Resumos
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A dor cervical é ocasionada na maioria das vezes por alterações mecânicos-posturais. Dentre diferentes técnicas terapêuticas realizadas por fisioterapeutas a quiropraxia têm se tornado comum no Brasil. O objetivo deste estudo foi rever na literatura, com fontes secundárias e terciárias, utilizando-se as bases de dados Pubmed/Medline e PEdro. CONTEÚDO: Foram encontrados apenas 6 ensaios clínicos controlados e aleatórios, investigando os efeitos da quiropraxia na dor cervical. Na maioria dos estudos as técnicas de manipulação promoveram o alívio de dor de maneira mais rápida e mais prolongada nos pacientes. A dor foi avaliada por meio do Índice Funcional de Oswestry, do Questionário de Dor McGill e da Escala Analógica Visual da Dor. CONCLUSÃO: É necessária a realização de maior número de ensaios clínicos controlados e aleatórios envolvendo a quiropraxia, bem como a utilização de métodos de avaliação mais fidedignos, a fim de comprovar os seus reais efeitos no tratamento da cervicalgia.
Cervicalgia; Ensaio clínico controlado aleatório; Manipulação ortopédica; Modalidades de fisioterapia; Quiropraxia
BACKGROUND AND OBJECTIVES: Cervical pain is mostly caused by mechanical-postural changes. Among different therapeutic techniques used by physical therapists, chiropractic care is becoming common in Brazil. This study aimed at reviewing the literature, with secondary and tertiary sources, using Pubmed, Medline and PEdro databases. CONTENTS: Just 6 controlled randomized clinical trials investigating the effects of chiropractic care on cervical pain were found. In most studies, manipulation techniques have promoted pain relief in a faster and more prolonged way and pain was evaluated by Oswestry's Functional Index, by McGill Pain Questionnaire and by Pain Visual Analog Scale. CONCLUSION: A larger number of controlled randomized clinical trials involving chiropractic care is needed, as well as the use of more dependable evaluation methods, to prove its real effects in the treatment of cervical pain.
Cervical pain; Chiropractic care; Controlled randomized clinical trial; Orthopedic manipulation; Physical therapy modalities
ARTIGO DE REVISÃO
Efeitos da quiropraxia em pacientes com cervicalgia: revisão sistemática* * Recebido da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, RN.
Rodrigo Marcel Valentim da SilvaI; Márcio Souza de LimaII; Fernando Henrique CostaII; Ana Carolina da SilvaIII
IGraduado em Fisioterapia pela Universidade Potiguar (UnP). Mestrando em Fisioterapia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Natal, RN, Brasil
IIGraduado em Fisioterapia pela Universidade Potiguar, Natal/RN. Especialista em Quiropraxia Clínica e Desportiva pelas Faculdades Integradas de Patos. Natal, RN, Brasil
IIIGraduada em Educação Física pela Universidade Potiguar (UnP). Natal, RN, Brasil
Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Rodrigo Marcel Valentim da Silva Rua Major Newton Leite 151ª Cidade Alta 59025-180 Natal, RN Fone: (84) 9164-5644 E-mail: marcelvalentim@hotmail.com
RESUMO
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A dor cervical é ocasionada na maioria das vezes por alterações mecânicos-posturais. Dentre diferentes técnicas terapêuticas realizadas por fisioterapeutas a quiropraxia têm se tornado comum no Brasil. O objetivo deste estudo foi rever na literatura, com fontes secundárias e terciárias, utilizando-se as bases de dados Pubmed/Medline e PEdro.
CONTEÚDO: Foram encontrados apenas 6 ensaios clínicos controlados e aleatórios, investigando os efeitos da quiropraxia na dor cervical. Na maioria dos estudos as técnicas de manipulação promoveram o alívio de dor de maneira mais rápida e mais prolongada nos pacientes. A dor foi avaliada por meio do Índice Funcional de Oswestry, do Questionário de Dor McGill e da Escala Analógica Visual da Dor.
CONCLUSÃO: É necessária a realização de maior número de ensaios clínicos controlados e aleatórios envolvendo a quiropraxia, bem como a utilização de métodos de avaliação mais fidedignos, a fim de comprovar os seus reais efeitos no tratamento da cervicalgia.
Descritores: Cervicalgia, Ensaio clínico controlado aleatório, Manipulação ortopédica, Modalidades de fisioterapia, Quiropraxia.
INTRODUÇÃO
A cervicalgia é uma síndrome dolorosa aguda ou crônica que acomete a região da coluna cervical, podendo ter diversas etiologias, tais como alterações mecânicos-posturais, artroses, hérnias e protusões discais, artrites, espondilites ou espasmos musculares, causando repercussões ortopédicas, reumatológicas ou até neurológicas1.
As cervicalgias são comuns em diversas faixas etárias de ambos os sexos, possuindo elevada predominância nas síndromes dolorosas corporais, sendo a segunda maior causa de dor na coluna vertebral, perdendo apenas para a dor lombar. A cervicalgia acomete um número considerável de indivíduos, com média de 12% a 34% da população adulta em alguma fase da vida, com maior incidência no sexo feminino, trazendo prejuízos nas suas atividades de vida diária. Esta doença raramente se inicia de maneira súbita, em geral pode estar relacionada com movimentos bruscos, longa permanência em posição forçada, esforço ou trauma. As cervicalgias podem ser agudas ou crônicas e estão relacionadas a desordens biomecânicas e musculares, resultando quadros de algias, inflamações e perda de amplitude de movimento2. A quiropraxia baseia-se em técnicas de ajustes quiropráxicos, que devolvem os movimentos artrocinemáticos, micromovimentos normais à coluna vertebral, reduzindo a compressão neural responsável pela sintomatologia dolorosa daquele determinado dermatómo3.
Embora muito se tenha pesquisado, não existe consenso na literatura com relação à melhor alternativa para o tratamento das dores na região cervical, existindo forte discordância entre os recursos a serem utilizados, tendo surgido ultimamente prática baseada em terapias manipulativas como a quiropraxia.
Foram pesquisadas as bases de dados Medline/Pubmed e PEdro. As palavras-chaves utilizadas na pesquisa foram: Randomized controlled trial of chiropractic in neck pain, chiropractic treatment of pain e Manual Therapies. Foram incluídos apenas artigos cuja metodologia foi ensaio clínico controlado e aleatório, publicados entre 2002 e 2010.
O objetivo deste estudo foi analisar por meio de revisão da literatura a ação da quiropraxia no tratamento das cervicalgias.
CONTEÚDO
Foram identificados 35 artigos, porém apenas 6 estudos do tipo ensaio clínico aleatório e controlado para avaliação dos efeitos das técnicas de quiropraxia no tratamento da dor cervical, atendiam os critérios deste estudo.
Os artigos foram caracterizados quanto à forma de tratamento e resultados (Tabela 1) e ao método de avaliação, tempo de tratamento e acompanhamento (Tabela 2).
Estudo que avaliou 366 pacientes que apresentavam dor na região cervical, cuja origem não era artrose, hérnia de disco ou fratura das vértebras, foram separados aleatoriamente em 3 grupos, nos quais foi realizada manipulação cervical, mobilização articular e fisioterapia convencional. A dor foi avaliada pelos questionários de Oswestry Adaptado e de Dor de McGill. Foi evidenciada diferença significante entre os grupos que realizaram mobilização e manipulação cervical3.
Outro estudo observou a dose resposta do tratamento manipulativo na coluna cervical, ao avaliar os efeitos da quiropraxia com 8 e 16 semanas, quando comparado ao grupo que apenas realizou massagem. O tratamento manipulativo apresentou resultado superior ao grupo massagem, após a avaliação com um questionário específico, constatando-se que a janela de tempo de 8 a 16 semanas foi eficaz no tratamento de desordens dolorosas da região cervical4.
Estudo que comparou os efeitos da manipulação cervical comparado ao tratamento com manipulação na fase aguda e subaguda, que incluiu 182 pacientes, divididos em dois grupos, recebendo 4 sessões por duas semanas, constatou que os indivíduos que realizaram manipulação apresentaram melhora clínica mais significativa5.
De acordo com estudo que incluiu 80 pacientes divididos em dois grupos de 40, sendo o primeiro submetido ao tratamento conservador para cervicalgia, e o segundo grupo submetido ao tratamento de quiropraxia, sendo aplicadas oito distintas. Houve melhora clínica do quadro álgico desses pacientes, bem como redução da incapacidade funcional6.
Outro estudo evidenciou melhora clínica ocasionada pela manipulação e demais técnicas quiropráticas e osteopáticas, na cervicalgia subaguda. No entanto, devido ao pequeno tamanho da amostra (47 pacientes), os resultados precisam de confirmação com a realização de ensaios com populações maiores7.
Autores que realizaram ensaio clínico controlado com 182 pacientes, divididos em dois grupos: manipulação e mobilização. A manipulação da região cervical demonstrou-se eficaz no tratamento da dor cervical; no entanto não apresentou diferença significativa em relação ao grupo que foi submetido à mobilização8.
A maioria dos estudos analisados utilizou o Índice Funcional de Oswestry adaptado para cervicalgias, porém o questionário de dor McGill e a escala analógica visual também foram utilizadas.
Esta revisão evidencia a necessidade da realização de novos ensaios clínicos controlados e aleatórios em diferentes tipos de pacientes para melhor fundamentar a utilização das técnicas de quiropraxia no tratamento da dor cervical, fornecer maiores subsídios para a prática clínica, favorecendo a promoção da saúde da população.
CONCLUSÃO
É necessária a realização de maior número de ensaios clínicos controlados e aleatórios envolvendo a quiropraxia, bem como a utilização de métodos de avaliação mais fidedignos, a fim de comprovar os seus reais efeitos no tratamento da cervicalgia.
Apresentado em 01 de novembro de 2011.
Aceito para publicação em 24 de fevereiro de 2012.
- 1. Tosato JP, Cesar GM, Caria PHF, et al. Avaliação da dor em pacientes com lombalgia e cervicalgia. Coluna 2006;6(2):73-7.
- 2. Sobral MKM, Da Silva PG, Vieira RAG, et al. A efetividade da terapia de liberação posicional (TLP) em pacientes com cervicalgia. Fisioter Mov 2010;23;(4):513-21.
- 3. Hurwitz EL, Morgenstern H, Harber P, et al. A randomized trial of chiropractic manipulation and mobilization for patients with neck pain: clinical outcomes from the UCLA neck-pain study. Am J Public Health 2002;92(10):1634-41.
- 4. Haas M, Spegman A, Peterson D, et al. Dose-response and efficacy of spinal manipulation for chronic cervicogenic headache: a pilot randomized controlled trial. Spine J 2010;10(2):117-28.
- 5. Leaver AM, Refshauge KM, Maher CG, et al. Efficacy of manipulation for non-specific neck pain of recent onset: design of a randomised controlled trial. BMC Musculoskel Disord 2007;8:18.
- 6. Vavrek D, Haas M, Peterson D. Physical examination and self-reported pain outcomes from a randomized trial on chronic cervicogenic headache. J Manipulative Physiol Ther 2010;33(5):338-48.
- 7. Gemmell H, Miller P. Relative effectiveness and adverse effects of cervical manipulation, mobilisation and the activator instrument in patients with sub-acute non-specific neck pain: results from a stopped randomised trial. Chiropr Osteopat 2010;9(1):18:20.
- 8. Leaver AM, Maher CG, Herbert RD, et al. A randomized controlled trial comparing manipulation with mobilization for recent onset neck pain. Arch Phys Med Rehabil 2010;91(9):1313-8.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
29 Mar 2012 -
Data do Fascículo
Mar 2012
Histórico
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Recebido
01 Nov 2011 -
Aceito
24 Fev 2012