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Simulação e cooperação interdisciplinar e interinstitucional: desenvolvimento de competências do estudante de enfermagem em desastres

Simulación y cooperación interdisciplinaria e interinstitucional: desarrollo de competencias del estudiante de enfermería en desastres

Resumo

Objetivo

identificar a importância atribuída à utilização da prática simulada na ação pedagógica do estudante do Curso de Licenciatura em Enfermagem no domínio de desastres e no âmbito interdisciplinar e interinstitucional em Portugal.

Métodos

estudo enquadrado no paradigma qualitativo, apoiado no raciocínio indutivo e exploratório. Como técnica de coleta de dados, recorreu-se à entrevista semiestruturada, aplicada a coordenadores/diretores dos Cursos de Licenciatura em Enfermagem de escolas públicas e privadas de Portugal.

Resultados

a metodologia de simulação no domínio de desastres constitui uma estratégia de ensino/aprendizagem, para os estudantes de enfermagem desenvolverem competências nesse âmbito. Este tipo de metodologia de ensino/aprendizagem terá maior vantagem, se realizada em parceria com organizações que intervêm nas operações de proteção e socorro e de âmbito interdisciplinar, uma vez que potencializa a qualidade de prevenção e de resposta de todos os atores envolvidos.

Considerações finais e implicações para a prática

face à complexidade específica e à imprevisibilidade das situações de desastres, o estabelecimento de parcerias estratégicas de cooperação com organizações com responsabilidade nesse domínio, que promova nos estudantes de enfermagem o desenvolvimento de competências e diminua a visão determinística errada das organizações, relativamente à capacidade de o estudante integrar estas ações, é fundamental.

Palavras-chave:
Desastres; Estudantes de Enfermagem; Equipe Interdisciplinar de Saúde; Treinamento por Simulação

Resumen

Objetivo

identificar la importancia atribuida al uso de la práctica simulada en la acción pedagógica del estudiante del Curso de Pregrado en Enfermería en el dominio de los desastres y en el ámbito interdisciplinario e interinstitucional en Portugal.

Método

s: estudio enmarcado en el paradigma cualitativo, apoyado en el pensamiento inductivo y exploratorio. Como técnica de los datos, se aplicaron entrevistas semiestructuradas a los coordinadores/directores de escuelas de enfermería públicas y privadas de Portugal.

Resultados

la metodología de simulación en el ámbito de las catástrofes es una estrategia de enseñanza/aprendizaje para que los estudiantes de enfermería desarrollen competencias en este ámbito. Este tipo de metodología de enseñanza/aprendizaje será más ventajosa si se realiza en alianza con organizaciones que intervienen en operaciones de protección y socorro y en un ámbito interdisciplinario, ya que mejora la calidad de la prevención y respuesta de todos los actores involucrados.

Consideraciones finales e implicaciones para la práctica

dada la complejidad específica e imprevisibilidad de las situaciones de desastre, el establecimiento de alianzas estratégicas de cooperación con organizaciones con responsabilidad en este dominio, lo que promueve el desarrollo de competencias en los estudiantes de enfermería y reduce la visión determinista equivocada de las organizaciones, en cuanto a la capacidad del estudiante para integrar estas acciones, es fundamental.

Palabras clave:
Desastre; Estudiantes de Enfermería; Grupo de Atención al Paciente; Entrenamiento Simulado

Abstract

Objective

to identify the importance attributed to simulated practice use in nursing undergraduate students’ pedagogic actions in the field of disasters, in an interdisciplinary and interinstitutional scope in Portugal.

Methods

a study framed in the qualitative paradigm, supported by inductive and exploratory reasoning. As a data collection technique, semi-structured interviews were applied to coordinators/directors of nursing courses at public and private schools in Portugal.

Results

simulation methodology in the field of disasters is a teaching/learning strategy for nursing students to develop skills in this area. This type of teaching/learning methodology will have a greater advantage if carried out in partnership with organizations involved in protection and rescue operations and with an interdisciplinary scope, since it enhances prevention quality and response of all actors involved.

Final considerations and implications for practice

considering the specific complexity and unpredictability of disaster situations, the establishment of strategic cooperation partnerships with organizations with responsibility in this field, which promotes the development of nursing students’ skills and reduces the erroneous deterministic view of organizations, regarding the ability of students to integrate these actions, is fundamental.

Keywords:
Disaster; Students, Nursing; Health Team, Interdisciplinary; Simulation Training

INTRODUÇÃO

A World Health Organization e o International Council of Nurses - Framework of Disaster Nursing Competencies define desastre como um evento repentino e imprevisto provocado pela ação do homem ou da natureza, com efeitos não limitados no tempo e no espaço, com destruição significativa do meio ambiente, tecido económico, social e da saúde, bem como a perda de vidas, em que os recursos necessários superam na totalidade as capacidades necessárias.11 Dorsey MS. ICN framework of disaster nursing competencies [Internet]. Geneva: World Health Organization & International Council of Nurses; 2009 [citado 2020 set 22]. Disponível em: http://www.apednn.org/doc/resourcespublications/ICN%20Framework%20of%20Disaster%20Nursing%20Competencies%20ICN%202009.pdf
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Diversos autores22 Santos PA. Resultados de aprendizagem para o agir em situação de catástrofe na formação graduada em enfermagem. Lisboa [tese]. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa; 2021 [citado 2020 set 22]. Disponível em: http://hdl.handle.net/10400.14/33235
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3 Regulamento n.º 190/2015 (PT). Regulamento do Perfil de Competências do Enfermeiro de Cuidados Gerais. Diário da República [periódico na internet]. Nº 79/2015, Série II, 10087-90. Disponível em: https://dre.pt/dre/detalhe/regulamento/190-2015-67058782
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4 Brinjee D, Al Thobaity A, Almalki M, Alahmari W. Identify the disaster nursing training and education needs for nurses in Taif City, Saudi Arabia. Risk Manag Healthc Policy. 2021;14:2301-10. http://dx.doi.org/10.2147/RMHP.S312940. PMid:34104020.
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5 Yayehrad AT, Siraj EA, Yimenu DK, Ambaye AS, Derseh MT, Tamene AA et al. Multidisciplinary effort and integrative preparedness: a lesson for the foreseen multivariate COVID-19 Pandemic Flare-Up. J Multidiscip Healthc. 2021;14:2905-21. http://dx.doi.org/10.2147/JMDH.S332049. PMid:34703243.
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-66 Mido T. Disaster nursing: are we prepared? An empirical qualitative study about disaster nursing preparedness in Finland [tese]. Vaasa: NOVIA University of Applied Science; 2020 [citado 2019 set 19]. Disponível em: http://urn.fi/URN:NBN:fi:amk-2020052513345.
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assumem que, em uma situação de desastre, a consciência e o conhecimento humano alcançados sobre a complexidade específica do evento, pelas várias disciplinas que integram o planeamento e a organização da resposta, são fundamentais.

Defende-se, atualmente, que o enfermeiro, como elemento da equipe interdisciplinar, integrando as atividades de preparação e de resposta a situações dessa natureza, deve ser detentor de uma formação inicial científica, técnica, ética e humanística sólida.22 Santos PA. Resultados de aprendizagem para o agir em situação de catástrofe na formação graduada em enfermagem. Lisboa [tese]. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa; 2021 [citado 2020 set 22]. Disponível em: http://hdl.handle.net/10400.14/33235
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3 Regulamento n.º 190/2015 (PT). Regulamento do Perfil de Competências do Enfermeiro de Cuidados Gerais. Diário da República [periódico na internet]. Nº 79/2015, Série II, 10087-90. Disponível em: https://dre.pt/dre/detalhe/regulamento/190-2015-67058782
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-44 Brinjee D, Al Thobaity A, Almalki M, Alahmari W. Identify the disaster nursing training and education needs for nurses in Taif City, Saudi Arabia. Risk Manag Healthc Policy. 2021;14:2301-10. http://dx.doi.org/10.2147/RMHP.S312940. PMid:34104020.
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“São os enfermeiros quem estão em contacto direto com os feridos e os desalojados. Os seus esforços encontram-se invariavelmente ligados a gestos que consideram tanto a dimensão psicológica e espiritual como a física, não esquecendo os princípios éticos que estão subjacentes ao processo complexo de cuidar, nesse ambiente de adversidade”.22 Santos PA. Resultados de aprendizagem para o agir em situação de catástrofe na formação graduada em enfermagem. Lisboa [tese]. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa; 2021 [citado 2020 set 22]. Disponível em: http://hdl.handle.net/10400.14/33235
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Porém, em Portugal, apesar de a Ordem dos Enfermeiros, através do Regulamento do Perfil de Competências do Enfermeiro de Cuidados Gerais, estabelecer que o enfermeiro de cuidados gerais tem a competência para responder eficazmente em situações de emergência ou de catástrofe e que demonstra compreender os planos de emergência para situações de catástrofe,33 Regulamento n.º 190/2015 (PT). Regulamento do Perfil de Competências do Enfermeiro de Cuidados Gerais. Diário da República [periódico na internet]. Nº 79/2015, Série II, 10087-90. Disponível em: https://dre.pt/dre/detalhe/regulamento/190-2015-67058782
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85% das instituições de ensino superior nacionais que lecionam o curso de enfermagem não têm integrado no seu plano de estudos a área de catástrofe, o que contrapõe o pluralismo e a diversidade do conhecimento e, desse modo, a ampliação das fronteiras de intervenção dos enfermeiros.22 Santos PA. Resultados de aprendizagem para o agir em situação de catástrofe na formação graduada em enfermagem. Lisboa [tese]. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa; 2021 [citado 2020 set 22]. Disponível em: http://hdl.handle.net/10400.14/33235
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No entanto, considerando que as situações de desastre, na sua maioria, são eventos imprevisíveis, dificultando a aplicação do conhecimento prático aliado à teoria, determina-se o recurso a estratégias de ensino/aprendizagem que permitam aos estudantes de enfermagem a capacidade de análise e exploração desses contextos, possibilitando o desenvolvimento de competências profissionais.22 Santos PA. Resultados de aprendizagem para o agir em situação de catástrofe na formação graduada em enfermagem. Lisboa [tese]. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa; 2021 [citado 2020 set 22]. Disponível em: http://hdl.handle.net/10400.14/33235
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,44 Brinjee D, Al Thobaity A, Almalki M, Alahmari W. Identify the disaster nursing training and education needs for nurses in Taif City, Saudi Arabia. Risk Manag Healthc Policy. 2021;14:2301-10. http://dx.doi.org/10.2147/RMHP.S312940. PMid:34104020.
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,77 Santos PA, Rabiais I, Amendoeira J. Preparation of the nursing students towards a competent action in the field of disasters. Eur J Public Health. 2019;29:ckz034.049. http://dx.doi.org/10.1093/eurpub/ckz034.049.
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-88 Barelli A, Naso C. Advanced simulation in disaster preparedness and relief: the gold standard for soft skills training. Prehosp Disaster Med. 2017;32(S1):S226. http://dx.doi.org/10.1017/S1049023X17005830.
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Essa premissa substancia a importância da adoção da prática simulada como metodologia de ensino/aprendizagem, permitindo substituir ou ampliar experiências reais e facilitar a compreensão e gestão desse tipo de eventos, assim como o desenvolvimento de competências do estudante do Curso de Licenciatura em Enfermagem muito próximas das que poderiam vivenciar em contextos reais.55 Yayehrad AT, Siraj EA, Yimenu DK, Ambaye AS, Derseh MT, Tamene AA et al. Multidisciplinary effort and integrative preparedness: a lesson for the foreseen multivariate COVID-19 Pandemic Flare-Up. J Multidiscip Healthc. 2021;14:2905-21. http://dx.doi.org/10.2147/JMDH.S332049. PMid:34703243.
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,88 Barelli A, Naso C. Advanced simulation in disaster preparedness and relief: the gold standard for soft skills training. Prehosp Disaster Med. 2017;32(S1):S226. http://dx.doi.org/10.1017/S1049023X17005830.
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9 Ferreira RP, Guedes HM, Oliveira DWD, Miranda JL. Simulação realística como estratégia de ensino no aprendizado de estudantes da área da saúde. Rev Enferm Cent Oeste Min. 2018;8:e2508. https://doi.org/10.19175/recom.v8i0.2508
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10 Aebersold M. Simulation-based learning: no longer a novelty in undergraduate education. J Issues Nurs. 2018;23(2):39. http://dx.doi.org/10.3912/OJIN.Vol23No02PPT39.
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11 Santos PAF, Rabiais ICM, Sales LMC, Henriques CMG. Profile of transversal skills of Nursing students to intervene in disaster situations. Rev Bras Enferm. 2022;75(6):e20210760. http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2021-0760. PMid:35858029.
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12 Batista RCN, Martins JCA, Pereira MFCR, Mazzo A. Simulação de alta-fidelidade no curso de enfermagem: ganhos percebidos pelos estudantes. Rev Enf Ref. 2014;5(1):135-44. http://dx.doi.org/10.12707/RIII13169.
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-1313 Cole SD, Nelson HCM, Jenkins BD, Poon CY, Rankin SC, Becker DE. PennDemic simulation framework: an innovative approach to increase student interest and confidence in disasters preparedness/response and interdisciplinary teamwork. Front Public Health. 2021;9:682112. http://dx.doi.org/10.3389/fpubh.2021.682112. PMid:34123996.
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Contudo, devido à complexidade em simular cenários dessa natureza, capazes de promover nos estudantes maior reflexão crítica, contrariando ações fragmentadas e desarticuladas de agir, justifica-se clarificar uma forma de mobilizar esses conteúdos sem perda das fronteiras da profissão.1414 Instituto Superior de Educação e Ciências. Parecer para a Ordem dos Engenheiros Técnicos sobre a estratégia nacional para uma proteção civil preventiva [Internet]. 2017. [citado 2020 set 13]. Disponível em: https://opcsa.iseclisboa.pt/images/textos/tecnicos/texto_14.pdf.
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Não obstante da incipiente evidência em torno desta temática, é defendido que uma cooperação interdisciplinar poderá “estimular a criatividade, conduzindo as várias áreas disciplinares que compõem a equipe de proteção e socorro, na direção de tomadas de decisão mais conscientes e consistentes, maior partilha face aos seus próprios saberes, através da análise dos problemas sob as várias perspetivas dos diversos profissionais da equipe, possibilitando o desenvolvimento de competências conceptuais e operativas nesse domínio”.1212 Batista RCN, Martins JCA, Pereira MFCR, Mazzo A. Simulação de alta-fidelidade no curso de enfermagem: ganhos percebidos pelos estudantes. Rev Enf Ref. 2014;5(1):135-44. http://dx.doi.org/10.12707/RIII13169.
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Nesta continuidade, objetivou-se identificar a importância atribuída à utilização da prática simulada na ação pedagógica do estudante do Curso de Licenciatura em Enfermagem no domínio de desastres e no âmbito interdisciplinar e interinstitucional em Portugal.

MÉTODOS

Optou-se por uma abordagem metodológica qualitativa, apoiada no raciocínio indutivo e na descrição rigorosa dos fenômenos que tem no seu alicerce: a pesquisa exploratória. Concomitantemente, foi utilizado o checklist do guideline COnsolidated criteria for REporting Qualitative research (COREQ), composto por trinta e dois itens, divididos em três dimensões, equipe de investigação e reflexividade, desenho de investigação e análise e resultados, permitindo aumentar a confiabilidade do estudo.1515 Tong A, Sainsbury P, Craig J. Consolidated criteria for reporting qualitative research (COREQ): a 32-item checklist for interviews and focus groups. Int J Qual Health Care. 2007;19(6):349-57. http://dx.doi.org/10.1093/intqhc/mzm042. PMid:17872937.
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Recorreu-se a uma amostragem intencional, em que a escolha recaiu nos coordenadores/diretores dos Cursos de Licenciatura em Enfermagem de escolas públicas e privadas e enfermeiros com conhecimento e experiência prática no domínio de desastres em Portugal.

Os coordenadores/diretores dos Cursos de Licenciatura em Enfermagem foram escolhidos, pois são responsáveis pela operacionalização dos objetivos curriculares, continuidade e gestão dos conteúdos a lecionar. Além disso, têm características pessoais consideradas essenciais para a obtenção de descrições ricas sobre o tema em análise, como o conhecimento da área em estudo, permitindo fornecer informações e reflexões relevantes para a produção de novo conhecimento. Como critérios de inclusão, adotaram-se ser coordenador/diretor e ter experiência de, no mínimo, três anos na coordenação, organização, operacionalização e execução de planos curriculares dos Cursos de Licenciatura em Enfermagem. Não houve definição de critério de exclusão.

Quanto aos enfermeiros peritos, a escolha justifica-se pela sua experiência. Esse nível de perícia permite identificar respostas e expor, de maneira intuitiva, pontos de vista capazes de produzir novo conhecimento, pois a experiência e o estar no contexto determinam uma reflexão fundamentada na evidência e uma melhor interiorização e ajustamento das competências que o enfermeiro deve desenvolver sobre o seu desempenho nesses contextos. É o conhecimento proveniente da experiência e da capacidade de raciocínio crítico que os diferencia, permitindo tomadas de decisão livres em cada situação, sendo essa resposta uma importante fonte de conhecimento.1616 Benner P, Tanner C, Chesla C. Expertise in nursing practice: caring, clinical judgment and ethics. 2. ed. New York: Springer; 2009. http://dx.doi.org/10.1891/9780826125453.
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Foram incluídos peritos integrantes de organizações nacionais e internacionais com responsabilidade em ações de prevenção e socorro, que tiveram participação mínima em três missões de emergência e/ou de cariz humanitário no domínio de desastres, além de ter capacidade de se expressar com clareza. Foram excluídos os peritos que não concluíram o Curso de Licenciatura em Enfermagem em Portugal.

Para a coleta de dados, participaram no estudo 35 coordenadores/diretores dos cursos de licenciatura em enfermagem de escolas públicas e privadas, de um universo de quarenta, uma vez que dois coordenadores/diretores dos Cursos de Licenciatura em Enfermagem não manifestaram interesse em participar, e, de três, não foi possível obter resposta ao convite endereçado em tempo útil. Quanto ao número de enfermeiros peritos, participaram seis.

Do grupo de participantes dos coordenadores/diretores dos Cursos de Licenciatura em Enfermagem, utilizou-se, em ambiente presencial, recorrendo à técnica de gravação, a entrevista semiestruturada. Para o efeito, foi elaborado um roteiro organizado em dois blocos temáticos distintos: o primeiro, constituído por uma parte introdutória em que se procedeu à explicitação do estudo; o segundo, onde constavam as variáveis sociodemográficas para caraterização dos participantes e quatro questões abertas a serem exploradas. A escolha na utilização de questões abertas permitiu aos entrevistados responderem utilizando o seu próprio vocabulário, fornecendo pormenores que permitem, assim, investigações mais precisas e profundas.1717 Leavy P. Research design: quantitative, qualitative, mixed methods, arts-based, and community-based participatory research approaches. New York: The Guilford Press; 2018. A coleta de dados do grupo de participantes dos coordenadores/diretores dos Cursos de Licenciatura em Enfermagem ocorreu entre maio e setembro de 2018.

Essas entrevistas, além de clarificarem as opiniões e ideias relacionadas com a temática associada, serviram de alicerce na construção de um segundo roteiro de entrevista, organizado igualmente em dois blocos temáticos distintos (um primeiro, constituído por uma parte introdutória, e um segundo, com as variáveis sociodemográficas e quatro questões abertas), com o intuito de ser debatido entre o grupo de enfermeiros com conhecimento e experiência prática na área de desastres utilizando a técnica do focus group, em contexto online (uma vez que alguns dos participantes encontravam-se em missão de ajuda humanitária), em novembro de 2018. Recorreram ao software de conversação Skype, versão cinco, permitindo analisar se as perceções dos coordenadores/diretores dos Cursos de Licenciatura em Enfermagem eram convergentes ou divergentes das perceções dos enfermeiros peritos, assim como conciliar a uniformidade com a diversidade e, desse modo, encontrar consenso relativamente ao objetivo do estudo.1818 Silva AH, Fossá MIT. Análise de conteúdo: exemplo de aplicação da técnica para análise de dados qualitativos. Qualit@s Revista Eletrônica [Internet]. 2015 [citado 2020 set 10];17(1):1-14. Disponível em: https://es.scribd.com/document/355929812/Analise-de-Conteudo-Exemplo-de-Aplicacao-Da#
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Importa realçar que apenas foi realizado um focus group, uma vez que, após a conclusão do primeiro, as informações e dados obtidos foram coincidentes com a informação prévia de outras fontes, considerando-se ter atingido o ponto de saturação sobre a temática.1919 Silverman D. Qualitative research. 5th ed. Los Angeles: Sage Publications; 2020.

Dos dados das entrevistas semiestruturadas e do focus group, procedeu-se à transcrição e à análise de conteúdo, que permitem fazer inferências válidas e replicáveis. A validação da análise e a organização dos dados obtidos das entrevistas semiestruturadas e do focus group permitiram estruturar as categorias (sistemas de codificação) e identificar as unidades de registo (respeitando os princípios da exaustividade e exclusividade, representatividade, homogeneidade e produtividade).1919 Silverman D. Qualitative research. 5th ed. Los Angeles: Sage Publications; 2020. -2020 Bryman A. Social research methods. 4th Ed. Oxford: Oxford University Press; 2012. Esse processo de codificação considerou os recortes dos textos em unidades de análise, a definição de regras de contagem e a classificação e agregação das informações em categorias simbólicas ou temáticas, consolidando-se através da manutenção, modificação, ou supressão das categorias existentes, permitindo obter um sistema de categorias que pode ser considerado em si mesmo como o eixo orientador das análises efetuadas.2020 Bryman A. Social research methods. 4th Ed. Oxford: Oxford University Press; 2012.

Em consonância com os princípios éticos que devem nortear uma investigação desta natureza, nomeadamente os princípios reconhecidos na Declaração de Helsínquia e na Convenção de Oviedo, os participantes foram informados sobre os objetivos, características e condições de realização da investigação, tendo sido garantido o direito de não participação no estudo ou de não responder a questões que se relacionassem com o núcleo de reserva da sua privacidade. Foi solicitado o consentimento informado a todos os participantes, sendo salvaguardado o seu anonimato, bem como o sigilo e a confidencialidade das informações prestadas. Este projeto de estudo obteve parecer favorável da Comissão de Ética da Universidade Católica Portuguesa - Instituto de Ciências da Saúde, em 27 de março de 2017 (Parecer nº 26/2017).

RESULTADOS

Dos dados coletados e das leituras flutuantes, foi possível identificar elementos comuns que se agruparam em dois eixos:

  1. Processos de ensino/aprendizagem, no domínio de desastres;

  2. Intervenção do enfermeiro de cuidados gerais em situações de desastres.

Dos dois eixos de análise, emergiu um sistema de categorias a que se recorreu para interpretar o discurso dos participantes, que se posicionam nos diferentes eixos da seguinte forma (Quadro 1).

Quadro 1
Eixos e categorias.

No entanto, das oito categorias emergentes, apresenta-se apenas a estrutura de duas categorias relacionadas com o objetivo inicialmente definido, ou seja, identificar a importância atribuída pela utilização da prática simulada na ação pedagógica do estudante do Curso de Licenciatura em Enfermagem no domínio de desastres e no âmbito interdisciplinar e interinstitucional.

Nessa continuidade, da análise dos contributos dos participantes, a utilização da prática simulada, como metodologia de aquisição de competências na formação dos estudantes de enfermagem, no domínio da catástrofe, é unânime:

Os simulacros […] são uma excelente opção para que os estudantes possam incorporar o conhecimento e rotinização de alguns aspetos e procedimentos decisivos nessa área (dos desastres). (E4)

Penso que, através da prática simulada […]. A simulação permite, por um lado, a participação dos estudantes, permitindo o desenvolvimento de competências, conhecer o âmbito das suas intervenções e responsabilidades, entre essas entidades que trabalham em articulação e, por outro, a sensibilização (…) o incutir da necessidade de formação nessa área específica […]. (E9)

Simulação […] para além do desenvolvimento das aptidões, permite o trabalho em equipa. Nós, enfermeiros em situação de desastres, iremos integrar equipas pluridisciplinares, e, deste modo, esses exercícios permitem, para além do treino, a interação, a partilha de experiências e conhecimentos, que se assumem cruciais para a operacionalização de métodos e práticas entre as várias disciplinas intervenientes. (E16)

[…] o recurso à simulação permite, por um lado, pôr os estudantes perante um determinado contexto e fazê-los tomar decisões, e, por outro, a análise dessas decisões que permitem criar um quadro conceptual de como tomar decisões numa situação inesperada que envolve diferentes aportes de saúde, sociais, de segurança aos vários níveis do indivíduo, de grupos, da comunidade. Portanto, acho que o recurso à simulação e aos simulacros pode ser, de facto, uma inestimável ajuda. (E32)

Concomitantemente, os mesmos participantes apontam que a utilização de outras metodologias de simulação, como o role playing, ou simulações por programas digitais, podem ser ferramentas complementares a utilizar no processo de ensino/aprendizagem neste domínio:

[…] discussão de casos específicos, “role plays”, programas digitais (jogos) de simulação concebidos para tal […]. (E5)

[…] exercícios de “role playing” e programas digitais de simulação que permitam o desenvolvimento dessas competências de forma indireta. (E15)

Utilização de estudos de caso, exercícios de “role playing” e programas digitais e virtuais de simulação. (E29)

[…] utilização de tecnologias de realidade virtual que permitem aos estudantes experienciar situações próximas da realidade, contribuindo para um maior grau de confiança e capacitação para enfrentar esses cenários extremos. (E28)

Do mesmo modo, consideram que esse tipo de metodologia de ensino/aprendizagem terá maior vantagem se realizada em parceria com organizações que intervêm nas operações de proteção e socorro (cooperação interinstitucional) e de âmbito interdisciplinar. Esse processo minimiza a duplicação de procedimentos, reduz a competição por recursos, reconhece as implicações da tradução do conhecimento para a evidência, promove a educação contínua e permite uma prática padronizada1919 Silverman D. Qualitative research. 5th ed. Los Angeles: Sage Publications; 2020. , como se pode aferir a partir das alusões dos diversos participantes:

[…] julgo que a solução poderá ser no estabelecimento de protocolos com entidades responsáveis pelo socorro e salvamento de forma a providenciar essas experiências. […]. (E5)

Na minha ótica, será necessário estabelecer parcerias com entidades da proteção civil que permita integrar esses conhecimentos […]. Até porque essas parcerias permitem que os estudantes tenham consciência qual é o seu espaço de ação, limite de competências, no seio de uma equipa transdisciplinar (E17)

[…] estabelecer parcerias com entidades da proteção civil que, para além da capacidade de criar cenários que se aproximam às condições reais de um evento dessa natureza, promove a ação e reflexão conjunta entre todos os intervenientes. (E25)

[…] como sabemos, numa situação de desastre, não são os enfermeiros que, individualmente, têm de tomar decisões, daí que essas parcerias que permitam a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade poderão constituir-se momentos relevantes de aprendizagem, de impulsionar a cooperação e articulação operacional, de permitir melhores práticas de prevenção do risco entre as diversas entidades de proteção civil e socorro com culturas e vocações distintas. (E32)

Contudo, considerando a complexidade desses eventos, por natureza caótica e hostil, as instituições/organizações portuguesas com responsabilidade na prossecução das atividades de proteção e socorro e de ajuda humanitária carecem de alguma recetividade para integrar estudantes do primeiro ciclo de estudos nas suas ações de treinos, como se verifica através dos seguintes relatos:

[…] a prática a esse nível […] as oportunidades são muito restritas ou práticamente nulas […] a maioria das entidades não estão recetivas […] perante situações em que se requer intervenções rápidas, o estudante de primeiro ciclo é encarado como um “obstáculo” […]. (E5)

[…] outro dos constrangimentos será os estudantes do Curso de Licenciatura em Enfermagem desenvolverem a componente prática. Se, na área da emergência pré-hospitalar, já nos colocam imensas restrições, esses contextos de maior complexidade, se é que existem, serão certamente inibitórios. (E6)

Mesmo que possamos integrar a componente teórica no domínio dos dasastres nos planos curriculares, continuamos com o problema da formação prática […] a maior parte das entidades não estão recetivas em integrar estudantes de licenciatura […] não será de todo fácil. (E7)

DISCUSSÃO

A prática simulada em enfermagem constitui uma estratégia de ensino/aprendizagem que integra vários objetivos, possibilitando o desenvolvimento de diferentes competências, pelo contexto protegido que proporciona, permitindo a exploração, a inovação e a prática, evitando os riscos das situações reais.2121 Bullard MJ, Fox SM, Wares CM, Heffner AC, Stephens C, Rossi L. Simulation-based interdisciplinary education improves intern attitudes and outlook toward colleagues in other disciplines. BMC Med Educ. 2019;19(1):276. http://dx.doi.org/10.1186/s12909-019-1700-1. PMid:31340808.
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-2222 Fan C, Zhang C, Yahja A, Mostafavi A. Disaster City Digital Twin: a vision for integrating artificial and human intelligence for disaster management. Int J Inf Manage. 2021;56:102049. http://dx.doi.org/10.1016/j.ijinfomgt.2019.102049.
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Especificamente no domínio de desastres, o treino com exercícios reais simulados e o recurso a metodologias de simulação digital (permitindo aos estudantes a integração de sensações imersivas que são percebidas como partes naturais desse mesmo ambiente)2222 Fan C, Zhang C, Yahja A, Mostafavi A. Disaster City Digital Twin: a vision for integrating artificial and human intelligence for disaster management. Int J Inf Manage. 2021;56:102049. http://dx.doi.org/10.1016/j.ijinfomgt.2019.102049.
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constituem uma excelente oportunidade para testar a eficácia dos protocolos e planos de emergência dos equipamentos e materiais específicos, promovendo a oportunidade, aos diversos agentes de resposta, de desenvolver competências e capacidades individuais e de equipe.77 Santos PA, Rabiais I, Amendoeira J. Preparation of the nursing students towards a competent action in the field of disasters. Eur J Public Health. 2019;29:ckz034.049. http://dx.doi.org/10.1093/eurpub/ckz034.049.
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Permitem, de igual forma, a análise estruturada de resposta a um evento desta natureza e identificar pontos de melhoria, validação e atualização dos planos de prevenção e resposta e de tomada de decisão. Mais do que a sua utilidade prática, proporcionam uma sensibilização para a importância de uma cultura de prevenção e segurança.88 Barelli A, Naso C. Advanced simulation in disaster preparedness and relief: the gold standard for soft skills training. Prehosp Disaster Med. 2017;32(S1):S226. http://dx.doi.org/10.1017/S1049023X17005830.
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Porém, a maioria das escolas de enfermagem portuguesas não dispõe dos recursos materiais, tecnológicos e humanos (peritos no domínio dos desastres) necessários que permitam providenciar ao estudante essa realidade. Portanto, é importante as parcerias estratégicas de cooperação das escolas com organizações que permitam a construção coletiva e cooperativa do conhecimento e da ação, em uma perspetiva interdisciplinar, no domínio de desastres, aproveitando, de forma sinérgica, o melhor contributo de cada uma das partes envolvidas, que poderá traduzir-se em múltiplos benefícios. É expectável que o estudante conheça e compreenda os sistemas de apoio à decisão ao seu dispor; que os auxilie no processo de análise e exploração desses contextos específicos; que desenvolva uma visão partilhada de um sentimento de propósito entre as diversas áreas disciplinares, sendo capaz de estimular a consciencialização das suas responsabilidades enquanto futuro enfermeiro, com tendência à horizontalização das relações de poder entre os campos implicados, criando dinâmicas de investigação e mecanismos de diálogo e de consensos.1414 Instituto Superior de Educação e Ciências. Parecer para a Ordem dos Engenheiros Técnicos sobre a estratégia nacional para uma proteção civil preventiva [Internet]. 2017. [citado 2020 set 13]. Disponível em: https://opcsa.iseclisboa.pt/images/textos/tecnicos/texto_14.pdf.
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O estudante, ao se envolver nas ações, mesmo que simuladas, terá de adaptar os conhecimentos adquiridos às situações específicas com que se confronta, processo que promove a reflexão acerca das ações em contexto, construindo, dessa forma, novo conhecimento e desenvolvendo/consolidando competências que lhe poderão ser úteis no futuro em situações semelhantes2121 Bullard MJ, Fox SM, Wares CM, Heffner AC, Stephens C, Rossi L. Simulation-based interdisciplinary education improves intern attitudes and outlook toward colleagues in other disciplines. BMC Med Educ. 2019;19(1):276. http://dx.doi.org/10.1186/s12909-019-1700-1. PMid:31340808.
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-2222 Fan C, Zhang C, Yahja A, Mostafavi A. Disaster City Digital Twin: a vision for integrating artificial and human intelligence for disaster management. Int J Inf Manage. 2021;56:102049. http://dx.doi.org/10.1016/j.ijinfomgt.2019.102049.
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. Da mesma forma, assume consciência das suas forças e fraquezas, para superar o hiato existente entre a teoria e a prática e aperfeiçoar o corpo de conhecimentos nesse domínio, permitindo ações de prevenção e socorro mais concertadas e eficazes, assim como uma melhor gestão dos recursos disponíveis.77 Santos PA, Rabiais I, Amendoeira J. Preparation of the nursing students towards a competent action in the field of disasters. Eur J Public Health. 2019;29:ckz034.049. http://dx.doi.org/10.1093/eurpub/ckz034.049.
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-88 Barelli A, Naso C. Advanced simulation in disaster preparedness and relief: the gold standard for soft skills training. Prehosp Disaster Med. 2017;32(S1):S226. http://dx.doi.org/10.1017/S1049023X17005830.
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Diante do exposto, depreende-se que a qualidade do ensino em enfermagem, a sua atividade científica e a sua prática assistencial diferenciada, nesse domínio especifico, poderão beneficiar da implementação dessas parcerias, no sentido de uma maior confluência necessária à construção de uma colaboração efetiva e redes de trabalho entre instituições com responsabilidade na prevenção e socorro em situações de desastre.22 Santos PA. Resultados de aprendizagem para o agir em situação de catástrofe na formação graduada em enfermagem. Lisboa [tese]. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa; 2021 [citado 2020 set 22]. Disponível em: http://hdl.handle.net/10400.14/33235
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,1111 Santos PAF, Rabiais ICM, Sales LMC, Henriques CMG. Profile of transversal skills of Nursing students to intervene in disaster situations. Rev Bras Enferm. 2022;75(6):e20210760. http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2021-0760. PMid:35858029.
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Esse processo contribui para uma melhor definição das áreas temáticas para fazer face aos desafios presentes e futuros, permitindo definir e construir planos de estudo mais adequados às necessidades formativas dos estudantes, que se aproximem das atuais exigências, necessidades e transformações sociais e ambientais.2222 Fan C, Zhang C, Yahja A, Mostafavi A. Disaster City Digital Twin: a vision for integrating artificial and human intelligence for disaster management. Int J Inf Manage. 2021;56:102049. http://dx.doi.org/10.1016/j.ijinfomgt.2019.102049.
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Diversos estudos corroboram essa linha de pensamento, defendendo que a cooperação interdisciplinar e interinstitucional potencia no enfermeiro a capacidade de comunicação; responsabilidade coletiva (pela reflexão e troca de conhecimentos atitudes e competências); melhor compreensão da sua intervenção nesses contextos e, consequentemente, uma melhor preparação; interesse e disposição para o trabalho em equipe; estabelecimento de redes de relações; integração de diferentes perspetivas ou fornecimento de instrumentos conceptuais utilizáveis pela profissão nesse domínio; cooperação na mobilização de diferentes interpretações, de modo a ampliar a intersecção entre conteúdos, bem como viabilizar uma aprendizagem mais significativa.2323 Martin A, Cross S, Attoe C. The use of in situ simulation in healthcare education: current perspectives. Adv Med Educ Pract. 2020;11:893-903. http://dx.doi.org/10.2147/AMEP.S188258. PMid:33273877.
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-2424 Rebotier J, Pigeon P, Glantz M. Learning from past disasters to prepare for the future. In Eslamian S, Eslamian F, editors. Handbook of disaster risk reduction for resilience (pp. 3-26). Cham: Springer; 2021. http://dx.doi.org/10.1007/978-3-030-61278-8_4.
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Por outro lado, permite sensibilizar os docentes com responsabilidade na operacionalização dos objetivos de aprendizagem, possibilitando contrariar que o ensino de enfermagem possa assentar em saberes formalizados, dificultando a inclusão de novas áreas do conhecimento. Os docentes são estruturantes no delinear e na consolidação de um património comum à enfermagem e na transformação das próprias escolas. Essas parcerias estratégicas de cooperação entre as escolas e organizações, com responsabilidade em ações de prevenção e socorro em situações de desastre, promovem no docente uma mudança de atitude e de mentalidade, retirando ênfase dos percursos fixos e estáticos de formação e favorecendo uma aproximação e reconhecimento à sua importância face à realidade e exigências próprias do século XXI.2525 Palmeirão C, Alves JM. Construir a autonomia e a flexibilização curricular. Os desafios da escola e dos professores. Porto: Universidade Católica Editora; 2017 [citado 2020 out 22]. Disponível em: https://www.uceditora.ucp.pt/pt/digital/3032-construir-a-autonomia-e-a-flexibilizacao-curricula.html.
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26 Thania MD, Regiane CP, Edlaine FMV. Interprofissionalidade e trabalho em equipe: uma (re)construção necessária durante o processo de formação em saúde. NTQR [Internet]. 2022 [citado 2022 nov 27];13:e688. Disponível em: https://publi.ludomedia.org/index.php/ntqr/article/view/688
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27 Murray B, Judge D, Morris T, Opsahl A. Interprofessional education: a disaster response simulation activity for military medics, nursing, & paramedic science students. Nurse Educ Pract. 2019;39:67-72. http://dx.doi.org/10.1016/j.nepr.2019.08.004. PMid:31419734.
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-2828 Lee CA, Pais K, Kelling S, Anderson OS. A scoping review to understand simulation used in interprofessional education. J Interprof Educ Pract. 2018;13:15-23. http://dx.doi.org/10.1016/j.xjep.2018.08.003
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Do mesmo modo, ocorre uma maior recetividade e consciencialização por parte das organizações com responsabilidade nas ações de prevenção e socorro, pela necessidade de integrar estudantes de primeiro ciclo de estudos nas ações de formação/treino das suas equipes de resposta. Em Portugal, a disponibilidade de contextos neste domínio especifico, onde a aprendizagem seja significativa, com impacto e qualidade no processo de ensino/aprendizagem do estudante do ensino pré-graduado, constitui um desafio. A falta de conhecimentos, a divergência entre a teoria e a prática, a deficiente destreza técnica e a incapacidade de resolução de situações problema são apontados como condicionalismos à sua inclusão em ações de formação ou exercicios de treino.

É na prática (mesmo que simulada) que ocorre a participação e a construção de instrumentos pessoais dos estudantes, que possibilitam a coesão do saber, novas compreensões, novos significados, desenvolvimento de novas competências. Especificamente no dominio de desastres, somente a heterogeneidade da formação, a integrabilidade e a diversidade dos contextos podem alicerçar esse desígnio.2626 Thania MD, Regiane CP, Edlaine FMV. Interprofissionalidade e trabalho em equipe: uma (re)construção necessária durante o processo de formação em saúde. NTQR [Internet]. 2022 [citado 2022 nov 27];13:e688. Disponível em: https://publi.ludomedia.org/index.php/ntqr/article/view/688
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27 Murray B, Judge D, Morris T, Opsahl A. Interprofessional education: a disaster response simulation activity for military medics, nursing, & paramedic science students. Nurse Educ Pract. 2019;39:67-72. http://dx.doi.org/10.1016/j.nepr.2019.08.004. PMid:31419734.
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28 Lee CA, Pais K, Kelling S, Anderson OS. A scoping review to understand simulation used in interprofessional education. J Interprof Educ Pract. 2018;13:15-23. http://dx.doi.org/10.1016/j.xjep.2018.08.003
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-2929 Santos PA, Rabiais IC, Berenguer SM, Amendoeira JJ. Competências dos estudantes de enfermagem em cenários de catástrofes: das necessidades educacionais à regulamentação curricular. Revista de Enfermagem Referência. 2021;5(6):e20131. http://dx.doi.org/10.12707/RV20131.
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Parece ser claro que as parcerias estratégicas de cooperação entre as escolas e organizações, que permitam a construção coletiva e cooperativa do conhecimento e da ação em uma perspetiva interdisciplinar, no domínio de desastresm, devem ser privilegiadas, além da construção identitária e do trajeto do estudante de enfermagem, futuro enfermeiro de cuidados gerais neste dominio. Dos atuais 80 239 mil enfermeiros portugueses a exercer funções em território nacional, 57 691 são enfermeiros de cuidados gerais.3030 Anuário Estatístico dos Enfermeiros. Estatística de Enfermeiros [Internet]. 2021 [citado 2020 out 22]. Disponível em: https://www.ordemenfermeiros.pt/estat%C3%ADstica-de-enfermeiros/.
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Percebe-se que, perante uma situação de catástrofe que afete o território nacional, o conjunto de ações coordenadas de âmbito dos diversos componentes que resultam da intervenção do Sistema Nacional de Saúde (extra-hospitalar e hospitalar), de forma assegurar uma resposta rápida e eficaz, será assegurado maioritariamente por enfermeiros de cuidados gerais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS E IMPLICAÇÕES PARA A PRÁTICA

A informação recolhida permite suportar as inquietudes que serviram de base para este estudo, constatando-se que, no domínio de desastres, para além do conhecimento científico considerado condição “sine qua non”, a simulação como estratégia de ensino/aprendizagem permite a recriação de ambientes próximos da realidade e da prática profissional, possibilitando aos estudantes de enfermagem desenvolver competências, bem como alicerçar as bases da profissão de enfermagem nesse domínio.

Face à incapacidade das instituições de ensino de enfermagem para desenvolver a componente prática no domínio de desastres, é fundamental que as mesmas estabeleçam parcerias estratégicas com entidades com responsabilidade na prossecução das atividades de prevenção e socorro.

Consideramos como limitações do estudo o número reduzido de investigações que incidem sobre a análise desta temática, que condicionam à reflexão, e a construção de um quadro de análise mais sustentado.

Assumimos também a dificuldade em obter uma amostra mais representativa dos participantes peritos no domínio de desastres, limitando uma maior validade externa. No entanto, as inferências suscitadas da análise dos dados constituem, na nossa perspetiva, um contributo para uma maior consciência da necessidade de promover ações integradas de ensino/aprendizagem ativas, como a simulação, que permitam ao estudante refletir, valorizando a aquisição do conhecimento no sentido de identificar estratégias diferenciadas que possam contribuir para a partilha de saberes e proporcionar a mudança de comportamentos, levando à reflexão sobre a prática e à aquisição de comportamentos conscientes, possibilitando, através dos resultados, implicações para as cinco áreas que estruturam a disciplina: a investigação, a prática, o ensino, a gestão e a consultadoria.

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Marcelle Miranda da Silva https://orcid.org/0000-0003-4872-7252

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    01 Maio 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    19 Mar 2022
  • Aceito
    31 Jan 2023
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