Acessibilidade / Reportar erro

Ambientalização das instituições de ensino superior no campo da pesquisa em Educação Ambiental

The greening of higher education institutions in Environmental Education research

Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar a constituição da temática da Ambientalização nas Instituições de Ensino Superior (IES) a partir dos caminhos construídos e trilhados pelos pesquisadores em Educação Ambiental (EA) em teses e dissertações entre 1981 e 2018. A partir do desenvolvimento de uma pesquisa do tipo 'estado da arte', foi feita a análise de 40 teses e dissertações em EA defendidas no País no período de 1981 e 2018. A partir das análises realizadas, observou-se que as diferentes iniciativas desenvolvidas nas últimas décadas, como a realização de eventos científicos, desenvolvimento de projetos institucionais e articulação de pesquisadores em redes universitárias, têm fomentado e promovido um movimento de convergência dos pesquisadores da EA em torno dessa temática. O interesse desses agentes no campo da EA tem se dado no sentido de discutir, desenvolver ou orientar pesquisas relativas à temática da Ambientalização nas IES.

Palavras-chave
Educação ambiental; Estado da arte; Teses e dissertações; Produção científica; Ensino superior

Abstract

This article aims to analyze the constitution of the theme of Greening Higher Education based on the paths that have been created and followed by researchers in Environmental Education (EE), in theses and dissertations in EE defended between 1981 and 2018. Following the development of 'state-of-art' type of research, the analysis was carried out of forty theses and dissertations in EE defended in the country. Following the analysis, it was observed that the different initiatives developed in recent decades, such as the holding of scientific events, the development of institutional projects, and the articulation of researchers in university networks have fostered and promoted a movement of convergence of EE researchers around this topic. The interest of these agents in the field of EE has been in the sense of discussing, developing or guiding research related to the theme of Greening Higher Education.

Keywords
Environmental education; State-of-art; Theses and dissertations; Scientific production; Higher education

Introdução

O campo de pesquisa em Educação Ambiental (EA), ainda que possua uma história de mais de 40 anos, para Stevenson et al. (2013STEVENSON, R. et al. Introduction: an orientation to environmental education and the handbook. In: STEVENSON, R. (ed.). International handbook of research on environmental education. London: Routledge, 2013. p. 1-6., p. 1, tradução nossa), tem "[...] recebido consideravelmente mais atenção nos últimos anos a partir de noções de meio ambiente e sustentabilidade que se tornaram tópicos comuns de conversação com o público, assunto de interesse da mídia e foco de muito debate político e de legislações". Ainda, segundo os autores, "[...] as ligações sistêmicas entre meio ambiente, saúde, clima, pobreza, desenvolvimento e educação tornaram-se mais amplamente aceitas à medida que os anos se passaram” (STEVENSON et al., 2013STEVENSON, R. et al. Introduction: an orientation to environmental education and the handbook. In: STEVENSON, R. (ed.). International handbook of research on environmental education. London: Routledge, 2013. p. 1-6., p. 1, tradução nossa).

Além da disseminação das discussões que envolvem essa área, é necessário considerar que a delimitação do campo da pesquisa em EA é influenciada por alguns fatores, por exemplo, a opção dos pesquisadores no que se refere aos "[...] fundamentos ontológicos, epistemológicos, axiológicos e metodológicos, insights e suposições que fazem em suas obras, individual e coletivamente [...]" (PAYNE, 2009PAYNE, P. G. Framing research: conceptualizing, contextualizing, representation, legitimization. Pesquisa em Educação Ambiental, São Carlos, v. 4, n. 2, p. 49-77, 2009. doi: https://doi.org/jftj.
https://doi.org/jftj...
, p. 51, tradução nossa). A construção do conhecimento constitui-se como uma produção social, cultural e política, na medida em que é conduzida, também, pelas relações de valorização e divulgação na sociedade.

Além disso, é preciso situar o papel do pesquisador na produção da pesquisa em EA e, segundo Payne (2009, p. 66, tradução nossa)PAYNE, P. G. Framing research: conceptualizing, contextualizing, representation, legitimization. Pesquisa em Educação Ambiental, São Carlos, v. 4, n. 2, p. 49-77, 2009. doi: https://doi.org/jftj.
https://doi.org/jftj...
, "[...] o que essencialmente está em jogo para o pesquisador [...] é como entendemos a teoria do conhecimento e nosso papel na produção de conhecimento e sua disseminação". Daí a necessidade de reflexão sobre um possível delineamento "[...] diante da complexidade e messiness da pesquisa em educação e educação ambiental" (PAYNE, 2009PAYNE, P. G. Framing research: conceptualizing, contextualizing, representation, legitimization. Pesquisa em Educação Ambiental, São Carlos, v. 4, n. 2, p. 49-77, 2009. doi: https://doi.org/jftj.
https://doi.org/jftj...
, p. 66, tradução nossa).

Na possibilidade de refletir sobre esse delineamento, Gough (2013GOUGH, A. The emergence of environmental education research: a 'history' to the field. In: STEVENSON, R. B.; BRODY, M.; DILLON, J.; WALS, A. (ed.). International handbook of research on environmental education. London: Routledge, 2013. p. 13-22., p. 9, tradução nossa) sugere que tentemos responder a alguns questionamentos, como "[...] de onde viemos, o que está moldando a pesquisa no campo e para onde estamos indo?", sendo necessário considerar que esse "[...] não é um campo fácil to tie down (se alguém quiser): seus limites são confusos e as interpretações de seus documentos, fundamentos e direções são múltiplas" (GOUGH, 2013GOUGH, A. The emergence of environmental education research: a 'history' to the field. In: STEVENSON, R. B.; BRODY, M.; DILLON, J.; WALS, A. (ed.). International handbook of research on environmental education. London: Routledge, 2013. p. 13-22., p. 9, grifo nosso, tradução nossa). Nesse sentido, para Carvalho (2015, p. 76)CARVALHO, L. M. Pesquisa em educação ambiental no Brasil: um campo em construção? 2015. Tese (Livre-Docência em Educação Ambiental) - Departamento de Educação, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2015., considerando a pesquisa em EA como campo emergente, "[...] o que nos cabe é aprendermos a conviver com as contradições e antagonismos internos e buscar na singularidade de cada uma das diferentes educações ambientais com as quais nos deparamos a riqueza do que é diverso, múltiplo".

Nesse contexto plural da pesquisa em EA, interessa-nos discutir a inserção da temática ambiental no ensino superior, foco deste artigo. Essa temática tem sido discutida desde a década de 1970 em diferentes seminários e conferências internacionais, a partir de iniciativas como a Conferência dos Reitores da Europa, realizada em 1988 na Universidade de Tufts, na França, e as atividades do Centro Internacional de Formação em Ciências Ambientais (CIFCA), em 1975, Bogotá, na Colômbia.

Assim, sob a influência das discussões relativas à EA e/ou à sustentabilidade, no âmbito da América Latina foram realizadas diferentes estratégias de inserção da temática ambiental nas instituições de ensino superior (IES). No entanto, no que se refere à incorporação dos discursos da sustentabilidade na universidade, de acordo com González-Gaudiano, MeiraCartea e Martínez-Fernández (2015, p. 73-74, tradução nossa)GONZÁLEZ-GAUDIANO, E. J. G.; MEIRA-CARTEA, P. Á.; MARTÍNEZ-FERNÁNDEZ. Sustentabilidad y universidad: retos, ritos y posibles rutas. Revista de la Educación Superior, Ciudad de Mexico, v. 44, n. 175, p. 69-93, 2015. Disponível em: https://cutt.ly/8BeGwP9. Acesso em: 9 fev. 2022.
https://cutt.ly/8BeGwP9...
, torna-se necessária uma problematização deste, visto que há certa ambiguidade conceitual e que "[...] as instituições geralmente aplicam definições convencionalmente aceitas, embora a grande maioria incorra no viés de vê-lo como sustentabilidade ambiental". Para esses autores, a inserção dessa temática nas IES não deve representar a busca de um santo graal, mas é preciso considerar os diversos tensionamentos que envolvem a incorporação da sustentabilidade nas IES. Devese considerar, também, que essas instituições "[...] trabalham com identidades próprias em contextos sociais e históricos específicos e adotam os ideais através de processos lentos." (GONZÁLEZ-GAUDIANO; MEIRA-CARTEA; MARTÍNEZ-FERNÁNDEZ, 2015GONZÁLEZ-GAUDIANO, E. J. G.; MEIRA-CARTEA, P. Á.; MARTÍNEZ-FERNÁNDEZ. Sustentabilidad y universidad: retos, ritos y posibles rutas. Revista de la Educación Superior, Ciudad de Mexico, v. 44, n. 175, p. 69-93, 2015. Disponível em: https://cutt.ly/8BeGwP9. Acesso em: 9 fev. 2022.
https://cutt.ly/8BeGwP9...
, p. 74, tradução nossa).

A incorporação da temática ambiental nas IES tem se dado a partir de iniciativas como eventos científicos, criação de programas ou projetos e desenvolvimento de estudos sobre essa temática em diversas universidades. Tais estratégias de inserção da temática ambiental passaram a se fortalecer a partir de iniciativas de grupos de pesquisadores com universidades espanholas, bem como com o desenvolvimento de perspectivas de diagnósticos da incorporação das questões ambientais na universidade, denominando esse processo de Ambientalização do câmpus ou institucional e Ambientalização Curricular.

No contexto nacional, de acordo com Carvalho e Silva (2014, p. 125)CARVALHO, I. C. M.; SILVA, R. C. Ambientalização do ensino superior e a experiência da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. In: RUSCHEINSKY, A.; GUERRA, A. F. S.; FIGUEIREDO, M. L.; LEME, P. C. S.; RANIERI, V. E. L.; DELITTI, W. B. C. (org.). Ambientalização nas instituições de educação superior no Brasil: caminhos trilhados, desafios e possibilidades. São Carlos: EESC: USP, 2014. p. 125-144., a Ambientalização não se configura como uma temática amplamente difundida, e, como uma noção emergente, há "[...] certa lacuna e ainda um desafio a enfrentar na definição de um marco conceitual". Entendemos que, apesar de muitas pesquisas terem sido desenvolvidas desde a publicação do trabalho desses autores, a Ambientalização ainda é uma temática em emergência no campo da EA. Além das preocupações referentes à delimitação desse tema na produção científica, alguns pesquisadores questionam se a emergência dele não pode significar "[...] a possibilidade de que a ambientalização do currículo possa 'minar' as aspirações da educação ambiental e banalizar o currículo de forma que esse se torne uma forma de 'greenwash' da educação." (RODRIGUES, 2013RODRIGUES, C. A ambientalização curricular da educação física nos contextos da pesquisa acadêmica e do ensino superior. 2013. 290 f. Tese (Doutorado em Educação) - Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2013., p. 104).

Uma das primeiras iniciativas no sentido de delinear possíveis orientações para estudos sobre Ambientalização no Brasil se deu pela participação de pesquisadores brasileiros no projeto internacional da Rede de Ambientalização Curricular no Ensino Superior (ACES), desenvolvido no âmbito do Projeto América Latina Formação Acadêmica (Alfa), no período de 2001 a 2004. Entre essas orientações, os participantes dessa rede elaboraram dez características que devem ser contempladas em um estudo ambientalizado, sendo elas:

Características de un estudo ambientalizado: Complejidad; Orden disciplinar: flexibilidad y permeabilidade; Contextualización; Tener en cuenta el sujeto en la construcción del cono cimento; Considerar los aspectos cognitivos y de acción de las personas; Coherencia y reconstrucción entre teoría y práctica; Orientación prospectiva de escenarios alternativos; Adecuación metodológica; Generar espacios de reflexión y participacón democrática; Compromiso para la transformación de las relaciones sociedad-naturaleza. (JUNYENT; GELI; ARBAT, 2003JUNYENT, M.; GELI, A. M.; ARBAT, E. Caracteristicas de la ambientalización curricular: modelo ACES. In: JUNYENT, M.; GELI, A. M.; ARBAT, E. (ed.). Ambientalización curricular de los estudios superiores: proceso de caracterización de la ambientalización curricular de los estudios superiores. Girona: Servei de Publicacions de la Universitat de Girona, 2003. p. 15-32. Disponível em: https://cutt.ly/0V60E6O. Acesso em: 30 set. 2022.
https://cutt.ly/0V60E6O...
, p. 22).

A elaboração dessas características é considerada por Rodrigues (2013RODRIGUES, C. A ambientalização curricular da educação física nos contextos da pesquisa acadêmica e do ensino superior. 2013. 290 f. Tese (Doutorado em Educação) - Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2013., p. 86)

[...] um marco nos estudos sobre os processos de ambientalização no ensino superior, constituindo-se como significativo (con)texto social atual sobre o qual podemos analisar como esse processo vem se desenvolvendo em diversos espaços, entre eles, no ensino superior brasileiro.

Ainda, segundo o autor, tais iniciativas podem sinalizar que as discussões sobre a temática ambiental no ensino superior "[...] não giram mais em torno da necessidade ou não da incorporação da dimensão ambiental nos currículos [...], mas como essa incorporação deve ser realizada." (RODRIGUES, 2013RODRIGUES, C. A ambientalização curricular da educação física nos contextos da pesquisa acadêmica e do ensino superior. 2013. 290 f. Tese (Doutorado em Educação) - Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2013., p. 86).

Nesse sentido, nos anos de 2004 e 2005, a Rede Universitária de Programas de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis (RUPEA) realizou um trabalho intitulado Mapeamento da educação ambiental nas instituições brasileiras de educação superior, em função de "[...] demandas para a elaboração tanto de diretrizes para a implementação da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) quanto de estratégias para consolidação da Educação Ambiental (EA) no âmbito da educação superior." (BRASIL, 2007BRASIL. Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental. Mapeamento da educação ambiental em instituições brasileiras de educação superior: elementos para políticas públicas. Brasília: MME: MEC, 2007., p. 5).

Outra iniciativa que buscou diagnosticar a Ambientalização nas diferentes IES foi a constituição da Alianza de Redes Iberoamericanas de Universidades por la Sostenibilidad y el Ambiente (ARIUSA), que consiste em um grupo de redes universitárias criado em 2007, na cidade de Bogotá, Colômbia. Entre as diferentes iniciativas desenvolvidas pela ARIUSA está a construção de propostas de análise ou de indicadores de sustentabilidade para avaliar a inserção e desenvolvimento dessa temática nas universidades a partir da Red de Investigación sobre Ciencia, Tecnología, Innovación y Educación Ambiental en Iberoamérica (CTIE-AMB) e da Red de Indicadores de Sostenibilidad en las Universidades (RISU). (SÁENZ, 2014SÁENZ, O. Panorama de la sustentabilidad en las unversidades de América Latina y el Caribe. In: RUSCHEINSKY, A.; GUERRA, A. F. S.; FIGUEIREDO, M. L.; LEME, P. C. S.; RANIERI, V. E. L.; DELITTI, W. B. C. (org.). Ambientalização nas instituições de educação superior no Brasil: caminhos trilhados, desafios e possibilidades. São Carlos: EESC: USP, 2014. p. 23-38.).

Faz-se necessário mencionar, também, o projeto de cooperação entre a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Autónoma de Madrid (UAM), que teve início no âmbito do Programa de Cooperación Interuniversitaria e Investigación Científica, entre Espanha e Iberoamérica, no ano de 2009 (LEME; PAVESI, 2012LEME, P. C. S.; PAVESI, A. A plataforma da sustentabilidade como base para a construção coletiva de comunidades universitárias solidárias e sustentáveis. In: LEME, P. C. S.; PAVESI, A.; ALBA, D. H.; DIAZ, M. J. G. (org.). Visões e experiências ibero-americanas de sustentabilidade nas universidades. São Paulo: USP; Madrid: UAM, 2012. p. 197-204.). Entre as produções desse projeto está "[...] a elaboração de uma Plataforma web de comunicação sobre a sustentabilidade nas universidades, a Plataforma Informação, sensibilização e avaliação da sustentabilidade na Universidade" (LEME; PAVESI, 2012LEME, P. C. S.; PAVESI, A. A plataforma da sustentabilidade como base para a construção coletiva de comunidades universitárias solidárias e sustentáveis. In: LEME, P. C. S.; PAVESI, A.; ALBA, D. H.; DIAZ, M. J. G. (org.). Visões e experiências ibero-americanas de sustentabilidade nas universidades. São Paulo: USP; Madrid: UAM, 2012. p. 197-204., p. 198), a qual possui uma ferramenta específica chamada teste da sustentabilidade."

Além dessas iniciativas, convém destacar que no contexto de implementação da Ambientalização nas universidades as ações voltadas para a implementação têm se transformado ao longo dos anos. Inicialmente concentradas nas atividades de ensino, a partir da criação de programas, cursos ou na inserção de novos temas nas estruturas curriculares destes, tais ações ao longo dos anos passaram a ocupar outros espaços da universidade, como pesquisa e extensão (SÁENZ; BENAYAS, 2015SÁENZ, O.; BENAYAS, J. Ambiente y sustentabilidad en las instituciones de educación superior en América Latina y el Caribe. Ambiens, Medellín, v. 1, n. 2, 193-224, 2015. Disponível em: https://cutt.ly/KBuxve8. Acesso em: 5 out. 2022.
https://cutt.ly/KBuxve8...
). Para Sáenz e Benayas (2015, p. 205, tradução nossa)SÁENZ, O.; BENAYAS, J. Ambiente y sustentabilidad en las instituciones de educación superior en América Latina y el Caribe. Ambiens, Medellín, v. 1, n. 2, 193-224, 2015. Disponível em: https://cutt.ly/KBuxve8. Acesso em: 5 out. 2022.
https://cutt.ly/KBuxve8...
, "[...] desde o final da década de noventa, as ações ambientais nas três funções tradicionais da universidade vêm somando a novas práticas de gestão ambiental institucional nas IES".

Nesse sentido, consideramos que as discussões acerca dessa temática no ensino superior podem se constituir em um campo privilegiado de investigação, bem como propiciar o desenvolvimento de práticas que resultem em responsabilidade social ambiental. De acordo com Guerra et al. (2015, p. 13)GUERRA, A. F. S.; FIGUEIREDO, M. L.; ORSI, R. F. M.; STEUCK, E. R.; CARLETTO, D. L.; SILVA, M. P.; LUNA, J. M. F. A ambientalização na educação superior: trajetória e perspectivas. In: GUERRA, A. F. S. (org.). Ambientalização e sustentabilidade nas universidades: subsídios, reflexões e aprendizagens. Itajaí: Editora da Univali, 2015. p. 11-33.:

[...] a temática da ambientalização, por si só, é um campo profícuo de investigação, no sentido de dar visibilidade à temática ambiental nas universidades, abrindo caminhos para discussões, tomadas de decisão e compromisso com a implementação de ações de responsabilidade socioambiental.

Essa visibilidade da temática ambiental nas universidades, referida por Guerra et al. (2015)GUERRA, A. F. S.; FIGUEIREDO, M. L.; ORSI, R. F. M.; STEUCK, E. R.; CARLETTO, D. L.; SILVA, M. P.; LUNA, J. M. F. A ambientalização na educação superior: trajetória e perspectivas. In: GUERRA, A. F. S. (org.). Ambientalização e sustentabilidade nas universidades: subsídios, reflexões e aprendizagens. Itajaí: Editora da Univali, 2015. p. 11-33., pode ser observada na produção teórica no contexto dos programas de pós-graduação no país, mais precisamente em teses e dissertações em EA, de particular interesse para este artigo. Na tentativa de compreender os caminhos construídos pelos pesquisadores que discutem a Ambientalização nas IES no campo de pesquisa em EA, recorremos a alguns elementos básicos relativos à constituição de um campo científico, elaborados por Bourdieu (2004)BOURDIEU, P. Os usos sociais da ciência: por uma clínica do campo científico. São Paulo: Ed. Unesp, 2004. e apresentados em seguida.

Para Bourdieu (2004, p. 20)BOURDIEU, P. Os usos sociais da ciência: por uma clínica do campo científico. São Paulo: Ed. Unesp, 2004., a noção de campo científico pode ser compreendida como um "[...] sistema de relações objetivas entre posições adquiridas (em lutas anteriores), é o lugar, o espaço de jogo de uma luta concorrencial." Ainda, segundo o autor, "[...] o que está em jogo especificamente nessa luta é o monopólio da autoridade científica definida, de maneira inseparável, como capacidade técnica e poder social; ou, se quisermos, o monopólio da competência científica." (BOURDIEU, 2004BOURDIEU, P. Os usos sociais da ciência: por uma clínica do campo científico. São Paulo: Ed. Unesp, 2004., p. 20, grifo nosso).

Esse é um campo que se estrutura a partir de relações de conservação ou subversão das forças em torno de determinado objeto de disputa (BOURDIEU, 2004BOURDIEU, P. Os usos sociais da ciência: por uma clínica do campo científico. São Paulo: Ed. Unesp, 2004.). Nesse sentido, de acordo com Carvalho (2015, p. 69)CARVALHO, L. M. Pesquisa em educação ambiental no Brasil: um campo em construção? 2015. Tese (Livre-Docência em Educação Ambiental) - Departamento de Educação, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2015., "[...] dependendo do contexto e dos objetos de estudo em questão, a luta concorrencial nem sempre é de disputa, e pode se converter em alianças temporárias." Para esse autor, essas estratégias são nomeadas por Bourdieu como cumplicidade objetiva.

É necessário pontuar que essas estratégias não consistem em "[...] uma ação inteiramente consciente, intencional, mas em algum nível intuída e atualizada nas disposições que os agentes tendem a ocupar num campo" (CARVALHO, 2009CARVALHO, I. C. M. A configuração do campo da pesquisa em educação ambiental: considerações sobre nossos autorretratos. Pesquisa em Educação Ambiental, São Carlos, v. 4, n. 2, p. 127-134, 2009. doi: https://doi.org/jfsx.
https://doi.org/jfsx...
, p. 131132). Ainda, conforme o autor, "[...] como todo agente de um campo, o pesquisador está submetido às regras e às hierarquias de valores do campo em que se encontra." (CARVALHO, 2009CARVALHO, I. C. M. A configuração do campo da pesquisa em educação ambiental: considerações sobre nossos autorretratos. Pesquisa em Educação Ambiental, São Carlos, v. 4, n. 2, p. 127-134, 2009. doi: https://doi.org/jfsx.
https://doi.org/jfsx...
. p. 132).

Tendo em vista os aspectos referentes ao campo científico elaborados por Bourdieu (2004)BOURDIEU, P. Os usos sociais da ciência: por uma clínica do campo científico. São Paulo: Ed. Unesp, 2004., e a compreensão do campo de pesquisa em EA como um campo em consolidação (CARVALHO, 2015CARVALHO, L. M. Pesquisa em educação ambiental no Brasil: um campo em construção? 2015. Tese (Livre-Docência em Educação Ambiental) - Departamento de Educação, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2015.), tomamos como ponto de partida a seguinte questão: é possível afirmar que a Ambientalização nas IES é um objeto em disputa a partir dos caminhos construídos pelos pesquisadores que discutem essa temática?

Assim sendo, este estudo teve como objetivo analisar a constituição da temática da Ambientalização nas IES a partir dos caminhos construídos e trilhados pelos pesquisadores em EA em teses e dissertações em EA defendidas no período entre 1981 e 2018.

Procedimentos de pesquisa

A pesquisa desenvolvida é do tipo 'estado da arte', que pode ser entendida como a que se volta para o conjunto de conhecimentos já produzidos em determinado campo do saber (MEGID NETO; CARVALHO, 2018MEGID NETO, J.; CARVALHO, L. M. Pesquisas de estado da arte: fundamentos, características e percursos metodológicos. In: ESCHENHAGEN, G. M. L.; VÉLEZCUARTAS, G.; MALDONADO, C.; PINO, G. G. (ed.). Construcción de problemas de investigación: diálogos entre el interior y el exterior. Medellin: Universidad Pontifica Bolivariana: Universidad de Antioquia, 2018. p. 97-113.). Nesse tipo de pesquisa busca-se discutir certa "[...] produção acadêmica em diferentes campos do conhecimento, tentando responder que aspectos e dimensões vêm sendo destacados e privilegiados em diferentes épocas e lugares, de que formas e em que condições têm sido produzidas." (FERREIRA, 2002FERREIRA, N. S. A. As pesquisas denominadas "estado da arte". Educação & Sociedade, Campinas, v. 23, n. 79, p. 257-272, ago. 2002. doi: https://doi.org/ch2v2s.
https://doi.org/ch2v2s...
, p. 258). Pesquisas do tipo estado da arte possibilitam desenvolver estudos que procuram investigar "[...] aspectos específicos e interessantes do conjunto da produção e também sinalizam a realização de novas investigações, seja para esclarecer ou aprofundar.” (MEGID NETO, 2009MEGID NETO, J. Educação ambiental como campo de conhecimento: a contribuição das pesquisas acadêmicas para sua consolidação no Brasil. Revista Pesquisa em Educação Ambiental, Rio Claro, v. 4, n. 2, p. 95-110, 2009. doi: https://doi.org/hm3w.
https://doi.org/hm3w...
, p. 97).

Para a constituição do corpus documental selecionamos teses e dissertações em EA que problematizam a temática da Ambientalização nas IES e que dialogam com textos de autores que discutem essas questões. Para a seleção, usamos o Catálogo de Teses e Dissertações do Projeto Estado da Arte da Pesquisa em Educação Ambiental no Brasil (EARTE, 20--EARTE: estado da arte da pesquisa em educação no Brasil. São Paulo: Cruesp, 20--?. Disponível em: http://www.earte.net. Acesso em: 30 set. 2022.
http://www.earte.net...
), na busca de trabalhos do período 1981-2016 e, complementarmente, o Catálogo de Teses e Dissertações da Capes, para o período 2017-2018 (quadro 1).

Quadro 1
Teses e dissertações em EA com foco em investigação e ambientalização das IES

Posteriormente, no Catálogo do Projeto EArte, foram utilizados alguns filtros de classificação, sendo eles: contexto escolar, modalidade educacional regular e educação superior, para os anos de 1981 a 2012. Com esse procedimento, foram localizados onze trabalhos. Cabe destacar que, os filtros de classificação desse banco, referentes aos níveis de ensino do contexto escolar estão disponíveis apenas para os trabalhos até 2012; para as pesquisas referentes ao período de 2013 a 2016, realizamos uma busca avançada apenas nos filtros de classificação do contexto escolar e ano de defesa, resultando em 24 trabalhos. Assim, por meio desses procedimentos, obtivemos 35 trabalhos.

Por sua vez, no Catálogo da Capes buscamos selecionar os trabalhos a partir de alguns critérios, sendo eles: (a) o estudo deve se caracterizar como um trabalho de EA a partir de critérios previamente estabelecidos e desenvolvidos pelos pesquisadores do Projeto EArte; e (b) o foco de investigação deveria ser no âmbito de uma instituição de ensino superior. Com esse procedimento, identificamos 24 trabalhos e, somando-se aos 35 localizados no Catálogo do Projeto EArte, obtivemos um total de 59 pesquisas, conforme apresentado no quadro 2.

Quadro 2
Teses e dissertações em EA que têm como foco de investigação a ambientalização das IES

Esses 59 trabalhos constituem um conjunto de pesquisas que, embora façam menção ao termo Ambientalização de forma pontual ao longo do texto, inicialmente foram selecionadas para constituírem o corpus documental da pesquisa, uma vez que, eventualmente, compreendíamos que poderiam contribuir para a discussão dessa temática na produção acadêmica em EA no Brasil.

No entanto, a partir da leitura dos resumos desse conjunto de 59 teses e dissertações e, quando necessário, do texto completo, observou-se que alguns desses estudos faziam menção ao termo em questão somente nas considerações finais ou na introdução, por exemplo, sem discuti-los ou problematizá-los.

A partir desse conjunto mais amplo de teses e dissertações, procuramos selecionar aquelas que problematizam a temática da Ambientalização nas IES e que dialogam com textos de autores que discutem essas questões. Esse procedimento resultou em um conjunto de 40 teses e dissertações que constituem o corpus documental desta pesquisa, sendo 11 teses e 29 dissertações, apresentadas no quadro 3.

Quadro 3
Teses e dissertações em EA, com foco de investigação em Ambientalização das IES, concluídas no Brasil entre 1981 e 2018

A partir da seleção do corpus documental, foram identificadas informações relativas ao contexto institucional, no qual consideraram-se a distribuição temporal, a distribuição geográfica e as instituições de ensino superior nas quais as pesquisas foram defendidas.

Foram identificadas também as propostas de análise dos processos de Ambientalização nas IES utilizados nas pesquisas, bem como os autores dos trabalhos referenciados pelos pesquisadores das teses e dissertações analisadas, cujo foco investigativo refere-se à Ambientalização e às unidades federativas das instituições às quais esses autores estavam vinculados.

Posteriormente, essas informações foram sistematizadas e elaborados tabelas e gráficos para sintetizar os resultados a partir do uso de aplicativo específico de planilhas eletrônicas. Tais informações foram analisadas em diálogo com os trabalhos relativos à temática da Ambientalização nas IES, como Guerra et al. (2015)GUERRA, A. F. S.; FIGUEIREDO, M. L.; ORSI, R. F. M.; STEUCK, E. R.; CARLETTO, D. L.; SILVA, M. P.; LUNA, J. M. F. A ambientalização na educação superior: trajetória e perspectivas. In: GUERRA, A. F. S. (org.). Ambientalização e sustentabilidade nas universidades: subsídios, reflexões e aprendizagens. Itajaí: Editora da Univali, 2015. p. 11-33. e Guerra e Figueiredo (2014)GUERRA, A. F. S.; FIGUEIREDO, M. L. Ambientalização curricular na educação superior: desafios e perspectivas. Educar em Revista, Curitiba, ed. esp. 3, p. 109-126, 2014. doi: https://doi.org/jfs3.
https://doi.org/jfs3...
, e partir de algumas aproximações com a noção de campo científico elaborada por Bourdieu (1983BOURDIEU, P. O campo científico. In: ORTIZ, R. (org.). Pierre Bourdieu: sociologia. São Paulo: Ática, 1983. p. 122-155., 2004)BOURDIEU, P. Os usos sociais da ciência: por uma clínica do campo científico. São Paulo: Ed. Unesp, 2004., as quais auxiliam em uma possível compreensão das correlações de forças de 'subversão' e/ou de 'conservação' que atuam na constituição dessa temática.

Constituição da temática da ambientalização no contexto universitário a partir da produção acadêmica em EA

A partir da sistematização das 40 teses e dissertações, apresentamos algumas informações relativas ao contexto institucional, as propostas de análise dos processos de Ambientalização nas IES utilizados nas teses e dissertações, bem como os autores referenciados pelos pesquisadores dos trabalhos analisados. Entendemos que essas questões podem auxiliar na compreensão dos caminhos trilhados pelos pesquisadores na constituição da temática da Ambientalização nas IES.

Com relação à distribuição temporal das teses e dissertações analisadas, concluídas no período de 1981 a 2018, apresentada na figura 1, observou-se que o primeiro trabalho que problematiza a Ambientalização nas IES e dialoga com textos de autores que discutem essa temática é uma tese de doutorado intitulada A ambientalização da formação do arquiteto: o caso do curso de arquitetura e urbanismo da escola de engenharia de São Carlos (CAU, EESC-USP), de Alessandra Pavesi, orientada pela Profa. Dra. Denise de Freitas. Essa pesquisa foi defendida no ano de 2007, em um Programa de Pós-Graduação em Educação, na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). No ano seguinte, em 2008, foram defendidos dois trabalhos acerca dessa temática, uma dissertação na Universidade Estadual Paulista, câmpus de Rio Claro, e uma tese na UFSCar. Cabe destacar que esses trabalhos foram orientados por pesquisadores que constituíram a Rede de Ambientalização Curricular no Ensino Superior (Rede Aces), desenvolvida no âmbito do Projeto América Latina Formação Acadêmica (Alfa), no período de 2001 a 2004. Assim sendo, consideramos que esses estudos foram desenvolvidos sob a influência das discussões a respeito da Ambientalização nas IES construídas pela Rede Aces.

Figura 1
Distribuição temporal das teses e dissertações em EA concluídas no Brasil no período 1981-2018

A partir de 2007, pode-se observar uma curva de crescimento exponencial na quantidade de trabalhos, com destaque para os anos de 2015, 2017 e 2018, os quais apresentam maior quantidade de trabalhos defendidos. Além dos diferentes seminários e conferências internacionais que influenciaram os estudos sobre a inserção da temática ambiental no ensino superior, inferimos que o acentuado crescimento na produção dos trabalhos analisados pode estar relacionado, também, ao desenvolvimento de algumas iniciativas desenvolvidas no Brasil nos últimos anos.

Essas iniciativas compreendem a realização de eventos referentes à Ambientalização, como o III Seminário Internacional de Sustentabilidade na Universidade, em 2011, em São Carlos/SP. De acordo com Guerra e Figueiredo (2014)GUERRA, A. F. S.; FIGUEIREDO, M. L. Ambientalização curricular na educação superior: desafios e perspectivas. Educar em Revista, Curitiba, ed. esp. 3, p. 109-126, 2014. doi: https://doi.org/jfs3.
https://doi.org/jfs3...
, nesse evento foi apresentada a Plataforma informação, sensibilização e avaliação da sustentabilidade nas universidades.

Em 2012, ocorreu a II Jornada Iberoamericana da Alianza de Redes Iberoamericanas de Universidades por la Sostenibilidad y el Ambiente (Ariusa), no câmpus da Universidade do Vale Itajaí (Univali), em Itajaí, no estado de Santa Catarina.

No ano de 2013, foi realizado o IV Seminário Sustentabilidade na Universidade: desafios à Ambientalização nas instituições de ensino superior no Brasil, na cidade de Porto Seguro, Bahia. Decorrente das articulações desenvolvidas nesse evento, foi publicado o livro intitulado Ambientalização nas instituições de educação superior no Brasil: caminhos trilhados, desafios e possibilidades (RUSCHEINSKY et al., 2014RUSCHEINSKY, A.; GUERRA, A. F. S.; FIGUEIREDO, M. L.; LEME, P. C. S.; RANIERI, V. E. L.; DELITTI, W. B. C. (org.). Ambientalização nas instituições de educação superior no Brasil: caminhos trilhados, desafios e possibilidades. São Carlos: EESC: USP, 2014.), além do estabelecimento de parcerias entre pesquisadores de IES nacionais e internacionais para a discussão da inserção da temática ambiental na universidade.

Outro dado analisado refere-se à distribuição geográfica dessas pesquisas. A partir desses dados, observa-se que há uma concentração na região Sul, com 16 pesquisas (40%), seguida pela região Sudeste, com 14 estudos (35%). Em menor proporção, a região Nordeste com 6 pesquisas 2/6 (15%), além das regiões Centro-Oeste e Norte, ambas com 2 trabalhos, tais como apresentadas na figura 2.

Figura 2
Distribuição geográfica das teses e dissertações em EA concluídas no Brasil entre 1981 e 2018 e que têm como foco de investigação a Ambientalização das IES

A predominância das regiões Sul e Sudeste nos trabalhos analisados não está relacionada apenas à concentração de Programas de Pós-Graduação e, consequentemente, à produção de teses e dissertações em EA nessas regiões, como indica Carvalho (2015)CARVALHO, L. M. Pesquisa em educação ambiental no Brasil: um campo em construção? 2015. Tese (Livre-Docência em Educação Ambiental) - Departamento de Educação, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2015., mas também à constituição de projetos, redes universitárias e grupos de pesquisas. A partir da década de 2000, algumas iniciativas envolvendo pesquisadores brasileiros passaram a discutir a temática da Ambientalização na universidade, como a Rede Aces e o Projeto de Definición de indicadores de Evaluación de la Sustentabilidad em Universidades Latino-americanas (Risu).

Além disso, é importante considerar que, embora as pesquisas tenham sido desenvolvidas em Programas de Pós-Graduação vinculados às regiões Sudeste e Sul, o processo de Ambientalização investigado em oito pesquisas (20%) foi desenvolvido em outras IES. Tal condição pode ser observada nas pesquisas defendidas no estado de São Paulo, no qual, dos 12 estudos defendidos, dois deles pesquisam IES localizadas no estado de Rondônia e no estado da Paraíba.

A partir da distribuição geográfica das instituições nas quais as pesquisas foram defendidas, interessou-nos identificar essas instituições, apresentadas na figura 3, entre as quais se destaca a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com cinco estudos orientados e defendidos no Programa de Pós-Graduação em Educação. Nesse programa, há um grupo de pesquisa intitulado Formação de professores, Ambientalização Curricular e Ensino de Ciências do qual as professoras responsáveis pela orientação dessas pesquisas, Denise de Freitas e Vânia Zuin, são participantes. Cabe destacar que a primeira fez parte da equipe de pesquisadores da UFSCar que constituiu a Rede Aces, como já mencionado, e foi responsável pela orientação de quatro estudos.

Figura 3
Distribuição da quantidade das teses e dissertações em EA concluídas no Brasil entre 1981 e 2018, por instituição de ensino superior

Com o segundo maior número de trabalhos defendidos encontra-se a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), com quatro pesquisas, entre elas uma no Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar, do câmpus de Araraquara, e três no Programa de Pós-Graduação em Educação, do câmpus de Rio Claro, ambas no estado de São Paulo. Ressalta-se que a pesquisa defendida em Araraquara é resultante de um doutorado interinstitucional (Dinter). Esses quatro trabalhos foram orientados pelo Professor Luiz Marcelo de Carvalho e pela Professora Rosa Maria Feiteiro Cavalari, docentes do câmpus de Rio Claro da Unesp, que também participaram da Rede Aces.

Destaca-se, ainda, a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), câmpus de Porto Alegre, também com quatro pesquisas defendidas e orientadas pela Professora Isabel Cristina de Moura Carvalho. Essa pesquisadora participou de projetos de inserção da temática ambiental na PUCRS e de iniciativas de cooperação com o Programa USP Recicla, na Universidade de São Paulo, além da Universidade Autônoma de Madrid, Espanha, em um projeto de articulação internacional. Além disso, coordenou projetos relacionados à Ambientalização da universidade, como Ambientalização e Educação (2012-2014), envolvendo mestrandos e doutorandos da instituição.

Com três pesquisas defendidas, a Universidade da Região de Joinville (Univille) posiciona-se entre as cinco IES com maior número de trabalhos analisados; esses estudos, que consistem em um doutorado e dois mestrados, foram defendidos nos Programas de Pós-Graduação de Educação e Saúde e Meio Ambiente, orientados pela Professora Nelma Baldin. Essa pesquisadora participou do projeto intitulado Definición de indicadores y evaluación de los compromisos con la sostenibilidad en Universidades Latinoamericanas (2013-2014), o qual faz parte das iniciativas desenvolvidas pela Ariusa, como a criação do grupo de pesquisadores de diferentes IES, em 2012, para constituição da Red de Indicadores de Universidades Sostenibles (Risu), como já mencionado.

Assim, entendemos que a identificação desses pesquisadores e das IES, às quais estão vinculados, possibilita-nos vislumbrar alguns movimentos de legitimação e convergência em torno da temática da Ambientalização, bem como a importância e a influência das redes universitárias na constituição dessa temática. No entanto, cabe destacar que essas atividades estão relacionadas, principalmente, à presença de determinados pesquisadores e não se constituem como ações institucionais, de modo que as ações são desenvolvidas em decorrência da permanência daquele pesquisador na instituição, podendo deixar de existir se, eventualmente, esses pesquisadores se transferirem de instituição, o que pode ser compreendido como um indício de fragilidade no processo de efetivação da Ambientalização nas IES.

Convém destacar que, ao analisarmos os âmbitos das IES (docência, pesquisa, extensão e gestão) investigados pelos pesquisadores dos trabalhos, percebe-se que as teses e as dissertações que buscam analisar o currículo de um ou mais cursos de IES correspondem a 38 estudos (95%). No entanto, desse número total de pesquisas, 30 dedicam-se apenas ao âmbito curricular e oito investigam tanto o currículo quanto as práticas desenvolvidas em diferentes lócus da universidade. Já as pesquisas que analisam apenas a Ambientalização do câmpus de determinada universidade correspondem a dois estudos (5%).

Tendo em vista a ênfase na análise de cursos de graduação, buscou-se realizar a identificação desses cursos nas teses e dissertações analisadas, bem como a área de conhecimento à qual cada curso está vinculado. No total, foram identificados 75 cursos analisados nessas pesquisas, sendo necessário pontuar que cada estudo pode ter investigado mais de um curso. Para a identificação e sistematização das áreas de conhecimento consideramos a Tabela de Áreas de Conhecimento/Avaliação da Capes.

Desse conjunto de cursos identificados nos trabalhos apresentamos aqueles que têm frequência absoluta a partir de dois, como apresentado no quadro 4.

Quadro 4
Sistematização das grandes áreas de conhecimento nas quais os cursos investigados estão vinculados

A partir da análise dessa sistematização, observa-se que a maioria dos cursos identificados está vinculada à área de Ciências Sociais Aplicada, totalizando 13 cursos, entre os quais podemos mencionar Ciências Contáveis, Direito e Turismo, seguidos pelas áreas de Ciências da Saúde e Ciências da Terra. Em menor quantidade estão os cursos vinculados às Engenharias, Linguísticas, Letras e Artes e às Ciências Biológicas.

No entanto, ao se considerar a frequência absoluta de cada curso, percebe-se que o processo de Ambientalização é investigado com mais frequência nos cursos de Ciências Biológicas, Pedagogia e Química, os quais tradicionalmente possuem suas atividades institucionais marcadas pela compreensão dos fenômenos naturais e/ou relação sociedade e natureza.

Além da identificação desses cursos, entendemos que a inserção da temática ambiental deve estar atrelada a uma reflexão sobre as questões políticas e epistemológicas que envolvem a dimensão ambiental no contexto universitário. Diferentes de outros espaços institucionais, para Leff (2009LEFF, E. Prólogo. In: ESCHENHAGEM, M. L. La educación ambiental superior en América Latina: retos epistemológicos y curriculares. Bogotá: Echoe Ediciones, 2009. p. xv-xxii., p. xviii, tradução nossa) as universidades são "[...] instituições de pesquisa e docência; de conhecimento, saber e cultura, por isso a ambientalização das universidades passa, sobretudo, pela ambientalização do currículo universitário."

Já em relação aos trabalhos que analisam iniciativas no âmbito da gestão, as quais consideramos relevantes, questionamo-nos sobre o papel desempenhado pela gestão nas IES. Tendo como pressuposto que a gestão é uma atividade-meio, a partir da qual se desenvolvem as atividades-fim da universidade (ensino, pesquisa e extensão), cabe indagar se nos processos de Ambientalização nas IES a gestão estaria se sobrepondo às atividades-fim, contribuindo para a constituição de uma universidade administrada ou operacional, tal como apontada por Chauí (2001)CHAUÍ, M. Escritos sobre a universidade. São Paulo: Ed. Unesp, 2001..

Outro aspecto analisado refere-se às propostas de análise dos processos de Ambientalização utilizados pelos pesquisadores nas teses e dissertações identificadas. Assim, das 40 pesquisas analisadas, 28 (70%) fazem uso dessas propostas de análise para investigar o processo de Ambientalização, e 12 trabalhos (30%) não as utilizam; estes últimos realizam a análise a partir do diálogo com trabalhos cujo foco é a EA e/ou especificamente a Ambientalização nas IES.

No que diz respeito aos trabalhos que fazem uso dessas propostas, observa-se que as características para um estudo ambientalizado, elaborado pela Rede Aces, são predominantes e estão presentes em 22 desses trabalhos (78%), caracterizando uma possível retomada das propostas construídas pelos grupos de pesquisadores que participaram dessa Rede, como pode ser observado na figura 4. Para Guerra e Figueiredo (2014GUERRA, A. F. S.; FIGUEIREDO, M. L. Ambientalização curricular na educação superior: desafios e perspectivas. Educar em Revista, Curitiba, ed. esp. 3, p. 109-126, 2014. doi: https://doi.org/jfs3.
https://doi.org/jfs3...
, p. 121), esse resgate do trabalho dos pesquisadores da Rede Aces nos últimos anos se deu "[...] graças à articulação das redes de universidades e à socialização da produção científica sobre Ambientalização e ao compromisso com sua institucionalização nas IES". Convém destacar que uma pesquisa pode utilizar mais de uma proposta de análise dos processos de Ambientalização nas IES.

Figura 4
Sistematização das grandes áreas de conhecimento nas quais os cursos investigados estão vinculados

Entre as propostas identificadas também está o Teste de Sustentabilidade. Elaborado e disponibilizado pela Plataforma informação, sensibilização e avaliação da sustentabilidade nas universidades, foi adotado por cinco pesquisas (17%). Essa Plataforma é resultante de uma "[...] iniciativa de um projeto de cooperação internacional envolvendo o Programa USP Recicla na Universidade de São Paulo, o Departamento de Ecologia da Universidade Autônoma de Madri (UAM/Espanha) e a parceria da PUCRS." (GUERRA; FIGUEIREDO, 2014, p. 119). Identificamos, também, a utilização dos indicadores da Rede de Indicadores de Sustentabilidade nas Universidades (Risu) construída por pesquisadores que constituem a

Ariusa, bem como o uso da GreenMetric World University Ranking, em um dos trabalhos. De acordo com a página eletrônica dessa plataforma,

O Ranking GreenMetric World University é uma plataforma de classificação universitária criada pela Universidade da Indonésia em 2010. Este ranking tem como objetivo avaliar e classificar as universidades em todo o mundo de acordo com suas condições atuais e políticas relacionadas ao campus verde e atividades de sustentabilidade. (UI GREENMETRIC WORLD UNIVERSITY RANKING, 2022UI GREENMETRIC WORLD UNIVERSITY RANKING. Website. [2022]. Disponível em: https://greenmetric.ui.ac.id/. Acesso em: 30 set. 2022.
https://greenmetric.ui.ac.id/...
, tradução nossa).

Além de discutir indicadores de Ambientalização na universidade, em um dos trabalhos foi elaborada uma proposta denominada Modelo de Avaliação Quadrangular da Ambientalização Acadêmica, que, de acordo com a pesquisa, pode ser compreendida a partir de quatro marcos analíticos, a saber:

[...] a institucionalização: participação das IES em ações de DRS; a infraestrutura: adequação geoclimática dos espaços e construções das IES; políticas públicas: subsídio técnico e tecnológico aos decisores e Stakeholders e processos formativos: educação ambiental (ensino e pesquisa) capacitação às comunidades acadêmica e externa (NOBREGA, 2017NOBREGA, M. L. S. Ambientalização acadêmica: conceituação e metodologia de avaliação: um estudo comparativo das práticas sustentáveis em segurança hídrica entre universidades brasileiras (UFLA e UFCG) e norte-americanas (ASU e UCLA). 2017. 202 f. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Sustentável) - Universidade de Brasília, Brasília, 2017., p. 131, grifo nosso).

A utilização de propostas de análise dos processos de Ambientalização na universidade pode sugerir caminhos que os pesquisadores que se fundamentam nessa temática podem estar trilhando, na tentativa de contribuir para as discussões relativas à inserção dessa temática na Universidade. Além disso, em consonância com Oliveira (2006)OLIVEIRA, H. T. O processo de ambientalização curricular na Universidade Federal de São Carlos nos contextos de ensino, pesquisa, extensão e gestão ambiental. In: CONGRESSO IBEROAMERICANO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, 5., 2006, Joinville. Anais [...]. Brasília: Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental, 2006. p. 453-458., também indicamos a necessidade de definição de critérios e de indicadores para a Ambientalização a fim de que estes possam contribuir para a formulação e/ou fortalecimento de políticas públicas e de políticas institucionais de Ambientalização nas IES. No entanto, essas propostas de análise não devem ser usadas de forma normativa e padronizada, tendo em vista a necessidade de adaptação e contextualização delas às diferentes IES.

Entendemos, também, que a utilização dessas propostas pode estar relacionada às relações de interesses em comum em torno da temática da Ambientalização nas IES, e a construção de novas propostas de análise desse processo pode sugerir indícios de 'subversão' dessas relações. Outro possível indício de 'subversão' está associado à escolha de certos âmbitos (ensino, pesquisa, extensão e/ou gestão) das IES para análise, bem como a adoção de algumas propostas de análise que privilegiem determinados âmbitos. Tais opções estão vinculadas, também, a diferentes compreensões do processo de Ambientalização adotadas e/ou construídas pelos agentes do campo de pesquisa em EA, os quais influenciam a delimitação das questões consideradas importantes ao se desenvolver uma pesquisa com a temática da Ambientalização. No entanto, como indicado por Bourdieu (2004BOURDIEU, P. Os usos sociais da ciência: por uma clínica do campo científico. São Paulo: Ed. Unesp, 2004., p. 28), tais regras não são determinantes tendo em vista que "[...] os agentes sociais não são partículas passivamente conduzidas pelas forças do campo." Nesse sentido, outro aspecto que entendemos constituir as ‘regras desse jogo’ refere-se aos trabalhos de determinados grupos de pesquisadores que têm se constituído como referências que influenciam e fundamentam as pesquisas que adotam como foco investigativo essa temática. Por conseguinte, interessou-nos identificar os autores referenciados pelos pesquisadores dos 40 trabalhos analisados, que produziram textos que discutem a temática da Ambientalização nas IES publicados em artigos, livros, capítulos de livro ou trabalhos apresentados em anais de evento. A partir desse procedimento, foram localizados 138 autores diferentes que realizaram pesquisas coletivas ou individuais, referenciadas nos trabalhos. Desse conjunto de estudos selecionamos os 20 autores mais referenciados pelos pesquisadores das teses e dissertações analisadas, conforme apresentado no quadro 5.

Quadro 5
Autores referenciados nas teses e dissertações em EA concluídas no Brasil entre 1981 e 2018, e que produziram textos que discutem a temática da Ambientalização nas IES

A partir desses dados, nota-se que há uma quantidade significativa de trabalhos referenciados nas pesquisas que discutem a temática da Ambientalização nas IES. Entre estes, ao analisarmos os 20 autores mais referenciados, observamos que estão sendo citados com maior frequência trabalhos empíricos ou reflexivos sobre o processo de Ambientalização nas IES e buscam estabelecer diálogos com estudos realizados em outras instituições ou, de maneira geral, são utilizadas na contextualização a partir dos marcos teóricos dessa temática no Brasil e delimitação de uma definição para Ambientalização.

Ao analisarmos o contexto no qual os trabalhos desses autores referenciados ocupam nos documentos analisados, observou-se que Guerra e Figueiredo estão presentes em um número significativo de trabalhos coletivos citados e são mencionados nas teses e dissertações para construção da conceituação da temática de Ambientalização e contextualização de alguns marcos teóricos dessa temática no Brasil, como pode ser observado em:

Neste contexto o presente estudo procurou analisar de que forma se insere a ambientalização curricular que, para Guerra e Figueiredo (2014GUERRA, A. F. S.; FIGUEIREDO, M. L. Ambientalização curricular na educação superior: desafios e perspectivas. Educar em Revista, Curitiba, ed. esp. 3, p. 109-126, 2014. doi: https://doi.org/jfs3.
https://doi.org/jfs3...
, p. 111) 'consiste na inserção de conhecimentos, de critérios e de valores sociais, éticos, estéticos e ambientais nos estudos e currículos universitários, no sentido de educar para a sustentabilidade socioambiental', na qual a Educação Ambiental - EA assume um papel fundamental. (MICHALOWSKI, 2018MICHALOWSKI, J. W. Ambientalização curricular: o estudo de caso do curso de tecnologia em logística em uma IES de Curitiba. 2018. 131 f. Dissertação (Mestrado profissional em Educação e Novas Tecnologias) - Centro Internacional, Curitiba, 2018., p. 11).

Nos trabalhos citados, a conceituação dessa temática atravessa a discussão da inserção da sustentabilidade socioambiental na universidade na dimensão curricular ou nos diferentes lócus do câmpus.

Por sua vez, as autoras Junyent, Geli e Arbat são referenciadas, principalmente, a partir do conjunto de obras coletivas construídas em parceria com os pesquisadores participantes da Rede Aces, sendo utilizados, nos trabalhos, trechos que indicam uma caracterização do processo de Ambientalização Curricular, já mencionado, e que pode ser observado no trabalho de Barba (2011BARBA, C.H. Ambientalização curricular no ensino superior: o caso da Universidade Federal de Rondônia, campus de Porto Velho. 2011. 310 f. Tese (Doutorado em Educação Escolar) - Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2011., p. 88):

No âmbito das discussões da Rede ACES, o termo Ambientalização Curricular ficou assim caracterizado: 'La ambientalización curricular es un proceso continuo de producción cultural tendiente a la formación de profesionales comprometidos con la búsqueda plenamente de las mejores relaciones posibles entre la sociedad y la natureza, atendiendo a los valores de la justicia, la solidaridad y la equidad, aplicando los principios éticos universalmente reconocidos y el respeto a las diversidades.' (CIURANA; JUNYENT; ARBAT, 2003, p. 21, grifo nosso).

Ainda relacionado à Rede Aces, com exceção de um trabalho, todas as referências feitas ao autor Oliveira Júnior nos documentos analisados estão associadas tanto à caracterização geral do processo de Ambientalização Curricular quanto à apresentação das dez características da Rede Aces. Cabe destacar que o estudo mencionado é de autoria colaborativa com Josep Bonil Gargallo, Antonio Carlos Rodrigues de Amorim e Eva Arbat i Bau.

A representatividade dos autores vinculados às obras produzidas pela Rede Aces sugere que alguns dos estudos que têm sido desenvolvidos no campo da Educação Ambiental sobre a temática da Ambientalização Curricular têm se fundamentado tanto nas características para um estudo ambientalizado quanto nas definições construídas pelos pesquisadores que participaram dessa rede fomentada pelo Projeto Alfa.

São mencionados, também, estudos desenvolvidos por autoras como Kitzmann, Carvalho, de maneira que os trabalhos da primeira autora são utilizados para definição do processo de Ambientalização a partir da discussão da inserção da dimensão socioambiental vinculada a temáticas da EA e sustentabilidade. Já os trabalhos de Carvalho são estudos empíricos sobre a Ambientalização no câmpus da PUCRS, ou reflexões referentes à contextualização da inserção dessa temática no Brasil a partir da década de 2000 e definição dessa temática a partir da ideia de disciplinas ambientalmente orientadas.

Observa-se, também, que alguns desses autores referenciados são pesquisadores que orientaram pesquisas e que estiveram vinculados a projetos ou redes universitárias acerca dessa temática e/ou com a produção de propostas de análise do processo de

Ambientalização. Nesse sentido, compreendemos que os trabalhos desses autores podem representar discursos que, de certa forma, ocupam um lugar de destaque nas relações de constituição dessa temática e no campo de pesquisa em EA.

Além da identificação dos autores referenciados nos trabalhos investigados, interessou-nos identificar as unidades federativas das instituições às quais os autores, apresentados no quadro 5, estão vinculados, bem como a frequência de citações desses autores por estado.

A partir dessa análise, observamos que os autores referenciados nos trabalhos analisados se concentram, principalmente, nas regiões Sudeste e Sul com destaque para os estados de São Paulo, que corresponde a nove autores (45%), os quais estão vinculados a UFSCar (câmpus São Carlos), Unicamp (câmpus Campinas), Unesp (câmpus Rio Claro) e USP-Esalq (câmpus Piracicaba). Na região Sul do País, há uma concentração das instituições que estão situadas no estado de Santa Catarina representadas pela Univali e pelo Centro Universitário de Brusque (Unifebe). Destacam-se, também, as autoras vinculadas a Universitat de Girona e Universitat Autónoma de Barcelona, na Espanha, como apresentado na figura 5.

Figura 5
Localização das instituições de ensino superior às quais os autores referenciados nas teses e dissertações estão vinculados, bem como o número de citação por autor

Assim, sugere-se que os autores referenciados estão vinculados, principalmente, a instituições que participaram ou participam de uma rede de pesquisadores que discutem a temática da Ambientalização no ensino superior, como a Rede Aces ou Ariusa, ou, ainda, desenvolveram projetos associados a essas iniciativas, como a PUCRS. Logo, existem trabalhos que desenvolvem pesquisas na área, mas não estiveram associados diretamente a essas redes de pesquisadores, como a Universidade Federal do Rio Grande (FURG), no estado do Rio Grande do Sul.

Considerações finais

Ao analisarmos a constituição da temática da Ambientalização nas IES a partir dos caminhos construídos e trilhados pelos pesquisadores em EA, em teses e dissertações, entendemos que alguns indícios de estratégias de alianças podem ser observados, a partir dos grupos de pesquisadores que mantêm interesses em comum no sentido de discutir, desenvolver ou orientar pesquisas relativas à temática da Ambientalização nas IES.

Alguns desses pesquisadores estão vinculados às instituições de ensino superior que estiveram ou estão envolvidas em redes universitárias e projetos nacionais e internacionais que buscam discutir essa temática, como a UFSCar, Unesp, PUCRS e Univille. Entre os trabalhos desenvolvidos nesses projetos estão as propostas de análise dos processos de Ambientalização no âmbito do currículo ou do câmpus, os quais estão presentes em 28 (70%) das pesquisas analisadas.

Os pesquisadores que estiveram envolvidos no desenvolvimento dessas propostas de análise do processo de ambientalização também estão presentes entre os 20 autores mais referenciados nessas pesquisas, como Guerra e Figueiredo, vinculados à Ariusa, e Freitas, Oliveira, Zuin, Carvalho e Cavalari, que participaram da Rede Aces, assim como referências a trabalhos de pesquisadoras de outros países, como Arbat e Junyent, que também integraram a equipe de pesquisadores da Rede Aces. No entanto, nem todas as pesquisas que fazem uso dessas referências ou das propostas de análise são vinculadas a essas IES ou a esse grupo de pesquisadores, podendo representar a repercussão e o reconhecimento por outros pesquisadores dos trabalhos desenvolvidos pelas redes e que, de certa forma, legitimam tais pesquisas.

Apesar de enfatizarmos aspectos que representam os interesses comuns em torno dessa temática, não desconsideramos, no entanto, a existência de tensionamentos e eventuais conflitos nessas relações, como o grupos de trabalho que não fazem uso das propostas de análise dos processos de Ambientalização, representadas por 12 trabalhos (30%). Questionamo-nos se esse fato poderia ser um indício de ‘subversão as estratégias de convergência’ em torno da legitimação dessa temática, ou um indicativo das diferentes formas adotadas pelos pesquisadores ao analisar a Ambientalização.

Assim, apesar de esses dados ainda serem incipientes, entendemos que podem representar indícios de relações de interesses em comum e tensões entre os pesquisadores que discutem a temática da Ambientalização nas IES. Essas relações contribuem para a constituição dessa temática na medida em que os agentes desse campo respondem e se posicionam frente aos diferentes discursos com os quais se completam, misturam-se ou contrapõem-se em seus textos. A predominância de indícios de estratégias de alianças pode estar relacionada à condição de emergência dessa temática e ao engajamento de novos agentes dispostos a discuti-la.

Agradecimentos

O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Código de Financiamento 001.

As autoras agradecem também a Bruna Letícia Santos e a Lia Garpelli pelas contribuições na elaboração das figuras 2 e 5, respectivamente.

Referências

  • ALEXANDRE, E. R. A temática ambiental no curso de graduação de ciências contábeis: um enfoque sobre a ambientalização curricular. 2014. 244 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Católica de Santos, Santos, 2014.
  • ALVES, K. T. Ambientalização universitária sob o enfoque da racionalidade ambiental: campus curitibanos da Universidade Federal de Santa Catarina. 2014. 214 f. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Educação) - Universidade do Planalto Catarinense, Lages, 2014.
  • ALVES, T. M. A. Ambientalização curricular na formação inicial em educação física 2017. 158 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) - Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2017.
  • AVERSI, T. L. R. Ambientalização curricular em cursos de pedagogia de instituições privadas no município de São Paulo: desafios e proposições. 2015. 168 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2015.
  • BARBA, C.H. Ambientalização curricular no ensino superior: o caso da Universidade Federal de Rondônia, campus de Porto Velho. 2011. 310 f. Tese (Doutorado em Educação Escolar) - Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2011.
  • BERNANDO, M. D. G. Formação para a sustentabilidade na perspectiva socioambiental nos cursos de bacharelado em turismo do estado do Rio de Janeiro 2010. 195 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, 2010.
  • BORGES, A. F. Gestão ambiental nos institutos federais de educação, ciência e tecnologia 2011. 228 f. Tese (Doutorado em Engenharia Florestal) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2011.
  • BORGES, J. A. S. Sustentabilidade e acessibilidade no ensino superior: contribuições para um diagnóstico socioambiental da PUCRS. 2013. 144 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.
  • BOURDIEU, P. O campo científico. In: ORTIZ, R. (org.). Pierre Bourdieu: sociologia. São Paulo: Ática, 1983. p. 122-155.
  • BOURDIEU, P. Os usos sociais da ciência: por uma clínica do campo científico. São Paulo: Ed. Unesp, 2004.
  • BRASIL. Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental. Mapeamento da educação ambiental em instituições brasileiras de educação superior: elementos para políticas públicas. Brasília: MME: MEC, 2007.
  • CARRELLI, M. C. A temática ambiental no ensino superior: um estudo de caso nos cursos de graduação do instituto federal de educação, ciência e tecnologia de Rondônia, Porto Velho. 2018. 154 f. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Educação) - Fundação Universidade Federal de Rondônia, Porto Velho, 2018.
  • CARVALHO, I. C. M. A configuração do campo da pesquisa em educação ambiental: considerações sobre nossos autorretratos. Pesquisa em Educação Ambiental, São Carlos, v. 4, n. 2, p. 127-134, 2009. doi: https://doi.org/jfsx
    » https://doi.org/jfsx
  • CARVALHO, I. C. M.; SILVA, R. C. Ambientalização do ensino superior e a experiência da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. In: RUSCHEINSKY, A.; GUERRA, A. F. S.; FIGUEIREDO, M. L.; LEME, P. C. S.; RANIERI, V. E. L.; DELITTI, W. B. C. (org.). Ambientalização nas instituições de educação superior no Brasil: caminhos trilhados, desafios e possibilidades. São Carlos: EESC: USP, 2014. p. 125-144.
  • CARVALHO, L. M. Pesquisa em educação ambiental no Brasil: um campo em construção? 2015. Tese (Livre-Docência em Educação Ambiental) - Departamento de Educação, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2015.
  • CHAUÍ, M. Escritos sobre a universidade São Paulo: Ed. Unesp, 2001.
  • COLOMBO, G. A. Educação para a sustentabilidade socioambiental: mapeando indícios de ambientalização na Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões. 2018. 114 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Frederico Westphalen, 2018.
  • CORTES JUNIOR, L. P. A dimensão ambiental na formação inicial de professores de química: um estudo de caso no curso da UFBA. 2018. 312 f. Tese (Doutorado) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.
  • EARTE: estado da arte da pesquisa em educação no Brasil. São Paulo: Cruesp, 20--?. Disponível em: http://www.earte.net Acesso em: 30 set. 2022.
    » http://www.earte.net
  • FARIAS, C. R. O. A produção da política curricular nacional para a educação superior diante do acontecimento ambiental: problematizações e desafios. 2008. 214 f. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2008.
  • FERREIRA, N. S. A. As pesquisas denominadas "estado da arte". Educação & Sociedade, Campinas, v. 23, n. 79, p. 257-272, ago. 2002. doi: https://doi.org/ch2v2s
    » https://doi.org/ch2v2s
  • GONZALEZ, L. T. V. A temática ambiental e os cursos superiores de turismo 2008. 120 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2008.
  • GONZÁLEZ-GAUDIANO, E. J. G.; MEIRA-CARTEA, P. Á.; MARTÍNEZ-FERNÁNDEZ. Sustentabilidad y universidad: retos, ritos y posibles rutas. Revista de la Educación Superior, Ciudad de Mexico, v. 44, n. 175, p. 69-93, 2015. Disponível em: https://cutt.ly/8BeGwP9 Acesso em: 9 fev. 2022.
    » https://cutt.ly/8BeGwP9
  • GOUGH, A. The emergence of environmental education research: a 'history' to the field. In: STEVENSON, R. B.; BRODY, M.; DILLON, J.; WALS, A. (ed.). International handbook of research on environmental education London: Routledge, 2013. p. 13-22.
  • GUERRA, A. F. S.; FIGUEIREDO, M. L. Ambientalização curricular na educação superior: desafios e perspectivas. Educar em Revista, Curitiba, ed. esp. 3, p. 109-126, 2014. doi: https://doi.org/jfs3
    » https://doi.org/jfs3
  • GUERRA, A. F. S.; FIGUEIREDO, M. L.; ORSI, R. F. M.; STEUCK, E. R.; CARLETTO, D. L.; SILVA, M. P.; LUNA, J. M. F. A ambientalização na educação superior: trajetória e perspectivas. In: GUERRA, A. F. S. (org.). Ambientalização e sustentabilidade nas universidades: subsídios, reflexões e aprendizagens. Itajaí: Editora da Univali, 2015. p. 11-33.
  • HEIDEMANN, A. Ambientalização curricular nos cursos de graduação do Instituto Federal de Santa Catarina 2017. 203 f. Tese (Doutorado em Saúde e Meio Ambiente) - Universidade da Região de Joinville, Joinville, 2017.
  • JEDYN, G. Ensino de ciências do ambiente para o bacharelado em engenharia elétrica: reformulação dos conteúdos da disciplina na UTFPR campus Curitiba. 2017. 127 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2017.
  • JUNYENT, M.; GELI, A. M.; ARBAT, E. Caracteristicas de la ambientalización curricular: modelo ACES. In: JUNYENT, M.; GELI, A. M.; ARBAT, E. (ed.). Ambientalización curricular de los estudios superiores: proceso de caracterización de la ambientalización curricular de los estudios superiores. Girona: Servei de Publicacions de la Universitat de Girona, 2003. p. 15-32. Disponível em: https://cutt.ly/0V60E6O Acesso em: 30 set. 2022.
    » https://cutt.ly/0V60E6O
  • KRAMMEL, I. R. F. Ambientalização curricular na universidade: representações sociais e reflexões sobre a área socioeconômica. 2017. 212 f. Dissertação (Mestrado em Saúde e Meio Ambiente) - Universidade da Região de Joinville, Joinville, 2017.
  • LEFF, E. Prólogo. In: ESCHENHAGEM, M. L. La educación ambiental superior en América Latina: retos epistemológicos y curriculares. Bogotá: Echoe Ediciones, 2009. p. xv-xxii.
  • LEME, P. C. S.; PAVESI, A. A plataforma da sustentabilidade como base para a construção coletiva de comunidades universitárias solidárias e sustentáveis. In: LEME, P. C. S.; PAVESI, A.; ALBA, D. H.; DIAZ, M. J. G. (org.). Visões e experiências ibero-americanas de sustentabilidade nas universidades São Paulo: USP; Madrid: UAM, 2012. p. 197-204.
  • MEGID NETO, J. Educação ambiental como campo de conhecimento: a contribuição das pesquisas acadêmicas para sua consolidação no Brasil. Revista Pesquisa em Educação Ambiental, Rio Claro, v. 4, n. 2, p. 95-110, 2009. doi: https://doi.org/hm3w
    » https://doi.org/hm3w
  • MEGID NETO, J.; CARVALHO, L. M. Pesquisas de estado da arte: fundamentos, características e percursos metodológicos. In: ESCHENHAGEN, G. M. L.; VÉLEZCUARTAS, G.; MALDONADO, C.; PINO, G. G. (ed.). Construcción de problemas de investigación: diálogos entre el interior y el exterior Medellin: Universidad Pontifica Bolivariana: Universidad de Antioquia, 2018. p. 97-113.
  • MICHALOWSKI, J. W. Ambientalização curricular: o estudo de caso do curso de tecnologia em logística em uma IES de Curitiba. 2018. 131 f. Dissertação (Mestrado profissional em Educação e Novas Tecnologias) - Centro Internacional, Curitiba, 2018.
  • MONTEIRO, F. S. C. T. Comportamentos ecológicos responsáveis e educação ambiental: uma análise pautada no ensino da psicologia ambiental. 2014. 76 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) - Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2014.
  • MUHLE, R. P. Áreas verdes como espaços educacionais não convencionais dentro das universidades: seus potenciais para a formação na perspectiva ambiental. 2018. 221 f. Tese (Doutorado em Educação) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2018.
  • NOBREGA, M. L. S. Ambientalização acadêmica: conceituação e metodologia de avaliação: um estudo comparativo das práticas sustentáveis em segurança hídrica entre universidades brasileiras (UFLA e UFCG) e norte-americanas (ASU e UCLA). 2017. 202 f. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Sustentável) - Universidade de Brasília, Brasília, 2017.
  • OLIVEIRA, D. R. B. Educação ambiental e ecopedagogia no curso de graduação em pedagogia da Universidade de Pernambuco campus Petrolina 2017. 56 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Formação de Professores e Práticas Interdisciplinares) - Universidade de Pernambuco, Petrolina, 2017.
  • OLIVEIRA, H. T. O processo de ambientalização curricular na Universidade Federal de São Carlos nos contextos de ensino, pesquisa, extensão e gestão ambiental. In: CONGRESSO IBEROAMERICANO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, 5., 2006, Joinville. Anais [...]. Brasília: Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental, 2006. p. 453-458.
  • OLIVEIRA, M. G. Cursos de pedagogia em universidades federais brasileiras: políticas públicas e processos de ambientalização curricular. 2011. 168 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2011.
  • PAVESI, A. A ambientalização da formação do arquiteto: o caso do curso de arquitetura e urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos (CAU, EESC-USP). 2007. 199 f. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2007.
  • PAYNE, P. G. Framing research: conceptualizing, contextualizing, representation, legitimization. Pesquisa em Educação Ambiental, São Carlos, v. 4, n. 2, p. 49-77, 2009. doi: https://doi.org/jftj
    » https://doi.org/jftj
  • PISSETTI, S. L. C. Ambientalização curricular nos cursos de licenciatura em matemática das universidades públicas e comunitárias de Santa Catarina 2018. 121 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade do Planalto Catarinense, Lages, 2018.
  • PITANGA, A. F. A inserção das questões ambientais no curso de licenciatura em química da Universidade Federal de Sergipe 2015. 200 f. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2015.
  • RODRIGUES, C. A ambientalização curricular da educação física nos contextos da pesquisa acadêmica e do ensino superior 2013. 290 f. Tese (Doutorado em Educação) - Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2013.
  • ROSA, A. M. A. Visão da educação ambiental em cursos de formação de professores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul 2013. 187p. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências) - Centro de Ciências Exatas e Tecnologia, Fundação Universidade Federal de Mato Grosso, Campo Grande, 2013.
  • ROSA, T. R. V. Formação de professores e sustentabilidade: um estudo de ambientalização curricular nos cursos de licenciatura da Unioeste. 2015. 134 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Centro de Educação, Comunicação e Artes, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, 2015.
  • RUSCHEINSKY, A.; GUERRA, A. F. S.; FIGUEIREDO, M. L.; LEME, P. C. S.; RANIERI, V. E. L.; DELITTI, W. B. C. (org.). Ambientalização nas instituições de educação superior no Brasil: caminhos trilhados, desafios e possibilidades. São Carlos: EESC: USP, 2014.
  • SÁENZ, O. Panorama de la sustentabilidad en las unversidades de América Latina y el Caribe. In: RUSCHEINSKY, A.; GUERRA, A. F. S.; FIGUEIREDO, M. L.; LEME, P. C. S.; RANIERI, V. E. L.; DELITTI, W. B. C. (org.). Ambientalização nas instituições de educação superior no Brasil: caminhos trilhados, desafios e possibilidades. São Carlos: EESC: USP, 2014. p. 23-38.
  • SÁENZ, O.; BENAYAS, J. Ambiente y sustentabilidad en las instituciones de educación superior en América Latina y el Caribe. Ambiens, Medellín, v. 1, n. 2, 193-224, 2015. Disponível em: https://cutt.ly/KBuxve8 Acesso em: 5 out. 2022.
    » https://cutt.ly/KBuxve8
  • SANTOS, L. A temática ambiental no ensino superior: uma análise crítica do currículo de licenciatura em ciências biológicas do Instituto Federal de Rondônia, campus de Ariquemes/RO. 2018. 140 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Fundação Universidade Federal de Rondônia, Porto Velho, 2018.
  • SERPA, P. R. Uma contribuição para a compreensão do processo de ambientalização e sustentabilidade na educação superior 2017. 159 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, SC, 2017.
  • SILVA, A. C. L. Ambientalização curricular na universidade: áreas das ciências humanas e biológicas e direito. 2017. 150 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade da Região de Joinville, Joinville, 2017.
  • SILVA, A. N. Ambientalização curricular na educação superior: um estudo na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). 2015. 108 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015.
  • SILVA, D. S. Ambientalização curricular em cursos de ciências biológicas: o caso da Universidade Federal de Campina Grande, Paraíba. 2016. 131 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2016.
  • SILVA, K. M. S. Educação ambiental e ambientalização curricular na educação superior: o olhar dos coordenadores dos cursos da saúde. 2016. 105 f. Dissertação (Mestrado em Ambiente e Saúde) - Universidade do Planalto Catarinense, Lages, 2016.
  • SILVA, M. D. A ambientalização curricular no curso de formação de professores de ciências e biologia na percepção dos licenciandos 2014. 110 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2014.
  • SOUSA, E. S. B. Ambientalização curricular dos cursos de jornalismo das universidades do Piauí 2015. 151 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) - Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2015.
  • STEVENSON, R. et al Introduction: an orientation to environmental education and the handbook. In: STEVENSON, R. (ed.). International handbook of research on environmental education London: Routledge, 2013. p. 1-6.
  • UI GREENMETRIC WORLD UNIVERSITY RANKING. Website [2022]. Disponível em: https://greenmetric.ui.ac.id/ Acesso em: 30 set. 2022.
    » https://greenmetric.ui.ac.id/
  • VIEIRA, M. S. Ambientalização universitária: o olhar dos estudantes da UFSCar para as questões ambientais. 2015. 136 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2015.
  • VILELA, B. T. S. Tecendo reflexões sobre a ambientalização curricular na formação de professores de ciências/biologia 2014. 138 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências) - Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2014.
  • WACHHOLZ, C. B. Campus sustentável e educação: desafios ambientais para a universidade. 2017. 180 f. Tese (Doutorado em Educação) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2017.
  • WASZAK, J. G. Ambientalização curricular na formação inicial de professores de ciências da natureza 2017. 169 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2017.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Dez 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    28 Ago 2021
  • Aceito
    03 Jun 2022
Programa de Pós-Graduação em Educação para a Ciência, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências, campus de Bauru. Av. Engenheiro Luiz Edmundo Carrijo Coube, 14-01, Campus Universitário - Vargem Limpa CEP 17033-360 Bauru - SP/ Brasil , Tel./Fax: (55 14) 3103 6177 - Bauru - SP - Brazil
E-mail: revista@fc.unesp.br