 2 fev 2016.
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; 2011Ikenberry, G.J.; Mastanduno, M. e Wohlforth, W.C., eds., 2011. International Relations Theory and the Consequences of Unipolarity. Cambridge, UK: Cambridge University Press.; Callahan 2008Callahan, W., 2008. Chinese Visions of World Order: Post-Hegemonic or a New Hegemony? International Studies Review, 10(4), pp.749-761. DOI: 10.1111/j.1468-2486.2008.00830.x
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; Palat 2008Palat, R., 2008. A New Bandung? Economic Growth vs. Distributive Justice among Emerging Powers. Futures, 40(8), pp.721-734. DOI: 10.1016/j.futures.2008.02.004
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; Nel 2010Nel, P., 2010. Redistribution and Recognition: What Emerging Regional Powers Want. Review of International Studies, 36(4), pp.951-974. DOI: 10.1017/S0260210510001385
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; Chin 2010Chin, G., 2010. Remaking the Architecture: The Emerging Powers, Self-Insuring and Regional Insulation. International Affairs, 86(3), pp.693-715. DOI: 10.1111/j.1468-2346.2010.00906.x
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; Stuenkel 2010Stuenkel, O., 2010. Identity and the Concept of West: The Case of Brazil and India. Revista Brasileira de Política Internacional, 54(1), pp.178-195. DOI: 10.1590/S0034-73292011000100011
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; Schirm 2010Schirm, S., 2010. Leaders in Need of Followers: Emerging Powers in Global Governance. European Journal of International Relations, 16(2), pp.197-221. DOI: 10.1177/1354066109342922
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; Santos 2011Santos, T., 2011. Globalization, Emerging Powers, and the Future of Capitalism. Latin American Perspectives, 38(2), pp.45-57. DOI: 10.1177/0094582X10388500
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; Hurrell & Segupta 2012Hurrell, A. e Segupta, S., 2012. Emerging Powers, North-South Relations and Global Climate Politics. International Affairs, 88(3), pp.463-484. DOI: 10.1111/j.1468-2346.2012.01084.x
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). Portanto, percebe-se, na literatura, a associação da emergência a um comportamento, potencial ou efetivo, reformador da ordem internacional vigente.

Retomando o primeiro rótulo, é o crescimento econômico o fundamento material mais associado ao comportamento e às atitudes descritas. Ao mesmo tempo, a filiação política histórica de “emergentes” – como Brasil, China e Índia – ao terceiro-mundismo é reivindicada como o conteúdo ideológico ou identitário essencial em sua compreensão (Nel 2010Nel, P., 2010. Redistribution and Recognition: What Emerging Regional Powers Want. Review of International Studies, 36(4), pp.951-974. DOI: 10.1017/S0260210510001385
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; Santos 2011Santos, T., 2011. Globalization, Emerging Powers, and the Future of Capitalism. Latin American Perspectives, 38(2), pp.45-57. DOI: 10.1177/0094582X10388500
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; Hurrell 2013Hurrell, A., 2013. Narratives of Emergence: Rising Powers and the End of the Third World? Brazilian Journal of Political Economy, 33(2), pp.203-221. DOI: 10.1590/S0101-31572013000200001
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; Visentini 2013Visentini, P. e Vieira, M., 2013. BRICS: as potências emergentes. Porto Alegre: Vozes.). Quando não o terceiro-mundismo, outros conteúdos identitários são apontados, os quais, de maneira geral, comungam do não pertencimento à hegemonia do status quo. Trata-se de um rótulo cuja semelhança está embasada na manifestação de distintas identidades associadas ao comportamento e às atitudes desses atores. A compreensão particular dessas identidades mereceria um esforço específico e exigiria um universo bibliográfico expandido. Conquanto caiba essa ressalva, cabe agrupar algumas similitudes nos apontamentos da bibliografia estudada.

O estudo dos vínculos das potências emergentes com a memória histórica do Terceiro Mundo é o objetivo central na argumentação de Hurrell (2013)Hurrell, A., 2013. Narratives of Emergence: Rising Powers and the End of the Third World? Brazilian Journal of Political Economy, 33(2), pp.203-221. DOI: 10.1590/S0101-31572013000200001
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. Para o autor, ainda que as condições materiais de alguns países os diferenciem de algumas narrativas clássicas do Terceiro Mundo, as metas de mudança que almejam são remanescentes de um legado histórico de marginalização e subordinação. A opção pela formação de coalizões – como o G-20 comercial, o IBAS e o BASIC – traria consigo a percepção coletiva desse legado. Outro elemento que vincula as potências emergentes ao terceiro-mundismo é a prevalência de desafios sociais domésticos complexos que os aproximam dos dilemas e dos interesses de nações em desenvolvimento, fomentando sua solidariedade com o “Sul” e o conflito de interesses com o “Norte”. Essa argumentação sumariza a defesa da clivagem Norte-Sul como um componente identitário necessário à compreensão do papel dos “emergentes” na política internacional, que se sustenta na sequência.

Santos (2011)Santos, T., 2011. Globalization, Emerging Powers, and the Future of Capitalism. Latin American Perspectives, 38(2), pp.45-57. DOI: 10.1177/0094582X10388500
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e Visentini (2013)Visentini, P. e Vieira, M., 2013. BRICS: as potências emergentes. Porto Alegre: Vozes. também são explícitos em associar a articulação e a cooperação Sul-Sul aos vínculos históricos da solidariedade terceiro-mundista de Bandung. Para Nel (2010)Nel, P., 2010. Redistribution and Recognition: What Emerging Regional Powers Want. Review of International Studies, 36(4), pp.951-974. DOI: 10.1017/S0260210510001385
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, o pertencimento identitário a um “Sul global”, que compartilha desafios comuns na superação do subdesenvolvimento, faz a busca por reconhecimento centrar-se em um ativismo crítico ao universalismo normativo indiferente a tais desafios. O trabalho de Palat (2008)Palat, R., 2008. A New Bandung? Economic Growth vs. Distributive Justice among Emerging Powers. Futures, 40(8), pp.721-734. DOI: 10.1016/j.futures.2008.02.004
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contrasta com os anteriores ao ponderar que, paradoxalmente, as maiores capacidades dos novos líderes do Terceiro Mundo não efetivam a memória de Bandung, dada a cooptação das elites nacionais dos “emergentes” no processo de abertura e integração à globalização que fundamentou seu crescimento econômico.

A referência ao terceiro-mundismo não é explicita no trabalho de outros autores. Hart e Jones (2010)Hart, A. & Jones, B., 2010. How Do Rising Powers Rise? Survival, 52(5), pp.63-88. apontam a exclusão ou o papel secundário desses atores na ordem internacional pós-1945 como o fundamento ideológico da estratégia coalizacionista de busca por um espaço ampliado nessas instituições. De maneira correlata, Stuenkel (2010)Stuenkel, O., 2010. Identity and the Concept of West: The Case of Brazil and India. Revista Brasileira de Política Internacional, 54(1), pp.178-195. DOI: 10.1590/S0034-73292011000100011
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utiliza um viés racionalista na fundamentação identitária das potências emergentes, cujo posicionamento frente à governança global estaria pautado pela ambição de ter reconhecido seu status de grande potência. Callahan (2008)Callahan, W., 2008. Chinese Visions of World Order: Post-Hegemonic or a New Hegemony? International Studies Review, 10(4), pp.749-761. DOI: 10.1111/j.1468-2486.2008.00830.x
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mostra que a auto-percepção chinesa de seu papel na política internacional, manifestada na ideia da Tianxia17 17 Para sumário do conceito, ver Callahan (2008, pp.751-753). , embasaria ideologicamente a construção de uma nova hegemonia advinda de sua preponderância material.

A revisão dos discursos empregados aos três rótulos mais recorrentes – o crescimento econômico, as atitudes e o comportamento revisionista ou reformista e as identidades não-hegemônicas – revela uma lógica que compõe a noção percebida como prototípica da emergência na disciplina. O expressivo crescimento econômico dos “países ou potências emergentes” é percebido com o elemento fundante das alterações sistêmicas ou da ordem internacional. O ativismo reformista ou revisionista desses atores é apontado como o principal impacto ou manifestação dessa emergência. Esse ativismo tem o seu embasamento material sumarizado no crescimento econômico e o ideológico no não pertencimento à hegemonia do status quo. A concatenação desses atributos é subjacente à argumentação de diversos autores (Burity 2008Burity, J., 2008. Brazil's Rise: Inequality, Culture and Globalization. Futures, 40(8), pp.735-747. DOI: 10.1016/j.futures.2008.02.001
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; Callahan 2008Callahan, W., 2008. Chinese Visions of World Order: Post-Hegemonic or a New Hegemony? International Studies Review, 10(4), pp.749-761. DOI: 10.1111/j.1468-2486.2008.00830.x
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; Palat 2008Palat, R., 2008. A New Bandung? Economic Growth vs. Distributive Justice among Emerging Powers. Futures, 40(8), pp.721-734. DOI: 10.1016/j.futures.2008.02.004
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; Schwengel 2008Schwengel, H., 2008. Emerging Powers as Fact and Metaphor: Some European Ideas. Futures, 40(8), pp.767-776. DOI: 10.1016/j.futures.2008.02.006
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; Hart & Jones 2010Hart, A. & Jones, B., 2010. How Do Rising Powers Rise? Survival, 52(5), pp.63-88.; Flemes 2010aFlemes, D., 2010a. O Brasil na iniciativa BRIC: soft balancing numa ordem global em mudança? Revista Brasileira de Política Internacional, 53(1), pp.141-156. DOI: 10.1590/S0034-73292010000100008
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; Nel 2010Nel, P., 2010. Redistribution and Recognition: What Emerging Regional Powers Want. Review of International Studies, 36(4), pp.951-974. DOI: 10.1017/S0260210510001385
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; Lima 2010Lima, M.R., 2010. Brasil e os polos emergentes do poder mundial: Rússia, Índia, China e África do Sul. In: R. Baumann, ed. O Brasil e os demais BRICs: comércio e política. Brasilia: Cepal/Ipea.; Santos 2011Santos, T., 2011. Globalization, Emerging Powers, and the Future of Capitalism. Latin American Perspectives, 38(2), pp.45-57. DOI: 10.1177/0094582X10388500
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; Hurrell & Segupta 2012Hurrell, A. e Segupta, S., 2012. Emerging Powers, North-South Relations and Global Climate Politics. International Affairs, 88(3), pp.463-484. DOI: 10.1111/j.1468-2346.2012.01084.x
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; Hurrell 2013Hurrell, A., 2013. Narratives of Emergence: Rising Powers and the End of the Third World? Brazilian Journal of Political Economy, 33(2), pp.203-221. DOI: 10.1590/S0101-31572013000200001
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; Visentini 2013Visentini, P. e Vieira, M., 2013. BRICS: as potências emergentes. Porto Alegre: Vozes.).

Ainda que a apresentação de um crescimento econômico expressivo seja o fundamento material mais recorrentemente reivindicado do comportamento atribuído aos “emergentes”, outro movimento histórico parece estabelecer uma lógica causal mais direta nos trabalhos estudados. O redirecionando geográfico dos padrões de transações reais e financeiras da economia internacional, no qual o incremento da renda desses países está associado ao ganho de participação nos fluxos da economia em detrimento dos países do G-7, é tido em diversos trabalhos como o movimento histórico fundante da emergência de novos atores. Para Schwengel (2008)Schwengel, H., 2008. Emerging Powers as Fact and Metaphor: Some European Ideas. Futures, 40(8), pp.767-776. DOI: 10.1016/j.futures.2008.02.006
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, o conceito de potências emergentes seria uma simples metáfora do conjunto dessas transformações. Zakaria (2008)Zakaria, F., 2008. The Post-American World. New York/London: W.W. Norton and Company. identifica esse processo histórico com a terceira mudança estrutural na era moderna das Relações Internacionais, o qual, somado à maior relevância atribuída a atores não estatais e transnacionais, categorizaria a “ascensão do resto” na conformação do mundo pós-americano.

Para Cooper, Antikiewicz e Shaw (2007)Cooper, A.; Antikiewicz, A. e Shaw, T., 2007. Economic Size Trumps All Else? Lessons from BRICSAM. International Studies Review, 9(4), pp.673-689. DOI: 10.1111/j.1468-2486.2007.00730.x
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, o verdadeiro fundamento do maior peso político das potências emergentes na ordem internacional advém não do crescimento econômico individual, mas do aumento dos fluxos econômicos entre elas e o peso progressivo desses fluxos no conjunto da economia internacional. Contudo, o autor ressalva que a maior participação dos “emergentes” no comércio internacional contrasta com uma posição majoritariamente receptora de recursos financeiros que são disputados por esses atores. Santos (2011)Santos, T., 2011. Globalization, Emerging Powers, and the Future of Capitalism. Latin American Perspectives, 38(2), pp.45-57. DOI: 10.1177/0094582X10388500
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, Nel (2010)Nel, P., 2010. Redistribution and Recognition: What Emerging Regional Powers Want. Review of International Studies, 36(4), pp.951-974. DOI: 10.1017/S0260210510001385
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, Hart e Jones (2010)Hart, A. & Jones, B., 2010. How Do Rising Powers Rise? Survival, 52(5), pp.63-88. e Hurrell (2006)Hurrell, A., 2006. Hegemony, Liberalism and Global Order: What Space for Would-Be Great Powers? International Affairs, 82(1), pp.1-19. DOI: 10.1111/j.1468-2346.2006.00512.x
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apontam a redistribuição dos fluxos econômicos como, ao mesmo tempo, manifestação e fundamento do ativismo reformista dos “emergentes”. Ikenberry e Wright (2008)Ikenberry, G.J., 2008. The Rise of China and Future of the West. Foreign Affairs, Jan-Feb. Disponível em: http://www.foreignaffairs.com/articles/63042/g-john-ikenberry/the-rise-of-china-and-the-future-of-the-west. Acesso em: 2 fev 2016.
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não percebem o incremento dos fluxos entre elas, mas o peso coletivo desses atores – sua fatia crescente do comércio, independente de seus vetores, e da produção mundial – sobre a ordem internacional como o que os torna relevantes para a discussão.

De maneira análoga ao rótulo anterior, a preponderância militar regional é tida como requisito para a projeção de poder em caráter sistêmico. O artigo de Waltz (1993)Waltz, K., 1993. Emerging Structure of International Politics. International Security, 18(2), pp.47-79. DOI: 10.2307/2539097.
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, ao qual está atribuída a intitulação potências emergentes, dá fôlego a uma das discussões mais sensíveis à capacidade analítica das teorias realistas, a explicação da mudança. Não obstante Waltz não confira a premência à hegemonia regional conferida por Mearsheimer (2001)Mearsheimer, J., 2001. Tragedy of Great Powers Politics. New York: Norton., ele revela a disputa entre Japão e China pela preponderância do leste asiático como determinante na sua consolidação como grandes potências. Para Schenoni (2012)Schenoni, L., 2012. Ascenso y hegemonía: pensando a las potências emergentes desde América del Sur. Revista Brasileira de Política Internacional, 55(1), pp.31-48. DOI: 10.1590/S0034-73292012000100003
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, é a ruptura do equilíbrio regional com a Argentina e a confirmação da unipolaridade brasileira como potência regional que possibilita sua classificação como “potência emergente”. Hart e Jones (2010)Hart, A. & Jones, B., 2010. How Do Rising Powers Rise? Survival, 52(5), pp.63-88., sem sistematizar a associação à discussão sobre potências regionais, caracterizam as potências emergentes como possuidoras de poder político, econômico e militar para bloquear os interesses do hegêmona na sua região. Em Flemes (2007)Flemes, D., 2007. Conceptualising Regional Power in International Relations: Lessons from the South African Case. GIGA Working Paper, 53. DOI: 10.2139/ssrn.1000123
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, o respaldo representativo regional é uma possibilidade de incremento na autoridade moral da ação política das potências emergentes. Para Jordaan (2003)Jordaan, E., 2003. The Concept of a Middle Power in International Relations: Distinguishing between Emerging and Traditional Middle Powers. Politikon, 30(2), pp.165-181. DOI: 10.1080/0258934032000147282
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é a elevada orientação regional de sua política externa, embasada em uma também elevada influência regional, o comportamento que diferencia as potências médias emergentes das demais. Para Lima (2010)Lima, M.R., 2010. Brasil e os polos emergentes do poder mundial: Rússia, Índia, China e África do Sul. In: R. Baumann, ed. O Brasil e os demais BRICs: comércio e política. Brasilia: Cepal/Ipea., não há uma projeção regional de poder padrão entre os “emergentes”. De um lado, o respaldo de liderança regional legitima o peso político sistêmico desses atores; de outro, fomenta a contestação de desafiantes regionais quando da percepção de pretensões hegemônicas.

A lógica da proeminência do embasamento regional para a projeção sistêmica de poder faz da condução de um processo de integração – institucional, ou não – nucleado na sua economia outro atributo relevante. Cooper, Antikiewicz e Shaw (2007)Cooper, A.; Antikiewicz, A. e Shaw, T., 2007. Economic Size Trumps All Else? Lessons from BRICSAM. International Studies Review, 9(4), pp.673-689. DOI: 10.1111/j.1468-2486.2007.00730.x
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consideram a concentração dos processos econômicos regionais nas potências emergentes como uma âncora da influência sobre a sua região e de sua projeção global. Para Flemes (2010aFlemes, D., 2010a. O Brasil na iniciativa BRIC: soft balancing numa ordem global em mudança? Revista Brasileira de Política Internacional, 53(1), pp.141-156. DOI: 10.1590/S0034-73292010000100008
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), o estabelecimento de sólidos vínculos econômicos e políticos com os parceiros regionais é condição para projeção global de potências emergentes de capacidades restritas como Brasil e África do Sul. Waltz (1993)Waltz, K., 1993. Emerging Structure of International Politics. International Security, 18(2), pp.47-79. DOI: 10.2307/2539097.
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é mais enfático sobre o papel da consolidação da gravitação das economias do leste asiático em torno da japonesa, e da europeia em torno da alemã, em uma proeminência econômica longeva capaz de ser convertida em capacidades militares, do que em relação à preponderância militar regional propriamente dita. Analogamente, Schenoni (2012)Schenoni, L., 2012. Ascenso y hegemonía: pensando a las potências emergentes desde América del Sur. Revista Brasileira de Política Internacional, 55(1), pp.31-48. DOI: 10.1590/S0034-73292012000100003
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associa a transição da unipolaridade para a hegemonia regional ao processo de ascensão a um status de grande potência. Essa transição estaria embasada na centralização dos processos econômicos da região.

Esses três atributos se somam aos três mais prototípicos, adicionando-lhes lógicas que modificam a sua interação com a realidade. O primeiro refina o componente histórico fundante de denotação da categoria, ao mesmo tempo em que a prende a um contexto de época, dificultando sua transição temporal. Em contraste, os outros dois rótulos restringem denotativamente a categoria, condicionando-a à preponderância regional. Os próximos dez rótulos de semelhança de atributos se diferenciam dos até aqui descritos na medida em que seu emprego serve a causalidade preconizada sobre os atributos já descritos.

Os atributos seguintes estão postos na literatura como fundamento daqueles já descritos. Grandes populações, com peso demográfico sistêmico, seriam convertidas em recurso de poder pelas potências emergentes, segundo Lima (2010)Lima, M.R., 2010. Brasil e os polos emergentes do poder mundial: Rússia, Índia, China e África do Sul. In: R. Baumann, ed. O Brasil e os demais BRICs: comércio e política. Brasilia: Cepal/Ipea. e Stuenkel (2010)Stuenkel, O., 2010. Identity and the Concept of West: The Case of Brazil and India. Revista Brasileira de Política Internacional, 54(1), pp.178-195. DOI: 10.1590/S0034-73292011000100011
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. Para Ikenberry e Wright (2008)Ikenberry, G.J. e Wright, T., 2008. Rising Powers and Global Institutions. New York: The Century Foundation. e Schwengel (2008)Schwengel, H., 2008. Emerging Powers as Fact and Metaphor: Some European Ideas. Futures, 40(8), pp.767-776. DOI: 10.1016/j.futures.2008.02.006
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o peso populacional coletivo desses atores é o que lhes faz centrais na discussão do futuro da ordem internacional. Benachenhou (2013)Benachenhou, A. 2013. Países emergentes. Brasília: FUNAG. aponta a dimensão dos mercados consumidores como um fundamento relevante da proeminência percebida pelos países emergentes na última década. Cooper, Antikiewicz e Shaw (2007)Cooper, A.; Antikiewicz, A. e Shaw, T., 2007. Economic Size Trumps All Else? Lessons from BRICSAM. International Studies Review, 9(4), pp.673-689. DOI: 10.1111/j.1468-2486.2007.00730.x
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, apesar de chamarem atenção para uma abordagem que transborde esse atributo, também aceitam a relevância das grandes populações no desempenho econômico desses países. A capacidade de dissuasão nuclear frente a grandes potências é percebida por Tammen (2006)Tammen, R., 2006. The Impact of Asia on World Politics: China and India Options for the United States. International Studies Review, 8(1), pp.563-580. DOI: 10.1111/j.1468-2486.2006.00626.x
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como o elemento que torna um ator emergente, dada possibilidade de disputa por preponderância militar18 18 Como referido anteriormente, acompanhada do registro de um PIB de 80% a 120% da potência preponderante. . Já em Waltz (1993)Waltz, K., 1993. Emerging Structure of International Politics. International Security, 18(2), pp.47-79. DOI: 10.2307/2539097.
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, essa capacidade é a condição que torna a potência emergente uma grande potência. Por fim, para Weber e Bussels (2005)Weber, S. e Bussels, J., 2005. Will Information Technology Reshape the North-South Asymmetry of Power in the Global Political Economy? Studies in Comparative International Development, 40(2), pp.62-84. DOI: 10.1007/BF02686294
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elevados investimentos em pesquisa e desenvolvimento pelo Sul global seriam a estratégia necessária à emergência de uma nova correlação de forças com o Norte, a partir do impacto sobre os regimes de propriedade intelectual e sua influência no desenvolvimento.

A posse de elevados estoques de reservas cambiais aparece no trabalho de Chin (2010)Chin, G., 2010. Remaking the Architecture: The Emerging Powers, Self-Insuring and Regional Insulation. International Affairs, 86(3), pp.693-715. DOI: 10.1111/j.1468-2346.2010.00906.x
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como o lastro de uma ambição revisionista da ordem de Bretton Woods. Porém, para esse e outros autores (Cooper, Antikiewicz & Shaw 2007Cooper, A.; Antikiewicz, A. e Shaw, T., 2007. Economic Size Trumps All Else? Lessons from BRICSAM. International Studies Review, 9(4), pp.673-689. DOI: 10.1111/j.1468-2486.2007.00730.x
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; Palat 2008Palat, R., 2008. A New Bandung? Economic Growth vs. Distributive Justice among Emerging Powers. Futures, 40(8), pp.721-734. DOI: 10.1016/j.futures.2008.02.004
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; Benachenhou 2013Benachenhou, A. 2013. Países emergentes. Brasília: FUNAG.) elas são o resultado das transformações de poder relativo na economia internacional e do modo de seu crescimento econômico. Portanto, inverte-se a lógica causal e tomamos os elevados estoques de reservas cambiais como um sintoma do ganho de capacidades materiais.

A consolidação institucional recente é percebida de maneiras antagônicas na literatura analisada. Uma estabilidade institucional e social que permita a execução de um projeto nacional é o elemento definidor da capacidade de influência sistêmica para Giaccaglia (2010)Giaccaglia, C., 2010. Condicionantes sociales en el proceso de formación de potências mundiales: un análisis de lós países del IBSA a partir de un recorrido histórico. Relaciones Internacionales, 15, pp.33-60., Schenoni (2012)Schenoni, L., 2012. Ascenso y hegemonía: pensando a las potências emergentes desde América del Sur. Revista Brasileira de Política Internacional, 55(1), pp.31-48. DOI: 10.1590/S0034-73292012000100003
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e Andreasson (2012). Hurrell (2006Hurrell, A., 2006. Hegemony, Liberalism and Global Order: What Space for Would-Be Great Powers? International Affairs, 82(1), pp.1-19. DOI: 10.1111/j.1468-2346.2006.00512.x
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; 2013Hurrell, A., 2013. Narratives of Emergence: Rising Powers and the End of the Third World? Brazilian Journal of Political Economy, 33(2), pp.203-221. DOI: 10.1590/S0101-31572013000200001
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), Palat (2008)Palat, R., 2008. A New Bandung? Economic Growth vs. Distributive Justice among Emerging Powers. Futures, 40(8), pp.721-734. DOI: 10.1016/j.futures.2008.02.004
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e Hart e Jones (2010)Hart, A. & Jones, B., 2010. How Do Rising Powers Rise? Survival, 52(5), pp.63-88. incluem essa estabilidade no fundamento da proeminência desempenhada pelos “emergentes”, particularmente para diferenciá-los de si mesmos enquanto Terceiro Mundo no passado. Invertendo o sinal da relação causal, a incipiência de tal estabilidade é tida como um elemento de risco financeiro e restrição do influxo de recursos para esses mercados por Blázquez & Santiso (2004)Blázquez, J. e Santiso, J., 2004. Mexico: Is it an Ex-Emerging Market? Journal of Latin American Studies, 36(2), pp.297-318. DOI: 10.1017/S0022216X04007709
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, Detomasi (2006)Detomasi, D., 2006. International Regimes: The Case of Western Corporate Governance. International Studies Review, 8(2), pp. 225-251. DOI: 10.1111/j.1468-2486.2006.00572.x
https://doi.org/10.1111/j.1468-2486.2006...
e Bell e Feng (2009)Bell, S. e Feng, H., 2009. Reforming China's Stock Market: Institutional Change Chinese Style. Political Studies, 57(1), pp.117-140. DOI: 10.1111/j.1467-9248.2008.00726.x
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.

Esse último grupo de autores claramente subverte a intertextualidade até então percebida. Tais análises estão vinculadas ao conceito operacional de mercado emergente em seu caráter original, preocupados com os impactos sobre a relação risco e retorno, ambos tidos como elevados em mercados emergentes (Bell & Feng 2009Bell, S. e Feng, H., 2009. Reforming China's Stock Market: Institutional Change Chinese Style. Political Studies, 57(1), pp.117-140. DOI: 10.1111/j.1467-9248.2008.00726.x
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, Blázquez & Santiso 2004Blázquez, J. e Santiso, J., 2004. Mexico: Is it an Ex-Emerging Market? Journal of Latin American Studies, 36(2), pp.297-318. DOI: 10.1017/S0022216X04007709
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). Atributos como baixa ou média renda per capita (Desai & Vreeland 2011Desai, R. e Vreeland, J., 2011. Global Governance in a Multipolar World: The Case for Regional Monetary Funds. International Studies Review, 13(1), pp.109-121. DOI: 10.1111/j.1468-2486.2010.01002.x
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) seguem a mesma lógica. Contudo, diversas análises apontam limitações na infraestrutura física desses países como um limitante para a consolidação de seu poder (Kumar 2008Kumar, A., 2008. Paradoxes of Paradigm Shift: Indian Engagement with Liberalization and Globalization. Futures, 40(8), pp.762-766. DOI: 10.1016/j.futures.2008.02.003
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; Benachenhou 2013)Benachenhou, A. 2013. Países emergentes. Brasília: FUNAG., retomando a lógica anterior, mas mantendo a causalidade negativa.

Por fim, há diferentes narrativas sobre os impactos difusos da adesão recente à globalização sobre a emergência desses atores. Burity (2008)Burity, J., 2008. Brazil's Rise: Inequality, Culture and Globalization. Futures, 40(8), pp.735-747. DOI: 10.1016/j.futures.2008.02.001
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tem nesse debate o centro de seu trabalho. Para ele, Nel (2010)Nel, P., 2010. Redistribution and Recognition: What Emerging Regional Powers Want. Review of International Studies, 36(4), pp.951-974. DOI: 10.1017/S0260210510001385
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, Santos (2011)Santos, T., 2011. Globalization, Emerging Powers, and the Future of Capitalism. Latin American Perspectives, 38(2), pp.45-57. DOI: 10.1177/0094582X10388500
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, Visentini (2013)Visentini, P. e Vieira, M., 2013. BRICS: as potências emergentes. Porto Alegre: Vozes. e Hurrell (2013)Hurrell, A., 2013. Narratives of Emergence: Rising Powers and the End of the Third World? Brazilian Journal of Political Economy, 33(2), pp.203-221. DOI: 10.1590/S0101-31572013000200001
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, a adesão à globalização com capacidades materiais ampliadas e carregando consigo uma identidade terceiro-mundista é, sobretudo, uma oportunidade de reforma positiva da ordem internacional. Kumar (2008)Kumar, A., 2008. Paradoxes of Paradigm Shift: Indian Engagement with Liberalization and Globalization. Futures, 40(8), pp.762-766. DOI: 10.1016/j.futures.2008.02.003
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baseia nessa adesão o destacado desempenho econômico indiano. Palat (2008)Palat, R., 2008. A New Bandung? Economic Growth vs. Distributive Justice among Emerging Powers. Futures, 40(8), pp.721-734. DOI: 10.1016/j.futures.2008.02.004
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expande o argumento para África do Sul, Brasil e China, mas adverte para os seus efeitos negativos sobre a identidade terceiro-mundista e anti-hegemônica desses países. Para Bell e Feng (2009)Bell, S. e Feng, H., 2009. Reforming China's Stock Market: Institutional Change Chinese Style. Political Studies, 57(1), pp.117-140. DOI: 10.1111/j.1467-9248.2008.00726.x
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, o caráter recente dessa adesão está associado a maiores riscos para o capital financeiro.

Como já sugeria a Figura 1, a análise qualitativa dos atributos corrobora a existência de uma clara segmentação no emprego do léxico emergente. Os discursos atribuídos à substantivação mercado emergente dialogam com a classificação tradicional e operacional da literatura financeira. As substantivações país emergente e potência emergente, por sua vez, parecem utilizar a categoria para capturar as transformações percebidas nas Relações Internacionais no curso das últimas décadas. A coadunação dos atributos de maneira coerente com sua intertextualidade exige mais do que sua simples justaposição hierarquizada pela recorrência de seu emprego. Para tanto, uma simples taxonomia foi empregada a partir da lógica percebida entre as narrativas, de modo a conciliar aspectos materiais e identitários das Relações Internacionais. Os atributos foram organizados segundo sua manifestação como poder político: material; ideacional e o seu resultado comportamental.

Além dessa baliza operacional, a sistematização é uma etapa da formação conceitual que possui referência na literatura sobre conceitos em ciências sociais, particularmente analisada em Goertz (2006)Goertz, G., 2006. Social Science Concepts: A User's Guide. Princeton: Princeton University Press.. A discussão sobre os atributos centrais de uma categoria, ou o núcleo de um protótipo conceitual, constitui uma teorização sobre sua ontologia, sobre como esses elementos interagem na sua determinação (idem, p.27). Nos termos deste trabalho, a ontologia da categoria são os padrões intertextuais percebidos na bibliografia analisada. Em outras palavras, a pertinência que a literatura emprega a cada atributo, na maneira como o conceito de emergente interage com a realidade, deve ser o marco para sua sistematização.

Goertz (idem, p.55) aponta quatro possibilidades de formalização das relações entre atributos: ontológicas, de necessidade, causais e substitutivas. Uma relação ontológica está relacionada à suficiência do que constitui a categoria. Ainda que seja usualmente associada à causalidade, a ontologia se distingue por, ao contrário daquela, ter sua definição em termos teóricos (idem, p.59). Já a causalidade é matéria da determinação fática, não teórica, portanto, traz consigo um elemento necessário de anterioridade temporal. No entanto, em estratégias de categorização via semelhanças de família, os atributos têm causalidade ou identidade teórica alternativa sobre a categoria. Essa possibilidade de uso de um conjunto de atributos alternativos entre si para delimitar uma categoria é o que o autor chama de substitutabilidade.

No entanto, a sistematização desses atributos e de suas causalidades é complexa e demanda algum procedimento de estruturação lógica. Goertz (idem, p.6) põe em diálogo os níveis de abstração de Sartori (1970)Sartori, G., 1970. Concept Misformation in Comparative Politics. The American Political Science Review, 64(4), pp.1033-1053. DOI: 10.2307/1958356
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e a estruturação cognitiva dimensional de Rosh e Mervis (1975)Rosh, E. & Mervis, C., 1975. Family Resemblances: Studies in the Internal Structure of Categories. Cognitive Psycology, 7, pp.573-605. para conformar a sua estrutura multidimensional (Goertz 2006Goertz, G., 2006. Social Science Concepts: A User's Guide. Princeton: Princeton University Press., pp.6-7 e 50-65), composta do nível básico, nível secundário e nível de indicadores. As categorias de nível básico são marcadas por um elevado nível de abstração. Sua definição não encontra manifestações diretas em indicadores, ela se desloca sobre atributos que a compõe ontologicamente (idem, p.53). Esses atributos formam o nível secundário da categoria, que constituem o que o fenômeno é. Os mecanismos de aferição desses atributos na realidade constituem o terceiro nível de análise, o nível dos indicadores.

No entanto, a identificação do nível secundário com o de indicadores compreende um esforço próprio e além deste trabalho. Aqui é possível expressar as relações estabelecidas na literatura analisada. Dessa maneira, os rótulos menos salientes originados do estudo de semelhanças conotativas estão organizados segundo a lógica que desempenham na causalidade ou na consequência dos atributos mais prototípicos mencionados, na terceira dimensão da categoria. Ainda assim, reitera-se o reconhecimento da operacionalização conceitual como passo posterior a essa discussão nominal sobre a emergência nas Relações Internacionais. A organização das interações lógicas percebidas entre os atributos, segundo a taxonomia introduzida e utilizando o ferramental de sistematização supracitado, permite compor a Figura 2.

Figura 2
Protótipo conceitual no emprego do léxico emergente

A Figura 2 apresenta o que seria o protótipo conceitual do léxico emergente, ou a convenção que emerge de seu emprego. A categoria básica é a de potência emergente, devido a dois fatores: a destacada ressonância da substantivação ao longo do estudo qualitativo e, sobretudo, a sua conexão lógica com o debate na bibliografia. De maneira geral, a literatura remete o fenômeno da emergência à influência, impacto, capacidades materiais, ativismo, hegemonia, preponderância, todos os quais substantivos referentes a poder e ao grau de relevância desse poder sobre os demais atores. Dessa forma, a substantivação da categoria em potência emergente parece tanto coerente com o emprego na literatura quanto com a lógica subjacente a esse emprego. Entre os principais, podemos citar Waltz (1993)Waltz, K., 1993. Emerging Structure of International Politics. International Security, 18(2), pp.47-79. DOI: 10.2307/2539097.
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, Bussel e Weber (2005)Weber, S. e Bussels, J., 2005. Will Information Technology Reshape the North-South Asymmetry of Power in the Global Political Economy? Studies in Comparative International Development, 40(2), pp.62-84. DOI: 10.1007/BF02686294
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, Tammen (2006)Tammen, R., 2006. The Impact of Asia on World Politics: China and India Options for the United States. International Studies Review, 8(1), pp.563-580. DOI: 10.1111/j.1468-2486.2006.00626.x
https://doi.org/10.1111/j.1468-2486.2006...
, Hurrell (2006Hurrell, A., 2006. Hegemony, Liberalism and Global Order: What Space for Would-Be Great Powers? International Affairs, 82(1), pp.1-19. DOI: 10.1111/j.1468-2346.2006.00512.x
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e 2013Hurrell, A., 2013. Narratives of Emergence: Rising Powers and the End of the Third World? Brazilian Journal of Political Economy, 33(2), pp.203-221. DOI: 10.1590/S0101-31572013000200001
https://doi.org/10.1590/S0101-3157201300...
), Cooper et al. (2007)Cooper, A.; Antikiewicz, A. e Shaw, T., 2007. Economic Size Trumps All Else? Lessons from BRICSAM. International Studies Review, 9(4), pp.673-689. DOI: 10.1111/j.1468-2486.2007.00730.x
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, Flemes (2007Flemes, D., 2007. Conceptualising Regional Power in International Relations: Lessons from the South African Case. GIGA Working Paper, 53. DOI: 10.2139/ssrn.1000123
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, 2010aFlemes, D., 2010a. O Brasil na iniciativa BRIC: soft balancing numa ordem global em mudança? Revista Brasileira de Política Internacional, 53(1), pp.141-156. DOI: 10.1590/S0034-73292010000100008
https://doi.org/10.1590/S0034-7329201000...
e 2010b)Flemes, D., 2010b. A visão brasileira da futura ordem global. Contexto Internacional, 32(2), pp.403-487. DOI: 10.1590/S0102-85292010000200005
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, Ikenberry (2008)Ikenberry, G.J., 2008. The Rise of China and Future of the West. Foreign Affairs, Jan-Feb. Disponível em: http://www.foreignaffairs.com/articles/63042/g-john-ikenberry/the-rise-of-china-and-the-future-of-the-west. Acesso em: 2 fev 2016.
http://www.foreignaffairs.com/articles/6...
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, Hart e Jones (2010)Hart, A. & Jones, B., 2010. How Do Rising Powers Rise? Survival, 52(5), pp.63-88., Macfarlane (2006)Macfarlane, N., 2006. The ‘R’ in BRICs: is Russia an emerging power? International Affairs, 82(1), pp.41-57. DOI: 10.1111/j.1468-2346.2006.00514.x
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, Andreasson (2012), Hurrell e Segupta (2012)Hurrell, A. e Segupta, S., 2012. Emerging Powers, North-South Relations and Global Climate Politics. International Affairs, 88(3), pp.463-484. DOI: 10.1111/j.1468-2346.2012.01084.x
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, Schenoni (2012)Schenoni, L., 2012. Ascenso y hegemonía: pensando a las potências emergentes desde América del Sur. Revista Brasileira de Política Internacional, 55(1), pp.31-48. DOI: 10.1590/S0034-73292012000100003
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, Gratius (2012)Gratius, S., 2012. Brasil y la UE ante los poderes emergentes y la pujanza asiática. Revista CIDOB d'afers internacionals, 97-98, pp.231-243., Visentini (2013)Visentini, P. e Vieira, M., 2013. BRICS: as potências emergentes. Porto Alegre: Vozes. e Benachenhou (2013)Benachenhou, A. 2013. Países emergentes. Brasília: FUNAG..

As dimensões de nível secundário sintetizam as inter-relações percebidas entre os seis rótulos de atributo centrais ao longo desta seção. Dessa forma, a observação de ganhos na redistribuição dos fluxos econômicos mundiais nos últimos anos, o crescimento econômico, a preponderância militar regional e a centralidade do país na economia regional são percebidos como os quatro fundamentos materiais que a literatura aponta como necessários à efetividade do ativismo reformista ou revisionista característico das potências emergentes. O fundamento ideológico ou identitário mais apontado pela literatura para esse comportamento, por sua vez, é a trajetória de não pertencimento à ordem hegemônica desses países. Essa lógica sugere uma conjunção causal na literatura entre um dos atributos centrais materiais e o atributo identitário na conformação do atributo comportamental prototípico.

A concatenação desses atributos secundários na determinação do nível básico está ilustrada na convergência de vetores na extremidade esquerda do sinal gráfico de suficiência. Com isso, pretende-se representar a interpretação de que a literatura aceita como protótipo de uma potência emergente qualquer combinação de aspectos materiais e identitários com um ativismo reformista. Esse ativismo, por si só, não é suficiente para determinar a categoria; ele deve estar acompanhado de um ou mais desses outros atributos que determinam sua efetividade ou a especificidade do seu conteúdo19 19 A dimensão e a efetividade do impacto do ativismo reformista das potências emergentes, respaldada materialmente, é atribuída na literatura como o elemento que as diferencia das categorias de essados intermediários ou Potências Médias, também marcadas pelo ativismo reformista (Hurrell 2006; Macfarlane 2006; Flemes 2010a; 2010b; Lima 2010; Hart & Jones 2010; Gratius 2012). . Ademais, sua própria determinação é dependente da confluência de outros atributos do nível secundário. Da mesma maneira, não há sinais de aceitação de uma trajetória de não pertencimento à ordem hegemônica como suficiente na identificação de potências emergentes20 20 Palat (2008) e Hurrel (2013) explicitam essa diferenciação. . Em conclusão, nenhum dos atributos isoladamente é percebido como necessário e suficiente para caracterizar uma potência emergente, mas a literatura identifica o fenômeno com as referidas possíveis combinações.

Se convertida em um diagrama de conjuntos utilizando a lógica binária de “E” e “OU”, a rede sobreposta de causalidades da Figura 2 origina a Figura 3, a seguir. O ativismo reformista ou revisionista da ordem internacional está posicionado ao centro do diagrama, para ilustrá-lo como variável dependente dos demais atributos dentro da categoria. Esses outros atributos centrais estão representados nos conjuntos radialmente dispostos desde o centro, o conjunto 1. O caso ilustrado pela Figura 2 – a combinação do atributo comportamental “E” um ou mais dos outros atributos centrais – está representado na área colorida mais escura e seria o caso mais prototípico de uma potência emergente. No entanto, a literatura analisada aceita outras possibilidades de combinações menos prototípicas21 21 Waltz (1993), Schirm (2010) e Benachenhou (2013) são trabalhos que aceitam conotativamente e denotativamente essas intersecções de atributos menos prototípicas. , sem rejeitar o objetivo de revelar o “estado da arte” no emprego da categoria. Essas outras possibilidades estão representadas na área colorida menos escura. A ilustração permite expressar o caráter radial da categoria22 22 Ver nota 14. , nas distintas possibilidades de categorização referenciadas na literatura para além da mais prototípica.

Figura 3
Diagrama lógico de atributos ao emprego do léxico emergente

VI. Conclusões

Este trabalho analisou as transformações semânticas do léxico emergente em sua apropriação pelas Relações Internacionais. Do léxico apropriado, foram buscados padrões conotativos nele associados a fenômenos das Relações Internacionais, os quais geraram o protótipo conceitual de uma potência emergente. O estudo do conteúdo “alargado” do termo, derivado de sua “viagem”, é percebido como uma etapa necessária e intermediária ao seu uso enquanto conceito analítico na disciplina.

Conceitos, como ferramentas teóricas, são construtos lógicos com finalidade de delimitar os elementos constitutivos de um fenômeno, aquilo que o particulariza em meio à generalidade (Sartori 1970Sartori, G., 1970. Concept Misformation in Comparative Politics. The American Political Science Review, 64(4), pp.1033-1053. DOI: 10.2307/1958356
https://doi.org/10.2307/1958356...
, pp.1033-1036; Goertz 2006Goertz, G., 2006. Social Science Concepts: A User's Guide. Princeton: Princeton University Press., p.5). Desse modo, suas fronteiras necessitam ser delimitadas pelo seu encadeamento em um corpo teórico de entendimento da realidade (Sartori 1970Sartori, G., 1970. Concept Misformation in Comparative Politics. The American Political Science Review, 64(4), pp.1033-1053. DOI: 10.2307/1958356
https://doi.org/10.2307/1958356...
; Goertz 2006Goertz, G., 2006. Social Science Concepts: A User's Guide. Princeton: Princeton University Press., pp.235-237). No entanto, parte da literatura sobre conceitos aponta a premência de os conceitos da linguagem técnica possuírem vínculos com seu uso estabelecido no campo em que se inserem (Rosch & Mervis 1975Rosh, E. & Mervis, C., 1975. Family Resemblances: Studies in the Internal Structure of Categories. Cognitive Psycology, 7, pp.573-605., Lakoff 1990Lakoff, G., 1990. Women, Fire and Dangerous Things: What Categories Reveals about the Mind. Chicago: University of Chicago Press., Collier & Mahon 1993Collier, D. e Mahon, J., 1993. Conceptual “Stretching” Revisited: Adapting Categories in Comparative Studies. The American Political Science Review, 87(4), pp.845-855. DOI: 10.2307/2938818
https://doi.org/10.2307/2938818...
p.853; Gerring 2001Gerring, J., 2001. Social Science Methodology: A Criteria Framework. Cambridge, UK: Cambridge University Press., p.40). O conteúdo semântico carregado por um conceito deve ser ratificado por suas normas de uso (Wittgenstein 2009Wittgenstein, L., 2009. Philosophical Investigations. Oxford: Backwell.).

Ao analisar as transformações semânticas do léxico emergente em sua apropriação pelas Relações Internacionais, buscou-se contribuir para apuração em seu uso analítico, sistematizando seu uso corrente. Essa expectativa de contribuição expõe a limitação e necessidade de aprofundamento do trabalho. Como pondera Gerring (2001Gerring, J., 2001. Social Science Methodology: A Criteria Framework. Cambridge, UK: Cambridge University Press., pp.53-54), as normas de uso na linguagem em geral, por si só, não oferecem a adequação conceitual, senão um espectro terminológico passível de ser incorporado a uma linguagem técnica específica. Sua incorporação às Relações Internacionais expande o “estado da arte” expresso em seu uso, bem como nesse trabalho, e demanda a explicitação da convenção sobre suas normas de uso, da gramática que rege seu emprego dentro da disciplina. Em outras palavras, retomando a alegoria de Wittgenstein, uma vez concatenados os “nós da rede” gerada no emprego do termo, cabe hierarquizar tais nós em termos teóricos.

Ponderado o acima expresso, a sistematização realizada nesse trabalho revela o protótipo conceitual convencional de um emergente nas Relações Internacionais. Observa-se que a literatura percebe uma potência emergente como aquela cujo comportamento diplomático visa a reforma ou almeja a revisão das instituições da ordem internacional, possuindo este comportamento respaldo material. Esse padrão de comportamento é prototipicamente associado a uma identidade de não pertencimento ao status quo. No entanto, cabe ressaltar que a sustentação de cada vetor de causalidade exposto mereceria um estudo próprio, incorporando uma revisão bibliográfica e uma reflexão intelectual que explicite as normas de uso desse conceito nesse novo contexto teórico em que se insere. O protótipo conceitual construído visa contribuir para esse esforço coletivo oferecendo uma sistematização do emprego do léxico analisado como base para sua determinação futura.

  • 1
    Agradecemos aos comentários elaborados pelos pareceristas anônimos da Revista de Sociologia e Política.
  • 2
    Sartori (1970Sartori, G., 1970. Concept Misformation in Comparative Politics. The American Political Science Review, 64(4), pp.1033-1053. DOI: 10.2307/1958356
    https://doi.org/10.2307/1958356...
    , p.1041) identifica a extensão (extension) como o número de referentes reais de uma determinada categoria, ao passo que a intensão (intension) é o conjunto de atributos que determinam os membros dessa categoria. Ambas compõem o que o autor chama de “escala de generalidade” (ladder of generality) de um conceito. Uma sobre-extensão ocorre quando um conceito é deformado para abarcar novos casos. Para melhor compreensão da evolução dessa discussão ver Sartori (1970)Sartori, G., 1970. Concept Misformation in Comparative Politics. The American Political Science Review, 64(4), pp.1033-1053. DOI: 10.2307/1958356
    https://doi.org/10.2307/1958356...
    , Collier e Mahon (1993)Collier, D. e Mahon, J., 1993. Conceptual “Stretching” Revisited: Adapting Categories in Comparative Studies. The American Political Science Review, 87(4), pp.845-855. DOI: 10.2307/2938818
    https://doi.org/10.2307/2938818...
    e Goertz (2009)Goertz, G., 2009. Point of Departure: intension and extension. In D. Collier; J. Gerring, eds. Concepts and Method in Social Science: Giovanni Sartori and his legacy. New York: Routledger..
  • 3
    Como trabalhado em Fonseca (2013)Fonseca, P., 2013. Desenvolvimentismo: a construção do conceito. Seminário apresentado na Universidade Federal do Rio de Janeiro, 25 set. Disponível em: http://www.centrocelsofurtado.org.br/arquivos/image/201309121650480.Conceito%20Desenvolvimentismo%20-%20Pedro%20Fonseca.pdf. Acesso em: 2 fev 2015.
    http://www.centrocelsofurtado.org.br/arq...
    , essa percepção não normativa da “viagem” e do “alargamento” conceituais os aproxima da discussão sobre a reconstrução do real na história, revelada pelo discurso, na tradição hegeliana de pensamento.
  • 4
    Tomada de recursos no curto prazo, junto a mercados de baixa taxa de juros, a serem investidos em operações de maior risco e rendimento (Cintra 2005Cintra, M.A., 2005. A Exuberante Liquidez Global. Economia Política Internacional, 5, pp.17-26., p.19), nesse caso, títulos denominados em moedas não-conversíveis dos países emergentes.
  • 5
    Para sumário da metodologia ver O'Neill (2007O’Neill, J., 2007. BRICs and Beyond. New York: Goldman Sachs., pp.87-90).
  • 6
    Coreia do Sul, México, Indonésia, Irã, Filipinas, Turquia, Egito, Nigéria, Vietnã, Paquistão e Bangladesh.
  • 7
    E português, inglês e espanhol. Em inglês, buscou-se por respectivamente: “emerging market(s)”; “emerging/rising country/countries”; “emerging/rising power(s)”.
  • 8
    Suspeita-se que a maior discrepância na pesquisa sobre “mercado(s) emergente(s)” esteja relacionada aos diferentes graus de restrição das bases em relação à àrea do conhecimento.
  • 9
    Tradução de embedded prototype, no sentido de Rosh e Mervis (1975)Rosh, E. & Mervis, C., 1975. Family Resemblances: Studies in the Internal Structure of Categories. Cognitive Psycology, 7, pp.573-605. e Lakoff (1990)Lakoff, G., 1990. Women, Fire and Dangerous Things: What Categories Reveals about the Mind. Chicago: University of Chicago Press..
  • 10
    Em referência à noção de “embedded prototype” de Rosch e Mervis (1975)Rosh, E. & Mervis, C., 1975. Family Resemblances: Studies in the Internal Structure of Categories. Cognitive Psycology, 7, pp.573-605. e Lakoff (1990)Lakoff, G., 1990. Women, Fire and Dangerous Things: What Categories Reveals about the Mind. Chicago: University of Chicago Press..
  • 11
    A figura busca representar os rótulos de atributos mais frequentes no universo bibliográfico analisado de acordo com a substantivação do léxico emergente com a qual são empregados. A área de cada esfera é proporcional número de referências encontradas para cada rótulo. A cor dos círculos, ou de cada porção colorida, representa a susbstantivação a que cada um dos rótulos está associada, ou a proporção em que estão. A fim de contribuir para o caráter ilustrativo da figura, os circulos estão dispersos estilizadamente conforme a proporção em que são associados a cada substantivação, junta qual estão postos mais perto.
  • 12
    Para sumário da metodologia, ver O'Neill (2007O’Neill, J., 2007. BRICs and Beyond. New York: Goldman Sachs., pp.87-90).
  • 13
    O autor se refere à Teoria da Transição de Poder de Krugler e Organski (Nolte 2010Nolte, D., 2010. How to Compare Regional Powers: Analytical Concepts and Research Topics. Review of International Studies, 36(4), pp.881-901. DOI: 10.1017/S026021051000135X
    https://doi.org/10.1017/S026021051000135...
    , pp.886-887), que analisa a estabilidade do sistema frente à emergência de desafiantes ao hegêmona. Essas medidas indicam a condição de paridade que denota a emergência de um desafiante. Para sumário da sustentação teórica e metodológica desses indicadores, ver Tammen (2006Tammen, R., 2006. The Impact of Asia on World Politics: China and India Options for the United States. International Studies Review, 8(1), pp.563-580. DOI: 10.1111/j.1468-2486.2006.00626.x
    https://doi.org/10.1111/j.1468-2486.2006...
    , pp.566-570).
  • 14
    Para esse autor, a China.
  • 15
    Em Hurrell (2006Hurrell, A., 2006. Hegemony, Liberalism and Global Order: What Space for Would-Be Great Powers? International Affairs, 82(1), pp.1-19. DOI: 10.1111/j.1468-2346.2006.00512.x
    https://doi.org/10.1111/j.1468-2346.2006...
    ; 2013Hurrell, A., 2013. Narratives of Emergence: Rising Powers and the End of the Third World? Brazilian Journal of Political Economy, 33(2), pp.203-221. DOI: 10.1590/S0101-31572013000200001
    https://doi.org/10.1590/S0101-3157201300...
    ) e Hurrell e Segupta (2012)Hurrell, A. e Segupta, S., 2012. Emerging Powers, North-South Relations and Global Climate Politics. International Affairs, 88(3), pp.463-484. DOI: 10.1111/j.1468-2346.2012.01084.x
    https://doi.org/10.1111/j.1468-2346.2012...
    .
  • 16
    Cabe ressaltar as particularidades dos três argumentos agrupados: Burity (2008)Burity, J., 2008. Brazil's Rise: Inequality, Culture and Globalization. Futures, 40(8), pp.735-747. DOI: 10.1016/j.futures.2008.02.001
    https://doi.org/10.1016/j.futures.2008.0...
    sustenta que o desempenho econômico das potências emergentes, as permite levar à instituições hegemônicas os interesses da periferia; Nel (2010)Nel, P., 2010. Redistribution and Recognition: What Emerging Regional Powers Want. Review of International Studies, 36(4), pp.951-974. DOI: 10.1017/S0260210510001385
    https://doi.org/10.1017/S026021051000138...
    trabalha a relevância da efetivação de uma agenda redistributiva no processo de reconhecimento desses atores na ordem internacional; e Santos (2011)Santos, T., 2011. Globalization, Emerging Powers, and the Future of Capitalism. Latin American Perspectives, 38(2), pp.45-57. DOI: 10.1177/0094582X10388500
    https://doi.org/10.1177/0094582X10388500...
    sugere a conjuntura como uma oportunidade de incorporar a agenda do Terceiro Mundo na revisão das instituições da hegemonia essadunidense.
  • 17
    Para sumário do conceito, ver Callahan (2008Callahan, W., 2008. Chinese Visions of World Order: Post-Hegemonic or a New Hegemony? International Studies Review, 10(4), pp.749-761. DOI: 10.1111/j.1468-2486.2008.00830.x
    https://doi.org/10.1111/j.1468-2486.2008...
    , pp.751-753).
  • 18
    Como referido anteriormente, acompanhada do registro de um PIB de 80% a 120% da potência preponderante.
  • 19
    A dimensão e a efetividade do impacto do ativismo reformista das potências emergentes, respaldada materialmente, é atribuída na literatura como o elemento que as diferencia das categorias de essados intermediários ou Potências Médias, também marcadas pelo ativismo reformista (Hurrell 2006Hurrell, A., 2006. Hegemony, Liberalism and Global Order: What Space for Would-Be Great Powers? International Affairs, 82(1), pp.1-19. DOI: 10.1111/j.1468-2346.2006.00512.x
    https://doi.org/10.1111/j.1468-2346.2006...
    ; Macfarlane 2006Macfarlane, N., 2006. The ‘R’ in BRICs: is Russia an emerging power? International Affairs, 82(1), pp.41-57. DOI: 10.1111/j.1468-2346.2006.00514.x
    https://doi.org/10.1111/j.1468-2346.2006...
    ; Flemes 2010aFlemes, D., 2010a. O Brasil na iniciativa BRIC: soft balancing numa ordem global em mudança? Revista Brasileira de Política Internacional, 53(1), pp.141-156. DOI: 10.1590/S0034-73292010000100008
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    ; 2010bFlemes, D., 2010b. A visão brasileira da futura ordem global. Contexto Internacional, 32(2), pp.403-487. DOI: 10.1590/S0102-85292010000200005
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  • 20
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  • 22
    Ver nota 14.

Apêndice 1 Os Brics na economia internacional

Tabela 1A
Participação no Comércio Corrente Mundial de Economias Selecionadas
Tabela 2A
Participação no PIB Mundial de Economias Selecionadas

Apêndice 2 Estudo da disseminação do léxico emergente

Gráfico 1B
Expansão média do número de trabalhos que empregam o termo mercado emergente
Gráfico 2B
Expansão média do número de trabalhos que empregam o termo país emergente
Gráfico 3B
Expansão média do número de trabalhos que empregam o termo potência emergente
Tabela 1B
Matriz de Correlações de Pearson para busca “Mercado(s) Emergente(s)”
Tabela 2B
Matriz de correlações de pearson para busca “País(es) Emergente(s)”
Tabela 3B
Matriz de Correlações de Pearson para busca “Potência(s) Emergente(s)”
Tabela 4B
Matriz de Correlação de Pearson para os dados dos Gráficos 1B, 2B e 3B
Gráfico 4B
Frequência léxica combinada de substantivações do termo emergente
Gráfico 5B
Frequência léxica de substantivação do termo emergente
Gráfico 6B
Média anual de referência do léxico emergente por substantivação

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Outras fontes

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    01 Mar 2016

Histórico

  • Recebido
    06 Jun 2014
  • Aceito
    15 Set 2014
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