Acessibilidade / Reportar erro

Consenso brasileiro sobre bronquiectasias não fibrocísticas

RESUMO

Bronquiectasias têm se mostrado uma condição cada vez mais diagnosticada com a utilização da TCAR de tórax. Na literatura, a terminologia utilizada separa as bronquiectasias entre secundárias à fibrose cística e aquelas não associadas à fibrose cística, denominadas bronquiectasias não fibrocísticas neste documento. Muitas causas podem levar ao desenvolvimento de bronquiectasias, e o paciente geralmente tem sintomas crônicos de vias aéreas, infecções recorrentes e alterações tomográficas compatíveis com a condição. Em 2010, foi publicada a primeira diretriz internacional sobre diagnóstico e tratamento das bronquiectasias não fibrocísticas. No Brasil, este é o primeiro documento de revisão com o objetivo de sistematizar o conhecimento acumulado sobre o assunto até o momento. Como para vários tópicos do tratamento não há evidências suficientes para recomendações, optou-se aqui pela construção de um documento de consenso entre especialistas. A Comissão de Infecções Respiratórias da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia reuniu 10 pneumologistas com expertise em bronquiectasias no Brasil para avaliar criticamente as evidências científicas e diretrizes internacionais, assim como identificar aspectos relevantes à compreensão da heterogeneidade da doença bronquiectásica e a seu manejo diagnóstico e terapêutico. Foram determinados cinco grandes tópicos (fisiopatologia; diagnóstico; monitorização do paciente estável; tratamento do paciente estável; e manejo das exacerbações). Após essa subdivisão, os tópicos foram distribuídos entre os autores, que realizaram uma revisão não sistemática da literatura, priorizando as principais publicações nas áreas específicas, incluindo artigos originais e de revisão, assim como revisões sistemáticas. Os autores revisaram e opinaram sobre todos os tópicos, formando um documento único final que foi aprovado por todos.

Descritores:
Bronquiectasia; Tomografia por raios X; Radiografia torácica

ABSTRACT

Bronchiectasis is a condition that has been increasingly diagnosed by chest HRCT. In the literature, bronchiectasis is divided into bronchiectasis secondary to cystic fibrosis and bronchiectasis not associated with cystic fibrosis, which is termed non-cystic fibrosis bronchiectasis. Many causes can lead to the development of bronchiectasis, and patients usually have chronic airway symptoms, recurrent infections, and CT abnormalities consistent with the condition. The first international guideline on the diagnosis and treatment of non-cystic fibrosis bronchiectasis was published in 2010. In Brazil, this is the first review document aimed at systematizing the knowledge that has been accumulated on the subject to date. Because there is insufficient evidence on which to base recommendations for various treatment topics, here the decision was made to prepare an expert consensus document. The Brazilian Thoracic Association Committee on Respiratory Infections summoned 10 pulmonologists with expertise in bronchiectasis in Brazil to conduct a critical assessment of the available scientific evidence and international guidelines, as well as to identify aspects that are relevant to the understanding of the heterogeneity of bronchiectasis and to its diagnostic and therapeutic management. Five broad topics were established (pathophysiology, diagnosis, monitoring of stable patients, treatment of stable patients, and management of exacerbations). After this subdivision, the topics were distributed among the authors, who conducted a nonsystematic review of the literature, giving priority to major publications in the specific areas, including original articles, review articles, and systematic reviews. The authors reviewed and commented on all topics, producing a single final document that was approved by consensus.

Keywords:
Bronchiectasis; Tomography, X-ray; Radiography, thoracic

INTRODUÇÃO

Impacto social e econômico da doença bronquiectásica

Antes considerada uma doença órfã,11 Barker AF, Bardana EJ Jr. Bronchiectasis: update of an orphan disease. Am Rev Respir Dis. 1988;137(4):969-78. https://doi.org/10.1164/ajrccm/137.4.969
https://doi.org/10.1164/ajrccm/137.4.969...
a dilatação permanente das vias aéreas, chamada bronquiectasia, tem se mostrado uma condição mais frequente do que previamente considerada. A utilização disseminada da TCAR de tórax é provavelmente o principal fator do aumento de seu diagnóstico, uma vez que contribui muito para a detecção e melhor visualização da dilatação brônquica e de outras anormalidades brônquicas e bronquiolares. Outros fatores importantes no aumento desse diagnóstico são o envelhecimento da população, o aumento de outras condições patológicas que podem se associar ao surgimento de bronquiectasias e uma maior difusão da suspeita diagnóstica.

Dados do Ministério da Saúde mostram que, no Brasil, a taxa de internações por doenças respiratórias crônicas vem caindo (série de 2003 a 2013), sendo que, em 2003, essa foi de 434,4/100.000 habitantes e, em 2013, de 241,8/100.000 habitantes. Desse último total, 54,5% foram devidos a doenças obstrutivas, sendo que apenas 0,37% (0,9/100.000 habitantes) por bronquiectasias. Quanto à taxa de mortalidade em 2013, embora as doenças obstrutivas correspondessem a 64% dos óbitos por doenças respiratórias crônicas (33,6/100.000 habitantes), as bronquiectasias causaram uma taxa de mortalidade de 0,2/100.000 habitantes.22 Brasil. Ministério da Saúde. Secretária de Vigilância à Saúde [homepage on the Internet]. Brasília: Ministério da Saúde [cited 2019 Apr 1]. Perfil da morbimortalidade por doenças respirato´rias crônicas no Brasil, 2003 a 2013. Boletim Epidemiológico. 2016;47(19). [Adobe Acrobat document, 9 p.]. Available from: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2016/maio/06/2015-026-doencas-respiratorias-cronicas.pdf
http://portalarquivos2.saude.gov.br/imag...
Ressalte-se aqui que tais dados nacionais podem estar subestimados uma vez que se baseiam exclusivamente em informações de internações hospitalares.

Considerando-se os dados epidemiológicos mais globais, o diagnóstico vem crescendo, sendo que a prevalência aumenta com a idade e há variação geográfica e étnica.33 Chandrasekaran R, Mac Aogáin M, Chalmers JD, Elborn SJ, Chotirmall SH. Geographic variation in the aetiology, epidemiology and microbiology of bronchiectasis. BMC Pulm Med. 2018;18(1):83. https://doi.org/10.1186/s12890-018-0638-0
https://doi.org/10.1186/s12890-018-0638-...
Nos EUA, foi descrito um aumento anual (2000-2007) de 8,7%,44 Seitz AE, Olivier KN, Adjemian J, Holland SM, Prevots DR. Trends in bronchiectasis among medicare beneficiaries in the United States, 2000 to 2007. Chest. 2012;142(2):432-439. https://doi.org/10.1378/chest.11-2209
https://doi.org/10.1378/chest.11-2209...
além de crescimento similar em mulheres e idosos entre 2009 e 2013.55 Weycker D, Hansen GL, Seifer FD. Prevalence and incidence of noncystic fibrosis bronchiectasis among US adults in 2013. Chron Respir Dis. 2017;14(4):377-384. https://doi.org/10.1177/1479972317709649
https://doi.org/10.1177/1479972317709649...
No Reino Unido, as taxas de incidência e prevalência têm aumentado anualmente desde 2004 e estão associadas à mortalidade significativa.66 Quint JK, Millett ER, Joshi M, Navaratnam V, Thomas SL, Hurst JR, et al. Changes in the incidence, prevalence and mortality of bronchiectasis in the UK from 2004 to 2013: a population-based cohort study. Eur Respir J. 2016;47(1):186-93. https://doi.org/10.1183/13993003.01033-2015
https://doi.org/10.1183/13993003.01033-2...
Estimativas recentes apontam para uma prevalência de 1 a cada 206 homens e 1 a cada 176 mulheres no Reino Unido; 1 pessoa a cada 276 na Espanha; e 1 a cada 1.492 na Alemanha.66 Quint JK, Millett ER, Joshi M, Navaratnam V, Thomas SL, Hurst JR, et al. Changes in the incidence, prevalence and mortality of bronchiectasis in the UK from 2004 to 2013: a population-based cohort study. Eur Respir J. 2016;47(1):186-93. https://doi.org/10.1183/13993003.01033-2015
https://doi.org/10.1183/13993003.01033-2...

7 Ringshausen FC, de Roux A, Diel R, Hohmann D, Welte T, Rademacher J. Bronchiectasis in Germany: a population-based estimation of disease prevalence. Eur Respir J. 2015;46(6):1805-7. https://doi.org/10.1183/13993003.00954-2015
https://doi.org/10.1183/13993003.00954-2...
-88 Monteagudo M, Rodriguez-Blanco T, Barrecheguren M, Simonet P, Miravitlles M. Prevalence and incidence of bronchiectasis in Catalonia, Spain: A population-based study. Respir Med. 2016;121:26-31. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2016.10.014
https://doi.org/10.1016/j.rmed.2016.10.0...
Esses números podem estar subestimados se for levado em consideração o fato de que pacientes com DPOC podem apresentar bronquiectasias na TCAR, em frequências que variam de 29-50% em diferentes publicações.99 Rezende Gonçalves J, Corso Pereira M, Figueiras Pedreira De Cerqueira EM, Oliveira Magro D, Mello Moreira M, Paschoal IA. Severe obstructive disease: similarities and differences between smoker and non-smoker patients with COPD and/or bronchiectasis. Rev Port Pneumol. 2013;19(1):13-8. https://doi.org/10.1016/j.rppneu.2012.05.003
https://doi.org/10.1016/j.rppneu.2012.05...

10 Patel IS, Vlahos I, Wilkinson TM, Lloyd-Owen SJ, Donaldson GC, Wilks M, et al. Bronchiectasis, exacerbation indices, and inflammation in chronic obstructive pulmonary disease. Am J Respir Crit Care Med. 2004;170(4):400-7. https://doi.org/10.1164/rccm.200305-648OC
https://doi.org/10.1164/rccm.200305-648O...
-1111 O'Brien C, Guest PJ, Hill SL, Stockley RA. Physiological and radiological characterisation of patients diagnosed with chronic obstructive pulmonary disease in primary care. Thorax. 2000;55(8):635-42. https://doi.org/10.1136/thorax.55.8.635
https://doi.org/10.1136/thorax.55.8.635...

O impacto social e econômico passou a ser mais estudado nos últimos anos. Um estudo farmacoeconômico nos EUA baseado em um grande banco de dados mostrou que ocorre um aumento de US$ 2.319,00 em gastos totais com saúde após o primeiro ano de diagnóstico de bronquiectasias quando comparado com controles.1212 Joish VN, Spilsbury-Cantalupo M, Operschall E, Luong B, Boklage S. Economic burden of non-cystic fibrosis bronchiectasis in the first year after diagnosis from a US health plan perspective. Appl Health Econ Health Policy. 2013;11(3):299-304. https://doi.org/10.1007/s40258-013-0027-z
https://doi.org/10.1007/s40258-013-0027-...

Os custos do tratamento aumentam conforme a gravidade e de acordo com alguns outros fatores, como idade, infecção crônica por Pseudomonas aeruginosa, exacerbações e admissões hospitalares.1313 de la Rosa D, Martínez-Garcia MA, Olveira C, Girón R, Máiz L, Prados C. Annual direct medical costs of bronchiectasis treatment: Impact of severity, exacerbations, chronic bronchial colonization and chronic obstructive pulmonary disease coexistence. Chron Respir Dis. 2016;13(4):361-371. https://doi.org/10.1177/1479972316643698
https://doi.org/10.1177/1479972316643698...
Em um estudo espanhol, o custo médio anual do paciente com bronquiectasias foi de € 4.671,00, sendo que esse valor dobra a cada mudança de gravidade (avaliada pelo escore FACED ). Nos pacientes com doença leve, os custos decorrem principalmente do uso de broncodilatadores e corticoides inalatórios e, naqueles com doença grave, devido a exacerbações e uso de antibióticos inalatórios.1313 de la Rosa D, Martínez-Garcia MA, Olveira C, Girón R, Máiz L, Prados C. Annual direct medical costs of bronchiectasis treatment: Impact of severity, exacerbations, chronic bronchial colonization and chronic obstructive pulmonary disease coexistence. Chron Respir Dis. 2016;13(4):361-371. https://doi.org/10.1177/1479972316643698
https://doi.org/10.1177/1479972316643698...
O manejo terapêutico de alguns subgrupos de pacientes, como indivíduos com DPOC, também consome mais recursos financeiros.

Esses achados reforçam a importância do diagnóstico e do adequado manejo desses pacientes. Além disso, prevenir exacerbações deve ser uma meta não apenas para melhorar a qualidade de vida e preservar a função pulmonar, mas também reduzir os custos econômicos dessa condição.1414 Amalakuhan B, Maselli DJ, Martinez-Garcia MA. Update in Bronchiectasis 2014. Am J Respir Crit Care Med. 2015;192(10):1155-61. https://doi.org/10.1164/rccm.201505-0926UP
https://doi.org/10.1164/rccm.201505-0926...
,1515 Polverino E, Goeminne PC, McDonnell MJ, Aliberti S, Marshall SE, Loebinger MR, et al. European Respiratory Society guidelines for the management of adult bronchiectasis. Eur Respir J. 2017;50(3). pii: 1700629. https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2017
https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2...

Centros de referência/cuidado multidisciplinar

No Brasil, um inquérito realizado pela Comissão de Infecções Respiratórias e Micoses Pulmonares da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) mostrou que, no ano de 2012, a maioria dos atendimentos para pacientes com bronquiectasias se fazia dentro de ambulatórios gerais (66%). Apenas 22% dos atendimentos eram realizados em ambulatórios especializados, e os 12% restantes, em ambulatórios agregados de fibrose cística (dados não publicados).

Considerando-se a complexidade do diagnóstico etiológico das bronquiectasias e a natureza multissistêmica dessa condição, impõe-se a necessidade de manejo multidisciplinar, preferencialmente realizado em centros com experiência no cuidado desses pacientes. A melhora na sobrevida dos pacientes com fibrose cística é um exemplo dos benefícios desse tipo de abordagem. Além do diagnóstico precoce e acesso a medicações, cuidados multidisciplinares em centros de referência são fatores determinantes na evolução desses pacientes.1616 Athanazio RA, Silva Filho LVRF, Vergara AA, Ribeiro AF, Riedi CA, Procianoy EDFA, et al. Brazilian guidelines for the diagnosis and treatment of cystic fibrosis. J Bras Pneumol. 2017;43(3):219-245. https://doi.org/10.1590/s1806-37562017000000065
https://doi.org/10.1590/s1806-3756201700...

Um centro de referência em bronquiectasias não fibrocísticas deve ter recursos para realizar uma investigação etiológica adequada que possibilite chegar ao diagnóstico correto, assim como expertise para o manejo terapêutico medicamentoso e não medicamentoso para os diversos níveis de gravidade. A equipe multidisciplinar deve incluir profissionais médicos (pneumologistas e cirurgiões de tórax), enfermeiros, fisioterapeutas, farmacêuticos, nutricionistas e assistentes sociais. Além disso, deve estar associada a laboratórios de função pulmonar e de microbiologia qualificados e ter acesso a programas de reabilitação pulmonar.1717 Loebinger MR, Wells AU, Hansell DM, Chinyanganya N, Devaraj A, Meister M, et al. Mortality in bronchiectasis: a long-term study assessing the factors influencing survival. Eur Respir J. 2009;34(4):843-9. https://doi.org/10.1183/09031936.00003709
https://doi.org/10.1183/09031936.0000370...
,1818 ten Hacken NH, Wijkstra PJ, Kerstjens HA. Treatment of bronchiectasis in adults. BMJ. 2007;335(7629):1089-93. https://doi.org/10.1136/bmj.39384.657118.80
https://doi.org/10.1136/bmj.39384.657118...

METODOLOGIA

A Comissão de Infecções Respiratórias da SBPT reuniu 10 membros com reconhecida experiência em bronquiectasias no Brasil para avaliar criticamente as evidências científicas e as diretrizes internacionais publicadas, assim como identificar aspectos relevantes para a compreensão da heterogeneidade da apresentação clínica da doença e seu manejo diagnóstico e terapêutico. Foram determinados cinco grandes tópicos (fisiopatologia, diagnóstico, acompanhamento dos pacientes estáveis, tratamento dos pacientes estáveis e tratamento das exacerbações). Após essa subdivisão, os temas foram distribuídos entre os autores, que realizaram uma revisão de forma não sistemática da literatura, porém priorizando as principais publicações nas áreas específicas, incluindo artigos originais, artigos de revisão e revisões sistemáticas. Todos os autores tiveram a oportunidade de revisar e opinar sobre todos os tópicos, formando um documento único final que foi aprovado por todos.

DEFINIÇÃO E FISIOPATOLOGIA

O termo bronquiectasia se refere à evidência de dilatação brônquica irreversível, usualmente notada em uma TC de tórax. Existem muitas condições congênitas e adquiridas relacionadas ao aparecimento de bronquiectasias (Quadro 1).1919 King PT. The pathophysiology of bronchiectasis. Int J Chron Obstruct Pulmon Dis. 2009;4:411-9. https://doi.org/10.2147/COPD.S6133
https://doi.org/10.2147/COPD.S6133...
A hipótese mais aceita para explicar seu surgimento é a que propõe a interação, em diferentes níveis de intensidade, entre uma agressão ambiental e um indivíduo com pulmões congenitamente susceptíveis. A susceptibilidade mais frequente é um comprometimento dos mecanismos de defesa pulmonares, tais como transporte mucociliar e disponibilidade de IgG e antiproteases nos espaços aéreos distais.2020 Cole PJ. Inflammation: a two-edged sword--the model of bronchiectasis. Eur J Respir Dis Suppl. 1986;147:6-15.

Quadro 1
Causas e condições associadas a bronquiectasias.

O prejuízo dos mecanismos de defesa torna menos eficiente a eliminação de partículas biológicas e não biológicas e gases tóxicos inalados. Esses agentes permanecem nas vias aéreas tanto proximais como distais. Bactérias e vírus retidos proliferam no interior das vias aéreas, mudam a constituição do microbioma normal do pulmão e desencadeiam inflamação. A inflamação prolongada causa lesão estrutural pulmonar e piora ainda mais os mecanismos de limpeza das vias aéreas. Dessa forma, estabelece-se o famoso “círculo vicioso” implicado na fisiopatogenia das bronquiectasias (Figura 1).2020 Cole PJ. Inflammation: a two-edged sword--the model of bronchiectasis. Eur J Respir Dis Suppl. 1986;147:6-15.

Figura 1
Fisiopatogenia das bronquiectasias: “círculo vicioso” dos diversos fatores envolvidos.

Uma característica comum a várias das condições associadas ao aparecimento de bronquiectasias é a lesão concomitante de pequenas e grandes vias aéreas. Isso já foi demonstrado na bronquite crônica da DPOC e na fibrose cística.2121 Hogg JC, Chu F, Utokaparch S, Woods R, Elliott WM, Buzatu L, et al. The nature of small-airway obstruction in chronic obstructive pulmonary disease. N Engl J Med. 2004;350(26):2645-53. https://doi.org/10.1056/NEJMoa032158
https://doi.org/10.1056/NEJMoa032158...
,2222 Tiddens HA, Donaldson SH, Rosenfeld M, Paré PD. Cystic fibrosis lung disease starts in the small airways: can we treat it more effectively? Pediatr Pulmonol. 2010;45(2):107-17. https://doi.org/10.1002/ppul.21154
https://doi.org/10.1002/ppul.21154...
Processos inflamatórios não específicos das pequenas vias aéreas (bronquiolite e bronquiolectasias) podem inclusive preceder o seu aparecimento.

Nem sempre a condição que dispara o círculo vicioso acima descrito pode ser identificada. Nesses casos, os pacientes têm um diagnóstico presumido de bronquiectasias idiopáticas. Embora o acometimento pulmonar nas bronquiectasias seja difuso e bilateral em geral, mais raramente as obstruções brônquicas podem levar ao aparecimento de dilatações brônquicas localizadas por impedirem o funcionamento adequado do transporte mucociliar.

Dentre as condições que afetam os pulmões difusamente destacam-se algumas infecções virais (adenovírus; sarampo)2323 Wurzel DF, Mackay IM, Marchant JM, Wang CY, Yerkovich ST, Upham JW, et al. Adenovirus species C is associated with chronic suppurative lung diseases in children. Clin Infect Dis. 2014;59(1):34-40. https://doi.org/10.1093/cid/ciu225
https://doi.org/10.1093/cid/ciu225...

24 Becroft DM. Bronchiolitis obliterans, bronchiectasis, and other sequelae of adenovirus type 21 infection in young children. J Clin Pathol. 1971;24(1):72-82. https://doi.org/10.1136/jcp.24.1.72
https://doi.org/10.1136/jcp.24.1.72...
-2525 Kaschula RO, Druker J, Kipps A. Late morphologic consequences of measles: a lethal and debilitating lung disease among the poor. Rev Infect Dis. 1983;5(3):395-404. https://doi.org/10.1093/clinids/5.3.395
https://doi.org/10.1093/clinids/5.3.395...
e bacterianas (coqueluche; pneumonias bacterianas),2626 Johnston ID, Anderson HR, Lambert HP, Patel S. Respiratory morbidity and lung function after whooping-cough. Lancet. 1983;2(8359):1104-8. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(83)90626-8
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(83)90...
que podem funcionar como gatilhos para o desenvolvimento de bronquiectasias. No Brasil, destaca-se ainda a tuberculose pulmonar por se tratar de uma doença de alta incidência e prevalência2727 Brasil. Ministério da Saúde [homepage on the Internet]. Brasília: o Ministério [cited 2019 Apr 1]. Tuberculose: o que é, causas, sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção [about 20 screens]. Available from: http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/tuberculose
http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-...
e que deixa como sequela nos pulmões áreas de extensão variável de dilatações brônquicas crônicas.2828 Jordan TS, Spencer EM, Davies P. Tuberculosis, bronchiectasis and chronic airflow obstruction. Respirology. 2010;15(4):623-8. https://doi.org/10.1111/j.1440-1843.2010.01749.x
https://doi.org/10.1111/j.1440-1843.2010...

Condições que afetam diretamente a limpeza das vias aéreas, como a discinesia ciliar ou a fibrose cística, também podem ser desencadeantes dos eventos que levam às bronquiectasias difusas. A discinesia ciliar compromete o funcionamento do aparato ciliar e leva ao acúmulo de secreções, sobretudo em pequenas vias aéreas.2929 Olm MA, Caldini EG, Mauad T. Diagnosis of primary ciliary dyskinesia. J Bras Pneumol. 2015;41(3):251-63. https://doi.org/10.1590/S1806-37132015000004447
https://doi.org/10.1590/S1806-3713201500...
A fibrose cística, cujo defeito genético resulta em secreções respiratórias mais espessas e de difícil limpeza, apresenta tendência ao acúmulo dessas secreções nas pequenas vias aéreas e maior risco de contaminação bacteriana.1616 Athanazio RA, Silva Filho LVRF, Vergara AA, Ribeiro AF, Riedi CA, Procianoy EDFA, et al. Brazilian guidelines for the diagnosis and treatment of cystic fibrosis. J Bras Pneumol. 2017;43(3):219-245. https://doi.org/10.1590/s1806-37562017000000065
https://doi.org/10.1590/s1806-3756201700...
,2222 Tiddens HA, Donaldson SH, Rosenfeld M, Paré PD. Cystic fibrosis lung disease starts in the small airways: can we treat it more effectively? Pediatr Pulmonol. 2010;45(2):107-17. https://doi.org/10.1002/ppul.21154
https://doi.org/10.1002/ppul.21154...

O desenho das vias aéreas, semelhante a uma árvore, em que novos ramos aparecem por dicotomia, permite a identificação de gerações de brônquios. Da traqueia até aproximadamente a sexta geração de brônquios, o transporte de ar acontece por convecção (diferença de pressão) e existe fluxo de ar. Com o aumento progressivo da área de secção transversa a cada nova geração de vias aéreas, o fluxo de ar cai progressivamente até que, ao redor da 15ª geração de brônquios, não existe mais fluxo e as moléculas de gás se deslocam por difusão.3030 Weibel ER, Sapoval B, Filoche M. Design of peripheral airways for efficient gas exchange. Respir Physiol Neurobiol. 2005;148(1-2):3-21. https://doi.org/10.1016/j.resp.2005.03.005
https://doi.org/10.1016/j.resp.2005.03.0...
Dessa estrutura das vias aéreas, se conclui que a tosse, que depende de geração de fluxo, só substitui totalmente o transporte mucociliar até a 6ª geração de brônquios. A partir da 7ª geração, a tosse perde progressivamente a eficácia e, a partir da 15ª geração, a tosse não consegue compensar um transporte mucociliar prejudicado.3131 Svartengren K, Philipson K, Svartengren M, Nerbrink O, Camner P. Clearance in smaller airways of inhaled 6-microm particles in subjects with immotile-cilia syndrome. Exp Lung Res. 1995;21(5):667-82. https://doi.org/10.3109/01902149509050835
https://doi.org/10.3109/0190214950905083...
,3232 Schwardt JD, Neufeld GR, Baumgardner JE, Scherer PW. Noninvasive recovery of acinar anatomic information from CO2 expirograms. Ann Biomed Eng. 1994;22(3):293-306. https://doi.org/10.1007/BF02368236
https://doi.org/10.1007/BF02368236...

Em situações nas quais o transporte mucociliar é ineficaz, todos os contaminantes inalados tendem a permanecer nas vias aéreas de pequeno calibre. As bactérias que entram encontram nessa região um ambiente extremamente propício à proliferação. Agentes químicos e biológicos retidos desencadeiam uma resposta inflamatória que causa mais lesão estrutural e piora ainda mais o transporte mucociliar.

O estudo precursor de Reid3333 Reid LM. Reduction in bronchial subdivision in bronchiectasis. Thorax. 1950;5(3):233-47. https://doi.org/10.1136/thx.5.3.233
https://doi.org/10.1136/thx.5.3.233...
mostrou, por meio da correlação de achados de broncografia e estudo anatomopatológico de lobos ressecados cirurgicamente, que, em pacientes bronquiectásicos, o acometimento de grandes e pequenas vias aéreas é muitas vezes concomitante. Além das lesões em grandes vias aéreas, o autor observou pequenas vias aéreas com luz parcial ou totalmente obstruída por inflamação e/ou fibrose. Em muitos casos, os bronquíolos desapareciam de sua posição normal ao lado da arteríola pulmonar e apenas restos de sua estrutura eram encontrados. Dependendo da gravidade da obliteração bronquiolar, os achados broncográficos eram de bronquiectasias cilíndricas (obliteração bronquiolar menos frequente), varicosas (obliteração mais frequente) ou císticas/saculares, nas quais acontecia a obliteração de todas as vias aéreas de menor calibre. Essa perda de pequenas vias aéreas fazia com que um número muito menor de gerações brônquicas fosse identificado. A bronquiectasia parece ser, portanto, um padrão de resposta dos brônquios a vários tipos de agressão, os quais envolvem, via de regra, inflamação (de perfil predominantemente neutrofílico) e, na maior parte das vezes, infecções crônicas das vias aéreas.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico se define pela presença de dilatações brônquicas (não reversíveis) na TCAR, de modo que esse é o exame necessário e suficiente para confirmar ou excluir o diagnóstico. As causas e condições associadas devem então ser pesquisadas (Quadro 1).

Aspectos radiológicos

Desde sua introdução na década de 80, a TCAR se tornou o padrão ouro para o diagnóstico e a avaliação da extensão das alterações estruturais nas vias aéreas. O exame permite reconhecer alterações em vias aéreas de maior calibre, como dilatação da luz e espessamento de suas paredes. Em geral, detectam-se também alterações nas pequenas vias aéreas que podem ser descritas como sinais diretos e indiretos, eventualmente visualizados em lobos ainda sem dilatações de brônquios centrais. Sinais diretos decorrem da visualização de bronquíolos que podem se encontrar dilatados (bronquiolectasias), com luz preenchida por secreção (pequenos nódulos de baixa densidade; árvore em brotamento), ou com paredes espessadas. O sinal de árvore em brotamento representa a visualização da ramificação milimétrica das vias aéreas, invisível em situações normais, e tornada possível pelo acúmulo de secreção, alterações inflamatórias e dilatação dessas vias aéreas.3434 Kang EY, Miller RR, Muller NL. Bronchiectasis: comparison of preoperative thin-section CT and pathologic findings in resected specimens. Radiology. 1995;195(3):649-54. https://doi.org/10.1148/radiology.195.3.7753989
https://doi.org/10.1148/radiology.195.3....

A presença de atenuação em mosaico, mais facilmente identificável nos cortes em expiração, é o chamado “sinal indireto”, que decorre de aprisionamento aéreo nos lóbulos devido à suboclusão da luz bronquiolar, essa decorrente de inflamação/fibrose na parede bronquiolar.3535 Im JG, Kim SH, Chung MJ, Koo JM, Han MC. Lobular low attenuation of the lung parenchyma on CT: evaluation of forty-eight patients. J Comput Assist Tomogr. 1996;20(5):756-62. https://doi.org/10.1097/00004728-199609000-00013
https://doi.org/10.1097/00004728-1996090...
Sinais de colapso de regiões pulmonares por infecções recorrentes também podem eventualmente ser visualizados. Algumas das alterações acima descritas podem ser observadas nas Figuras 2, 3 e 4.

Figura 2
TCAR de tórax. Em A, sinal de árvore em brotamento (setas). Em B, sinal de impacção (plug) mucosa em pequenas vias aéreas (círculos) e espessamento de parede brônquica (setas).

Figura 3
TCAR de tórax. Perfusão (ou atenuação) em mosaico. Embora presente em A (inspiração), fica mais visível na expiração em B. As áreas mais escuras indicam aprisionamento aéreo por comprometimento de pequenas vias aéreas, associado à oligemia.

Figura 4
TCAR de tórax. Em A, bronquiectasias císticas em áreas fibroatelectásicas. Em B, bronquiectasias varicosas (setas) e císticas (círculo). Notar a perda de gerações brônquicas (perda da ramificação milimétrica) e prejuízo na visualização da trama vasobrônquica, sugestiva de aprisionamento aéreo (mesmo em inspiração).

Achados adicionais na TCAR podem sugerir alguma causa específica. Por exemplo, a presença de enfisema concomitante é sugestiva de DPOC, a evidência de situs inversus ou profusão de nódulos sugestivos de impacção mucoide bronquiolar em campos inferiores deve remeter à discinesia ciliar, e a evidência de traqueomegalia ou pseudodivertículos nas paredes traqueobronquiais deve lembrar a síndrome de Mounier-Kuhn.

A distribuição regional das bronquiectasias pode dar informações úteis para o diagnóstico etiológico,3636 Bueno J, Flors L. The role of imaging in the diagnosis of bronchiectasis: the key is in the distribution. Radiologia. 2018;60(1):39-48. https://doi.org/10.1016/j.rx.2017.06.009
https://doi.org/10.1016/j.rx.2017.06.009...
sobretudo quando seu predomínio é em lobos superiores, achado comum na fibrose cística. O envolvimento predominante em regiões anteriores (lobo médio e língula) deve remeter a micobactérias não tuberculosas3737 Kwak N, Lee CH, Lee HJ, Kang YA, Lee JH, Han SK, et al. Non-tuberculous mycobacterial lung disease: diagnosis based on computed tomography of the chest. Eur Radiol. 2016;26(12):4449-4456. https://doi.org/10.1007/s00330-016-4286-6
https://doi.org/10.1007/s00330-016-4286-...
ou panbronquiolite difusa, essa última descrita classicamente em orientais3838 Kudoh S, Keicho N. Diffuse panbronchiolitis. Clin Chest Med. 2012;33(2):297-305. https://doi.org/10.1016/j.ccm.2012.02.005
https://doi.org/10.1016/j.ccm.2012.02.00...
e rara em nosso meio. O predomínio em campos inferiores é comum a várias condições, tais como discinesia ciliar,2929 Olm MA, Caldini EG, Mauad T. Diagnosis of primary ciliary dyskinesia. J Bras Pneumol. 2015;41(3):251-63. https://doi.org/10.1590/S1806-37132015000004447
https://doi.org/10.1590/S1806-3713201500...
quadros associados à aspiração crônica (causa que deve ser lembrada em pacientes com alterações do estado mental), comprometimento da deglutição ou doença do refluxo gastroesofágico,3939 Franquet T, Giménez A, Rosón N, Torrubia S, Sabaté JM, Pérez C. Aspiration diseases: findings, pitfalls, and differential diagnosis. Radiographics. 2000;20(3):673-85. https://doi.org/10.1148/radiographics.20.3.g00ma01673
https://doi.org/10.1148/radiographics.20...
bronquiectasias secundárias à hipogamaglobulinemia, imunossupressão e rejeição crônica em pacientes receptores de transplantes (pulmão; medula óssea). O predomínio central com grandes impacções de muco (sinal do dedo de luva) é sugestivo de aspergilose broncopulmonar alérgica. Nas bronquiectasias após tuberculose pulmonar frequentemente a distribuição é assimétrica, com acometimento preferencial de lobos superiores ou de segmentos apicais dos inferiores, sendo também frequentes espessamento pleural e distorção do parênquima adjacente. Bronquiectasias localizadas podem ocorrer por obstrução brônquica, e, nesses casos, há indicação de investigação broncoscópica.

Investigação etiológica

A evidência de bronquiectasias na TCAR costuma ocorrer na investigação de pacientes com tosse produtiva crônica e/ou repetidas infecções respiratórias em vias aéreas superiores e inferiores, podendo ou não haver alterações no raio X de tórax. Para esses pacientes, recomenda-se a investigação etiológica após a confirmação do diagnóstico pela TCAR (Figura 5).

Figura 5
Algoritmo para o diagnóstico e a investigação etiológica das bronquiectasias. TMO: transplante de medula óssea; e Tx: transplante.

Pode-se também detectar bronquiectasias em pacientes sintomáticos respiratórios e com enfermidades/condições que eventualmente apresentam envolvimento de vias aéreas (DPOC, asma, doenças do colágeno, doença inflamatória intestinal, fibrose cística e refluxo gastroesofágico). Mesmo quando a causa é conhecida, deve-se lembrar da possível concomitância de condições; por exemplo, associação de asma com refluxo gastroesofágico ou aspergilose broncopulmonar alérgica; de doença do colágeno com infecções, como micobacteriose.

No Quadro 1 estão listadas as principais causas e condições associadas a bronquiectasias. Nas séries publicadas, a frequência de cada uma delas pode variar conforme a região estudada (maior prevalência de infecções) e da disponibilidade de exames subsidiários necessários para a investigação diagnóstica. Na maioria das séries, a etiologia pós-infecciosa é uma das mais frequentes, ficando entre 20% e 32%.4040 Olveira C, Padilla A, Martínez-García MA, de la Rosa D, Girón RM, Vendrell M, et al. Etiology of Bronchiectasis in a Cohort of 2047 Patients. An Analysis of the Spanish Historical Bronchiectasis Registry. Arch Bronconeumol. 2017;53(7):366-374. https://doi.org/10.1016/j.arbres.2016.12.003
https://doi.org/10.1016/j.arbres.2016.12...

41 Lonni S, Chalmers JD, Goeminne PC, McDonnell MJ, Dimakou K, De Soyza A, et al. Etiology of Non-Cystic Fibrosis Bronchiectasis in Adults and Its Correlation to Disease Severity. Ann Am Thorac Soc. 2015;12(12):1764-70. https://doi.org/10.1513/AnnalsATS.201507-472OC
https://doi.org/10.1513/AnnalsATS.201507...
-4242 Shoemark A, Ozerovitch L, Wilson R. Aetiology in adult patients with bronchiectasis. Respir Med. 2007;101(6):1163-70. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2006.11.008
https://doi.org/10.1016/j.rmed.2006.11.0...
Deve-se considerar como de “causa desconhecida” (24-40% dos casos)4040 Olveira C, Padilla A, Martínez-García MA, de la Rosa D, Girón RM, Vendrell M, et al. Etiology of Bronchiectasis in a Cohort of 2047 Patients. An Analysis of the Spanish Historical Bronchiectasis Registry. Arch Bronconeumol. 2017;53(7):366-374. https://doi.org/10.1016/j.arbres.2016.12.003
https://doi.org/10.1016/j.arbres.2016.12...
,4141 Lonni S, Chalmers JD, Goeminne PC, McDonnell MJ, Dimakou K, De Soyza A, et al. Etiology of Non-Cystic Fibrosis Bronchiectasis in Adults and Its Correlation to Disease Severity. Ann Am Thorac Soc. 2015;12(12):1764-70. https://doi.org/10.1513/AnnalsATS.201507-472OC
https://doi.org/10.1513/AnnalsATS.201507...
apenas os pacientes nos quais não se consegue definir um diagnóstico mesmo depois de realizados todos os exames preconizados. Em um estudo4141 Lonni S, Chalmers JD, Goeminne PC, McDonnell MJ, Dimakou K, De Soyza A, et al. Etiology of Non-Cystic Fibrosis Bronchiectasis in Adults and Its Correlation to Disease Severity. Ann Am Thorac Soc. 2015;12(12):1764-70. https://doi.org/10.1513/AnnalsATS.201507-472OC
https://doi.org/10.1513/AnnalsATS.201507...
que analisou 1.258 pacientes oriundos de sete bancos de dados (Itália, Reino Unido, Bélgica, Espanha, Grécia e Irlanda), não houve estabelecimento da causa em 40% desses; a causa foi pós-infecciosa, em 20%; DPOC, em 15%; doença do tecido conjuntivo, em 15%; imunodeficiências, em 5,8%; e asma, em 3,3%.

No estudo de validação do escore FACED realizado em seis centros da América Latina (quatro brasileiros), de um total de 651 pacientes incluídos, a causa foi caracterizada como pós-infecciosa, em 40,3%; idiopática, em 31,3%; discinesia ciliar, em 9,0%; doença de vias aéreas (DPOC, asma ou bronquiolites), em 5,1%; e doenças reumatológicas, em 4,3%.4343 Athanazio R, Pereira MC, Gramblicka G, Cavalcanti-Lundgren F, de Figueiredo MF, Arancibia F, et al. Latin America validation of FACED score in patients with bronchiectasis: an analysis of six cohorts. BMC Pulm Med. 2017;17(1):73. https://doi.org/10.1186/s12890-017-0417-3
https://doi.org/10.1186/s12890-017-0417-...

A relevância da investigação etiológica reside no fato de que algumas condições podem se beneficiar com medidas terapêuticas específicas (aspergilose broncopulmonar alérgica, doenças do colágeno, imunodeficiências, aspiração, discinesia ciliar, fibrose cística, obstrução brônquica, DPOC e asma), e isso pode ocorrer entre 13%4141 Lonni S, Chalmers JD, Goeminne PC, McDonnell MJ, Dimakou K, De Soyza A, et al. Etiology of Non-Cystic Fibrosis Bronchiectasis in Adults and Its Correlation to Disease Severity. Ann Am Thorac Soc. 2015;12(12):1764-70. https://doi.org/10.1513/AnnalsATS.201507-472OC
https://doi.org/10.1513/AnnalsATS.201507...
e 37% dos casos.4242 Shoemark A, Ozerovitch L, Wilson R. Aetiology in adult patients with bronchiectasis. Respir Med. 2007;101(6):1163-70. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2006.11.008
https://doi.org/10.1016/j.rmed.2006.11.0...

ACOMPANHAMENTO E MONITORIZAÇÃO

Aspectos funcionais

Todos os pacientes com bronquiectasias devem ter avaliação funcional periódica a fim de se detectar o declínio da função pulmonar tão logo haja algum sinal. Para tal, a espirometria com o uso de broncodilatador é satisfatória para a grande maioria dos pacientes. Distúrbio obstrutivo é o achado mais frequente, mas reduções significativas da CVF podem ser encontradas em doença mais avançada, com maior destruição do parênquima pulmonar. Os fluxos terminais estão reduzidos, a relação VR/CPT está aumentada (sugerindo aprisionamento aéreo), e CVF e CPT estão normais ou baixas.4444 Cherniack NS, Carton RW. Factors associated with respiratory insufficiency in bronchiectasis. Am J Med. 1966;41(4):562-71. https://doi.org/10.1016/0002-9343(66)90218-X
https://doi.org/10.1016/0002-9343(66)902...
,4545 Koulouris NG, Retsou S, Kosmas E, Dimakou K, Malagari K, Mantzikopoulos G, et al. Tidal expiratory flow limitation, dyspnoea and exercise capacity in patients with bilateral bronchiectasis. Eur Respir J. 2003;21(5):743-8. https://doi.org/10.1183/09031936.03.00301103
https://doi.org/10.1183/09031936.03.0030...
O VEF1 reduzido se correlaciona com a presença de dispneia - avaliada pela escala modified Medical Research Council (mMRC) - e com a extensão de doença na TCAR.4646 Roberts HR, Wells AU, Milne DG, Rubens MB, Kolbe J, Cole PJ, et al. Airflow obstruction in bronchiectasis: correlation between computed tomography features and pulmonary function tests. Thorax. 2000;55(3):198-204. https://doi.org/10.1136/thorax.55.3.198
https://doi.org/10.1136/thorax.55.3.198...
Aproximadamente 33% dos pacientes com bronquiectasias apresentam resultados positivos para o teste de broncoprovocação induzida por metacolina ou histamina. O teste de DLCO geralmente é normal, podendo estar reduzido em doença avançada e quando há enfisema associado.4747 Pasteur MC, Bilton D, Hill AT; British Thoracic Society Bronchiectasis non-CF Guideline Group. British Thoracic Society guideline for non-CF bronchiectasis. Thorax. 2010;65 Suppl 1:i1-58. https://doi.org/10.1136/thx.2010.136119
https://doi.org/10.1136/thx.2010.136119...

O teste de caminhada de seis minutos e o teste incremental de caminhada com velocidade controlada (incremental shuttle walk test) podem adicionar informações funcionais à espirometria.4848 Lee AL, Hill CJ, Cecins N, Jenkins S, McDonald CF, Burge AT, et al. Minimal important difference in field walking tests in non-cystic fibrosis bronchiectasis following exercise training. Respir Med. 2014;108(9):1303-9. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2014.07.006
https://doi.org/10.1016/j.rmed.2014.07.0...
,4949 de Camargo AA, Amaral TS, Rached SZ, Athanazio RA, Lanza FC, Sampaio LM, et al. Incremental shuttle walking test: a reproducible and valid test to evaluate exercise tolerance in adults with noncystic fibrosis bronchiectasis. Arch Phys Med Rehabil. 2014;95(5):892-9. https://doi.org/10.1016/j.apmr.2013.11.019
https://doi.org/10.1016/j.apmr.2013.11.0...
O primeiro tem a vantagem de ser extensamente validado em doenças respiratórias e requer basicamente espaço e pessoal treinado para sua realização.5050 ATS Committee on Proficiency Standards for Clinical Pulmonary Function Laboratories. ATS statement: guidelines for the six-minute walk test. Am J Respir Crit Care Med. 2002;166(1):111-7. https://doi.org/10.1164/ajrccm.166.1.at1102
https://doi.org/10.1164/ajrccm.166.1.at1...
Nesse contexto, a distância caminhada em seis minutos se correlaciona melhor com a qualidade de vida do que com testes funcionais.5151 Lee AL, Button BM, Ellis S, Stirling R, Wilson JW, Holland AE, et al. Clinical determinants of the 6-Minute Walk Test in bronchiectasis. Respir Med. 2009;103(5):780-5. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2008.11.005
https://doi.org/10.1016/j.rmed.2008.11.0...
O teste shuttle pode ser útil sobretudo em pacientes com função pulmonar preservada, devido ao potencial “efeito teto” do teste de caminhada de seis minutos, e foi validado para pacientes com bronquiectasias.4949 de Camargo AA, Amaral TS, Rached SZ, Athanazio RA, Lanza FC, Sampaio LM, et al. Incremental shuttle walking test: a reproducible and valid test to evaluate exercise tolerance in adults with noncystic fibrosis bronchiectasis. Arch Phys Med Rehabil. 2014;95(5):892-9. https://doi.org/10.1016/j.apmr.2013.11.019
https://doi.org/10.1016/j.apmr.2013.11.0...
,5252 Cartlidge MK, Smith MP, Bedi P, Donaldson S, Clarke A, Mantoani LC, et al. Validation of the Incremental Shuttle Walk Test as a Clinical End Point in Bronchiectasis. Chest. 2018;154(6):1321-1329. https://doi.org/10.1016/j.chest.2018.09.019
https://doi.org/10.1016/j.chest.2018.09....

Nossa recomendação:

Realizar espirometria com broncodilatador a cada 6 meses, avaliação dos volumes pulmonares (se disponível) anual e teste de caminhada de seis minutos (a critério médico).

Aspectos microbiológicos

A identificação de micro-organismos potencialmente patogênicos (MPP) nas vias aéreas de pacientes com bronquiectasias é um achado comum que está relacionado a maior inflamação brônquica e, consequentemente, deterioração clínica progressiva.5353 McDonnell MJ, Aliberti S, Goeminne PC, Dimakou K, Zucchetti SC, Davidson J, et al. Multidimensional severity assessment in bronchiectasis: an analysis of seven European cohorts. Thorax. 2016;71(12):1110-1118. https://doi.org/10.1136/thoraxjnl-2016-208481
https://doi.org/10.1136/thoraxjnl-2016-2...
Entende-se por colonização a presença, crescimento e multiplicação de um micro-organismo em um hospedeiro sem que haja qualquer expressão clínica ou detecção de resposta imunológica.5454 Jarvis WR. The epidemiology of colonization. Infect Control Hosp Epidemiol. 1996;17(1):47-52. https://doi.org/10.2307/30142366
https://doi.org/10.2307/30142366...
Dentro desse contexto, o termo “colonização brônquica” deve ser evitado, pois a presença de MPP em vias aéreas inferiores não é inócua, e, nessas condições, seria mais adequado o emprego do termo “infecção brônquica crônica”. Existem fortes evidências de que esses micro-organismos estão associados a declínio acelerado da função pulmonar, maior número de exacerbações, piora da qualidade de vida e maior mortalidade.1717 Loebinger MR, Wells AU, Hansell DM, Chinyanganya N, Devaraj A, Meister M, et al. Mortality in bronchiectasis: a long-term study assessing the factors influencing survival. Eur Respir J. 2009;34(4):843-9. https://doi.org/10.1183/09031936.00003709
https://doi.org/10.1183/09031936.0000370...
,5353 McDonnell MJ, Aliberti S, Goeminne PC, Dimakou K, Zucchetti SC, Davidson J, et al. Multidimensional severity assessment in bronchiectasis: an analysis of seven European cohorts. Thorax. 2016;71(12):1110-1118. https://doi.org/10.1136/thoraxjnl-2016-208481
https://doi.org/10.1136/thoraxjnl-2016-2...
,5555 Finch S, McDonnell MJ, Abo-Leyah H, Aliberti S, Chalmers JD. A Comprehensive Analysis of the Impact of Pseudomonas aeruginosa Colonization on Prognosis in Adult Bronchiectasis. Ann Am Thorac Soc. 2015;12(11):1602-11. https://doi.org/10.1513/AnnalsATS.201506-333OC
https://doi.org/10.1513/AnnalsATS.201506...
,5656 Martínez-Garcia MA, Soler-Cataluña JJ, Perpiña-Tordera M, Román-Sánchez P, Soriano J. Factors associated with lung function decline in adult patients with stable non-cystic fibrosis bronchiectasis. Chest. 2007;132(5):1565-72. https://doi.org/10.1378/chest.07-0490
https://doi.org/10.1378/chest.07-0490...

Entende-se por MPP diversas espécies de bactérias Gram negativas e positivas, micobactérias e fungos que possuem a habilidade de causar diretamente uma agressão pulmonar. Estudos recentes com a avaliação do microbioma revelaram a existência de grande abundância e variedade de bactérias no trato respiratório inferior, sendo esse achado um dos determinantes de um adequado funcionamento do pulmão e de proteção contra infecções recorrentes. Nos pacientes com bronquiectasias, observa-se uma redução dessa variedade de bactérias com o aumento da proporção de uma espécie potencialmente patogênica à medida que aumenta a gravidade da doença. Pela perda da arquitetura brônquica e prejuízo dos mecanismos de defesa locais encontrados nesses pacientes, há um maior risco de um MPP infectar cronicamente o trato respiratório desses indivíduos. A infecção brônquica crônica pode produzir alteração do balanço da microbiota pulmonar, o que tem impacto negativo no curso clínico da doença.5757 Boyton RJ, Reynolds CJ, Quigley KJ, Altmann DM. Immune mechanisms and the impact of the disrupted lung microbiome in chronic bacterial lung infection and bronchiectasis. Clin Exp Immunol. 2013;171(2):117-23. https://doi.org/10.1111/cei.12003
https://doi.org/10.1111/cei.12003...
,5858 Faner R, Sibila O, Agustí A, Bernasconi E, Chalmers JD, Huffnagle GB, et al. The microbiome in respiratory medicine: current challenges and future perspectives. Eur Respir J. 2017;49(4). pii: 1602086. https://doi.org/10.1183/13993003.02086-2016
https://doi.org/10.1183/13993003.02086-2...
A associação de MPP com o declínio acentuado da doença está bem documentada em pacientes que apresentam infecção brônquica crônica por P. aeruginosa.5959 Chalmers JD, Goeminne P, Aliberti S, McDonnell MJ, Lonni S, Davidson J, et al. The bronchiectasis severity index. An international derivation and validation study. Am J Respir Crit Care Med. 2014;189(5):576-85. https://doi.org/10.1164/rccm.201309-1575OC
https://doi.org/10.1164/rccm.201309-1575...
A presença de outras bactérias também pode acarretar uma deterioração clínica acelerada; contudo, o impacto real dessas infecções ainda está por ser totalmente determinado.6060 Aliberti S, Lonni S, Dore S, McDonnell MJ, Goeminne PC, Dimakou K, et al. Clinical phenotypes in adult patients with bronchiectasis. Eur Respir J. 2016;47(4):1113-22. https://doi.org/10.1183/13993003.01899-2015
https://doi.org/10.1183/13993003.01899-2...
Por exemplo, um estudo recente utilizando uma grande base de dados americana mostrou que a identificação de Staphylococcus aureus sensível a meticilina parece não ser um fator de risco independente para doença grave nos pacientes com bronquiectasias.6161 Metersky ML, Aksamit TR, Barker A, Choate R, Daley CL, Daniels LA, et al. The Prevalence and Significance of Staphylococcus aureus in Patients with Non-Cystic Fibrosis Bronchiectasis. Ann Am Thorac Soc. 2018;15(3):365-370. https://doi.org/10.1513/AnnalsATS.201706-426OC
https://doi.org/10.1513/AnnalsATS.201706...

Algumas definições devem ser destacadas nesse contexto:

  • Primoinfecção: quando uma primeira cultura positiva é identificada para um MPP que não foi isolado em exames periódicos prévios

  • Infecção brônquica intermitente: quando resultados de cultura para um determinado MPP apresentam-se ora positivos ora negativos em amostras coletadas com intervalos de pelo menos 1 mês após uma primoinfecção

  • Infecção brônquica crônica: quando duas ou mais culturas positivas para o mesmo MPP são encontradas em um período de 12 meses em amostras coletadas com intervalos de pelo menos 3 meses

  • Erradicação: quando um determinado MPP deixa de ser identificado em ao menos duas amostras consecutivas coletadas com intervalo de pelo menos 1 mês num período de 6 meses

O escarro é o espécime de escolha para a realização de cultura com o intuito de se identificar MPP em pacientes com bronquiectasias. As amostras devem ser entregues imediatamente ao laboratório ou mantidas sob refrigeração sem ultrapassar 3 h de intervalo a partir da coleta.6262 Cuthbertson L, Rogers GB, Walker AW, Oliver A, Hafiz T, Hoffman LR, et al. Time between collection and storage significantly influences bacterial sequence composition in sputum samples from cystic fibrosis respiratory infections. J Clin Microbiol. 2014;52(8):3011-6. https://doi.org/10.1128/JCM.00764-14
https://doi.org/10.1128/JCM.00764-14...
Além disso, uma avaliação microscópica do escarro deve ser realizada com o intuito de assegurar a qualidade da amostra obtida e sua representatividade em relação ao trato respiratório inferior, sendo necessária a identificação de mais de 25 leucócitos e menos de 10 células epiteliais por campo em aumento de 100×. Em pacientes com dificuldade para expectorar, amostras obtidas por LBA podem ser necessárias. Nesses casos, a cultura quantitativa deve ser aplicada obrigatoriamente.6363 The UK Cystic Fibrosis Trust Microbiology Laboratory Standards Working Group. [updated 2010, cited 2019 Apr 1]. Laboratory Standards for Processing Microbiological Samples from People with Cystic Fibrosis [Adobe Acrobat document, 40p.]. Available from: https://www.cysticfibrosis.org.uk/~/media/documents/the-work-we-do/care/consensus-docs-with-new-address/laboratory-standards.ashx?la=en
https://www.cysticfibrosis.org.uk/~/medi...
Diante da identificação de MPP, recomenda-se realizar testes de susceptibilidade antibiótica para o melhor direcionamento da escolha do antibiótico sistêmico a ser empregado. Entretanto, existem evidências crescentes de uma baixa correlação entre susceptibilidade in vitro e resposta clínica in vivo, sobretudo no caso de bactérias produtoras de biofilme.6464 Aaron SD, Vandemheen KL, Ferris W, Fergusson D, Tullis E, Haase D, et al. Combination antibiotic susceptibility testing to treat exacerbations of cystic fibrosis associated with multiresistant bacteria: a randomised, double-blind, controlled clinical trial. Lancet. 2005;366(9484):463-71. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(05)67060-2
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(05)67...
Assim, o julgamento clínico deve guiar a definição terapêutica. É importante ressaltar que, para a escolha de um antibiótico inalatório, os testes de susceptibilidade não são apropriados. Quando se utiliza a via inalatória, os fármacos atingem altas concentrações no trato respiratório inferior e a sua eficácia clínica pode permanecer mesmo em situações de resistência bacteriana demonstrada in vitro.6565 Brodt AM, Stovold E, Zhang L. Inhaled antibiotics for stable non-cystic fibrosis bronchiectasis: a systematic review. Eur Respir J. 2014;44(2):382-93. https://doi.org/10.1183/09031936.00018414
https://doi.org/10.1183/09031936.0001841...

Nossa recomendação:

Coletar amostras do trato respiratório inferior (escarro, por exemplo) em intervalos regulares de 3-4 meses e nas exacerbações pulmonares para a realização de cultura aeróbia, assim como de cultura para fungos e micobactérias anualmente. Caso o paciente esteja em uso crônico de macrolídeos, deve-se realizar cultura para micobactérias a cada 6 meses.

Qualidade de vida

Alguns estudos evidenciaram que pacientes com bronquiectasias têm redução na qualidade de vida, sintomas de fadiga e astenia, além de pontuações elevadas em escores de depressão e ansiedade.6666 Wilson CB, Jones PW, O'Leary CJ, Hansell DM, Cole PJ, Wilson R. Effect of sputum bacteriology on the quality of life of patients with bronchiectasis. Eur Respir J. 1997;10(8):1754-60. https://doi.org/10.1183/09031936.97.10081754
https://doi.org/10.1183/09031936.97.1008...
,6767 O'Leary CJ, Wilson CB, Hansell DM, Cole PJ, Wilson R, Jones PW. Relationship between psychological well-being and lung health status in patients with bronchiectasis. Respir Med. 2002;96(9):686-92. https://doi.org/10.1053/rmed.2002.1330
https://doi.org/10.1053/rmed.2002.1330...

Maiores níveis de depressão relacionam-se com maior gravidade de dispneia.6868 O'Donnell AE, Barker AF, Ilowite JS, Fick RB. Treatment of idiopathic bronchiectasis with aerosolized recombinant human DNase I. rhDNase Study Group. Chest. 1998;113(5):1329-34. https://doi.org/10.1378/chest.113.5.1329
https://doi.org/10.1378/chest.113.5.1329...
Pacientes com infecção brônquica crônica por P. aeruginosa têm pior qualidade de vida do que aqueles com infecção crônica por outras bactérias.6666 Wilson CB, Jones PW, O'Leary CJ, Hansell DM, Cole PJ, Wilson R. Effect of sputum bacteriology on the quality of life of patients with bronchiectasis. Eur Respir J. 1997;10(8):1754-60. https://doi.org/10.1183/09031936.97.10081754
https://doi.org/10.1183/09031936.97.1008...
Além disso, a tosse crônica impacta na qualidade de vida desses pacientes e seus familiares.6969 Pasteur MC, Helliwell SM, Houghton SJ, Webb SC, Foweraker JE, Coulden RA, et al. An investigation into causative factors in patients with bronchiectasis. Am J Respir Crit Care Med. 2000;162(4 Pt 1):1277-84. https://doi.org/10.1164/ajrccm.162.4.9906120
https://doi.org/10.1164/ajrccm.162.4.990...
No entanto, alguns autores demonstraram que a gravidade da doença medida pela TC não se correlaciona com o sentimento psíquico de bem-estar.6767 O'Leary CJ, Wilson CB, Hansell DM, Cole PJ, Wilson R, Jones PW. Relationship between psychological well-being and lung health status in patients with bronchiectasis. Respir Med. 2002;96(9):686-92. https://doi.org/10.1053/rmed.2002.1330
https://doi.org/10.1053/rmed.2002.1330...

Marcadores sistêmicos

Os marcadores de inflamação, como a proteína C reativa (PCR) e o número de leucócitos totais, têm relação com a extensão de doença e com função pulmonar mais comprometida.7070 Wilson CB, Jones PW, O'Leary CJ, Hansell DM, Dowling RB, Cole PJ, et al. Systemic markers of inflammation in stable bronchiectasis. Eur Respir J. 1998;12(4):820-4. https://doi.org/10.1183/09031936.98.12040820
https://doi.org/10.1183/09031936.98.1204...
Nos pacientes estáveis, um estudo demonstrou que a maior gravidade das bronquiectasias, avaliada pelo Bronchiectasis Severity Index (BSI) e escore FACED, correlacionou-se com níveis mais elevados de PCR, mas não com a contagem de leucócitos totais ou a razão neutrófilos/linfócitos.7171 Coban H, Gungen AC. Is There a Correlation between New Scoring Systems and Systemic Inflammation in Stable Bronchiectasis? Can Respir J. 2017;2017:9874068. https://doi.org/10.1155/2017/9874068
https://doi.org/10.1155/2017/9874068...

A inflamação de vias aéreas tem a predominância de neutrófilos, de modo que algumas citocinas inflamatórias, como IL-1, IL-6, e TNF-α, estão aumentadas, mas a IL-10 está diminuída.7272 Fuschillo S, De Felice A, Balzano G. Mucosal inflammation in idiopathic bronchiectasis: cellular and molecular mechanisms. Eur Respir J. 2008;31(2):396-406. https://doi.org/10.1183/09031936.00069007
https://doi.org/10.1183/09031936.0006900...
No entanto, essas citocinas não são marcadores usados na prática clínica.

Nossa recomendação:

Embora a PCR pareça ser um marcador relacionado à inflamação e disponível para uso na prática clínica, não há evidências suficientes para recomendar seu uso de rotina para avaliar a gravidade da doença.

Escores de gravidade e prognóstico

Embora exista uma clara relação de maior gravidade e mortalidade em pacientes com bronquiectasias com infecção crônica por P. aeruginosa,7373 Araujo D, Shteinberg M, Aliberti S, Goeminne PC, Hill AT, Fardon TC, et al. The independent contribution of Pseudomonas aeruginosa infection to long-term clinical outcomes in bronchiectasis. Eur Respir J. 2018;51(2). pii: 1701953. https://doi.org/10.1183/13993003.01953-2017
https://doi.org/10.1183/13993003.01953-2...
outros fatores contribuem para a evolução clínica e funcional desses pacientes. Por ser uma condição de manejo complexo, associada a diversas causas e com grande heterogeneidade clínica, foram desenvolvidos escores multidimensionais para melhor se estimar sua gravidade e prognóstico. Os mais usados são o escore FACED7474 Martínez-García MÁ, de Gracia J, Vendrell Relat M, Girón RM, Máiz Carro L, de la Rosa Carrillo D, et al. Multidimensional approach to non-cystic fibrosis bronchiectasis: the FACED score. Eur Respir J. 2014;43(5):1357-67. https://doi.org/10.1183/09031936.00026313
https://doi.org/10.1183/09031936.0002631...
e o BSI.5959 Chalmers JD, Goeminne P, Aliberti S, McDonnell MJ, Lonni S, Davidson J, et al. The bronchiectasis severity index. An international derivation and validation study. Am J Respir Crit Care Med. 2014;189(5):576-85. https://doi.org/10.1164/rccm.201309-1575OC
https://doi.org/10.1164/rccm.201309-1575...

O escore FACED utiliza as seguintes variáveis: VEF1 em % do predito, idade, colonização crônica por P. aeruginosa, extensão de imagem na TCAR de tórax (número de lobos afetados, sendo que a língula conta como lobo independente) e dispneia, avaliada por meio da escala mMRC.7474 Martínez-García MÁ, de Gracia J, Vendrell Relat M, Girón RM, Máiz Carro L, de la Rosa Carrillo D, et al. Multidimensional approach to non-cystic fibrosis bronchiectasis: the FACED score. Eur Respir J. 2014;43(5):1357-67. https://doi.org/10.1183/09031936.00026313
https://doi.org/10.1183/09031936.0002631...
O escore E-FACED incluiu exacerbação grave no último ano às demais variáveis do FACED e mostrou-se capaz de predizer, além da mortalidade, o risco de exacerbação.7575 Martinez-Garcia MA, Athanazio RA, Girón R, Máiz-Carro L, de la Rosa D, Olveira C, et al. Predicting high risk of exacerbations in bronchiectasis: the E-FACED score. Int J Chron Obstruct Pulmon Dis. 2017;12:275-284. https://doi.org/10.2147/COPD.S121943
https://doi.org/10.2147/COPD.S121943...
Os escores FACED e E-FACED são fáceis de usar e foram validados em pacientes no Brasil (Quadro 2).4343 Athanazio R, Pereira MC, Gramblicka G, Cavalcanti-Lundgren F, de Figueiredo MF, Arancibia F, et al. Latin America validation of FACED score in patients with bronchiectasis: an analysis of six cohorts. BMC Pulm Med. 2017;17(1):73. https://doi.org/10.1186/s12890-017-0417-3
https://doi.org/10.1186/s12890-017-0417-...
Além de úteis para prever a mortalidade por todas as causas e exacerbações, apresentaram excelente capacidade discriminativa para os diferentes graus de gravidade (de leve a grave). Tais escores também podem ser usados para auxiliar na avaliação de resposta terapêutica a intervenções adotadas.7676 de la Rosa Carrillo D, Athanazio R, Girón Moreno RM, Máiz Carro L, Olveira C, de Gracia J, et al. The annual prognostic ability of FACED and E-FACED scores to predict mortality in patients with bronchiectasis. ERJ Open Res. 2018;4(1). pii: 00139-2017. https://doi.org/10.1183/23120541.00139-2017
https://doi.org/10.1183/23120541.00139-2...

Quadro 2
Escore E-FACED: acrônimo de Exacerbação), VEF 1, idade (do inglê Ag e), Colonização crônica por Pseudomonas aeruginosa, Extensão dos achados tomográficos e Dispneia.

O BSI inclui, além das variáveis do FACED, índice de massa corpórea, infecção crônica por outros micro-organismos, internações hospitalares e exacerbações no ano anterior. Embora o preenchimento de dados seja um pouco mais trabalhoso, há uma homepage na Internet para tanto (http://www.bronchiectasisseverity.com/15-2/). O BSI também apresenta boa capacidade para estimar a mortalidade futura e exacerbações.5959 Chalmers JD, Goeminne P, Aliberti S, McDonnell MJ, Lonni S, Davidson J, et al. The bronchiectasis severity index. An international derivation and validation study. Am J Respir Crit Care Med. 2014;189(5):576-85. https://doi.org/10.1164/rccm.201309-1575OC
https://doi.org/10.1164/rccm.201309-1575...

Nossa recomendação:

Deve-se calcular um escore de gravidade e a estimativa de prognóstico ao diagnóstico do paciente com bronquiectasias. A obtenção periódica do escore (anualmente, por exemplo) auxilia no manejo terapêutico. Até o momento atual, os escores FACED e E-FACED estão validados para a população brasileira.

MANEJO TERAPÊUTICO DO PACIENTE ESTÁVEL

Apesar da falta de medicações aprovadas em agências regulatórias para o tratamento de pacientes com bronquiectasias, diversas drogas e estratégias mostraram benefícios na melhora tanto da qualidade de vida como de desfechos clínicos. Por se tratar de uma doença complexa e heterogênea, o tratamento deve ser individualizado considerando as diversas peculiaridades e manifestações clínicas do paciente, além do tratamento para algumas condições específicas. Entretanto, algumas recomendações são importantes para todos os pacientes com bronquiectasias, assim como intervenções direcionadas a fenótipos específicos da doença (Figura 6).

Figura 6
Algoritmo para o manejo terapêutico do paciente estável com bronquiectasia. BiPAP: bilevel positive airway pressure (BiPAP, pressão positiva das vias aéreas em dois níveis).

Tratamento das causas ou condições específicas

Algumas causas de bronquiectasias têm tratamento ou medidas terapêuticas específicas. O detalhamento desses tópicos está além do escopo do presente Consenso, e há excelentes revisões e algumas diretrizes que podem ser de utilidade para o aprofundamento do leitor (Quadro 3).1616 Athanazio RA, Silva Filho LVRF, Vergara AA, Ribeiro AF, Riedi CA, Procianoy EDFA, et al. Brazilian guidelines for the diagnosis and treatment of cystic fibrosis. J Bras Pneumol. 2017;43(3):219-245. https://doi.org/10.1590/s1806-37562017000000065
https://doi.org/10.1590/s1806-3756201700...
,2929 Olm MA, Caldini EG, Mauad T. Diagnosis of primary ciliary dyskinesia. J Bras Pneumol. 2015;41(3):251-63. https://doi.org/10.1590/S1806-37132015000004447
https://doi.org/10.1590/S1806-3713201500...
,7777 Agarwal R, Chakrabarti A, Shah A, Gupta D, Meis JF, Guleria R, et al. Allergic bronchopulmonary aspergillosis: review of literature and proposal of new diagnostic and classification criteria. Clin Exp Allergy. 2013;43(8):850-73. https://doi.org/10.1111/cea.12141
https://doi.org/10.1111/cea.12141...

78 Patterson TF, Thompson GR 3rd, Denning DW, Fishman JA, Hadley S, Herbrecht R, et al. Practice Guidelines for the Diagnosis and Management of Aspergillosis: 2016 Update by the Infectious Diseases Society of America. Clin Infect Dis. 2016;63(4):e1-e60.

79 Ryu YJ, Koh WJ, Daley CL. Diagnosis and Treatment of Nontuberculous Mycobacterial Lung Disease: Clinicians' Perspectives. Tuberc Respir Dis (Seoul). 2016;79(2):74-84. https://doi.org/10.4046/trd.2016.79.2.74
https://doi.org/10.4046/trd.2016.79.2.74...

80 Griffith DE, Aksamit T, Brown-Elliott BA, Catanzaro A, Daley C, Gordin F, et al. An official ATS/IDSA statement: diagnosis, treatment, and prevention of nontuberculous mycobacterial diseases. Am J Respir Crit Care Med. 2007;175(4):367-416. https://doi.org/10.1164/rccm.200604-571ST
https://doi.org/10.1164/rccm.200604-571S...

81 Stoller JK, Aboussouan LS. A review of a1-antitrypsin deficiency. Am J Respir Crit Care Med. 2012;185(3):246-59. https://doi.org/10.1164/rccm.201108-1428CI
https://doi.org/10.1164/rccm.201108-1428...

82 Rubbo B, Lucas JS. Clinical care for primary ciliary dyskinesia: current challenges and future directions. Eur Respir Rev. 2017;26(145). pii: 170023. https://doi.org/10.1183/16000617.0023-2017
https://doi.org/10.1183/16000617.0023-20...

83 Smyth AR, Bell SC, Bojcin S, Bryon M, Duff A, Flume P, et al. European Cystic Fibrosis Society Standards of Care: Best Practice guidelines. J Cyst Fibros. 2014;13 Suppl 1:S23-42. https://doi.org/10.1016/j.jcf.2014.03.010
https://doi.org/10.1016/j.jcf.2014.03.01...
-8484 Yazdani R, Abolhassani H, Asgardoon M, Shaghaghi M, Modaresi M, Azizi G, et al. Infectious and Noninfectious Pulmonary Complications in Patients With Primary Immunodeficiency Disorders. J Investig Allergol Clin Immunol. 2017;27(4):213-224. https://doi.org/10.18176/jiaci.0166
https://doi.org/10.18176/jiaci.0166...

Quadro 3
Causas de bronquiectasias com tratamento específico.

Infecção crônica das vias aéreas

Primoinfecção

Existe um consenso entre os especialistas sobre a necessidade de se tentar a erradicação nos casos de primoinfecção por P. aeruginosa.1515 Polverino E, Goeminne PC, McDonnell MJ, Aliberti S, Marshall SE, Loebinger MR, et al. European Respiratory Society guidelines for the management of adult bronchiectasis. Eur Respir J. 2017;50(3). pii: 1700629. https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2017
https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2...
,8585 Martínez-García MA, Máiz L, Olveira C, Girón RM, de la Rosa D, Blanco M, et al. Spanish Guidelines on Treatment of Bronchiectasis in Adults. Arch Bronconeumol. 2018;54(2):88-98. https://doi.org/10.1016/j.arbres.2017.07.016
https://doi.org/10.1016/j.arbres.2017.07...
Diferentemente da fibrose cística, na qual protocolos de erradicação para P. aeruginosa já foram adequadamente estabelecidos em diversos ensaios clínicos,8686 Treggiari MM, Retsch-Bogart G, Mayer-Hamblett N, Khan U, Kulich M, Kronmal R, et al. Comparative efficacy and safety of 4 randomized regimens to treat early Pseudomonas aeruginosa infection in children with cystic fibrosis. Arch Pediatr Adolesc Med. 2011;165(9):847-56. https://doi.org/10.1001/archpediatrics.2011.136
https://doi.org/10.1001/archpediatrics.2...
há escassez de evidências para indivíduos com bronquiectasias não fibrocísticas. No contexto da fibrose cística, os protocolos de erradicação de P. aeruginosa têm sido simplificados a esquemas isolados de antibióticos inalatórios de apenas 28 dias, mantendo-se a mesma taxa de eficácia.8787 Ratjen F, Munck A, Kho P, Angyalosi G; ELITE Study Group. Treatment of early Pseudomonas aeruginosa infection in patients with cystic fibrosis: the ELITE trial. Thorax. 2010;65(4):286-91. https://doi.org/10.1136/thx.2009.121657
https://doi.org/10.1136/thx.2009.121657...
Entretanto, a maior parte dessas intervenções ocorre na faixa etária pediátrica, em pacientes com arquitetura pulmonar ainda preservada. Ao contrário, pacientes com bronquiectasias não fibrocísticas comumente apresentam acometimento pulmonar extenso e difuso no momento do reconhecimento da primoinfecção por P. aeruginosa. Sugerimos um esquema combinado de antibiótico sistêmico (14-21 dias) associado a um antibiótico inalatório por um tempo maior que 3 meses.1515 Polverino E, Goeminne PC, McDonnell MJ, Aliberti S, Marshall SE, Loebinger MR, et al. European Respiratory Society guidelines for the management of adult bronchiectasis. Eur Respir J. 2017;50(3). pii: 1700629. https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2017
https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2...
,8585 Martínez-García MA, Máiz L, Olveira C, Girón RM, de la Rosa D, Blanco M, et al. Spanish Guidelines on Treatment of Bronchiectasis in Adults. Arch Bronconeumol. 2018;54(2):88-98. https://doi.org/10.1016/j.arbres.2017.07.016
https://doi.org/10.1016/j.arbres.2017.07...
,8888 Vallières E, Tumelty K, Tunney MM, Hannah R, Hewitt O, Elborn JS, et al. Efficacy of Pseudomonas aeruginosa eradication regimens in bronchiectasis. Eur Respir J. 2017;49(4). pii: 1600851. https://doi.org/10.1183/13993003.00851-2016
https://doi.org/10.1183/13993003.00851-2...
Caso o paciente apresente cepa de P. aeruginosa sensível a quinolona, sugere-se iniciar tratamento com ciprofloxacino por via oral, mas esquemas endovenosos podem ser usados, por exemplo, a associação de um beta-lactâmico com ação antipseudomonas e um aminoglicosídeo. No caso de indisponibilidade de antibióticos inalatórios, o tratamento deve ser feito apenas com antibióticos sistêmicos. Recomenda-se a realização de cultura de escarro de controle no período de 2-4 semanas após o término do tratamento. Caso o paciente mantenha a cultura positiva, novo protocolo pode ser tentado até que sejam alcançadas três tentativas de erradicação. A partir daí, o paciente deve ser considerado como portador de infecção brônquica crônica. Apesar de a taxa de erradicação ser mais baixa em pacientes nos quais a presença de cepa mucoide de P. aeruginosa tenha sido detectada, esse fato não deve ser um critério para privar o paciente da tentativa de erradicação.8989 White L, Mirrani G, Grover M, Rollason J, Malin A, Suntharalingam J. Outcomes of Pseudomonas eradication therapy in patients with non-cystic fibrosis bronchiectasis. Respir Med. 2012;106(3):356-60. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2011.11.018
https://doi.org/10.1016/j.rmed.2011.11.0...
O Quadro 4 apresenta os principais esquemas terapêuticos recomendados para o tratamento da primoinfecção por P. aeruginosa.

Quadro 4
Principais esquemas terapêuticos recomendados para tratamento da primoinfecção por Pseudomonas aeruginosa em pacientes com bronquiectasias.

Em relação a outros MPP, apesar do seu potencial efeito deletério na evolução clínica dos pacientes com bronquiectasias, não há evidências suficientes que justifiquem a introdução de um protocolo de erradicação nesse contexto. Entretanto, em casos selecionados, caracterizados por declínio funcional progressivo e/ou exacerbação grave relacionados à primeira identificação de um MPP, como S. aureus resistente a meticilina, Burkholderia cepacia, Achromobacter xylosoxidans ou Stenotrophomonas maltophilia, uma tentativa de erradicação deve ser instituída.

Nossa recomendação:

Na primeira identificação de P. aeruginosa no escarro de um paciente, esse deve ser tratado com um antibiótico sistêmico com ação antipseudomonas associado a um antibiótico inalatório. Recomenda-se a realização de cultura de escarro de controle no período de 2-4 semanas após o término do tratamento.

Infecção brônquica crônica

Em pacientes com bronquiectasias e infecção brônquica crônica por P. aeruginosa, o uso de antibiótico está associado à redução da densidade bacteriana no escarro, melhora de sintomas e de qualidade de vida, assim como potencial efeito na redução do número de exacerbações pulmonares.9090 Yang JW, Fan LC, Lu HW, Miao XY, Mao B, Xu JF. Efficacy and safety of long-term inhaled antibiotic for patients with noncystic fibrosis bronchiectasis: a meta-analysis. Clin Respir J. 2016;10(6):731-739. https://doi.org/10.1111/crj.12278
https://doi.org/10.1111/crj.12278...
Diversas classes de antibióticos e formulações testadas demonstraram benefícios clínicos, sobretudo naqueles pacientes com perfil exacerbador.9191 Nadig TR, Flume PA. Aerosolized Antibiotics for Patients with Bronchiectasis. Am J Respir Crit Care Med. 2016;193(7):808-10. https://doi.org/10.1164/rccm.201507-1449LE
https://doi.org/10.1164/rccm.201507-1449...
Entretanto, ensaios clínicos randomizados recentes apresentaram resultados contraditórios quanto à eficácia da via inalatória.9292 Aksamit T, De Soyza A, Bandel TJ, Criollo M, Elborn JS, Operschall E, et al. RESPIRE 2: a phase III placebo-controlled randomised trial of ciprofloxacin dry powder for inhalation in non-cystic fibrosis bronchiectasis. Eur Respir J. 2018;51(1). pii: 1702053. https://doi.org/10.1183/13993003.02053-2017
https://doi.org/10.1183/13993003.02053-2...

93 De Soyza A, Aksamit T, Bandel TJ, Criollo M, Elborn JS, Operschall E, et al. RESPIRE 1: a phase III placebo-controlled randomised trial of ciprofloxacin dry powder for inhalation in non-cystic fibrosis bronchiectasis. Eur Respir J. 2018;51(1). pii: 1702052. https://doi.org/10.1183/13993003.02052-2017
https://doi.org/10.1183/13993003.02052-2...
-9494 Haworth CW, Froehlich J, O'Neal T, Davis A, Gonda I, O'Donnell A. Inhaled Liposomal Ciprofloxacin in Patients with Bronchiectasis and Chronic Pseudomonas Aeruginosa Infection: Results from Two Parallel Phase III Trials (ORBIT-3 and -4). Am J Respir Crit Care Med. 2017;195:A7604.15.

No Brasil, a tobramicina e o colistimetato estão aprovados para tratamento da fibrose cística pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária e são comercializados no país; outras classes de antibióticos para uso inalatório, como aztreonam e ciprofloxacino (tanto na formulação em pó como nebulizador em lipossomos) não estão disponíveis. O Quadro 5 mostra as drogas e regimes recomendados para o tratamento da infecção brônquica crônica por P. aeruginosa disponíveis no Brasil. Essas medicações estão aprovadas e são comercializadas no país. Apesar de disponíveis no país, devido ao preço elevado essas medicações são geralmente utilizadas por meio de protocolos públicos de dispensação de medicações de alto custo, protocolos esses existentes apenas para pacientes com bronquiectasias associadas à fibrose cística. Não há evidências de superioridade entre as opções disponíveis.

Quadro 5
Antibióticos inalatórios disponíveis no Brasila e recomendados para o tratamento da infecção crônica brônquica por Pseudomonas aeruginosa em pacientes com bronquiectasias.

Em relação à gentamicina inalatória, vale ressaltar que o principal ensaio clínico que a testou por essa via (comparada com placebo) o fez em uso contínuo.9595 Murray MP, Govan JR, Doherty CJ, Simpson AJ, Wilkinson TS, Chalmers JD, et al. A randomized controlled trial of nebulized gentamicin in non-cystic fibrosis bronchiectasis. Am J Respir Crit Care Med. 2011;183(4):491-9. https://doi.org/10.1164/rccm.201005-0756OC
https://doi.org/10.1164/rccm.201005-0756...
O uso em meses alternados é baseado na experiência com o uso de antibióticos inalatórios na fibrose cística e se justifica por reduzir o aparecimento de cepas resistentes.

O broncoespasmo é um efeito adverso frequente que pode ser minimizado com o uso de broncodilatador previamente à inalação do antibiótico. A hemoptise como efeito adverso não é infrequente. Sempre que possível, as formulações desenvolvidas e testadas para uso inalatório devem ser preferidas às formulações endovenosas pelo menor risco de eventos adversos.

Em pacientes com infecção crônica por outros MPP diferentes de P. aeruginosa, a falta de evidências não nos permite recomendar o uso da terapia antibiótica inalatória. O uso crônico de antibiótico sistêmico (oral ou em ciclos programados por via endovenosa) não deve ser recomendado como rotina em pacientes com bronquiectasias por falta de evidências e por riscos associados à exposição persistente a esses medicamentos. Entretanto, casos selecionados que permaneçam com um grande número de exacerbações e deterioração da qualidade de vida, a despeito do tratamento otimizado, podem se beneficiar dessa estratégia.9696 Hill SL, Burnett D, Hewetson KA, Stockley RA. The response of patients with purulent bronchiectasis to antibiotics for four months. Q J Med. 1988;66(250):163-73.

Nossa recomendação:

Pacientes com bronquiectasias e infecção brônquica crônica por P. aeruginosa e exacerbações podem se beneficiar e devem ser tratados com o uso prolongado de antibióticos por via inalatória. A escolha dependerá da disponibilidade e do acesso a medicação.

Inflamação crônica

Macrolídeos

Macrolídeos são a única classe de moléculas com propriedades antibacterianas e anti-inflamatórias, embora esses efeitos imunomoduladores ainda não sejam inteiramente compreendidos. Três grandes ensaios clínicos randomizados com o uso prolongado de macrolídeos (azitromicina ou eritromicina) mostraram uma redução na frequência de exacerbações em adultos com bronquiectasias que apresentassem de uma a três exacerbações no ano anterior: um envolvendo 141 pacientes em uso de azitromicina ou placebo por 6 meses,9797 Wong C, Jayaram L, Karalus N, Eaton T, Tong C, Hockey H, et al. Azithromycin for prevention of exacerbations in non-cystic fibrosis bronchiectasis (EMBRACE): a randomised, double-blind, placebo-controlled trial. Lancet. 2012;380(9842):660-7. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(12)60953-2
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(12)60...
um com 83 pacientes tratados com azitromicina ou placebo por 12 meses9898 Altenburg J, de Graaff CS, Stienstra Y, Sloos JH, van Haren EH, Koppers RJ, et al. Effect of azithromycin maintenance treatment on infectious exacerbations among patients with non-cystic fibrosis bronchiectasis: the BAT randomized controlled trial. JAMA. 2013;309(12):1251-9. https://doi.org/10.1001/jama.2013.1937
https://doi.org/10.1001/jama.2013.1937...
e um com 117 pacientes tratados com eritromicina ou placebo durante 12 meses.9999 Serisier DJ, Martin ML, McGuckin MA, Lourie R, Chen AC, Brain B, et al. Effect of long-term, low-dose erythromycin on pulmonary exacerbations among patients with non-cystic fibrosis bronchiectasis: the BLESS randomized controlled trial. JAMA. 2013;309(12):1260-7. https://doi.org/10.1001/jama.2013.2290
https://doi.org/10.1001/jama.2013.2290...
Uma meta-análise com nove estudos (530 pacientes) demonstrou que o uso de macrolídeo melhorou a qualidade de vida, reduziu o número de pacientes com exacerbações e reduziu o número de exacerbações por paciente.100100 Wu Q, Shen W, Cheng H, Zhou X. Long-term macrolides for non-cystic fibrosis bronchiectasis: a systematic review and meta-analysis. Respirology. 2014;19(3):321-9. https://doi.org/10.1111/resp.12233
https://doi.org/10.1111/resp.12233...
Uma revisão recente apontou que as evidências para a redução da frequência de exacerbações e melhora da qualidade de vida são derivadas de estudos com azitromicina, em vez de outros macrolídeos, predominantemente entre adultos.101101 Kelly C, Chalmers JD, Crossingham I, Relph N, Felix LM, Evans DJ, et al. Macrolide antibiotics for bronchiectasis. Cochrane Database Syst Rev. 2018;3:CD012406. https://doi.org/10.1002/14651858.CD012406.pub2
https://doi.org/10.1002/14651858.CD01240...
)

Entre os macrolídeos, a azitromicina tem a maior meia-vida com menor efluxo celular, o que significa que ela alcança maior nível intracelular em administração prolongada. As doses de azitromicina utilizadas nos ensaios clínicos ou na prática clínica são de 500 mg/dia ou 250 mg/dia tomadas três vezes por semana, ou ainda 250 mg diariamente.

O efeito adverso mais comum com os macrolídeos é a diarreia, embora a interrupção do tratamento devido a essa seja rara.100100 Wu Q, Shen W, Cheng H, Zhou X. Long-term macrolides for non-cystic fibrosis bronchiectasis: a systematic review and meta-analysis. Respirology. 2014;19(3):321-9. https://doi.org/10.1111/resp.12233
https://doi.org/10.1111/resp.12233...
,102102 Gao YH, Guan WJ, Xu G, Tang Y, Gao Y, Lin ZY, et al. Macrolide therapy in adults and children with non-cystic fibrosis bronchiectasis: a systematic review and meta-analysis. PLoS One. 2014;9(3):e90047. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0090047
https://doi.org/10.1371/journal.pone.009...

103 Fan LC, Lu HW, Wei P, Ji XB, Liang S, Xu JF. Effects of long-term use of macrolides in patients with non-cystic fibrosis bronchiectasis: a meta-analysis of randomized controlled trials. BMC Infect Dis. 2015;15:160. https://doi.org/10.1186/s12879-015-0872-5
https://doi.org/10.1186/s12879-015-0872-...

104 Zhuo GY, He Q, Xiang-Lian L, Ya-Nan Y, Si-Te F. Prolonged treatment with macrolides in adult patients with non-cystic fibrosis bronchiectasis: meta-analysis of randomized controlled trials. Pulm Pharmacol Ther. 2014;29(1):80-8. https://doi.org/10.1016/j.pupt.2014.02.002
https://doi.org/10.1016/j.pupt.2014.02.0...
-105105 Shi ZL, Peng H, Hu XW, Hu JG. Effectiveness and safety of macrolides in bronchiectasis patients: a meta-analysis and systematic review. Pulm Pharmacol Ther. 2014;28(2):171-8. https://doi.org/10.1016/j.pupt.2013.09.003
https://doi.org/10.1016/j.pupt.2013.09.0...
Com o uso prolongado há também a possibilidade de aumento de resistência de estreptococos comensais da orofaringe9898 Altenburg J, de Graaff CS, Stienstra Y, Sloos JH, van Haren EH, Koppers RJ, et al. Effect of azithromycin maintenance treatment on infectious exacerbations among patients with non-cystic fibrosis bronchiectasis: the BAT randomized controlled trial. JAMA. 2013;309(12):1251-9. https://doi.org/10.1001/jama.2013.1937
https://doi.org/10.1001/jama.2013.1937...
,9999 Serisier DJ, Martin ML, McGuckin MA, Lourie R, Chen AC, Brain B, et al. Effect of long-term, low-dose erythromycin on pulmonary exacerbations among patients with non-cystic fibrosis bronchiectasis: the BLESS randomized controlled trial. JAMA. 2013;309(12):1260-7. https://doi.org/10.1001/jama.2013.2290
https://doi.org/10.1001/jama.2013.2290...
e do surgimento de micobactérias não tuberculosas.1515 Polverino E, Goeminne PC, McDonnell MJ, Aliberti S, Marshall SE, Loebinger MR, et al. European Respiratory Society guidelines for the management of adult bronchiectasis. Eur Respir J. 2017;50(3). pii: 1700629. https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2017
https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2...
,106106 Renna M, Schaffner C, Brown K, Shang S, Tamayo MH, Hegyi K, et al. Azithromycin blocks autophagy and may predispose cystic fibrosis patients to mycobacterial infection. J Clin Invest. 2011;121(9):3554-63. https://doi.org/10.1172/JCI46095
https://doi.org/10.1172/JCI46095...

Quando da indicação dos macrolídeos, deve-se pesar o potencial risco de prolongamento do intervalo QT no eletrocardiograma. Entre os macrolídeos, a azitromicina possui o menor risco de aumento do intervalo QT, enquanto a eritromicina, o maior.107107 Albert RK, Schuller JL; COPD Clinical Research Network. Macrolide antibiotics and the risk of cardiac arrhythmias. Am J Respir Crit Care Med. 2014;189(10):1173-80. https://doi.org/10.1164/rccm.201402-0385CI
https://doi.org/10.1164/rccm.201402-0385...
Os riscos cardíacos com os macrolídeos são maiores nos primeiros 5 dias de uso.108108 Rao GA, Mann JR, Shoaibi A, Bennett CL, Nahhas G, Sutton SS, et al. Azithromycin and levofloxacin use and increased risk of cardiac arrhythmia and death. Ann Fam Med. 2014;12(2):121-7. https://doi.org/10.1370/afm.1601
https://doi.org/10.1370/afm.1601...
Uma meta-análise com pacientes com bronquiectasias (comparando macrolídeos a placebo ou sob cuidados médicos comuns) não encontrou um maior risco de eventos adversos cardíacos com o uso de macrolídeos,100100 Wu Q, Shen W, Cheng H, Zhou X. Long-term macrolides for non-cystic fibrosis bronchiectasis: a systematic review and meta-analysis. Respirology. 2014;19(3):321-9. https://doi.org/10.1111/resp.12233
https://doi.org/10.1111/resp.12233...
mas os dados são limitados e não permitem excluir um risco cardíaco nesses pacientes.101101 Kelly C, Chalmers JD, Crossingham I, Relph N, Felix LM, Evans DJ, et al. Macrolide antibiotics for bronchiectasis. Cochrane Database Syst Rev. 2018;3:CD012406. https://doi.org/10.1002/14651858.CD012406.pub2
https://doi.org/10.1002/14651858.CD01240...
) É importante que antes da introdução do medicamento seja realizado um eletrocardiograma, bem como verificado o histórico do paciente para fatores de riscos cardíacos e uso de drogas com potencial arritmogênico.

As diretrizes da European Respiratory Society1515 Polverino E, Goeminne PC, McDonnell MJ, Aliberti S, Marshall SE, Loebinger MR, et al. European Respiratory Society guidelines for the management of adult bronchiectasis. Eur Respir J. 2017;50(3). pii: 1700629. https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2017
https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2...
de 2017 sugerem o uso dos macrolídeos como terapia de primeira linha para pacientes sem evidências de infecção por P. aeruginosa com o objetivo de reduzir as exacerbações. Para indivíduos infectados por esse patógeno, recomenda-se o uso de macrolídeos como terapia de segunda linha, sendo os antibióticos inalatórios a primeira opção.1515 Polverino E, Goeminne PC, McDonnell MJ, Aliberti S, Marshall SE, Loebinger MR, et al. European Respiratory Society guidelines for the management of adult bronchiectasis. Eur Respir J. 2017;50(3). pii: 1700629. https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2017
https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2...

Nossa recomendação:

Usar macrolídeos como terapia continuada pelo prazo mínimo de 6-12 meses para pacientes com bronquiectasias e pelo menos duas exacerbações por ano. Preferir o uso de azitromicina. Pode-se considerar seu uso, embora não haja evidências, para pacientes com menos de duas exacerbações ao ano, mas com histórico de exacerbação grave, imunodeficiência primária ou secundária, aqueles cujas exacerbações têm impacto significativo na qualidade de vida e aqueles com bronquiectasias mais graves. Deve-se excluir a infecção ativa por micobactérias não tuberculosas.

Corticoide inalatório

Pacientes com bronquiectasias apresentam inflamação das vias aéreas e, muitas vezes, sintomas semelhantes aos de asma ou DPOC. Uma revisão recente encontrou apenas sete estudos randomizados e controlados por placebo sobre o uso de corticoide inalatório em bronquiectasias. Todos os estudos foram em adultos com doença estável, apenas um deles com mais de 6 meses de duração, e não houve evidências suficientes para a indicação do uso rotineiro de corticoide inalatório. Não há estudos em fase de exacerbação da doença ou em crianças, e os dados sobre efeitos colaterais indesejados são insuficientes.109109 Kapur N, Petsky HL, Bell S, Kolbe J, Chang AB. Inhaled corticosteroids for bronchiectasis. Cochrane Database Syst Rev. 2018;5:CD000996. https://doi.org/10.1002/14651858.CD000996.pub3
https://doi.org/10.1002/14651858.CD00099...

Segundo as diretrizes já citadas,1515 Polverino E, Goeminne PC, McDonnell MJ, Aliberti S, Marshall SE, Loebinger MR, et al. European Respiratory Society guidelines for the management of adult bronchiectasis. Eur Respir J. 2017;50(3). pii: 1700629. https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2017
https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2...
os corticoides inalatórios não têm um papel no manejo rotineiro das bronquiectasias. É recomendado o tratamento rotineiro com esses apenas quando houver associação com asma ou no subgrupo de pacientes com DPOC e indicação para o uso de corticoides inalatórios.1515 Polverino E, Goeminne PC, McDonnell MJ, Aliberti S, Marshall SE, Loebinger MR, et al. European Respiratory Society guidelines for the management of adult bronchiectasis. Eur Respir J. 2017;50(3). pii: 1700629. https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2017
https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2...

Nossa recomendação:

Não há evidências suficientes para a indicação do uso rotineiro de corticoides inalatórios em adultos com bronquiectasias. A terapêutica pode se justificar em alguns subgrupos de adultos quando houver asma ou DPOC associadas.

Obstrução ao fluxo aéreo

Broncodilatadores

A maioria dos pacientes com bronquiectasias apresenta obstrução ao fluxo aéreo,110110 Nicotra MB. Bronchiectasis. Semin Respir Infect. 1994;9(1):31-40. mas outros padrões espirométricos (redução de CVF, padrões mistos ou função pulmonar preservada) também podem ser observados.1515 Polverino E, Goeminne PC, McDonnell MJ, Aliberti S, Marshall SE, Loebinger MR, et al. European Respiratory Society guidelines for the management of adult bronchiectasis. Eur Respir J. 2017;50(3). pii: 1700629. https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2017
https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2...
Existem poucos estudos controlados para avaliar a terapia com broncodilatadores em bronquiectasias. Não há evidências para o seu uso rotineiro em pacientes sem dispneia ou sintomas respiratórios, pois não há estudos randomizados e controlados investigando a efetividade do uso de β2-agonistas de curta111111 Franco F, Sheikh A, Greenstone M. Short acting beta-2 agonists for bronchiectasis. Cochrane Database Syst Rev. 2003(3):CD003572. https://doi.org/10.1002/14651858.CD003572
https://doi.org/10.1002/14651858.CD00357...
ou longa duração.112112 Sheikh A, Nolan D, Greenstone M. Long-acting beta-2-agonists for bronchiectasis. Cochrane Database Syst Rev. 2001(4):CD002155. https://doi.org/10.1002/14651858.CD002155
https://doi.org/10.1002/14651858.CD00215...
Há evidências limitadas e indiretas para o benefício do tratamento de longo prazo com broncodilatadores extraídas de um estudo que comparou altas doses de corticoide inalatório com doses médias da combinação de β2-agonistas de longa duração com corticoide inalatório.113113 Martinez-García MA, Soler-Cataluña JJ, Catalán-Serra P, Román-Sánchez P, Tordera MP. Clinical efficacy and safety of budesonide-formoterol in non-cystic fibrosis bronchiectasis. Chest. 2012;141(2):461-468. https://doi.org/10.1378/chest.11-0180
https://doi.org/10.1378/chest.11-0180...
Naquele estudo, houve vantagens para a combinação, observando-se diminuição da dispneia, melhor controle da tosse, melhor qualidade de vida e redução do uso de medicação de resgate (β2-agonistas). Porém, não foram demonstradas melhora na função pulmonar, tipos de patógenos isolados ou aumento de efeitos adversos.113113 Martinez-García MA, Soler-Cataluña JJ, Catalán-Serra P, Román-Sánchez P, Tordera MP. Clinical efficacy and safety of budesonide-formoterol in non-cystic fibrosis bronchiectasis. Chest. 2012;141(2):461-468. https://doi.org/10.1378/chest.11-0180
https://doi.org/10.1378/chest.11-0180...

Sobre os anticolinérgicos, não há estudos recentes e nenhum dos poucos existentes apresentou critérios para sua inclusão em revisões sistemáticas, de modo que não há evidências para a recomendação de seu uso rotineiro. As drogas mais antigas tendem a ressecar as secreções e reduzir o transporte mucociliar, com potencial efeito deletério.114114 Lasserson T, Holt K, Evans D, Greenstone M. Anticholinergic therapy for bronchiectasis. Cochrane Database Syst Rev. 2001(4):CD002163. https://doi.org/10.1002/14651858.CD002163
https://doi.org/10.1002/14651858.CD00216...

Diretrizes para bronquiectasias recomendam o uso de broncodilatadores de longa duração apenas nas condições em que há associação com asma ou DPOC,1515 Polverino E, Goeminne PC, McDonnell MJ, Aliberti S, Marshall SE, Loebinger MR, et al. European Respiratory Society guidelines for the management of adult bronchiectasis. Eur Respir J. 2017;50(3). pii: 1700629. https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2017
https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2...
,4747 Pasteur MC, Bilton D, Hill AT; British Thoracic Society Bronchiectasis non-CF Guideline Group. British Thoracic Society guideline for non-CF bronchiectasis. Thorax. 2010;65 Suppl 1:i1-58. https://doi.org/10.1136/thx.2010.136119
https://doi.org/10.1136/thx.2010.136119...
uma vez que não há evidências além das existentes para essas condições.112112 Sheikh A, Nolan D, Greenstone M. Long-acting beta-2-agonists for bronchiectasis. Cochrane Database Syst Rev. 2001(4):CD002155. https://doi.org/10.1002/14651858.CD002155
https://doi.org/10.1002/14651858.CD00215...
,114114 Lasserson T, Holt K, Evans D, Greenstone M. Anticholinergic therapy for bronchiectasis. Cochrane Database Syst Rev. 2001(4):CD002163. https://doi.org/10.1002/14651858.CD002163
https://doi.org/10.1002/14651858.CD00216...
As diretrizes espanholas,8585 Martínez-García MA, Máiz L, Olveira C, Girón RM, de la Rosa D, Blanco M, et al. Spanish Guidelines on Treatment of Bronchiectasis in Adults. Arch Bronconeumol. 2018;54(2):88-98. https://doi.org/10.1016/j.arbres.2017.07.016
https://doi.org/10.1016/j.arbres.2017.07...
bem como as da European Respiratory Society,1515 Polverino E, Goeminne PC, McDonnell MJ, Aliberti S, Marshall SE, Loebinger MR, et al. European Respiratory Society guidelines for the management of adult bronchiectasis. Eur Respir J. 2017;50(3). pii: 1700629. https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2017
https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2...
sugerem o uso de broncodilatadores de longa duração em pacientes sintomáticos e com obstrução ao fluxo aéreo, sendo que essas últimas1515 Polverino E, Goeminne PC, McDonnell MJ, Aliberti S, Marshall SE, Loebinger MR, et al. European Respiratory Society guidelines for the management of adult bronchiectasis. Eur Respir J. 2017;50(3). pii: 1700629. https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2017
https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2...
sugerem a descontinuação do tratamento caso não haja redução dos sintomas, enquanto as primeiras8585 Martínez-García MA, Máiz L, Olveira C, Girón RM, de la Rosa D, Blanco M, et al. Spanish Guidelines on Treatment of Bronchiectasis in Adults. Arch Bronconeumol. 2018;54(2):88-98. https://doi.org/10.1016/j.arbres.2017.07.016
https://doi.org/10.1016/j.arbres.2017.07...
recomendam ainda o uso de broncodilatadores de curta duração antes de fisioterapia respiratória, uso de soluções hipertônicas inalatórias e/ou de antibióticos inalatórios.

Nossa recomendação:

Não há evidências suficientes para se recomendar o uso rotineiro de broncodilatadores em pacientes com bronquiectasias sem dispneia. Broncodilatadores de longa duração podem ser recomendados quando ocorrer a associação de bronquiectasias com asma ou DPOC. Devido ao potencial risco de broncoespasmo com o uso inalatório de drogas mucoativas e antibióticos, sugere-se o uso de broncodilatadores antes da utilização dessas drogas.

Clearance das vias aéreas

Nas bronquiectasias, as alterações no clearance mucociliar contribuem para a retenção de secreção e formação de tampões mucosos nas vias aéreas; uma variedade de técnicas foi desenvolvida de forma a otimizar a sua remoção.115115 Flude LJ, Agent P, Bilton D. Chest physiotherapy techniques in bronchiectasis. Clin Chest Med. 2012;33(2):351-61. https://doi.org/10.1016/j.ccm.2012.02.009
https://doi.org/10.1016/j.ccm.2012.02.00...

Fisioterapia respiratória

A despeito da falta de evidências consistentes,116116 Lee AL, Burge A, Holland AE. Airway clearance techniques for bronchiectasis. Cochrane Database Syst Rev. 2013(5):CD008351. https://doi.org/10.1002/14651858.CD008351.pub2
https://doi.org/10.1002/14651858.CD00835...
,117117 Lee AL, Burge AT, Holland AE. Positive expiratory pressure therapy versus other airway clearance techniques for bronchiectasis. Cochrane Database Syst Rev. 2017;9:CD011699. https://doi.org/10.1002/14651858.CD011699.pub2
https://doi.org/10.1002/14651858.CD01169...
as técnicas de clearance de vias aéreas se constituem no tratamento padrão de pessoas com bronquiectasias.4747 Pasteur MC, Bilton D, Hill AT; British Thoracic Society Bronchiectasis non-CF Guideline Group. British Thoracic Society guideline for non-CF bronchiectasis. Thorax. 2010;65 Suppl 1:i1-58. https://doi.org/10.1136/thx.2010.136119
https://doi.org/10.1136/thx.2010.136119...
,118118 Chang AB, Bell SC, Torzillo PJ, King PT, Maguire GP, Byrnes CA, et al. Chronic suppurative lung disease and bronchiectasis in children and adults in Australia and New Zealand Thoracic Society of Australia and New Zealand guidelines. Med J Aust. 2015;202(1):21-3. https://doi.org/10.5694/mja14.00287
https://doi.org/10.5694/mja14.00287...
Dentre as técnicas realizadas de forma independente, recomendam-se ciclo ativo da respiração, exercícios de expansão torácica, técnicas de expiração forçada e drenagem autogênica. Essas técnicas podem ser assistidas por drenagem postural e por drenagem postural modificada (posição de drenagem sem cabeceira baixa). Também, existem técnicas que são dependentes de dispositivos: pressão expiratória positiva e pressão expiratória oscilatória intratorácica - dispositivos Flutter® (Scandipharm, Birmingham, AL, EUA) e acapella® (Smiths Medical, Dublin, OH, EUA) e/ou extratorácica - oscilação por colete na parede torácica com alta frequência (high-frequency airway clearance).4747 Pasteur MC, Bilton D, Hill AT; British Thoracic Society Bronchiectasis non-CF Guideline Group. British Thoracic Society guideline for non-CF bronchiectasis. Thorax. 2010;65 Suppl 1:i1-58. https://doi.org/10.1136/thx.2010.136119
https://doi.org/10.1136/thx.2010.136119...
,115115 Flude LJ, Agent P, Bilton D. Chest physiotherapy techniques in bronchiectasis. Clin Chest Med. 2012;33(2):351-61. https://doi.org/10.1016/j.ccm.2012.02.009
https://doi.org/10.1016/j.ccm.2012.02.00...
,117117 Lee AL, Burge AT, Holland AE. Positive expiratory pressure therapy versus other airway clearance techniques for bronchiectasis. Cochrane Database Syst Rev. 2017;9:CD011699. https://doi.org/10.1002/14651858.CD011699.pub2
https://doi.org/10.1002/14651858.CD01169...
,119119 Davis PB. Cystic fibrosis since 1938. Am J Respir Crit Care Med. 2006;173(5):475-82. https://doi.org/10.1164/rccm.200505-840OE
https://doi.org/10.1164/rccm.200505-840O...
Durante uma exacerbação infecciosa ou quando o paciente está muito fatigado, técnicas manuais podem ser oferecidas como parte do regime de técnicas de clearance de vias aéreas.4747 Pasteur MC, Bilton D, Hill AT; British Thoracic Society Bronchiectasis non-CF Guideline Group. British Thoracic Society guideline for non-CF bronchiectasis. Thorax. 2010;65 Suppl 1:i1-58. https://doi.org/10.1136/thx.2010.136119
https://doi.org/10.1136/thx.2010.136119...

O uso da respiração com pressão positiva intermitente (intermittent positive pressure breathing) carece de evidências diretas, mas tem sido utilizada como adjuvante para reduzir o trabalho respiratório, aumentar o volume de ar corrente e mobilizar secreções, sendo utilizada para o suporte de pacientes graves com dificuldade no clearance das vias aéreas.4747 Pasteur MC, Bilton D, Hill AT; British Thoracic Society Bronchiectasis non-CF Guideline Group. British Thoracic Society guideline for non-CF bronchiectasis. Thorax. 2010;65 Suppl 1:i1-58. https://doi.org/10.1136/thx.2010.136119
https://doi.org/10.1136/thx.2010.136119...
,115115 Flude LJ, Agent P, Bilton D. Chest physiotherapy techniques in bronchiectasis. Clin Chest Med. 2012;33(2):351-61. https://doi.org/10.1016/j.ccm.2012.02.009
https://doi.org/10.1016/j.ccm.2012.02.00...
A escolha da técnica deve levar em consideração a preferência do paciente, sua adesão, impactos na vida diária e presença de comorbidades.8585 Martínez-García MA, Máiz L, Olveira C, Girón RM, de la Rosa D, Blanco M, et al. Spanish Guidelines on Treatment of Bronchiectasis in Adults. Arch Bronconeumol. 2018;54(2):88-98. https://doi.org/10.1016/j.arbres.2017.07.016
https://doi.org/10.1016/j.arbres.2017.07...

Nossa recomendação:

Técnicas fisioterapêuticas para melhorar o clearance mucociliar devem ser realizadas e ensinadas para todos os pacientes com bronquiectasias com produção crônica de secreção e/ou sinais (tomográficos) de tampões mucosos.

Exercício físico/reabilitação pulmonar

Em uma revisão sistemática120120 Lee AL, Hill CJ, McDonald CF, Holland AE. Pulmonary Rehabilitation in Individuals With Non-Cystic Fibrosis Bronchiectasis: A Systematic Review. Arch Phys Med Rehabil. 2017;98(4):774-782.e1. https://doi.org/10.1016/j.apmr.2016.05.017
https://doi.org/10.1016/j.apmr.2016.05.0...
sobre reabilitação ou treinamento com exercício em pacientes com bronquiectasias foram incluídos quatro ensaios com 164 participantes. Foi evidenciada melhora na distância percorrida no teste shuttle e nos escores de qualidade de vida imediatamente após a intervenção, mas esses benefícios não se sustentaram após 6 meses. Não houve efeito sobre a qualidade de vida relacionada à tosse ou aos sintomas. A frequência de exacerbação em 12 meses foi reduzida com o treinamento com exercício, mas a reabilitação pulmonar iniciada durante a exacerbação não teve impactos na exacerbação ou mortalidade. Os autores concluíram que o programa de reabilitação pulmonar e treinamento com exercício produzem melhora na capacidade de exercício no curto prazo.

Um estudo com uso de reabilitação pulmonar (8 semanas de treinamento supervisionado e revisão das técnicas fisioterapêuticas) reduziu a frequência das exacerbações no seguimento de 12 meses e estendeu o tempo para a ocorrência da primeira exacerbação.121121 Lee AL, Hill CJ, Cecins N, Jenkins S, McDonald CF, Burge AT, et al. The short and long term effects of exercise training in non-cystic fibrosis bronchiectasis--a randomised controlled trial. Respir Res. 2014;15:44. https://doi.org/10.1186/1465-9921-15-44
https://doi.org/10.1186/1465-9921-15-44...

As diretrizes europeia1515 Polverino E, Goeminne PC, McDonnell MJ, Aliberti S, Marshall SE, Loebinger MR, et al. European Respiratory Society guidelines for the management of adult bronchiectasis. Eur Respir J. 2017;50(3). pii: 1700629. https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2017
https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2...
e espanhola8585 Martínez-García MA, Máiz L, Olveira C, Girón RM, de la Rosa D, Blanco M, et al. Spanish Guidelines on Treatment of Bronchiectasis in Adults. Arch Bronconeumol. 2018;54(2):88-98. https://doi.org/10.1016/j.arbres.2017.07.016
https://doi.org/10.1016/j.arbres.2017.07...
recomendam que pacientes que apresentem alguma limitação aos esforços (escala mMRC > 1) devam ser estimulados a fazer exercícios físicos regulares e participar de programas de reabilitação pulmonar.

Nossa recomendação:

Encaminhar pacientes com bronquiectasias com limitação aos esforços para a prática de exercício regular e participação em programas de reabilitação pulmonar, se disponíveis.

Agentes osmóticos

Infecção e inflamação reduzem a altura do líquido de superfície das vias aéreas, prejudicando o clearance mucociliar. Há dois agentes hiperosmolares que são mucoativos: solução salina hipertônica e manitol. Entretanto, mesmo a solução salina 0,9% pode ter propriedades mucoativas. Evidências sugerem que a solução salina hipertônica 6-7% altera a reologia do escarro, possibilitando melhor clearance pelos cílios.122122 Amorim A, Gamboa F, Azevedo P. New advances in the therapy of non-cystic fibrosis bronchiectasis. Rev Port Pneumol. 2013;19(6):266-75. https://doi.org/10.1016/j.rppneu.2013.03.006
https://doi.org/10.1016/j.rppneu.2013.03...

Uma revisão sistemática123123 Snijders D, Calgaro S, Bertozzi I, Quartesan S, Kozuh I, Lunardi F, et al. Inhaled mucoactive drugs for treating non-cystic fibrosis bronchiectasis in children. Int J Immunopathol Pharmacol. 2013;26(2):529-34. https://doi.org/10.1177/039463201302600228
https://doi.org/10.1177/0394632013026002...
identificou dois trabalhos que mostraram benefícios com o uso da solução salina hipertônica. A inalação com solução salina hipertônica (7%) utilizada como adjuvante da fisioterapia por 4 semanas foi mais efetiva em provocar expectoração que a solução isotônica.124124 Kellett F, Redfern J, Niven RM. Evaluation of nebulised hypertonic saline (7%) as an adjunct to physiotherapy in patients with stable bronchiectasis. Respir Med. 2005;99(1):27-31. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2004.05.006
https://doi.org/10.1016/j.rmed.2004.05.0...
Em outro estudo, a solução salina hipertônica comparada à solução salina 0,9% melhorou a qualidade de vida e a função pulmonar, assim como reduziu as visitas à emergência.125125 Kellett F, Robert NM. Nebulised 7% hypertonic saline improves lung function and quality of life in bronchiectasis. Respir Med. 2011;105(12):1831-5. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2011.07.019
https://doi.org/10.1016/j.rmed.2011.07.0...
Entretanto, um estudo de 12 meses comparando o uso de solução hipertônica e solução salina 0,9% evidenciou que não houve diferenças nas taxas de exacerbação, nos escores de qualidade de vida, no VEF1 ou na redução na colonização bacteriana nas culturas de escarro.126126 Nicolson CH, Stirling RG, Borg BM, Button BM, Wilson JW, Holland AE. The long term effect of inhaled hypertonic saline 6% in non-cystic fibrosis bronchiectasis. Respir Med. 2012;106(5):661-7. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2011.12.021
https://doi.org/10.1016/j.rmed.2011.12.0...
Embora não haja apresentação industrializada de solução salina hipertônica (6% ou 7%) sendo comercializada no país, a solução pode ser facilmente preparada em farmácias de manipulação.

Uma revisão sistemática123123 Snijders D, Calgaro S, Bertozzi I, Quartesan S, Kozuh I, Lunardi F, et al. Inhaled mucoactive drugs for treating non-cystic fibrosis bronchiectasis in children. Int J Immunopathol Pharmacol. 2013;26(2):529-34. https://doi.org/10.1177/039463201302600228
https://doi.org/10.1177/0394632013026002...
identificou cinco estudos sobre o uso de manitol em adultos, evidenciando benefícios no clearance do muco e nas propriedades da expectoração. Entretanto, são estudos com amostras muito pequenas. Em um estudo com 461 pacientes, o manitol inalatório (400 mg) foi testado por 12 meses em pacientes com bronquiectasias. No período estudado, não houve redução na taxa de exacerbações; porém, houve melhora na qualidade de vida e no tempo até a primeira exacerbação.127127 Bilton D, Tino G, Barker AF, Chambers DC, De Soyza A, Dupont LJ, et al. Inhaled mannitol for non-cystic fibrosis bronchiectasis: a randomised, controlled trial. Thorax. 2014;69(12):1073-9. https://doi.org/10.1136/thoraxjnl-2014-205587
https://doi.org/10.1136/thoraxjnl-2014-2...

Nossa recomendação:

O uso de solução salina hipertônica (6-7%) deve ser considerado em pacientes com bronquiectasias que persistam com secreções apesar de outras medidas. A primeira administração deve ser supervisionada para avaliar efeitos adversos (broncoespasmo), que podem ser evitados ou minimizados com a administração prévia de broncodilatador de curta duração.

Mucolíticos

Não existem evidências que fundamentem o uso da N-acetilcisteína ou da guaiafenesina nas bronquiectasias.122122 Amorim A, Gamboa F, Azevedo P. New advances in the therapy of non-cystic fibrosis bronchiectasis. Rev Port Pneumol. 2013;19(6):266-75. https://doi.org/10.1016/j.rppneu.2013.03.006
https://doi.org/10.1016/j.rppneu.2013.03...
,123123 Snijders D, Calgaro S, Bertozzi I, Quartesan S, Kozuh I, Lunardi F, et al. Inhaled mucoactive drugs for treating non-cystic fibrosis bronchiectasis in children. Int J Immunopathol Pharmacol. 2013;26(2):529-34. https://doi.org/10.1177/039463201302600228
https://doi.org/10.1177/0394632013026002...
Agentes mucocinéticos como os beta-agonistas têm o potencial de melhorar o clearance mucociliar.128128 Nair GB, Ilowite JS. Pharmacologic agents for mucus clearance in bronchiectasis. Clin Chest Med. 2012;33(2):363-70. https://doi.org/10.1016/j.ccm.2012.02.008
https://doi.org/10.1016/j.ccm.2012.02.00...
As diretrizes europeias1515 Polverino E, Goeminne PC, McDonnell MJ, Aliberti S, Marshall SE, Loebinger MR, et al. European Respiratory Society guidelines for the management of adult bronchiectasis. Eur Respir J. 2017;50(3). pii: 1700629. https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2017
https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2...
recomendam tentar o uso de mucolíticos por 3 meses para pacientes com dificuldade de expectorar e baixa qualidade de vida devido a isso.

Apenas dois estudos randomizados analisaram o uso da dornase alfa.6868 O'Donnell AE, Barker AF, Ilowite JS, Fick RB. Treatment of idiopathic bronchiectasis with aerosolized recombinant human DNase I. rhDNase Study Group. Chest. 1998;113(5):1329-34. https://doi.org/10.1378/chest.113.5.1329
https://doi.org/10.1378/chest.113.5.1329...
,129129 Wills PJ, Wodehouse T, Corkery K, Mallon K, Wilson R, Cole PJ. Short-term recombinant human DNase in bronchiectasis. Effect on clinical state and in vitro sputum transportability. Am J Respir Crit Care Med. 1996;154(2 Pt 1):413-7. https://doi.org/10.1164/ajrccm.154.2.8756815
https://doi.org/10.1164/ajrccm.154.2.875...
O primeiro129129 Wills PJ, Wodehouse T, Corkery K, Mallon K, Wilson R, Cole PJ. Short-term recombinant human DNase in bronchiectasis. Effect on clinical state and in vitro sputum transportability. Am J Respir Crit Care Med. 1996;154(2 Pt 1):413-7. https://doi.org/10.1164/ajrccm.154.2.8756815
https://doi.org/10.1164/ajrccm.154.2.875...
não identificou alterações significativas na espirometria, qualidade de vida, grau de dispneia ou transportabilidade do muco. O segundo6868 O'Donnell AE, Barker AF, Ilowite JS, Fick RB. Treatment of idiopathic bronchiectasis with aerosolized recombinant human DNase I. rhDNase Study Group. Chest. 1998;113(5):1329-34. https://doi.org/10.1378/chest.113.5.1329
https://doi.org/10.1378/chest.113.5.1329...
evidenciou que as taxas de exacerbação pulmonar e a queda do VEF1 foram significativamente maiores no grupo tratado com dornase alfa.

Nossa recomendação:

Não há evidências suficientes para recomendar o uso rotineiro de mucolíticos em pacientes com bronquiectasias. O uso de dornase alfa está contraindicado para pacientes adultos com bronquiectasias não relacionadas com fibrose cística.

Vacinas

Pacientes com bronquiectasias apresentam risco aumentado para pneumonia e elevado número de exacerbações de etiologia viral.130130 Gao YH, Guan WJ, Xu G, Lin ZY, Tang Y, Lin ZM, et al. The Role of viral infection in pulmonary exacerbations of bronchiectasis in adults: a prospective study. Chest. 2015;147(6):1635-1643. https://doi.org/10.1378/chest.14-1961
https://doi.org/10.1378/chest.14-1961...
A gripe causada pelo vírus Influenza A e B aumenta a morbidade e mortalidade de portadores de doenças crônicas, além de predispô-los ao surgimento de pneumonia bacteriana secundária.131131 Shrestha S, Foxman B, Dawid S, Aiello AE, Davis BM, Berus J, et al. Time and dose-dependent risk of pneumococcal pneumonia following influenza: a model for within-host interaction between influenza and Streptococcus pneumoniae. J R Soc Interface. 2013;10(86):20130233. https://doi.org/10.1098/rsif.2013.0233
https://doi.org/10.1098/rsif.2013.0233...
Um estudo prospectivo e observacional avaliou 3.495 pacientes internados com pneumonia adquirida na comunidade (PAC) entre 2000 e 2011.132132 Polverino E, Cilloniz C, Menendez R, Gabarrus A, Rosales-Mayor E, Alcaraz V, et al. Microbiology and outcomes of community acquired pneumonia in non cystic-fibrosis bronchiectasis patients. J Infect. 2015;71(1):28-36. https://doi.org/10.1016/j.jinf.2015.03.009
https://doi.org/10.1016/j.jinf.2015.03.0...
Pacientes com bronquiectasias não fibrose cística e PAC correspondiam a 2% e apresentaram características e resultados clínicos semelhantes aos demais. Mesmo com o elevado achado de P. aeruginosa como agente etiológico da PAC, o Streptococcus pneumoniae foi o agente mais frequentemente isolado (44,4% vs. 42,7%; p = 0,821). Esse achado motivou os autores à recomendação de vacinação anti-influenza e antipneumocócica para pacientes com bronquiectasias.132132 Polverino E, Cilloniz C, Menendez R, Gabarrus A, Rosales-Mayor E, Alcaraz V, et al. Microbiology and outcomes of community acquired pneumonia in non cystic-fibrosis bronchiectasis patients. J Infect. 2015;71(1):28-36. https://doi.org/10.1016/j.jinf.2015.03.009
https://doi.org/10.1016/j.jinf.2015.03.0...

Existem dois tipos de vacinas anti-influenza regulamentadas e disponíveis para uso no Brasil, a trivalente e a tetravalente,133133 Lundgren F, Maranhão B, Martins R, Chatkin JM, Palmieri M, Rabahi MF, et al. Vaccination in the prevention of infectious respiratory diseases in adults. Rev Assoc Med Bras (1992). 2014;60(1):4-15. https://doi.org/10.1590/1806-9282.60.02.004
https://doi.org/10.1590/1806-9282.60.02....
e todos os pacientes com doenças respiratórias crônicas devem ser vacinados anualmente, respeitando-se as contraindicações.134134 Sociedade Brasileira de Imunizações [homepage on the Internet].São Paulo: a Sociedade [2019 Apr 1]. Pneumologia--Guia de Imunização SBIm/SBPT. 2018-2019. [Adobe Acrobat document, 34 p.]. Available from: https://sbim.org.br/images/files/guia-pneumologia-sbim-2018-2019.pdf
https://sbim.org.br/images/files/guia-pn...

Quanto às vacinas antipneumocócicas, a Sociedade Brasileira de Imunização e a SBPT recomendam, para portadores de doenças pulmonares crônicas, a seguinte sequência: vacina pneumocócica conjugada 13 valente (VPC13), que tem maior efeito imunogênico e, após 1 ano, vacina pneumocócica polissacarídica 23 valente (VPPS23); a VPPS23 pode ser reforçada com uma segunda dose 5 anos após a primeira dose. No caso de o indivíduo já ter sido vacinado com VPPS23, é conveniente aguardar 1 ano para proceder à vacinação com VPC13.134134 Sociedade Brasileira de Imunizações [homepage on the Internet].São Paulo: a Sociedade [2019 Apr 1]. Pneumologia--Guia de Imunização SBIm/SBPT. 2018-2019. [Adobe Acrobat document, 34 p.]. Available from: https://sbim.org.br/images/files/guia-pneumologia-sbim-2018-2019.pdf
https://sbim.org.br/images/files/guia-pn...

Nossa recomendação:

Os pacientes com bronquiectasias devem receber vacina anti-influenza anualmente e vacinas antipneumocócicas VPC13 e VPPS23 conforme o esquema sequencial recomendado pela Sociedade Brasileira de Imunização e SBPT.

Tratamento da insuficiência respiratória crônica

Oxigenoterapia domiciliar e ventilação não invasiva

Índices de PaO2 < 60 mmHg são indicativos de gravidade da doença bronquiectásica e eventual necessidade de oxigenoterapia domiciliar prolongada (18-24 h por dia). A oxigenoterapia pode retardar a instalação de cor pulmonale, um dos fatores relacionados a morbidade e mortalidade nesse grupo específico de pacientes, além da própria hipoxemia e hipercapnia.135135 Onen ZP, Gulbay BE, Sen E, Yildiz OA, Saryal S, Acican T, et al. Analysis of the factors related to mortality in patients with bronchiectasis. Respir Med. 2007;101(7):1390-7. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2007.02.002
https://doi.org/10.1016/j.rmed.2007.02.0...

As indicações devem seguir aquelas para doenças crônicas das vias aéreas, ou seja, PaO2 < 55 mmHg ou SpO2 < 88% em ar ambiente ou PaO2 entre 56-59 mmHg associada a cor pulmonale e/ou hematócrito > 55%.136136 Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease (GOLD) [homepage on the Internet]. Bethesda: GOLD [cited 2019 Apr 1]. Global Strategy for the Diagnosis, Management, and Prevention of COPD - 2018 Report. [Adobe Acrobat document, 155p.]. Available from: http://www.goldcopd.org
http://www.goldcopd.org...

A ventilação mecânica não invasiva pode ser indicada na insuficiência respiratória crônica com hipercapnia, como tratamento adjuvante à reabilitação cardiopulmonar e à fisioterapia respiratória, além de ser indicada como uma terapia de suporte quando da espera de transplante pulmonar. Deve ser ressaltado que seu uso deve ser realizado com cautela ou até mesmo contraindicado quando houver excesso de secreção broncopulmonar, ficando então sua indicação principalmente para fases clinicamente estáveis do ponto de vista secretor. Dentre as possibilidades de ventilação mecânica não invasiva, a modalidade mais conveniente é a bilevel positive airway pressure (BiPAP, pressão positiva nas vias aéreas em dois níveis).1515 Polverino E, Goeminne PC, McDonnell MJ, Aliberti S, Marshall SE, Loebinger MR, et al. European Respiratory Society guidelines for the management of adult bronchiectasis. Eur Respir J. 2017;50(3). pii: 1700629. https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2017
https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2...
,8585 Martínez-García MA, Máiz L, Olveira C, Girón RM, de la Rosa D, Blanco M, et al. Spanish Guidelines on Treatment of Bronchiectasis in Adults. Arch Bronconeumol. 2018;54(2):88-98. https://doi.org/10.1016/j.arbres.2017.07.016
https://doi.org/10.1016/j.arbres.2017.07...

Nossa recomendação:

Em pacientes com hipoxemia crônica apesar da otimização do tratamento clínico, a oxigenoterapia domiciliar prolongada está indicada. Em pacientes clinicamente estáveis com insuficiência respiratória crônica hipercápnica, deve ser utilizada ventilação mecânica não invasiva na modalidade BiPAP como adjuvante a reabilitação e fisioterapia.

Transplante pulmonar

O transplante pulmonar está indicado para indivíduos adultos com doença pulmonar crônica terminal ou evidência de progressão da doença, com risco maior que 50% de mortalidade em 2 anos, apesar de tratamento pleno e otimizado, respeitadas as contraindicações absolutas.8585 Martínez-García MA, Máiz L, Olveira C, Girón RM, de la Rosa D, Blanco M, et al. Spanish Guidelines on Treatment of Bronchiectasis in Adults. Arch Bronconeumol. 2018;54(2):88-98. https://doi.org/10.1016/j.arbres.2017.07.016
https://doi.org/10.1016/j.arbres.2017.07...
,137137 Weill D, Benden C, Corris PA, Dark JH, Davis RD, Keshavjee S, et al. A consensus document for the selection of lung transplant candidates: 2014--an update from the Pulmonary Transplantation Council of the International Society for Heart and Lung Transplantation. J Heart Lung Transplant. 2015;34(1):1-15. https://doi.org/10.1016/j.healun.2014.06.014
https://doi.org/10.1016/j.healun.2014.06...
Não há recomendações específicas que definam o momento de encaminhar o paciente com bronquiectasia não fibrocística para o transplante pulmonar, de modo que as recomendações se baseiam naquelas propostas para outras doenças pulmonares crônicas e para bronquiectasias associadas à fibrose cística.137137 Weill D, Benden C, Corris PA, Dark JH, Davis RD, Keshavjee S, et al. A consensus document for the selection of lung transplant candidates: 2014--an update from the Pulmonary Transplantation Council of the International Society for Heart and Lung Transplantation. J Heart Lung Transplant. 2015;34(1):1-15. https://doi.org/10.1016/j.healun.2014.06.014
https://doi.org/10.1016/j.healun.2014.06...
,138138 Corris PA. Lung transplantation for cystic fibrosis and bronchiectasis. Semin Respir Crit Care Med. 2013;34(3):297-304. https://doi.org/10.1055/s-0033-1348469
https://doi.org/10.1055/s-0033-1348469...

O transplante pulmonar deve ser considerado para indivíduos com bronquiectasias difusas que apresentem declínio progressivo da função pulmonar a despeito do tratamento clínico pleno.139139 Mauchley DC, Daley CL, Iseman MD, Mitchell JD. Pulmonary resection and lung transplantation for bronchiectasis. Clin Chest Med. 2012;33(2):387-96. https://doi.org/10.1016/j.ccm.2012.04.001
https://doi.org/10.1016/j.ccm.2012.04.00...
,140140 Hayes D Jr, Meyer KC. Lung transplantation for advanced bronchiectasis. Semin Respir Crit Care Med. 2010;31(2):123-38. https://doi.org/10.1055/s-0030-1249109
https://doi.org/10.1055/s-0030-1249109...
O avanço da doença de base com grave prejuízo da função pulmonar (VEF1 < 30% do previsto); presença de hipoxemia (com necessidade de oxigenoterapia domiciliar) e hipercapnia; necessidade de ventilação não invasiva; exacerbações graves e hospitalizações frequentes; e desenvolvimento de hipertensão pulmonar são sinais de que o paciente deva ser encaminhado para transplante pulmonar.8585 Martínez-García MA, Máiz L, Olveira C, Girón RM, de la Rosa D, Blanco M, et al. Spanish Guidelines on Treatment of Bronchiectasis in Adults. Arch Bronconeumol. 2018;54(2):88-98. https://doi.org/10.1016/j.arbres.2017.07.016
https://doi.org/10.1016/j.arbres.2017.07...
,139139 Mauchley DC, Daley CL, Iseman MD, Mitchell JD. Pulmonary resection and lung transplantation for bronchiectasis. Clin Chest Med. 2012;33(2):387-96. https://doi.org/10.1016/j.ccm.2012.04.001
https://doi.org/10.1016/j.ccm.2012.04.00...
,141141 Camargo PC, Teixeira RH, Carraro RM, Campos SV, Afonso Junior JE, Costa AN, et al. Lung transplantation: overall approach regarding its major aspects. J Bras Pneumol. 2015;41(6):547-53 https://doi.org/10.1590/s1806-37562015000000100
https://doi.org/10.1590/s1806-3756201500...

Em três séries de pacientes transplantados, a sobrevida em 1, 5 e 10 anos, respectivamente, variou de 68-85%,142142 Beirne PA, Banner NR, Khaghani A, Hodson ME, Yacoub MH. Lung transplantation for non-cystic fibrosis bronchiectasis: analysis of a 13-year experience. J Heart Lung Transplant. 2005;24(10):1530-5. https://doi.org/10.1016/j.healun.2004.12.114
https://doi.org/10.1016/j.healun.2004.12...

143 Birch J, Sunny SS, Hester KLM, Parry G, Kate Gould F, Dark JH, et al. Outcomes of lung transplantation in adults with bronchiectasis. BMC Pulm Med. 2018;18(1):82. https://doi.org/10.1186/s12890-018-0634-4
https://doi.org/10.1186/s12890-018-0634-...
-144144 Rademacher J, Ringshausen FC, Suhling H, Fuge J, Marsch G, Warnecke G, et al. Lung transplantation for non-cystic fibrosis bronchiectasis. Respir Med. 2016;115:60-5. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2016.04.007
https://doi.org/10.1016/j.rmed.2016.04.0...
61-73%142142 Beirne PA, Banner NR, Khaghani A, Hodson ME, Yacoub MH. Lung transplantation for non-cystic fibrosis bronchiectasis: analysis of a 13-year experience. J Heart Lung Transplant. 2005;24(10):1530-5. https://doi.org/10.1016/j.healun.2004.12.114
https://doi.org/10.1016/j.healun.2004.12...

143 Birch J, Sunny SS, Hester KLM, Parry G, Kate Gould F, Dark JH, et al. Outcomes of lung transplantation in adults with bronchiectasis. BMC Pulm Med. 2018;18(1):82. https://doi.org/10.1186/s12890-018-0634-4
https://doi.org/10.1186/s12890-018-0634-...
-144144 Rademacher J, Ringshausen FC, Suhling H, Fuge J, Marsch G, Warnecke G, et al. Lung transplantation for non-cystic fibrosis bronchiectasis. Respir Med. 2016;115:60-5. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2016.04.007
https://doi.org/10.1016/j.rmed.2016.04.0...
e 48%.143143 Birch J, Sunny SS, Hester KLM, Parry G, Kate Gould F, Dark JH, et al. Outcomes of lung transplantation in adults with bronchiectasis. BMC Pulm Med. 2018;18(1):82. https://doi.org/10.1186/s12890-018-0634-4
https://doi.org/10.1186/s12890-018-0634-...
Nesses estudos, os transplantes foram mais frequentemente bilaterais (sequenciais) do que unilaterais. Por se tratar de doença supurativa a indicação é que seja sempre realizado o transplante bilateral.

Nossa recomendação:

Deve-se considerar a indicação de transplante pulmonar para pacientes com VEF1 < 30% do previsto ou para aqueles com valores maiores de VEF1 mas com declínio acelerado da função pulmonar. Alguns fatores, quando presentes, devem alertar para a possibilidade de encaminhamento precoce do paciente para a avaliação de transplante pulmonar: exacerbações graves e frequentes, com internações em UTI; pneumotórax ou hemoptise recorrentes ou refratários ao tratamento; insuficiência respiratória crônica; e hipercapnia ou hipertensão pulmonar.

Tratamento cirúrgico

A cirurgia de ressecção é um tratamento potencialmente curativo para pacientes com doença localizada e quadro refratário ao tratamento clínico. O tratamento cirúrgico com intenção paliativa (doença difusa) deve ser reservado somente para casos de hemoptise grave com embolização ineficaz ou na presença de áreas abscedadas que não foram responsivas ao tratamento com antimicrobianos e medidas associadas.1515 Polverino E, Goeminne PC, McDonnell MJ, Aliberti S, Marshall SE, Loebinger MR, et al. European Respiratory Society guidelines for the management of adult bronchiectasis. Eur Respir J. 2017;50(3). pii: 1700629. https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2017
https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2...
,145145 Fan LC, Liang S, Lu HW, Fei K, Xu JF. Efficiency and safety of surgical intervention to patients with Non-Cystic Fibrosis bronchiectasis: a meta-analysis. Sci Rep. 2015;5:17382. https://doi.org/10.1038/srep17382
https://doi.org/10.1038/srep17382...

A lobectomia por toracoscopia em doenças inflamatórias crônicas do pulmão pode ser realizada com segurança, além de apresentar um baixo índice de conversão para toracotomia.146146 Weber A, Stammberger U, Inci I, Schmid RA, Dutly A, Weder W. Thoracoscopic lobectomy for benign disease--a single centre study on 64 cases. Eur J Cardiothorac Surg. 2001;20(3):443-8. https://doi.org/10.1016/S1010-7940(01)00689-3
https://doi.org/10.1016/S1010-7940(01)00...
,147147 Mitchell JD, Yu JA, Bishop A, Weyant MJ, Pomerantz M. Thoracoscopic lobectomy and segmentectomy for infectious lung disease. Ann Thorac Surg. 2012;93(4):1033-9; discussion 1039-40. https://doi.org/10.1016/j.athoracsur.2012.01.012
https://doi.org/10.1016/j.athoracsur.201...
A cirurgia realizada por videotoracoscopia reduz o tempo de permanência hospitalar e tem menor índice de complicações, principalmente no que diz respeito ao sangramento, quando comparada com a toracotomia.148148 Zhang P, Zhang F, Jiang S, Jiang G, Zhou X, Ding J, et al. Video-assisted thoracic surgery for bronchiectasis. Ann Thorac Surg. 2011;91(1):239-43. https://doi.org/10.1016/j.athoracsur.2010.08.035
https://doi.org/10.1016/j.athoracsur.201...

Em um grupo específico de pacientes com doença focal e sem resposta ao tratamento clínico, a ressecção se associou com melhora significativa dos sintomas e risco de mortalidade e morbidade aceitável.149149 Gursoy S, Ozturk AA, Ucvet A, Erbaycu AE. Surgical management of bronchiectasis: the indications and outcomes. Surg Today. 2010;40(1):26-30. https://doi.org/10.1007/s00595-009-4013-x
https://doi.org/10.1007/s00595-009-4013-...
Uma meta-análise revelou uma taxa de mortalidade da ordem de 1,5% e melhora da sintomatologia em 66,5%.145145 Fan LC, Liang S, Lu HW, Fei K, Xu JF. Efficiency and safety of surgical intervention to patients with Non-Cystic Fibrosis bronchiectasis: a meta-analysis. Sci Rep. 2015;5:17382. https://doi.org/10.1038/srep17382
https://doi.org/10.1038/srep17382...
A melhora da qualidade de vida após 1 ano de seguimento foi excelente em 73,3% dos pacientes em um estudo, mostrando-se inalterada em somente 8,3% deles.150150 Coutinho D, Fernandes P, Guerra M, Miranda J, Vouga L. Surgical treatment of bronchiectasis: A review of 20 years of experience. Rev Port Pneumol (2006). 2016;22(2):82-5. https://doi.org/10.1016/j.rppnen.2015.09.007
https://doi.org/10.1016/j.rppnen.2015.09...
Um grupo de autores também demonstrou melhora na qualidade de vida e capacidade de exercício preservada em pacientes selecionados submetidos à cirurgia.151151 Vallilo CC, Terra RM, de Albuquerque AL, Suesada MM, Mariani AW, Salge JM, et al. Lung resection improves the quality of life of patients with symptomatic bronchiectasis. Ann Thorac Surg. 2014;98(3):1034-41. https://doi.org/10.1016/j.athoracsur.2014.04.049
https://doi.org/10.1016/j.athoracsur.201...
A presença de bronquiectasias residuais, infecção por micobactérias não tuberculosas ou imunossupressão podem configurar fatores de risco para a baixa resposta clínica após a cirurgia. A doença de base também é um fator determinante para a decisão terapêutica.145145 Fan LC, Liang S, Lu HW, Fei K, Xu JF. Efficiency and safety of surgical intervention to patients with Non-Cystic Fibrosis bronchiectasis: a meta-analysis. Sci Rep. 2015;5:17382. https://doi.org/10.1038/srep17382
https://doi.org/10.1038/srep17382...
,152152 Hiramatsu M, Shiraishi Y, Nakajima Y, Miyaoka E, Katsuragi N, Kita H, et al. Risk factors that affect the surgical outcome in the management of focal bronchiectasis in a developed country. Ann Thorac Surg. 2012;93(1):245-50. https://doi.org/10.1016/j.athoracsur.2011.08.077
https://doi.org/10.1016/j.athoracsur.201...

Nossa recomendação:

O tratamento cirúrgico deve ser reservado para indivíduos com doença bronquiectásica localizada e refratária ao tratamento clínico, e o procedimento preferencial é a videotoracoscopia.

MANEJO TERAPÊUTICO DAS EXACERBAÇÕES

Definição e papel das exacerbações

Exacerbação é caracterizada pela piora de três ou mais dos seguintes sintomas, por pelo menos 48 h: 1) tosse; 2) volume ou viscosidade do escarro; 3) purulência de escarro; 4) dispneia ou intolerância ao exercício; 5) fadiga; e 6) hemoptise.153153 Hill AT, Haworth CS, Aliberti S, Barker A, Blasi F, Boersma W, et al. Pulmonary exacerbation in adults with bronchiectasis: a consensus definition for clinical research. Eur Respir J. 2017;49(6). pii: 1700051. https://doi.org/10.1183/13993003.00051-2017
https://doi.org/10.1183/13993003.00051-2...

A radiografia de tórax pode apresentar preenchimento de secreção nas bronquiectasias pré-existentes, sem sinais de consolidações. O diagnóstico é clínico, e exames complementares podem ser usados para diagnósticos diferenciais, como pneumonia, pneumotórax, tromboembolismo pulmonar, cardiopatias, dentre outros.

As causas das exacerbações ainda não são completamente compreendidas, mas entende-se que exista uma relação entre infecção brônquica crônica bacteriana e inflamação. Infecções virais ou novas bactérias podem ser gatilhos para um desequilíbrio dessa relação.1010 Patel IS, Vlahos I, Wilkinson TM, Lloyd-Owen SJ, Donaldson GC, Wilks M, et al. Bronchiectasis, exacerbation indices, and inflammation in chronic obstructive pulmonary disease. Am J Respir Crit Care Med. 2004;170(4):400-7. https://doi.org/10.1164/rccm.200305-648OC
https://doi.org/10.1164/rccm.200305-648O...
,154154 Tunney MM, Einarsson GG, Wei L, Drain M, Klem ER, Cardwell C, et al. Lung microbiota and bacterial abundance in patients with bronchiectasis when clinically stable and during exacerbation. Am J Respir Crit Care Med. 2013;187(10):1118-26. https://doi.org/10.1164/rccm.201210-1937OC
https://doi.org/10.1164/rccm.201210-1937...

Além de ter grande impacto na qualidade de vida dos pacientes, exacerbações elevam os custos em saúde. Outra consequência importante é a maior mortalidade, uma vez que pacientes com mais de três exacerbações ou alguma internação nos últimos 12 meses apresentam aumento na mortalidade.155155 de la Rosa Carrillo D, Navarro Rolon A, Girón Moreno RM, Montull Veiga B, Olveira Fuster C, Padilla Galo A, et al. Cost of Hospitalizations due to Exacerbation in Patients with Non-Cystic Fibrosis Bronchiectasis. Respiration. 2018;96(5):406-416. https://doi.org/10.1159/000489935
https://doi.org/10.1159/000489935...
,156156 Chalmers JD, Aliberti S, Filonenko A, Shteinberg M, Goeminne PC, Hill AT, et al. Characterization of the "Frequent Exacerbator Phenotype" in Bronchiectasis. Am J Respir Crit Care Med. 2018;197(11):1410-1420. https://doi.org/10.1164/rccm.201711-2202OC
https://doi.org/10.1164/rccm.201711-2202...

Gravidade das exacerbações

Uma vez diagnosticada a exacerbação, a anamnese e o exame físico devem ser direcionados para a determinação da gravidade da crise. Exacerbações graves requerem antibiótico endovenoso e/ou internação hospitalar. São sinais que indicam gravidade da exacerbação4747 Pasteur MC, Bilton D, Hill AT; British Thoracic Society Bronchiectasis non-CF Guideline Group. British Thoracic Society guideline for non-CF bronchiectasis. Thorax. 2010;65 Suppl 1:i1-58. https://doi.org/10.1136/thx.2010.136119
https://doi.org/10.1136/thx.2010.136119...
,8585 Martínez-García MA, Máiz L, Olveira C, Girón RM, de la Rosa D, Blanco M, et al. Spanish Guidelines on Treatment of Bronchiectasis in Adults. Arch Bronconeumol. 2018;54(2):88-98. https://doi.org/10.1016/j.arbres.2017.07.016
https://doi.org/10.1016/j.arbres.2017.07...
,157157 Hill AT, Pasteur M, Cornford C, Welham S, Bilton D. Primary care summary of the British Thoracic Society Guideline on the management of non-cystic fibrosis bronchiectasis. Prim Care Respir J. 2011;20(2):135-40. https://doi.org/10.4104/pcrj.2011.00007
https://doi.org/10.4104/pcrj.2011.00007...
: frequência respiratória ≥ 25 ciclos/min, desconforto respiratório com uso de musculatura acessória, deterioração da saturação de oxigênio, cianose, temperatura ≥ 38°C ou outro critério para sepse e hemoptise (> 25 ml em 24 h). Pacientes com instabilidade hemodinâmica, alteração do nível de consciência ou confusão mental devem ser considerados para tratamento em UTI. A indisponibilidade de tratamento endovenoso domiciliar pode levar à necessidade de internação de pacientes que usaram antibiótico por via oral e não apresentaram resposta ao tratamento.

Vale ressaltar que a infecção crônica por P. aeruginosa está associada a admissões hospitalares mais frequentes, tempo prolongado de hospitalizações, pior função pulmonar e maior mortalidade.7373 Araujo D, Shteinberg M, Aliberti S, Goeminne PC, Hill AT, Fardon TC, et al. The independent contribution of Pseudomonas aeruginosa infection to long-term clinical outcomes in bronchiectasis. Eur Respir J. 2018;51(2). pii: 1701953. https://doi.org/10.1183/13993003.01953-2017
https://doi.org/10.1183/13993003.01953-2...
,158158 Chawla K, Vishwanath S, Manu MK, Lazer B. Influence of pseudomonas aeruginosa on exacerbation in patients with bronchiectasis. J Glob Infect Dis. 2015;7(1):18-22. https://doi.org/10.4103/0974-777X.150885
https://doi.org/10.4103/0974-777X.150885...
Assim, pacientes com infecção crônica por P. aeruginosa devem ser cuidadosamente avaliados quanto à gravidade da exacerbação.

Em pacientes hospitalizados, são preditores de maior mortalidade: sexo masculino, uso de corticoides sistêmicos, VEF1 baixo, aumento de creatinina, história de tabagismo e necessidade de ventilação mecânica.159159 Finklea JD, Khan G, Thomas S, Song J, Myers D, Arroliga AC. Predictors of mortality in hospitalized patients with acute exacerbation of bronchiectasis. Respir Med. 2010;104(6):816-21. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2009.11.021
https://doi.org/10.1016/j.rmed.2009.11.0...

Tratamento das exacerbações

Escolha do antibiótico

O uso de antibióticos é essencial para o tratamento de exacerbações em bronquiectasias. Ao diagnóstico da exacerbação, indica-se coleta de amostra de escarro, mas o início do tratamento não deve esperar esse resultado. Ele será utilizado apenas caso o paciente não responda adequadamente ao tratamento inicialmente escolhido. A escolha do esquema antibiótico deve levar em consideração resultados prévios de culturas aeróbias de escarro e resposta a antibióticos em exacerbações anteriores, conforme ilustrado na Figura 7. Independentemente do antibiótico escolhido, sugere-se sempre a utilização das doses máximas preconizadas, com o intuito de garantir melhor penetração do fármaco em vias aéreas dilatadas, alteradas estruturalmente e com acúmulo de secreções.

Figura 7
Fluxograma para o manejo terapêutico na exacerbação. aSe necessário tratamento endovenoso em exacerbação não grave, avaliar a possibilidade de administração endovenosa domiciliar. bA dose de ciprofloxacino de 750 mg de 12/12 h deve ser reservada para exacerbações graves em pacientes com mais de 50 kg.

Tempo de tratamento

Poucos estudos avaliaram o tempo de tratamento da exacerbação. Atualmente, recomenda-se tratamento entre 14 e 21 dias. Em quadros leves, em que o paciente retorna aos sintomas basais rapidamente após o início do tratamento, pode-se considerar apenas 10 dias.1515 Polverino E, Goeminne PC, McDonnell MJ, Aliberti S, Marshall SE, Loebinger MR, et al. European Respiratory Society guidelines for the management of adult bronchiectasis. Eur Respir J. 2017;50(3). pii: 1700629. https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2017
https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2...

Não há evidências na literatura sobre quais os melhores desfechos a ser utilizados para determinar a resolução da exacerbação. Para pacientes com exacerbações graves, recomenda-se associar a melhora clínica a marcadores inflamatórios e função pulmonar (espirometria ou PFE). Há aumento significativo de leucócitos, neutrófilos, PCR e fibrinogênio na exacerbação; porém, uma pequena porcentagem de pacientes não apresenta melhora inflamatória ao final do tratamento. Quanto à função pulmonar, observa-se sua queda na exacerbação, frequentemente com recuperação em até 2 semanas após o tratamento. Quanto maior a queda, maior o risco de longa recuperação.160160 Brill SE, Patel AR, Singh R, Mackay AJ, Brown JS, Hurst JR. Lung function, symptoms and inflammation during exacerbations of non-cystic fibrosis bronchiectasis: a prospective observational cohort study. Respir Res. 2015;16:16. https://doi.org/10.1186/s12931-015-0167-9
https://doi.org/10.1186/s12931-015-0167-...

161 Guan WJ, Gao YH, Xu G, Lin ZY, Tang Y, Li HM, et al. Inflammatory Responses, Spirometry, and Quality of Life in Subjects With Bronchiectasis Exacerbations. Respir Care. 2015;60(8):1180-9. https://doi.org/10.4187/respcare.04004
https://doi.org/10.4187/respcare.04004...
-162162 Murray MP, Turnbull K, Macquarrie S, Hill AT. Assessing response to treatment of exacerbations of bronchiectasis in adults. Eur Respir J. 2009;33(2):312-8. https://doi.org/10.1183/09031936.00122508
https://doi.org/10.1183/09031936.0012250...

Outras medidas terapêuticas

Há poucas evidências para o uso de outras medicações e medidas adjuvantes; porém, algumas podem ser consideradas em situações específicas:

  • Corticosteroides sistêmicos: devem ser usados sempre quando há asma ou DPOC associadas. Podem ser considerados em pacientes com hipersecreção, em doses baixas (0,25 a 0,5 mg/kg de prednisona ou equivalente), com atenção aos riscos de efeitos colaterais.

  • Broncodilatadores inalatórios: podem ser associados em pacientes com dispneia significativa, em especial em internações, sempre levando em consideração os possíveis eventos adversos.

  • Fisioterapia respiratória: recomenda-se que exercícios para higiene brônquica sejam aumentados durante a exacerbação, independentemente da técnica que o paciente utiliza habitualmente. Em caso de hospitalização, indica-se o acompanhamento diário com fisioterapeuta, no mínimo duas sessões por dia.

  • Agentes hiperosmolares: podem ser considerados para a melhora de higiene brônquica. A opção mais usada é a salina hipertônica, iniciando-se a 3%, com possibilidade de aumento até 7% se bem tolerada. Pelo risco de induzir broncoespasmo, deve-se utilizar broncodilatadores de início rápido de ação 15-30 min antes da inalação e supervisionar a primeira vez em que o paciente utilizar essa medicação.

Antibióticos inalatórios: não são recomendados rotineiramente para o tratamento de exacerbações. Caso o paciente já faça uso crônico desses, podem ser mantidos desde que avaliados quanto aos riscos de efeitos colaterais quando associados a antibioticoterapia sistêmica.163163 Ailiyaer Y, Wang XX, Zhang Y, Li C, Li T, Qi Q, et al. A Prospective Trial of Nebulized Amikacin in the Treatment of Bronchiectasis Exacerbation. Respiration. 2018;95(5):327-333. https://doi.org/10.1159/000486134
https://doi.org/10.1159/000486134...
,164164 Bilton D, Henig N, Morrissey B, Gotfried M. Addition of inhaled tobramycin to ciprofloxacin for acute exacerbations of Pseudomonas aeruginosa infection in adult bronchiectasis. Chest. 2006;130(5):1503-10. https://doi.org/10.1378/chest.130.5.1503
https://doi.org/10.1378/chest.130.5.1503...

Nossa recomendação:

Após o diagnóstico de uma exacerbação, deve-se definir a gravidade da mesma a fim de se decidir se o tratamento será domiciliar ou com internação hospitalar. Antes de iniciar antibioticoterapia (baseada em culturas prévias), deve-se coletar nova amostra de escarro para análise microbiológica, que será usada no caso de não resposta ao tratamento. Medidas adjuvantes devem ser instituídas conforme julgamento clínico (uso de corticosteroides, broncodilatadores, fisioterapia respiratória e/ou agentes hipertônicos).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Quadro 6 resume as recomendações para o acompanhamento e tratamento dos pacientes com bronquiectasias não fibrocísticas.

Quadro 6
Quadro de recomendações para acompanhamento e tratamento dos pacientes com bronquiectasias não fibrocísticas.

REFERENCES

  • 1
    Barker AF, Bardana EJ Jr. Bronchiectasis: update of an orphan disease. Am Rev Respir Dis. 1988;137(4):969-78. https://doi.org/10.1164/ajrccm/137.4.969
    » https://doi.org/10.1164/ajrccm/137.4.969
  • 2
    Brasil. Ministério da Saúde. Secretária de Vigilância à Saúde [homepage on the Internet]. Brasília: Ministério da Saúde [cited 2019 Apr 1]. Perfil da morbimortalidade por doenças respirato´rias crônicas no Brasil, 2003 a 2013. Boletim Epidemiológico. 2016;47(19). [Adobe Acrobat document, 9 p.]. Available from: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2016/maio/06/2015-026-doencas-respiratorias-cronicas.pdf
    » http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2016/maio/06/2015-026-doencas-respiratorias-cronicas.pdf
  • 3
    Chandrasekaran R, Mac Aogáin M, Chalmers JD, Elborn SJ, Chotirmall SH. Geographic variation in the aetiology, epidemiology and microbiology of bronchiectasis. BMC Pulm Med. 2018;18(1):83. https://doi.org/10.1186/s12890-018-0638-0
    » https://doi.org/10.1186/s12890-018-0638-0
  • 4
    Seitz AE, Olivier KN, Adjemian J, Holland SM, Prevots DR. Trends in bronchiectasis among medicare beneficiaries in the United States, 2000 to 2007. Chest. 2012;142(2):432-439. https://doi.org/10.1378/chest.11-2209
    » https://doi.org/10.1378/chest.11-2209
  • 5
    Weycker D, Hansen GL, Seifer FD. Prevalence and incidence of noncystic fibrosis bronchiectasis among US adults in 2013. Chron Respir Dis. 2017;14(4):377-384. https://doi.org/10.1177/1479972317709649
    » https://doi.org/10.1177/1479972317709649
  • 6
    Quint JK, Millett ER, Joshi M, Navaratnam V, Thomas SL, Hurst JR, et al. Changes in the incidence, prevalence and mortality of bronchiectasis in the UK from 2004 to 2013: a population-based cohort study. Eur Respir J. 2016;47(1):186-93. https://doi.org/10.1183/13993003.01033-2015
    » https://doi.org/10.1183/13993003.01033-2015
  • 7
    Ringshausen FC, de Roux A, Diel R, Hohmann D, Welte T, Rademacher J. Bronchiectasis in Germany: a population-based estimation of disease prevalence. Eur Respir J. 2015;46(6):1805-7. https://doi.org/10.1183/13993003.00954-2015
    » https://doi.org/10.1183/13993003.00954-2015
  • 8
    Monteagudo M, Rodriguez-Blanco T, Barrecheguren M, Simonet P, Miravitlles M. Prevalence and incidence of bronchiectasis in Catalonia, Spain: A population-based study. Respir Med. 2016;121:26-31. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2016.10.014
    » https://doi.org/10.1016/j.rmed.2016.10.014
  • 9
    Rezende Gonçalves J, Corso Pereira M, Figueiras Pedreira De Cerqueira EM, Oliveira Magro D, Mello Moreira M, Paschoal IA. Severe obstructive disease: similarities and differences between smoker and non-smoker patients with COPD and/or bronchiectasis. Rev Port Pneumol. 2013;19(1):13-8. https://doi.org/10.1016/j.rppneu.2012.05.003
    » https://doi.org/10.1016/j.rppneu.2012.05.003
  • 10
    Patel IS, Vlahos I, Wilkinson TM, Lloyd-Owen SJ, Donaldson GC, Wilks M, et al. Bronchiectasis, exacerbation indices, and inflammation in chronic obstructive pulmonary disease. Am J Respir Crit Care Med. 2004;170(4):400-7. https://doi.org/10.1164/rccm.200305-648OC
    » https://doi.org/10.1164/rccm.200305-648OC
  • 11
    O'Brien C, Guest PJ, Hill SL, Stockley RA. Physiological and radiological characterisation of patients diagnosed with chronic obstructive pulmonary disease in primary care. Thorax. 2000;55(8):635-42. https://doi.org/10.1136/thorax.55.8.635
    » https://doi.org/10.1136/thorax.55.8.635
  • 12
    Joish VN, Spilsbury-Cantalupo M, Operschall E, Luong B, Boklage S. Economic burden of non-cystic fibrosis bronchiectasis in the first year after diagnosis from a US health plan perspective. Appl Health Econ Health Policy. 2013;11(3):299-304. https://doi.org/10.1007/s40258-013-0027-z
    » https://doi.org/10.1007/s40258-013-0027-z
  • 13
    de la Rosa D, Martínez-Garcia MA, Olveira C, Girón R, Máiz L, Prados C. Annual direct medical costs of bronchiectasis treatment: Impact of severity, exacerbations, chronic bronchial colonization and chronic obstructive pulmonary disease coexistence. Chron Respir Dis. 2016;13(4):361-371. https://doi.org/10.1177/1479972316643698
    » https://doi.org/10.1177/1479972316643698
  • 14
    Amalakuhan B, Maselli DJ, Martinez-Garcia MA. Update in Bronchiectasis 2014. Am J Respir Crit Care Med. 2015;192(10):1155-61. https://doi.org/10.1164/rccm.201505-0926UP
    » https://doi.org/10.1164/rccm.201505-0926UP
  • 15
    Polverino E, Goeminne PC, McDonnell MJ, Aliberti S, Marshall SE, Loebinger MR, et al. European Respiratory Society guidelines for the management of adult bronchiectasis. Eur Respir J. 2017;50(3). pii: 1700629. https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2017
    » https://doi.org/10.1183/13993003.00629-2017
  • 16
    Athanazio RA, Silva Filho LVRF, Vergara AA, Ribeiro AF, Riedi CA, Procianoy EDFA, et al. Brazilian guidelines for the diagnosis and treatment of cystic fibrosis. J Bras Pneumol. 2017;43(3):219-245. https://doi.org/10.1590/s1806-37562017000000065
    » https://doi.org/10.1590/s1806-37562017000000065
  • 17
    Loebinger MR, Wells AU, Hansell DM, Chinyanganya N, Devaraj A, Meister M, et al. Mortality in bronchiectasis: a long-term study assessing the factors influencing survival. Eur Respir J. 2009;34(4):843-9. https://doi.org/10.1183/09031936.00003709
    » https://doi.org/10.1183/09031936.00003709
  • 18
    ten Hacken NH, Wijkstra PJ, Kerstjens HA. Treatment of bronchiectasis in adults. BMJ. 2007;335(7629):1089-93. https://doi.org/10.1136/bmj.39384.657118.80
    » https://doi.org/10.1136/bmj.39384.657118.80
  • 19
    King PT. The pathophysiology of bronchiectasis. Int J Chron Obstruct Pulmon Dis. 2009;4:411-9. https://doi.org/10.2147/COPD.S6133
    » https://doi.org/10.2147/COPD.S6133
  • 20
    Cole PJ. Inflammation: a two-edged sword--the model of bronchiectasis. Eur J Respir Dis Suppl. 1986;147:6-15.
  • 21
    Hogg JC, Chu F, Utokaparch S, Woods R, Elliott WM, Buzatu L, et al. The nature of small-airway obstruction in chronic obstructive pulmonary disease. N Engl J Med. 2004;350(26):2645-53. https://doi.org/10.1056/NEJMoa032158
    » https://doi.org/10.1056/NEJMoa032158
  • 22
    Tiddens HA, Donaldson SH, Rosenfeld M, Paré PD. Cystic fibrosis lung disease starts in the small airways: can we treat it more effectively? Pediatr Pulmonol. 2010;45(2):107-17. https://doi.org/10.1002/ppul.21154
    » https://doi.org/10.1002/ppul.21154
  • 23
    Wurzel DF, Mackay IM, Marchant JM, Wang CY, Yerkovich ST, Upham JW, et al. Adenovirus species C is associated with chronic suppurative lung diseases in children. Clin Infect Dis. 2014;59(1):34-40. https://doi.org/10.1093/cid/ciu225
    » https://doi.org/10.1093/cid/ciu225
  • 24
    Becroft DM. Bronchiolitis obliterans, bronchiectasis, and other sequelae of adenovirus type 21 infection in young children. J Clin Pathol. 1971;24(1):72-82. https://doi.org/10.1136/jcp.24.1.72
    » https://doi.org/10.1136/jcp.24.1.72
  • 25
    Kaschula RO, Druker J, Kipps A. Late morphologic consequences of measles: a lethal and debilitating lung disease among the poor. Rev Infect Dis. 1983;5(3):395-404. https://doi.org/10.1093/clinids/5.3.395
    » https://doi.org/10.1093/clinids/5.3.395
  • 26
    Johnston ID, Anderson HR, Lambert HP, Patel S. Respiratory morbidity and lung function after whooping-cough. Lancet. 1983;2(8359):1104-8. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(83)90626-8
    » https://doi.org/10.1016/S0140-6736(83)90626-8
  • 27
    Brasil. Ministério da Saúde [homepage on the Internet]. Brasília: o Ministério [cited 2019 Apr 1]. Tuberculose: o que é, causas, sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção [about 20 screens]. Available from: http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/tuberculose
    » http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/tuberculose
  • 28
    Jordan TS, Spencer EM, Davies P. Tuberculosis, bronchiectasis and chronic airflow obstruction. Respirology. 2010;15(4):623-8. https://doi.org/10.1111/j.1440-1843.2010.01749.x
    » https://doi.org/10.1111/j.1440-1843.2010.01749.x
  • 29
    Olm MA, Caldini EG, Mauad T. Diagnosis of primary ciliary dyskinesia. J Bras Pneumol. 2015;41(3):251-63. https://doi.org/10.1590/S1806-37132015000004447
    » https://doi.org/10.1590/S1806-37132015000004447
  • 30
    Weibel ER, Sapoval B, Filoche M. Design of peripheral airways for efficient gas exchange. Respir Physiol Neurobiol. 2005;148(1-2):3-21. https://doi.org/10.1016/j.resp.2005.03.005
    » https://doi.org/10.1016/j.resp.2005.03.005
  • 31
    Svartengren K, Philipson K, Svartengren M, Nerbrink O, Camner P. Clearance in smaller airways of inhaled 6-microm particles in subjects with immotile-cilia syndrome. Exp Lung Res. 1995;21(5):667-82. https://doi.org/10.3109/01902149509050835
    » https://doi.org/10.3109/01902149509050835
  • 32
    Schwardt JD, Neufeld GR, Baumgardner JE, Scherer PW. Noninvasive recovery of acinar anatomic information from CO2 expirograms. Ann Biomed Eng. 1994;22(3):293-306. https://doi.org/10.1007/BF02368236
    » https://doi.org/10.1007/BF02368236
  • 33
    Reid LM. Reduction in bronchial subdivision in bronchiectasis. Thorax. 1950;5(3):233-47. https://doi.org/10.1136/thx.5.3.233
    » https://doi.org/10.1136/thx.5.3.233
  • 34
    Kang EY, Miller RR, Muller NL. Bronchiectasis: comparison of preoperative thin-section CT and pathologic findings in resected specimens. Radiology. 1995;195(3):649-54. https://doi.org/10.1148/radiology.195.3.7753989
    » https://doi.org/10.1148/radiology.195.3.7753989
  • 35
    Im JG, Kim SH, Chung MJ, Koo JM, Han MC. Lobular low attenuation of the lung parenchyma on CT: evaluation of forty-eight patients. J Comput Assist Tomogr. 1996;20(5):756-62. https://doi.org/10.1097/00004728-199609000-00013
    » https://doi.org/10.1097/00004728-199609000-00013
  • 36
    Bueno J, Flors L. The role of imaging in the diagnosis of bronchiectasis: the key is in the distribution. Radiologia. 2018;60(1):39-48. https://doi.org/10.1016/j.rx.2017.06.009
    » https://doi.org/10.1016/j.rx.2017.06.009
  • 37
    Kwak N, Lee CH, Lee HJ, Kang YA, Lee JH, Han SK, et al. Non-tuberculous mycobacterial lung disease: diagnosis based on computed tomography of the chest. Eur Radiol. 2016;26(12):4449-4456. https://doi.org/10.1007/s00330-016-4286-6
    » https://doi.org/10.1007/s00330-016-4286-6
  • 38
    Kudoh S, Keicho N. Diffuse panbronchiolitis. Clin Chest Med. 2012;33(2):297-305. https://doi.org/10.1016/j.ccm.2012.02.005
    » https://doi.org/10.1016/j.ccm.2012.02.005
  • 39
    Franquet T, Giménez A, Rosón N, Torrubia S, Sabaté JM, Pérez C. Aspiration diseases: findings, pitfalls, and differential diagnosis. Radiographics. 2000;20(3):673-85. https://doi.org/10.1148/radiographics.20.3.g00ma01673
    » https://doi.org/10.1148/radiographics.20.3.g00ma01673
  • 40
    Olveira C, Padilla A, Martínez-García MA, de la Rosa D, Girón RM, Vendrell M, et al. Etiology of Bronchiectasis in a Cohort of 2047 Patients. An Analysis of the Spanish Historical Bronchiectasis Registry. Arch Bronconeumol. 2017;53(7):366-374. https://doi.org/10.1016/j.arbres.2016.12.003
    » https://doi.org/10.1016/j.arbres.2016.12.003
  • 41
    Lonni S, Chalmers JD, Goeminne PC, McDonnell MJ, Dimakou K, De Soyza A, et al. Etiology of Non-Cystic Fibrosis Bronchiectasis in Adults and Its Correlation to Disease Severity. Ann Am Thorac Soc. 2015;12(12):1764-70. https://doi.org/10.1513/AnnalsATS.201507-472OC
    » https://doi.org/10.1513/AnnalsATS.201507-472OC
  • 42
    Shoemark A, Ozerovitch L, Wilson R. Aetiology in adult patients with bronchiectasis. Respir Med. 2007;101(6):1163-70. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2006.11.008
    » https://doi.org/10.1016/j.rmed.2006.11.008
  • 43
    Athanazio R, Pereira MC, Gramblicka G, Cavalcanti-Lundgren F, de Figueiredo MF, Arancibia F, et al. Latin America validation of FACED score in patients with bronchiectasis: an analysis of six cohorts. BMC Pulm Med. 2017;17(1):73. https://doi.org/10.1186/s12890-017-0417-3
    » https://doi.org/10.1186/s12890-017-0417-3
  • 44
    Cherniack NS, Carton RW. Factors associated with respiratory insufficiency in bronchiectasis. Am J Med. 1966;41(4):562-71. https://doi.org/10.1016/0002-9343(66)90218-X
    » https://doi.org/10.1016/0002-9343(66)90218-X
  • 45
    Koulouris NG, Retsou S, Kosmas E, Dimakou K, Malagari K, Mantzikopoulos G, et al. Tidal expiratory flow limitation, dyspnoea and exercise capacity in patients with bilateral bronchiectasis. Eur Respir J. 2003;21(5):743-8. https://doi.org/10.1183/09031936.03.00301103
    » https://doi.org/10.1183/09031936.03.00301103
  • 46
    Roberts HR, Wells AU, Milne DG, Rubens MB, Kolbe J, Cole PJ, et al. Airflow obstruction in bronchiectasis: correlation between computed tomography features and pulmonary function tests. Thorax. 2000;55(3):198-204. https://doi.org/10.1136/thorax.55.3.198
    » https://doi.org/10.1136/thorax.55.3.198
  • 47
    Pasteur MC, Bilton D, Hill AT; British Thoracic Society Bronchiectasis non-CF Guideline Group. British Thoracic Society guideline for non-CF bronchiectasis. Thorax. 2010;65 Suppl 1:i1-58. https://doi.org/10.1136/thx.2010.136119
    » https://doi.org/10.1136/thx.2010.136119
  • 48
    Lee AL, Hill CJ, Cecins N, Jenkins S, McDonald CF, Burge AT, et al. Minimal important difference in field walking tests in non-cystic fibrosis bronchiectasis following exercise training. Respir Med. 2014;108(9):1303-9. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2014.07.006
    » https://doi.org/10.1016/j.rmed.2014.07.006
  • 49
    de Camargo AA, Amaral TS, Rached SZ, Athanazio RA, Lanza FC, Sampaio LM, et al. Incremental shuttle walking test: a reproducible and valid test to evaluate exercise tolerance in adults with noncystic fibrosis bronchiectasis. Arch Phys Med Rehabil. 2014;95(5):892-9. https://doi.org/10.1016/j.apmr.2013.11.019
    » https://doi.org/10.1016/j.apmr.2013.11.019
  • 50
    ATS Committee on Proficiency Standards for Clinical Pulmonary Function Laboratories. ATS statement: guidelines for the six-minute walk test. Am J Respir Crit Care Med. 2002;166(1):111-7. https://doi.org/10.1164/ajrccm.166.1.at1102
    » https://doi.org/10.1164/ajrccm.166.1.at1102
  • 51
    Lee AL, Button BM, Ellis S, Stirling R, Wilson JW, Holland AE, et al. Clinical determinants of the 6-Minute Walk Test in bronchiectasis. Respir Med. 2009;103(5):780-5. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2008.11.005
    » https://doi.org/10.1016/j.rmed.2008.11.005
  • 52
    Cartlidge MK, Smith MP, Bedi P, Donaldson S, Clarke A, Mantoani LC, et al. Validation of the Incremental Shuttle Walk Test as a Clinical End Point in Bronchiectasis. Chest. 2018;154(6):1321-1329. https://doi.org/10.1016/j.chest.2018.09.019
    » https://doi.org/10.1016/j.chest.2018.09.019
  • 53
    McDonnell MJ, Aliberti S, Goeminne PC, Dimakou K, Zucchetti SC, Davidson J, et al. Multidimensional severity assessment in bronchiectasis: an analysis of seven European cohorts. Thorax. 2016;71(12):1110-1118. https://doi.org/10.1136/thoraxjnl-2016-208481
    » https://doi.org/10.1136/thoraxjnl-2016-208481
  • 54
    Jarvis WR. The epidemiology of colonization. Infect Control Hosp Epidemiol. 1996;17(1):47-52. https://doi.org/10.2307/30142366
    » https://doi.org/10.2307/30142366
  • 55
    Finch S, McDonnell MJ, Abo-Leyah H, Aliberti S, Chalmers JD. A Comprehensive Analysis of the Impact of Pseudomonas aeruginosa Colonization on Prognosis in Adult Bronchiectasis. Ann Am Thorac Soc. 2015;12(11):1602-11. https://doi.org/10.1513/AnnalsATS.201506-333OC
    » https://doi.org/10.1513/AnnalsATS.201506-333OC
  • 56
    Martínez-Garcia MA, Soler-Cataluña JJ, Perpiña-Tordera M, Román-Sánchez P, Soriano J. Factors associated with lung function decline in adult patients with stable non-cystic fibrosis bronchiectasis. Chest. 2007;132(5):1565-72. https://doi.org/10.1378/chest.07-0490
    » https://doi.org/10.1378/chest.07-0490
  • 57
    Boyton RJ, Reynolds CJ, Quigley KJ, Altmann DM. Immune mechanisms and the impact of the disrupted lung microbiome in chronic bacterial lung infection and bronchiectasis. Clin Exp Immunol. 2013;171(2):117-23. https://doi.org/10.1111/cei.12003
    » https://doi.org/10.1111/cei.12003
  • 58
    Faner R, Sibila O, Agustí A, Bernasconi E, Chalmers JD, Huffnagle GB, et al. The microbiome in respiratory medicine: current challenges and future perspectives. Eur Respir J. 2017;49(4). pii: 1602086. https://doi.org/10.1183/13993003.02086-2016
    » https://doi.org/10.1183/13993003.02086-2016
  • 59
    Chalmers JD, Goeminne P, Aliberti S, McDonnell MJ, Lonni S, Davidson J, et al. The bronchiectasis severity index. An international derivation and validation study. Am J Respir Crit Care Med. 2014;189(5):576-85. https://doi.org/10.1164/rccm.201309-1575OC
    » https://doi.org/10.1164/rccm.201309-1575OC
  • 60
    Aliberti S, Lonni S, Dore S, McDonnell MJ, Goeminne PC, Dimakou K, et al. Clinical phenotypes in adult patients with bronchiectasis. Eur Respir J. 2016;47(4):1113-22. https://doi.org/10.1183/13993003.01899-2015
    » https://doi.org/10.1183/13993003.01899-2015
  • 61
    Metersky ML, Aksamit TR, Barker A, Choate R, Daley CL, Daniels LA, et al. The Prevalence and Significance of Staphylococcus aureus in Patients with Non-Cystic Fibrosis Bronchiectasis. Ann Am Thorac Soc. 2018;15(3):365-370. https://doi.org/10.1513/AnnalsATS.201706-426OC
    » https://doi.org/10.1513/AnnalsATS.201706-426OC
  • 62
    Cuthbertson L, Rogers GB, Walker AW, Oliver A, Hafiz T, Hoffman LR, et al. Time between collection and storage significantly influences bacterial sequence composition in sputum samples from cystic fibrosis respiratory infections. J Clin Microbiol. 2014;52(8):3011-6. https://doi.org/10.1128/JCM.00764-14
    » https://doi.org/10.1128/JCM.00764-14
  • 63
    The UK Cystic Fibrosis Trust Microbiology Laboratory Standards Working Group. [updated 2010, cited 2019 Apr 1]. Laboratory Standards for Processing Microbiological Samples from People with Cystic Fibrosis [Adobe Acrobat document, 40p.]. Available from: https://www.cysticfibrosis.org.uk/~/media/documents/the-work-we-do/care/consensus-docs-with-new-address/laboratory-standards.ashx?la=en
    » https://www.cysticfibrosis.org.uk/~/media/documents/the-work-we-do/care/consensus-docs-with-new-address/laboratory-standards.ashx?la=en
  • 64
    Aaron SD, Vandemheen KL, Ferris W, Fergusson D, Tullis E, Haase D, et al. Combination antibiotic susceptibility testing to treat exacerbations of cystic fibrosis associated with multiresistant bacteria: a randomised, double-blind, controlled clinical trial. Lancet. 2005;366(9484):463-71. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(05)67060-2
    » https://doi.org/10.1016/S0140-6736(05)67060-2
  • 65
    Brodt AM, Stovold E, Zhang L. Inhaled antibiotics for stable non-cystic fibrosis bronchiectasis: a systematic review. Eur Respir J. 2014;44(2):382-93. https://doi.org/10.1183/09031936.00018414
    » https://doi.org/10.1183/09031936.00018414
  • 66
    Wilson CB, Jones PW, O'Leary CJ, Hansell DM, Cole PJ, Wilson R. Effect of sputum bacteriology on the quality of life of patients with bronchiectasis. Eur Respir J. 1997;10(8):1754-60. https://doi.org/10.1183/09031936.97.10081754
    » https://doi.org/10.1183/09031936.97.10081754
  • 67
    O'Leary CJ, Wilson CB, Hansell DM, Cole PJ, Wilson R, Jones PW. Relationship between psychological well-being and lung health status in patients with bronchiectasis. Respir Med. 2002;96(9):686-92. https://doi.org/10.1053/rmed.2002.1330
    » https://doi.org/10.1053/rmed.2002.1330
  • 68
    O'Donnell AE, Barker AF, Ilowite JS, Fick RB. Treatment of idiopathic bronchiectasis with aerosolized recombinant human DNase I. rhDNase Study Group. Chest. 1998;113(5):1329-34. https://doi.org/10.1378/chest.113.5.1329
    » https://doi.org/10.1378/chest.113.5.1329
  • 69
    Pasteur MC, Helliwell SM, Houghton SJ, Webb SC, Foweraker JE, Coulden RA, et al. An investigation into causative factors in patients with bronchiectasis. Am J Respir Crit Care Med. 2000;162(4 Pt 1):1277-84. https://doi.org/10.1164/ajrccm.162.4.9906120
    » https://doi.org/10.1164/ajrccm.162.4.9906120
  • 70
    Wilson CB, Jones PW, O'Leary CJ, Hansell DM, Dowling RB, Cole PJ, et al. Systemic markers of inflammation in stable bronchiectasis. Eur Respir J. 1998;12(4):820-4. https://doi.org/10.1183/09031936.98.12040820
    » https://doi.org/10.1183/09031936.98.12040820
  • 71
    Coban H, Gungen AC. Is There a Correlation between New Scoring Systems and Systemic Inflammation in Stable Bronchiectasis? Can Respir J. 2017;2017:9874068. https://doi.org/10.1155/2017/9874068
    » https://doi.org/10.1155/2017/9874068
  • 72
    Fuschillo S, De Felice A, Balzano G. Mucosal inflammation in idiopathic bronchiectasis: cellular and molecular mechanisms. Eur Respir J. 2008;31(2):396-406. https://doi.org/10.1183/09031936.00069007
    » https://doi.org/10.1183/09031936.00069007
  • 73
    Araujo D, Shteinberg M, Aliberti S, Goeminne PC, Hill AT, Fardon TC, et al. The independent contribution of Pseudomonas aeruginosa infection to long-term clinical outcomes in bronchiectasis. Eur Respir J. 2018;51(2). pii: 1701953. https://doi.org/10.1183/13993003.01953-2017
    » https://doi.org/10.1183/13993003.01953-2017
  • 74
    Martínez-García MÁ, de Gracia J, Vendrell Relat M, Girón RM, Máiz Carro L, de la Rosa Carrillo D, et al. Multidimensional approach to non-cystic fibrosis bronchiectasis: the FACED score. Eur Respir J. 2014;43(5):1357-67. https://doi.org/10.1183/09031936.00026313
    » https://doi.org/10.1183/09031936.00026313
  • 75
    Martinez-Garcia MA, Athanazio RA, Girón R, Máiz-Carro L, de la Rosa D, Olveira C, et al. Predicting high risk of exacerbations in bronchiectasis: the E-FACED score. Int J Chron Obstruct Pulmon Dis. 2017;12:275-284. https://doi.org/10.2147/COPD.S121943
    » https://doi.org/10.2147/COPD.S121943
  • 76
    de la Rosa Carrillo D, Athanazio R, Girón Moreno RM, Máiz Carro L, Olveira C, de Gracia J, et al. The annual prognostic ability of FACED and E-FACED scores to predict mortality in patients with bronchiectasis. ERJ Open Res. 2018;4(1). pii: 00139-2017. https://doi.org/10.1183/23120541.00139-2017
    » https://doi.org/10.1183/23120541.00139-2017
  • 77
    Agarwal R, Chakrabarti A, Shah A, Gupta D, Meis JF, Guleria R, et al. Allergic bronchopulmonary aspergillosis: review of literature and proposal of new diagnostic and classification criteria. Clin Exp Allergy. 2013;43(8):850-73. https://doi.org/10.1111/cea.12141
    » https://doi.org/10.1111/cea.12141
  • 78
    Patterson TF, Thompson GR 3rd, Denning DW, Fishman JA, Hadley S, Herbrecht R, et al. Practice Guidelines for the Diagnosis and Management of Aspergillosis: 2016 Update by the Infectious Diseases Society of America. Clin Infect Dis. 2016;63(4):e1-e60.
  • 79
    Ryu YJ, Koh WJ, Daley CL. Diagnosis and Treatment of Nontuberculous Mycobacterial Lung Disease: Clinicians' Perspectives. Tuberc Respir Dis (Seoul). 2016;79(2):74-84. https://doi.org/10.4046/trd.2016.79.2.74
    » https://doi.org/10.4046/trd.2016.79.2.74
  • 80
    Griffith DE, Aksamit T, Brown-Elliott BA, Catanzaro A, Daley C, Gordin F, et al. An official ATS/IDSA statement: diagnosis, treatment, and prevention of nontuberculous mycobacterial diseases. Am J Respir Crit Care Med. 2007;175(4):367-416. https://doi.org/10.1164/rccm.200604-571ST
    » https://doi.org/10.1164/rccm.200604-571ST
  • 81
    Stoller JK, Aboussouan LS. A review of a1-antitrypsin deficiency. Am J Respir Crit Care Med. 2012;185(3):246-59. https://doi.org/10.1164/rccm.201108-1428CI
    » https://doi.org/10.1164/rccm.201108-1428CI
  • 82
    Rubbo B, Lucas JS. Clinical care for primary ciliary dyskinesia: current challenges and future directions. Eur Respir Rev. 2017;26(145). pii: 170023. https://doi.org/10.1183/16000617.0023-2017
    » https://doi.org/10.1183/16000617.0023-2017
  • 83
    Smyth AR, Bell SC, Bojcin S, Bryon M, Duff A, Flume P, et al. European Cystic Fibrosis Society Standards of Care: Best Practice guidelines. J Cyst Fibros. 2014;13 Suppl 1:S23-42. https://doi.org/10.1016/j.jcf.2014.03.010
    » https://doi.org/10.1016/j.jcf.2014.03.010
  • 84
    Yazdani R, Abolhassani H, Asgardoon M, Shaghaghi M, Modaresi M, Azizi G, et al. Infectious and Noninfectious Pulmonary Complications in Patients With Primary Immunodeficiency Disorders. J Investig Allergol Clin Immunol. 2017;27(4):213-224. https://doi.org/10.18176/jiaci.0166
    » https://doi.org/10.18176/jiaci.0166
  • 85
    Martínez-García MA, Máiz L, Olveira C, Girón RM, de la Rosa D, Blanco M, et al. Spanish Guidelines on Treatment of Bronchiectasis in Adults. Arch Bronconeumol. 2018;54(2):88-98. https://doi.org/10.1016/j.arbres.2017.07.016
    » https://doi.org/10.1016/j.arbres.2017.07.016
  • 86
    Treggiari MM, Retsch-Bogart G, Mayer-Hamblett N, Khan U, Kulich M, Kronmal R, et al. Comparative efficacy and safety of 4 randomized regimens to treat early Pseudomonas aeruginosa infection in children with cystic fibrosis. Arch Pediatr Adolesc Med. 2011;165(9):847-56. https://doi.org/10.1001/archpediatrics.2011.136
    » https://doi.org/10.1001/archpediatrics.2011.136
  • 87
    Ratjen F, Munck A, Kho P, Angyalosi G; ELITE Study Group. Treatment of early Pseudomonas aeruginosa infection in patients with cystic fibrosis: the ELITE trial. Thorax. 2010;65(4):286-91. https://doi.org/10.1136/thx.2009.121657
    » https://doi.org/10.1136/thx.2009.121657
  • 88
    Vallières E, Tumelty K, Tunney MM, Hannah R, Hewitt O, Elborn JS, et al. Efficacy of Pseudomonas aeruginosa eradication regimens in bronchiectasis. Eur Respir J. 2017;49(4). pii: 1600851. https://doi.org/10.1183/13993003.00851-2016
    » https://doi.org/10.1183/13993003.00851-2016
  • 89
    White L, Mirrani G, Grover M, Rollason J, Malin A, Suntharalingam J. Outcomes of Pseudomonas eradication therapy in patients with non-cystic fibrosis bronchiectasis. Respir Med. 2012;106(3):356-60. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2011.11.018
    » https://doi.org/10.1016/j.rmed.2011.11.018
  • 90
    Yang JW, Fan LC, Lu HW, Miao XY, Mao B, Xu JF. Efficacy and safety of long-term inhaled antibiotic for patients with noncystic fibrosis bronchiectasis: a meta-analysis. Clin Respir J. 2016;10(6):731-739. https://doi.org/10.1111/crj.12278
    » https://doi.org/10.1111/crj.12278
  • 91
    Nadig TR, Flume PA. Aerosolized Antibiotics for Patients with Bronchiectasis. Am J Respir Crit Care Med. 2016;193(7):808-10. https://doi.org/10.1164/rccm.201507-1449LE
    » https://doi.org/10.1164/rccm.201507-1449LE
  • 92
    Aksamit T, De Soyza A, Bandel TJ, Criollo M, Elborn JS, Operschall E, et al. RESPIRE 2: a phase III placebo-controlled randomised trial of ciprofloxacin dry powder for inhalation in non-cystic fibrosis bronchiectasis. Eur Respir J. 2018;51(1). pii: 1702053. https://doi.org/10.1183/13993003.02053-2017
    » https://doi.org/10.1183/13993003.02053-2017
  • 93
    De Soyza A, Aksamit T, Bandel TJ, Criollo M, Elborn JS, Operschall E, et al. RESPIRE 1: a phase III placebo-controlled randomised trial of ciprofloxacin dry powder for inhalation in non-cystic fibrosis bronchiectasis. Eur Respir J. 2018;51(1). pii: 1702052. https://doi.org/10.1183/13993003.02052-2017
    » https://doi.org/10.1183/13993003.02052-2017
  • 94
    Haworth CW, Froehlich J, O'Neal T, Davis A, Gonda I, O'Donnell A. Inhaled Liposomal Ciprofloxacin in Patients with Bronchiectasis and Chronic Pseudomonas Aeruginosa Infection: Results from Two Parallel Phase III Trials (ORBIT-3 and -4). Am J Respir Crit Care Med. 2017;195:A7604.15.
  • 95
    Murray MP, Govan JR, Doherty CJ, Simpson AJ, Wilkinson TS, Chalmers JD, et al. A randomized controlled trial of nebulized gentamicin in non-cystic fibrosis bronchiectasis. Am J Respir Crit Care Med. 2011;183(4):491-9. https://doi.org/10.1164/rccm.201005-0756OC
    » https://doi.org/10.1164/rccm.201005-0756OC
  • 96
    Hill SL, Burnett D, Hewetson KA, Stockley RA. The response of patients with purulent bronchiectasis to antibiotics for four months. Q J Med. 1988;66(250):163-73.
  • 97
    Wong C, Jayaram L, Karalus N, Eaton T, Tong C, Hockey H, et al. Azithromycin for prevention of exacerbations in non-cystic fibrosis bronchiectasis (EMBRACE): a randomised, double-blind, placebo-controlled trial. Lancet. 2012;380(9842):660-7. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(12)60953-2
    » https://doi.org/10.1016/S0140-6736(12)60953-2
  • 98
    Altenburg J, de Graaff CS, Stienstra Y, Sloos JH, van Haren EH, Koppers RJ, et al. Effect of azithromycin maintenance treatment on infectious exacerbations among patients with non-cystic fibrosis bronchiectasis: the BAT randomized controlled trial. JAMA. 2013;309(12):1251-9. https://doi.org/10.1001/jama.2013.1937
    » https://doi.org/10.1001/jama.2013.1937
  • 99
    Serisier DJ, Martin ML, McGuckin MA, Lourie R, Chen AC, Brain B, et al. Effect of long-term, low-dose erythromycin on pulmonary exacerbations among patients with non-cystic fibrosis bronchiectasis: the BLESS randomized controlled trial. JAMA. 2013;309(12):1260-7. https://doi.org/10.1001/jama.2013.2290
    » https://doi.org/10.1001/jama.2013.2290
  • 100
    Wu Q, Shen W, Cheng H, Zhou X. Long-term macrolides for non-cystic fibrosis bronchiectasis: a systematic review and meta-analysis. Respirology. 2014;19(3):321-9. https://doi.org/10.1111/resp.12233
    » https://doi.org/10.1111/resp.12233
  • 101
    Kelly C, Chalmers JD, Crossingham I, Relph N, Felix LM, Evans DJ, et al. Macrolide antibiotics for bronchiectasis. Cochrane Database Syst Rev. 2018;3:CD012406. https://doi.org/10.1002/14651858.CD012406.pub2
    » https://doi.org/10.1002/14651858.CD012406.pub2
  • 102
    Gao YH, Guan WJ, Xu G, Tang Y, Gao Y, Lin ZY, et al. Macrolide therapy in adults and children with non-cystic fibrosis bronchiectasis: a systematic review and meta-analysis. PLoS One. 2014;9(3):e90047. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0090047
    » https://doi.org/10.1371/journal.pone.0090047
  • 103
    Fan LC, Lu HW, Wei P, Ji XB, Liang S, Xu JF. Effects of long-term use of macrolides in patients with non-cystic fibrosis bronchiectasis: a meta-analysis of randomized controlled trials. BMC Infect Dis. 2015;15:160. https://doi.org/10.1186/s12879-015-0872-5
    » https://doi.org/10.1186/s12879-015-0872-5
  • 104
    Zhuo GY, He Q, Xiang-Lian L, Ya-Nan Y, Si-Te F. Prolonged treatment with macrolides in adult patients with non-cystic fibrosis bronchiectasis: meta-analysis of randomized controlled trials. Pulm Pharmacol Ther. 2014;29(1):80-8. https://doi.org/10.1016/j.pupt.2014.02.002
    » https://doi.org/10.1016/j.pupt.2014.02.002
  • 105
    Shi ZL, Peng H, Hu XW, Hu JG. Effectiveness and safety of macrolides in bronchiectasis patients: a meta-analysis and systematic review. Pulm Pharmacol Ther. 2014;28(2):171-8. https://doi.org/10.1016/j.pupt.2013.09.003
    » https://doi.org/10.1016/j.pupt.2013.09.003
  • 106
    Renna M, Schaffner C, Brown K, Shang S, Tamayo MH, Hegyi K, et al. Azithromycin blocks autophagy and may predispose cystic fibrosis patients to mycobacterial infection. J Clin Invest. 2011;121(9):3554-63. https://doi.org/10.1172/JCI46095
    » https://doi.org/10.1172/JCI46095
  • 107
    Albert RK, Schuller JL; COPD Clinical Research Network. Macrolide antibiotics and the risk of cardiac arrhythmias. Am J Respir Crit Care Med. 2014;189(10):1173-80. https://doi.org/10.1164/rccm.201402-0385CI
    » https://doi.org/10.1164/rccm.201402-0385CI
  • 108
    Rao GA, Mann JR, Shoaibi A, Bennett CL, Nahhas G, Sutton SS, et al. Azithromycin and levofloxacin use and increased risk of cardiac arrhythmia and death. Ann Fam Med. 2014;12(2):121-7. https://doi.org/10.1370/afm.1601
    » https://doi.org/10.1370/afm.1601
  • 109
    Kapur N, Petsky HL, Bell S, Kolbe J, Chang AB. Inhaled corticosteroids for bronchiectasis. Cochrane Database Syst Rev. 2018;5:CD000996. https://doi.org/10.1002/14651858.CD000996.pub3
    » https://doi.org/10.1002/14651858.CD000996.pub3
  • 110
    Nicotra MB. Bronchiectasis. Semin Respir Infect. 1994;9(1):31-40.
  • 111
    Franco F, Sheikh A, Greenstone M. Short acting beta-2 agonists for bronchiectasis. Cochrane Database Syst Rev. 2003(3):CD003572. https://doi.org/10.1002/14651858.CD003572
    » https://doi.org/10.1002/14651858.CD003572
  • 112
    Sheikh A, Nolan D, Greenstone M. Long-acting beta-2-agonists for bronchiectasis. Cochrane Database Syst Rev. 2001(4):CD002155. https://doi.org/10.1002/14651858.CD002155
    » https://doi.org/10.1002/14651858.CD002155
  • 113
    Martinez-García MA, Soler-Cataluña JJ, Catalán-Serra P, Román-Sánchez P, Tordera MP. Clinical efficacy and safety of budesonide-formoterol in non-cystic fibrosis bronchiectasis. Chest. 2012;141(2):461-468. https://doi.org/10.1378/chest.11-0180
    » https://doi.org/10.1378/chest.11-0180
  • 114
    Lasserson T, Holt K, Evans D, Greenstone M. Anticholinergic therapy for bronchiectasis. Cochrane Database Syst Rev. 2001(4):CD002163. https://doi.org/10.1002/14651858.CD002163
    » https://doi.org/10.1002/14651858.CD002163
  • 115
    Flude LJ, Agent P, Bilton D. Chest physiotherapy techniques in bronchiectasis. Clin Chest Med. 2012;33(2):351-61. https://doi.org/10.1016/j.ccm.2012.02.009
    » https://doi.org/10.1016/j.ccm.2012.02.009
  • 116
    Lee AL, Burge A, Holland AE. Airway clearance techniques for bronchiectasis. Cochrane Database Syst Rev. 2013(5):CD008351. https://doi.org/10.1002/14651858.CD008351.pub2
    » https://doi.org/10.1002/14651858.CD008351.pub2
  • 117
    Lee AL, Burge AT, Holland AE. Positive expiratory pressure therapy versus other airway clearance techniques for bronchiectasis. Cochrane Database Syst Rev. 2017;9:CD011699. https://doi.org/10.1002/14651858.CD011699.pub2
    » https://doi.org/10.1002/14651858.CD011699.pub2
  • 118
    Chang AB, Bell SC, Torzillo PJ, King PT, Maguire GP, Byrnes CA, et al. Chronic suppurative lung disease and bronchiectasis in children and adults in Australia and New Zealand Thoracic Society of Australia and New Zealand guidelines. Med J Aust. 2015;202(1):21-3. https://doi.org/10.5694/mja14.00287
    » https://doi.org/10.5694/mja14.00287
  • 119
    Davis PB. Cystic fibrosis since 1938. Am J Respir Crit Care Med. 2006;173(5):475-82. https://doi.org/10.1164/rccm.200505-840OE
    » https://doi.org/10.1164/rccm.200505-840OE
  • 120
    Lee AL, Hill CJ, McDonald CF, Holland AE. Pulmonary Rehabilitation in Individuals With Non-Cystic Fibrosis Bronchiectasis: A Systematic Review. Arch Phys Med Rehabil. 2017;98(4):774-782.e1. https://doi.org/10.1016/j.apmr.2016.05.017
    » https://doi.org/10.1016/j.apmr.2016.05.017
  • 121
    Lee AL, Hill CJ, Cecins N, Jenkins S, McDonald CF, Burge AT, et al. The short and long term effects of exercise training in non-cystic fibrosis bronchiectasis--a randomised controlled trial. Respir Res. 2014;15:44. https://doi.org/10.1186/1465-9921-15-44
    » https://doi.org/10.1186/1465-9921-15-44
  • 122
    Amorim A, Gamboa F, Azevedo P. New advances in the therapy of non-cystic fibrosis bronchiectasis. Rev Port Pneumol. 2013;19(6):266-75. https://doi.org/10.1016/j.rppneu.2013.03.006
    » https://doi.org/10.1016/j.rppneu.2013.03.006
  • 123
    Snijders D, Calgaro S, Bertozzi I, Quartesan S, Kozuh I, Lunardi F, et al. Inhaled mucoactive drugs for treating non-cystic fibrosis bronchiectasis in children. Int J Immunopathol Pharmacol. 2013;26(2):529-34. https://doi.org/10.1177/039463201302600228
    » https://doi.org/10.1177/039463201302600228
  • 124
    Kellett F, Redfern J, Niven RM. Evaluation of nebulised hypertonic saline (7%) as an adjunct to physiotherapy in patients with stable bronchiectasis. Respir Med. 2005;99(1):27-31. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2004.05.006
    » https://doi.org/10.1016/j.rmed.2004.05.006
  • 125
    Kellett F, Robert NM. Nebulised 7% hypertonic saline improves lung function and quality of life in bronchiectasis. Respir Med. 2011;105(12):1831-5. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2011.07.019
    » https://doi.org/10.1016/j.rmed.2011.07.019
  • 126
    Nicolson CH, Stirling RG, Borg BM, Button BM, Wilson JW, Holland AE. The long term effect of inhaled hypertonic saline 6% in non-cystic fibrosis bronchiectasis. Respir Med. 2012;106(5):661-7. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2011.12.021
    » https://doi.org/10.1016/j.rmed.2011.12.021
  • 127
    Bilton D, Tino G, Barker AF, Chambers DC, De Soyza A, Dupont LJ, et al. Inhaled mannitol for non-cystic fibrosis bronchiectasis: a randomised, controlled trial. Thorax. 2014;69(12):1073-9. https://doi.org/10.1136/thoraxjnl-2014-205587
    » https://doi.org/10.1136/thoraxjnl-2014-205587
  • 128
    Nair GB, Ilowite JS. Pharmacologic agents for mucus clearance in bronchiectasis. Clin Chest Med. 2012;33(2):363-70. https://doi.org/10.1016/j.ccm.2012.02.008
    » https://doi.org/10.1016/j.ccm.2012.02.008
  • 129
    Wills PJ, Wodehouse T, Corkery K, Mallon K, Wilson R, Cole PJ. Short-term recombinant human DNase in bronchiectasis. Effect on clinical state and in vitro sputum transportability. Am J Respir Crit Care Med. 1996;154(2 Pt 1):413-7. https://doi.org/10.1164/ajrccm.154.2.8756815
    » https://doi.org/10.1164/ajrccm.154.2.8756815
  • 130
    Gao YH, Guan WJ, Xu G, Lin ZY, Tang Y, Lin ZM, et al. The Role of viral infection in pulmonary exacerbations of bronchiectasis in adults: a prospective study. Chest. 2015;147(6):1635-1643. https://doi.org/10.1378/chest.14-1961
    » https://doi.org/10.1378/chest.14-1961
  • 131
    Shrestha S, Foxman B, Dawid S, Aiello AE, Davis BM, Berus J, et al. Time and dose-dependent risk of pneumococcal pneumonia following influenza: a model for within-host interaction between influenza and Streptococcus pneumoniae. J R Soc Interface. 2013;10(86):20130233. https://doi.org/10.1098/rsif.2013.0233
    » https://doi.org/10.1098/rsif.2013.0233
  • 132
    Polverino E, Cilloniz C, Menendez R, Gabarrus A, Rosales-Mayor E, Alcaraz V, et al. Microbiology and outcomes of community acquired pneumonia in non cystic-fibrosis bronchiectasis patients. J Infect. 2015;71(1):28-36. https://doi.org/10.1016/j.jinf.2015.03.009
    » https://doi.org/10.1016/j.jinf.2015.03.009
  • 133
    Lundgren F, Maranhão B, Martins R, Chatkin JM, Palmieri M, Rabahi MF, et al. Vaccination in the prevention of infectious respiratory diseases in adults. Rev Assoc Med Bras (1992). 2014;60(1):4-15. https://doi.org/10.1590/1806-9282.60.02.004
    » https://doi.org/10.1590/1806-9282.60.02.004
  • 134
    Sociedade Brasileira de Imunizações [homepage on the Internet].São Paulo: a Sociedade [2019 Apr 1]. Pneumologia--Guia de Imunização SBIm/SBPT. 2018-2019. [Adobe Acrobat document, 34 p.]. Available from: https://sbim.org.br/images/files/guia-pneumologia-sbim-2018-2019.pdf
    » https://sbim.org.br/images/files/guia-pneumologia-sbim-2018-2019.pdf
  • 135
    Onen ZP, Gulbay BE, Sen E, Yildiz OA, Saryal S, Acican T, et al. Analysis of the factors related to mortality in patients with bronchiectasis. Respir Med. 2007;101(7):1390-7. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2007.02.002
    » https://doi.org/10.1016/j.rmed.2007.02.002
  • 136
    Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease (GOLD) [homepage on the Internet]. Bethesda: GOLD [cited 2019 Apr 1]. Global Strategy for the Diagnosis, Management, and Prevention of COPD - 2018 Report. [Adobe Acrobat document, 155p.]. Available from: http://www.goldcopd.org
    » http://www.goldcopd.org
  • 137
    Weill D, Benden C, Corris PA, Dark JH, Davis RD, Keshavjee S, et al. A consensus document for the selection of lung transplant candidates: 2014--an update from the Pulmonary Transplantation Council of the International Society for Heart and Lung Transplantation. J Heart Lung Transplant. 2015;34(1):1-15. https://doi.org/10.1016/j.healun.2014.06.014
    » https://doi.org/10.1016/j.healun.2014.06.014
  • 138
    Corris PA. Lung transplantation for cystic fibrosis and bronchiectasis. Semin Respir Crit Care Med. 2013;34(3):297-304. https://doi.org/10.1055/s-0033-1348469
    » https://doi.org/10.1055/s-0033-1348469
  • 139
    Mauchley DC, Daley CL, Iseman MD, Mitchell JD. Pulmonary resection and lung transplantation for bronchiectasis. Clin Chest Med. 2012;33(2):387-96. https://doi.org/10.1016/j.ccm.2012.04.001
    » https://doi.org/10.1016/j.ccm.2012.04.001
  • 140
    Hayes D Jr, Meyer KC. Lung transplantation for advanced bronchiectasis. Semin Respir Crit Care Med. 2010;31(2):123-38. https://doi.org/10.1055/s-0030-1249109
    » https://doi.org/10.1055/s-0030-1249109
  • 141
    Camargo PC, Teixeira RH, Carraro RM, Campos SV, Afonso Junior JE, Costa AN, et al. Lung transplantation: overall approach regarding its major aspects. J Bras Pneumol. 2015;41(6):547-53 https://doi.org/10.1590/s1806-37562015000000100
    » https://doi.org/10.1590/s1806-37562015000000100
  • 142
    Beirne PA, Banner NR, Khaghani A, Hodson ME, Yacoub MH. Lung transplantation for non-cystic fibrosis bronchiectasis: analysis of a 13-year experience. J Heart Lung Transplant. 2005;24(10):1530-5. https://doi.org/10.1016/j.healun.2004.12.114
    » https://doi.org/10.1016/j.healun.2004.12.114
  • 143
    Birch J, Sunny SS, Hester KLM, Parry G, Kate Gould F, Dark JH, et al. Outcomes of lung transplantation in adults with bronchiectasis. BMC Pulm Med. 2018;18(1):82. https://doi.org/10.1186/s12890-018-0634-4
    » https://doi.org/10.1186/s12890-018-0634-4
  • 144
    Rademacher J, Ringshausen FC, Suhling H, Fuge J, Marsch G, Warnecke G, et al. Lung transplantation for non-cystic fibrosis bronchiectasis. Respir Med. 2016;115:60-5. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2016.04.007
    » https://doi.org/10.1016/j.rmed.2016.04.007
  • 145
    Fan LC, Liang S, Lu HW, Fei K, Xu JF. Efficiency and safety of surgical intervention to patients with Non-Cystic Fibrosis bronchiectasis: a meta-analysis. Sci Rep. 2015;5:17382. https://doi.org/10.1038/srep17382
    » https://doi.org/10.1038/srep17382
  • 146
    Weber A, Stammberger U, Inci I, Schmid RA, Dutly A, Weder W. Thoracoscopic lobectomy for benign disease--a single centre study on 64 cases. Eur J Cardiothorac Surg. 2001;20(3):443-8. https://doi.org/10.1016/S1010-7940(01)00689-3
    » https://doi.org/10.1016/S1010-7940(01)00689-3
  • 147
    Mitchell JD, Yu JA, Bishop A, Weyant MJ, Pomerantz M. Thoracoscopic lobectomy and segmentectomy for infectious lung disease. Ann Thorac Surg. 2012;93(4):1033-9; discussion 1039-40. https://doi.org/10.1016/j.athoracsur.2012.01.012
    » https://doi.org/10.1016/j.athoracsur.2012.01.012
  • 148
    Zhang P, Zhang F, Jiang S, Jiang G, Zhou X, Ding J, et al. Video-assisted thoracic surgery for bronchiectasis. Ann Thorac Surg. 2011;91(1):239-43. https://doi.org/10.1016/j.athoracsur.2010.08.035
    » https://doi.org/10.1016/j.athoracsur.2010.08.035
  • 149
    Gursoy S, Ozturk AA, Ucvet A, Erbaycu AE. Surgical management of bronchiectasis: the indications and outcomes. Surg Today. 2010;40(1):26-30. https://doi.org/10.1007/s00595-009-4013-x
    » https://doi.org/10.1007/s00595-009-4013-x
  • 150
    Coutinho D, Fernandes P, Guerra M, Miranda J, Vouga L. Surgical treatment of bronchiectasis: A review of 20 years of experience. Rev Port Pneumol (2006). 2016;22(2):82-5. https://doi.org/10.1016/j.rppnen.2015.09.007
    » https://doi.org/10.1016/j.rppnen.2015.09.007
  • 151
    Vallilo CC, Terra RM, de Albuquerque AL, Suesada MM, Mariani AW, Salge JM, et al. Lung resection improves the quality of life of patients with symptomatic bronchiectasis. Ann Thorac Surg. 2014;98(3):1034-41. https://doi.org/10.1016/j.athoracsur.2014.04.049
    » https://doi.org/10.1016/j.athoracsur.2014.04.049
  • 152
    Hiramatsu M, Shiraishi Y, Nakajima Y, Miyaoka E, Katsuragi N, Kita H, et al. Risk factors that affect the surgical outcome in the management of focal bronchiectasis in a developed country. Ann Thorac Surg. 2012;93(1):245-50. https://doi.org/10.1016/j.athoracsur.2011.08.077
    » https://doi.org/10.1016/j.athoracsur.2011.08.077
  • 153
    Hill AT, Haworth CS, Aliberti S, Barker A, Blasi F, Boersma W, et al. Pulmonary exacerbation in adults with bronchiectasis: a consensus definition for clinical research. Eur Respir J. 2017;49(6). pii: 1700051. https://doi.org/10.1183/13993003.00051-2017
    » https://doi.org/10.1183/13993003.00051-2017
  • 154
    Tunney MM, Einarsson GG, Wei L, Drain M, Klem ER, Cardwell C, et al. Lung microbiota and bacterial abundance in patients with bronchiectasis when clinically stable and during exacerbation. Am J Respir Crit Care Med. 2013;187(10):1118-26. https://doi.org/10.1164/rccm.201210-1937OC
    » https://doi.org/10.1164/rccm.201210-1937OC
  • 155
    de la Rosa Carrillo D, Navarro Rolon A, Girón Moreno RM, Montull Veiga B, Olveira Fuster C, Padilla Galo A, et al. Cost of Hospitalizations due to Exacerbation in Patients with Non-Cystic Fibrosis Bronchiectasis. Respiration. 2018;96(5):406-416. https://doi.org/10.1159/000489935
    » https://doi.org/10.1159/000489935
  • 156
    Chalmers JD, Aliberti S, Filonenko A, Shteinberg M, Goeminne PC, Hill AT, et al. Characterization of the "Frequent Exacerbator Phenotype" in Bronchiectasis. Am J Respir Crit Care Med. 2018;197(11):1410-1420. https://doi.org/10.1164/rccm.201711-2202OC
    » https://doi.org/10.1164/rccm.201711-2202OC
  • 157
    Hill AT, Pasteur M, Cornford C, Welham S, Bilton D. Primary care summary of the British Thoracic Society Guideline on the management of non-cystic fibrosis bronchiectasis. Prim Care Respir J. 2011;20(2):135-40. https://doi.org/10.4104/pcrj.2011.00007
    » https://doi.org/10.4104/pcrj.2011.00007
  • 158
    Chawla K, Vishwanath S, Manu MK, Lazer B. Influence of pseudomonas aeruginosa on exacerbation in patients with bronchiectasis. J Glob Infect Dis. 2015;7(1):18-22. https://doi.org/10.4103/0974-777X.150885
    » https://doi.org/10.4103/0974-777X.150885
  • 159
    Finklea JD, Khan G, Thomas S, Song J, Myers D, Arroliga AC. Predictors of mortality in hospitalized patients with acute exacerbation of bronchiectasis. Respir Med. 2010;104(6):816-21. https://doi.org/10.1016/j.rmed.2009.11.021
    » https://doi.org/10.1016/j.rmed.2009.11.021
  • 160
    Brill SE, Patel AR, Singh R, Mackay AJ, Brown JS, Hurst JR. Lung function, symptoms and inflammation during exacerbations of non-cystic fibrosis bronchiectasis: a prospective observational cohort study. Respir Res. 2015;16:16. https://doi.org/10.1186/s12931-015-0167-9
    » https://doi.org/10.1186/s12931-015-0167-9
  • 161
    Guan WJ, Gao YH, Xu G, Lin ZY, Tang Y, Li HM, et al. Inflammatory Responses, Spirometry, and Quality of Life in Subjects With Bronchiectasis Exacerbations. Respir Care. 2015;60(8):1180-9. https://doi.org/10.4187/respcare.04004
    » https://doi.org/10.4187/respcare.04004
  • 162
    Murray MP, Turnbull K, Macquarrie S, Hill AT. Assessing response to treatment of exacerbations of bronchiectasis in adults. Eur Respir J. 2009;33(2):312-8. https://doi.org/10.1183/09031936.00122508
    » https://doi.org/10.1183/09031936.00122508
  • 163
    Ailiyaer Y, Wang XX, Zhang Y, Li C, Li T, Qi Q, et al. A Prospective Trial of Nebulized Amikacin in the Treatment of Bronchiectasis Exacerbation. Respiration. 2018;95(5):327-333. https://doi.org/10.1159/000486134
    » https://doi.org/10.1159/000486134
  • 164
    Bilton D, Henig N, Morrissey B, Gotfried M. Addition of inhaled tobramycin to ciprofloxacin for acute exacerbations of Pseudomonas aeruginosa infection in adult bronchiectasis. Chest. 2006;130(5):1503-10. https://doi.org/10.1378/chest.130.5.1503
    » https://doi.org/10.1378/chest.130.5.1503
  • Apoio financeiro:

    Nenhum.
  • 2
    Trabalho realizado no Departamento de Clínica Médica, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - Campinas (SP) Brasil.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    12 Ago 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    15 Abr 2019
  • Aceito
    16 Maio 2019
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia SCS Quadra 1, Bl. K salas 203/204, 70398-900 - Brasília - DF - Brasil, Fone/Fax: 0800 61 6218 ramal 211, (55 61)3245-1030/6218 ramal 211 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: jbp@sbpt.org.br