Resumos
Trata-se de pesquisa quantitativa que teve como objetivo investigar a iniciação sexual de adolescentes do sexo masculino em Concórdia, Santa Catarina. Participaram da mesma 340 adolescentes do sexo masculino, com idades entre 14 e 19 anos, que freqüentavam o ensino médio em seis instituições de ensino do município de Concórdia, que aceitaram participar e que trouxeram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado pelos pais ou responsáveis. Destes, 69,7% afirmaram ter relações sexuais, sendo que a média de idade da primeira relação foi de 14,4 anos, menor que a média nacional de 15 anos. A primeira relação sexual ocorreu com uma ficante para 45,1% e 64,2% afirmaram que o principal motivo para a mesma foi vontade/tesão. A maioria (74,2%) qualificou a experiência como boa ou muito boa. O uso da camisinha foi apontado como método utilizado na primeira relação sexual por 73,8% dos adolescentes e como método usado em todas as relações por 72,5%. Alguns adolescentes relataram não conversar sobre sexualidade, mas a maioria aponta os amigos como principal fonte de informações sobre sexo. Frente ao exposto, fica claro que apesar de terem sua primeira relação sexual cada vez mais precocemente, o diálogo sobre prevenção tem surtido efeito, o que é reforçado pelo uso expressivo do preservativo entre os adolescentes.
Homem adolescente; Sexualidade; Iniciação sexual
This quantitative study aimed to investigate the onset of sexual activity in male adolescents from Concordia, Santa Catarina, Brazil. The studied sample consisted of a total of 340 14-19-year-old male adolescents attending secondary school in six local educational institutions, who accepted to answer the questionnaire and whose parents signed the Free and Informed Consent. From these, 69,7% affirmed that they already had sexual relations; the mean age at the first relation was 14,4, lower than national average of 15 years. The first sexual relation occurred with a date in the case of 45,1% and 64,2% affirmed that the main reason was sexual desire/excitation. Most of adolescents (74,2%) qualified the experience as good or very good. The condom was used in the first sexual relation by 73,8% and in all relations by 72,5%. Some adolescents do not talk about sexuality, but most of them indicate friends as the main source of information about sex. These data show the effectiveness of the dialogue about STD/AIDS prevention and contraception developed over the last decades, expressed by the considerable condom use among the adolescents.
Male adolescent; Sexuality; Sexual debut
TEMAS LIVRES FREE THEMES
Iniciação sexual de homens adolescentes
The onset of sexual activity in male adolescents
Daniela GubertI; Valéria Silvana Faganello MadureiraII
IGrupo de Estudos e Pesquisa de Gênero Fogueira, Universidade Comunitária Regional de Chapecó. Av. Senador Attílio Fontana 591 - E. 89809-000 Chapecó SC. danielagubert@gmail.com
IIUniversidade do Contestado - UnC
RESUMO
Trata-se de pesquisa quantitativa que teve como objetivo investigar a iniciação sexual de adolescentes do sexo masculino em Concórdia, Santa Catarina. Participaram da mesma 340 adolescentes do sexo masculino, com idades entre 14 e 19 anos, que freqüentavam o ensino médio em seis instituições de ensino do município de Concórdia, que aceitaram participar e que trouxeram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado pelos pais ou responsáveis. Destes, 69,7% afirmaram ter relações sexuais, sendo que a média de idade da primeira relação foi de 14,4 anos, menor que a média nacional de 15 anos. A primeira relação sexual ocorreu com uma ficante para 45,1% e 64,2% afirmaram que o principal motivo para a mesma foi vontade/tesão. A maioria (74,2%) qualificou a experiência como boa ou muito boa. O uso da camisinha foi apontado como método utilizado na primeira relação sexual por 73,8% dos adolescentes e como método usado em todas as relações por 72,5%. Alguns adolescentes relataram não conversar sobre sexualidade, mas a maioria aponta os amigos como principal fonte de informações sobre sexo. Frente ao exposto, fica claro que apesar de terem sua primeira relação sexual cada vez mais precocemente, o diálogo sobre prevenção tem surtido efeito, o que é reforçado pelo uso expressivo do preservativo entre os adolescentes.
Palavras-chave: Homem adolescente, Sexualidade, Iniciação sexual
ABSTRACT
This quantitative study aimed to investigate the onset of sexual activity in male adolescents from Concordia, Santa Catarina, Brazil. The studied sample consisted of a total of 340 14-19-year-old male adolescents attending secondary school in six local educational institutions, who accepted to answer the questionnaire and whose parents signed the Free and Informed Consent. From these, 69,7% affirmed that they already had sexual relations; the mean age at the first relation was 14,4, lower than national average of 15 years. The first sexual relation occurred with a date in the case of 45,1% and 64,2% affirmed that the main reason was sexual desire/excitation. Most of adolescents (74,2%) qualified the experience as good or very good. The condom was used in the first sexual relation by 73,8% and in all relations by 72,5%. Some adolescents do not talk about sexuality, but most of them indicate friends as the main source of information about sex. These data show the effectiveness of the dialogue about STD/AIDS prevention and contraception developed over the last decades, expressed by the considerable condom use among the adolescents.
Key words: Male adolescent, Sexuality, Sexual debut
Introdução
A adolescência, período da vida delimitado entre 10 e 19 anos de idade, se caracteriza por intenso crescimento e desenvolvimento, com modificações anatômicas, fisiológicas, psicológicas e sociais1, cujo ritmo faz com que seja considerada uma fase da vida geralmente mais difícil do que as demais. Isso contribui para o fortalecimento de estereotipias traduzidas popularmente em uma série de expressões (aborrecência, por exemplo) que influenciam inclusive a forma de tratamento do adolescente por professores, profissionais de saúde, pais e adultos em geral.
Mais do que um período delimitado no tempo, a adolescência/juventude é considerada como um processo social através do qual o jovem passa à vida adulta, uma transição caracterizada pelo término dos estudos, começo da vida profissional, saída da casa dos pais e começo da vida conjugal2,3. Esse processo pode ser prolongado em decorrência da maior duração dos estudos, das limitações do mercado de trabalho e da maior autonomia dos jovens sem que sejam financeiramente independentes, características que não podem ser universalizadas, pois são influenciadas por variáveis como condições materiais de vida, gênero e raça/cor2.
Nesse processo de transição, o jovem passa a ter maior noção da própria sexualidade, vivenciando uma série de desejos e conflitos. Nas transições que marcam a adolescência, exercer a sexualidade com parceiro é a de maior repercussão2. A sexualidade está envolvida na própria vida, sendo um processo de experimentação física que se inicia antes e se estende até depois da primeira relação sexual4. É aprendizado, "um processo de experimentação pessoal e de impregnação pela cultura sexual do grupo, que se acelera na adolescência e na juventude" e que é produto de diferentes cenários socioculturais2. Para Grimberg5, a sexualidade é um processo singular que se constrói na relação com os outros e que implica a iniciação sexual e o desempenho sexual posterior. Assim, na vivência da sexualidade, manifestam-se valores enraizados no imaginário social, que constituem as práticas de homens e mulheres6,7 e que são permeados por diferentes aspectos, tais como os relacionados às questões de gênero.
A sexualidade é tratada de maneira diferente para meninos e meninas na educação sexual e nas normas socioculturais em torno da questão, de tal forma que meninos são estimulados a serem fortes, viris e a demonstrarem sua masculinidade inclusive iniciando sua atividade sexual precocemente. O homem, na adolescência, sofre pressões para que mantenha relações sexuais com alguém do sexo oposto para demonstrar que não é homossexual, pois a sexualidade é considerada um atributo da masculinidade que deve ser exercido. Ao contrário, as meninas ainda são estimuladas a atrasar ao máximo sua primeira relação sexual. Essas diferenças evidenciam a necessidade de utilizar uma abordagem de gênero nos estudos que abordam a sexualidade.
O conceito de gênero contrapõe-se à argumentação biológica de diferença sexual como justificativa para a desigualdade social, porque procura demonstrar que a forma como as características sexuais são representadas/valorizadas atua mais na constituição de feminino/feminilidade e de masculino/masculinidade do que as próprias características sexuais8. A noção de feminilidade e masculinidade ultrapassa o sexo biológico que, do ponto de vista do gênero, é apenas um dos constituintes das mesmas, seguido por representações mentais, influência do ambiente e da cultura que constroem o feminino e o masculino9.
A iniciação sexual tem ocorrido cada vez mais cedo10,11, com diferenças marcantes relacionadas ao gênero, o que é reforçado pelas estatísticas de gravidez na adolescência e de aids entre adolescentes. Estudos apontam iniciação sexual masculina em idade mais precoce que a feminina10,12-14. Ao contrário, há estudos que indicam iniciação sexual em idade praticamente igual em ambos os sexos11.
Considerando-se os aspectos acima pontuados, esse estudo foi desenvolvido com o propósito de conhecer como se dá a iniciação sexual de adolescentes do sexo masculino de Concórdia, Santa Catarina.
Procedimentos metodológicos
É uma pesquisa quantitativa, desenvolvida no período de março a novembro de 2006, com adolescentes do sexo masculino, na faixa etária de 14 a 19 anos, e estudantes do ensino médio de Concórdia, Santa Catarina. O município conta com nove escolas de nível médio, das quais seis participaram do estudo (quatro públicas, duas particulares) e foram escolhidas por conveniência, considerando-se a localização no perímetro urbano. Fizeram parte do estudo os estudantes que aceitaram participar e que devolveram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) assinado por pais ou responsáveis.
No ano de 2006, 3.635 estudantes de ambos os sexos matricularam-se nas escolas de nível médio da cidade. Com base nessa informação e após esclarecimentos à direção das escolas e aos adolescentes, foram entregues 1.500 TCLE a todos os adolescentes do sexo masculino que estavam em sala de aula (41,3% do total de matrículas). Desses, 367 foram devolvidos assinados.
Para a coleta de dados, utilizou-se questionário com perguntas fechadas e mistas, o qual foi previamente testado. Dos adolescentes que devolveram o TCLE, treze não estavam presentes no dia da coleta, nove não quiseram participar e cinco questionários foram descartados por preenchimento incompleto. Ao final, foram obtidos 340 questionários válidos. Após a coleta e organização dos dados, realizou-se o teste do qui quadrado (χ2) para verificar a significância das diferenças aferidas e os resultados foram discutidos com base na literatura. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Contestado - UnC.
Resultados e discussão
Dos participantes, 100 (29,5%) cursavam a primeira série do ensino médio, 132 (38,8%) cursavam a segunda e 108 (31,7%), a terceira. A maioria (79,2%) tinha idade variando entre 15 e 17 anos. Dos 340 adolescentes, um era casado e 237 (69,7%) afirmaram já ter mantido relações sexuais.
A faixa etária prevalente (Tabela 1) dos participantes foi de 15 a 17 anos, na qual se concentram 79,2% dos mesmos e a idade média na primeira relação sexual foi de 14,4 anos. Um maior número de participantes (69,6%) tiveram a primeira relação sexual entre 14 e 16 anos, enquanto que 23,6% a tiveram entre 11 e 13 anos e 6,4%, em idades mais tardias. Para o cálculo do qui quadrado, organizaram-se as idades em faixas etárias: 11 a 13 anos; 14 a 16 anos e 17 a 19 anos. O resultado indicou uma diferença altamente significativa entre as faixas comparadas entre si, de forma que, estatisticamente, a faixa etária de 14 a 16 anos é mais significativa na iniciação, seguida pela de 11 a 13 e de 17 a 19 anos.
Observa-se um aumento progressivo do número de adolescentes que mantiveram a primeira relação sexual até os 15 anos e, após, o número começa a decair, demonstrando a precocidade da iniciação sexual. Sabe-se que este é um processo que tem ocorrido gradativamente ao longo dos anos, mas algumas diferenças precisam ser consideradas: no passado, as pessoas casavam mais cedo, o que contribuía para reduzir o número de parceiros sexuais durante a vida, e as restrições sexuais eram maiores. Hoje, maior possibilidade de adiamento do convívio conjugal e maior abertura sexual possibilitam a multiparceria desde a adolescência, principalmente para o sexo masculino, e contribui para uma iniciação sexual mais precoce.
Nos resultados de estudo multicêntrico desenvolvido em três grandes cidades brasileiras, a iniciação sexual masculina ocorre à idade mediana de 16,2 anos, sem variações de acordo com região, grupo social, raça/cor e separação dos pais14. A faixa de 15 a 17 anos concentra o maior número de primeiras experiências e 25% dos participantes iniciaram-se à idade mediana de 14,9 anos14. Segundo pesquisa sobre comportamento sexual e percepções da população brasileira sobre HIV/aids divulgada pelo Ministério da Saúde em 2005, a idade média de iniciação sexual de adolescentes do sexo masculino nas grandes cidades brasileiras é de 15,0 anos, com as primeiras relações sexuais concentrando-se entre 15 e 17 anos e com apenas 20% dos adolescentes iniciando-se após os 17 anos14.
Estudo desenvolvido com uma amostra representativa de jovens de ambos os sexos da área de abrangência de uma unidade de saúde da família da zona leste de São Paulo identificou a idade média de 15,13 anos para a primeira relação sexual11, a qual se aproxima da encontrada pelo Ministério da Saúde. No estudo desenvolvido por Grimberg5 em Buenos Aires, os homens participantes iniciaram-se sexualmente entre 15 e 16 anos e definiram a primeira relação sexual como afirmação da identidade e rito de passagem.
Esses estudos indicam iniciação sexual de homens principalmente na faixa etária de 15 a 17 anos, com predomínio da idade média de 15 anos. No presente estudo, encontrou-se uma idade média inferior a essa. Cabe aqui ressaltar que a coleta de dados foi em sala de aula, o que pode ter feito com que os participantes se sentissem observados por seus pares. Considerando-se as demandas de gênero sobre o jovem do sexo masculino no sentido de comprovar sua masculinidade heterossexual mantendo relações sexuais com uma mulher o mais cedo possível, pode ter havido exageros na indicação da idade à primeira relação sexual. A precocidade da iniciação sexual, em um sistema de valores que destaca as características hegemônicas da masculinidade, permite ao adolescente mostrar-se mais viril, mais másculo, mais homem para os demais.
Com base na idade à primeira relação sexual, Bozon e Heilborn14 classificam os jovens de seu estudo em três grupos: precoce, cuja iniciação se dá com 15 anos ou menos; intermediário, que se iniciam entre os 16 e os 17 anos; tardio, que mantêm a primeira relação sexual com 18 anos e mais. No presente estudo, 76,8% dos participantes iniciaram-se sexualmente com 15 anos ou menos, o que, aliado à idade média de 14,4 anos para a primeira relação sexual, permite considerá-los integrantes do grupo precoce. Ao mesmo tempo, reforça a importância da iniciação sexual no processo de tornar-se homem e contribui para caracterizá-la como um rito de passagem necessário para a confirmação da própria masculinidade heterossexual e para a afirmação de si como homem.
A primeira relação sexual dos participantes aconteceu principalmente com parceiras eventuais (Tabela 2), como ficantes (45,1%) e amigas (27,4%). Namorada, aqui considerada uma parceria estável, é citada em terceiro lugar (19,8%). Outras parceiras, como primas, prostitutas e vizinhas, também são apontadas. Estatisticamente, a diferença entre as respostas foi significativa, exceto entre amiga e namorada (χ2 = 2,89).
Resultados semelhantes foram relatados por diferentes autores em pesquisas desenvolvidas no Brasil11,14-16. Sobre as parcerias eventuais, Silva17 diz que as decisões para as aproximações são, atualmente, ações relâmpago em que o compromisso com o prazer momentâneo possibilita a um casal se conhecer, se acariciar e ter uma relação sexual em uma mesma noite, se separar e talvez nunca mais se encontrar.
Na pesquisa "Gravidez na adolescência: estudo multicêntrico sobre jovens, sexualidade e reprodução no Brasil" (GRAVAD), os homens relatam que "fazer sexo não pressupõe muita escolha, principalmente na primeira vez" e afirmam que "transar é uma questão de honra", podendo, portanto, ser "com qualquer uma", não importando se é a "pessoa certa ou errada" porque, segundo eles "a única coisa que muda é o corpo" 18.
Entre os motivos que levaram à primeira relação sexual, vontade/tesão foi apontado como o principal (64,2%), enquanto amor/paixão e curiosidade ocuparam o segundo lugar (14,3% respectivamente). A diferença entre o primeiro e os segundos motivos é estatisticamente significativa (χ2 = 66,3). Esses dados indicam que não há necessariamente um vínculo entre a iniciação sexual e um laço afetivo com a parceira, o que pode estar relacionado com os mandatos da masculinidade hegemônica que colocam para o homem a iniciação precoce, a multiparceria e a separação sexo/afeto como normas de masculinidade.
Na pesquisa GRAVAD, as principais razões para primeira relação sexual de adolescentes do sexo masculino foram o tesão, seguido por vontade de perder rapidamente a virgindade e curiosidade14. No estudo desenvolvido por Borges e Schor19, as principais razões indicadas pelos jovens para a primeira relação sexual foram atração pela(o) parceira(o), curiosidade e desejo de não ser mais virgem. Há certa similitude entre as razões relatadas pelos autores e as encontradas no presente estudo e destaca-se que amor/paixão como motivador da iniciação sexual foi indicado em proporções semelhantes nesse estudo e no relatado por Bozon e Heilborn14 (14,3% e 14%, respectivamente). Entretanto, no presente estudo, esse motivo foi indicado principalmente pelos que se iniciaram sexualmente até os 15 anos, enquanto que no estudo citado predominaram os adolescentes cuja iniciação se deu com 15 anos e mais.
A influência ou pressão dos amigos como motivador para a iniciação sexual reforça a importância do grupo e das demandas por ele exercidas. Além disso, indica a força do olhar dos outros, especialmente homens, na construção da masculinidade, pois a aprovação dos mesmos é necessária para a confirmação de si como homem e como heterossexual. Isto é compatível com a idéia de masculinidade como provação homossocial, que implica homossocialidade, isto é, "relações sociais entre as pessoas de mesmo sexo, [...] entre homens ou [...] entre mulheres"20. Nessa provação, os homens procuram confirmar sua virilidade diante de outros homens.
No presente estudo, a maioria dos participantes descreveu a primeira relação sexual com um único adjetivo e 74,2% atribuíram à mesma um conceito que varia de boa/interessante a muito boa/ ótima. Os que aprofundaram a resposta indicaram diferentes elementos que qualificam a experiência positiva ou negativamente. Entre os qualificadores positivos, os adolescentes indicaram: foi com a pessoa certa; foi no momento certo; gostava muito da menina e foi muito emocionante, ao final, eu e ela choramos abraçados por um tempão, destacando o afeto e a adequação da situação em si.
Nos qualificadores positivos, houve também referência à primeira relação sexual como oportunidade de conhecimento de si e do outro, expressa nas afirmações serviu para que eu conhecesse melhor minha namorada e esclareceu algumas dúvidas sobre eu mesmo. Nessa última afirmação, parece haver uma referência à orientação sexual (hetero/homossexual). Entretanto, como o instrumento não abria a possibilidade de esclarecimento sobre isso, não é possível levantar hipóteses a respeito. Ainda a referência aos amigos, serviu para que pudesse tirar a maior onda com meus amigos, reforça a importância da primeira relação sexual como prova de masculinidade para si e para os outros, que não teria valor se não fosse comentada com os amigos.
Houve aqueles para os quais a experiência não foi boa e que a qualificaram negativamente. Aqui, a falta de preparo foi apontada como elemento que tornou a experiência ruim: estava despreparado e eu devia ter esperado mais.
Referências ao preservativo ressaltam a importância do mesmo na primeira relação sexual, seja pelo temor de perder a parceira por não tê-lo consigo (a menina disse que só aconteceria se fosse com camisinha, e eu estava em um baile e não conseguia com ninguém, aí rolou sem mesmo), seja pelo temor provocado pelo não uso ou pelo rompimento do mesmo (foi sem camisinha e depois me falaram que a menina estava grávida, mas era mentira; a camisinha estourou, rolou maior tensão por causa disso). Esses elementos indicam que os participantes estavam informados sobre o uso do preservativo, mas, ao não o ter, a vontade de perder a virgindade foi mais forte, mesmo contribuindo para uma avaliação negativa da experiência. A ocorrência de erro/dificuldade na colocação/uso do preservativo tem efeitos negativos na avaliação da experiência e o adolescente pode atribuir o rompimento à (má) qualidade do preservativo, em vez de à sua falta de habilidade, com implicações sérias para o uso em relações posteriores.
Houve também referência ao local onde ocorreu a experiência e à inadequação do mesmo para que a mesma fosse prazerosa para ambos os parceiros. Um local adequado, com privacidade e tranqüilidade, nem sempre está disponível aos adolescentes que vivem suas primeiras experiências sexuais geralmente com parceiras ocasionais, com pressa e ansiedade. Para muitos, isso contribuiu para uma avaliação final negativa, tal como dizem alguns: foi na escada do prédio onde ela morava, fiquei com medo que alguém chegasse; foi no banheiro de uma festa, em pé mesmo; fomos interrompidos). O lugar onde ocorre a primeira relação revela a posição freqüentemente frágil em autonomia, experiência e em recursos do sujeito em iniciação sexual com relação ao parceiro(a) e exemplo disso é a "proporção de primeiras relações masculinas travadas em lugares públicos"14.
Outro aspecto negativo está ligado à divulgação da experiência para outras pessoas, como pai e mãe. A declaração de que a mãe dela ficou sabendo, complementando uma avaliação negativa da primeira experiência, ajuda a reforçar o segredo que cerca a iniciação sexual na adolescência e especialmente da mulher. Bozon e Heilborn14 afirmam que a grande maioria dos participantes do estudo por eles relatado não manteve a primeira relação em segredo, relatando-a primeiramente aos pares.
Sobre o uso do preservativo na primeira relação sexual (Tabela 3), destacam-se os jovens que o usaram, seguidos pelos que nem pensaram no assunto e pelos que não usaram. A diferença entre as respostas é significativa, confirmando a superioridade estatística dos que usaram preservativo.
O não pensar no assunto demonstra o caráter inesperado, não programado da primeira relação sexual. Resultado semelhante foi encontrado em estudo com 4.019 jovens de ambos os sexos iniciados sexualmente, no qual 69,6% não usaram métodos de contracepção/prevenção porque não tinham pensado nisso16.
Os participantes que não usaram preservativo apresentaram explicações como lembrou da camisinha, mas não tinha consigo, o que reforça o não planejamento e o improviso da primeira relação sexual. Para os participantes, o fato de não ter preservativo consigo não impediu a relação sexual. Resultado semelhante foi obtido em depoimentos de 41 homens entre 18 e 24 anos, nos quais a grande maioria usa eventualmente preservativo e afirma que "estar desprevenido não é razão suficiente para recusar sexo"18.
Os participantes do presente estudo declaram também que não deu tempo de colocar, o que denuncia a urgência que cerca a primeira relação que, aliada à falta de experiência e a fatores como local inadequado, impede o uso do preservativo. O não uso porque a menina tomava pílula mostra a contracepção como preocupação central que, quando assumida pela mulher, desobriga o homem do uso do preservativo.
Borges e Schor11 afirmam que, dos jovens de ambos os sexos estudados que já haviam mantido relações sexuais, cerca de metade não usou preservativo masculino porque não esperava ter relações naquele dia, não tinha preservativo consigo ou nem pensara nisso. Para as autoras, isso indica falta de preparo prévio e sugere início improvisado da vida sexual. Segundo Grimberg5, o uso do preservativo é baixo tanto na iniciação sexual como nas relações posteriores dos jovens argentinos participantes de seu estudo e o uso é mais freqüente pelos mais jovens.
No presente estudo, 73,3% dos participantes usaram camisinha, dupla proteção na prevenção de gravidez e DST/aids. O preservativo masculino foi apontado como o principal método utilizado na primeira relação sexual de adolescentes do sexo masculino participantes da pesquisa GRAVAD, sendo que metade deles afirmou ter conversado com a parceira antes da relação sobre o mesmo14. No estudo de Teixeira et al.16, 63,8% dos rapazes usaram preservativo na primeira relação sexual e a iniciação sexual mais tardia foi determinante no uso do preservativo para ambos os sexos. No presente estudo, observa-se maior uso por aqueles que mantiveram a primeira relação na faixa de 14 a 16 anos (77,1%), seguidos pelos da faixa etária de 11 a 13 anos (16,6%) e, por fim, por aqueles que se iniciaram sexualmente entre 17 e 19 anos de idade (6,3%).
O uso de preservativo na primeira relação sexual por um alto percentual de participantes parece refletir a ênfase dada ao mesmo nas campanhas de prevenção de DST/aids, nas quais a importância da autoproteção na prevenção é ressaltada.
Apesar de 23,6% dos participantes informarem relações sexuais semanais e 4,3% diárias, a característica principal das mesmas é a eventualidade, o que leva a pensar no número de parceiras sexuais com as quais se relacionam, posto que apenas 19,8% afirmaram ter parceiras fixas. Esse cenário reforça o caráter não programado das relações e remete à masculinidade hegemônica, segundo a qual o homem não deve dizer não a uma possibilidade de manter relação sexual, mesmo que, com isso, se exponha a riscos.
No que se refere à parceria nas relações sexuais subseqüentes, os participantes informaram que fazem sexo: somente com alguém que eu goste (21,5%), tenho parceira fixa (19,8%), somente com alguém que eu conheça (19,8%), com qualquer uma quando surge a oportunidade (32,5%), com prostitutas (5,6%) e não faço sexo ultimamente (0,8%). O gostar da parceira e a parceria fixa (namoradas e esposa) sugerem valorização do envolvimento emocional em uma relação sexual. A relação sexo e afeto é tradicionalmente considerada característica da sexualidade feminina, incompatível com a idéia de necessidade e de instinto vinculada ao modelo hegemônico de masculinidade. Borges e Schor19 identificaram a possibilidade de um duplo padrão social na primeira experiência sexual dos participantes de seu estudo, com valorização do "amor e da entrega à pessoa amada" e, ao mesmo tempo, a defesa da premência física, do instinto e da contínua intenção masculina para o sexo. O desejo masculino de iniciar-se sexualmente no âmbito de uma relação amorosa ficou evidente nos jovens participantes do estudo de Pirotta21 e Rieth15 também encontrou afirmações de que relações sexuais gostando da pessoa são melhores no discurso de homens adolescentes de Pelotas. Os achados do presente estudo e os dos autores citados alertam para a possibilidade de mudanças na maneira de encarar o sexo por parte de homens adolescentes, o que merece estudos mais aprofundados.
O significado atribuído pelos participantes ao conhecer não foi esclarecido e deve ser relativizado, principalmente quando se leva em conta o ficar, que permite relações sexuais com uma pessoa na mesma noite em que a conheceram. Pode-se levantar algumas hipóteses para o conhecer, tais como conhecer da escola, morar na mesma rua ou bairro, ser amigo, dentre outras.
É interessante observar que 32,5% dos adolescentes relatam relações sexuais com parceiras eventuais encontradas em bares, festas, bailes, ocasiões em que surgem as oportunidades, bem como com prostitutas (5,6%), o que evidencia ainda mais a variação de parceria sexual e a vulnerabilidade dos mesmos às DST/aids e à paternidade precoce.
Dos participantes, 72,5% afirmaram fazer uso da camisinha em todas as relações sexuais. Comparando-se com o uso do preservativo na primeira relação sexual, observa-se uma redução de 1,3%. Apesar disso, pensando-se em prevenção de DST/aids e de gravidez, esta é uma informação animadora, pois parece demonstrar que os adolescentes têm consciência da importância do uso do preservativo. A maioria (76,8%) afirma que usa esse método pela segurança que oferece, pelo conhecimento que têm dele e baixo custo. Teixeira et al.16 afirmam que o jovem que usa preservativo na primeira relação sexual tende a continuar usando, embora tenham observado redução significativa no uso pelos jovens estudados da primeira para a última relação sexual. O maior uso do preservativo pelos homens está relacionado à multiparceria sexual e o uso diminui quando a relação é estável, quando o preservativo é abandonado em favor de outros métodos contraceptivos16.
Quanto à prática do sexo seguro e de acordo com dados do Unicef, 52% dos adolescentes com vida sexual informam usar preservativo nas relações sexuais, o que provavelmente é resultado das campanhas educativas das últimas décadas que estimulam seu uso, além da oferta gratuita e do acesso mais fácil a este meio22.
A negligência com prevenção/contracepção é justificada pelos homens em discurso que enfoca uma suposta incompatibilidade entre desejo sexual e controle e que atribui essa responsabilidade à mulher. Para os homens, a mulher tem capacidade de autocontrole no sexo e o fato de estar desprevenido não é razão para que a relação não ocorra. Da mesma forma, justificam o não uso em relações eventuais como uma tomada de risco (prova de masculinidade) e, em relações estáveis, a parceira é algo decisivo para que não ocorra prevenção18.
No presente estudo, as justificativas para o não uso do preservativo foram variadas, sendo o esquecimento uma delas. As afirmações é mais gostoso sem e incomoda indicam a absorção de crenças muito difundidas sobre o preservativo que provavelmente não estão ligadas à experiência pessoal dos participantes. Feliciano6 relata que a idéia de que o preservativo diminui o prazer é generalizada entre os participantes de seu estudo e Grimberg5 ressalta que a diminuição da sensibilidade e do prazer são desvantagens associadas ao preservativo por jovens argentinos. A aversão de alguns homens ao uso do preservativo é justificada pelos argumentos de que a relação se torna desconfortável, que compromete o prazer sexual e é incompatível com o impulso sexual irrefreável que os homens devem apresentar18.
Em estudo desenvolvido com homens adultos heterossexuais casados, Madureira23 obteve resultados semelhantes. Os participantes informaram que usá-lo em relações eventuais não programadas é difícil porque nem sempre o têm consigo, porque propor o uso do mesmo pode "quebrar o clima", aumentando a possibilidade de a mulher desistir e porque impede o contato direto entre os parceiros. Em relações sexuais duradouras, o preservativo é usado nos intervalos do uso do anticoncepcional oral ou quando a mulher não pode tomar pílula. Para os participantes, propor o uso do preservativo no casamento pode comprometer a confiança no casal.
No presente estudo, o não uso do preservativo não está relacionado à falta de informações sobre o mesmo. Estudo sobre intenções reprodutivas e práticas de regulação da fecundidade, realizado em uma universidade pública da cidade de São Paulo, identificou um alto nível de conhecimento entre os adolescentes sobre os métodos anticoncepcionais, de modo que o não uso não estaria relacionado com a falta de informação21. Da mesma forma, não houve associação entre conhecimento sobre métodos contraceptivos e uso dos mesmos por adolescentes de Salvador13. Dentre os fatores que influenciam o não uso de métodos anticoncepcionais, encontram-se a irregularidade e a falta de planejamento das relações sexuais, bem como os mitos em relação à performance sexual21.
No presente estudo, os participantes declararam diversas fontes para obtenção de informações sobre sexualidade. Dentre elas, os amigos (39,4%) ocupam o primeiro lugar, seguidos pela televisão (18,20%), a qual supera a casa (14,4%) e a escola (12,4%). Isso sugere dificuldades no diálogo com pais e professores, o que os leva a buscar informações com os amigos. Analisando-se os meios apontados como segunda e terceira fonte de informações, observa-se um crescimento da escola, das revistas e principalmente da Internet. Os amigos foram apontados como principal fonte de informação sobre sexualidade por jovens universitários da Bahia e, diferentemente do presente estudo, o ambiente universitário, revistas e televisão superaram a família como fonte de informação para aqueles jovens7.
De acordo com a Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996), a educação sexual é prevista como um dos temas transversais nos Parâmetros Curriculares Nacionais, em todas as áreas de conhecimento e do ensino básico ao ensino médio21. Apesar disso, muitas vezes as escolas se limitam a abordar aspectos anátomo-fisiológicos da reprodução ou métodos anticoncepcionais, não esclarecendo dúvidas que os adolescentes possam ter. Abordagens como essa, apesar de informarem sobre o corpo e seu funcionamento, negligenciam outros aspectos da sexualidade, tais como as características de gênero e, no final, podem contribuir para reforçar a ligação dessas temáticas com o corpo biológico, naturalizando-as.
Os amigos são também as pessoas com as quais os participantes mais conversam sobre sexualidade e 27,6% deles o fazem apenas com eles, 20,3% conversam com pais e amigos, 14,1% apenas com pais e 13,2%, com ninguém. É interessante observar que 3,5% conversam com a mãe e apenas 1,5% com o pai. Fica evidente que, em se tratando de sexualidade, prevalece o diálogo com pessoas de fora do lar.
A maioria dos participantes (55,2%) relata sentir-se à vontade ao falar sobre sexo. No entanto, a pergunta não especificava com quem, o que pode sugerir que os adolescentes se sintam à vontade para falar sobre sexo com os amigos, apontados como principal fonte de informações sobre sexualidade. Além desses, 14% têm dificuldade em falar sobre o assunto, 11,7% sentem-se curiosos e 5,7%, com dúvidas, o que denuncia um diálogo insuficiente em relação ao assunto.
Para Lopes24, a curiosidade sexual dos meninos é negligenciada porque são estimulados a serem ousados, sexualmente agressivos e determinados. Sobre isso, é possível dizer que a pouca atenção dada à educação sexual do menino pode estar ligada à crença da existência de um instinto sexual masculino, muitas vezes incontrolável que, por ser "natural", não precisa ser discutido e não demanda orientação.
Conclusão
Com base nos resultados apresentados, pode-se concluir que os participantes desse estudo têm iniciado suas relações sexuais em idade inferior (14,4 anos) à média nacional observada em outros estudos e que têm sua primeira relação sexual principalmente com parceiras eventuais, o que indica um caráter não programado da mesma e contribui para que nem sempre tomem medidas de precaução para DST/aids e gravidez justamente por não terem preservativo consigo.
Essa situação traduz aspectos ligados ao gênero muito presentes na constituição da masculinidade e que estimulam o homem ao início precoce da vida sexual como forma de provar-se homem para si próprio e para os demais. Outro aspecto está relacionado à crença amplamente disseminada de que um homem não tem controle sobre seus impulsos sexuais e que pode ser considerado menos másculo ao recusar-se a manter um relacionamento sexual. Essa situação contribui para colocar os homens de maneira geral e o homem adolescente em particular em situações de vulnerabilidade sexual.
O fato do início precoce da prática sexual ser considerado indicativo de masculinidade permite levantar a hipótese de que alguns participantes desse estudo tenham afirmado já tê-la iniciado por medo do que os outros meninos pensariam dele se vissem, em seu questionário, que não havia tido relacionamento sexual.
O principal motivo que os levou a ter primeira relação sexual foi a vontade, o tesão, o que demonstra que, para uma maioria significativa, a primeira experiência foi vivida em resposta ao desejo físico sem que existisse um relacionamento de afeto com a parceira. Isso é evidenciado também pelo fato de muitos terem tido a primeira relação sexual com ficantes, parceiras que muitas vezes conheceram no momento.
A maioria qualificou sua primeira relação sexual como boa/interessante e qualificaram positiva e negativamente a experiência. Entre os qualificadores positivos, destacaram-se a relação de afeto com a parceira, a adequação da situação, o conhecimento de si e da parceira propiciado pela experiência, bem como a possibilidade de contar aos amigos, provando publicamente sua masculinidade heterossexual. O local onde ocorreu a relação foi apontado como um ponto positivo e negativo na avaliação da primeira relação sexual.
É interessante observar que há ciência sobre a importância do uso do preservativo, pois dentre os que já tiveram relações sexuais, a maioria o usou na primeira relação, número que sofre uma leve decaída quando se trata de todas as outras relações. Mesmo com a queda, esse é um percentual importante e que permite uma avaliação dos esforços feitos nos últimos anos em educação em saúde para prevenção de DST/aids.
Quanto à parceria, os participantes também levam em conta o envolvimento emocional para manter uma relação sexual, pois muitos relataram fazer sexo somente com alguém que gostem e com parceiras fixas. Em razão da forma de elaboração da questão que abordava esse aspecto, não foi possível identificar relacionamentos com parceiros do mesmo sexo, o que torna essa uma questão interessante para ser abordada em trabalhos posteriores.
A grande maioria apontou pelo menos um meio de obtenção de informações sobre sexualidade, prevalecendo os amigos e a televisão, os quais superam a casa e a escola. A maioria relata sentir-se à vontade para conversar sobre o assunto, sem especificar com quem faz isso. Mesmo assim, é importante considerar que aproximadamente um terço dos participantes se sentem intimidados, desconfortáveis, envergonhados e com dificuldade para falar sobre sexo.
Isso dá um indicativo da insuficiência do diálogo sobre o assunto com adolescentes do sexo masculino, sugerindo negligência para com a curiosidade sexual destes, como se por ser o sexo considerado instintivo no homem também por uma norma de gênero, compreendessem naturalmente as modificações que ocorrem consigo próprios nesse terreno. Há aqui um espaço aberto para atuação de profissionais da saúde cientes de que adolescência e sexualidade na adolescência são processos que ultrapassam o corpo biológico e as idades delimitadas para envolver especificidades tais como as de gênero. Pensando assim, o homem poderia, em qualquer idade e especialmente na adolescência, receber atenção como sujeito de direitos no campo sexual e reprodutivo, deixando de ser considerado como coadjuvante na melhoria das condições de saúde da mulher.
Colaboradores
D Gubert foi autora da pesquisa que deu origem a este artigo e, neste, participou da concepção do artigo, da interpretação dos dados e da redação. VSF Madureira orientou a pesquisa e, neste, participou da concepção do artigo, da interpretação dos dados, da redação e da revisão final.
Aprovado em 27/02/2007
Versão final apresentada em 13/13//2007
- 1. Diógenes MAR, Varela ZMV. Autocuidado da adolescente na vivência da sexualidade. Nursing 2003;61(6):20-24.
- 2. Heilborn ML. Experiência da sexualidade, reprodução e trajetórias biográficas juvenis. In: In: Heilborn ML, Aquino EML, Bozon M, Knauth D, organizadores. O aprendizado da sexualidade: reprodução e trajetórias sociais de jovens brasileiros Rio de Janeiro: Fiocruz; 2006. p.29-59.
- 3. Leal AF, Knauth DR. A relação sexual como uma técnica corporal: representações masculinas dos relacionamentos afetivo-sexuais. Cad Saúde Pública 2006;22(7):1375-1384.
- 4. Aquino EML, Heilborn ML, Knauth D, Bozon M, Almeida MC, Araújo J, Menezes G. Adolescência e reprodução no Brasil: a heterogeneidade dos perfis sociais. Cad Saúde Pública 2003;19(Supl 2):S377-S88.
- 5. Grimberg M. Iniciación sexual, prácticas sexuales y prevención al VIH/SIDA en jóvenes de sectores populares: un análisis antropológico de género. Horizon Antropol 2002;8(17):47-75.
- 6. Feliciano KVO. Prevenção de aids entre os jovens: significados das praticas e os desafios à técnica. Rev Bras Saude Mater Infant 2005;5(4):429-438.
- 7. Melo SAFM, Santana JSS. Sexualidade concepções, valores e conduta entre universitários de biologia da UEFS. Rev Baiana Saúde Publica 2005;29(2):149-159.
- 8. Louro GL, Neckel JF, Goellner SV. Corpo, gênero e sexualidade: discussões. Rev Estud Fem 2005;13(1):179-199.
- 9. Parisotto L, Guaragna KBA, Vasconcelos MC, Strassburger M, Zunta MH, Melo WV. Diferença de gênero no desenvolvimento pessoal: integração dos paradigmas biológicos, psicanalíticos e evolucionistas. Rev psiquiatr Rio Gd Sul 2003;25(Supl 1):75-87.
- 10. Brasil. Ministério da Saúde. Pesquisa sobre comportamento sexual e percepções da população brasileira sobre HIV/AIDS Brasília: Coordenação Nacional de DST e AIDS; 2000.
- 11. Borges ALV, Schor N. Início da vida sexual na adolescência e relações de gênero: um estudo transversal em São Paulo, Brasil, 2002. Cad Saúde Pública 2005;21(2):499-507.
- 12. Béria J. Ficar, transar: a sexualidade do adolescente em tempos de AIDS Porto Alegre: Tomo Editorial; 1998.
- 13 Almeida MCC, Aquino EML, Gaffikin L, Magnani RJ. Uso da contracepção por adolescentes de escolas públicas da Bahia. Rev. Saúde Pública 2003;37:566-575.
- 14. Bozon M, Heilborn ML. Iniciação à sexualidade: modos de socialização, interações de gênero e trajetórias individuais. In: Heilborn ML, Aquino EML, Bozon M, Knauth D, organizadores. O aprendizado da sexualidade: reprodução e trajetórias sociais de jovens brasileiros Rio de Janeiro: Fiocruz;2006. p.155-206.
- 15. Rieth F. A iniciação sexual na juventude de mulheres e homens. Horiz Antropol 2002;8(17):77-91.
- 16. Teixeira AMFB, Knauth DR, Fachel JMG, Leal AF. Adolescentes e uso de preservativos: as escolhas dos jovens de três capitais brasileiras na iniciação e na última relação sexual. Cad Saúde Pública 2006;22(7):1385-1396.
- 17. Silva SP. Consideração sobre relacionamentos amorosos entre adolescentes. Cad CEDES 2002;22(57):23-43.
- 18. Salem T. "Homem... já viu né?": representações sobre sexualidade e gênero entre homens de classe popular. In: Heilborn ML, organizador. Família e sexualidade 1Ş ed. Rio de Janeiro: FGV; 2004. p.15-61.
- 19. Borges LVB, Schor N. Homens adolescentes e vida sexual: heterogeneidades nas motivações que cercam a iniciação sexual. Cad Saúde Pública 2007;23(1):225-234.
- 20. Welzer-Lang D. A construção do masculino: dominação das mulheres e homofobia. Rev Estud Fem 2001;9(2):460-481.
- 21. Pirotta KCM. Não há guarda-chuva contra o amor:estudo do comportamento reprodutivo e de seu universo simbólico entre jovens universitários da USP [tese]. São Paulo (SP): Faculdade de Saúde Pública; 2002.
-
22Brasil. Ministério da Saúde. Marco teórico e referencial: saúde sexual e saúde reprodutiva de adolescentes e jovens (versão preliminar). Brasília: Ministério da Saúde; 2006.
- 23. Madureira VSF. A visão masculina nas relações de poder no casal heterossexual como subsídio para a educação em saúde na prevenção de DST/aids [tese] Florianópolis (SC): Universidade Federal de Santa Catarina; 2005.
- 24. Lopes G. Sexualidade humana 2Ş ed. Rio de Janeiro: Medsi; 1993.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
18 Nov 2008 -
Data do Fascículo
Dez 2008
Histórico
-
Aceito
27 Fev 2007 -
Recebido
27 Fev 2007