EDITORIAL
Prezados Leitores,
Abrimos esta sexagésima primeira edição da Revista de Administração Contemporânea com o artigo intitulado (Re)contando a Velha História: Reflexões sobre a Gênese do Management de autoria de Fabio Vizeu. Neste texto, o Autor busca minimizar os problemas da ausência da perspectiva histórica no pensamento acadêmico sobre a Administração, apresentando interessante reflexão sobre as condições históricas que "permitiram a emergência do Management enquanto instituição moderna, bem como os fatores que condicionaram sua disseminação".
Na sequência Antonio Rufino da Costa e Fernando Dias Lopes apresentam Participação de Empresas Estrangeiras e Consórcios em Leilões de Blocos Exploratórios de Petróleo e Gás no Brasil. As empresas petrolíferas têm longo histórico de formação de arranjos cooperativos. Antonio e Fernando analisam essas iniciativas, quando voltadas para a participação em projetos de exploração e produção com o objetivo de verificar a existência de correlações "entre as participações de consórcios e de empresas estrangeiras e duas variáveis específicas: risco Brasil e preço do petróleo no mercado internacional". Destaque é dado às parcerias entre a Petrobras e a Petrogal.
No terceiro artigo, Processos da Aprendizagem Organizacional no Desenvolvimento de Competências em Instituições de Ensino Superior para a Oferta de Cursos Superiores de Tecnologia (CSTs), Adriana Roseli Wünsch Takahashi e André Luiz Fischer analisam os processos da aprendizagem organizacional "que levaram ao desenvolvimento das competências necessárias para que instituições de ensino superior passassem a oferecer Cursos Superiores de Tecnologia - CSTs". O foco se dá sobre a Cidade de Curitiba e seus pressupostos assumem que a aprendizagem organizacional é o meio pelo qual as instituições adquirem as competências necessárias para viabilizar suas estratégias. Com base nos dados encontrados, os autores constataram que "determinadas competências podem ser construídas enquanto outras são desconstruídas, configurando o caráter dinâmico do desenvolvimento de competências e do processo de aprendizagem".
O artigo seguinte: Programas Sociais Corporativos e Capital Social: Proposta de Qualificação de Janaina Macke, Rosinha Machado Carrion e Eliete Kunrath Dilly, parte da percepção de que "existe um discurso difundido no imaginário social, que aponta as empresas como o ator mais qualificado para resolver os problemas sociais, dada a competência que elas vêm demonstrando para enfrentar a concorrência em um mercado globalizado e competitivo". Para elas, é perceptível a visão reducionista da complexidade dos fatos sociais, ao considerar a "simples gestão eficiente" como capaz de equacionar a questão. O artigo foi embasado em pesquisa empírica realizada em sete empresas da região da Serra Gaúcha, agraciadas com o prêmio Responsabilidade Social, oferecido pela Assembléia Legislativa do Estado. "O artigo aponta os limites de programas sociais de empresas privadas, e propõe, a partir da teoria do capital social, uma proposta para qualificá-los, de modo a potenciar sua contribuição para a construção de uma sociedade mais equilibrada".
A quinta pesquisa apresentada nesta edição, Sobre Convergência e a Prática Metodológica do Interacionismo Interpretativo na Pesquisa Acadêmica de Marketing tem autoria de João Felipe Rammelt Sauerbronn e Eduardo André Teixeira Ayrosa. Os autores focam os fenômenos de marketing e do comportamento do consumidor que não são observáveis na perspectiva hipotético-dedutiva, e que permanecem sem investigação, "seja por falta de interesse da comunidade acadêmica, seja devido às carências metodológicas". Para os autores, o uso do Interacionismo Interpretativo ofereceu uma correta solução aos problemas de análise dos volumosos dados resultantes da abordagem qualitativa.
O texto seguinte tem como título Tangibilidade e Intangibilidade na Determinação do Desempenho Persistente de Firmas Brasileiras. Nesse trabalho, Francisval de Melo Carvalho, Eduardo Kazuo Kayo e Diógenes Manoel Leiva Martin buscam avaliar se o desempenho persistente das firmas tem alguma relação com a tangibilidade e a intangibilidade de seus recursos. "A técnica estatística utilizada foi o painel dinâmico com estimativas pelo Método dos Momentos Generalizados". Os resultados mostram que, na amostra, a intangibilidade dos recursos não se mostrou como vantagem competitiva sustentável. Por outro lado, a tangibilidade contribuiu de forma significativa para a persistência do desempenho superior das firmas de diversos setores da economia.
O penúltimo artigo deste número, Humor e Discriminação por Orientação Sexual no Ambiente Organizacional, de Hélio Arthur Reis Irigaray, Luiz Alex Silva Saraiva e Alexandre de Pádua Carrieri buscam analisar o humor como forma de manifestação da discriminação por orientação sexual no ambiente de trabalho. "Para isso, com base em literatura especializada sobre as funções sociais, denotativas e conotativas do humor e a inserção profissional de homossexuais masculinos no ambiente de trabalho foi conduzida uma pesquisa qualitativa com trabalhadores heterossexuais e homossexuais de empresas localizadas nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e São Paulo, entre 2005 e 2008, no sentido de apreender suas histórias de vida".
O ultimo artigo é intitulado Evolução da Qualidade das Práticas de Governança Corporativa: um Estudo das Empresas Brasileiras de Capital Aberto Não Listadas em Bolsa. Esse texto, de autoria de Moisés Araújo Almeida, Joséte Florêncio dos Santos, Lúcio Flávio Vieira de Medeiros Ferreira e Fernando José Vieira Torres, tem por objetivo analisar a evolução da qualidade das práticas de governança corporativa das empresas brasileiras de capital aberto não listadas em bolsa, entre 2003 e 2007. "Os resultados da pesquisa apontam que metade das empresas investigadas apresentou bom nível de governança", enquanto os resultados da estrutura de Controle e Conduta mostram que a maioria das empresas estudadas não possuía acordos entre acionistas, "significando evolução positiva no sentido de boas práticas de governança".
Na seção Documentos e Debates temos uma interessantíssima discussão, a partir do documento intitulado Tentativas de Suicídio de Bancários no Contexto das Reestruturações Produtivas, de Marcelo Augusto Finazzi Santos, Marcus Vinícius Soares Siqueira e Ana Magnólia Mendes. O debate se inicia com a réplica de Antonio Virgilio Bastos e Sonia Maria Guedes Gondim, Suicídio e Trabalho: Problemas Conceituais e Metodológicos que Cercam a Investigação dessa Relação. Segue-se uma segunda réplica, por Maria Elizabeth Antunes Lima, intitulada Réplica ao Artigo "Tentativas de Suicídio entre Bancários no Contexto de Reestruturação Produtiva". O Debate se encerra com a tréplica Relações entre Suicídio e Trabalho: Diferenças Epistemológicas e (Im)possibilidade de Diálogo pelos autores do texto original.
Na seção Casos de Ensino em Administração temos o caso de título Gestão do Desempenho na Administração Pública: o Caso da TI Governo, escrito por Maria Amélia Fetzner, Andrea Poleto Oltramari e Pelayo Munhoz Olea.
Na seção Resenhas Bibliográficas apresentam-se as seguintes obras: A Encruzilhada da Nanotecnologia: Inovação, Tecnologia e Riscos e Psicologia e Trabalho: Apropriações e Significados.
Por fim, na seção Notas Bibliográficas apresentam-se as obras Inovação Organizacional e Tecnológica e Inovação - Quebrando Paradigmas para Vencer.
Desejo-lhes uma Boa Leitura!
Rogério H. Quintella
Editor Geral
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
19 Out 2010 -
Data do Fascículo
Out 2010
