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Cordel das Novíssimas Universidades Federais Brasileiras

Cordel of the Brand-New Brazilian Federal Universities

Cordel de las Nuevísimas Universidades Federales Brasileñas

Resumo

Este texto em formato de cordel é uma elaboração teórico-empírica elaborada a partir dos resultados preliminares de uma pesquisa que tem buscado analisar o processo de montagem e criação de quatro universidades federais do Brasil como partes de uma estratégia nacional de desenvolvimento regional/territorial. Estas instituições universitárias são conhecidas como “novíssimas universidades federais brasileiras”, pelo fato de terem sido criadas sob a égide de uma política pública nacional que compreendeu a educação superior como estratégia de desenvolvimento para os territórios do Brasil. Dadas as muitas possibilidades de se divulgar achados de pesquisas científicas, utilizou-se a escrita sob o formato de cordel como uma dessas chances, posto que a revelação das bases de montagem das universidades analisadas pôde ser traduzida em diferentes formatos, como o cordel. Assume-se que esta espécie literária, amplamente utilizada por cordelistas, pode figurar como mais uma maneira de informar o fenômeno de constituição de duas destas universidades – uma na Bahia e outra no Ceará – a partir da poesia, da rima e da métrica muito próprias à literatura de cordel. Ao final tanto do cordel quanto das considerações deste trabalho, são apresentadas algumas das contribuições centrais do trabalho, que se alinham a temas como sustentabilidade, políticas públicas, desenvolvimento regional/territorial e questões locais, dentre outros.

Palavras-chave
desenvolvimento regional; políticas públicas; educação superior; novíssimas universidades federais; cordel

Abstract

This text was made with the preliminary results of a research that has sought to analyze the creating process of four federal universities in Brazil as part of a national strategy for regional/territorial development. These university institutions are known as “brand-new Brazilian federal universities” because they were created under the aegis of a national public policy that understood higher education as a development strategy for the territories of Brazil. Given the possibilities of disseminating scientific research findings, the cordel format was used as one of these chances, since the revelation of the bases of assembly of the analyzed universities could be translated into different formats, such as the cordel. It is assumed that this literary species can approach the phenomenon of constitution of two of these universities − one in Bahia and the other in Ceará − from poetry, rhyme, and metrics very specific to cordel. At the end of this work, some contributions to the theme are presented, aligned with themes such as sustainability, public policies, regional/territorial development, and local issues, among others.

Keywords
regional development; public policy; higher education; brand-new federal universities; cordel

Resumen

Este texto fue elaborado a partir de los resultados preliminares de una investigación que ha buscado analizar el proceso de creación de cuatro universidades federales en Brasil como parte de una estrategia nacional de desarrollo regional/territorial. Estas instituciones universitarias son conocidas como “nuevísimas universidades federales brasileñas” porque fueron creadas bajo la égida de una política pública nacional que entendió la educación superior como una estrategia de desarrollo para los territorios de Brasil. Dadas las posibilidades de difusión de los resultados de la investigación científica, el formato de cordel se utilizó como una de estas oportunidades, ya que la revelación de las bases de montaje de las universidades analizadas podría traducirse a diferentes formatos, como el cordel. Se supone que esta especie literaria puede abordar el fenómeno de constitución de dos de estas universidades − una en Bahía y otra en Ceará − desde la poesía, la rima y la métrica muy propias del cordel. Al final de este trabajo, se presentan algunas contribuciones al tema, alineados con temas como sustentabilidad, políticas públicas, desarrollo regional/territorial y temas locales, entre otros.

Palabras clave
desarrollo regional; políticas públicas; educación universitaria; nuevísimas universidades federales; cordel

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho é uma construção teórico-empírica que resultou na elaboração de um texto em formato de cordel para apresentar determinadas características da montagem de duas instituições públicas de ensino superior do Brasil: a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), na Bahia; e a Universidade Federal do Cariri (UFCA), no Ceará. Esta produção literária é oriunda de uma pesquisa em curso que tem como cerne a investigação sobre as condicionantes político-institucionais da montagem dessas e de outras duas organizações universitárias: a Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), na Bahia; e a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), no Pará.

Estas instituições universitárias são comumente nomeadas de “novíssimas universidades federais” (tal como se verificará ao longo do texto do cordel), pela razão de terem sido criadas na última fase de expansão e interiorização da educação pública brasileira (entre 2012 e 2014) do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) (BRASIL, 2007BRASIL. Decreto n. 6.096, de 24 de abril de 2007. Institui o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 2007. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6096.htm. Acesso em: 14 abr. 2022.
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), com base na ótica da educação contextualizada e regionalizada (MEC, 2014MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO [MEC]. . democratização e expansão da educação superior no país 2003 - 2014. Brasília: MEC, 2014. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=16762-balanco-social-sesu-2003-2014&category_slug=dezembro-2014-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 24 abr. 2022.
http://portal.mec.gov.br/index.php?optio...
). Segundo Nascimento (2018)NASCIMENTO, I. R. T. . expansão da educação superior como estratégia de desenvolvimento territorial: o caso da Universidade Federal do Cariri. 2018. Tese (Doutorado em Administração) –Escola de Administração, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2018., isso fez surgir um conjunto de quatro universidades com alta aderência aos territórios e às regiões onde foram instaladas.

Pode-se dizer que este texto se trata de uma elaboração teórica, em primeiro lugar, pelo fato de partir e terminar em construções que se alicerçam prioritariamente em conhecimentos teoricamente aplicados (PRODANOV; FREITAS, 2013PRODANOV, C. C.; FREITAS, E. C. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo: Editora Feevale, 2013.), ou seja, partindo da (e destinando-se à) produção da poesia versada (ver Item. 4), típica de cordéis. Em segundo lugar, é possível alocar este produto como de natureza empírica, em razão de ter sido possibilitado a partir de análises e resultados preliminares da investigação acima identificada.

Nesse bojo, recursos estéticos diversificados e com atenção à literatura que vão além de comunicações científicas tradicionais (como artigos científicos, dentre outros) têm sido gradativamente empregados para atividades e processos de ensino e aprendizagem em Administração (FISCHER et al., 2007FISCHER, T.; DAVEL, E.; VERGARA, S.; GHADIRI, P. D. Razão e sensibilidade no ensino de administração: a literatura como recurso estético. Revista de Administração Pública - RAP, Rio de Janeiro, v. 41, n. 5, p. 935–58, 2007. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/6613. Acesso em: 24 abr. 2022.
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) e no seio dos Estudos Organizacionais, como o trabalho de Franco, Leite e Fonseca (2020)FRANCO, D. S.; LEITE, G. L.; FONSECA, V. L. B. Articulação entre aprendizagem baseada em problemas e análise fílmica: uma proposta de ensino a partir do filme a fábrica de sonhos. Revista Brasileira de Estudos Organizacionais, Xaxim, n. 7, v. 2, p. 398–424, out. 2020. Doi: https://doi.org/10.21583/2447-4851.rbeo.2020.v7n2.385
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. Contribuições como a de Pinto e Ribeiro (2018)PINTO, F. L. B.; RIBEIRO, E. M. História, literatura e estudos organizacionais: novos olhares sobre as obras de Jorge Amado. Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, Belo Horizonte, v. 5 n. 12, p. 198–267, abr. 2018. Doi: https://doi.org/10.25113/farol.v5i12.3204
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, por exemplo, alocam a literatura como um dos objetos de análise empírica, ao relacioná-la ao pensamento administrativo brasileiro a partir das contribuições de certas obras de Jorge Amado. O próprio cordel já foi objeto de estudo de trabalhos, como o de Sousa e Freitas (2020)SOUZA, T. B; FREITAS, L. L. Literatura de cordel no fio da rede: o cibertexto poético como mídia digital. Scripta Alumni, Curitiba, v. 23, n. 2, p. 158–77, 2020. DOI: 10.5935/1984-6614.20200026
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, que o analisaram no mundo digital; o de Siqueira, Matamoros e De La Cruz (2020)SIQUEIRA, E.; MATAMOROS, J.; DE LA CRUZ, C. Uso da literatura de cordel para explicar a metodologia ativa aprendizagem baseada em problemas. Revista Ciências & Ideias, Nilópolis, v. 11, n. 2, p. 257-67, 2020. Disponível em: https://revistascientificas.ifrj.edu.br/revista/index.php/reci/article/view/1188/950 DOI: http://dx.doi.org/10.22407/2176-1477/2020.v11i2.1188. Acesso em: 24 abr. 2022.
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, que montaram um cordel para falar sobre aprendizagem baseada em problemas; e o de Almeida et al. (2021)ALMEIDA, F. M. M. G.; SILVA, J. L. B.; SOUSA, J. R.; ALVES, L. S. F. A presença da literatura de cordel no ensino de geografia: considerações para além de conceitos. GEOTemas, Pau dos Ferros, v. 11, p. 1–20, 2021. Disponível em: http://periodicos.apps.uern.br/index.php/GEOTemas/article/view/2920/2549. Acesso em: 24 abr. 2022.
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, que discorreram sobre a utilidade do cordel no ensino de Geografia.

Nessa esteira, aprendizagem e conhecimento são temas pertencentes aos objetos de muitas ciências, como a Administração. Se, para autores como França Filho (2004)FRANÇA FILHO, G. C. Para um olhar epistemológico da administração: problematizando o seu objeto. In: SANTOS, R. S. (Org.). . administração política como campo do conhecimento. São Paulo: Edições Mandacaru; Fundação Escola de Administração UFBA, 2004. p. 119–43., um dos possíveis subcampos do conhecimento em Administração concentra estudos explicativos sobre a organização como fenômeno simbólico, a escrita de cordéis poderia se apresentar como um recurso contribuidor a esse propósito. Isso se justificaria no fato de os cordéis poderem abordar temas muito diversificados, como cultura, sociedade e a vida humana em organizações. É este o ponto transversal que este trabalho aborda.

Portanto, apresentar um cordel elaborado a partir das experiências regionais do Ceará e da Bahia durante a montagem de cada uma de suas universidades federais tem esse propósito de informar e divulgar achados científicos por outros caminhos, de modo que se percebam como análises organizacionais como percepção secundária. Estes achados, por sua vez, podem dar vazão à criatividade e à imaginação enquanto fazem o público leitor “passear” pelas rimas e pela oralidade do texto, de modo a se tornarem um recurso potencialmente refinado de escrita científica. Além disso, “atualmente a literatura de cordel é encontrada com requintes de edições, [...] mesclando o visual, o poético e a tecnologia, se reinventando em todas as mídias” (BENFATTI; SILVA, 2021, p. 84BENFATTI, F. A. R.; SILVA, G. M. O Feminismo Negro na Literatura de Cordel de Jarid Arraes e em Contos de Miriam Alves. Cadernos de Gênero e Diversidade, Salvador, n. 6, v. 4, p. 76–99, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/cadgendiv/article/view/36503/24487 DOI: https://doi.org/10.9771/cgd.v6i4.36503. Acesso em: 24 abr. 2022.
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).

Em razão dessa apontada dinâmica que faz o cordel se expandir em termos de utilidade e público (inclusive para aprendizagem em Administração e sobre organizações), é possível crer que a difusão de saberes científicos por outros canais como este – o cordel – poderia contribuir com uma maior adesão da sociedade àquilo que é científico, tal como algo popular quanto a literatura de cordel. E se esta é empregada como divulgação de conhecimentos, a população em geral pode ser informada sobre “o encanto da incrível jornada que é fazer ciência” (KNOBEL, 2021, p. 77KNOBEL, M. . ilusão da lua: ideias para decifrar o mundo por meio da ciência e combater o negacionismo. São Paulo: Contexto, 2021.).

Dessa feita, a apresentação do cordel elaborado é a centralidade deste trabalho. E, para que se compreenda o caminho mental e inspiracional seguido rumo à sua finalização, estruturou-se este texto de modo que o leitor entenda as questões norteadoras, já apresentadas nestas Notas Introdutórias. Em seguida, são listadas as bases teóricas empregadas na compreensão mais geral que norteou a escrita dos versos e das estrofes do cordel: os significados de ser “regional” para a compreensão da montagem das novíssimas universidades federais. O capítulo seguinte – a metodologia – demonstra como o cordel foi construído desde a fase de coleta dos dados durante a investigação científica até demonstrar-se como cada verso fora elaborado. Por fim, as considerações finais com determinadas reflexões são sucedidas pelas referências das obras citadas no corpo de todo o texto, encerrando-se com as notas de fim.

2 O QUE SIGNIFICA SER REGIONAL?

Este Item contém breves bases teóricas utilizadas na compreensão do objeto em análise – as novíssimas universidades federais brasileiras, com destaque para a UFCA e a UFSB –, para que se procedesse, posteriormente, com a escrita do cordel, resultado da intenção geradora deste trabalho.

2.1 Compreendendo o significado de regional para este estudo

Muitas são as possibilidades de se relacionar as questões ditas regionais. Dada uma pluralidade de ideias e conceituações advindas da polissemia desse termo, falar em região pode assumir-se ser tarefa que demanda o entendimento de termos que extrapolam a compreensão geográfica-espacial, numa tentativa de incorporar elementos que contemplam outros elementos formadores destes mesmos espaços. Citando Lencioni (1999), Matos e Gonçalves (2019)MATOS, F. O.; GONÇALVES, T. E. Do planejamento ao desenvolvimento regional: notas sobre o conceito de região. Boletim de Geografia, São Paulo, v. 2, n. 37, p. 13–28. DOI: 10.4025/bolgeogr.v37i2.39098
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afirmam que muitas das justificativas para que a ideia sobre o conceito de região ter relativa aderência à visão da Geografia física se deu pelo fato de estar ter se concentrado, por muito tempo, em estudos ligados “à monotonia dos estudos regionais, repetitivos e enfadonhos, que se transformaram numa análise meramente descritiva da divisão regional estabelecida” (MATOS; GONÇALVES, 2019, p. 16MATOS, F. O.; GONÇALVES, T. E. Do planejamento ao desenvolvimento regional: notas sobre o conceito de região. Boletim de Geografia, São Paulo, v. 2, n. 37, p. 13–28. DOI: 10.4025/bolgeogr.v37i2.39098
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).

Nesse debate, alude-se que repousa sobre o que significa ser região o mesmo debate acerca de “território”, num ambiente de ideias que os visualiza como sinônimos, dada a sua proximidade epistemológica na atualidade (HAESBAERT, 2005HAESBAERT, R. Desterritorialização, Multiterritorialidade e Regionalização. In: MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, SECRETARIA DE POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL [SDR]. Para pensar uma política nacional de ordenamento territorial. Brasília, DF: MI, 2005. Disponível em: https://antigo.mdr.gov.br/images/stories/ArquivosSNPU/Biblioteca/publicacoes/ordenamento_territorial.pdf. Acesso em: 24 abr. 2022.
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). Por isso, quando se admite que o território pode ser uma ideia qualificada por um conjunto de forças que compreendem as questões sociais, ambientais, políticas e institucionais (SAQUET, 2014SAQUET, M. A. Território. In: BOULLOSA, R. F. (Org.). Dicionário para a formação em Gestão Social. Salvador: CIAGS/UFBA, 2014.), por exemplo, pode-se incorporar tal ideia à menção de região. Dessa forma, falar no que seria regional, para partida de debate, seria admitir existir confluência de vetores que influenciam a ação e o comportamento humano em espaços bem delimitados, não exclusivos à percepção espacial-geográfica.

É por isso que autores como Ribeiro (2009)RIBEIRO, M. T. F. Introdução. In: RIBEIRO, M. T. F.; MILANI, C. R. S. (Org.). Compreendendo a complexidade socioespacial contemporânea: o território como categoria de diálogo interdisciplinar. Salvador: EDUFBA, 2009. recomendam observar-se a complexidade das relações socioeconômicas para se compreender a multiplicidade de identificação de um território até o ponto em que seja possível individualizá-lo. Ou seja, dar-lhe um corpo, produto da composição de partes interdependentes que se mantêm unidas sob diferentes manifestações (HISSA, 2009HISSA, C. E. V. Território de diálogos possíveis. In: RIBEIRO, M. T. F.; MILANI, C. R. S. (Org.). Compreendendo a complexidade socioespacial contemporânea: o território como categoria de diálogo interdisciplinar. Salvador: EDUFBA, 2009.; SANTOS, 2005SANTOS, M. O retorno do território. OSAL: Observatorio Social de América Latina, [Territorio y movimientos sociales], Buenos Aires, año 6, n. 16, 2005. Disponível em: http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/osal/osal16/D16Santos.pdf. Acesso em: 24 abr. 2022.
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) em torno das forças ilustradas por Saquet (2014)SAQUET, M. A. Território. In: BOULLOSA, R. F. (Org.). Dicionário para a formação em Gestão Social. Salvador: CIAGS/UFBA, 2014..

Dessa maneira, assume-se a ideia de região atrelada ao conceito de território para demarcar a posição, neste texto, de que as questões regionais muito pautadas pela política pública que criou as novíssimas universidades federais brasileiras – tal como a UFCA e a UFSB – levaram em consideração os aspectos não somente físicos e de delimitação do poder político-institucional do país. Mas, em adição, relacionar também a percepção de que, para se desenvolver territórios e regiões, dever-se-ia incorporar as questões ambientais, culturais e personalíssimas dos territórios/ regiões quais as “novíssimas” ilustram em seus nomes, como se percebe nas contribuições do trabalho de Nascimento (2018)NASCIMENTO, I. R. T. . expansão da educação superior como estratégia de desenvolvimento territorial: o caso da Universidade Federal do Cariri. 2018. Tese (Doutorado em Administração) –Escola de Administração, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2018..

Neste ponto, a literatura de cordel aparece como uma expressão concreta (e, automaticamente não difusa) de como as questões territoriais/regionais ilustram o imaginário e a compreensão popular sobre o peso das questões regionais na vida das pessoas. Portanto, falar em cordel é admitir a força do entendimento social das relações humanas em muitos níveis, como o organizacional.

2.2 Regionalismo e cordel

O cordel é gênero literário muito próprio da cultura textual brasileira, notadamente vista em estados do Nordeste. Segundo contribuições como as de Jahn (2011)JAHN, L. P. Literatura de cordel no fio da rede: o cibertexto poético como mídia digital. 2011. Dissertação (Mestrado em Letras) – Instituto de Letras, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/32886/000787302.pdf?sequence=1. Acesso em: 24 abr. 2022.
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e Cunha (2018)CUNHA, R. S. Literatura de cordel em rede: o fazer com tecnologias digitais. 2018. Dissertação (Mestrado em Cognição, Tecnologias e Instituições) – Programa de Pós-Graduação em Cognição, Tecnologias e Instituições, Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Mossoró, 2018. Disponível em: https://repositorio.ufersa.edu.br/bitstream/prefix/1096/1/RafaelSC_DISSERT.pdf. Acesso em: 26 abr. 2022.
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, é reverberação da produção de textos europeus posteriormente adaptada aos aspectos culturais e regionais do Brasil, fortemente marcada por textos em poesia, versados e segmentados em estrofes. Comumente publicados em livretos que ficavam pendurados e expostos em cordas (daí o seu nome), podem refletir questões cotidianas e do convívio social, como também criticamente se posicionar diante de questões de relevante interesse público e construir saber científico, como o realizado por Siqueira, Matamoros e De La Cruz (2020)SIQUEIRA, E.; MATAMOROS, J.; DE LA CRUZ, C. Uso da literatura de cordel para explicar a metodologia ativa aprendizagem baseada em problemas. Revista Ciências & Ideias, Nilópolis, v. 11, n. 2, p. 257-67, 2020. Disponível em: https://revistascientificas.ifrj.edu.br/revista/index.php/reci/article/view/1188/950 DOI: http://dx.doi.org/10.22407/2176-1477/2020.v11i2.1188. Acesso em: 24 abr. 2022.
https://revistascientificas.ifrj.edu.br/...
.

No que toca à estrutura, o cordel é peculiar em relação a textos literários congêneres. Dada a presença de três elementos que o distinguem – a rima, a oralidade e a métrica (MINISTÉRIO DA CULTURA, 2018MINISTÉRIO DA CULTURA. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional [IPHAN]. Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular [CNFCP]. Literatura de cordel: dossiê de registro. Brasília: Ministério da Cultura, 2018. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Dossie_Descritivo(1).pdf. Acesso em: 24 abr. 2022.
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) –, o texto do cordel detém fixada regra gramatical. A rima é elemento textual e oral que possibilita o reconhecimento da igualdade ou similaridade de sons produzidos pela pronúncia de palavras que comungam sílabas em suas terminações. Na literatura de cordel, as rimas são elementos-chave da composição musicada, ponto importante em sua tradição e reconhecimento.

A rima, por conseguinte, possibilita a montagem dos versos e, consequentemente, das estrofes. A leitura e declamação musicada dos versos nas(das) estrofes só é possível em virtude da presença das rimas. Logo, são estas que viabilizam a oralidade característica de textos de cordel. Sobre rimas e versos, há uma importante classificação: segundo o Ministério da Cultura (2018, p. 24)MINISTÉRIO DA CULTURA. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional [IPHAN]. Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular [CNFCP]. Literatura de cordel: dossiê de registro. Brasília: Ministério da Cultura, 2018. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Dossie_Descritivo(1).pdf. Acesso em: 24 abr. 2022.
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, “[...] os versos são classificados de acordo com a sílaba tônica em: agudos (quando terminam em palavras oxítonas), graves (quando terminam em palavras paroxítonas) e esdrúxulos (quando terminam em palavras proparoxítonas)”.

O terceiro elemento importou sobremaneira para a composição do cordel apresentado neste texto: a métrica. Ela foi fundamental para uma elaboração “ao revés”, ou seja, de trás para frente, de modo que a determinação da métrica foi o passo inicial para se definir a estrutura e o formato da oralidade como consequência das rimas presentes nos versos e nas estrofes constantes no Item 4 deste trabalho. As métricas, segundo o Ministério da Cultura (2018)MINISTÉRIO DA CULTURA. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional [IPHAN]. Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular [CNFCP]. Literatura de cordel: dossiê de registro. Brasília: Ministério da Cultura, 2018. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Dossie_Descritivo(1).pdf. Acesso em: 24 abr. 2022.
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, devem ser classificadas em distinção à contagem das sílabas poéticas – e não das sílabas gramaticais – presentes nos versos e nas estrofes. Essas sílabas poéticas dividem as palavras não em sua decomposição gramaticalmente estabelecidas, mas onde se percebe o “canto” ou a “música” das palavras, obedecendo, portanto, a uma outra lógica. Neste caso, é possível manter uma quantidade maior de letras numa mesma sílaba poética, quando não seria permitido pela separação silábica gramatical. É um dos diferenciais do cordel em relação a outros gêneros literários.

Sobre as sílabas poéticas, cumpre destacar que elas assumem função reconhecida no trato da escrita de um cordel. No ambiente da produção de cordéis, é comum individualizar-se o modelo da escrita e localização das sílabas poéticas por códigos geralmente indicados por letras maiúsculas e que dão sentido à localização dessas sílabas ao final de cada verso. Por exemplo, se há a indicação de uma métrica no estilo ABCB, quer-se indicar que:

  • i) As quatro letras indicam ser uma estrofe de quatro versos e assim sucessivamente;

  • ii) A: a sílaba poética se encontra no final do primeiro verso;

    B: a sílaba poética se encontra no final do segundo verso;

    C: a sílaba poética se encontra no final do terceiro verso;

    B: a sílaba poética se encontra no final do quarto verso, mas deve rimar com a sílaba poética do segundo verso. Esta lógica se aplica a estrofes mais complexas.

Em razão de esta produção textual e literária ter se solidificado ao longo dos anos, verdadeira taxonomia foi elaborada para se determinar cada tipo de composição, ilustrados no Quadro 1:

Quadro 1
Taxonomia das métricas num cordel

Finalizados estes breves comentários acerca das bases teóricas que sustentaram a escrita do cordel constante no Item 4, a próxima fase foi estruturar a cadeia de passos metodológicos que, para além de relatar como o cordel foi elaborado, apresenta o sequenciamento das etapas na pesquisa-base que fundamentaram as diretrizes de coleta e análise dos dados. Isto está descrito no Item que se segue.

3 O PERCURSO METODOLÓGICO DA ESCRITA DO CORDEL

Neste item, são apresentadas as duas fases metodológicas cumpridas para que o cordel fosse efetivamente escrito dentro das pretensões definidas: relacionar a criação e montagem de duas universidades federais brasileiras com o momento e com o contexto em que a lógica regional e da educação contextualizada foram consideradas pela ação da política pública que as criou.

3.1 Fase 1: a coleta dos dados

A primeira etapa metodológica cumprida para que a escrita do cordel fosse possível corresponde ao percurso de metodologia da pesquisa-base, uma vez que o cordel é produto secundário, tal como artigos e demais possíveis comunicações científicas (já que o relatório da pesquisa é a primeira e importante produção textual de uma investigação finalizada) (MARCONI; LAKATOS, 2021MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de Metodologia Científica. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2021.; FERRARI, 1982FERRARI, A. T. Metodologia da Pesquisa Científica. São Paulo: McGraw-Hill, 1982.). Dessa maneira, a construção do cordel foi possível porque, em fases anteriores, procedeu-se com a coleta de dados sobre a constituição das chamadas novíssimas universidades federais brasileiras. É esta a intenção deste subtópico.

No seio da pesquisa mais ampla, foram visualizadas três origens de dados que poderiam servir de fontes: a) dados primários constantes em entrevistas semiestruturadas, com informantes-chave que atuaram direta ou indiretamente na estruturação da UFCA (14 pessoas ouvidas entre 2017 e 2018) e da UFSB (8 respondentes entrevistados em 2020), pois, até o momento, a pesquisa alcança estas duas instituições; e b) dados bibliográficos e documentais. Para o primeiro grupo, interessaram textos agrupados em artigos científicos, livros, teses e dissertações que versam sobre pelo menos um destes temas: desenvolvimento regional/territorial, políticas públicas e educação (ou ensino) superior.

Para o segundo grupo – os dados documentais –, importaram especialmente os relatórios técnicos e de gestão produzidos pelas Comissões de Implantação de ambas as universidades em tela e seus respectivos grupos de trabalho, quando o caso. Ressalta-se que o Plano Orientador da UFSB2 2 Disponível em: http://www.ufsb.edu.br/wp-content/uploads/2015/05/Plano-Orientador-UFSB-Final1.pdf. (UFSB, 2014UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA [UFSB]. Plano orientador. Itabuna: UFSB, 2014. Disponível em: http://www.ufsb.edu.br/wp-content/uploads/2015/05/Plano-Orientador-UFSB-Final1.pdf. Acesso em: 24 abr. 2022.
http://www.ufsb.edu.br/wp-content/upload...
) se constituiu como rico “manancial” de detalhes acerca da elaboração prática e conceitual daquela instituição.

Para as análises (em curso), a técnica da Triangulação de Dados, conjugada com a Arena de Atores (CHACON, 2007CHACON, S. S. . Sertanejo e o caminho das águas: políticas públicas, modernidade e sustentabilidade no semi-árido. Fortaleza: BNB, 2007.; NASCIMENTO; SILVA; PEREIRA, 2019NASCIMENTO, I. R. T.; SILVA, H. A. S.; PEREIRA, V. S. Análise da ação de atores sociais no processo de implementação de políticas públicas: uma proposta de aplicação da metodologia da arena de atores. Revista Eletrônica Científica do CRA-PR – RECC, Curitiba, n. 6, v. 2, p. 63–77, 2019. Disponível em: http://recc.cra-pr.org.br/index.php/recc/article/view/201/137. Acesso em: 24 abr. 2022.
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), tem sido empregada, por oferecer bases ao pensamento “confrontado” entre esses mesmos grupos de dados, na finalidade de extrair-lhes os achados. Nas “arenas” criadas pela segunda metodologia, as forças e as motivações para a criação das duas instituições universitárias têm inspirado a visão poética que deu origem ao cordel apresentado neste trabalho.

3.2 Fase 2: a escrita do cordel

A metodologia para a composição do cordel neste trabalho apresentado assumiu o entendimento de que ele – o cordel – é uma conversa com o leitor. Por isso, o compromisso inicial foi de encontrar um meio-termo entre a tradição da escrita científica composta em terceira pessoa e/ou com sujeito indeterminado e a possibilidade “artística” de se empregar a oralidade (aqui no formato de texto) em primeira pessoa, como se de fato houvesse uma conversa presencial com quem lê o cordel. Esta foi a primeira conduta metodológica.

Em seguida, buscou-se eleger na taxonomia das métricas do cordel aquela que pudesse dar vazão a uma quantidade maior de informações ao longo do texto, de modo que certos detalhes não fossem excluídos da composição. Autores como Siqueira, Matamoros e De La Cruz (2020)SIQUEIRA, E.; MATAMOROS, J.; DE LA CRUZ, C. Uso da literatura de cordel para explicar a metodologia ativa aprendizagem baseada em problemas. Revista Ciências & Ideias, Nilópolis, v. 11, n. 2, p. 257-67, 2020. Disponível em: https://revistascientificas.ifrj.edu.br/revista/index.php/reci/article/view/1188/950 DOI: http://dx.doi.org/10.22407/2176-1477/2020.v11i2.1188. Acesso em: 24 abr. 2022.
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mostraram que a composição de cordéis com fins científicos é viável, mas, no caso da peça neste trabalho apresentada, o tipo Martelo Agalopado – cordel de estrofes com dez versos e onze sílabas poéticas – demonstrou-se ser o mais adequado ao objetivo central desta contribuição.

Vale ressaltar que a métrica do Martelo Agalopado é representada pela sequência ABBAACCDDC, que indica haver: rimas nos versos 1, 4 e 5 (A); rimas nos versos 2 e 3 (B); rimas 5, 6 e 10 (C); e rimas nos versos 8 e 9 (D). E, uma vez que as sílabas importantes para o cordel não são as gramaticais, mas sim as sílabas poéticas, o leitor deste trabalho encontrará versos no Item 4 que possuem mais de 12 sílabas gramaticais, todavia sempre identificará a sílaba tônica na posição poética n. 11, cumprindo com a determinação da técnica do Martelo Agalopado.

O Martelo agalopado [...] é uma das modalidades mais antigas na literatura de cordel. Criada pelo professor Jaime Pedro Martelo (1665 – 1727), as martelianas não tinham, como o nosso martelo agalopado, compromisso com o número de versos para a composição das estrofes. (ABLC, 2016, s.p.ACADEMIA BRASILEIRA DE LITERATURA DE CORDEL [ABLC]. Métricas. ABCL [online], 2016. Disponível em: http://www.ablc.com.br/o-cordel/metricas-2/. Acesso em: 24 abr. 2022.
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).

Além disso, foi elaborado um roteiro para que a escrita do cordel sobre duas das quatro novíssimas universidades federais brasileiras investigadas na pesquisa-base pudesse obedecer a uma sequência coerente e coesa ao leitor, de maneira que se perceba a sequência dos argumentos e se indique a posição analítica e poética da autoria no sequenciamento das estrofes. É o que apresenta o Quadro 2:

Quadro 2
Roteiro argumentativo das estrofes

No item a seguir, o cordel é apresentado em estrofes organizadas em duas colunas, à revelia do estilo do corpo do restante deste trabalho. Esta decisão foi tomada como medida de favorecer a leitura e melhor organizar as estrofes, uma vez que a manutenção da mesma formatação de todo o trabalho poderia prejudicar a visualização do cordel, como também fazer jus à forma tradicional em que ele é publicado nos folhetos.

4 O CORDEL

(1) Meu texto vem do Cariri, Ceará Não vem lá do Cariri da Paraíba Mas sim do qual no meu peito se arriba Algo que sinto que interessará Uma universidade, se dirá Muito mais que nova, é uma novíssima Criada por boa gente animadíssima Em desenvolver a sua região Criando lá vias de educação Pondo o Ceará em conta altíssima. É a Universidade Federal do Cariri, que veio para somar E também para seu posto colocar No desenvolvimento regional Com uma educação sem igual Em dois mil e treze fora criada Para ensinar regionalizada Dos atores locais: participação Da diversidade: teve inclusão Para a região onde instalada. A universidade do Cariri Tem um campus em Barbalha e no Crato Nesses municípios, há nenhum ingrato A verdade que eu mesmo conferi Nos caminhos que por aqui percorri Tem sua sede em Juazeiro do Norte Em Brejo Santo, mais um, seu braço forte Em Icó, sem campus de número cinco Cidade de patrimônio muito rico Sua presença ganhando mais aporte. Mas também vou falar de uma irmã Que é de um outro estado: a Bahia A demanda social nela havia Por uma instituição com afã Da Federal do Cariri, o seu clã Na Bahia, para o sul se olhou Uma universidade se pensou Ao desenvolvimento contribuir Aos locais saberes, se permitir Nova instituição estruturou. Falo da Federal do Sul da Bahia Instituição que do zero nasceu Daquela região, ao seu apogeu Com uma educação que se queria Cuidar de sua gente, ali se faria Com vagas de ensino superior Para aquele povo trabalhador Mirando o potencial do local Ao desenvolvimento regional Educar: esse é o seu maior pendor! Seu primeiro campus é em Itabuna Sua sede e onde fica a reitoria Ao local sul-baiano com maestria Conduzi-la por uma ação oportuna E ter a educação como fortuna Mas também está em Porto Seguro Cidade antiga que vê seu futuro E em Teixeira de Freitas, está lá Uma grande universidade, oxalá A ensinar, seu sentimento puro. Na universidade cearense A graduação é tradicional Segue o rito comum e nacional Com seus currículos nos quais se pense Em se formar com habitual ênfase Única formação que se condense Cada aluno escolhe o seu curso Na hora de indicar seu ingresso Para quaisquer cursos de graduação Como Música ou Administração Como poema de único verso. Para a universidade baiana O caminho é bem mais diferente Causa estranheza a muita gente Não convencional dela se emana Trilha formativa que não engana Em dois ciclos de cursos se baseia São duas fases, como numa cadeia Licenciaturas e bacharelados Em dois caminhos mais bem conjugados Ser ampla é intenção e a norteia. É preciso falar nas ações feitas No que toca à missão institucional Que são delas o seu diferencial Ter projetos e iniciativas De ensino e pesquisa, sempre ativas Monitorias: marcos do ensino Pesquisas: avanço do ser humano As universidades não abrem mão Pois agem e atuam na contramão Dum mundo limitador e tirano. Não esqueço cultura e extensão Pilares do ensino superior Ferramentas dum espaço formador De mãos dadas, verdadeira união Dedicadas a qual boa formação Nas novíssimas são dois espelhos Que rompem os sociais estreitos E inspiram projetos e programas De revolucionárias tramas À qualidade dos seus muitos termos. (2) Mas, apesar de serem duas irmãs As universidades que vos falo Têm diferenças que aqui escalo De seus formatos, fiéis tecelãs Das regiões, diferentes cidadãs Diferem no modo como criadas A saber, no início separadas Pois uma foi montada com tutora À outra houve a inspiradora As comentarei em notas versadas. Para ambas houve uma partida Uma política pública nacional Fora o Reuni, quão sensacional Fez crescer instituição contida Fez ver o interior, a retida Nas grandes cidades e nas capitais Rumo a outros ambientes sociais Deu recurso, deu dinheiro, apoiou! Uma aposta social qual se fiou! Importância às regiões nacionais. Na Bahia, tudo partiu do zero A primeira vez de uma federal Ante a necessidade social É aquilo que sempre reverbero Quando falo, espero ser sincero Logo que o Reuni autorizou Comissão dedicada ali se formou Professores de várias origens Trouxeram em malas e em bagagens Um sonho que se materializou. Como tudo precisava ser feito Desde o inicial rabisco à mão Agiu a Comissão de Implantação Num trabalho de louvável proveito Mirando o sul baiano com respeito Atenção foi dada às questões locais Se educação e região são vitais São potencialidades coletadas Todas as chances oportunizadas De dar valor aos saberes regionais. Antes de ter-se aulas funcionando Montou-se o Plano Orientador Num sentimento mais que motivador O sul da Bahia foi se visitando E os interesses se declarando Como se queria a instituição Algo mais aproximado da nação Ouviu-se gente de vários setores Da sociedade local, seus atores A universidade já em ação! Face às dificuldades listadas À ação de interiorização Pensou-se na via de superação Como se fossem palavras rimadas Três velas ao vento foram içadas: A referência e a metodologia Vinda de autores da academia Política, pedagogia ativa Ciclos de formação em forma viva Coisa nova no texto se exprimia. Faltou acerca d’uma vela falar Que é o modelo de academia À instituição já se exprimia Em oito princípios a se contemplar Para a boa formação viabilizar Mas logo volto então ao Ceará Pois boas novas sobre ele se dará De sua novíssima instituição Carregada com razão e emoção P’ra um futuro que logo “vingará”3 3 Mesmo que conste como possível significado no vernáculo, o termo “vingará” foi utilizado como flexão do verbo “vingar”, que na língua comum (ou vulgar) em certas regiões brasileiras significa ter futuro, dar frutos, dar bons resultados. Da irmã cearense, eu vou falar: A montagem ocorreu diferente Mesmo contando com diversa gente De outra instituição, a brotar Não são gêmeas, eu posso apostar! Outra instituição na capital A mais velha cearense federal Se expandiu e se interiorizou O território cearense cruzou Para muito distante do litoral. No Cariri foram três tentativas E não, como a irmã, de uma vez Três Arenas, com dada altivez De vários interesses, muito vivas À região, sempre propositivas A nova universidade criar O desejo do povo, realizar De conter ali uma federal sua Dada a vontade que ela contribua E vida mais digna se concretizar. A primeira Arena, posso lhes falar Nomeio-a de Arena da Fusão Por ter contido a forte intenção De três campi no Cariri agregar E um novo formato poder lhes dar Mas não teve muitos interessados Mais recursos não seriam alocados Portanto, a ideia não prosperou E o sonho do Cariri prorrogou A depois, outros motivos guiados. Já a segunda Arena foi diferente E com um novo governo federal E política pública nacional Que trouxeram mais motivada gente E recurso financeiro decente Na Arena da Interiorização Entrou o Campus Cariri em ação Mais cursos de graduação ativados Projetos da pós-graduação, tocados Coisa boa foi feita na região. A terceira arena foi bem-sucedida Foi a Arena do Desmembramento Não mais da tutora um complemento Instituição nova compreendida Política pública resolvida À universidade caririense Criada para o povo cearense A autonomia da casa se deu A motivação de crescer irrompeu Que o desenvolvimento se adense! Mas vale sempre lhes dizer uma questão Muita e diversa gente atuou Em grupos de trabalho, sei que estou A falar de dado certo, o guião Revelações de tal minha reflexão Pensaram na estrutura e alunos A permanência discente nos planos Aos alunos montou-se a Assistência Saberes universais sem ingerência Houve organização, sem enganos. (3) A questão que pairava, sem engano: Regionalizar a educação Sem colocá-la na via da contramão De um novo contexto interiorano A um desenvolvimento soberano “Como fazer?”, era o questionamento Qual seria então o melhor movimento? A resposta era óbvia, no porvir Ensino contextualizado: devir Daí decorreu cada alinhamento. A forma interessante de agir É chamar muitas pessoas dispostas A contribuir com suas apostas Na política pública a fluir A universidade a construir Cada uma com o seu interesse Se o coletivo prevalecesse Como expressão única do lugar Os dados reais sem desconsiderar Se o bem público se envolvesse. Na Bahia uma solução encontrada Foi, com as pessoas, antes conversar Pois o sul baiano mostrou relevar À dinâmica alta e destacada De intenção social elevada Numa política pública tal qual Um coletivo social sem igual Naqueles municípios visitados Muitos indivíduos consultados Da Bahia, o povo tradicional. As caravanas assim o fizeram Pois queriam ter um bom panorama Do sul da Bahia, a social trama Na discussão do que desejariam Nas possibilidades que teriam Numa universidade a se fazer As potencialidades, não se conter A nova instituição, afinal Teria sua “cara”, nada antes igual Algo muito bonito de se viver. No Ceará a coisa foi parecida Para sua Comissão de Implantação Ideias eram bem-vindas, sem vedação E diferente gente foi ouvida Em várias assembleias, nessa lida Boa participação do povo local Que pôde demonstrar o seu ideal Uns mais, outros menos, posso atestar Coube a cada grupo negociar A cadeia da recente federal E foi bastante bonito perceber Com tantos interesses nas arenas Num local de negociações plenas O sonho não se minar nem perecer À vista do que se poderia ter Na estrutura institucional Para aquela novíssima federal Cada pessoa nela contribuiu A ela, sem dúvidas, se assumiu O caráter social e regional. Por essas e por mais outras condições Dessas novíssimas, seus próprios nomes Lhes faz possuir outros codinomes Expressam ser maiores as suas regiões Como amplas partes de outros rincões Representam o seu todo espaço Onde instaladas foi só um passo Pois o desenvolvimento regional Atua nelas como força igual À missão de cada nesse compasso. (4) Nas novíssimas isso se fez pesar Muita coisa fora incorporada Quando da montagem, cristalizada A questão regional se considerar Nova formatação a se desvendar A federal sul-baiana assumiu Nova instituição ali surgiu Quatro novidades vou lhes remeter Para que todos possam assim saber O que o sul da Bahia construiu. Para começo de conversa, saibam Da educação básica, necessaries Ter os Colégios Universitários Pontes criadas pelos que previam Dois níveis de ensino se aliam Educação básica-superior Unidos sob compartilhado pendor De formar gente ao local ligada À própria região conectada Do desenvolvimento, o tocador. Após adentrar na universidade Dois ou três ciclos nela aparecem Quão holísticas as formações nascem Se depara com uma novidade Que dota mais uma mobilidade A uma verdadeira integração Componentes que não vão na contramão De saberes contextualizados Conhecimentos regionalizados De, pouco vista no Brasil, formação. Algo mais radical fora pensado Com vistas a ter-se mais eficiência Aos recursos, às pessoas e ciência O quadrimestre fora implantado Como o modelo a ela adequado América do Norte, inspiração Na Europa também se faz alusão A esta maneira de organizar Componentes e aulas a ofertar Um melhor modo de organização. Também destaco algo que me agrada Conselho Estratégico Social Alusão a uma questão regional Ver a sociedade ali representada A universidade incrustada Na participação de boa gente Que no desenvolvimento é crente Que a sua vida iria melhorar Se ela se movesse a participar Daquele novo próspero ambiente. E se no sul da Bahia foi assim Do que podemos de bom considerer Cidadãs estruturas a se formar Ao Cariri cearense também vim A falar sobre a outra irmã, enfim Das suas conquistas peculiares Que são ícones e perpendiculares À estratégia de desenvolvimento Particular àquele vivo momento Para o Brasil, auspiciosos ares. No cearense caso deu-se atenção Ao formato de universidade Àquelas cidades a novidade Sem a tal departamentalização Novel ótica de organização Institutos e Centros a funcionar As Faculdades a se estruturar Pois os GTs à época montados Foram sabidamente orientados A fluidez de pessoas incentivar. Outro ponto que nela reverberou Foi a decisão para os novos cursos Pois se comentava da fonte dos custos À rede local de ensino se olhou Pois no nível federal se alocou Dos cursos dali o seu financiamento Criar concorrentes não era o intento Portanto, as graduações a criar Deveriam na proposta inovar Serem aos antigos mais um complemento. Uma questão aos GTs muito premente Do Cariri, o destaque da cultura Para o povo, nítida iluminura Da universidade, na sua mente Algo a ser criado era iminente Uma pró-reitoria se estruturou Aos destinatários se delimitou A Procult, da cultura exclusiva A ser estrutura definitiva Aos esportes e idiomas se juntou. Mesmo tendo ensino tradicional Garante-se a ação estudantil Por via do protagonismo juvenil Em projetos e programas no geral Desde que tenham apoio “tutoral” Muitos alunos são protagonistas E da inércia, seus antagonistas Pensam e conduzem diversas ações Aprendizados nessas interações Fontes do conhecimento sempre vivas. Da federal do Cariri, panorama O qual não determino que se esgote Pois tenho mais a dizer no mesmo mote Outras mais propostas numa mesma trama Num andar coletivo que se afama Mas que serve para aqui se ilustrar Para o desenvolvimento centrar Nas práticas de tal universidade À sua acadêmica comunidade A vantagem de nela se apostar. (5) É a realidade quase exata Como se dá a verdade científica Nessa experiência qual magnífica Educação expandida se constata Rumando ao interior em breve data Das oportunidades lá geradas Com as pessoas muito engajadas Em mudar a Bahia e o Ceará Já se sabe, a vida melhorará Com as universidades montadas. Apesar de tudo, lanço uma questão Duas novíssimas aqui relatadas Pela ciência foram analisadas Encarando esse tal diapasão Onde se situa a Administração? Vou lançar mão, a você eu responder Que a um texto eu irei recorrer Genauto França Filho, o seu autor4 4 O texto mencionado é FRANÇA FILHO, G. C. Para um olhar epistemológico da administração: problematizando o seu objeto. Cf. França Filho (2004). Que nos apresenta com muito amor Dupla chance para se compreender. Segundo aquele autor, são as seguintes: Por um lado, a técnica da gestão Noutro, a típica organização Tudo dependerá das possíveis frentes A ciência guiada por seus agentes Assim a Administração tem lugar Quando às novíssimas for observar E olhá-las como organizações Para isso não se faz oposições Ciência administrativa no ar! E, para que nós possamos terminar De um tema que me dá muito gosto O ensino superior bem-quisto Longe da prosa, da poesia o ar É esta a forma que eu vou falar É o poder do cordel, meus amigos Que na poesia nos faz mais unidos Na política pública nacional Ao desenvolvimento regional Em prestigiosos feitos vividos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este ensaio teórico-empírico, num formato de cordel (em certa medida), teve como objetivo apresentar uma outra possibilidade, ainda que poética, de se conhecer o processo de criação das chamadas novíssimas universidades federais brasileiras. Para que fosse possível, alicerçou-se nos achados de uma investigação científica em curso que tem como plano analisar as bases político-institucionais de montagem dessas instituições.

A partir das questões que são levantadas e demonstradas no cordel constante neste trabalho, duas constatações podem ser aventadas: a primeira delas diz respeito às revelações do “mérito” do texto, em que são debatidas as perspectivas da ação multiatorial e sociocêntrica das pessoas que participaram do processo de estruturação da UFCA e da UFSB; enquanto a segunda demonstra como a capacidade criativa e a instrucional, de textos literários de diversas naturezas – como o próprio cordel –, podem ser úteis à divulgação científica de achados de pesquisa a partir de outros formatos de escrita.

A questão da regionalidade é orientadora ao cordel e às reflexões acerca das duas universidades, atuando como força mantenedora tanto dos meios para a elaboração do texto poético quanto dos seus fins: reforçar o apelo das questões regionais como relevante observação a ser feita em políticas públicas que lidam com este tipo de organizações. Portanto, repousa sobre a Administração, como ciência, o véu da chance de se transitar por diferentes caracteres e saberes interdisciplinares como uma prática de construção e difusão de conhecimento.

Acredita-se que este trabalho possa inspirar a escrita de outros cordéis com a pretensão aqui demonstrada, dada a capacidade integradora do verso em poesia junto a pessoas de diferentes públicos. Além disso, espera-se que, com a finalização da pesquisa sobre as novíssimas universidades federais brasileiras, seja possível construir outros cordéis e demais produtos técnico-artísticos que publicizem os relevantes achados da investigação.

  • 2
  • 3
    Mesmo que conste como possível significado no vernáculo, o termo “vingará” foi utilizado como flexão do verbo “vingar”, que na língua comum (ou vulgar) em certas regiões brasileiras significa ter futuro, dar frutos, dar bons resultados.
  • 4
    O texto mencionado é FRANÇA FILHO, G. C. Para um olhar epistemológico da administração: problematizando o seu objeto. Cf. França Filho (2004)FRANÇA FILHO, G. C. Para um olhar epistemológico da administração: problematizando o seu objeto. In: SANTOS, R. S. (Org.). . administração política como campo do conhecimento. São Paulo: Edições Mandacaru; Fundação Escola de Administração UFBA, 2004. p. 119–43..

AGRADECIMENTOS

Agradecimento são feitos à Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação da Universidade Federal do Cariri (PRPI/UFCA), ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) pelo apoio institucional e financeiro (auxílios e bolsas).

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Jun 2023
  • Data do Fascículo
    Jan-Mar 2023

Histórico

  • Recebido
    27 Set 2022
  • Revisado
    22 Ago 2022
  • Aceito
    16 Dez 2022
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