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A Teoria de Duffin-Kemmer-Petiau

The Theory of Duffin-Kemmer-Petiau

Resumos

A teoria de Duffin-Kemmer-Petiau é apresentada a partir de um contexto histórico, realçando as ideias e analogias para seu desenvolvimento e conduzindo de forma intuitiva a sua álgebra e propriedades gerais. A equivalência entre este formalismo e os formalismos de Klein-Gordon-Fock e Proca para os casos livre e minimamente acoplado, como também a problemática em torno do limite m=0 são expostas. Este estudo se completa com a riqueza nas possíveis interações fenomenológicas que a teoria de Duffin-Kemmer-Petiau permite, tornando toda a teoria uma fonte de inspiração e cultura.

Palavras-chave
teoria de Duffin-Kemmer-Petiau; álgebra de Duffin-Kemmer-Petiau; equação de Klein-Gordon-Fock; equações de Proca; equações de primeira ordem


The theory of Duffin-Kemmer-Petiau is presented from a historical point of view, highlighting the ideas and analogies which led to its formal development, as well as to its algebra and general properties. Furthermore, some misunderstood concepts surrounding the massless limit, m=0, as well as the equivalence between this formalism and the formalisms of Klein-Gordon-Fock and Proca, for free and minimal coupling cases, are exposed. Insofar the completion of this study with the richness of the possible phenomenological interactions that make the theory of Duffin-Kemmer-Petiau a source of inspiration and culture.

Keywords
Duffin-Kemmer-Petiau theory; Duffin-Kemmer-Petiau algebra; Klein-Gordon-Fock equation; Proca equations; first-order equation


1. Inspirações para o desenvolvimento da teoria

A história do átomo de hidrogênio está intimamente relacionada ao desenvolvimento da Física Quântica [1[1] J.J. Sakurai, Advanced Quantum Mechanics (Addison-Wesley, California, 1967)., 2[2] G.W. Series, Spectrum of atomic hydrogen (Oxford University Press, London, 1957).]. A estrutura bruta, assim chamadas as primeiras linhas espectrais do átomo de hidrogênio, foram interpretadas teoricamente por Bohr através de princípios clássicos e pressupostos quânticos ainda muito prematuros à época [3[3] N. Bohr, Philosophical Magazine Series 6, 26, 1 (1913).]. De fato, apenas com o advento da equação de Schrödinger [4[4] E. Schrödinger, Physical Review 6, 28 (1926).] foi possível adquirir o espectro de energia do elétron em um potencial coulombiano gerado por um próton estático, ou o átomo de hidrogênio, plenamente fundamentado em princípios da Mecânica Quântica

(1)En0=-m22Z2e41n2
que, em termos da constante de estrutura fina, α,
(2)αe2c1137
se reescreve como
(3)En0=-12n2Z2α2mc2
em que n=1,2,3,...Esta equação também é conhecida como o espectro de Bohr - que a obteve em 1913; de fato, a equação de Schrödinger é posterior a 1920. Altamente degenerado, este espectro já apresenta em seu primeiro estado excitado a superposição de três estados, 2S12, 2P12 e 2P32, todos com energia proporcional à α2mc2.

Com o aumento na precisão dos experimentos de aquisição do espectro, novas linhas espectrais foram sendo descobertas e estados antes degenerados agora apresentavam tênues divisões, quebrando sua degenerescência [2[2] G.W. Series, Spectrum of atomic hydrogen (Oxford University Press, London, 1957).]. Na ausência de um fundamento teórico que possibilitasse uma interpretação coesa de todas as minúcias do espectro, foram incluídos "à mão"termos na hamiltoniana de Schrödinger que justificassem as discrepâncias do espectro, tais como a interação spin-órbita e correções relativísticas, ambas com energias da ordem de α4mc2, cuja contribuição ficou conhecida como estrutura fina.

Ainda menor, em ordem mmpα4mc2, são efeitos devido à interação magnética entre os momentos de dipolo do elétron e próton, o que ficou conhecido como estrutura hiperfina.

Contudo, em 1928 Dirac propõe sua teoria quântica para o elétron [5[5] P. Dirac, Proceedings of the Royal Society of London 117, 610 (1928).] em que a estrutura fina do átomo de hidrogênio aparece naturalmente, fruto do estudo do elétron sob a ação de um potencial coulombiano (próton). Em verdade, o limite não-relativístico da equação de Dirac com este potencial leva à equação de Schrödinger acrescida do termo de spin-órbita. Assim, a teoria desenvolvida por Dirac pareceu então ter resolvido todas as particularidades do espectro do átomo de hidrogênio à sua época. E esse foi, sem dúvida, um dos grandes triunfos de sua teoria.

Qual seria a motivação de Dirac para encontrar o que ficou conhecido como a equação de Dirac? Resolver o célebre problema da densidade de probabilidade na teoria de Klein-Gordon-Fock.

A equação de Schrödinger pode ser obtida através da relação energia-momento não-relativística clássica E=p22m, na promoção da energia E e o momento p a operadores, it e -i, respectivamente, atuando sobre uma função de onda complexa Ψr,t. Esta função de onda pode então ser associada a uma partícula, de tal forma que Ψr,t2d3x é a densidade de probabilidade de encontrar esta partícula em um elemento de volume d3x. Esta interpretação é possível, haja vista que a densidade ρ, Ψr,t2 (que é positiva-definida), e a densidade de corrente J satisfazem uma equação de continuidade ρt+J=0. Assim, ρ pode ser interpretado como uma densidade de probabilidade e J como uma corrente de probabilidade.

Uma construção análoga à equação de Schrödinger para a relação energia-momento relativística, E2=p2c2+m2c4, conduz à equação de Klein-Gordon-Fock1 Em verdade, esta equação foi considerada pela primeira vez por Schrödinger para o estudo do espectro do átomo de hidrogênio. De fato, este estudo foi anterior à sua formulação da teoria não-relativística [6].

(4)-1c22Φr,tt2+2Φr,t-m2c22Φr,t=0
ou ainda
(5)+m2c22Φr,t=0
que, todavia, conduz a uma expressão para a densidade ρ dada por
(6)ρi2mc2Φ*r,tΦr,tt-Φr,tΦ*r,tt
que não é positiva-definida e, logo, não pode ser interpretada como uma densidade de probabilidade2 2 Pauli e Weisskopf [7], em 1934, interpretaram (6) como uma densidade de carga. . Assim, existia uma busca por uma equação de primeira ordem na derivada temporal que conduzisse a uma densidade de probabilidade positiva-definida. Partindo desse pressuposto, Dirac então determina uma equação em primeira ordem
(7)iγμμ-mψx=0
cuja álgebra para as matrizes γ é dada por
(8)γμγν+γνγμ=2gμν
com densidade de probabilidade positiva-definida
(9)ρψψ.

Diante do enorme sucesso da teoria de Dirac, de Broglie sugere que o fóton poderia ser formado pela combinação de dois léptons e que esta combinação seria então a responsável por atribuir massa ao fóton [8[8] L. de Broglie, Comptes Rendus de l'Académie des Sciences 199, 445 (1934).]. Com efeito, essa premissa era compartilhada por muitos cientistas à época. Tomado por esta ideia e com profundo conhecimento da estrutura algébrica da equação de Dirac, de Broglie inicia sua busca por uma equação de primeira ordem na esperança de obter uma equação para o seu fóton massivo. Petiau, um dos estudantes de de Broglie, é o primeiro a obter a álgebra 16×16 das matrizes de DKP3 3 Em verdade, foi Géhéniau o precursor na decomposição desta álgebra em representações irredutíveis de 10 dimensões, 5 dimensões e uma representação trivial em 1 dimensão [9]. [10[10] G. Petiau, Académie Royale de Belgique 16 (1936).]. Mas eram tempos de guerra, e o trabalho de Petiau só viria a público quando a Segunda Guerra Mundial chegasse ao fim [11[11] R.A. Krajcik and M.M. Nieto, American Journal of Physics 45, 818 (1977).].

Simultânea e completamente alheio ao trabalho de Petiau, Kemmer escreve as equações de segunda ordem de Proca como um conjunto de equações de primeira ordem acopladas. Faz o mesmo com a equação de Klein-Gordon-Fock. Kemmer então conjectura acerca da existência de uma forma matricial para seu sistema de equações acopladas, de forma que elas possuam representações irredutíveis, representando as partículas de spin 0 e de spin 1, mas não obtém sucesso em determinar a álgebra que tais matrizes devem satisfazer. Duffin, um matemático, tomou conhecimento das equações de Proca em um seminário dado por Kemmer e, simpático com sua abordagem em primeira ordem, desenvolve a álgebra tão desejada para a teoria [12[12] R.J. Duffin, Physical Review 54, 1114 (1938).].

Embora não tenha sido um procedimento trivial obter a equação e álgebra de Duffin-Kemmer-Petiau, é possível se ter uma certa intuição de como obtê-las [13[13] C.A.M. de Melo, Geometria Invariante de Escala. Tese de doutorado do Instituto de Física Teórica, Unesp, disponível em http://repositorio.unesp.br/handle/11449/91853.
http://repositorio.unesp.br/handle/11449...
, 14[14] R.I.A.C. Astiazarán, The Kemmer Equation for Pion-Nucleus Scattering. Thesis, McGrill University, Montréal (1991).]: seja a equação de Klein-Gordon-Fock (em unidades naturais tais que =c=1)

(10)μμ+m2Φr,t=0
em que Φr,t é uma função de onda que descreve uma partícula. É possível tornar esta equação de segunda ordem em uma equação de primeira ordem reescrevendo-a convenientemente como
(11)1mgμνμνΦr,t+mΦr,t=0
e definindo
(12)1mνΦr,tΦνr,t
em que ν=0,1,2,3. De fato, este é o "preço a ser pago" pela redução da ordem da equação: o surgimento de novas variáveis. Aqui, estas novas variáveis são Φνr,t e não têm significado físico. Assim, (11) se torna
(13)νΦνr,t+mΦr,t=0

Então, a equação de segunda ordem original (10) foi reduzida a um sistema de duas equações de primeira ordem, (12) e (13). Ao aplicar o operador diferencial ν à equação (13)

ννΦνr,t+m2νΦr,t=0
com (12), conduz a
(14)νν+m2Φνr,t=0

Portanto, uma equação de onda relativística em primeira ordem é tal que todos os componentes da função de onda, sejam eles físicos ou não-físicos (neste caso, Φr,t e Φνr,t, respectivamente) obedecem à equação de Klein-Gordon-Fock.

Umezawa [15[15] H. Umezawa, Quantum Field Theory (North-Holland, Amsterdan, 1956).] generaliza este procedimento: seja uma função de onda multicomponente Φμx, em que μ=1,2,...,n, ou seja, Φμx é uma matriz coluna e x é um quadrivetor com componentes t e r. A equação relativística para esta função de onda tem a forma

(15)ΛβμΦμx=0
em que Λβμ é um operador matricial. A condição de Klein-Gordon-Fock exige que (15) satisfaça a relação
(16)dρβΛβμ=+m2δρμ
em que d é um operador diferencial tal que
(17)ddρβ=α+ανν+ανσνσ+...
onde os coeficientes α,αν,ανσ,... são matrizes de dimensão n (em acordo com Φμx).

Uma equação relativística como um conjunto de equações diferenciais em primeira ordem é escrita na forma

(18)iβμμ-mIΦx=0
em que βμ são certas matrizes de dimensão n, I é a matriz identidade n×n e Φx é uma matriz coluna também de dimensão n.

Facilmente se identifica

(19)ΛΛβμ=iβμμ-mI
e
(20)Φx=Φμx
o que deixa evidente que a quantidade Φx é uma função de onda multicomponente. Considerando as particularizações:

1.0.1. Caso I d=α+ανν

Neste caso, (16) é tal que

(21)α+αννiβμμ-mI=+m2
ou seja,
iαβμμ-αIm+iανβμμν-ανImν=+m2
iαβμμ-αIm+i2ανβμ+αμβνμν-ανImν=+m2
para que esta igualdade seja verdadeira, as condições
iαβμ-αμIm=0
i2ανβμ+αμβν=gμν
-αIm=m2I
devem ser obedecidas. Estas condições conduzem a
α=-mI
αμ=-iβμ
e, por fim
βνβμ+βμβν=2gμν.

Portanto, identificando os termos de (18) com as condições acima, se obtém que

iβμμ-mΦx=0
e a função de onda multicomponente Φx é reconhecida como o espinor ψx na renomeação de β por γ
iγμμ-mψx=0
e
γνγμ+γμγν=2gμν,
que correspondem à equação de Dirac e sua álgebra4 4 O que é apenas uma identificação, haja vista que a equação de Dirac e sua álgebra já haviam sido citadas em (7) e (8). A caracterização de Φx com um espinor ocorre apenas com o estudo das matrizes γ e de Φx sob transformações de Lorentz. .

1.0.2. Caso II d=α+ανν+ανσνσ

De maneira análoga ao caso anterior, a (16) agora se escreve como

(22)α+ανν+ανσνσiβμμ-mI=+m2
ou seja,
iαβμμ-αIm+i2ανβμ+αμβνμν-ανImν
+Piανσβμνσμ-ανσImνσ=+m2
em que P indica a soma sobre todas as permutações possíveis entre ν, σ e μ devido à simetria de νσμ. Portanto, para que esta igualdade seja satisfeita, as condições
iαβμ-αμIm=0
-αIm=m2I
i2ανβμ+αμβν-αμνm=gμν
Piανσβμ=0
devem ser obedecidas. Estas condições conduzem a
α=-mI
αμ=-iβμ
αμν=-1mδμν-12βμβν+βνβμ
e
P12βνβσβμ+βσβνβμ-gνσβμ=0.

Esta última relação, tomadas todas as permutações possíveis, conduz à álgebra5 5 É ainda possível determinar esta álgebra partindo-se da ideia de de Broglie, ou seja, combinando dois léptons. Seja βμ então escrita como βμ=12Γμ+Γ̄μ em que Γμ=γμ⊗1 e Γ̄μ=1⊗γμ. Com Γμ,Γν=2gμν=Γ̄μ,Γ̄ν e Γμ,Γ̄ν=0 então reescrever a soma βμβνβσ+βσβνβν em termos dos Γ e Γ̄ conduz diretamente a (23).

(23)βμβνβσ+βσβνβμ=gμνβσ+gσνβμ,
e, identificando os termos de (15) com as condições supracitadas se determina o sistema de equações em primeira ordem
(24)iβμμψ-mψ=0

As equações (24) e sua álgebra (23) são as equações de Duffin-Kemmer-Petiau, doravante denominadas equações de DKP.

2. Propriedades gerais

2.1. A equação de DKP e a álgebra das matrizes βμ

O formalismo de primeira ordem de DKP descreve partículas massivas de spin 0 (escalares) e spin 1 (vetoriais). A equação de DKP fundamental de tais partículas se expressa por

(25)iβμμψ-mψ=0
em que as matrizes βμ satisfazem a álgebra
(26)βμβνβσ+βσβνβμ=gμνβσ+gσνβμ
e o tensor métrico do espaço-tempo de Minkowski gμν tem assinatura +,-,-,-.

As matrizes βμ têm dimensão 16 e constituem em uma representação redutível da álgebra (26). Esta álgebra admite somente três representações irredutíveis: uma representação irredutível em 10 dimensões (representando partículas de spin 1), 5 dimensões (representando partículas de spin 0) e uma representação trivial sem significado físico em 1 dimensão. O objeto ψ é uma função de onda multicomponente: para partículas de spin 0 apresenta-se como uma função de onda de 5 componentes; para partículas de spin 1, como uma função de onda de 10 componentes.

Existe um conjunto de matrizes hermitianas ημ que complementa as matrizes βμ, definidas por

(27)ημ2βμβμ-gμμ
de tal forma que as matrizes βμ têm seu conjugado hermitiano através de
(28)βμ=η0βμη0

A equação de DKP conjugada é obtida tomando o conjugado hermitiano de (25)

-iμψη0βμ-mψη0=0
definindo a função de onda adjunta ψ̄ por
(29)ψ̄ψη0
então, a equação de DKP conjugada é dada por
(30)iμψ̄βμ+mψ̄=0

Uma prática manipulação matemática permite a obtenção da equação da continuidade na teoria de DKP . Multiplicações apropriadas de ψ̄ e ψ em (25) e (30), respectivamente, seguida de sua soma, levam a

(31)μψ̄βμψ=0
de tal forma que é possível definir a densidade de quadricorrente
(32)Jμψ̄βμψ
e, portanto
(33)μJμ=0
porém, o componente temporal da densidade de quadricorrente, J0, não é positivo-definido, o que impede sua interpretação como uma densidade de probabilidade. Todavia J0 pode ser interpretado como uma densidade de carga.

Por fim, multiplicar (25) por αβαβν à esquerda leva a

(34)νψ=βαβναψ
de tal forma que a contração com ν conduz a
(35)ψ+m2ψ=0
mostrando que cada componente de ψ satisfaz a condição de Klein-Gordon, como esperado para uma equação relativística.

A invariância da equação de Duffin-Kemmer-Petiau sob as transformações de Lorentz

(36)xμ'=Λμνxν
(37)μ'=Λ-1μνν
(38)ψ'x'=UΛψx
(39)m'=m
se expressa pela invariância da equação
iβμ'μ'ψ'x'-m'ψ'x'=0
sob estas transformações. Para isso, é necessário determinar a forma explícita das transformações UΛ e βμ'. Assim,
iβμ'Λ-1μνUΛνψx-mUΛψx=0
aplicando a transformação inversa U-1Λ à esquerda
iU-1Λβμ'Λ-1μνUΛνψx-mψx=0
portanto, as matrizes β têm de se transformar como
U-1Λβμ'Λ-1μνUΛ=βν
ou seja
(40)U-1Λβμ'UΛ=Λμνβν
uma vez determinada a forma explícita das matrizes β sob transformações de Lorentz, o passo seguinte consiste em determinar UΛ. Seja a transformação infinitesimal
UΛ=1+iαωμνSμν+Oω2
em que
Λνμ=δνμ+ωνμ+Oω2,ωμν=-ωνμ
esta transformação em (40) conduz a
βμ'UΛ=UΛΛνμβν
βμ'+iαωρσβμ'Sρσ=βμ+ωνμβν+iαωρσSρσβμ
pela identidade nos polinômios em ω, é possível inferir diretamente que
(41)βμ'=βμ
e
(42)iαωρσβμ,Sρσ=ωμνβν
que será usada para se determinar a forma explícita do gerador infinitesimal S: simetrizando ωνμβν
ωνμβν=gμσωσνβν=12gμσωσνβν-gμσωνσβν=12gμρωργβγ-gμγωργβρ=12ωργgμρβγ-gμγβρ
então
iαωρσβμ,Sρσ=12ωρσgμρβσ-gμσβρ.

Da álgebra de DKP é possível inferir que

gμρβσ-gμσβρ=-βμ,βρ,βσ
assim
iαωρσβμ,Sρσ=-12ωρσβμ,βρ,βσ
portanto
(43)α=-12eSρσ=βρ,βσ
e a transformação UΛ está determinada por
(44)UΛ=exp-12ωρσSρσ.

Uma representação escalar é tal que UΛ=1 (a matriz identidade), ao passo que uma representação vetorial se caracteriza por UΛ=Λ. A representação escalar caracteriza partículas de spin 0, enquanto a representação vetorial, partículas de spin 1.

Por fim, a lei de transformação de ψ̄ sob transformações de Lorentz é determinada a partir de

ψ'x'=UΛψx
logo
ψ̄'=ψ'η0'=Uψη0=ψUη0=ψη0η0Uη0
contudo
U=exp-12ωρσSρσ
em que
Sρσ=βρβσ-βσβρ=βσβρ-βρβσ=η0Sσρη0=-η0Sρση0
então
η0Uη0=η01-12ωρσSρσ+Oω2η0
=1+12ωρσSρσ+Oω2=exp12ωρσSρσ=U-1
portanto
(45)ψ̄'=ψη0U-1=ψ̄U-1
como esperado. Com a densidade de lagrangiana na forma
L=i2ψ̄βμμψ-μψ̄βμψ-mψ̄ψ
que gera ambas equações de movimento, (25) e (30), é tal que, sob transformações de Lorentz
L'=i2ψ̄'βμ'μ'ψ'-μ'ψ̄'βμ'ψ'-mψ̄'ψ'
=i2ψ̄U-1βμ'UΛ-1μννψ-νψ̄Λ-1μνU-1βμ'Uψ-mψ̄U-1Uψ
com (40)
L'=i2ψ̄ΛνμβνΛ-1μννψ-νψ̄Λ-1μνΛνμβνψ-mψ̄ψ
L'=i2ψ̄βννψ-νψ̄βνψ-mψ̄ψ=L
permanece invariante.

2.2. A equivalência entre o formalismo de DKP e os formalismos de Klein- Gordon-Fock e Proca: o caso livre

2.2.1. Os operadores de seleção

Fujiwara [16[16] I. Fugiwara, Progress of Theoretical Physics 10, 589 (1953).], em 1953, desenvolve (baseado no trabalho de Peaslee [17[17] D.C. Peaslee, Progress of Theoretical Physics 6, 639 (1951).]) duas duplas distintas de operadores que têm a prática propriedade de selecionar o setor de spin 0 ou o setor de spin 1 da teoria de DKP. Umezawa, em uma abordagem didática [15[15] H. Umezawa, Quantum Field Theory (North-Holland, Amsterdan, 1956).], explicita estes operadores e também suas propriedades.

2.2.2. O setor de spin 0

Seja um operador P, definido por

(46)P-β02β12β22β32
em que P2=P e
(47)PμPβμ
é possível mostrar que P e Pμ possuem as propriedades
(48)Pμβν=Pgμν
(49)PSμν=SμνP=0
(50)PμSσν=gμσPν-gμνPσ

Portanto, sob as transformações infinitesimais (44)

(51)PUψ=Pψ
logo, Pψ se transforma como um escalar. E é por isso que o operador P seleciona o setor escalar da teoria de DKP. Analogamente,
(52)PμUψ=Pμψ+ωμνPνψ
ou seja, Pμ se transforma como um vetor.

A atuação do operador P na equação de DKP (25) leva a

(53)iμPμψ-mPψ=0
analogamente, a atuação de Pν em (25) fornece
(54)Pνψ=imνPψ
substituindo (54) em (53)
(55)μμ+m2Pψ=0

Portanto, elementos da matriz Pψ são campos escalares de massa m que obedecem a equação de Klein-Gordon-Fock.

Com apenas um grau de liberdade, da relação graus de liberdade e spin da partícula

(56)q=2S+1
é possível inferir que Pψ descreve uma partícula de spin 0.

Agora, denotando a função de onda multicomponente ψ por

(57)ψφ'ψ0ψ1ψ2ψ3=φ'ψν,ν=0,1,2,3
e com uma representação 5×5 para as matrizes βμ (ver Apêndice A Apêndice Uma representação para as matrizes βμ No presente estudo é adotada uma representação para as matrizes βμ nas quais elas são reais. Uma representação para as matrizes βμ do setor escalar pode ser escrita como (173a)β0=0100010000000000000000000,β1=00100000000000000000-10000, (174a)β2=000100000000000-1000000000,β3=00001000000000000000-10000 Uma representação para as matrizes βμ do setor vetorial pode ser escrita como (175a)β0=0000000000000000010000000000100000000001000000000000000000000000000000010000000000100000000001000000,β1=0000000-1000000000000000000-10000000010000000-100000000100000000000000000100000000000000000000000000000, (176a)β2=00000000-10000000100000000000000000-100000000100000000000000000-100000000000000000010000000000000000000,β3=000000000-100000-100000000100000000000000000-1000000001000000000000000000000000000000000000001000000000, ), a atuação do operador P em ψ fornece
(58)Pψ=φ'0000

Logo, (54) é equivalente a

(59)Pνψ=imνφ'
denotando
(60)φ'mφ
então
(61)Pνψ=imνφ
torna-se possível então definir
(62)ψνimνφ
e a função de onda multicomponente (57) pode ser reescrita como
(63)ψ=mφimνφ
que é a forma física da função de onda de DKP do setor de spin 0. Logo,
(64)Pψ=mφ04×1
e
(65)Pνψ=imνφ04×1
que claramente satisfaz
(66)μμ+m2φ=0

2.2.3. O setor de spin 1

Agora, dado um operador Rμ, definido por

(67)Rμβ12β22β32βμβ0-gμ0
e
(68)RμνRμβν
se obtém as propriedades
(69)Rμν=-Rνμ
(70)SνρRμ=0
(71)Rμνβα=Rμgνα-Rνgμα
(72)RμSνρ=gμνRρ-gμρRν
(73)RμνSρσ=gνρRμσ-gμρRνσ-gνσRμρ+gμσRνρ

Tais operadores, sob transformações infinitesimais de Lorentz, (44), se comportam como

(74)RμUψ=Rμψ+ωμνRνψ
e
(75)RμνUψ=Rμνψ+ωμρRρνψ+ωνρRνρψ
mostrando que o operador Rμ seleciona os componentes de ψ que se transformam como o componente μ de um quadrivetor, ao passo que Rμν seleciona aqueles que se transformam como o componente μν de um tensor de segunda ordem.

A aplicação do operador Rμ na equação de DKP (25) leva a

(76)νRμνψ=-imRμψ
enquanto Rμν em (25) conduz a
(77)νRμψ-μRνψ=-imRμνψ
definindo
(78)UμνμRνψ-νRμψ
em que Uμν=-Uνμ. Logo,
(79)Rμνψ=-imUμν
substituindo (79) em (76)
νUμν=m2Rμψ
ou ainda
(80)νUνμ+m2Rμψ=0

Explicitamente,

(81)ννRμψ-μRνψ+m2Rμψ=0
que é a equação de Proca para uma partícula livre de spin 1. Mais ainda, aplicando μ à (80) obtemos
μννRμψ-μμνRνψ+m2μRμψ=0
ou seja,
(82)μRμψ=0
aplicando (82) em (80)
(83)νν+m2Rμψ=0

As equações (82) e (83) são equivalentes à equação de Proca (81). De (83) temos 4 graus de liberdade acessíves à partícula; no entanto (82) elimina um grau de liberdade, perfazendo 3 graus de liberdade. De (56), é possível inferir que este setor descreve uma partícula de spin 1.

Aplicando Rμ à função de onda multicomponente ψ, na representação das matrizes βμ dadas por (ver Apêndice A Apêndice Uma representação para as matrizes βμ No presente estudo é adotada uma representação para as matrizes βμ nas quais elas são reais. Uma representação para as matrizes βμ do setor escalar pode ser escrita como (173a)β0=0100010000000000000000000,β1=00100000000000000000-10000, (174a)β2=000100000000000-1000000000,β3=00001000000000000000-10000 Uma representação para as matrizes βμ do setor vetorial pode ser escrita como (175a)β0=0000000000000000010000000000100000000001000000000000000000000000000000010000000000100000000001000000,β1=0000000-1000000000000000000-10000000010000000-100000000100000000000000000100000000000000000000000000000, (176a)β2=00000000-10000000100000000000000000-100000000100000000000000000-100000000000000000010000000000000000000,β3=000000000-100000-100000000100000000000000000-1000000001000000000000000000000000000000000000001000000000, )

(84)R0ψ=ψ0000000000,R1ψ=-ψ1000000000,R2ψ=-ψ2000000000,R3ψ=-ψ3000000000

Aparentemente, os componentes ψ0, ψ1, ψ2 e ψ3 são os componentes físicos da função de onda do setor de spin 1 da teoria de DKP. Todavia, (82) os vincula, perfazendo três componentes físicos. Os componentes restantes (ψ4, ψ5, ψ6, ψ7, ψ8 e ψ9) são os componentes não-físicos do setor de spin 1.

É importante ressaltar que o presente estudo mostrou explicitamente a equivalência entre formalismo de DKP e os formalismos de Klein-Gordon-Fock e Proca para o caso da partícula livre em nível clássico.

2.3. A equivalência entre o formalismo de DKP e os formalismos de Klein-Gordon-Fock e Proca: o caso do acoplamento mínimo

O setor escalar da teoria de DKP é selecionado com a aplicação do operador P que, por sua vez, conduz à função de onda física (63). Esta expressão deve ser compatível com a invariância local de calibre:

(85)ψ'x=eieαxψx
e
(86)φ'x=eieαxφx

É evidente que (63) não é invariante sob transformações locais de calibre. Tal fato é facilmente remediado com a usual prescrição μDμ, em que

(87)Dμ=μ+iAμ

Desta feita, a função de onda multicomponente se escreve como

(88)ψ=mφimDνφ
compatível com a invariância local de calibre [19[19] J.T. Lunardi, B.M. Pimentel, R.G. Teixeira and J.S. Valverde, Physics Letters A 268, 165 (2000).].

A analogia com o procedimento da seção anterior é completa. A equação de DKP com acoplamento vetorial mínimo é escrita como

(89)(iβμμ-m-βμAμ)ψ=0
ou ainda
(90)iβμDμψ-mψ=0

O setor escalar da teoria de DKP é selecionado com a aplicação do operador P. Desta feita, aplicando o operador P à equação (90)

(91)iPβμDμψ-mPψ=0
e, como Pβμ=Pμ,
(92)iDμPμψ-mPψ=0

A atuação do operador Pν em (90) conduz a

iPνβμDμψ-mPνψ=0
uma vez que Pνβμ=gμνP,
(93)Pνψ=imDνPψ

Substituindo (93) em (92)

(94)DμDμ+m2Pψ=0
e, uma vez que Pψ determina o componente físico do espinor de DKP do setor escalar, é então nítido que o componente físico da função de onda multicomponente obedece à equação de Klein-Gordon-Fock minimamente acoplada. Fazendo uso da forma explícita de Pψ, (58), a equação (93) é equivalente a
(95)Pνψ=imDνφ
logo, os elementos de Pνψ são im vezes a derivada covariante dos elementos de Pψ correspondentes.

O setor vetorial é selecionado com o a atuação do operador Rν na equação (90), obtendo

iRνβμDμψ-mRνψ=0
como Rνβμ=Rνμ,
iRνμDμψ-mRνψ=0
então
(96)DμRνμψ+imRνψ=0

Atuar Rνμ em (90) leva a

iRνμβαDαψ-mRνμψ=0
e, com a identidade Rνμβα= Rνgμα-Rμgνα
(97)Rνμψ=-imDνRμψ-DμRνψ
substituindo (97) em (96)
(98)DμDμRνψ-DνRμψ+m2Rνψ=0

Equivalente à equação de Proca minimamente acoplada. Sob as transformações locais de calibre (85) e (86), (98) é invariante, como deveriam ser.

À primeira vista, os resultados obtidos apresentam plena equivalência com os formalismos de Klein-Gordon e Proca. E, de fato, são. Porém, apenas ao fim dos anos 90 o problema do chamado termo anômalo na teoria de DKP foi resolvido por Nowakowski [18[18] M. Nowakowski, Physics Letters A 244, 329 (1998).] (também em [19[19] J.T. Lunardi, B.M. Pimentel, R.G. Teixeira and J.S. Valverde, Physics Letters A 268, 165 (2000).]) em um procedimento até certo ponto análogo ao feito aqui. Este tal termo anômalo impedia que os formalismos fossem equivalentes. Todavia este termo não apresenta significado físico e é por isso que a aplicação dos operadores P e Rμ, que selecionam apenas os componentes físicos das funções de onda, fazem com que este termo desapareça. É importante ressaltar também que o termo anômalo já era conhecido por Kemmer em seu trabalho original. De fato, Kemmer é o primeiro a perceber que este termo não tem uma interpretação física, tampouco algum análogo na teoria de Dirac. Explicitamente, é possível perceber o termo anômalo em um simples procedimento: contraindo a equação de DKP minimamente acoplada (90) com o termo Dαβαβν à esquerda leva a

(99)iβαβνβμDαDμψ-mβαβνDαψ=0
que pode ser reescrita como
(100)Dνψ=βμβνDμψ+e2mFαμβμβνβα+βμgναψ

Agora, contraindo esta expressão com Dν

(101)DνDνψ=βμβνDνDμψ+e2mFαμβμβνβα+βμgναDνψ
ou ainda
(102)DνDνψ+m2ψ-i2eFμνSμνψ-e2mβμβνβα+βμgναDνFαμψ=0
em que Dμ,Dν=-ieFμν. O termo proporcional a eFμνSμνψ descreve a interação do campo eletromagnético externo com os momentos elétrico e magnético da partícula. O termo anômalo é aquele proporcional a e2m.

Para o setor de spin 0 da teoria de DKP, aplicar o operador P na equação (102) conduz a

(103)DνDνPψ+m2Pψ-i2eFμνPSμνψ-e2mPβμβνβα+βμgναDνFαμψ=0
que, por sua vez (e usando as propriedades (48), (49) e (50)), leva a
(104)DνDνPψ+m2Pψ-e2mgμνPα+PμgναDνFαμψ=0
portanto
(105)DνDνPψ+m2Pψ=0
idêntico ao obtido em (94).

É nítido que o operador que seleciona o setor de spin 0 da teoria de DKP anula o termo anômalo, uma vez que este termo não tem um significado físico. Portanto, o operador P de fato seleciona os componentes físicos do setor de spin 0 da teoria de DKP. Em um procedimento análogo é possível também mostrar que o mesmo acontece no setor de spin 1 da teoria de DKP.

3. O problema com o limite m=0 na teoria de DKP

É natural uma extensão para m=0 na teoria de DKP com a expectativa de que o setor vetorial reproduza as equações de Maxwell. Todavia, esta construção está intrinsecamente associada à uma simetria local de calibre e, de fato, não é trivial. Para que o problema se torne nítido, tome-se ingenuamente m=0, por exemplo, em (63)

(106)ψ=mφimνφ
isso conduz a resultados desastrosos para o componente físico da função de onda multicomponente de DKP: ele simplesmente seria zero!, e os componentes não-físicos seriam todos infinitos.

De fato, Harish-Chandra [20[20] Harish-Chandra, Proceedings of the Royal Society A 186, 502 (1946).], em 1946, aborda o problema em um estudo sistemático do limite m=0. Uma abordagem didática deste trabalho será realizada aqui, com a análise da lagrangiana proposta por Harish-Chandra,

(107)L=iψ̄γβααψ-iαψ̄βαγψ-ψ̄γψ
em que a álgebra de DKP foi então aqui complementada com a adição de uma matriz γ. Para conhecer as propriedades desta nova matriz γ, é interessante valer-se do fato de que a lagrangiana deve ser hermitiana. Então
L=iψη0γβααψ-iαψη0βαγψ-ψη0γψ
L=iαψβαγη0ψ-iψγβαη0αψ-ψγη0ψ
como η0=η0, βα=η0βαη0 e η02=1, então
L=iαψη0βαη0γη0ψ-iψη0η0γη0βααψ-ψη0η0γη0ψ
por fim
L=iαψ̄βαη0γη0ψ-iψ̄η0γη0βααψ-ψ̄η0γη0ψ
o que implica em
(108)γ=γ
e
(109)η0,γ=0

E as equações de movimento para a lagrangiana de Harish-Chandra são obtidas pelas equações de Euler-Lagrange

(110)iγβα+βαγαψ-γψ=0
(111)iαψ̄γβα+βαγ+ψ̄γ=0
contudo, se
(112)γβα+βαγ=βα
o que é consistente ao se levar em conta que a hermiticidade desta expressão se expressa através de
βαγ+γβα=βα
η0βαη0γ+γη0βαη0=η0βαη0
ou ainda
βαη0γη0+η0γη0βα=βα
garante a hermiticidade de (112) se obedecer às mesmas relações (108) e (109), relações que tornam a lagrangiana hermitiana. Portanto, (112) é válida e as equações de Euler-Lagrange (110) e (111) se reescrevem como
(113)iβααψ-γψ=0
(114)iαψ̄βα+ψ̄γ=0
que é a equação para o campo de DKP e sua equação adjunta, respectivamente, para o caso de massa nula.

A simetria local de calibre corresponde aqui às seguintes transformações infinitesimais

(115)δψx=1-γΦx
e
(116)δψ̄x=Φ̄x1-γ
e, embora esses parâmetros infinitesimais da transformação de calibre sejam dependentes do ponto, o processo de transformação dos campos ocorre a ponto fixo, uma vez que atua somente na forma do campo, não em suas coordenadas. Logo, o princípio da invariância é válido, e a variação da forma do campo é igual à variação total do campo.

Assim, a variação da ação se escreve como

δS=Ωdxiδψ̄xγβααψ+iψ̄γβααδψx-iαδψ̄xβαγψ-iαψ̄βαγδψx-δψ̄xγψ-ψ̄γδψx
em que a medida de integração é invariante. Portanto
δS=ΩdxiΦ̄x1-γγβααψ+iψ̄γβα1-γαΦx-iαΦ̄x1-γβαγψ-iαψ̄βαγ1-γΦx-Φ̄x1-γγψ-ψ̄γ1-γΦx
que, com as equações de movimento, se torna
δS=Ωdxiψ̄βα-βαγ1-γαΦx-iαΦ̄x1-γβα-γβαψ+ψ̄γ2-γ1-γΦx+Φ̄x1-γγ2-γψ
ou seja,
δS=Ωdxiψ̄βα1-γαΦx-iαΦ̄x1-γβαψ+iψ̄βαγγ2-γαΦx+ψ̄γ2-γ1-γΦx-iαΦ̄xγ2-γβαψ+Φ̄x1-γγ2-γψ

Portanto, as condições

(117)iβα1-γαΦx=0
e
(118)iαΦ̄x1-γβα=0
que correspondem às condições de calibre, além da condição
(119)γ2-γ=0
sobre a matriz γ, haja vista que γ1 necessariamente, são condições que devem ser satisfeitas para que a variação da ação seja nula.

3.0.1. O setor de spin 0

Para o setor de spin 0, a abordagem mais prática é fazer o uso dos projetores (46) e (47) diretamente na equação de movimento (113). Porém, antes de efetuar estes cálculos é necessário que se determine as relações entre P, Pμ e γ.

De (112) é possível reescrever

βαγ=βα-γβα
βα2γ=βα2-βαγβα
βα2γ=βα2-βα-γβαβα
βα2γ=βα2-βα2+γβα2
logo,
βα2γ=γβα2
o que implica em
Pγ=-β02β12β22β32γ=γP
desse modo,
(120)Pγ=γP
e, aplicando P em (112)
Pγβα+Pβαγ=Pβα
γPβα+Pαγ=Pα
assim,
(121)γPα+Pαγ=Pα

Agora, aplicando P e Pμ à equação de movimento (113) conduz a

(122)iμPμψ-γPψ=0
e
(123)iμPψ-Pμγψ=0
respectivamente, o que leva a
μμPψ=γ2-γPψ
o que, de (119), resulta em
(124)μμPψ=0
que é uma equação do tipo Klein-Gordon-Fock com massa nula. Já a transformação infinitesimal (115) toma a forma
(125)Pψ'x=Pψx+1-γPΦx
e
(126)Pμψ'x=Pμψx+Pμ1-γΦx
por fim, a condição de calibre (117) se estabelece por
(127)iPμ1-γμΦx=0
(128)i1-γμPΦx=0

Os resultados até então obtidos são independentes de uma representação para as matrizes β e γ. Todavia, torna-se agora necessário recorrer a uma representação explícita para tais matrizes para que seja possível depreender as consequências das transformações de calibre. Sendo assim, com (173a) e com a matriz γ escrita da forma mais geral que satisfaz a condição (112) dada por

(129)γ=diagλ,1-λ,1-λ,1-λ,1-λ
em que λ é um parâmetro a ser determinado pela invariância de calibre.

Nesta representação

(130)ψ=φψα
e
(131)Pψ=φ04×1
e
(132)Pγψ=λφ04×1
e
(133)Pαψ=ψα04×1
por fim
(134)Pαγψ=1-λψα04×1
Agora, sujeitando a matriz γ à condição (119) resulta que o parâmetro λ satisfaz a equação λ2-λ=0, ou seja, os valores possíveis para λ são 0 e 1.

As equações de movimento (122) e (123) nesta representação se escrevem como

(135)iαψα=λφ
e
(136)iαφ=1-λψα
respectivamente. Estas equações implicam em
ααφ+λ1-λφ=0
que, independente dos valores possíveis para λ, conduz à
ααφ=0
ou seja, o componente físico da função de onda obedece a uma equação de Klein-Gordon-Fock com massa nula, como esperado.

Denotando Φ=φΦ,ϕ0,ϕ1,ϕ2,ϕ3T, a transformação infinitesimal (125) se escreve como

(137)φ'=φ+1-λφΦ
que é a transformação do componente físico do campo de DKP. Para λ=0, essa transformação é uma transformação global de calibre, uma vez que φΦ é constante. Para λ=1, esta transformação corresponde a um campo constante, chamado de campo topológico, uma vez que não possui graus de liberdade propagantes.

Já a transformação infinitesimal (126) conduz à transformação

(138)ψ'αx=ψαx+λϕαx
que se dará apenas entre os componentes não-físicos da função de onda multicomponente de DKP.

Por fim, as condições de calibre (127) e (128) são então obtidas, respectivamente, por

λμϕμ=0
que, para λ=1 vincula as componentes não-físicas do campo de DKP, e
1-λμφΦ=0
que, para λ=0, assegura que o campo φΦ é constante.

Para o caso em que λ=0, a expressão para a lagrangiana de Harish-Chandra (107) conduz à lagrangiana do tipo Klein-Gordon-Fock com massa nula

(139)Ls=0=μφ*μφ

3.0.2. O setor de spin 1

Para o setor de spin 1, a abordagem é análoga: os projetores (67) e (68) obedecem a

γRμ=Rμγ
e
γRμν+Rμνγ=Rμν

Assim, aplicando Rμ e Rμν à equação de movimento (113) conduz a

(140)iαRμαψ-γRμψ=0
e
(141)iνRμψ-iμRνψ-Rμνγψ=0
respectivamente; estas duas equações podem ser reescritas em uma única equação, a saber
-ααRμψ+αμRαψ+γ2-γRμψ=0
e, com (119) resulta em
(142)αμRαψ-αRμψ=0
ou seja, uma equação do tipo Proca com massa nula. A transformação infinitesimal (115) tem agora as formas
(143)Rμψ'x=Rμψx+1-γRμΦx
e
(144)Rμνψ'x=Rμνψx+Rμν1-γΦx
e as condições de calibre (117) e (118) são dadas por
(145)Rμα1-γαΦx=0
e
(146)1-γνRμΦx-1-γμRνΦx=0

Com uma representação para as matrizes β dada por (175a) e com a matriz γ escrita da forma mais geral que satisfaz a condição (112) para o setor de spin 1 dada por

(147)γ=diagλ,λ,λ,λ,1-λ,1-λ,1-λ,1-λ,1-λ,1-λ
novamente, λ e será determinado pela invariância de calibre.

Nesta representação

(148)ψ=ψμ4×1ψμν6×1
e
(149)Rμψ=ψμ09×1
e
(150)Rμγψ=λψμ09×1
e
(151)Rμνψ=ψμν09×1
por fim
(152)Rμνγψ=1-λψμν09×1

O parâmetro λ satisfaz a equação λ2-λ=0, ou seja, os valores possíveis para λ são 0 e 1. Portanto, as equações de movimento (140) e (141) agora se tornam

(153)iαψμα=λψμ
e
(154)iνψμ-iμψν-1-λψμν=0
que, combinadas, conduzem a
ααψμ-μψα=-λ1-λψμ
daqui se observa que independente do valor de λadmissíveis, se mantém
(155)ααψμ-μψα=0
com a condição de normalização
(156)ψμ=12Aμ
então
ααAμ-μAα=0
definindo o tensor eletromagnético FμνμAν-νAμ, obtemos diretamente de (155) as equações de Maxwell
(157)μFμν=0
e também, para o quadrivetor Aμ
(158)Aμ-μαAα=0
que, satisfazendo a condição de Lorenz αAα=0, conduz a
(159)Aμ=0

Seja a representação

(160)Φ=ϕμ4×1ϕμν6×1
as condições de calibre (145) e (146) se tornam
(161)λαϕμα=0
e
(162)λ-1μϕν-νϕμ=0
as transformações infinitesimais (143) e (144) se escrevem como
(163)ψ'μ=ψμ+1-λϕμ
que, para λ=0 se reverte em
ψ'μ=ψμ+ϕμ
para ser ainda mais familiar, tomando
(164)ϕμ=μΛx
em que Λx é uma função escalar arbitrária. Assim, a transformação infinitesimal (163), para λ=0 se escreve como
(165)ψ'μ=ψμ+μΛx
que também satisfaz (162)
(166)μνΛx-νμΛx=0
como deveria ser para que o tensor eletromagnético Fμν seja invariante por (165).

Para o caso λ=1, a transformação infinitesimal (163) se reverte em

(167)ψ'μ=ψμ
também relacionado a um campo topológico. Por fim, com a condição de normalização (156)na expressão para a lagrangiana de Harish-Chandra (107) conduz à lagrangiana de Maxwell
(168)Ls=1=-14FμνFμν
como esperado.

3.1. As interações na teoria de DKP

A equação de DKP com a interação mais geral possível é escrita como

(169)(iβμμ-m-V)ψ=0
Tal como no caso da teoria de Dirac, a matriz V pode ser escrita em termos de estruturas que exibem um comportamento bem definido segundo as transformações de Lorentz. Por causa da maior dimensão das matrizes βμ, comparada com as matrizes de Dirac, se espera um número maior de estruturas de Lorentz possíveis. De fato, para o setor escalar, as interações são constituídas de dois escalares, dois vetores e dois tensores, ao passo que para o setor vetorial, V se apresenta como dois escalares, dois vetores, um pseudoescalar, dois pseudovetores e oito termos tensoriais.

Explicitamente, os covariantes bilineares do setor escalar têm a forma

  • ψ̄ψ, ψ̄βμβμψ: que correspondem às interações do tipo escalar;

  • ψ̄βμψ, iψ̄P,βμψ: que correspondem às interações do tipo vetorial;

  • ψ̄βμ,βνψ: que corresponde à interação do tipo tensorial simétrica;

  • iψ̄βμ,βνψ: que corresponde à interação do tipo tensorial antissimétrica.

E os covariantes bilineares do setor vetorial têm a forma

  • ψ̄ψ, ψ̄βμβμψ: que correspondem às interações do tipo escalar;

  • ψ̄ϵκλμνβκβλβμβνψ: que corresponde à interação do tipo pseudoescalar;

  • ψ̄βμψ, iψ̄P,βμψ: que correspondem às interações do tipo vetorial;

  • ψ̄ϵκλμνβλβμβνψ, iϵκλμνψ̄βσβσ,βλβμβνψ: que correspondem às interações do tipo pseudovetorial;

  • ψ̄βμ,βν-12gμνβσβσψ, ψ̄βσβσ,βμ,βν-gμνβσβσ2ψ: que correspondem às interações do tipo tensorial simétrica;

  • ψ̄βμ,ϵλσνκβλβσβν+βκ,ϵλσνμβλβσβνψ: que corresponde à interação do tipo pseudotensorial simétrica;

  • iψ̄βμ,βνψ, iψ̄βσβσ,βμ,βνψ: que correspondem às interações do tipo tensorial antissimétrica;

  • ψ̄Tμνρψ, iψ̄βσβσ,Tμνρψ, ψ̄Yκλμνψ: que correspondem às interações do tipo tensorial,

em que

Tμνρiβμ,βν,βρ+23ϵμνρκϵκλσπβλβσβπ-i3δμνβσβσ,βρ+i3δμρβσβσ,βν
e
Yκλμνβκ,βμ,βλ,βν-βκ,βν,βλ,βμ-12δκμβρ,βν,βρ,βλ-12δλνβρ,βμ,βρ,βκ+12δκνβρ,βμ,βρ,βλ+12δλμβρ,βν,βρ,βκ+16δκμδλν-δκνδλμβρ,βα,βρ,βα

Em verdade, os termos tensoriais são evitados em aplicações porque fornecem efeitos não-causais [21[21] R.F. Guertin and T.L. Wilson, Physical Review D 15, 1518 (1977)., 22[22] B. Vijayalakshmi, M. Seetharaman and P.M. Mathews, Journal of Physics A 12, 665 (1979).].

Uma vez que as interações possíveis para os formalismos de Klein-Gordon-Fock e Proca são do tipo escalar e vetorial, em princípio, é possível que a teoria de DKP possa descrever fenômenos físicos incapazes de serem descritos nestes formalismos [23[23] B.C. Clark, S. Hama, G.R. Kälbermann, R.L. Mercer and L. Ray, Physical Review Letters 55, 592 (1985).25[25] B.C. Clark, R.J. Furnstahl, L.J. Kurth-Kerr and S. Hama, Physics Letters B 427, 321 (1993).]. De fato, esta seria uma prova cabal da não-equivalência entre os formalismos.

Por fim, na presença de interações, a equação de DKP conjugada se torna

iμψη0βμ+mψη0+ψη0η0Vη0=0
e, uma vez que ψη0=ψ̄
(170)iμψ̄βμ+mψ̄+ψ̄η0Vη0=0

A equação da continuidade na teoria de DKP com interações gerais é obtida de maneira análoga ao caso livre [26[26] T.R. Cardoso, L.B. Castro and A.S. de Castro, Physics Letters A 372, 5964 (2008)., 27[27] T.R. Cardoso, Sobre Interações Escalares e Vetoriais na Teoria de Duffin-Kemmer-Petiau. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, Unesp, disponível em http://repositorio.unesp.br/handle/11449/91805.
http://repositorio.unesp.br/handle/11449...
], multiplicando (169) por ψ̄ à esquerda, (170) por ψ à direita e somando ambas as equações resultantes, obtendo

(171)iμψ̄βμψ+ψ̄η0Vη0-Vψ=0
mas Jμψ̄βμψ; logo
(172)μJμ+iψ̄V-η0Vη0ψ=0
e a quadricorrente será conservada apenas quando V for hermitiano com respeito a η0. Isso se deve ao fato de que se trata de uma forma bilinear. Uma forma bilinear é uma generalização do conceito de produto interno, e é bem conhecida na teoria de Dirac por tratar-se de uma estrutura com comportamento bem definido sob transformações de Lorentz, e então chamados covariantes bilineares.

4. Comentários finais

Este estudo sobre a teoria de Duffin-Kemmer-Petiau abordou principalmente as motivações (ou inspirações) e os principais personagens que possibilitaram o advento de uma teoria relativística em primeira ordem para partículas de spin 0 e spin 1. No entanto, cabe ainda ressaltar que esta busca foi também tomada de forma independente por Sakata e Taketani, mas a prisão de Taketani por razões políticas manteve o trabalho latente. Tamm, Feshbach e Villars, Lubanksi, Bhabha, Madvarao e Harish-Chandra são também personagens que permearam o desenvolvimento de teorias relativísticas para a descrição de partículas elementares de spin mais altos e generalizações da teoria relativística em primeira ordem6 6 Por curiosidade: a decisão de usar a palavra méson (para partículas de Yukawa) foi feita na casa de Egon Bretscher por Maurice Price, Homi Bhabha e Kemmer (carta de N. Kemmer a M. M. Nieto datada de 27 de abril de 1976). [11[11] R.A. Krajcik and M.M. Nieto, American Journal of Physics 45, 818 (1977).], e marcaram a década de 40.

Embora a teoria de DKP não seja popular devido ao crescente número de estudos evidenciando processos eletrodinâmicos nos quais ela era equivalente à teoria de Klein-Gordon-Fock, sua abordagem em primeira ordem pode ainda ser preferível pela ausência de termos derivativos na interação eletromagnética. Mais ainda, o estudo da eletrodinâmica escalar via teoria de DKP apresenta uma considerável similaridade estrutural com a eletrodinâmica quântica (QED), o que torna seu estudo congênere [28[28] R. Bufalo, T.R. Cardoso, A.A. Nogueira and B.M. Pimentel, arXiv:1510.04877.]. Na física nuclear, a teoria ainda têm se mostrado profícua no que concerne à fenomenologia, uma vez que a vasta gama de interações presentes na teoria de DKP são impossíveis de serem expressas pelas teorias de Klein-Gordon-Fock ou Proca [29[29] E. Fischbach and M.M. Nieto, Physical Review Letters 29, 1046 (1972); N.G. Deshpande and P.C. McNamee, Physical Review D 5, 1012 (1972); A.O. Barut and Z.Z. Aydin, Physical Review D 6, 3340 (1972); E. Fischbach, M.M. Nieto and C.K. Scott, Physical Review D 7, 207 (1973); Z.Z. Aydin and A.O. Barut, Physical Review D 7, 3522 (1973).]. A teoria de DKP também experimentou novo fôlego no contexto de aplicações em cromodinâmica quântica em curtas e longas distâncias por Gribov [30[30] V. Gribov, The European Physical Journal C 10, 71 (1999); V. Gribov, The European Physical Journal C 10, 91 (1999); J. Nyiri, The Gribov Theory of Quark Confinement (World Scientific Publishing, Singapura, 2001).], no espalhamento de núcleos K+ [31[31] L.K. Kerr, B.C. Clark, S. Hama, L. Ray and G.W. Hoffmann, Progress of Theoretical Physics 103, 321 (2000).], dinâmica hamiltoniana covariante [32[32] I.V. Kanatchikov, Reports on Mathematical Physics 46, 1 (2000).], espaço-tempo curvo [33[33] R. Casana, J.T. Lunardi, B.M. Pimentel and R.G. Teixeira, General Relativity and Gravitation 34, 491 (2002); R. Casana, J.T. Lunardi, B.M. Pimentel and R.G. Teixeira, International Journal of Modern Physics A 17, 4197 (2002); R. Casana, J.T. Lunardi, B.M. Pimentel and R.G. Teixeira, Classical and Quantum Gravity 22, 3083 (2005); R. Casana, V. Ya. Fainberg, J.T. Lunardi and B.M. Pimentel, Classical and Quantum Gravity 20, 2457 (2003); R. Casana, C.A.M. de Melo and B.M. Pimentel, Classical and Quantum Gravity 24, 723 (2007).], invariância de Galileu em cinco dimensões [34[34] M. de Montigny, F.C. Khanna, A.E. Santana, E.S. Santos and J.D.M. Vianna, Journal of Physics A 33, 273 (2000);], no contexto da invariância de gauge clássica [35[35] J.T. Lunardi, B.M. Pimentel, R.G. Teixeira and J.S. Valverde, Physics Letters A 268, 165 (2000).], no método causal de Epstein—Glaser [36[36] J.T. Lunardi, L.A. Manzoni, B.M. Pimentel and J.S. Valverde, International Journal of Modern Physics A 17, 205 (2002).] e, sistematicamente, no estudo de espalhamento e confinamento de partículas [37[37] T.R. Cardoso, L.B. Castro and A.S. de Castro, Canadian Journal of Physics 87, 857 (2009); T.R. Cardoso, L.B. Castro and A.S. de Castro, Canadian Journal of Physics 87, 1185 (2009); T.R. Cardoso, L.B. Castro and A.S. de Castro, International Journal of Theoretical Physics 49, 10 (2010); T.R. Cardoso, L.B. Castro and A.S. de Castro, Nuclear Physics B, Proceedings Supplement 199, 207 (2010); T.R. Cardoso, L.B. Castro and A.S. de Castro, Journal of Physics A, Mathematical and Theoretical 43, 055306 (2010).].

Agradecimentos

T.R.C. agradece à CAPES pelo suporte financeiro e B.M.P. agradece ao CNPq pelo suporte financeiro parcial.

Referências

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  • Em verdade, esta equação foi considerada pela primeira vez por Schrödinger para o estudo do espectro do átomo de hidrogênio. De fato, este estudo foi anterior à sua formulação da teoria não-relativística [6[6] A. Piza, Mecânica Quântica (Edusp, São Paulo, 2002).].
  • 2
    Pauli e Weisskopf [7[7] W. Pauli and W.F. Weisskopf, Helvetica Physica Acta 1, 709 (1934).], em 1934, interpretaram (6) como uma densidade de carga.
  • 3
    Em verdade, foi Géhéniau o precursor na decomposição desta álgebra em representações irredutíveis de 10 dimensões, 5 dimensões e uma representação trivial em 1 dimensão [9[9] J. Géhéniau, Académie Royale de Belgique 18 (1938).].
  • 4
    O que é apenas uma identificação, haja vista que a equação de Dirac e sua álgebra já haviam sido citadas em (7) e (8). A caracterização de Φx com um espinor ocorre apenas com o estudo das matrizes γ e de Φx sob transformações de Lorentz.
  • 5
    É ainda possível determinar esta álgebra partindo-se da ideia de de Broglie, ou seja, combinando dois léptons. Seja βμ então escrita como
    βμ=12Γμ+Γ̄μ
    em que Γμ=γμ1 e Γ̄μ=1γμ. Com
    Γμ,Γν=2gμν=Γ̄μ,Γ̄ν
    e
    Γμ,Γ̄ν=0
    então reescrever a soma βμβνβσ+βσβνβν em termos dos Γ e Γ̄ conduz diretamente a (23).
  • 6
    Por curiosidade: a decisão de usar a palavra méson (para partículas de Yukawa) foi feita na casa de Egon Bretscher por Maurice Price, Homi Bhabha e Kemmer (carta de N. Kemmer a M. M. Nieto datada de 27 de abril de 1976).

Apêndice Uma representação para as matrizes βμ

No presente estudo é adotada uma representação para as matrizes βμ nas quais elas são reais.

Uma representação para as matrizes βμ do setor escalar pode ser escrita como

(173a)β0=0100010000000000000000000,β1=00100000000000000000-10000,
(174a)β2=000100000000000-1000000000,β3=00001000000000000000-10000

Uma representação para as matrizes βμ do setor vetorial pode ser escrita como

(175a)β0=0000000000000000010000000000100000000001000000000000000000000000000000010000000000100000000001000000,β1=0000000-1000000000000000000-10000000010000000-100000000100000000000000000100000000000000000000000000000,
(176a)β2=00000000-10000000100000000000000000-100000000100000000000000000-100000000000000000010000000000000000000,β3=000000000-100000-100000000100000000000000000-1000000001000000000000000000000000000000000000001000000000,

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Set 2016

Histórico

  • Recebido
    30 Mar 2016
  • Aceito
    22 Maio 2016
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