Acessibilidade / Reportar erro

Associação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e a ingestão de nutrientes em gestantes de risco habitual

Resumo

Objetivos:

analisar o consumo de alimentos ultraprocessados (AUP) e sua associação com a ingestão de nutrientes entre gestantes de risco habitual.

Métodos:

estudo transversal com dados socioeconômicos, antropométricos e de consumo alimentar de gestantes de risco habitual. O consumo de energia, macro e micronutrientes foi obtido através de dois Recordatórios 24 horas (R24h). Os AUP foram identificados através da classificação NOVA, e o percentual de calorias proveniente destes alimentos foi classificado em quartis e associado à ingestão de nutrientes. Para tal, adotou-se o teste ANCOVA ajustado segundo a idade e a renda per capita.

Resultados:

foram avaliadas 60 gestantes com média de idade de 28,44 (IC95%=27,20-29,69) anos. O percentual médio de AUP na dieta foi de 20,68 (IC95%=17,88-23,47). Gestantes no maior quartil de consumo de AUP apresentaram menor ingestão de proteína (13,48g vs. 18,84g; p=0,031) e zinco (4,52mg vs. 6,18mg; p=0,045) quando comparadas ao menor quartil.

Conclusão:

os resultados evidenciaram uma relação desfavorável entre a participação de AUP na dieta e a ingestão de proteínas e zinco, nutrientes importantes para o período gestacional. Tais achados reforçam a importância da promoção de hábitos alimentares saudáveis durante a gestação para garantir o aporte adequado de nutrientes nessa fase.

Palavras-chave:
Nutrição materna; Alimentos industrializados; Consumo de alimentos; Gravidez; Nutrientes

Abstract

Objectives:

to analyze the ultra-processed foods (UPF) consumption in pregnant women’s diets associated with nutrient intake.

Methods:

a cross-sectional study using socioeconomic, anthropometric and food consumption data from low-risk pregnant women. Consumption of energy, macro and micronutrient were obtained through two 24-hour recalls (R24h). The UPF were identified using the NOVA classification, and the percentage of energy from this food was classified in quartiles and associated with nutrient intake. So, the ANCOVA test adjusted for age and per capita income were adopted.

Results:

a total of 60 pregnant women with a mean of age of 28.44 (CI95%=27.20-29.69) years old were evaluated. The average percentage of UPF in the diet was 20.68 (CI95%=17.88-23.47). Pregnant women in the highest quartile of UPF consumption had lower protein intake (13.48g vs. 18.84g; p=0.031) and lower zinc intake (4.52mg vs. 6.18mg; p=0.045) when compared to those in the lowest quartile.

Conclusions:

the results showed a negative relationship between the participation of UPF in pregnant women’s diets and the intake of protein and zinc, important nutrients for the gestational period. Such findings reinforce the importance of promoting healthy eating habits during pregnancy to ensure an adequate supply of nutrients in this phase.

Key words:
Maternal nutrition; Industrialized foods; Food consumption; Pregnancy; Nutrients

Introdução

O sistema de classificação de alimentos NOVA, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de São Paulo, Brasil, propõe a categorização dos alimentos de acordo com sua finalidade e o grau de processamento aplicado.11 Monteiro CA, Cannon G, Levy RB, Moubarac J-C, Louzada ML, Rauber F, et al. Ultra-processed foods: what they are and how to identify them. Public Health Nutr. 2019 Apr; 22 (5): 936-41. Tal classificação determina que os alimentos que são submetidos a várias etapas de processamento e adição de ingredientes de uso industrial sejam denominados alimentos ultraprocessados (AUP). Exemplos destes alimentos incluem biscoitos recheados, sorvetes, macarrão instantâneo, iogurtes e bebidas adoçadas e aromatizadas, salgadinhos de pacote, entre outros.11 Monteiro CA, Cannon G, Levy RB, Moubarac J-C, Louzada ML, Rauber F, et al. Ultra-processed foods: what they are and how to identify them. Public Health Nutr. 2019 Apr; 22 (5): 936-41.

Nos últimos anos, o consumo de AUP tem crescido no Brasil, acompanhando a tendência de países desenvolvidos, como demonstrou a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) realizada nas áreas metropolitanas do Brasil entre 2002-2003 e 2017-2018.22 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Diretoria de Pesquisas. Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018. Rio de Janeiro (RJ): IBGE; 2020. [access in 2020 Fev 5]. Available from: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101704.pdf
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualiza...
A pesquisa registrou aumentos sucessivos na participação calórica de produtos ultraprocessados, que subiu de 12,6% para 18,4% entre os dois períodos. Além disso, houve a diminuição na participação de alimentos in natura e minimamente processados no total de calorias adquiridas.22 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Diretoria de Pesquisas. Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018. Rio de Janeiro (RJ): IBGE; 2020. [access in 2020 Fev 5]. Available from: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101704.pdf
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualiza...

No que se refere a composição nutricional, os AUP são mais densos em energia, têm maior teor de açúcar, sódio, gorduras totais e gorduras saturadas, e baixa quantidade de proteínas e fibras quando comparados a alimentos in natura ou minimamente processados.33 Louzada MLDC, Ricardo CZ, Steele EM, Levy RB, Cannnon G, Monteiro CA. The share of ultra-processed foods determines the overall nutritional quality of diets in Brazil. Public Health Nutr. 2018 Jan; 21 (1): 94-102., 44 Moubarac JC, Batal M, Louzada ML, Martinez Steele EM, Monteiro CA. Consumption of ultra-processed foods predicts diet quality in Canada. Appetite. 2017 Jan; 108: 512-20., 55 Silva FM, Giatti L, Figueiredo RC, Molina MDCB, Cardoso LO, Duncan BB, et al. Consumption of ultra-processed food and obesity: cross sectional results from the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brasil) cohort (2008–2010). Public Health Nutr. 2018 Aug; 21 (12): 2271-9. A literatura tem demonstrado associação entre o consumo excessivo de AUP com obesidade, doenças crônicas não transmissíveis e síndrome metabólica.66 Juul F, Steele EM, Parekh N, Monteiro CA, Chang VW. Ultra-processed food consumption and excess weight among US adults. Brit J Nutr. 2018 Jul; 120 (1): 90-100., 77 Steele EM, Juul F, Neri D, Rauber F, Monteiro CA. Dietary share of ultra-processed foods and metabolic syndrome in the US adult population. Prev Med. 2019 Aug; 125: 40-8., 88 Louzada MLC, Martins APB, Canella DS, Baraldi LG, Levy RB, Claro RM, et al. Impact of ultra-processed foods on micronutrient content in the Brazilian diet. Rev Saúde Pública. 2015; 49: 45., 99 Bielemann RM, Motta JVS, Minten GC, Horta BL, Gigante DP. Consumption of ultra-processed foods and their impact on the diet of young adults. Rev Saúde Pública. 2015; 49: 28. Além disso, alguns estudos têm relacionado a ingestão desses alimentos com inadequações de macro e micronutrientes em diferentes fases da vida.55 Silva FM, Giatti L, Figueiredo RC, Molina MDCB, Cardoso LO, Duncan BB, et al. Consumption of ultra-processed food and obesity: cross sectional results from the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brasil) cohort (2008–2010). Public Health Nutr. 2018 Aug; 21 (12): 2271-9.,88 Louzada MLC, Martins APB, Canella DS, Baraldi LG, Levy RB, Claro RM, et al. Impact of ultra-processed foods on micronutrient content in the Brazilian diet. Rev Saúde Pública. 2015; 49: 45.,99 Bielemann RM, Motta JVS, Minten GC, Horta BL, Gigante DP. Consumption of ultra-processed foods and their impact on the diet of young adults. Rev Saúde Pública. 2015; 49: 28.

Sabe-se que durante o período gestacional ocorrem diversas alterações fsiológicas no corpo da mulher, a fim de se proporcionar um ambiente favorável para o desenvolvimento do feto, aumentando assim a demanda de energia e nutrientes. Nesse período, o requerimento energético aumenta de forma moderada, enquanto o aumento da demanda de nutrientes se dá de maneira mais significativa. Alguns nutrientes, como as vitaminas A, B9 (folato), B12, C, D e os minerais cálcio, sódio, ferro e zinco, além do ácido graxo ômega-3 apresentam demanda aumentada nessa fase devido sua importância para o desenvolvimento da gestação.1010 Lowensohn RI, Stadler DD, Naze C. Current Concepts of Maternal Nutrition. Obstet Gynecol Surv. 2016 Aug; 71 (7): 413-26.,1111 Danielewicz H, Myszczyszyn G, Dębińska A, Myszkal A, Boznański A, Hirnle L. Diet in pregnancy - more than food. Eur J Pediatr. 2017; 176 (12): 1573-9.

Torna-se evidente, então, que a qualidade da alimentação da mulher, antes e durante a gestação, impacta o crescimento e o desenvolvimento infantil e a saúde materna. Por esse motivo, inadequações nutricionais nesse período podem comprometer a evolução da gestação, levando ao aumento das chances de desfechos negativos para o parto e saúde do recém-nascido.1010 Lowensohn RI, Stadler DD, Naze C. Current Concepts of Maternal Nutrition. Obstet Gynecol Surv. 2016 Aug; 71 (7): 413-26.,1111 Danielewicz H, Myszczyszyn G, Dębińska A, Myszkal A, Boznański A, Hirnle L. Diet in pregnancy - more than food. Eur J Pediatr. 2017; 176 (12): 1573-9.

Neste contexto, o presente estudo objetivou analisar a participação dos AUP na dieta de gestantes e sua associação com a adequação de nutrientes importantes para esse ciclo da vida.

Métodos

Trata-se de um estudo transversal realizado com gestantes de risco habitual que participaram da linha de base do projeto “Suplementação de Ômega-3 na gestação para prevenção de sintomas depressivos e possível efeito na prática do aleitamento materno, crescimento e desenvolvimento infantil” aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais sob o número 87705018.0.0000.5149. Todas as participantes foram esclarecidas quanto aos objetivos e métodos do estudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

A coleta de dados foi realizada entre setembro de 2018 e julho de 2019 em um ambulatório de pré-natal do Sistema Único de Saúde, localizado em uma capital na região Sudeste do Brasil (Belo Horizonte, Minas Gerais).

Os critérios de inclusão foram: idade gestacional entre 22 e 24 semanas, idade entre 20 e 40 anos, não estar em gestação múltipla e não possuir risco gestacional conforme os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde1212 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Gestação de alto risco: manual técnico. 5th ed. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2010. [access in 2020 Fev 5]. Available from: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/gestacao_alto_risco.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicaco...
(histórico de abortamento, presença de doenças infecciosas ou condições clínicas como hipertensão, diabetes, neoplasias, entre outros).

Os dados foram coletados via entrevista presencial, com auxílio de um questionário estruturado construído para fins desta pesquisa. Foram obtidas informações socioeconômicas, antropométricas e de consumo alimentar.

Para avaliação das informações socioeconômicas foram coletados idade, ocupação, paridade, renda per capita, escolaridade e estado civil.

Em relação a antropometria, foram coletados o peso pré-gestacional, peso atual e a altura. O peso pré-gestacional foi referido pela participante, enquanto o peso atual foi aferido com auxílio de uma balança de plataforma digital da marca Líder e modelo P-200C, com capacidade de 2 a 200 quilos e precisão de 100 gramas. A altura foi obtida por meio do estadiômetro acoplado à balança. O Índice de Massa Corporal (IMC=kg/m2) pré-gestacional foi calculado e classificado conforme os critérios da OMS1313 World Health Organization (WHO). Physical status: the use and Interpretation of Anthropometry. WHO Technical Report Series 854. Geneva: WHO; 1995. 452 p. [access in 2020 Fev 5]. Available from: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/37003/WHO_TRS_854.pdf?sequence=1&isAllowed=y
https://apps.who.int/iris/bitstream/hand...
. Para classificação do IMC gestacional foi utilizada a curva de Atalah et al.1414 Atalah Samur E, Castillo-L C, Castro Santoro R, Aldea-P A. Propuesta de un nuevo estandar de evaluación nutricional en embarazadas. Rev Med Chile. 1997; 125 (12): 1429-36.

O consumo alimentar foi obtido através de dois Recordatórios 24 horas (R24h), aplicados em dias não consecutivos, com intervalo máximo de uma semana entre eles, sendo o primeiro durante a entrevista presencial e o segundo via telefone. Para minimizar as perdas na coleta do R24h via telefone, foram realizadas pelo menos três tentativas de contato em cada turno do dia (manhã, tarde e noite).

Todos os alimentos e bebidas consumidos no dia anterior foram expressos em medidas caseiras que, posteriormente, foram convertidas em gramas ou miligramas com base na Tabela para Avaliação do Consumo Alimentar em Medidas Caseiras.1515 Pinheiro ABV, Lacerda EMA, Benzecry EH, Gomes MCS, Costa VM. Tabela para Avaliação de Consumo Alimentar em Medidas Caseiras. 4a ed. Rio de Janeiro: Atheneu; 2000.

O consumo calórico total, o percentual calórico proveniente de AUP e a ingestão de macro e micronutrientes foram obtidos pela média dos valores referentes aos dois dias de consumo alimentar, sendo computados com o auxílio do software Brasil Nutri®, conforme metodologia adotada na última Pesquisa de Orçamentos Familiares.22 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Diretoria de Pesquisas. Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018. Rio de Janeiro (RJ): IBGE; 2020. [access in 2020 Fev 5]. Available from: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101704.pdf
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualiza...

O percentual de ingestão calórica diária proveniente de AUP foi obtido por meio da classificação dos alimentos listados no R24h de acordo com os critérios da classificação NOVA. Nessa classificação, são considerados AUP as formulações industriais provenientes do processamento de uma mistura de substâncias extraídas de alimentos (óleos, amido, açúcar, etc.), derivadas de constituintes de alimentos (gordura hidrogenada, amido modificado, etc.) ou sintetizadas em laboratório (vitaminas e minerais sintéticos, corantes, aromatizantes, realçadores de sabor e aditivos usados para melhorar propriedades sensoriais).11 Monteiro CA, Cannon G, Levy RB, Moubarac J-C, Louzada ML, Rauber F, et al. Ultra-processed foods: what they are and how to identify them. Public Health Nutr. 2019 Apr; 22 (5): 936-41.

Após isso, as participantes foram classificadas em quartis da contribuição dos AUP para o valor calórico total da dieta. A seguir, avaliou-se a associação desses quartis com a ingestão de energia, macro e micronutrientes. Foram avaliados as fibras, carboidratos, proteínas, lipídios e ácido graxo ômega-3. Já os micronutrientes avaliados foram as vitaminas A, folato, B12, C, D, E e os minerais cálcio, sódio, ferro e zinco. O teor dos macronutrientes e ômega-3 foram expressos em percentual do valor calórico total e os micronutrientes expressos em mg ou µg/1.000Kcal.

Utilizando o software Epi Info™ 3.5.1, estimou-se a necessidade mínima de 59 participantes, adotando o percentual médio de ingestão de AUP obtido em estudo prévio,1616 Sartorelii DS, Crivellenti LC, Zuccolotto DCC, Franco LJ. Relationship between minimally and ultra-processed food intake during pregnancy with obesity and gestational diabetes mellitus. Cad Saúde Pública. 2019; 35 (4): e00049318. nível de confiança de 95%, erro de 5%, fórmula para fins descritivos e população finita. O banco de dados foi construído no programa Epi Info™ 3.5.1 por meio de digitação dupla e devidas análises de consistência foram realizadas. As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio dos softwares Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 19.0 e Stata® versão 11.

Inicialmente, aplicou-se o teste de Shapiro-Wilk para avaliar a adesão das variáveis numéricas à distribuição normal. Em seguida, a análise descritiva foi realizada por meio da estimativa de frequências, médias e intervalo de confança de 95%. A diferença entre as médias de consumo de nutrientes conforme os quartis do consumo de AUP foi avaliada por meio do teste de ANCOVA com correção de Bonferroni, ajustada segundo a idade e renda per capita. Para todas as análises adotou-se o nível de significância de 5%.

Resultados

Foram avaliadas 60 gestantes com média de 28,44 (IC95%=27,20-29,69) anos de idade, idade gestacional de 23,00 (IC95%=22,64-23,36) semanas e renda per capita de 776,41 (IC95%=661,4-891,41) reais. As demais características da amostra estão apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1
Características da amostra.

Em relação ao estado nutricional, 41,6% (n=25) das participantes apresentavam excesso de peso anterior à gestação, e 46,7% (n=28) atualmente. Não houve associação entre o estado nutricional pré-gestacional e atual com a ingestão de AUP (p>0,05).

O percentual médio de AUP na dieta foi de 20,68% (IC95%=17,88-23,47). A análise da ingestão de energia, macro e micronutrientes da dieta de acordo com os quartis de energia proveniente dos AUP está apresentada na Tabela 2.

Tabela 2
Médias do teor de energia e nutrientes na dieta em quartis da participação de alimentos ultraprocessados no consumo total de energia.

Gestantes inseridas no maior quartil de consumo de AUP apresentaram menor ingestão de proteína (13,48g vs. 18,84g; p=0,031) e menor ingestão de zinco (4,52mg vs. 6,18mg; p=0,045) quando comparadas àquelas inseridas no menor quartil.

Discussão

O presente estudo encontrou uma participação média de AUP de aproximadamente 20% das calorias totais ingeridas entre gestantes de risco habitual. A maior participação de AUP se associou a uma reduzida ingestão de proteínas e zinco.

O percentual calórico médio proveniente de AUP encontrado no presente estudo foi inferior ao encontrado em outros trabalhos conduzidos com gestantes. Um estudo transversal realizado no Brasil com 785 mulheres entre a 24ª e a 39ª semanas de gestação identificou uma contribuição média de 32% da energia total consumida proveniente de AUP.1616 Sartorelii DS, Crivellenti LC, Zuccolotto DCC, Franco LJ. Relationship between minimally and ultra-processed food intake during pregnancy with obesity and gestational diabetes mellitus. Cad Saúde Pública. 2019; 35 (4): e00049318. Já em uma investigação prospectiva que acompanhou 365 gestantes brasileiras de risco habitual do primeiro ao terceiro trimestres de gestação, notou-se que os AUP representaram 24,6% da ingestão total de energia.1717 Gomes CB, Malta MB, Louzada MLDC, Benício MHD, Barros AJD, Carvalhaes MABL. Ultra-processed food consumption by pregnant women: the effect of an educational intervention with health professionals. Matern Child Health J. 2019 May; 23 (5): 692-703. Na população adulta brasileira (n=32898), Louzada et al.33 Louzada MLDC, Ricardo CZ, Steele EM, Levy RB, Cannnon G, Monteiro CA. The share of ultra-processed foods determines the overall nutritional quality of diets in Brazil. Public Health Nutr. 2018 Jan; 21 (1): 94-102. evidenciaram contribuição percentual de 20,4% para consumo energético advindo dos AUP.

Além da elevada participação de AUP na dieta, estudos recentes demonstram associação entre ingestão destes alimentos e o desenvolvimento de sobrepeso e obesidade55 Silva FM, Giatti L, Figueiredo RC, Molina MDCB, Cardoso LO, Duncan BB, et al. Consumption of ultra-processed food and obesity: cross sectional results from the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brasil) cohort (2008–2010). Public Health Nutr. 2018 Aug; 21 (12): 2271-9.,88 Louzada MLC, Martins APB, Canella DS, Baraldi LG, Levy RB, Claro RM, et al. Impact of ultra-processed foods on micronutrient content in the Brazilian diet. Rev Saúde Pública. 2015; 49: 45. e durante a gestação o consumo excessivo de AUP está relacionado ao ganho excessivo de peso gestacional, o que se associa ao maior risco de diabetes gestacional (DG), pré-eclâmpsia e maior retenção de peso pós-parto.1717 Gomes CB, Malta MB, Louzada MLDC, Benício MHD, Barros AJD, Carvalhaes MABL. Ultra-processed food consumption by pregnant women: the effect of an educational intervention with health professionals. Matern Child Health J. 2019 May; 23 (5): 692-703., 1818 Araújo ES, Santana JM, Brito SM, Santos DB. Food consumption of pregnant women assisted in Health Units. Mundo Saúde. 2016; 40 (1): 28-37., 1919 Rohatgi KW, Tinius RA, Cade WT, Steele EM, Cahill AG, Parra DC. Relationships between consumption of ultra-processed foods, gestational weight gain and neonatal outcomes in a sample of US pregnant women. Peer J. 2017 Dec; 5: e4091.

Observou-se uma menor ingestão de proteínas entre mulheres inseridas no maior quartil de AUP, quando comparadas àquelas no menor quartil. É reconhecido que os AUP, em geral, apresentam menor teor de proteínas quando comparados aos alimentos in natura ou minimamente processados33 Louzada MLDC, Ricardo CZ, Steele EM, Levy RB, Cannnon G, Monteiro CA. The share of ultra-processed foods determines the overall nutritional quality of diets in Brazil. Public Health Nutr. 2018 Jan; 21 (1): 94-102.,55 Silva FM, Giatti L, Figueiredo RC, Molina MDCB, Cardoso LO, Duncan BB, et al. Consumption of ultra-processed food and obesity: cross sectional results from the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brasil) cohort (2008–2010). Public Health Nutr. 2018 Aug; 21 (12): 2271-9. e a relação inversa entre consumo de AUP e de proteínas também foi encontrada em estudos prévios.2020 Batal M, Johnson-Down L, Moubarac JC, Ing A, Fediuk K, Sadik T, et al. Quantifying associations of the dietary share of ultra-processed foods with overall diet quality in First Nations peoples in the Canadian provinces of British Columbia, Alberta, Manitoba and Ontario. Public Health Nutr. 2018 Jan; 21 (1): 103-13., 2121 Chen YC, Huang YC, Lo YC, Wu HJ, Wahlqvist ML, Lee MS. Secular trend towards ultra-processed food consumption and expenditure compromises dietary quality among Taiwanese adolescents. Food Nutr Res. 2018 Sep; 62: 1565., 2222 Koiwai K, Takemi Y, Hayashi F, Ogata H, Matsumoto S, Ozawa K, et al. Consumption of ultra-processed foods decreases the quality of the overall diet of middle-aged Japanese adults. Public Health Nutr. 2019 Nov; 22 (16): 2999-3008. Ressalta-se que os AUP são frequentemente adicionados de açúcares e gorduras, com intuito de conservar ou tornar o produto mais palatável, o que leva a uma menor participação de proteínas na sua composição.33 Louzada MLDC, Ricardo CZ, Steele EM, Levy RB, Cannnon G, Monteiro CA. The share of ultra-processed foods determines the overall nutritional quality of diets in Brazil. Public Health Nutr. 2018 Jan; 21 (1): 94-102.,55 Silva FM, Giatti L, Figueiredo RC, Molina MDCB, Cardoso LO, Duncan BB, et al. Consumption of ultra-processed food and obesity: cross sectional results from the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brasil) cohort (2008–2010). Public Health Nutr. 2018 Aug; 21 (12): 2271-9.

Sabe-se que, na gestação, as necessidades proteicas estão aumentadas: a RDA para gestantes adultas é de 71g/dia, enquanto que para mulheres não gestantes da mesma faixa etária é de 46g/dia.2323 Padovani RM, Amaya-Farfán J, Colugnati FAB, Domene SMA. Dietary reference intakes: application of tables in nutritional studies. Rev Nutr. 2006; 19 (6): 741-60. Isso ocorre devido ao papel fundamental desempenhado pela proteína no desenvolvimento da placenta, na hipertrofia dos tecidos maternos e na expansão do volume sanguíneo; fatores que influenciam diretamente o crescimento do feto.2424 Marangoni F, Cetin I, Verduci E, Canzone G, Giovannini M, Scollo P, et al. Maternal Diet and Nutrient Requirements in Pregnancy and Breastfeeding. An Italian Consensus Document. Nutrients. 2016 Oct; 8 (10): 629.

No que se refere à associação encontrada entre a maior participação de AUP na dieta e a menor ingestão de zinco, destaca-se que tal associação também tem sido demonstrada de maneira significativa em outros estudos.88 Louzada MLC, Martins APB, Canella DS, Baraldi LG, Levy RB, Claro RM, et al. Impact of ultra-processed foods on micronutrient content in the Brazilian diet. Rev Saúde Pública. 2015; 49: 45.,1616 Sartorelii DS, Crivellenti LC, Zuccolotto DCC, Franco LJ. Relationship between minimally and ultra-processed food intake during pregnancy with obesity and gestational diabetes mellitus. Cad Saúde Pública. 2019; 35 (4): e00049318.,2525 Steele EM, Popkin BM, Swinburn B, Monteiro CA. The share of ultra-processed foods and the overall nutritional quality of diets in the US: evidence from a nationally representative cross-sectional study. Popul Health Metr. 2017 Feb; 15 (1): 6. É reconhecido que o zinco participa de inúmeras funções estruturais e bioquímicas, sendo fundamental para a reprodução e maturação, regulação hormonal da divisão celular, reparo de tecidos, resposta imune e no funcionamento das membranas celulares.2626 Wilson RL, Grieger JA, Bianco-Miotto T, Roberts CT. Association between Maternal Zinc Status, Dietary Zinc Intake and Pregnancy Complications: a systematic review. Nutrients. 2016 Oct; 8 (10): 641.

A deficiência de zinco, nutriente presente em menor quantidade em AUP quando comparados a alimentos in natura e minimamente processados, está entre os problemas nutricionais de maior relevância no mundo e possuem alta prevalência entre a população maternoinfantil.88 Louzada MLC, Martins APB, Canella DS, Baraldi LG, Levy RB, Claro RM, et al. Impact of ultra-processed foods on micronutrient content in the Brazilian diet. Rev Saúde Pública. 2015; 49: 45.,2626 Wilson RL, Grieger JA, Bianco-Miotto T, Roberts CT. Association between Maternal Zinc Status, Dietary Zinc Intake and Pregnancy Complications: a systematic review. Nutrients. 2016 Oct; 8 (10): 641. A importância do zinco para o desenvolvimento saudável da gestação pode ser observada pelo aumento de 37,5% das necessidades deste nutriente durante o período gestacional.2323 Padovani RM, Amaya-Farfán J, Colugnati FAB, Domene SMA. Dietary reference intakes: application of tables in nutritional studies. Rev Nutr. 2006; 19 (6): 741-60.,2727 Çelikel Ö Ö, Doğan Ö, Aksoy N. A multilateral investigation of the effects of zinc level on pregnancy. J Clin Lab Anal. 2018 Jun; 32 (5): e22398. Ressalta-se que sua deficiência está relacionada a abortos espontâneos, restrição do crescimento intrauterino, nascimento pré-termo, préeclâmpsia, prejuízo imunológico fetal, defeitos do tubo neural e desenvolvimento anormal de órgãos.2626 Wilson RL, Grieger JA, Bianco-Miotto T, Roberts CT. Association between Maternal Zinc Status, Dietary Zinc Intake and Pregnancy Complications: a systematic review. Nutrients. 2016 Oct; 8 (10): 641.,2727 Çelikel Ö Ö, Doğan Ö, Aksoy N. A multilateral investigation of the effects of zinc level on pregnancy. J Clin Lab Anal. 2018 Jun; 32 (5): e22398.

De acordo com Louzada et al.,88 Louzada MLC, Martins APB, Canella DS, Baraldi LG, Levy RB, Claro RM, et al. Impact of ultra-processed foods on micronutrient content in the Brazilian diet. Rev Saúde Pública. 2015; 49: 45. não apenas o teor de zinco, mas de micronutrientes em AUP tende a ser inferior, sendo muitas vezes menor que a metade do teor encontrado em alimentos in natura. Isso acontece principalmente devido ao extenso grau de processamento industrial que leva a perda dos nutrientes do alimento base. Tal fato assume grande relevância quando se considera que estes nutrientes exercem funções críticas nos processos de sinalização celular, produção de hormônios, resposta imunológica e desenvolvimento e manutenção das funções vitais.88 Louzada MLC, Martins APB, Canella DS, Baraldi LG, Levy RB, Claro RM, et al. Impact of ultra-processed foods on micronutrient content in the Brazilian diet. Rev Saúde Pública. 2015; 49: 45.

Tais fatos somados aos resultados encontrados neste estudo reforçam o impacto desfavorável do consumo de AUP e a importância da promoção da alimentação saudável durante a gestação. Destaca-se que isso se relaciona com as recomendações do novo Guia Alimentar para População Brasileira,2828 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira. 2nd ed. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2014. [access in 2020 Fev 5]. Available from: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicaco...
um documento official, lançado pelo Ministério da Saúde, que aborda os conceitos e recomendações de uma alimentação saudável. Ele preconiza a importância de uma alimentação baseada em alimentos in natura e minimamente processados com o consumo moderado de alimentos processados e orienta a evitar os AUP. Sendo assim, a adesão às recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira pode contribuir para melhorar a qualidade do consumo alimentar de gestantes e para o desenvolvimento de ações de educação alimentar e nutricional e estratégias de promoção da alimentação adequada e saudável.

O presente estudo apresenta como limitação o delineamento transversal, tendo em vista que a ingestão alimentar sofre alterações durante o ciclo gravídico, sendo importante a sua avaliação prospectiva. Contudo, este trabalho se destaca por avaliar a associação entre a participação calórica de AUP e a ingestão de nutrientes entre gestantes, considerando a escassez de estudos com essa temática no período gestacional.

Os resultados apresentados evidenciaram uma relação desfavorável entre a participação de AUP na dieta e a ingestão de proteínas e zinco entre gestantes de risco habitual. Sendo assim, denota-se a necessidade de fortalecer e ampliar programas e ações de educação alimentar e nutricional, com foco na promoção da saúde da gestante, priorizando as recomendações da nova edição do Guia Alimentar para a População Brasileira, que preconiza uma dieta baseada em alimentos in natura ou minimamente processados e com baixa participação de AUP.

Agradecimentos

Agradecemos toda a equipe do ambulatório de pré-natal do Instituto Jenny de Andrade Faria do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais. Agradecemos também ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio financeiro.

References

  • 1
    Monteiro CA, Cannon G, Levy RB, Moubarac J-C, Louzada ML, Rauber F, et al Ultra-processed foods: what they are and how to identify them. Public Health Nutr. 2019 Apr; 22 (5): 936-41.
  • 2
    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Diretoria de Pesquisas. Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018. Rio de Janeiro (RJ): IBGE; 2020. [access in 2020 Fev 5]. Available from: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101704.pdf
    » https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101704.pdf
  • 3
    Louzada MLDC, Ricardo CZ, Steele EM, Levy RB, Cannnon G, Monteiro CA. The share of ultra-processed foods determines the overall nutritional quality of diets in Brazil. Public Health Nutr. 2018 Jan; 21 (1): 94-102.
  • 4
    Moubarac JC, Batal M, Louzada ML, Martinez Steele EM, Monteiro CA. Consumption of ultra-processed foods predicts diet quality in Canada. Appetite. 2017 Jan; 108: 512-20.
  • 5
    Silva FM, Giatti L, Figueiredo RC, Molina MDCB, Cardoso LO, Duncan BB, et al Consumption of ultra-processed food and obesity: cross sectional results from the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brasil) cohort (2008–2010). Public Health Nutr. 2018 Aug; 21 (12): 2271-9.
  • 6
    Juul F, Steele EM, Parekh N, Monteiro CA, Chang VW. Ultra-processed food consumption and excess weight among US adults. Brit J Nutr. 2018 Jul; 120 (1): 90-100.
  • 7
    Steele EM, Juul F, Neri D, Rauber F, Monteiro CA. Dietary share of ultra-processed foods and metabolic syndrome in the US adult population. Prev Med. 2019 Aug; 125: 40-8.
  • 8
    Louzada MLC, Martins APB, Canella DS, Baraldi LG, Levy RB, Claro RM, et al Impact of ultra-processed foods on micronutrient content in the Brazilian diet. Rev Saúde Pública. 2015; 49: 45.
  • 9
    Bielemann RM, Motta JVS, Minten GC, Horta BL, Gigante DP. Consumption of ultra-processed foods and their impact on the diet of young adults. Rev Saúde Pública. 2015; 49: 28.
  • 10
    Lowensohn RI, Stadler DD, Naze C. Current Concepts of Maternal Nutrition. Obstet Gynecol Surv. 2016 Aug; 71 (7): 413-26.
  • 11
    Danielewicz H, Myszczyszyn G, Dębińska A, Myszkal A, Boznański A, Hirnle L. Diet in pregnancy - more than food. Eur J Pediatr. 2017; 176 (12): 1573-9.
  • 12
    Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Gestação de alto risco: manual técnico. 5th ed. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2010. [access in 2020 Fev 5]. Available from: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/gestacao_alto_risco.pdf
    » https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/gestacao_alto_risco.pdf
  • 13
    World Health Organization (WHO). Physical status: the use and Interpretation of Anthropometry. WHO Technical Report Series 854. Geneva: WHO; 1995. 452 p. [access in 2020 Fev 5]. Available from: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/37003/WHO_TRS_854.pdf?sequence=1&isAllowed=y
    » https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/37003/WHO_TRS_854.pdf?sequence=1&isAllowed=y
  • 14
    Atalah Samur E, Castillo-L C, Castro Santoro R, Aldea-P A. Propuesta de un nuevo estandar de evaluación nutricional en embarazadas. Rev Med Chile. 1997; 125 (12): 1429-36.
  • 15
    Pinheiro ABV, Lacerda EMA, Benzecry EH, Gomes MCS, Costa VM. Tabela para Avaliação de Consumo Alimentar em Medidas Caseiras. 4a ed. Rio de Janeiro: Atheneu; 2000.
  • 16
    Sartorelii DS, Crivellenti LC, Zuccolotto DCC, Franco LJ. Relationship between minimally and ultra-processed food intake during pregnancy with obesity and gestational diabetes mellitus. Cad Saúde Pública. 2019; 35 (4): e00049318.
  • 17
    Gomes CB, Malta MB, Louzada MLDC, Benício MHD, Barros AJD, Carvalhaes MABL. Ultra-processed food consumption by pregnant women: the effect of an educational intervention with health professionals. Matern Child Health J. 2019 May; 23 (5): 692-703.
  • 18
    Araújo ES, Santana JM, Brito SM, Santos DB. Food consumption of pregnant women assisted in Health Units. Mundo Saúde. 2016; 40 (1): 28-37.
  • 19
    Rohatgi KW, Tinius RA, Cade WT, Steele EM, Cahill AG, Parra DC. Relationships between consumption of ultra-processed foods, gestational weight gain and neonatal outcomes in a sample of US pregnant women. Peer J. 2017 Dec; 5: e4091.
  • 20
    Batal M, Johnson-Down L, Moubarac JC, Ing A, Fediuk K, Sadik T, et al Quantifying associations of the dietary share of ultra-processed foods with overall diet quality in First Nations peoples in the Canadian provinces of British Columbia, Alberta, Manitoba and Ontario. Public Health Nutr. 2018 Jan; 21 (1): 103-13.
  • 21
    Chen YC, Huang YC, Lo YC, Wu HJ, Wahlqvist ML, Lee MS. Secular trend towards ultra-processed food consumption and expenditure compromises dietary quality among Taiwanese adolescents. Food Nutr Res. 2018 Sep; 62: 1565.
  • 22
    Koiwai K, Takemi Y, Hayashi F, Ogata H, Matsumoto S, Ozawa K, et al Consumption of ultra-processed foods decreases the quality of the overall diet of middle-aged Japanese adults. Public Health Nutr. 2019 Nov; 22 (16): 2999-3008.
  • 23
    Padovani RM, Amaya-Farfán J, Colugnati FAB, Domene SMA. Dietary reference intakes: application of tables in nutritional studies. Rev Nutr. 2006; 19 (6): 741-60.
  • 24
    Marangoni F, Cetin I, Verduci E, Canzone G, Giovannini M, Scollo P, et al. Maternal Diet and Nutrient Requirements in Pregnancy and Breastfeeding. An Italian Consensus Document. Nutrients. 2016 Oct; 8 (10): 629.
  • 25
    Steele EM, Popkin BM, Swinburn B, Monteiro CA. The share of ultra-processed foods and the overall nutritional quality of diets in the US: evidence from a nationally representative cross-sectional study. Popul Health Metr. 2017 Feb; 15 (1): 6.
  • 26
    Wilson RL, Grieger JA, Bianco-Miotto T, Roberts CT. Association between Maternal Zinc Status, Dietary Zinc Intake and Pregnancy Complications: a systematic review. Nutrients. 2016 Oct; 8 (10): 641.
  • 27
    Çelikel Ö Ö, Doğan Ö, Aksoy N. A multilateral investigation of the effects of zinc level on pregnancy. J Clin Lab Anal. 2018 Jun; 32 (5): e22398.
  • 28
    Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira. 2nd ed. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2014. [access in 2020 Fev 5]. Available from: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf
    » https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Nov 2022
  • Data do Fascículo
    Jul-Sep 2022

Histórico

  • Recebido
    28 Jul 2020
  • Revisado
    08 Set 2021
  • Aceito
    25 Mar 2022
Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira Rua dos Coelhos, 300. Boa Vista, 50070-550 Recife PE Brasil, Tel./Fax: +55 81 2122-4141 - Recife - PR - Brazil
E-mail: revista@imip.org.br