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Conhecimento, atitude e prática de universitários intercambistas africanos acerca das Infecções Sexualmente Transmissíveis

Conocimiento, actitud y práctica de estudiantes africanos de intercambio sobre las infecciones de transmisión sexual

RESUMO

Objetivo

avaliar o conhecimento, a atitude e a prática de universitários intercambistas provenientes do continente africano acerca das Infecções Sexualmente Transmissíveis.

Método

estudo transversal, realizado de dezembro de 2019 a março de 2020, em universidade pública internacional brasileira localizada no Ceará. A amostra foi constituída por 150 estudantes africanos de diferentes cursos de graduação. Utilizou-se do inquérito de Conhecimento, Atitude e Prática.

Resultados

os universitários apresentaram conhecimento satisfatório acerca da forma de transmissão das Infecções Sexualmente Transmissíveis, porém, com deficiências a respeito das hepatites virais. Identificou-se associação entre sexo e atitude acerca do uso de preservativo em relação sexual com parceria fixa (p=0,042). No que se refere às práticas, houve associação entre sexo e uso do preservativo na primeira relação sexual (p=0,001), ter mais que um parceiro (p=0,001) e mais que dez parceiros em toda a vida (0,007). No que se relaciona às práticas sexuais nos últimos 12 meses, observou-se associação estatística entre ter relações sexuais com mais de um parceiro sexual e sexo do participante (p=0,001).

Conclusão e implicações para a prática

enfatiza-se a importância de a universidade pesquisada realizar atividades de educação em saúde que abordem Infecções Sexualmente Transmissíveis, bem como de extensão universitária, que envolvam alunos imigrantes africanos.

Palavras-chave:
África; Conhecimentos, Atitudes e Práticas em Saúde; Infecções Sexualmente Transmissíveis; Promoção da Saúde; Universidades

RESUMEN

Objetivo

evaluar el conocimiento, la actitud y la práctica de estudiantes de intercambio del continente africano sobre las Infecciones de Transmisión Sexual.

Método

estudio transversal, realizado de diciembre de 2019 a marzo de 2020, en una universidad pública internacional brasileña ubicada en Ceará. La muestra estuvo compuesta por 150 estudiantes africanos de diferentes cursos de pregrado. Se utilizó la encuesta de Conocimiento, Actitud y Práctica.

Resultados

los universitarios mostraron conocimientos satisfactorios sobre la transmisión de Infecciones de Transmisión Sexual, sin embargo, con deficiencias sobre las hepatitis virales. Se identificó asociación entre el sexo y la actitud sobre el uso del preservativo en las relaciones sexuales con pareja estable (p=0,042). En cuanto a las prácticas, hubo asociación entre sexo y uso de preservativo en la primera relación sexual (p=0,001), tener más de una pareja (p=0,001) y tener más de diez parejas en la vida (0,007). En cuanto a las prácticas sexuales en los últimos 12 meses, hubo asociación estadística entre tener sexo con más de una pareja sexual y el género del participante (p=0,001).

Conclusión e implicaciones para la práctica

se destaca la importancia de que la universidad investigada realice actividades de educación en salud que aborden las Infecciones de Transmisión Sexual, así como actividades de extensión universitaria, involucrando estudiantes inmigrantes africanos.

Palabras clave:
África; Conocimientos, Actitudes y Prácticas en Salud; Infecciones de Transmisión Sexual; Promoción de la salud; Universidades

ABSTRACT

Objective

to evaluate the knowledge, attitude and practice of university exchange students from the African continent about Sexually Transmitted Infections.

Method

a cross-sectional study, conducted from December 2019 to March 2020, in a public international Brazilian university located in Ceará. The sample consisted of 150 African students from different undergraduate courses. It was used the survey of Knowledge, Attitude and Practice.

Results

the students showed satisfactory knowledge about the form of transmission of Sexually Transmitted Infections, however, with deficiencies regarding viral hepatitis. An association between sex and attitude about condom use in sexual intercourse with a fixed partner was identified (p=0.042). Regarding the practices, there was an association between sex and condom use in the first sexual relation (p=0.001), having more than one partner (p=0.001) and more than ten partners in the whole life (0.007). Regarding sexual practices in the last 12 months, there was a statistical association between having sex with more than one sexual partner and the participant's sex (p=0.001).

Conclusion and implications for practice

the importance of the university researched carrying out health education activities that address Sexually Transmitted Infections, as well as university extension activities that involve African immigrant students, is emphasized.

Keywords:
Africa; Health Knowledge, Attitudes and Practices; Sexually Transmitted Infections; Health Promotion; Universities

INTRODUÇÃO

As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) constituem infortúnio de saúde pública em razão da magnitude e das barreiras de acesso ao tratamento adequado.11 Pinto VM, Basso CR, Barros CRS, Gutierrez EB. Fatores associados às infecções sexualmente transmissíveis: inquérito populacional no município de São Paulo, Brasil. Cien Saude Colet. 2018 jul;23(7):2423-32. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232018237.20602016. PMid:30020394.
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Estimou-se que, em 2016, foram identificados 376,4 milhões de casos incidentes, sendo: 127,2 milhões de casos de clamídia; 86,9 milhões de gonorreia; 156,0 milhões de tricomoníase e 6,3 milhões de sífilis.22 Rowley J, Vander Hoorn S, Korenromp E, Low N, Unemo M, Abu-Raddad LJ et al. Chlamydia, gonorrhoea, trichomoniasis and syphilis: global prevalence and incidence estimates, 2016. Bull World Health Organ. 2019 ago 1;97(8):548-562P. http://dx.doi.org/10.2471/BLT.18.228486. PMid:31384073.
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A região africana apresenta alta prevalência desse tipo de infecção. No que concerne às referidas quatro IST curáveis, o número total de novos casos no continente africano foi estimado em 63 milhões, correspondendo a cerca de 18% da incidência global.22 Rowley J, Vander Hoorn S, Korenromp E, Low N, Unemo M, Abu-Raddad LJ et al. Chlamydia, gonorrhoea, trichomoniasis and syphilis: global prevalence and incidence estimates, 2016. Bull World Health Organ. 2019 ago 1;97(8):548-562P. http://dx.doi.org/10.2471/BLT.18.228486. PMid:31384073.
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Quanto à faixa etária, a cada ano, quatro milhões de jovens tornam-se sexualmente ativos, portanto, vulneráveis às IST.33 Sales W, Caveião C, Visentin A, Mocelin D, Costa P, Simm E. Risky sexual behavior and knowledge of STIs/AIDS among university health students. Rev Enferm Referência. 2016;4(10):19-28. http://dx.doi.org/10.12707/RIV16019.
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,44 Spindola T, Santana RSC, Costa CMA, Martins ERC, Moerbeck NT, Abreu TDO. Não vai acontecer: percepção de universitários sobre práticas sexuais e vulnerabilidade às infecções sexualmente transmissíveis. Rev Enferm UERJ. 2020 ago 31;28:e49912. http://dx.doi.org/10.12957/reuerj.2020.49912.
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Nos países de menores condições socioeconômicas, como a África, é vista maior vulnerabilidade desse público às IST, sendo as mulheres jovens e adolescentes as mais acometidas devido a fatores relacionados à baixa escolaridade, ao processo de migração, à carência de emprego, de acesso à alimentação de qualidade e à orfandade.55 Comins CA, Rucinski KB, Baral S, Abebe SA, Mulu A, Schwartz SR. Vulnerability profiles and prevalence of HIV and other sexually transmitted infections among adolescent girls and young women in Ethiopia: a latent class analysis. PLoS One. 2020 maio 14;15(5):e0232598. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0232598. PMid:32407394.
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No contexto das IST no cenário universitário, percebe-se que a população jovem está em maior vulnerabilidade em decorrência de comportamentos menos eficazes para a prevenção destas patologias. Estudos apontaram que os jovens universitários brasileiros possuem conhecimento deficitário em relação à transmissão das IST e apresentam baixa percepção de risco de serem infectados, bem como possuem práticas vulneráveis, tornando-os suscetíveis às IST.66 Fonte VRF, Spindola T, Francisco MTR, Sodré CP, André NLNO, Pinheiro CDP. Young university students and the knowledge about sexually transmitted infectionsa. Esc Anna Nery. 2018;22(2):e20170318. http://dx.doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2017-0318.
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,77 Fonte VRF, Spindola T, Lemos A, Francico MTR, Oliveira CSR. Knowledge and perception of risks related to sexually trasmissible infections among young university students. Cogitare Enferm. 2018;23(1):e55903. http://dx.doi.org/10.5380/ce.v23i3.55903.
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Isso ocorre em virtude de os universitários terem maior probabilidade de apresentar condutas inadequadas à saúde, pois este é um momento considerado de descobertas e período de iniciação da vida sexual da maioria dos jovens, os quais, em alguns momentos, acabam praticando sexo sem proteção.88 Borges MR, Santos ÁS, Da Silveira RE, Lippi UG. Sexual behaviour among initial academic students. Rev Pesqui Cuid É Fundam Online. 2015 Apr 1;7(2):2505-15. http://dx.doi.org/10.9789/2175-5361.2015.v7i2.2505-2515.
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Revisão sistemática realizada em 35 países do continente africano evidenciou a necessidade de realizar pesquisas sobre as IST, pois, ainda, há déficit de conhecimento, falsas crenças, dificuldade em saber formas de aquisição das infecções e desenvolvimento de muitas práticas inadequadas, inclusive sobre o uso do preservativo.99 Badawi MM, SalahEldin MA, Idris AB, Hasabo EA, Osman ZH, Osman WM. Knowledge gaps of STIs in Africa; Systematic review. PLoS One. 2019 set 12;14(9):e0213224. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0213224. PMid:31513584.
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A sexualidade é um assunto importante, principalmente no período da adolescência e do adulto jovem, pois, na sociedade atual, verifica-se um número elevado de gravidez indesejada e maior exposição às IST.33 Sales W, Caveião C, Visentin A, Mocelin D, Costa P, Simm E. Risky sexual behavior and knowledge of STIs/AIDS among university health students. Rev Enferm Referência. 2016;4(10):19-28. http://dx.doi.org/10.12707/RIV16019.
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Pesquisa que envolveu mulheres imigrantes brasileiras e africanas em Portugal apontou importantes lacunas no conhecimento sobre a transmissão e prevenção de IST, sobretudo entre as participantes africanas. Essa limitação pode resultar em implicações na adoção de práticas sexuais seguras, sendo fundamental investimento na área da informação sobre as medidas preventivas.1010 Rocha CMF, Dias SF, Gama AF. Conhecimentos sobre o uso de contraceptivos e prevenção de DST: a percepção de mulheres imigrantes. Cad Saude Publica. 2010 maio;26(5):1003-12. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2010000500022. PMid:20563400.
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Portanto, o conhecimento sobre o uso do preservativo e os riscos que se sucedem às relações sexuais desprotegidas é fundamental para que os jovens possam praticar sexo de forma segura, correta e saudável, garantindo a prevenção de infecções.1111 Almeida RAAS, Corrêa RGCF, Rolim ILTP, Hora JM, Linard AG, Coutinho NPS et al. Knowledge of adolescents regarding sexually transmitted infections and pregnancy. Rev Bras Enferm. 2017 out;70(5):1033-9. http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0531. PMid:28977231.
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Neste sentido, as universidades configuram local adequado para disseminar conhecimentos e sensibilizar as pessoas sobre práticas adequadas de saúde, formas de enfrentamento das IST e capacitação de jovens.77 Fonte VRF, Spindola T, Lemos A, Francico MTR, Oliveira CSR. Knowledge and perception of risks related to sexually trasmissible infections among young university students. Cogitare Enferm. 2018;23(1):e55903. http://dx.doi.org/10.5380/ce.v23i3.55903.
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Logo, torna-se relevante o levantamento de dados e a análise dos conhecimentos, das atitudes e práticas em saúde sobre IST entre jovens africanos universitários, visto que são mais vulneráveis às IST, permitindo traçar o perfil desses jovens e conhecer as principais vulnerabilidades de modo a fornecer informações importantes quanto à necessidade de implementação de estratégias educativas para a sensibilização desse público-alvo em relação à prevenção de IST.

A realização do estudo é justificada pela contribuição ao conhecimento existente e às lacunas sobre IST em universitários de países africanos com a finalidade de alertar as autoridades competentes para a elaboração de práticas de cuidado à saúde e prevenção de IST no espaço universitário, sobretudo, pela incidência desse problema na população jovem. Além disto, propõe-se a reflexão entre a comunidade científica nacional e internacional, gestores e profissionais no que concerne ao enfrentamento e manejo assertivos desse problema de saúde pública.

Em virtude do exposto, objetivou-se avaliar o conhecimento, a atitude e a prática de universitários do continente africano acerca das IST.

MÉTODO

Trata-se de um estudo descritivo, transversal, com abordagem quantitativa, que utilizou o inquérito de Conhecimento, Atitude e Prática (CAP), o qual proporciona caminho para a coleta de dados de determinada população, favorecendo a elaboração de intervenções voltadas para as necessidades identificadas pelo instrumento.1212 Brasil. Ministério da Saúde. Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas na População Brasileira - 2013 [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2016 [citado 2021 maio 10]. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2016/pesquisa-de-conhecimentos-atitudes-e-praticas-na-populacao-brasileira-pcap-2013
http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2016/pe...

O estudo foi conduzido de dezembro de 2019 a março de 2020. Dentre as universidades do Brasil, elegeu-se a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), universidade pública federal com atividades administrativas e acadêmicas concentradas nos Estados brasileiros do Ceará e da Bahia, a qual tem como missão formar recursos humanos para contribuir com a integração entre o Brasil e os demais países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.1313 UNILAB: Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira [Internet]. 2022 [citado 2022 fev 10]. Disponível em: https://unilab.edu.br/
https://unilab.edu.br/...

A UNILAB fundamenta as ações no intercâmbio acadêmico e solidário com Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Para o primeiro semestre de 2020, possuía 4997 alunos matriculados em cursos de graduação, sendo 1.169 estudantes africanos.1313 UNILAB: Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira [Internet]. 2022 [citado 2022 fev 10]. Disponível em: https://unilab.edu.br/
https://unilab.edu.br/...
No período de realização do estudo, as residências universitárias estavam em construção, sendo ofertado, pela universidade, o Programa de Assistência ao Estudante, o qual beneficia o estudante com auxílio socioeconômico de moradia diante do perfil de vulnerabilidade.

A população do estudo foi constituída por 897 estudantes africanos de diferentes cursos de graduação presencial nos campi do Ceará no primeiro semestre de 2020: Administração Pública, Agronomia, Antropologia, bacharelado em Humanidades, Ciências Biológicas, Ciências da Natureza e Matemática, Engenharia de Computação, Engenharia de Energias, Física, História, Letras – Língua Portuguesa, Matemática, Pedagogia, Química e Sociologia. Utilizou-se da amostragem não probabilística por conveniência, totalizando uma amostra de 150 universitários, que foram abordados nas dependências da universidade durante os intervalos de aulas ou tempo livre.

Incluíram-se estudantes africanos, regularmente matriculados em curso de graduação presencial, com idade maior ou igual a 18 anos. Excluíram-se universitários dos cursos de Enfermagem e Farmácia, pois, na matriz curricular dos cursos, há disciplinas que abordam o assunto, podendo gerar viés na pesquisa; aqueles que estavam de licença no momento da coleta e que tivessem outra nacionalidade que não fosse africana, como os estudantes de Timor-Leste.

A coleta de dados foi desenvolvida de dezembro de 2019 a março de 2020. Inicialmente, apresentou-se, para os estudantes, o projeto de pesquisa, principalmente o objetivo e o procedimento metodológico. Aplicou-se o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e, em seguida, solicitou-se o preenchimento de questionário estruturado e adaptado a partir do manual do Ministério da Saúde sobre a Pesquisa Conhecimento, Atitude e Prática (PCAP) de 2013, que possibilitou a análise e a avaliação do comportamento da população estudada.99 Badawi MM, SalahEldin MA, Idris AB, Hasabo EA, Osman ZH, Osman WM. Knowledge gaps of STIs in Africa; Systematic review. PLoS One. 2019 set 12;14(9):e0213224. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0213224. PMid:31513584.
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O questionário abordava informações sociodemográficas e a avaliação do conhecimento, da atitude e da prática acerca dos sinais e sintomas, formas de transmissão, prevenção e tratamento das IST.

Os estudantes foram recrutados nos espaços da universidade, como restaurante universitário, bibliotecas e salas de aula. Após, garantiu-se espaço para que os participantes respondessem aos instrumentos, em tempo livre. O pesquisador esteve presente junto ao respondente durante o período, recolhendo o instrumento ao final.

Os dados obtidos foram organizados em planilha do programa Microsoft Office Excel® e processados no software Jamovi®. A análise exploratória dos dados ocorreu por meio de frequências absolutas e relativas, medidas de tendência central como a média e medida de dispersão como o desvio-padrão. Os testes qui-quadrado de Pearson e o teste exato de Fisher foram utilizados para verificar a associação entre variáveis.1414 Vieira S. Bioestatística: tópicos avançados. 4a ed. Barueri: Guanabara Koogan; 2018. Os resultados foram apresentados por meio de tabelas. Não foi avaliada a normalidade da amostra, pois, dentre os testes utilizados, a média e o desvio-padrão não foram dados como parâmetros.1414 Vieira S. Bioestatística: tópicos avançados. 4a ed. Barueri: Guanabara Koogan; 2018.

Consideraram-se os princípios éticos de pesquisas que envolvem seres humanos, conforme a Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, via Plataforma Brasil, de acordo com o Parecer nº 3.701.529 e Certificado de Apresentação para Apreciação Ética nº 19713019.5.0000.5576.

RESULTADOS

Dos 150 participantes do estudo, 70,67% (n=106) eram do sexo masculino e 29,33% (n=44), do feminino. A idade média dos participantes foi de 24,71 anos (DP: 2,77), com idade mínima de 20 anos e máxima de 31. Constatou-se que 68% (n=102) não possuíam parceria fixa e 32,00% (n=48) possuíam. No que se refere ao país de origem, 78% (n=117) eram de Guiné-Bissau, 16,67% (n=25), da Angola, 2,67% (n=4), de Moçambique, 2% (n=3), de Cabo-Verde e 0,67% (n=1), de São Tomé e Príncipe.

Na Tabela 1, consta a distribuição dos participantes quanto ao conhecimento acerca das formas de transmissão de algumas doenças.

Tabela 1
- Distribuição dos participantes do estudo segundo o conhecimento acerca das formas de transmissão de algumas doenças. Redenção, CE, 2020.

Verificou-se déficit no conhecimento dos universitários quando questionados acerca das formas de transmissão de algumas patologias. A maioria dos estudantes não sabia a forma de transmissão das hepatites (n=83; 55,33%). O HIV/Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) foi a infecção mais reconhecida pelos estudantes (n=131; 87,34%).

A Tabela 2 apresenta a associação entre as atitudes acerca das IST e o sexo dos participantes.

Tabela 2
- Associação entre as atitudes acerca das Infecções Sexualmente Transmissíveis e o sexo dos participantes. Redenção, CE, 2020.

Na Tabela 3, identificou-se associação estatística entre o uso do preservativo na primeira relação sexual e o número de parcerias sexuais ao sexo dos participantes.

Tabela 3
- Associação das práticas sexuais e o sexo dos participantes. Redenção, CE, 2020.

Referente às práticas sexuais nos últimos 12 meses, observou-se associação estatística entre ter relações sexuais com mais de um parceiro sexual e o sexo do estudante conforme a Tabela 4.

Tabela 4
- Associação das práticas sexuais nos últimos 12 meses e o sexo dos participantes. Redenção, CE, 2020.

Verificou-se que 44% (n=66) não tiveram relações sexuais com parceiro que tem ou já teve corrimento uretral. Quando questionadas sobre a ocorrência de afecções ginecológicas, 61,54% (n=24) das mulheres entrevistadas afirmaram que fizeram algum tipo de tratamento. Além disso, 32,43% (n=12) não procuraram atendimento na última vez que tiveram algum desses problemas.

Quando os universitários foram questionados quanto ao local de realização do último teste para Aids, 30,67% (n=46) afirmaram ter feito na universidade, 27,33% (n=41), na rede pública de saúde e 25,33% (n=38) nunca fizeram ou não se lembram. O principal motivo para a realização do último teste para Aids foi curiosidade (37,33%; n=56). Quanto à sexarca, identificou-se a idade média de 16,53 anos (DP:2,73).

O quantitativo de 84,56% (n=126) dos universitários concordou que o uso de álcool ou drogas pode fazer com que as pessoas tenham relações sexuais sem preservativo e que essa situação não foi vivenciada pelos participantes (n=122; 81,33%).

DISCUSSÃO

Constatou-se, neste estudo, que os universitários eram jovens, destacando-se que a literatura mostra que a prevalência das IST é bem maior entre a população de adultos jovens e com vida sexual ativa. De fato, esta é uma fase da vida em que se verificam várias características comportamentais de risco como o sexo sem uso do preservativo, sob efeito de álcool, sexo não planejado e/ou por causa do uso de drogas ilícitas e sexo desprotegido por desconhecimento dos métodos de barreira.66 Fonte VRF, Spindola T, Francisco MTR, Sodré CP, André NLNO, Pinheiro CDP. Young university students and the knowledge about sexually transmitted infectionsa. Esc Anna Nery. 2018;22(2):e20170318. http://dx.doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2017-0318.
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,1515 Gravata A, Castro R, Borges-Costa J. Estudo dos Fatores Sociodemográficos Associados à Aquisição de Infeções Sexualmente Transmissíveis em Estudantes Estrangeiros em Intercâmbio Universitário em Portugal. Acta Med Port. 2016 jun 30;29(6):360-6. http://dx.doi.org/10.20344/amp.6992. PMid:27865215.
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Quanto ao sexo, verificou-se que a maioria dos participantes do estudo era do sexo masculino. Um estudo mostrou que os homens, pelo fato de procurarem menos o serviço de saúde, acabam sendo os que mais apresentam infecções crônicas, uma vez que as mulheres procuram mais os serviços de saúde e de forma precoce, diante de qualquer sinal e/ou sintoma, apesar de este ser o sexo que tem maior vulnerabilidade às IST.44 Spindola T, Santana RSC, Costa CMA, Martins ERC, Moerbeck NT, Abreu TDO. Não vai acontecer: percepção de universitários sobre práticas sexuais e vulnerabilidade às infecções sexualmente transmissíveis. Rev Enferm UERJ. 2020 ago 31;28:e49912. http://dx.doi.org/10.12957/reuerj.2020.49912.
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,1515 Gravata A, Castro R, Borges-Costa J. Estudo dos Fatores Sociodemográficos Associados à Aquisição de Infeções Sexualmente Transmissíveis em Estudantes Estrangeiros em Intercâmbio Universitário em Portugal. Acta Med Port. 2016 jun 30;29(6):360-6. http://dx.doi.org/10.20344/amp.6992. PMid:27865215.
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,1616 Bastos VD, Araújo CLF, Loureiro TPC, Torres MS. Projeto Papo Sério: Ações de saúde sexual e prevenção das DST/AIDS entre adolescentes. Extramur - Rev Ext Univasf [Internet]. 2015 [citado 2021 jun 16];3(3):51-61. Disponível em: https://www.periodicos.univasf.edu.br/index.php/extramuros/article/view/817
https://www.periodicos.univasf.edu.br/in...

No que concerne à descendência, adolescentes afro-americanos possuem comportamento sexual mais ativo (sexo vaginal, oral ou anal), em comparação com os pares de outras raças, especialmente pelos fatores contextuais, incluindo pobreza e violência.1717 Harris AL, Fantasia HC, Castle CE. Father 2 Son: The Impact of African American Father–Son Sexual Communication on African American Adolescent Sons’ Sexual Behaviors. Am J Mens Health. 2019 jan 1;13(1):1557988318804725. http://dx.doi.org/10.1177/1557988318804725. PMid:30311826.
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Isso enfatiza a discussão acerca do racismo estrutural presente nas sociedades marcadas pela escravização da população negra e evidencia que fatores sociais exercem significativa influência na prática sexual. Assim, um dos fatores que podem contribuir para a diminuição dos comportamentos sexuais de risco em adolescentes afro-americanos do sexo masculino seria a melhor comunicação pai-filho acerca da educação sexual.1717 Harris AL, Fantasia HC, Castle CE. Father 2 Son: The Impact of African American Father–Son Sexual Communication on African American Adolescent Sons’ Sexual Behaviors. Am J Mens Health. 2019 jan 1;13(1):1557988318804725. http://dx.doi.org/10.1177/1557988318804725. PMid:30311826.
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No contexto africano, é predominante o grupo populacional de negros, o que fortalece a necessidade de intervenções de saúde sexual para melhorar o bem-estar sexual desse público. Uma metanálise que envolveu 29 estudos, incluindo 11.918 adolescentes negros, evidenciou que estes enfrentam barreiras interpessoais, comunitárias e sistêmicas para praticar um comportamento sexual seguro, como pobreza, discriminação e racismo. Porém, a implementação de intervenções de saúde sexual pode favorecer o uso de preservativo (Cohen d = 0,25; 95% CI, 0,11-0,39) e melhorar o conhecimento sobre a saúde sexual (Cohen d = 0,46; IC 95%, 0,30-0,63).1818 Evans R, Widman L, Stokes MN, Javidi H, Hope EC, Brasileiro J. Association of Sexual Health Interventions With Sexual Health Outcomes in Black Adolescents: A Systematic Review and Meta-analysis. JAMA Pediatr. 2020 jul 1;174(7):676-89. http://dx.doi.org/10.1001/jamapediatrics.2020.0382. PMid:32310261.
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Verificou-se que as intervenções mais efetivas para esse público devem ser realizadas no ambiente escolar, visando a diminuir as disparidades raciais na saúde e englobar a dupla prevenção de gravidez e IST, pois o estudo mais recentes aponta padrão de comportamento problemático ao aderir apenas a métodos contraceptivos hormonais e dispositivos intrauterinos e não a métodos que protegem contra a infecção pelo HIV e outras IST.1818 Evans R, Widman L, Stokes MN, Javidi H, Hope EC, Brasileiro J. Association of Sexual Health Interventions With Sexual Health Outcomes in Black Adolescents: A Systematic Review and Meta-analysis. JAMA Pediatr. 2020 jul 1;174(7):676-89. http://dx.doi.org/10.1001/jamapediatrics.2020.0382. PMid:32310261.
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Identificou-se o predomínio de estudantes sem parceria fixa, sendo considerada a maior vulnerabilidade às IST quando o sexo sem parceria é realizado sem o uso do preservativo. Um estudo realizado em Portugal com universitários de 46 nacionalidades diferentes verificou que pessoas sem parceria fixa, em especial, jovens, estão mais sujeitos a contrair algum tipo de IST, principalmente devido à multiplicidade de parceiros.1515 Gravata A, Castro R, Borges-Costa J. Estudo dos Fatores Sociodemográficos Associados à Aquisição de Infeções Sexualmente Transmissíveis em Estudantes Estrangeiros em Intercâmbio Universitário em Portugal. Acta Med Port. 2016 jun 30;29(6):360-6. http://dx.doi.org/10.20344/amp.6992. PMid:27865215.
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Neste sentido, o ambiente universitário torna-se fértil para problematizar esta temática e implementar atividades de promoção da saúde e prevenção das IST.

Comprovou-se que, de forma geral, os universitários apresentaram conhecimento e atitude adequados acerca da forma de transmissão do HIV/Aids, porém, há déficit em relação a outras IST menos divulgadas nas mídias sociais, como as hepatites virais. Logo, eles tornam-se vulneráveis a estas IST, uma vez que demonstraram desconhecimento sobre o meio de transmissão. Destaca-se que estudos discutiram sobre a fragilidade da divulgação das outras IST.33 Sales W, Caveião C, Visentin A, Mocelin D, Costa P, Simm E. Risky sexual behavior and knowledge of STIs/AIDS among university health students. Rev Enferm Referência. 2016;4(10):19-28. http://dx.doi.org/10.12707/RIV16019.
http://dx.doi.org/10.12707/RIV16019...
,88 Borges MR, Santos ÁS, Da Silveira RE, Lippi UG. Sexual behaviour among initial academic students. Rev Pesqui Cuid É Fundam Online. 2015 Apr 1;7(2):2505-15. http://dx.doi.org/10.9789/2175-5361.2015.v7i2.2505-2515.
http://dx.doi.org/10.9789/2175-5361.2015...
,1919 Santos CMA, Oliveira JDS, Lima SVMA, Santos AD, Góes MAO, Sousa LB. Men’s knowledge, attitudes and practice regarding sexually transmitted diseases. Cogitare Enferm. 2018 Jan 15;23(1):e54101. https://doi.org/10.5380/ce.v23i1.54101.
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Neste sentido, sugere-se o desenvolvimento de atividades educativas que empoderem os jovens sobre as IST, formas de transmissão e locais onde podem buscar orientações de profissionais da saúde.

Um estudo que abordou mulheres não jovens imigrantes africanas em Portugal apontou lacunas no conhecimento sobre a transmissão e prevenção de IST, sendo argumentado que a vulnerabilidade a essas doenças está relacionada ao comportamento sexual adotado pelo parceiro. A questão cultural entre povos é importante fator nas relações sexuais, sendo vista entre as mulheres africanas a dificuldade de “negociar” o uso do preservativo com o parceiro, tendo oportunidades limitadas para adotar medidas de prevenção de IST.99 Badawi MM, SalahEldin MA, Idris AB, Hasabo EA, Osman ZH, Osman WM. Knowledge gaps of STIs in Africa; Systematic review. PLoS One. 2019 set 12;14(9):e0213224. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0213224. PMid:31513584.
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Em relação à prática dos universitários acerca das IST, evidenciou-se que a maioria dos estudantes universitários relatou ter iniciado a vida sexual na adolescência, achado semelhante à literatura, a qual demonstrou uma variação entre 16 e 18 anos.2020 Lim MSY, Hocking JS, Sanci L, Temple-Smith M, Lim MSY, Hocking JS et al. A systematic review of international students’ sexual health knowledge, behaviours, and attitudes. Sex Health. 2022;19(1):1-16. http://dx.doi.org/10.1071/SH21073. PMid:35177186.
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No entanto, ressalta-se que a maioria não usou camisinha na primeira relação sexual, fator que pode torná-la mais vulnerável e aumentar a incidência das IST. É válido salientar que os jovens possuem tabu para dialogar sobre esta temática e muitos acabam buscando informações em sites, com amigos e outras fontes que podem prejudicar o enfrentamento e o manejo das IST. Assim, a universidade necessita evidenciar assuntos relacionados à sexualidade, às IST, às formas de prevenção, à detecção, ao uso de métodos contraceptivos e de prevenção das IST.2121 Ciriaco NLC, Pereira LAAC, Campos-Júnior PHA, Costa RA. The importance of knowledge about Sexually Transmitted Infections (STI) among adolescents and the need for an approach that goes beyond biological conceptions. Rev Em Ext. 2019 set 18;18(1):63-80.

A maioria dos participantes do estudo afirmou ter mais do que um parceiro sexual em toda a vida, o que torna a população jovem um público mais vulnerável, pois, ainda, possui grande curiosidade acerca do ato sexual e, no ambiente acadêmico, os jovens estão mais propícios a marcar encontros e a buscarem conhecer-se de várias formas.44 Spindola T, Santana RSC, Costa CMA, Martins ERC, Moerbeck NT, Abreu TDO. Não vai acontecer: percepção de universitários sobre práticas sexuais e vulnerabilidade às infecções sexualmente transmissíveis. Rev Enferm UERJ. 2020 ago 31;28:e49912. http://dx.doi.org/10.12957/reuerj.2020.49912.
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,66 Fonte VRF, Spindola T, Francisco MTR, Sodré CP, André NLNO, Pinheiro CDP. Young university students and the knowledge about sexually transmitted infectionsa. Esc Anna Nery. 2018;22(2):e20170318. http://dx.doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2017-0318.
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Um estudo procedido no Brasil com os adultos jovens sem distinção de nacionalidade mostrou que 52% dessa população vive em situação de risco às IST.33 Sales W, Caveião C, Visentin A, Mocelin D, Costa P, Simm E. Risky sexual behavior and knowledge of STIs/AIDS among university health students. Rev Enferm Referência. 2016;4(10):19-28. http://dx.doi.org/10.12707/RIV16019.
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Neste estudo, verificou-se que a maioria dos universitários não usa camisinha em todas as relações sexuais. Desse modo, torna-se relevante a discussão acerca da importância do uso do preservativo para a prevenção das IST, uma vez que o costume de uso entre estudantes apresenta percentual muito abaixo do recomendado, pois, na maioria das vezes, não se utiliza camisinha e, quando se utiliza, há predominância do sexo masculino.2020 Lim MSY, Hocking JS, Sanci L, Temple-Smith M, Lim MSY, Hocking JS et al. A systematic review of international students’ sexual health knowledge, behaviours, and attitudes. Sex Health. 2022;19(1):1-16. http://dx.doi.org/10.1071/SH21073. PMid:35177186.
http://dx.doi.org/10.1071/SH21073...
,2222 Spindola T, Santana RSC, Antunes RF, Machado YY, Moraes PC. Prevention of sexually transmitted infections in the sexual scripts of young people: differences according to gender. Cienc Saude Colet. 2021;26:2683-92. https://doi.org/10.1590/1413-81232021267.08282021.
https://doi.org/10.1590/1413-81232021267...
,2323 Moreira LR, Dumith SC, Paludo SS. Condom use in last sexual intercourse among undergraduate students: how many are using them and who are they?. Cienc Saude Colet. 2018;23:1255-66. https://doi.org/10.1590/1413-81232018234.16492016.
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Pesquisa realizada em faculdade historicamente negra na Carolina do Norte, que envolveu 498 alunos do primeiro ano sexualmente ativos, buscou determinar os relatos de comportamentos sexuais de risco. Os achados apontaram que o elemento autoestima - “Eu tomo uma atitude positiva em relação a mim mesmo” (B=1,12, p=0,05) e “não uso preservativo por causa de problemas com o parceiro” (B=0,53, p=0,05) - aumentou o número desses comportamentos de risco, sendo fundamental a atuação de profissionais da saúde e líderes de comunidade no treinamento de facilitadores de pares, visando à intervenção centrada na autoestima e no sexo seguro.2424 Ellis WL. Risky sexual behaviors among sexually active first-year students matriculating at a historically Black college: Is a positive self-image an instigator? Soc Work Health Care. 2016 fev 7;55(2):125-43. http://dx.doi.org/10.1080/00981389.2015.1108949. PMid:26865429.
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Diante do exposto, percebe-se que o conhecimento dos jovens universitários, quando comparado com a literatura, demonstrou-se adequado sobre as algumas IST, porém, não se aplica o conhecimento nas práticas sexuais. Logo, nota-se que este comportamento evidencia que, mesmo tendo o conhecimento sobre meios de transmissões de algumas IST, não se garante a prática sexual adequada.33 Sales W, Caveião C, Visentin A, Mocelin D, Costa P, Simm E. Risky sexual behavior and knowledge of STIs/AIDS among university health students. Rev Enferm Referência. 2016;4(10):19-28. http://dx.doi.org/10.12707/RIV16019.
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CONCLUSÃO E IMPLICAÇÃO PARA A PRÁTICA

Este estudo avaliou o conhecimento, a atitude e a prática de universitários do continente africano acerca das IST. Observou-se que os universitários apresentaram conhecimento satisfatório acerca da forma de transmissão de IST, embora com deficiências acerca de outras como as hepatites virais. Observou-se associação estatística entre sexo e atitude acerca do uso de preservativo em relação sexual com parceria fixa. No que se refere às práticas, houve associação entre o sexo e o uso do preservativo na primeira relação sexual, ter mais que um parceiro e mais que dez parceiros em toda a vida. Referente às práticas sexuais nos últimos 12 meses, constatou-se associação estatística entre ter relações sexuais com mais de um parceiro sexual e o sexo do participante.

Enfatiza-se a importância de a universidade realizar atividades de educação em saúde que abordem IST, bem como atividades de extensão universitária que envolvam alunos imigrantes africanos, considerando os aspectos culturais. Essas ações estimulam debates entre os jovens universitários, conseguindo estimulá-los a adotar hábitos que promovam práticas sexuais seguras. Além disso, este estudo evidência a necessidade de as instituições de ensino promoverem local de prevenção e cuidado com a saúde sexual e reprodutiva de estudantes das mais diversas culturas.

As limitações deste estudo referem-se à amostragem por conveniência, ao número de participantes e à não investigação da raça, as quais podem suscitar lacunas quanto às generalizações. No entanto, destaca-se que o estudo tem papel importante referente ao cuidado em saúde sexual de jovens provenientes de outras culturas.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Jun 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    28 Dez 2021
  • Aceito
    12 Maio 2022
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