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Poesia, resistência, testemunho e amizade nas obras de Sena & Sophia

Poetry, resistance, testimony and friendship in the works by Sena & Sophia

SANTOS, Gilda; RUAS, Luci; CERDEIRA, Teresa Cristina. (Orgs.) Sena & Sophia: centenários.Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.

As obras de poetas relevantes de uma língua são essenciais em todas as culturas, em qualquer época. Uma das provas de que constituem patrimônio da humanidade é o fato de serem lidas e traduzidas ao longo de séculos, contribuindo para a formação de um saber poético acerca do existir, seja no âmbito cósmico, seja na esfera social ou individual. Em tempos dilacerados, porém, como se refere a prefaciadora do livro a ser resenhado, Teresa Cristina Cerdeira, ao momento político contemporâneo, mais do que um patrimônio artístico, as obras poéticas de Jorge de Sena e de Sophia de Mello Breyner Andresen são indispensáveis para manter viva a chama de uma consciência humana e humanizadora. Este é o tom que domina a maioria dos textos reunidos no livro Sena & Sophia: centenários, publicado em 2020SANTOS, Gilda; RUAS, Luci; CERDEIRA, Teresa Cristina (Orgs.) Sena & Sophia: centenários. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo , 2020., em plena pandemia, pela editora Bazar do Tempo, em contexto de profunda dor diante de uma quantidade de mortes que supera as perdas vivenciadas em catástrofes históricas, e de grande perplexidade diante do renascimento de totalitarismos, fundamentalismos e negacionismos, que já eram considerados extintos no atual estágio da civilização. Verdade que os textos foram escritos em momento anterior à pandemia, pois foram apresentados, em primeira mão, no congresso “Sena & Sophia: centenários”, realizado em setembro de 2019, pelo Real Gabinete Português de Leitura e a Cátedra Jorge de Sena (UFRJ). Mas é verdade, também, que a distopia político-social nunca deixou de rondar o coração e as mentes de artistas e pensadores do mundo contemporâneo, entendendo por esse rótulo a sociedade que se configurou no Ocidente a partir da segunda metade do século passado. Ambos os escritores em foco viveram e construíram suas obras mergulhados nesse contexto que se pode caracterizar efetivamente como um tempo dilacerado.

Um dos eixos que sustentam o trabalho de criação poética de Jorge de Sena é a relação da arte com o real, lembrando que este real não se limita, como ocorria na obra dos neorrealistas, ao contexto social, mas amplia-se e aprofunda-se em direção a uma realidade primordial, que engloba desde a subjetividade interna do eu lírico, passando pela consciência do corpo, para atingir ontologicamente uma realidade primordial do universo, como espaço privilegiado do existir e, consequentemente, origem de todos os significados possíveis. O poeta vai associar a poesia a essa realidade primordial, que a tudo preside, privilegiando o mundo material e a capacidade dos sentidos para conhecer a existência. Esse é um dos sentidos que emergem da obra de Sena, quando apresenta o poeta como sendo, simultaneamente, criador e testemunha do diálogo entre poesia e realidade, que empreende uma peregrinação na busca da verdade sobre o ser.

De modo semelhante, a obra de Sophia também apresenta o ser humano em permanente confronto com o contínuo e inexorável processo de degradação e perda de sua dimensão transcendente, face aos valores de uma sociedade que vai fortalecendo cada vez mais a concepção de homem como ser cuja essência residiria no seu aspecto de produtor e consumidor de bens materiais. Configurando-se como “uma forma de resistência simbólica aos discursos dominantes”, como diria Alfredo Bosi (1977BOSI, Alfredo. O ser e o tempo da poesia. São Paulo: Cultrix, 1977., p. 144), a poética de Sophia busca reencontrar certa dignidade no homem, restituindo-lhe um sentido transcendente por meio da recuperação de uma unidade ancestral com os demais seres do universo. Desse modo, asseguraria um significado mais concreto e substancial para a existência humana, pautado na verdade, na justiça, no bem e no belo.

O livro Sena & Sophia: centenários, resultante do congresso homônimo, não aborda somente a produção poética dos dois escritores. Embora a grande maioria dos textos se concentre na poética de ambos, muitos textos também abordam a ficção e outros gêneros, como cartas, entrevistas, palestras, artigos de periódicos, não somente dos dois homenageados, privilegiando sempre o diálogo entre eles, mas mobilizando também comparações relevantes entre suas obras e as obras de outros escritores contemporâneos ou não. Mesmo os textos que abordam a prosa dos dois escritores, porém, frequentemente reportam-se de algum modo às criações poéticas.

A poesia ocupou efetivamente um espaço privilegiado tanto na vida quanto na obra de Jorge de Sena e de Sophia de Melo Breyner Andresen, tendo sido o mirante, um terraço singular, de onde os dois poetas observavam o mistério do ser e do cosmos, ao mesmo tempo em que espreitavam o comportamento dos homens e contemplavam a permanente metamorfose do universo. A amizade poética e biográfica entre os dois escritores é explorada neste livro por uma multiplicidade de perspectivas, que evidenciam uma cumplicidade, não destituída de tensões, que vai muito além do fato de terem eles nascido no mesmo mês de novembro de 2019. A obra de um ressoa na obra do outro, numa quantidade imensa de reflexões acerca do trabalho de criação, de temas relativos à condição humana, à natureza e ao lugar da poesia no mundo. E é exatamente isso que a maioria dos artigos deste livro procura enfatizar, desde a sua estrutura, na qual cada seção é aberta por um poema que enfatiza o diálogo entre Sena e Sophia.

O livro reúne 40 trabalhos de eminentes leitores da obra dos dois escritores, dispostos simetricamente em 4 partes. Na primeira, Átrio: “em redor da mesa”, Luís Filipe Castro Mendes, diplomata, poeta e ex-Ministro da Cultura em Portugal (2016-2018), entrelaça as duas obras a fim de mostrar como poeta que se defronta com o princípio de mundo, tema forte e recorrente na poesia dos dois escritores, apresenta características diferentes em cada um. O texto abre o espaço das homenagens que virão nas três partes seguintes.

A segunda parte vai centrar-se na obra de Sena, “capitão de tempestades”. Diversas facetas serão exploradas nos 16 ensaios, tais como a variedade de intervenções efetuadas por Sena nos esquemas tradicionais do soneto, as evidências do corpo do poeta no corpo dos poemas, a criação pioneira de uma linha de estudos luso-brasileiros, para tratar de questões pertinentes às múltiplas relações entre as duas culturas e literaturas de língua portuguesa, a recepção de Sena em sua terra natal e a sua permanente sensação de excluído e menosprezado. A relevância dos textos críticos é analisada de modo especial no ensaio de José Cândido de Oliveira Martins, que não se esquece de mencionar os eventos sobre crítica e teoria organizados por Sena no Brasil, além de esmiuçar uma série de referências esparsas do escritor acerca da natureza e do papel da crítica literária. Um dos objetivos de Martins é enfatizar o modo como Sena constantemente articula suas duas facetas, de criador e crítico.

Embora os textos desta seção se concentrem em Jorge de Sena, são inúmeros os artigos que acabam entrelaçando referências a Sophia, como é o caso de “Tradução e talento individual: Jorge de Sena tradutor e antologiador”, assinado por Joana Meirim, que pontua as concepções divergentes dos dois acerca dos trabalhos de tradução.

O comprometimento de Sena com o mundo, a defesa incontornável da liberdade e da democracia, a noção de experimentalismo como estratégia permanente de criação, a concepção de poeta como testemunho, que lega um testamento acerca do mundo que vivencia são outros temas abordados. O artigo de Luiz Maffei, por exemplo, identifica Sena com o poeta que sabe compartilhar sua profunda consciência de finitude e fracasso.

A resistência contra diferentes aspectos dos vários fascismos surgidos em muitos lugares, especialmente do salazarismo em Portugal, é abordada em vários textos, como também a revolta que parece animar praticamente toda a poética seniana, bem como as relações entre ficção e biografia. Segundo Sílvio Renato, no artigo “Jorge de Sena, um olhar atento sobre seu tempo”, ao promover a liberdade humana e o conhecimento, Sena notabilizou-se como a voz contrária às duas marcas do discurso fascista, o anti-intelectualismo e a idealização do passado.

O diálogo riquíssimo que Sena empreende em sua obra entre poesia e outras linguagens artísticas, principalmente a música, é outro aspecto relembrado por diversos articulistas, mas tratado de modo especial no texto de Rui Vieira Nery, “O ‘Pick Up’ de Jorge de Sena: sobre o suporte material da Arte de música”, que ressalta o extenso aparato analítico, crítico e historiográfico de natureza musical manifestado por Sena na série de poemas do livro Arte de música.

A terceira parte do livro, Sophia: “No esplendor da maresia”, reúne 12 ensaios dedicados a diferentes particularidades da obra andresiana, tais como o entrelaçamento entre o político e o estético; a busca do real, que se equivale à busca da verdade, da justiça para com as coisas, a Natureza e o Homem; a permanente procura pela unidade. Este último é o tema do texto de Carlos Mendes de Sousa, “Toda a vida vivida”, que analisa vários aspectos da unidade, presentes na ficção, nos ensaios e na poesia de Andresen.

As relações da poeta com o real e com a palavra é outro ponto muito explorado em diversos textos da segunda seção. O artigo de Eucanaã Ferraz, “No centro do reino de Ártemis: A viagem de Sophia ao Brasil”, um dos pontos altos do livro, traz uma profusão de informações preciosas acerca da viagem de Sophia ao Brasil, nos anos 1960, acompanhadas de excelentes análises de poemas, fundamentadas em rigorosa investigação. Trata-se de uma contribuição original e relevante tanto para a compreensão de certos fundamentos da poética de Sophia quanto para a área de estudos luso-brasileiros. Além da visita, o autor enfatiza outros detalhes interessantes acerca da amizade e admiração de Sophia por alguns poetas brasileiros, especialmente Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto, além de estabelecer relações muito produtivas, para a compreensão da poética andresiana, entre a experiência da escritora durante a viagem e alguns aspectos singulares de sua escrita, como a rejeição aos elementos retóricos e monumentais, em favor de uma estética da lógica e da concretude, que preza a clareza e a exatidão da linguagem.

Outro artigo interessante é o de Frederico Bertolazzi, “‘No reino terrível da pureza’- A prosa dispersa de Sophia”, que aborda uma produção pouco conhecida da escritora, cerca de 200 textos de várias naturezas. Em sua análise minuciosa, o crítico põe em relevo a vivência plena e atenta ao terrestre, que emerge dos textos, como consequência de um olhar puro e original e do reconhecimento da presença do divino nas coisas.

Outro valioso texto é o de Luci Ruas, “Entre flores e festa noturna, a busca da unidade em O rapaz de bronze”, que intenta mostrar como o ético e o estético dialogam sempre, tanto na obra poética, quanto nos contos de Sophia, e como é forte a presença do mundo da infância em toda a obra da escritora. Destacando a relevância de elementos como a casa, o mar, a história e a tradição, Ruas propõe-se a problematizar o sensível e o visível, o ético e o estético em alguns contos escritos para crianças, mas a menção ao tema da infância acaba por levá-la a uma análise comparada entre os textos selecionados e alguns poemas de Cecília Meireles, do livro Ou isto ou aquilo, propondo um diálogo poético bastante significativo entre as duas escritoras.

As relações entre tempo e memória, a poesia como escuta do mundo, as experiências da poeta com o soneto e as relações com a poética de Homero e de Höederlin, são outros aspectos relevantes explorados nos demais artigos.

A quarta parte do livro, Sena & sophia & outras vozes: “cartas poemas e notícias”SANTOS, Gilda; RUAS, Luci; CERDEIRA, Teresa Cristina (Orgs.) Sena & Sophia: centenários. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo , 2020., reúne textos que convocam outros escritores para dialogarem com os dois homenageados. A seção começa por um dos textos mais originais e relevantes do livro, “Entre-cartas: paisagens com poemas, filhos, dois mares e liberdade ao fundo”, de Ana Luísa Amaral. Além de proporcionar ao leitor um desdobramento de múltiplas emoções e reflexões, o texto aprofunda a compreensão das duas obras, à medida que vai muito além das conhecidas aproximações entre os dois homenageados e das suas reconhecidas qualidades. Alicerçada na paixão e na cumplicidade de que goza como leitora privilegiada de Sena e Sophia, que priva com eles da experiência da criação poética, Amaral avança os limites da recepção condescendente, para incidir também em duras críticas às limitações ideológicas dos seus poetas amados. A originalidade do texto de Amaral começa pela sua composição, elaborada como exercício de pensar as inúmeras possibilidades que teria para efetuar a parte que lhe coube na celebração dos dois centenários, a partir de uma infinidade de perspectivas. O texto se desdobra e se aprofunda a partir da enumeração dos recortes possíveis, principiando com a frase: “As paixões são pessoais, mas acredito que transmissíveis” (AMARAL, 2020AMARAL, Ana Luísa. “Entre-cartas: paisagens com poemas, filhos, dois mares e liberdade ao fundo”. In: SANTOS, Gilda; RUAS, Luci; CERDEIRA, Teresa Cristina (Org.) Sena & Sophia: centenários. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020, p. 391-400. , p. 391). Entre as paixões que nutre pelos dois poetas e o desafio de discorrer sobre eles, articulando as duas poéticas diante de um público acadêmico, a autora opta por um tom entre íntimo-afetuoso e crítico-analítico, traçando um roteiro primoroso de leitura possível não somente das duas obras, mas das duas biografias e suas relações com a cultura portuguesa. “O meu Sena e a minha Sophia convocam para mim maravilhamento e louvor, protesto e justeza, lembram-me o romântico William Blake, para quem a verdadeira inocência era a habitação para a sabedoria” (AMARAL, 2020AMARAL, Ana Luísa. “Entre-cartas: paisagens com poemas, filhos, dois mares e liberdade ao fundo”. In: SANTOS, Gilda; RUAS, Luci; CERDEIRA, Teresa Cristina (Org.) Sena & Sophia: centenários. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020, p. 391-400. , p. 392). Buscando aproveitar ao máximo o tempo de fala que lhe é destinado, Amaral elenca mais ou menos uns dez tópicos que poderiam ser abordados, em tão curto tempo para tão grande paixão e dedicação, nos quais desenvolveria uma análise de questões relativas à vida e à obra dos dois escritores. A habilidade poética para explorar uma multiplicidade de conteúdos a partir do significante e da forma, que aflora ao longo do texto, longe de desviar o leitor do seu objeto, confere justeza e vivacidade à acurada análise dos mais relevantes aspectos temáticos, formais, ideológicos, políticos, históricos e biográficos de Sophia de Melo Breynner Andresen e Jorge de Sena. Toda a beleza do texto converge, finalmente, para o poema de Amaral, “Um pouco só de Goya, Carta a minha filha”, com o qual encerra sua intervenção e no qual não somente dialoga com o famoso poema de Jorge de Sena, mas coloca em evidência uma das principais questões que a obra dos dois homenageados convoca, que é a ideia de poesia como testemunho.

Ao apresentar uma abordagem rica e multifacetada da obra dos escritores homenageados, ressaltando aspectos comuns ou divergentes, colocando em diálogo as visões de mundo de ambos, cotejando detalhes relevantes da vida e da obra deles, Sena & Sophia: centenários é um livro que traz excelente contribuição para a área de Estudos Literários, pela profundidade teórico-crítica das abordagens e pela análise de um corpus bastante diversificado. Um dos aspectos mais fascinantes do livro é o fato de que os artigos dão continuidade a um diálogo entre Sena e Sophia que já havia sido iniciado pelos próprios escritores, conforme testemunham as cartas trocadas entre ambos, a entrevistas e outros textos que documentam a amizade dos dois.

Os artigos reunidos no livro apontam momentos privilegiados da vida e da obra dos dois escritores, contribuindo para que se compreenda como cada um exalta a condição humana do ser, ao mergulhar na memória, individual e coletiva, ao buscar a reintegração do ser no cosmos e ao mostrar a simbiose entre humano e natureza. Cada um deles segue um percurso bastante original e mobiliza um processo de criação singular, de modo que até algumas coincidências entre as duas poéticas podem ressaltar também as diferenças essenciais. É o que acontece com a valorização da realidade sensível. Em Sena, tal valorização o insere numa tradição que privilegia a matéria em detrimento do espírito, no processo de conhecimento do ser e do mundo. Em Sophia, ao contrário, embora os sentidos também estejam sempre atentos à realidade material, a escuta e o olhar da escritora vislumbram sempre uma realidade mítica e espiritual que ultrapassa a matéria.

Seria bom ressaltar, por fim, que o livro também pode ser muito interessante para todos aqueles que admiram os dois escritores portugueses e que apreciam literatura, mesmo sem qualquer relação com o universo acadêmico, pois os textos, a despeito da profundidade das abordagens, preservam algo daquele tom afetivo e informal das homenagens, o que torna a leitura extremamente prazerosa. Em outras palavras, o livro traz uma contribuição acadêmica relevante, mas também tem a função de atrair leitores para as obras magníficas dos dois escritores, apontando sua atualidade no contexto político e estético contemporâneo e delineando o lugar central que ocupam na Literatura Portuguesa.

Referências

  • AMARAL, Ana Luísa. “Entre-cartas: paisagens com poemas, filhos, dois mares e liberdade ao fundo”. In: SANTOS, Gilda; RUAS, Luci; CERDEIRA, Teresa Cristina (Org.) Sena & Sophia: centenários. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020, p. 391-400.
  • BOSI, Alfredo. O ser e o tempo da poesia São Paulo: Cultrix, 1977.
  • SANTOS, Gilda; RUAS, Luci; CERDEIRA, Teresa Cristina (Orgs.) Sena & Sophia: centenários. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo , 2020.
  • Parecer Final dos Editores

    Ana Maria Lisboa de Mello, Elena Cristina Palmero González, Rafael Gutierrez Giraldo e Rodrigo Labriola, aprovamos a versão final deste texto para sua publicação

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Maio 2022
  • Data do Fascículo
    Jan-Apr 2022

Histórico

  • Recebido
    16 Set 2021
  • Aceito
    16 Nov 2021
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