Acessibilidade / Reportar erro

O efeito da incubação no desempenho das empresas: um estudo comparativo na região do Centro de Portugal

Resumo

Objetivo:

O papel das incubadoras no desempenho das empresas é um tema que vem sendo discutido na literatura. Elas ajudam a criar as condições necessárias ao desenvolvimento do empreendedorismo e da inovação empresarial, mas faltam estudos sobre sua real contribuição, especialmente em contextos como o de Portugal. As incubadoras de empresas têm sido fortes impulsionadoras do empreendedorismo e da inovação. O objetivo principal deste estudo é avaliar se a incubação de empresas oferece benefícios às empresas incubadas em relação às não incubadas, principalmente em termos de desempenho.

Metodologia:

Os dados foram coletados de empresas incubadas e não incubadas da região Centro de Portugal. Esses dois grupos de empresas (incubadas e não incubadas) foram inicialmente comparados através do teste t e do teste de Mann-Whitney. Em seguida, por meio de modelos de regressão linear, estimou-se o impacto da incubação nas variáveis de desempenho, depois de ajustar ao efeito das variáveis de controle, quando significativas.

Resultados:

Os resultados sugerem que, nos primeiros anos de vida, as empresas incubadas apresentam um nível de desempenho superior às não incubadas, efeito que diminui à medida que as empresas amadurecem.

Contribuições:

O estudo contribui para aprofundar a compreensão do papel que as incubadoras de empresas desempenham, fornecendo mais evidências de que, nos estágios iniciais, as empresas incubadas apresentam desempenho superior às não incubadas.

Palavras-chave:
Incubadoras de empresas; desempenho; inovação; empreendedorismo

Abstract

Purpose:

The role that incubators play in business performance is a topic that has been discussed in the literature. They help to create the necessary conditions for the development of entrepreneurship and business innovation, but studies on their real contribution are lacking, especially in contexts such as the Portuguese one. Business incubators have been strong drivers of entrepreneurship and innovation. The main objective of this study is to assess whether business incubation offers benefits to incubated companies compared to non-incubated ones, particularly in terms of performance.

Design/methodology/approach

Data were collected from incubated and non-incubated companies in the central region of Portugal. These two groups of companies (incubated and non-incubated) were initially compared using the t-test and the Mann-Whitney test. Then, using linear regression models, the impact of incubation on performance variables was estimated, adjusting for the effect of control variables, when significant.

Findings

The results suggest that in the first years of life, incubated companies present a higher level of performance than non-incubated ones, an effect that decreases as companies become more mature.

Originality/value:

The study contributes to deepening the understanding of the role that business incubators play, providing further evidence that in their early life incubated companies outperform non-incubated ones.

Keywords:
Business Incubators; Performance; Innovation; Entrepreneurship

Introdução

A crise econômica global tem gerado elevadas taxas de desemprego, desencadeando uma onda de empreendedores que procuram criar um negócio inovador, promovendo a criação de empregos através da implementação de projetos que resistam à instabilidade. Por sua vez, o número de incubadoras de empresas tem crescido significativamente nos últimos anos, tornando-se fortes aliadas na criação de novos negócios por meio de suporte jurídico, financeiro e tecnológico, além de proporcionar facilidades para a criação de novas empresas (Aerts, Matthyssens & Vandenbempt, 2007Aerts, K., Matthyssens, P., & Vandenbempt, K. (2007). Critical role and screening practices of European business incubators. Technovation, 27(5), 254-267. https://doi.org/10.1016/j.technovation.2006.12.002
https://doi.org/10.1016/j.technovation.2...
).

A industrialização desempenha um papel importante no crescimento econômico e o sistema político deve criar as condições para seu desenvolvimento. Entre elas, a incubação de empresas é um sistema institucional que ajuda as economias a se industrializarem, desempenhando um papel relevante, particularmente na criação de PMEs. O ambiente incerto em que as empresas operam levou ao estabelecimento de instituições que ajudam as empresas a superar suas dificuldades iniciais (Ayatse, Kwahar & Iyortsuun, 2017Ayatse, F. A., Kwahar, N., & Iyortsuun, A. S. (2017). Business incubation process and firm performance: An empirical review. Journal of Global Entrepreneurship Research, 7(1), 2-17.) e a desenvolver seu espírito empreendedor.

Conforme a definição de Miller (1983Miller, D. (1983). The correlates of entrepreneurship in three types of firms. Management science, 29(7), 770-791., p. 771), uma empresa empreendedora é aquela que “se engaja na inovação do mercado de produtos, assume empreendimentos um tanto arriscados e é a primeira a apresentar inovações proativas, largando na frente dos concorrentes.” Ao ajudar a desenvolver o espírito empreendedor, as incubadoras de empresas dão uma importante contribuição para a sobrevivência e o crescimento das empresas em ambientes cada vez mais competitivos (Comissão Europeia, 2002).

As empresas empreendedoras apresentam desempenho melhor do que aquelas que adotam uma abordagem conservadora (Rauch, Wiklund, Lumpkin & Frese, 2009Rauch, A., Wiklund, J., Lumpkin, G. T., & Frese, M. (2009). EO and business performance: An assessment of past research and suggestions for the future. Entrepreneurship Theory and Practice, 33(3), 761-787.). Vários estudos (Chow, 2006Chow, I. H. (2006). The relationship between entrepreneurial orientation and firm performance in China. S A.M. Advanced Management Journal, 71(3), 11-20.; Coulthard, 2007Coulthard, M. (2007). The role of entrepreneurial orientation on firm performance and the potential influence of relational dynamism. Journal of Global Business and Technology, 3(1), 29-39.; Keh, Nguyen & Ng, 2007Keh, H. T., Nguyen, T. T. M., & Ng, H. P. (2007). The effects of entrepreneurial orientation and marketing information on the performance of SMEs. Journal of Business Venturing, 22(4), 592-611.; Madsen, 2007Madsen, E. L. (2007). The significance of sustained entrepreneurial orientation on performance of firms - a longitudinal analysis. Entrepreneurship & Regional Development, 19(2), 185-204.) relatam que as empresas empreendedoras melhoram significativamente seu desempenho. No entanto, outros autores (Matsuno, Mentzer & Ozsomer, 2002Matsuno, K., Mentzer, J. T., & Ozsomer, A. (2002). The effects of entrepreneurial proclivity and market orientation on business performance. Journal of Marketing, 66(3), 18-32.; Morgan & Strong, 2003Morgan, R. E., & Strong, C. A. (2003). Business performance and dimensions of strategic orientation. Journal of Business Research, 56(3), 163-176.; Naldi, Nordqvist, Sjöberg & Wiklund, 2007Naldi, L., Nordqvist, M., Sjöberg, K., & Wiklund, J. (2007). Entrepreneurial Orientation, Risk Taking, and Performance in Family Firms. Family Business Review, 20(1), 33-47.) não identificam qualquer impacto do empreendedorismo no desempenho das empresas.

O impacto das incubadoras no desenvolvimento de novos projetos tem recebido atenção cada vez maior da comunidade científica (Albort-Morant & Ribeiro-Soriano, 2016Albort-Morant, G., & Ribeiro-Soriano, D. (2016). A bibliometric analysis of international impact of business incubators. Journal of Business Research, 69(5), 1775-1779.; Baraldi & Havenvid, 2016Baraldi, E., & Havenvid, M. I. (2016). Identifying new dimensions of business incubation: A multi-level analysis of Karolinska Institute’s incubation system. Technovation, 50, 53-68.), pois ajudam a criar um ambiente acolhedor (Bøllingtoft & Ulhøi, 2005Bøllingtoft, A., & Ulhøi, J. P. (2005). The networked business incubator-leveraging entrepreneurial agency? Journal of business venturing, 20(2), 265-290.; Markovitch, O’Connor, & Harper, 2017Markovitch, D. G., O’Connor, G. C., & Harper, P. J. (2017). Beyond invention: The additive impact of incubation capabilities to firm value. R&D Management, 47(3), 352-367.) e protegido (Allen & Rahman, 1985Allen, D. N., & Rahman, S. (1985). Small business incubators: A positive environment for entrepreneurship. Journal of Small Business Management, 23(3), 12.), permitindo que as startups obtenham os recursos, os serviços e a assistência de que precisam (Vanderstraeten & Matthyssens, 2012Vanderstraeten, J., & Matthyssens, P. (2012). Service-based differentiation strategies for business incubators: Exploring external and internal alignment. Technovation, 32(12), 656-670.). São um importante suporte para a identificação de novas oportunidades de negócio e são atores estratégicos no desenvolvimento das primeiras atividades empresariais (Albort-Morant & Ribeiro-Soriano, 2016; Pauwels, Clarysse, Wright, & Hove, 2016Pauwels, C., Clarysse, B., Wright, M., & Hove, J., van, (2016). Understanding a new generation incubation model: The accelerator. Technovation, 50-51, 13-24.). Elas podem facilitar o desenvolvimento inicial do produto (Bøllingtoft & Ulhøi, 2005; Patton, 2014Patton, D. (2014). Realising potential: The impact of business incubation on the absorptive capacity of new technology-based firms. International Small Business Journal, 32(8), 897-917.), promover o empreendedorismo em setores industriais e regiões específicas (Schwartz & Hornych, 2010Schwartz, M., & Hornych, C. (2010). Cooperation patterns of incubator firms and the impact of incubator specialization: Empirical evidence from Germany. Technovation, 30(9-10), 485-495.; Sofouli & Vonortas, 2007Sofouli, E., & Vonortas, N. S. (2007). S&T Parks and business incubators in middle-sized countries: The case of Greece. The Journal of Technology Transfer, 32(5), 525-544.), apoiar o desenvolvimento de novas tecnologias (Roig-Tierno, Alcazar, & Ribeiro-Navarrete, 2015Roig-Tierno, N., Alcazar, J., & Ribeiro-Navarrete, S. (2015). Use of infrastructures to support innovative entrepreneurship and business growth. Journal of Business Research, 68(11), 2290-2294.), identificar mercados (Rong, Wu, Shi & Guo, 2015Rong, K., Wu, J., Shi, Y., & Guo, L. (2015). Nurturing business ecosystems for growth in a foreign market: Incubating, identifying and integrating stakeholders. Journal of International Management, 21(4), 293-308.), ou apoiar a comercialização de produtos e serviços (Clausen & Korneliussen, 2012Clausen, T., & Korneliussen, T. (2012). The relationship between entrepreneurial orientation and speed to the market: The case of incubator firms in Norway. Technovation, 32(9-10), 560-567.; Wonglimpiyarat, 2010Wonglimpiyarat, J. (2010). Commercialization strategies of technology: Lessons from Silicon Valley. The Journal of Technology Transfer, 35(2), 225-236.).

Tem sido difícil, no entanto, obter um consenso sobre o assunto. A literatura (Kellermanns, Eddleston, Barnet & Pearson, 2008Kellermanns, F. W., Eddleston, K. A., Barnet, T., & Pearson, A. (2008). An exploratory study of family member characteristics and involvement: Effects on entrepreneurial behaviour in the family firm. Family Business Review, 21(3), 1-14.; Zahra, 2008Zahra, S. A. (2008). Being entrepreneurial and market driven: Implications for company performance. Journal of Strategy and Management, 1(2), 125-142.) sugere que o ambiente institucional desempenha um papel relevante, pelo que é fundamental aprofundar o estudo sobre esse assunto no universo das empresas portuguesas, que acreditamos não ser suficientemente abordado. Essa foi uma motivação decisiva para a realização deste estudo.

O fenômeno da incubação em Portugal surgiu na década de 1990 e desde então tem-se verificado um aumento significativo no número de incubadoras, mas é ainda pouco estudado. Neste contexto, é fundamental compreender o papel que essas instituições desempenham (Caetano, 2012Caetano, D. (2012). Empreendedorismo e incubação de empresas. Bnomics.). A região do Centro de Portugal tem presenciado, nas últimas décadas, uma transformação social, tendo desenvolvido seu ambiente de negócios. É importante avaliar em que medida as incubadoras de empresas têm contribuído para esse desenvolvimento.

O objetivo deste artigo é avaliar se a incubação de empresas traz benefícios, avaliando se as empresas incubadas da região Centro de Portugal apresentam desempenho melhor do que as outras. Para tanto, e de acordo com a análise da literatura, será realizada uma análise comparativa do retorno sobre ativo (ROA, na sigla em inglês) e da variação do volume de negócios (TV, na sigla em inglês). Para este estudo foram recolhidas duas amostras: i) empresas incubadas na Rede de Incubadoras de Empresas da Região Centro (RIERC) (https://rierc.pt, consultado em maio de 2018); e ii) empresas com características semelhantes que não sofreram qualquer processo de incubação. A amostra de empresas não incubadas foi coletada através do Sistema de Análise de Balanços Ibéricos (SABI). Essa foi também a fonte das variáveis econômico-financeiras das empresas incubadas.

Assim, este estudo busca contribuir com a literatura existente, fornecendo evidências empíricas dos benefícios da incubação. Ele conclui que a incubação proporciona um melhor desempenho das empresas; no entanto, à medida que as empresas amadurecem, esse benefício começa a se dissipar.

Este artigo está organizado conforme descrito a seguir. Após a parte introdutória, o próximo capítulo é dedicado à análise da literatura sobre incubação. O capítulo 3 apresenta os dados, as variáveis e a metodologia utilizada. O capítulo 4 apresenta os resultados. Finalmente, as conclusões deste estudo são discutidas no capítulo 5.

2 Análise da literatura

Desde 2000, há um fluxo constante de estudos que procuram avaliar o impacto da incubação no desempenho de startups em diferentes contextos (Amezcua, Grimes, Bradley & Wiklund, 2013Amezcua, A. S., Grimes, M. G., Bradley, S. W., & Wiklund, J. (2013). Organizational sponsorship and founding environments: A contingency view on the survival of business-incubated firms, 1994-2007. Academy of Management Journal, 56(6), 1628-1654.; Barbero, Casillas, Ramos & Guitar, 2012Barbero, J. L., Casillas, J. C., Ramos, A., & Guitar, S. (2012). Revisiting incubation performance: How incubator typology affects results. Technological Forecasting and Social Change, 79(5), 888-902.; Barbero, Casillas, Wright & Ramos, 2014; Dvouletý, Long, Blažková, Luke & Andera, 2018Dvouletý, O., Longo, M. C., Blažková, I., Lukeš, M., & Andera, M. (2018). Are publicly funded Czech incubators effective? The comparison of performance of supported and non-supported firms. European Journal of Innovation Management, 21(4), 543-563.; Gonzalez-Uribe & Leatherbee, 2017Gonzalez-Uribe, J., & Leatherbee, M. (2017). The effects of business accelerators on venture performance: Evidence from start-up Chile. The Review of Financial Studies, 31(4), 1566-1603.; Hallen, Cohen & Bingham, 2019Hallen, B. L., Cohen, S., & Bingham, C. (2019). Do accelerators accelerate? The role of indirect learning in new venture development. The Role of Indirect Learning in New Venture Development. Retrieved from https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2719810
https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?...
; Lasrado, Sivo, Ford, O’Neal & Garibay, 2016Lasrado, V., Sivo, S., Ford, C., O’Neal, T., & Garibay, I. (2016). Do graduated university incubator firms benefit from their relationship with university incubators?. The Journal of Technology Transfer, 41(2), 205-219.; Yu, 2020Yu, S. (2020). How do accelerators impact the performance of high-technology ventures? Management Science, 66(2), 530-552.).

A pesquisa sobre o tema enfrenta diversos desafios e os resultados obtidos nem sempre são consensuais (Yu & Nijkamp, 2009Yu, J., & Nijkamp, P. (2009). Methodological challenges and institutional barriers in the use of experimental method for the evaluation of business incubators: Lessons from the US, EU and China. Conference: Science and Innovation Policy. Atlanta, GA, USA. Retrieved from https://ieeexplore.ieee.org/document/5367841
https://ieeexplore.ieee.org/document/536...
). Existem várias razões para isso: i) a falta de dados, pois, para as start-ups, os dados disponíveis são escassos e difíceis de coletar (Sherman & Chappell, 1998Sherman, H., & Chappell, D. S. (1998). Methodological challenges in evaluating business incubator outcomes. Economic Development Quarterly, 12(4), 313-321.); ii) a dificuldade em definir um grupo de controle adequado, pois todas as start-ups enfrentam um conjunto de limitações (Hallen et al., 2019Hallen, B. L., Cohen, S., & Bingham, C. (2019). Do accelerators accelerate? The role of indirect learning in new venture development. The Role of Indirect Learning in New Venture Development. Retrieved from https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2719810
https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?...
); iii) os diferentes contextos em que atuam afetam os resultados e a melhor forma de avaliá-los (Amezcua et al., 2013Amezcua, A. S., Grimes, M. G., Bradley, S. W., & Wiklund, J. (2013). Organizational sponsorship and founding environments: A contingency view on the survival of business-incubated firms, 1994-2007. Academy of Management Journal, 56(6), 1628-1654.; Dvouletý et al., 2018Dvouletý, O., Longo, M. C., Blažková, I., Lukeš, M., & Andera, M. (2018). Are publicly funded Czech incubators effective? The comparison of performance of supported and non-supported firms. European Journal of Innovation Management, 21(4), 543-563.); e finalmente iv) a natureza e os objetivos das incubadoras nem sempre são coincidentes (Barbero et al., 2014Barbero, J. L., Casillas, J. C., Wright, M., & Ramos Garcia, A. (2014). Do different types of incubators produce different types of innovations? The Journal of Technology Transfer, 39(2), 151-168.).

O processo de incubação envolve a disponibilização de um conjunto de serviços e atividades às startups que devem contribuir para seu desenvolvimento. Estudos recentes, entretanto, mostram que as incubadoras nem sempre contribuem positivamente para o desenvolvimento de startups (Colombo & Delmastro, 2002Colombo, M. G., & Delmastro, M. (2002). How effective are technology incubators?: Evidence from Italy. Research policy, 31(7), 1103-1122. https://doi.org/10.1108/14691930510592771
https://doi.org/10.1108/1469193051059277...
; Lukeš, Longo & Zouhar, 2019Lukeš, M., Longo, M. C., & Zouhar, J. (2019). Do business incubators really enhance entrepreneurial growth? Evidence from a large sample of innovative Italian start-ups. Technovation, 82-83, 25-34.). Podem até ter um efeito negativo, pelo elevado número de eventos e atividades em que as startups se envolvem, pela concorrência por recursos entre as startups e pelos custos da oportunidade de integração na incubadora (McAdam & Marlow, 2007McAdam, M., & Marlow, S. (2007). Building futures or stealing secrets?: Entrepreneurial cooperation and conflict within business incubators. International Small Business Journal, 25(4), 361-382.; Oakey, 2007Oakey, R. P. (2007). Clustering and the R&D management of high‐technology small firms: in theory and practice. R&D Management, 37(3), 237-248.; Patton & Marlow, 2011Patton, D., & Marlow, S. (2011). University technology business incubators: Helping new entrepreneurial firms to learn to grow. Environment and Planning C: Government and Policy, 29(5), 911-926.).

Nesse sentido, alguns estudos relatam que a incubação não melhora o desempenho das start-ups (Chan & Lau, 2005Chan, K. F., & Lau, T. (2005). Assessing technology incubator programs in the science park: The good, the bad and the ugly. Technovation, 25(10), 1215-1228.; Oakey, 2007Oakey, R. P. (2007). Clustering and the R&D management of high‐technology small firms: in theory and practice. R&D Management, 37(3), 237-248.; Soetanto & Jack, 2016Soetanto, D., & Jack, S. (2016). The impact of university-based incubation support on the innovation strategy of academic spin-offs. Technovation, 50-51, 25-40.). Outros argumentam também que a incubação não leva a um melhor desempenho no estágio inicial das startups (Hughes, Ireland & Morgan, 2007Hughes, M., Ireland, R.D., & Morgan, R.E. (2007). Stimulating dynamic value: Social capital and business incubation as a pathway to competitive success. Long Range Plann. 40(2), 154-177.; Patton, 2013). Esses resultados contraditórios podem ter origem na heterogeneidade das práticas de incubação (Aernoudt, 2004Aernoudt, R. (2004). Incubators: Tool for entrepreneurship? Small Business Economics. 23, 127-135.), nas diferenças no contexto socioeconômico e jurídico (Soetanto & Geenhuizen, 2010), ou resultar de diferentes avaliações de desempenho. Esses resultados contraditórios são obtidos em contextos específicos, tornando difícil compará-los por meio de uma análise agregadora.

Outra questão que permanece em aberto na literatura é que não está claro como os efeitos negativos podem ser comparados com os efeitos positivos. Identificar um conjunto de serviços e atividades por si só não explica como as incubadoras podem influenciar as startups, pois é a dinâmica e o comportamento dos empreendedores que podem explicar o desempenho das empresas. Isso justifica a preocupação na literatura em desenvolver mecanismos teóricos que ajudem a compreender o verdadeiro papel que as incubadoras podem desempenhar (Ahmad & Ingle, 2013Ahmad, A. J., & Ingle, S. (2013). Business incubators and HTSF development: Setting an agenda for further research. In R. Oakey, A. Groen, C. Cook, & P. Van Der Sijde (Eds.), New technology-based firms in the New Millennium, 10, pp. 119-140.; Weele, 2016Weele, M. A., van, (2016). Unpainting the black box: Exploring mechanisms and practices of start-up incubators (Doctoral dissertation). Utrecht University, Netherlands.).

A revisão da literatura nos permite identificar um conjunto de atividades e serviços que as incubadoras prestam às startups; entretanto, ainda falta compreensão sobre como as incubadoras condicionam o desempenho das startups. Ou seja, permanece a necessidade de pesquisas para identificar os indutores que podem melhorar o desempenho inicial e se esses mecanismos explicam as diferenças entre startups incubadas e não incubadas.

A primeira incubadora de empresas surgiu nos Estados Unidos, na década de 1950. Esse período foi caracterizado pela recuperação econômica após a Grande Depressão dos anos 1930 e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O Batavia Industrial Center foi a primeira incubadora dos Estados Unidos, fundada em Nova York em 1959. Charles Mancuso decidiu alugar parte de suas instalações fabris e industriais para pequenas empresas a um baixo custo, algumas das quais em fase inicial, com o objetivo de estimular a economia local, que vivia uma grave crise de desemprego, resultante da realocação de várias atividades industriais (Aerts et al., 2007Aerts, K., Matthyssens, P., & Vandenbempt, K. (2007). Critical role and screening practices of European business incubators. Technovation, 27(5), 254-267. https://doi.org/10.1016/j.technovation.2006.12.002
https://doi.org/10.1016/j.technovation.2...
).

Até as décadas de 1980 e 1990, as principais preocupações das incubadoras estavam centradas nos aspectos tecnológicos e de gestão. A partir de então, a inovação e o incentivo à criação de novas empresas tornaram-se relevantes, com um aumento significativo da internacionalização. Ainda na década de 1980, foram desenvolvidas duas estratégias: i) prover espaço e capacidade para a incubação; e ii) oferecer recursos que permitissem o crescimento das empresas (Mian, 1996Mian, S. A. (1996). The university business incubator: A strategy for developing new research/technology-based firms. The Journal of High Technology Management Research, 7(2), 191-208.).

No final da década de 1990, as incubadoras deram um forte estímulo à criação de empresas de tecnologia (Aerts et al., 2007Aerts, K., Matthyssens, P., & Vandenbempt, K. (2007). Critical role and screening practices of European business incubators. Technovation, 27(5), 254-267. https://doi.org/10.1016/j.technovation.2006.12.002
https://doi.org/10.1016/j.technovation.2...
). O setor de incubação com foco nas áreas de tecnologia da informação e comunicação (TIC) surgiu a partir de 1998, proporcionando um forte impulso para a inovação tecnológica e para o desenvolvimento de novos nichos de mercado. Em países mais desenvolvidos, as incubadoras têm se concentrado em áreas industriais e tecnológicas específicas (tecnologia da informação e comunicação, meio ambiente e biotecnologia) e nos países em desenvolvimento, seu objetivo tem sido reduzir as diferenças regionais e diversificar o tecido econômico, buscando a criação de negócios e empregos (Caetano, 2012Caetano, D. (2012). Empreendedorismo e incubação de empresas. Bnomics.).

O processo de incubação envolve várias etapas que ajudam as empresas a se desenvolver, desde sua criação até atingirem sua independência. Caetano (2012Caetano, D. (2012). Empreendedorismo e incubação de empresas. Bnomics.) refere-se a um modelo de incubação constituído por cinco fases: i) ideia do negócio; ii) decisão de seguir em frente; iii) captação de recursos; iv) lançamento da nova empresa; e v) desenvolvimento da empresa.

As incubadoras são projetadas para minimizar as restrições relacionadas aos processos de conhecimento e inovação por meio do suporte de marketing, planejamento financeiro e networking, que possa gerar sinergias, proporcionar infraestrutura e oportunidades de financiamento, bem como promoção a custos reduzidos por meio da participação em feiras e eventos (Oliveira, Terence & Paschoalotto, 2016Oliveira, P. H., Terence, A. C. F., & Paschoalotto, M. A. C. (2016). O período de incubação e pós-incubação das Pequenas Empresas de Base Tecnológica. 1º Encontro da Nacional de Economia Industrial e Inovação, Blucher Engineering Proceedings, 3(4), 977-994.). A imagem percebida das empresas também melhora quando estão associadas a incubadoras, atraindo novos clientes e estabelecendo o networking, com impacto positivo em sua sobrevivência e desenvolvimento (Ferguson & Olofsson, 2004Ferguson, R., & Olofsson, C. (2004). Science parks and the development of NTBFs-location, survival and growth. The journal of technology transfer, 29(1), 5-17.).

As empresas enfrentam uma série de dificuldades no início, como a obtenção de recursos financeiros, investimento inicial e obtenção de novos clientes (Löfsten & Lindelöf, 2003Löfsten, H., & Lindelöf, P. (2003). Determinants for an entrepreneurial milieu: Science parks and business policy in growing firms. Technovation, 23(1), 51-64. https://doi.org/10.1016/S0166-4972(01)00086-4
https://doi.org/10.1016/S0166-4972(01)00...
). Colombo e Delmastro (2002Colombo, M. G., & Delmastro, M. (2002). How effective are technology incubators?: Evidence from Italy. Research policy, 31(7), 1103-1122. https://doi.org/10.1108/14691930510592771
https://doi.org/10.1108/1469193051059277...
) relatam que as empresas incubadas possuem uma mão de obra mais qualificada, maior propensão à inovação e maior capacidade para participar de projetos internacionais de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Elas, contudo, são mais propensas a assumir riscos e, portanto, nem sempre alcançam o sucesso desejado.

Além dos serviços acima, as incubadoras também oferecem salas de reunião, além de outros espaços e infraestrutura, permitindo que as empresas se concentrem em sua atividade fim, ao contrário das empresas não incubadas, nas quais os gestores despendem muito tempo com assuntos burocráticos e administrativos e com a criação da infraestrutura (Ramos, 2016Ramos, J. F. P. R. (2016). A incubação e internacionalização das empresas de biotecnologia em Portugal (Master’s thesis). Universidade de Aveiro, Portugal.).

Colombo e Delmastro (2002Colombo, M. G., & Delmastro, M. (2002). How effective are technology incubators?: Evidence from Italy. Research policy, 31(7), 1103-1122. https://doi.org/10.1108/14691930510592771
https://doi.org/10.1108/1469193051059277...
) estudaram 45 empresas de tecnologia incubadas na Itália e as compararam com empresas não incubadas da mesma natureza. Os autores concluíram que as incubadoras têm um efeito positivo no crescimento, pois as empresas incubadas apresentam taxas de emprego e vendas maiores do que as não incubadas, e esses resultados são mantidos após a incubação, permitindo que as empresas incubadas apresentem um melhor desempenho.

A primeira incubadora de empresas de Portugal iniciou suas atividades em 1987 (AITEC Incubator - Tecnologia de Informação, SA). No entanto, foi uma experiência efêmera, pois as incubadoras de empresas surgiram em Portugal apenas no início dos anos 1990 para acelerar o desenvolvimento de novos negócios e reduzir a taxa de desemprego.

Naquela época, polos tecnológicos, parques industriais e campi universitários se disseminaram, criando suas próprias infraestruturas de incubação para dar apoio às startups (Caetano, 2012Caetano, D. (2012). Empreendedorismo e incubação de empresas. Bnomics.; Santos, 2013Santos, J. M. P. D. (2013). Avaliação da eficiência e produtividade de empresas de base tecnológica em incubadoras: O caso de estudo do Madan Parque (Master’s thesis). Universidade Nova de Lisboa. Portugal.).

Em 2010, Portugal ainda era visto como um país em desenvolvimento, com fraco desempenho em comparação com outros países europeus e uma baixa taxa de registo de patentes (Ratinho & Henriques, 2010Ratinho, T., & Henriques, E. (2010). The role of science parks and business incubators in converging countries: Evidence from Portugal. Technovation, 30(4), 278-290.). Essa insuficiente capacidade de inovação condicionou o país durante anos; no entanto, com o tempo, as empresas mudaram de estratégia, estreitaram relações com instituições de P&D e estão cada vez mais preocupadas com a qualidade que têm a oferecer, dando importância também à inovação tecnológica. Desde então, a criação de PMEs inovadoras emergiu como uma alavanca para a economia do país (Marques, 2005Marques, J. P. D. M. M. (2005). As incubadoras de empresas com ligações à Universidade e a cooperação Universidade-Indústria: o caso de Portugal (Doctoral dissertation). Universidade de Aveiro. Portugal.). Nos últimos anos, vimos a criação de empresas de tecnologia em um ritmo acima da média europeia, visto que a demanda por tecnologia em Portugal aumentou consideravelmente, de acordo com o relatório da publicação Science-Technology and Innovation in Europe (Costa, 2014Costa, A. S. D. (2014). Empreendedorismo como estratégia de desenvolvimento local: O caso Agência DNA Cascais-um concelho empreendedor (Master’s thesis) Universidade Autónoma de Lisboa. Portugal.).

De acordo com Ratinho e Henriques (2010Ratinho, T., & Henriques, E. (2010). The role of science parks and business incubators in converging countries: Evidence from Portugal. Technovation, 30(4), 278-290.), as incubadoras portuguesas têm as seguintes características: promovem a colaboração entre autarquias locais/regionais, universidades e organizações privadas; obtêm financiamento de fundos públicos; acolhem empresas de qualquer setor; estão localizadas nas principais cidades e universidades; e, o mais importante, possuem um grande número de contatos com universidades e centros tecnológicos.

Atualmente, há incentivos e financiamentos para dar suporte ao desenvolvimento de empresas inovadoras, desde sua origem, passando pela incubação, até uma eventual internacionalização. Em 2018, a Rede Nacional de Incubadoras contava com 135 entidades certificadas que apoiam 3 mil startups (www.iapmei.pt, consultado em 17 de outubro de 2018).

Este assunto requer uma investigação mais aprofundada, visto que um número significativo de estudos se concentra na realidade americana. Ao enfocar o estudo em outro contexto geográfico e institucional, onde o papel das incubadoras pode ser diferente, estamos dando uma contribuição adicional ao estudo deste tema. Esta pesquisa tem como foco o impacto da incubação na região do Centro de Portugal, que, apesar de ter apresentado um leve crescimento nos últimos anos, ainda possui fragilidades significativas em relação ao contexto nacional. De fato, em 2017, contribuiu com 18,9% do PIB nacional, a terceira maior contribuição nacional, mas ainda apenas cerca de metade da contribuição da primeira região, Lisboa, que representou 36,0% (Instituto Nacional de Estatística, 2018).

3 Amostra, variáveis e metodologia

Para este estudo, duas amostras diferentes foram coletadas. A primeira inclui 221 empresas incubadas em incubadoras da RIERC (https://rierc.pt, consultado em maio de 2018) em Portugal. A amostra de empresas não incubadas foi colhida através do SABI (Sistema de Análise de Balanços Ibéricos), com a seleção de 2.959 empresas da mesma área geográfica e com setores de atividade semelhantes aos das empresas incubadas (Tabela 1). Os dados financeiros e econômicos de ambas as amostras se referem a 2017 e foram obtidos do SABI.

Tabela 1
Setores de atividade das empresas incubadas e não incubadas

Com base na análise da literatura, foram selecionadas como variáveis dependentes: retorno sobre ativos (ROA, na sigla em inglês) e variação do volume de negócios (TV, na sigla em inglês). De acordo com Mutunga e Owino (2017Mutunga, D., & Owino, E. (2017). Moderating role of firm size on the relationship between micro factors and financial performance of manufacturing firms in Kenya. Journal of Finance and Accounting, 1(2), 14-27.), o desempenho das empresas pode ser avaliado pelo desempenho econômico (por exemplo, retorno sobre ativos - ROA) e pelo desempenho do mercado de produtos (por exemplo, variação do volume de negócios - TV).

O ROA é amplamente utilizado para medir o desempenho econômico das empresas e é avaliado pela proporção entre os resultados operacionais e o total de ativos (Adamowicz, Mazurek-Krasodomska, Krzeminski & Adamowicz, 2010Adamowicz, A., Mazurek-Krasodomska, E., Krzeminski, Z., & Adamowicz, M. (2010, março). Selected financial-economic aspects of R&D in renewable energy conversion technologies. The case of University Spin-off Company. In Fifth International Conference on Ecological Vehicles and Renewable Energies EVER 2010, Monaco.). A TV é outro indicador relevante do desempenho das empresas (Löfsten & Lindelöf, 2001Löfsten, H., & Lindelöf, P. (2001). Science parks in Sweden-industrial renewal and development? R&D Management, 31(3), 309-322. https://doi.org/10.1111/1467-9310.00219
https://doi.org/10.1111/1467-9310.00219...
; Ferguson & Olofsson, 2004Ferguson, R., & Olofsson, C. (2004). Science parks and the development of NTBFs-location, survival and growth. The journal of technology transfer, 29(1), 5-17.).

Como variáveis de controle, foram selecionadas as seguintes: idade, ativos intangíveis e ativos totais (Haque & Arun, 2016Haque, F. & Arun, TG (2016). Corporate governance and financial performance: An emerging economy perspective. Investment Management and Financial Innovations, 13(3), 228-236.; Khan, Yang & Waheed, 2019Khan, S. Z., Yang, Q., & Waheed, A. (2019). Investment in intangible resources and capabilities spurs sustainable competitive advantage and firm performance. Corporate Social Responsibility and Environmental Management, 26(2), 285-295.; Nunes, Serrasqueiro & Matos, 2017Nunes, P. M., Serrasqueiro, Z., & Matos, A. (2017). Determinants of investment in fixed assets and in intangible assets for high-tech firms. Journal of International Studies, 10(1), 173-179.). Löfsten e Lindelöf (2002Löfsten, H., & Lindelöf, P. (2002). Science Parks and the growth of new technology-based firms-academic-industry links, innovation and markets. Research policy, 31(6), 859-876. https://doi.org/10.1016/S0048-7333(01)00153-6
https://doi.org/10.1016/S0048-7333(01)00...
) relatam que o desempenho depende da idade da empresa. Chen, Cheng e Hwang (2005Chen, M. C., Cheng, S. J., & Hwang, Y. (2005). An empirical investigation of the relationship between intellectual capital and firms’ market value and financial performance. Journal of intellectual capital, 6(2), 159-176. https://doi.org/10.1108/14691930510592771
https://doi.org/10.1108/1469193051059277...
) concluem que os ativos intangíveis são importantes na criação de vantagens competitivas e para o desempenho econômico e financeiro. Os autores verificaram que os recursos corporativos (ativos tangíveis e intangíveis) são a principal fonte do desempenho das empresas. A Tabela 2 mostra as variáveis utilizadas e como são determinadas.

Tabela 2
Variáveis estudadas

A comparação entre as empresas incubadas e não incubadas foi realizada inicialmente através dos testes t e de Mann-Whitney. Em seguida, foram estimados modelos de regressão linear, avaliando o impacto da incubação sobre as variáveis dependentes e ajustando ao efeito das variáveis de controle, quando significativas. Neste estudo, foi considerado o nível de significância de 5%. A significância das variáveis foi avaliada estimando-se erros padrão heterocedásticos consistentes. Todas as variáveis significativas foram mantidas no modelo, assim como aquelas com valor p próximo a 5% (consideradas marginalmente significativas). O efeito moderador de cada variável de controle foi avaliado pela significância do termo de interação (produto) entre a variável binária de incubação e a variável de controle. Todas as análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o software SPSS versão 24 e o Macro RLM para uma estimativa robusta de erro padrão (Darlington & Hayes, 2016Darlington, R. B., & Hayes, A. F. (2016). Regression analysis and linear models: Concepts, applications, and implementation. New York: Guilford Publications.).

O modelo genérico adotado foi o seguinte

Y i = β 0 + β 1 I n c i + β 2 I d a d e i + β 3 I A i + β 4 T A i + β 5 I n c × I d a d e i + β 6 I n c × I A i + β 7 I n c × T A i + ε i

em que Y representa uma das variáveis dependentes, ROA ou TV. O modelo visa estimar o efeito da incubação (Inc) sobre as variáveis de desempenho, ajustando às variáveis de controle (Idade, IA e TA), considerando também o efeito moderador que elas podem ter (Inc × Idade, Inc × IA, e Inc × TA).

4 Apresentação e discussão dos resultados

4.1 Descrição de dados

A Tabela 3 fornece uma descrição das amostras coletadas para os dois grupos das empresas estudadas. Conforme demonstrado na Tabela 3, os valores médios de ROA e TV são significativamente maiores para as empresas incubadas (p<0,005), sugerindo que a lucratividade é maior nesse grupo. Valores significativamente maiores nas empresas incubadas também foram verificados para os ativos intangíveis (p<0,005). Em contrapartida, a idade e o total de ativos apresentam valores médios significativamente inferiores nas empresas incubadas (p<0,005), o que indica que no grupo incubado as empresas são mais novas e menores.

Tabela 3
Descrição das amostras em relação às variáveis usadas na análise

4.2 Modelos estimados de regressão

As tabelas a seguir apresentam os modelos estimados. A Tabela 4 apresenta o modelo de regressão para ROA, enquanto a Tabela 5 reproduz o modelo estimado de regressão para TV.

Tabela 4
Modelo de regressão para a variável dependente ROA

Tabela 5
Modelo de regressão para a variável dependente TV

O modelo estimado para ROA é dado por:

R O A ^ i = 22,891 + 13,142 I n c i 0.551 I d a d e i 0,107 I A i 0,002 T A i 0,944 I n c × I d a d e i

De acordo com o modelo estimado, independentemente da idade e se são incubadas ou não, as empresas com mais ativos intangíveis ou total de ativos tendem a ter um ROA menor (associação negativa). Os resultados obtidos corroboram as constatações de um estudo sobre empresas polonesas conduzido por Adamowicz et al. (2010Adamowicz, A., Mazurek-Krasodomska, E., Krzeminski, Z., & Adamowicz, M. (2010, março). Selected financial-economic aspects of R&D in renewable energy conversion technologies. The case of University Spin-off Company. In Fifth International Conference on Ecological Vehicles and Renewable Energies EVER 2010, Monaco.), que ao longo dos anos estudados encontraram uma redução no ROA à medida que as empresas aumentavam seus ativos. Essas empresas faziam investimentos, o que levou a um aumento no total de ativos que não foi acompanhado por um aumento semelhante no lucro operacional, de forma que houve uma diminuição no ROA. Além disso, Baixauli e Módica-Milo (2010Baixauli, J. S., & Módica-Milo, A. (2010). The bias of unhealthy SMEs in bankruptcy prediction models. Journal of Small Business and Enterprise Development, 17(1), 60-77.) relatam uma diminuição no ROA devido ao aumento no investimento em ativos; no entanto, os autores consideram que o investimento deve melhorar esse indicador de desempenho de longo prazo.

Em relação aos ativos intangíveis, Zago, Mello e Rojo (2015Zago, C., Mello, G. R., & Rojo, C. A. (2015). Influência dos ativos intangíveis no desempenho das empresas listadas no índice Bovespa. Revista de Finanças e Contabilidade da Unimep, 2(2), 92-107.) constataram que um aumento nesses ativos diminui a lucratividade, causando uma influência negativa no ROA. Decker, Ensslin, Reina e Reina (2013Decker, F., Ensslin, S. R., Reina, D. R. M., & Reina, D. (2013). A Relação entre os Ativos Intangíveis e a Rentabilidade das Ações: um estudo com empresas listadas no índice Bovespa. Revista Reuna, 18(4), 75-92.) realizaram um estudo para compreender como os ativos intangíveis condicionam a lucratividade das empresas, observando que existe uma relação positiva entre esses ativos e o ROA, contrariando os resultados observados neste estudo. Os autores relatam que os ativos intangíveis agregam valor à empresa, pois o investimento em P&D cria novos produtos de difícil replicação. Nascimento, Oliveira, Marques e Cunha (2012Nascimento, E. M., Oliveira, M. C., Marques, V. A., & Cunha, J. V. A. (2012). Ativos intangíveis: análise do impacto do grau de intangibilidade nos indicadores de desempenho empresarial. Enfoque: Reflexão Contábil, 31(1), 37-52.) não encontraram evidências de qualquer relação entre ativos intangíveis e ROA.

Em relação à idade, o presente estudo encontrou evidências de que essa variável está negativamente associada ao ROA; ou seja, as empresas mais antigas tendem a ter um ROA mais baixo. Concluiu-se também que esse efeito é mais pronunciado nas empresas incubadas, pois para elas (Inc = 1) o coeficiente estimado para a Idade é igual a -1,495 (-0,551 - 0,944) enquanto para as não incubadas (Inc = 0) é igual -0,551. Majumdar (1997Majumdar, S. K. (1997). The impact of size and age on firm-level performance: some evidence from India. Review of industrial organization, 12(2), 231-241.) argumenta que as empresas mais antigas se beneficiam dos efeitos do aprendizado e da experiência, mas atingem valores de lucratividade mais baixos. O autor diz que empresas mais maduras são mais comodistas e não conseguem aproveitar as oportunidades, ficando incapazes de reagir às mudanças do mercado. Assim, empresas mais novas e proativas podem atingir melhores níveis de desempenho. Além disso, Loderer e Waelchli (2010Loderer, C. F., & Waelchli, U. (2010, April 30). Firm age and performance. Retrieved from https://ssrn.com/abstract=1342248 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.1342248
https://ssrn.com/abstract=1342248 or htt...
) observaram um efeito negativo da idade sobre a lucratividade das empresas decorrente da ausência de proatividade. Guaraná (2012) observou ainda que, quanto maior a idade, menor a lucratividade.

Com base no modelo estimado, verificamos que o efeito da incubação depende da idade; ou seja, as empresas incubadas têm maior lucratividade enquanto são novas. No entanto, esse efeito diminui à medida que a empresa amadurece. De fato, devido ao efeito da interação, o coeficiente da variável de incubação (Inc) diminui com o aumento da idade da empresa. A Tabela 4 reproduz o modelo estimado de regressão para a variável dependente TV.

T V ^ i = 55,862 + 82,456 I n c i 1,505 I d a d e i + 0,005 T A i 5,842 I n c × I d a d e i

Para a variável TV, o modelo indica que, independentemente da idade e se incubadas ou não, as empresas com maiores valores de total de ativos tendem a ter maiores valores de TV (associação positiva); no entanto, essa variável é apenas marginalmente significativa. Essa relação é compreensível, uma vez que um aumento no ativo pode significar um maior volume de investimentos em equipamentos, um aumento na produção e, consequentemente, um aumento também no volume de negócios.

Em relação à idade, à semelhança do que se evidencia no modelo ROA, existe uma relação negativa com a TV; ou seja, as empresas mais antigas tendem a ter valores de TV menores. Além disso, esse efeito é mais sentido nas empresas incubadas (devido à presença do termo de interação). Esses resultados não são validados por Mian (1997Mian, S. A. (1997). Assessing and managing the university technology business incubator: An integrative framework. Journal of business venturing, 12(4), 251-285. https://doi.org/10.1016/S0883-9026(96)00063-8
https://doi.org/10.1016/S0883-9026(96)00...
), pois ele afirma que, ao longo dos anos em que realizou seu estudo, houve uma tendência de crescimento nas vendas; ou seja, a idade teve um impacto positivo na TV. Löfsten e Lindelöf (2002Löfsten, H., & Lindelöf, P. (2002). Science Parks and the growth of new technology-based firms-academic-industry links, innovation and markets. Research policy, 31(6), 859-876. https://doi.org/10.1016/S0048-7333(01)00153-6
https://doi.org/10.1016/S0048-7333(01)00...
) também utilizaram a idade como variável de controle para as vendas, mas seu efeito não foi estatisticamente significativo. Majumdar (1997Majumdar, S. K. (1997). The impact of size and age on firm-level performance: some evidence from India. Review of industrial organization, 12(2), 231-241.) observou que as empresas mais antigas são mais produtivas, o que implica em um maior número de vendas e, consequentemente, em um aumento no volume de negócios.

Em relação ao efeito da incubação, como foi também observado para o ROA, o modelo estimado indica que o efeito da incubação depende da idade; ou seja, as empresas incubadas novas tendem a ter uma TV maior, mas com o passar dos anos o efeito positivo da incubação diminui. Isso pode ser explicado pelo fato de que quando a empresa atinge a maturidade, ela converge com as demais empresas presentes no mercado; ou seja, a incubação não é mais relevante. Pena (2004Pena, I. (2004). Business incubation centers and new firm growth in the Basque country. Small Business Economics, 22(3-4), 223-236.) verifica que as empresas incubadas apresentam um maior crescimento nas vendas. Além disso, Löfsten e Lindelöf (2001Löfsten, H., & Lindelöf, P. (2001). Science parks in Sweden-industrial renewal and development? R&D Management, 31(3), 309-322. https://doi.org/10.1111/1467-9310.00219
https://doi.org/10.1111/1467-9310.00219...
, 2002) observaram diferenças significativas na TV entre empresas incubadas e não incubadas, verificando que as empresas não incubadas apresentam menor taxa de crescimento do volume de negócios. Mian (1996Mian, S. A. (1996). The university business incubator: A strategy for developing new research/technology-based firms. The Journal of High Technology Management Research, 7(2), 191-208., 1997) menciona que as empresas incubadas apresentam maior crescimento nas vendas durante os anos de incubação. O autor destaca que as incubadoras têm um impacto positivo no desempenho das empresas; no entanto, recomenda cautela, pois, apesar dos esforços para obter uma amostra de toda a população, isso não foi viável, e é possível que as respostas tenham vindo principalmente de empresas que obtiveram sucesso. Além disso, Lasrado et al. (2016Lasrado, V., Sivo, S., Ford, C., O’Neal, T., & Garibay, I. (2016). Do graduated university incubator firms benefit from their relationship with university incubators?. The Journal of Technology Transfer, 41(2), 205-219.) relatam que a incubação tem um efeito significativo no crescimento das vendas. Ferguson e Olofsson (2004Ferguson, R., & Olofsson, C. (2004). Science parks and the development of NTBFs-location, survival and growth. The journal of technology transfer, 29(1), 5-17.) constataram em seu estudo que as empresas incubadas tendem a ter valores de vendas menores em comparação com as não incubadas; no entanto, elas apresentam melhores taxas de crescimento nas vendas.

No geral, podemos observar em ambos os modelos um benefício da incubação; ou seja, tanto os valores de ROA quanto de TV são maiores para as empresas incubadas. No entanto, à medida que as empresas amadurecem, esse benefício diminui. Além disso, vale ressaltar que, se selecionarmos em nossa amostra apenas empresas com 10 anos ou mais, não há diferença significativa entre empresas incubadas e não incubadas, seja para ROA ou TV; ou seja, perde-se o efeito da incubação sobre o ROA e TV (Tabela 6).

Tabela 6
Empresas com mais de 10 anos - comparação de desempenho entre empresas incubadas e não incubadas

5 Conclusão

Este trabalho reforça claramente a ideia de que as incubadoras de empresas são uma estrutura poderosa que deve ser apoiada e incentivada como um importante componente de fomento às empresas e como motores da proliferação de novos empreendedores. A incubação de empresas surge como um instrumento para revitalizar regiões, impulsionar o crescimento econômico e reduzir as taxas de desemprego. O apoio governamental é crucial para impulsionar esse fenômeno, que tem se desenvolvido significativamente desde a década de 1960. Na Europa, a incubação de empresas surgiu na década de 1970; no entanto, em Portugal, as primeiras incubadoras de empresas surgiram apenas na década de 1990 (Caetano, 2012Caetano, D. (2012). Empreendedorismo e incubação de empresas. Bnomics.). As primeiras incubadoras ofereciam serviços básicos como espaços de baixo custo e apoio à gestão. Com o tempo, elas foram evoluindo, especializando-se em diferentes áreas e oferecendo diversos serviços de acordo com sua tipologia.

Neste estudo, foram analisadas as diferenças de desempenho entre empresas incubadas e não incubadas da região central de Portugal. A análise da literatura sugere que as empresas incubadas apresentam vantagens sobre as não incubadas, especialmente em termos de taxa de crescimento das vendas e número de colaboradores, bem como um melhor relacionamento com as universidades (Colombo & Delmastro, 2002Colombo, M. G., & Delmastro, M. (2002). How effective are technology incubators?: Evidence from Italy. Research policy, 31(7), 1103-1122. https://doi.org/10.1108/14691930510592771
https://doi.org/10.1108/1469193051059277...
; Löfsten & Lindelöf, 2003Löfsten, H., & Lindelöf, P. (2003). Determinants for an entrepreneurial milieu: Science parks and business policy in growing firms. Technovation, 23(1), 51-64. https://doi.org/10.1016/S0166-4972(01)00086-4
https://doi.org/10.1016/S0166-4972(01)00...
). Os serviços de assistência comercial, supervisão, compartilhamento de serviços especializados e consultoria prestados por incubadoras criam valor e aumentam a capacidade das empresas de se financiarem, registrarem patentes e criarem alianças. Os diretores dessas empresas (incubadas) costumam ser mais jovens e possuir maior nível de escolaridade (Andino, 2005Andino, B. F. A. (2005). Impacto da incubação de empresas: Capacidades de empresas pós incubadas e empresas não-incubadas (Master’s Dissertation). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.).

Em termos econômicos, a região do Centro de Portugal está muito longe das regiões mais ricas (regiões do Norte e de Lisboa). As empresas localizadas na região central de Portugal faturam 62 bilhões de euros, ao passo que, por exemplo, Lisboa é responsável por 167 bilhões de euros (https://www.pordata.pt/en/What+are+NUTS, consultado em 17 de outubro de 2018). As regiões menos desenvolvidas de Portugal necessitam de instrumentos de dinamização econômica, de forma a combater as assimetrias regionais. As incubadoras desempenham um papel importante no desenvolvimento de novas empresas bem estruturadas que contribuam para o crescimento da economia.

Este estudo fornece evidências de que há, de fato, benefícios na incubação de empresas, uma vez que as empresas incubadas apresentam melhor desempenho em termos de retorno sobre ativos e crescimento do volume de negócios. No entanto, essa diferença desaparece com a idade da empresa. Isso pode ocorrer devido a obstáculos cada vez maiores em termos de habilidade de gestão, falta de conhecimento sobre o mercado e habilidades de marketing para acessar o mercado e a obstáculos financeiros, como falta de fluxo de caixa e de capital para investimento.

Este estudo é relevante porque estudos que abordam os benefícios da incubação são escassos. O número de incubadoras de empresas cresceu [por exemplo, para a região do Centro de Portugal, o site da RIERC (https://rierc.pt, consultado em maio de 2018), aponta 18 incubadoras de empresas com mais de 500 empresas incubadas]. Hoje em dia é cada vez maior o número de empresas que procuram ajuda para desenvolver suas atividades, especialmente jovens que procuram criar seus próprios empregos e transformar suas ideias e pesquisas em negócios bem-sucedidos.

Esta investigação concentrou-se no desempenho das empresas incubadas da RIERC (https://rierc.pt, consultado em maio de 2018). Ao longo do estudo procuramos compreender como a incubação de empresas é um benefício para as empresas recém-criadas. Tanto a incubação de empresas como, mais especificamente, as comparações entre empresas incubadas e não incubadas, não têm sido amplamente discutidas em Portugal, abrindo assim as portas para estudos de âmbito nacional em investigações futuras. De fato, o acesso a uma base de dados maior enriqueceria este estudo, tornando-o mais representativo da realidade portuguesa. Este artigo se concentra na análise de duas variáveis de desempenho. Portanto, seria interessante complementar esta análise com outras variáveis de lucratividade. Os resultados desta investigação são baseados em dados transversais, o que é outra limitação do estudo. Seria relevante fazer uma avaliação do impacto da incubação considerando dados em painel. Outra limitação deste estudo é a abordagem exclusivamente econômico-financeira utilizada para analisar o desempenho das empresas. Pesquisas futuras poderiam analisar outros aspectos do impacto da incubação, como sua contribuição para o bem-estar social, o desenvolvimento sustentável e a criação de riqueza na região.

References

  • Adamowicz, A., Mazurek-Krasodomska, E., Krzeminski, Z., & Adamowicz, M. (2010, março). Selected financial-economic aspects of R&D in renewable energy conversion technologies. The case of University Spin-off Company. In Fifth International Conference on Ecological Vehicles and Renewable Energies EVER 2010, Monaco.
  • Aernoudt, R. (2004). Incubators: Tool for entrepreneurship? Small Business Economics. 23, 127-135.
  • Aerts, K., Matthyssens, P., & Vandenbempt, K. (2007). Critical role and screening practices of European business incubators. Technovation, 27(5), 254-267. https://doi.org/10.1016/j.technovation.2006.12.002
    » https://doi.org/10.1016/j.technovation.2006.12.002
  • Ahmad, A. J., & Ingle, S. (2013). Business incubators and HTSF development: Setting an agenda for further research. In R. Oakey, A. Groen, C. Cook, & P. Van Der Sijde (Eds.), New technology-based firms in the New Millennium, 10, pp. 119-140.
  • Albort-Morant, G., & Ribeiro-Soriano, D. (2016). A bibliometric analysis of international impact of business incubators. Journal of Business Research, 69(5), 1775-1779.
  • Allen, D. N., & Rahman, S. (1985). Small business incubators: A positive environment for entrepreneurship. Journal of Small Business Management, 23(3), 12.
  • Amezcua, A. S., Grimes, M. G., Bradley, S. W., & Wiklund, J. (2013). Organizational sponsorship and founding environments: A contingency view on the survival of business-incubated firms, 1994-2007. Academy of Management Journal, 56(6), 1628-1654.
  • Andino, B. F. A. (2005). Impacto da incubação de empresas: Capacidades de empresas pós incubadas e empresas não-incubadas (Master’s Dissertation). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.
  • Ayatse, F. A., Kwahar, N., & Iyortsuun, A. S. (2017). Business incubation process and firm performance: An empirical review. Journal of Global Entrepreneurship Research, 7(1), 2-17.
  • Baixauli, J. S., & Módica-Milo, A. (2010). The bias of unhealthy SMEs in bankruptcy prediction models. Journal of Small Business and Enterprise Development, 17(1), 60-77.
  • Baraldi, E., & Havenvid, M. I. (2016). Identifying new dimensions of business incubation: A multi-level analysis of Karolinska Institute’s incubation system. Technovation, 50, 53-68.
  • Barbero, J. L., Casillas, J. C., Ramos, A., & Guitar, S. (2012). Revisiting incubation performance: How incubator typology affects results. Technological Forecasting and Social Change, 79(5), 888-902.
  • Barbero, J. L., Casillas, J. C., Wright, M., & Ramos Garcia, A. (2014). Do different types of incubators produce different types of innovations? The Journal of Technology Transfer, 39(2), 151-168.
  • Bøllingtoft, A., & Ulhøi, J. P. (2005). The networked business incubator-leveraging entrepreneurial agency? Journal of business venturing, 20(2), 265-290.
  • Caetano, D. (2012). Empreendedorismo e incubação de empresas. Bnomics.
  • Chan, K. F., & Lau, T. (2005). Assessing technology incubator programs in the science park: The good, the bad and the ugly. Technovation, 25(10), 1215-1228.
  • Chen, M. C., Cheng, S. J., & Hwang, Y. (2005). An empirical investigation of the relationship between intellectual capital and firms’ market value and financial performance. Journal of intellectual capital, 6(2), 159-176. https://doi.org/10.1108/14691930510592771
    » https://doi.org/10.1108/14691930510592771
  • Chow, I. H. (2006). The relationship between entrepreneurial orientation and firm performance in China. S A.M. Advanced Management Journal, 71(3), 11-20.
  • Clausen, T., & Korneliussen, T. (2012). The relationship between entrepreneurial orientation and speed to the market: The case of incubator firms in Norway. Technovation, 32(9-10), 560-567.
  • Colombo, M. G., & Delmastro, M. (2002). How effective are technology incubators?: Evidence from Italy. Research policy, 31(7), 1103-1122. https://doi.org/10.1108/14691930510592771
    » https://doi.org/10.1108/14691930510592771
  • Costa, A. S. D. (2014). Empreendedorismo como estratégia de desenvolvimento local: O caso Agência DNA Cascais-um concelho empreendedor (Master’s thesis) Universidade Autónoma de Lisboa. Portugal.
  • Coulthard, M. (2007). The role of entrepreneurial orientation on firm performance and the potential influence of relational dynamism. Journal of Global Business and Technology, 3(1), 29-39.
  • Darlington, R. B., & Hayes, A. F. (2016). Regression analysis and linear models: Concepts, applications, and implementation. New York: Guilford Publications.
  • Decker, F., Ensslin, S. R., Reina, D. R. M., & Reina, D. (2013). A Relação entre os Ativos Intangíveis e a Rentabilidade das Ações: um estudo com empresas listadas no índice Bovespa. Revista Reuna, 18(4), 75-92.
  • Dvouletý, O., Longo, M. C., Blažková, I., Lukeš, M., & Andera, M. (2018). Are publicly funded Czech incubators effective? The comparison of performance of supported and non-supported firms. European Journal of Innovation Management, 21(4), 543-563.
  • European Commission Enterprise Directorate General. (2002). Benchmarking of business incubators. Resource document. Centre for Strategy and Evaluation Services. Retrieved from http://ec.europa.eu/DocsRoom/documents/2769/attachments/1/translations/en/renditions/pdf
    » http://ec.europa.eu/DocsRoom/documents/2769/attachments/1/translations/en/renditions/pdf
  • Ferguson, R., & Olofsson, C. (2004). Science parks and the development of NTBFs-location, survival and growth. The journal of technology transfer, 29(1), 5-17.
  • Gonzalez-Uribe, J., & Leatherbee, M. (2017). The effects of business accelerators on venture performance: Evidence from start-up Chile. The Review of Financial Studies, 31(4), 1566-1603.
  • Guarana, L. C. (2012). Estudo do impacto do patrimônio na rentabilidade dos fundos de investimentos em ações (Doctoral dissertation). Escola de Pós-Graduação em Economia, Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
  • Hallen, B. L., Cohen, S., & Bingham, C. (2019). Do accelerators accelerate? The role of indirect learning in new venture development. The Role of Indirect Learning in New Venture Development. Retrieved from https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2719810
    » https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2719810
  • Haque, F. & Arun, TG (2016). Corporate governance and financial performance: An emerging economy perspective. Investment Management and Financial Innovations, 13(3), 228-236.
  • Hughes, M., Ireland, R.D., & Morgan, R.E. (2007). Stimulating dynamic value: Social capital and business incubation as a pathway to competitive success. Long Range Plann. 40(2), 154-177.
  • Instituto Nacional de Estatística (2018, December 13). Informação à comunicação social. Contas Regionais 2016 e 2017, Po. Destaque, Lisboa.
  • Keh, H. T., Nguyen, T. T. M., & Ng, H. P. (2007). The effects of entrepreneurial orientation and marketing information on the performance of SMEs. Journal of Business Venturing, 22(4), 592-611.
  • Kellermanns, F. W., Eddleston, K. A., Barnet, T., & Pearson, A. (2008). An exploratory study of family member characteristics and involvement: Effects on entrepreneurial behaviour in the family firm. Family Business Review, 21(3), 1-14.
  • Khan, S. Z., Yang, Q., & Waheed, A. (2019). Investment in intangible resources and capabilities spurs sustainable competitive advantage and firm performance. Corporate Social Responsibility and Environmental Management, 26(2), 285-295.
  • Lasrado, V., Sivo, S., Ford, C., O’Neal, T., & Garibay, I. (2016). Do graduated university incubator firms benefit from their relationship with university incubators?. The Journal of Technology Transfer, 41(2), 205-219.
  • Loderer, C. F., & Waelchli, U. (2010, April 30). Firm age and performance. Retrieved from https://ssrn.com/abstract=1342248 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.1342248
    » https://ssrn.com/abstract=1342248 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.1342248
  • Löfsten, H., & Lindelöf, P. (2001). Science parks in Sweden-industrial renewal and development? R&D Management, 31(3), 309-322. https://doi.org/10.1111/1467-9310.00219
    » https://doi.org/10.1111/1467-9310.00219
  • Löfsten, H., & Lindelöf, P. (2002). Science Parks and the growth of new technology-based firms-academic-industry links, innovation and markets. Research policy, 31(6), 859-876. https://doi.org/10.1016/S0048-7333(01)00153-6
    » https://doi.org/10.1016/S0048-7333(01)00153-6
  • Löfsten, H., & Lindelöf, P. (2003). Determinants for an entrepreneurial milieu: Science parks and business policy in growing firms. Technovation, 23(1), 51-64. https://doi.org/10.1016/S0166-4972(01)00086-4
    » https://doi.org/10.1016/S0166-4972(01)00086-4
  • Lukeš, M., Longo, M. C., & Zouhar, J. (2019). Do business incubators really enhance entrepreneurial growth? Evidence from a large sample of innovative Italian start-ups. Technovation, 82-83, 25-34.
  • Madsen, E. L. (2007). The significance of sustained entrepreneurial orientation on performance of firms - a longitudinal analysis. Entrepreneurship & Regional Development, 19(2), 185-204.
  • Majumdar, S. K. (1997). The impact of size and age on firm-level performance: some evidence from India. Review of industrial organization, 12(2), 231-241.
  • Markovitch, D. G., O’Connor, G. C., & Harper, P. J. (2017). Beyond invention: The additive impact of incubation capabilities to firm value. R&D Management, 47(3), 352-367.
  • Marques, J. P. D. M. M. (2005). As incubadoras de empresas com ligações à Universidade e a cooperação Universidade-Indústria: o caso de Portugal (Doctoral dissertation). Universidade de Aveiro. Portugal.
  • Matsuno, K., Mentzer, J. T., & Ozsomer, A. (2002). The effects of entrepreneurial proclivity and market orientation on business performance. Journal of Marketing, 66(3), 18-32.
  • McAdam, M., & Marlow, S. (2007). Building futures or stealing secrets?: Entrepreneurial cooperation and conflict within business incubators. International Small Business Journal, 25(4), 361-382.
  • Mian, S. A. (1996). The university business incubator: A strategy for developing new research/technology-based firms. The Journal of High Technology Management Research, 7(2), 191-208.
  • Mian, S. A. (1997). Assessing and managing the university technology business incubator: An integrative framework. Journal of business venturing, 12(4), 251-285. https://doi.org/10.1016/S0883-9026(96)00063-8
    » https://doi.org/10.1016/S0883-9026(96)00063-8
  • Miller, D. (1983). The correlates of entrepreneurship in three types of firms. Management science, 29(7), 770-791.
  • Morgan, R. E., & Strong, C. A. (2003). Business performance and dimensions of strategic orientation. Journal of Business Research, 56(3), 163-176.
  • Mutunga, D., & Owino, E. (2017). Moderating role of firm size on the relationship between micro factors and financial performance of manufacturing firms in Kenya. Journal of Finance and Accounting, 1(2), 14-27.
  • Naldi, L., Nordqvist, M., Sjöberg, K., & Wiklund, J. (2007). Entrepreneurial Orientation, Risk Taking, and Performance in Family Firms. Family Business Review, 20(1), 33-47.
  • Nascimento, E. M., Oliveira, M. C., Marques, V. A., & Cunha, J. V. A. (2012). Ativos intangíveis: análise do impacto do grau de intangibilidade nos indicadores de desempenho empresarial. Enfoque: Reflexão Contábil, 31(1), 37-52.
  • Nunes, P. M., Serrasqueiro, Z., & Matos, A. (2017). Determinants of investment in fixed assets and in intangible assets for high-tech firms. Journal of International Studies, 10(1), 173-179.
  • Oakey, R. P. (2007). Clustering and the R&D management of high‐technology small firms: in theory and practice. R&D Management, 37(3), 237-248.
  • Oliveira, P. H., Terence, A. C. F., & Paschoalotto, M. A. C. (2016). O período de incubação e pós-incubação das Pequenas Empresas de Base Tecnológica. 1º Encontro da Nacional de Economia Industrial e Inovação, Blucher Engineering Proceedings, 3(4), 977-994.
  • Patton, D. (2014). Realising potential: The impact of business incubation on the absorptive capacity of new technology-based firms. International Small Business Journal, 32(8), 897-917.
  • Patton, D., & Marlow, S. (2011). University technology business incubators: Helping new entrepreneurial firms to learn to grow. Environment and Planning C: Government and Policy, 29(5), 911-926.
  • Pauwels, C., Clarysse, B., Wright, M., & Hove, J., van, (2016). Understanding a new generation incubation model: The accelerator. Technovation, 50-51, 13-24.
  • Pena, I. (2004). Business incubation centers and new firm growth in the Basque country. Small Business Economics, 22(3-4), 223-236.
  • Ramos, J. F. P. R. (2016). A incubação e internacionalização das empresas de biotecnologia em Portugal (Master’s thesis). Universidade de Aveiro, Portugal.
  • Ratinho, T., & Henriques, E. (2010). The role of science parks and business incubators in converging countries: Evidence from Portugal. Technovation, 30(4), 278-290.
  • Rauch, A., Wiklund, J., Lumpkin, G. T., & Frese, M. (2009). EO and business performance: An assessment of past research and suggestions for the future. Entrepreneurship Theory and Practice, 33(3), 761-787.
  • Roig-Tierno, N., Alcazar, J., & Ribeiro-Navarrete, S. (2015). Use of infrastructures to support innovative entrepreneurship and business growth. Journal of Business Research, 68(11), 2290-2294.
  • Rong, K., Wu, J., Shi, Y., & Guo, L. (2015). Nurturing business ecosystems for growth in a foreign market: Incubating, identifying and integrating stakeholders. Journal of International Management, 21(4), 293-308.
  • Santos, J. M. P. D. (2013). Avaliação da eficiência e produtividade de empresas de base tecnológica em incubadoras: O caso de estudo do Madan Parque (Master’s thesis). Universidade Nova de Lisboa. Portugal.
  • Schwartz, M., & Hornych, C. (2010). Cooperation patterns of incubator firms and the impact of incubator specialization: Empirical evidence from Germany. Technovation, 30(9-10), 485-495.
  • Sherman, H., & Chappell, D. S. (1998). Methodological challenges in evaluating business incubator outcomes. Economic Development Quarterly, 12(4), 313-321.
  • Soetanto, D. P., & Geenhuizen, M. P. (2010). Social capital through networks: The case of university spin-off firms in different stages. Journal of Economic & Social Geography, 101(5), 509-520.
  • Soetanto, D., & Jack, S. (2016). The impact of university-based incubation support on the innovation strategy of academic spin-offs. Technovation, 50-51, 25-40.
  • Sofouli, E., & Vonortas, N. S. (2007). S&T Parks and business incubators in middle-sized countries: The case of Greece. The Journal of Technology Transfer, 32(5), 525-544.
  • Vanderstraeten, J., & Matthyssens, P. (2012). Service-based differentiation strategies for business incubators: Exploring external and internal alignment. Technovation, 32(12), 656-670.
  • Weele, M. A., van, (2016). Unpainting the black box: Exploring mechanisms and practices of start-up incubators (Doctoral dissertation). Utrecht University, Netherlands.
  • Wonglimpiyarat, J. (2010). Commercialization strategies of technology: Lessons from Silicon Valley. The Journal of Technology Transfer, 35(2), 225-236.
  • Yu, J., & Nijkamp, P. (2009). Methodological challenges and institutional barriers in the use of experimental method for the evaluation of business incubators: Lessons from the US, EU and China. Conference: Science and Innovation Policy. Atlanta, GA, USA. Retrieved from https://ieeexplore.ieee.org/document/5367841
    » https://ieeexplore.ieee.org/document/5367841
  • Yu, S. (2020). How do accelerators impact the performance of high-technology ventures? Management Science, 66(2), 530-552.
  • Zago, C., Mello, G. R., & Rojo, C. A. (2015). Influência dos ativos intangíveis no desempenho das empresas listadas no índice Bovespa. Revista de Finanças e Contabilidade da Unimep, 2(2), 92-107.
  • Zahra, S. A. (2008). Being entrepreneurial and market driven: Implications for company performance. Journal of Strategy and Management, 1(2), 125-142.
  • Processo de Avaliação:

    Double Blind Review
  • Copyrights:

    RBGN detém os direitos autorais deste conteúdo publicado
  • Análise de Plágio

    A RBGN realiza análise de plágio em todos os seus artigos no momento da submissão e após a aprovação do manuscrito por meio da ferramenta iThenticate.

Editor Responsável:

Prof. Dr. Joelson Sampaio de Oliveira

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Abr 2021
  • Data do Fascículo
    Jan-Mar 2021

Histórico

  • Recebido
    24 Jan 2020
  • Aceito
    07 Jul 2020
Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado, Av. da Liberdade, 532, 01.502-001 , São Paulo, SP, Brasil , (+55 11) 3272-2340 , (+55 11) 3272-2302, (+55 11) 3272-2302 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: rbgn@fecap.br