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Board Interlocking e Escolhas Contábeis em Empresas Brasileiras de Energia Elétrica com Ações na Bolsa

Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar a influência da estabilidade e da intensidade do board interlocking nas escolhas contábeis em companhias do setor de energia elétrica com ações negociadas no Brasil, Bolsa e Balcão (B3), no período 2010-2016. Para isso foi utilizada uma amostra constituída por 59 companhias, das quais 57 apresentaram as informações necessárias para a realização da análise, resultando em 177 diferentes conexões entre as empresas. Como proxies para o board interlocking, empregaram-se a estabilidade e a intensidade das conexões entre os profissionais dos conselhos, e para as escolhas contábeis buscou-se identificar a semelhança entre as escolhas adotadas pelas empresas. Os achados revelam consideráveis mudanças nas estruturas das conexões das companhias, partindo da formação de uma grande rede nos anos de 2010 e 2011, para a constituição de cinco grupos bem definidos em 2016. Os resultados sugerem que a estabilidade e intensidade das conexões favorecem a disseminação das escolhas contábeis, principalmente quando relacionadas a mensuração e classificação. Esses achados convergem com os de Connelly e Slyke (2012) segundo os quais a existência de conselheiros em comum favorece o acesso e a disseminação de informações entre empresas.

Palavras-chave:
Board Interlocking; Estabilidade do Board Interlocking; Intensidade do Board Interlocking; Escolhas Contábeis; Setor de Energia Elétrica

Abstract

This article aims to analyze the influence of stability and the intensity of board interlocking on accounting choices. The sample consists of 57 companies in the electricity sector out of a total of 59 with shares traded on Brasil, Bolsa, Balcão (B3), analyzed in a a period ranging from 2010 to 2016. This resulted in 177 different connections between companies. Company stability and intensity of existing relationships between the boards were used as proxies for an interlocking framework. For determining the accounting choice, an attempt was made to identify similarities between the choices adopted by the companies. The findings reveal considerable changes in the connection structures of companies. This began with the formation of a major network in the years 2010 and 2011, and ended with five well-defined groups in 2016. The results suggest that stability and intensity of connections favor dissemination of accounting choices. This is especially true for choices related to measurement and classification. These findings converge with Connelly and Slyke (2012) according to whom the existence of common counselors favor the access and dissemination of information between companies.

Keywords:
Board Interlocking; Board Interlocking stability; Intensity of Board Interlocking; Accounting Choices; Electricity Sector

1. Introdução

Conforme Baysinger e Butler (1985Baysinger, B. D., & Butler, H. N. (1985). Corporate Governance and the Board of Directors: Performance Effects of Changes in Board Composition. Journal of Law, Economics & Organization, 1(1), 101-124. ), o conselho de administração (CA) é uma parte essencial da estrutura de governança corporativa, auxiliando na resolução de problemas de agência inerentes à gestão das organizações. Embora o principal papel do CA esteja alinhado com a proteção dos interesses dos investidores, estudos recentes têm demonstrado que os membros do CA podem influenciar a tomada de decisão das organizações quando atuam simultaneamente em mais de uma empresa. Esse fenômeno de interligação entre conselheiros é conhecido como board interlocking. Pfeffer e Salancik (1978Pfeffer, J., & Salancik, G. R. (1978). The External Control of Organizations: A Resource Dependence Perspective. Harper and Row. ) afirmam que, quando a organização nomeia um profissional para integrar seu conselho de administração, espera que esse conselheiro propicie recursos para ajudar a empresa a se desenvolver. Sugerem que a adoção do board interlocking pode proporcionar vários benefícios para a entidade, como: i) fornecimento de recursos específicos, ii) auxílio na obtenção de apoio de importantes elementos externos à empresa, iii) legitimação, e iv) criação de um canal de comunicação entre as organizações.

Com relação à criação de um canal de comunicação entre as organizações, Connelly e Van Slyke (2012Connelly, B. L., & Van Slyke, E. J. (2012). The power and peril of board interlocks. Business Horizons, 55(5), 403-408. https://doi.org/10.1016/j.bushor.2012.03.006
https://doi.org/10.1016/j.bushor.2012.03...
) afirmam que a existência de conselheiros em comum em diferentes empresas favorece o acesso e a disseminação de informações. Estudos empíricos têm investigado essa prerrogativa sobre as mais variadas práticas corporativas, tais como: compensação de diretores (Addy et al., 2014Addy, N., Chu, X., & Yoder, T. (2014). Voluntary adoption of clawback provisions, corporate governance, and interlock effects. Journal of Accounting and Public Policy, 33(2), 167-189. https://doi.org/10.1016/j.jaccpubpol.2013.12.001
https://doi.org/10.1016/j.jaccpubpol.201...
; Balsam et al., 2017Balsam, S., Kwack, S. Y., & Lee, J. Y. (2017). Network connections, CEO compensation and involuntary turnover: The impact of a friend of a friend. Journal of Corporate Finance, 45, 220-244. https://doi.org/10.1016/j.jcorpfin.2017.05.001
https://doi.org/10.1016/j.jcorpfin.2017....
; Boivie et al., 2015Boivie, S., Bednar, M. K., & Barker, S. B. (2015). Social comparison and reciprocity in director compensation. Journal of Management, 41(6), 1578-1603. https://doi.org/10.1177/0149206312460680
https://doi.org/10.1177/0149206312460680...
; Crespí-Cladera & Pascual-Fuster, 2015Crespí-Cladera, R., & Pascual-Fuster, B. (2015). Executive directors’ pay, networks and operating performance: The influence of ownership structure. Journal of Accounting and Public Policy, 34(2), 175-203. https://doi.org/10.1016/j.jaccpubpol.2014.09.004
https://doi.org/10.1016/j.jaccpubpol.201...
; Kim et al., 2015Kim, J. W., Kogut, B., & Yang, J. (2015). Executive compensation, fat cats ,and best athletes. American Sociological Review, 80(2), 299-328. https://doi.org/10.1177/0003122415572463
https://doi.org/10.1177/0003122415572463...
), operações de fusões e aquisições (Cai & Sevilir, 2012Cai, Y., & Sevilir, M. (2012). Board connections and M&A transactions. Journal of Financial Economics, 103(2), 327-349. https://doi.org/10.1016/j.jfineco.2011.05.017
https://doi.org/10.1016/j.jfineco.2011.0...
; El-Khatib et al., 2015El-Khatib, R., Fogel, K., & Jandik, T. (2015). CEO network centrality and merger performance $. Journal of Financial Economics, 116(2), 349-382. https://doi.org/10.1016/j.jfineco.2015.01.001
https://doi.org/10.1016/j.jfineco.2015.0...
; Renneboog & Zhao, 2013Renneboog, L., & Zhao, Y. (2013). Director networks and takeovers. Journal of Corporate Finance, 28, 218-234. https://doi.org/10.1016/j.jcorpfin.2013.11.012
https://doi.org/10.1016/j.jcorpfin.2013....
), investimentos em pesquisa e desenvolvimento (Han et al., 2015Han, J., Bose, I., Hu, N., Qi, B., & Tian, G. (2015). Does director interlock impact corporate R&D investment? Decision Support Systems, 71, 28-36. https://doi.org/10.1016/j.dss.2015.01.001
https://doi.org/10.1016/j.dss.2015.01.00...
; Helmers et al., 2017Helmers, C., Patnam, M., & Rau, P. R. (2017). Do board interlocks increase innovation? Evidence from a corporate governance reform in India. Journal of Banking and Finance, 80, 51-70. https://doi.org/10.1016/j.jbankfin.2017.04.001
https://doi.org/10.1016/j.jbankfin.2017....
), reputação corporativa (Chandler et al., 2013Chandler, D., Haunschild, P. R., Rhee, M., & Beckman, C. M. (2013). The effects of firm reputation and status on interorganizational network structure. Strategic Organization, 11(3), 217-244. https://doi.org/10.1177/1476127013478693
https://doi.org/10.1177/1476127013478693...
), gerenciamento de resultados (Chiu et al., 2013Chiu, P. C., Teoh, S. H., & Tian, F. (2013). Board interlocks and earnings management contagion. Accounting Review, 88(3), 915-944. https://doi.org/10.2308/accr-50369
https://doi.org/10.2308/accr-50369...
; Ribeiro & Colauto, 2016Ribeiro, F., & Colauto, R. D. (2016). The relationship between board interlocking and income smoothing practices. Revista Contabilidade & Finanças, 27(70), 55-66. https://doi.org/10.1590/1808-057x201501320
https://doi.org/10.1590/1808-057x2015013...
).

Perceptivelmente, a literatura é convergente sob a perspectiva de que o acesso e a disseminação de práticas contábeis podem ser facilitados pelo board interlocking. Todavia, nenhum desses estudos se concentra nas escolhas do método contábil. Na verdade, de uma perspectiva de informação, a literatura indica que os métodos contábeis são selecionados para revelar informações e previsões sobre os fluxos de caixa futuros da empresa (Holthausen & Leftwich, 1983Holthausen, R. W., & Leftwich, R. W. (1983). The economic consequences of accounting choice implications of costly contracting and monitoring. Journal of Accounting and Economics, 5(C), 77-117. https://doi.org/10.1016/0165-4101(83)90007-1
https://doi.org/10.1016/0165-4101(83)900...
; Watts & Zimmerman, 1990Watts, R. L., & Zimmerman, J. L. (1990). Positive accounting theory: A ten year perspective. The Accounting Review, 65(1), 131-156. http://www.jstor.org/stable/247880
http://www.jstor.org/stable/247880...
). Assim, os métodos contábeis são relevantes para os valores da empresa e impactam os fluxos de caixa futuros (Han et al., 2017Han, J., Hu, N., Liu, L., & Tian, G. (2017). Does director interlock impact the diffusion of accounting method choice? Journal of Accounting and Public Policy, 36(4), 316-334. https://doi.org/10.1016/j.jaccpubpol.2017.05.005
https://doi.org/10.1016/j.jaccpubpol.201...
).

Holthausen (1990Holthausen, R. W. (1990). Accounting method choice. Opportunistic behavior, efficient contracting, and information perspectives. Journal of Accounting and Economics, 12(1-3), 207-218. https://doi.org/10.1016/0165-4101(90)90047-8
https://doi.org/10.1016/0165-4101(90)900...
) sugere que se os profissionais do conselho trazem vantagem comparativa no acesso a recursos e na obtenção de informações para suas empresas, eles terão mais poder e influência sobre a estimativa dos fluxos de caixa futuros das empresas. Portanto, a escolha dos métodos contábeis é uma decisão muito importante tomada pelos membros do conselho. Tais profissionais usam as escolhas de métodos contábeis para sinalizar sua visão sobre as perspectivas futuras de suas empresas e melhorar a confiabilidade e relevância da informação contábil (Han et al., 2017Han, J., Hu, N., Liu, L., & Tian, G. (2017). Does director interlock impact the diffusion of accounting method choice? Journal of Accounting and Public Policy, 36(4), 316-334. https://doi.org/10.1016/j.jaccpubpol.2017.05.005
https://doi.org/10.1016/j.jaccpubpol.201...
).

Diante disso, entende-se que a presença de conselheiros em comum em duas ou mais empresas pode também influenciar a decisão sobre as escolhas contábeis das organizações. Isso tende a ocorrer com maior ênfase quando as conexões se apresentam estáveis e intensas. Considerando o que foi exposto, este artigo tem como objetivo analisar a influência da estabilidade e da intensidade do board interlocking sobre as escolhas contábeis em companhias do segmento de energia elétrica com ações negociadas na B3, no período 2010-2016.

De acordo com Silveira (2004Silveira, A. D. M. da, Barros, L. A. B. de C., & Famá, R. (2004). Qualidade da Governança Corporativa no Brasil e os Fatores que a determinam. 28o Encontro da ANPAD - ENANPAD, Curitiba.), o Brasil se caracteriza como uma economia com alta concentração de propriedade, assim o papel do conselho de administração destaca-se por minimizar os custos de agência entre controladores e minoritários.

Ademais, especificamente no segmento elétrico brasileiro, verifica-se a ocorrência de uma reestruturação nos últimos anos, devido à elevada demanda de distribuição e produção de energia elétrica, convergindo na maior participação da iniciativa privada (Serafim, 2011Serafim, L., & Gomes, L. (2011). Influência da governança corporativa nas ações do setor elétrico brasileiro: uma análise através da medida ômega. Final Report of Pibic. PUC-RJ. https://www.puc-rio.br/ensinopesq/ccpg/pibic/relatorio_resumo2011/Relatorios/CSS/ADM/ADM-Leonardo%20Soares%20Serafim.pdf
https://www.puc-rio.br/ensinopesq/ccpg/p...
). As características peculiares do Brasil e do segmento de energia elétrica representam um fértil solo de pesquisas no campo das finanças.

O termo estabilidade aqui indica a capacidade de as ligações entre os conselhos de administração tornarem-se duradouras ao longo do tempo. Essa estabilidade das conexões pode favorecer o fluxo de informações entre as organizações, auxiliando a disseminação de práticas corporativas. Por outro lado, a intensidade refere-se à magnitude com que as ligações são realizadas. Assim, a presença de um membro do conselho atuando em duas organizações tem uma intensidade inferior à de dois ou mais membros conectados.

Em termos de originalidade, uma importante contribuição para os estudos financeiros é a proposta de uma nova metodologia para mensurar as conexões entre os membros do CA. A maioria dos estudos tem adotado variáveis de redes sociais e inclusão de dummies para representar o board interlocking. Tais variáveis apresentam consideráveis limitações, como o fato de a análise de redes sociais corresponder a uma representação estática do comportamento social das organizações e, no caso da utilização de dummy, a atribuição de valores dicotômicos subvaloriza o impacto do compartilhamento de mais de um membro do conselho de administração. A utilização do conceito de estabilidade e intensidade das conexões tem como propósito ampliar as discussões sobre o papel dos membros do conselho no contento organizacional e explicar como determinadas práticas, mais especificamente as escolhas contábeis, podem ser disseminadas entre as organizações.

Como um dos principais resultados encontrados, observa-se empiricamente que a estabilidade e a intensidade das conexões favorecem a disseminação das escolhas contábeis, principalmente quando relacionadas à mensuração e classificação. Esses achados convergem com os de Connelly e Slyke (2012Connelly, B. L., & Van Slyke, E. J. (2012). The power and peril of board interlocks. Business Horizons, 55(5), 403-408. https://doi.org/10.1016/j.bushor.2012.03.006
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) para quem a existência de conselheiros em comum em diferentes empresas favorece o acesso e a disseminação de informações.

Este artigo compreende, além desta introdução, quatro outras seções: Fundamentação Teórica, Metodologia, Análise e discussão dos resultados e Conclusão.

2. Fundamentação Teórica

Esta seção compreende os conceitos e a fundamentação teórica pertinentes.

2.1. Estabilidade e Intensidade do Board Interlocking

Fich e White (2005Fich, E. M., & White, L. J. (2005). Why do CEOs reciprocally sit on each other’s boards? Journal of Corporate Finance, 11(1-2), 175-195. https://doi.org/10.1016/j.jcorpfin.2003.06.002
https://doi.org/10.1016/j.jcorpfin.2003....
) entendem que o board interlocking se caracteriza pela presença de um profissional que ocupa a posição de conselheiro em duas ou mais empresas. Mizruchi (1996Mizruchi, M. S. (1996). What Do Interlocks Do? An Analysis, Critique, and Assessment of Research on Interlocking Directorates. Annual Review of Sociology, 22(1), 271-298. https://doi.org/10.1146/annurev.soc.22.1.271
https://doi.org/10.1146/annurev.soc.22.1...
) afirma que tal fenômeno ocorre quando uma pessoa afiliada a uma organização participa do conselho administrativo de outra organização. Portanto, o board interlocking pode ser entendido como um fenômeno em que os membros do conselho de uma empresa participam do núcleo de decisões em outro conselho, estabelecendo uma ligação entre as organizações.

Por um longo período, as redes interligadas de conselhos representaram um fenômeno contencioso, porque se acredita que elas comprometem a eficácia da governança corporativa. De fato, é razoável duvidar de que os conselheiros, que devem exercer diferentes papéis em diferentes conselhos, possam efetivamente agir no interesse de todas as empresas que atendem (Mizruchi, 1996Mizruchi, M. S. (1996). What Do Interlocks Do? An Analysis, Critique, and Assessment of Research on Interlocking Directorates. Annual Review of Sociology, 22(1), 271-298. https://doi.org/10.1146/annurev.soc.22.1.271
https://doi.org/10.1146/annurev.soc.22.1...
). Todavia, é prudente supor, também, que ter profissionais com assento nos conselhos de outras empresas pode facilitar o compartilhamento de informações, experiências e outras técnicas. Isso pode ocorrer de forma mais evidente quando as conexões apresentam características de estabilidade e a intensidade.

A análise de redes sociais permite identificar detalhadamente os padrões de relacionamento entre atores em uma determinada situação social (Marques, 1999Marques, E. C. (1999). Redes sociais e instituições na construção do Estado e da sua permeabilidade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 14(41), 45-67. https://doi.org/10.1590/S0102-69091999000300004
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). O princípio básico da análise de redes é que a estrutura das relações sociais determina o conteúdo dessas relações. Os teóricos das redes rejeitam a noção de que as pessoas são combinações de atributos, ou de que as instituições são entidades estáticas com limites claramente definidos (Mizruchi, 2006Mizruchi, M. S. (2006). Análise de redes sociais: Avanços recentes e controvérsias atuais. Revista de Administração de Empresas, 46(3), 72-86. https://doi.org/10.1590/S0034-75902006000300013
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).

O foco da análise de redes sociais está no estudo da estrutura dos grupos sociais, buscando identificar as relações entre os atores dos grupos (Wasserman & Faust, 1994Wasserman, S., & Faust, K. (1994). Social Network Analysis: Methods and Applications, Structural Analysis in the Social Sciences. Cambridge University Press.). Por muito tempo, uma crítica frequente à análise de rede era de que seus proponentes tiveram sucesso na criação de descrições matemáticas elegantes das estruturas sociais, mas não foram tão bem-sucedidos na demonstração de que tais estruturas tenham, realmente, consequências comportamentais. Em nenhuma área essas críticas foram tão enfáticas quanto na do estudo das relações entre organizações. Embora alguns dos primeiros estudos tenham demonstrado que a centralidade nas redes entre organizações estaria associada a resultados organizacionais identificáveis, inclusive a probabilidade de sucesso político de uma organização (Galaskiewicz, 1979Galaskiewicz, J. (1979). The structure of community organizational networks the structure of community organizational networks*. Source: Social Forces, 57(4), 1346-1364. https://doi.org/10.2307/2577274
https://doi.org/10.2307/2577274...
) e suas estratégias de investimento (Ratcliff, 1980Ratcliff, R. E. (1980). Banks and Corporate Lending: An analysis of the impact of the internal structure of the capitalist class on The Lending Behavior of Banks. American Sociological Review, 45(4), 553-570.), tais demonstrações foram pouco numerosas até meados da década de 1980. Desde então, proliferaram estudos os quais sugerem que a posição de uma empresa nas redes influencia o seu comportamento (Mizruchi, 2006Mizruchi, M. S. (2006). Análise de redes sociais: Avanços recentes e controvérsias atuais. Revista de Administração de Empresas, 46(3), 72-86. https://doi.org/10.1590/S0034-75902006000300013
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).

Um dos pontos mais importantes a respeito da análise de redes sociais é seu papel como representação. As redes sociais de um sistema complexo como uma sociedade, geralmente representa uma fotografia da estrutura em um dado momento, e não um filme (Recuero et al., 2015Recuero, R., Bastos, M., & Zago, G. (2015). Introdução Sobre Mídia Social; O que é análise de redes sociais? In Análise de redes para mídia social (pp. 21-51). Sulina.). Portanto, é preciso compreender que dificilmente uma representação estática dará conta da complexidade social (Watts, 2003Watts, D. (2003). Small Worlds: The dynamics of networks between order and randomness. Princeton University Press.).

Críticas mais severas são realizadas para a utilização de dummies para representar o board interlocking. Há grande perda de informação em atribuir valores dicotômicos para as conexões, subvalorizando suas características implícitas, por exemplo, o fato de o impacto ser diferente conforme duas empresas apresentem compartilhamento de apenas um conselheiro, dois ou mais. Porém, pela lógica da utilização da dummy, o mesmo valor seria atribuído para ambos os casos.

Diante dessas críticas à operacionalização do board interlocking, o presente estudo considera duas variáveis para caracterizar as conexões entre conselhos: (i) Estabilidade; e (ii) Intensidade. O termo estabilidade deriva do latim stabilĭtas e significa a qualidade de estável, que mantém o equilíbrio (Ferreira, 1986Ferreira, A. B. de H. (1986). Novo dicionário de língua portuguesa (2nd ed.). Nova Fronteira.). Com enfoque na formação do board interlocking, estabilidade pode ser entendida como a capacidade de as ligações entre os Conselhos de Administração tornarem-se estáveis ao longo do tempo. Por exemplo, a estabilidade entre duas empresas com ligações ininterruptas durante certo período é maior que entre outras duas empresas que possuem ligações em um ano e em outro não. Entende-se que essa estabilidade entre as organizações pode favorecer o fluxo de informações entre elas auxiliando a disseminação de práticas corporativas, pressuposto esse a ser testado neste estudo.

Outra característica relevante que as pesquisas sobre board interlocking têm deixado de lado é a intensidade das conexões realizadas. Conceitualmente, intensidade refere-se a uma característica atribuída a algo ou alguém que se apresenta em grandes proporções. Normalmente, essa característica está relacionada com o fato de algo se manifestar ou se fazer sentir com força, vigor, de algo que é intenso (Ferreira, 1986Ferreira, A. B. de H. (1986). Novo dicionário de língua portuguesa (2nd ed.). Nova Fronteira.).

Sob a ótica da constituição do board interlocking, a intensidade remete à magnitude com que as ligações são realizadas. Assim, a presença de um membro do conselho atuando em duas organizações tem uma intensidade inferior à de dois ou mais membros conectados.

Nota-se que as características de estabilidade e intensidade são ainda inéditas em estudos sobre as conexões organizacionais. Isso pode representar uma contribuição importante sobre os efeitos do board interlocking.

2.2. Escolhas contábeis e processo de convergência

Conceitualmente, entende-se por escolha contábil qualquer decisão cujo objetivo seja influenciar os resultados da Contabilidade, incluindo não apenas as demonstrações contábeis em si, mas também quaisquer outras informações e documentos derivados da Contabilidade (Fields et al., 2001Fields, T. D., Lys, T. Z., & Vincent, L. (2001). Empirical research on accounting choice. Journal of Accounting and Economics, 31(1-3), 255-307. https://doi.org/10.1016/S0165-4101(01)00028-3
https://doi.org/10.1016/S0165-4101(01)00...
). Escolhas contábeis abrangem decisões dos gestores por determinado procedimento de mensuração, reconhecimento e divulgação em detrimento de outro, quando há mais de um procedimento igualmente aceito de acordo com as melhores práticas contábeis (Watts, 1992Watts, R. L. (1992). Accounting choice theory and market-based research in accounting. The British Accounting Review, 24(3), 235-267. https://doi.org/10.1016/S0890-8389(05)80023-X
https://doi.org/10.1016/S0890-8389(05)80...
)

No Brasil, o processo de convergência às normas internacionais se iniciou com as alterações da Lei nº. 6.404/76 promovidas pelas Leis nº. 11.638/07 e nº. 11.941/09. Desde a publicação da Lei nº. 11.638/07, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) tem sido o principal órgão elaborador das normas contábeis brasileiras emitidas em consonância com as normas produzidas pelo IASB (Silva et al., 2018Silva, A. da, Brighenti, J., & Klann, R. C. (2018). Efeitos da convergência às normas contábeis internacionais na relevância da informação contábil de empresas brasileiras. Revista Ambiente Contábil, 10(1), 121-138. https://doi.org/10.21680/2176-9036.2018v10n1ID11016
https://doi.org/10.21680/2176-9036.2018v...
).

A adoção de um padrão contábil passível de oferecer uma linguagem de divulgação que atenda às necessidades de todas as empresas em todos os mercados é uma tarefa difícil, porque o nível de desenvolvimento dos mercados globais é diferente em questões como proteção ao investidor ou ao credor, regulação e enforcement (Fields et al., 2001Fields, T. D., Lys, T. Z., & Vincent, L. (2001). Empirical research on accounting choice. Journal of Accounting and Economics, 31(1-3), 255-307. https://doi.org/10.1016/S0165-4101(01)00028-3
https://doi.org/10.1016/S0165-4101(01)00...
). Para Nobes (2006Nobes, C. (2006). The survival of international differences under IFRS: Towards a research agenda. Accounting and Business Research, 36(3), 233-245. https://doi.org/10.1080/00014788.2006.9730023
https://doi.org/10.1080/00014788.2006.97...
, 2013) há fatores que contribuem para as diferenças na divulgação das informações contábeis. Esses fatores foram classificados como overt options (opções observáveis) e covert options (opções não observáveis), como mostrado na Figura 1.

Figura 1.
Tipos de escolhas contábeis

Entende-se como escolhas contábeis overt options aquelas provenientes de critérios de mensuração, evidenciação, classificação, bem como escolhas em estágios de adoção de normas. Essas escolhas são identificadas facilmente nos relatórios contábeis. As covert options, por outro lado, são decorrentes das decisões operacionais de gestores, assim como lacunas deixadas pelas normas contábeis e envolvem julgamento profissional (Silva et al., 2016Silva, D. M., Aversari Martins, V., & Lemes, S. (2016). Escolhas contábeis: Reflexões para a pesquisa. Revista Contemporânea de Contabilidade, 13(29), 129-155. https://doi.org/10.5007/2175-8069.2016v13n29p129
https://doi.org/10.5007/2175-8069.2016v1...
).

Com a adoção das IFRS, a contabilidade iniciou um processo de transição de uma contabilidade baseada em regras para uma contabilidade baseada em princípios, a fim de melhorar a representação da situação econômico-financeira das empresas, o que fez com que aumentasse o subjetivismo advindo do julgamento profissional (Bennett et al., 2006Bennett, B., Bradbury, M., & Prangnell, H. (2006). Rules, principles and judgments in accounting standards. Abacus, 42(2), 189-204. https://doi.org/10.1111/j.1467-6281.2006.00197.x
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). Esse subjetivismo presente na aplicação das IFRS é proporcionado pela sua flexibilidade e proporciona escolhas contábeis.

Com o advento da convergência às normas contábeis internacionais, as flexibilidades das decisões a respeito das escolhas contábeis passaram por mudanças, as quais compreendem critérios de mensuração, reconhecimento, classificação e evidenciação: Em relação aos critérios de mensuração, destacam-se, a (i) propriedade para investimento; (ii) ajuste a valor presente dos elementos do ativo e do passivo em curto prazo; e (iii) estoques. No tocante ao reconhecimento, há de se observar: (i) métodos de depreciação dos imobilizados; (ii) métodos de amortização dos intangíveis; e (iii) instrumentos financeiros. Quanto à classificação, encontram-se os elementos da Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC): (i) juros pagos; (ii) dividendos e juros sobre capital próprio pagos; (iii) juros recebidos; e (iv) dividendos e juros sobre capital próprio recebidos. Por fim, os critérios de evidenciação: (i) Demonstração dos Fluxos de Caixa; (ii) Demonstração de Resultado Abrangente; (iii) outros resultados abrangentes.

3. Metodologia

Da perspectiva teórica, tem-se um estudo positivista que se propõe a averiguar de forma empírica a estabilidade e intensidade das conexões entre as companhias a partir do CA (direta) e seu relacionamento com as decisões sobre as escolhas contábeis (indireta).

A amostra se restringiu às empresas brasileiras do setor de energia elétrica que apresentam ligações com outra companhia por meio dos profissionais do CA e que evidenciam as informações necessárias para a identificação das escolhas contábeis no período de 2010 a 2016, totalizando 7 anos. Esse setor apresenta características peculiares, como um elevado nível de conexões, o que pode contribuir para o entendimento das técnicas empregadas. O setor de energia elétrica da B3 é constituído por 59 companhias, das quais 57 apresentaram as informações necessárias para a realização da análise, resultando em 177 diferentes conexões entre as empresas. As duas companhias excluídas não apresentavam informações para todo o período do estudo.

3.1. Variáveis e Modelo de Análise

Para obtenção das variáveis referentes às escolhas contábeis, foram realizadas duas etapas. Na primeira foram identificadas as normas que apresentam diferentes opções para mensuração, reconhecimento, classificação e evidenciação das informações contábeis. Na segunda etapa, após a identificação das normas, foi realizado um mapeamento nos relatórios contábeis das escolhas contábeis adotadas pelas empresas da amostra.

Na Tabela 1 são apresentados os itens que compõem a métrica de semelhança das escolhas contábeis. Os itens foram obtidos a partir de estudos de (Andrade et al., 2013Andrade, M. E. M. C., Silva, D. M. da, & Malaquias, R. F. (2013). Accounting Choices in Investment Properties. Revista Universo Contábil, 9(3), 22-37. https://doi.org/10.4270/ruc.2013320
https://doi.org/10.4270/ruc.2013320...
; Han et al., 2017Han, J., Hu, N., Liu, L., & Tian, G. (2017). Does director interlock impact the diffusion of accounting method choice? Journal of Accounting and Public Policy, 36(4), 316-334. https://doi.org/10.1016/j.jaccpubpol.2017.05.005
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; Maciel et al., 2018Maciel, F. F. de S., Salotti, B. M., & Imoniana, J. O. (2018). Escolhas contábeis na demonstração dos fluxos de caixa no contexto do mercado de capitais brasileiro. Revista Universo Contábil, 13(4), 194-211. https://doi.org/10.4270/ruc.2017432
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; Moreira et al., 2015Moreira, F., Firmino, J., Santos, A., Silva, J. D., & Silva, M. (2015). Qualidade da auditoria no Brasil: Um estudo do julgamento dos auditores independentes na aderência do ajuste a valor presente nas companhias de construção e engenharia listadas na BM&F-Bovespa (Audit Quality in Brazil: A Study of the Judgment Ofthe Independent Auditors on Adoption of the Adjustment to Present Value in Construction and Engineering Companies Listed on BM&F-Bovespa). Sociedade, Contabilidade E Gestão, 10(1), 63-80. https://doi.org/10.2139/ssrn.2830937
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; Pinto et al., 2015Pinto, M. J. T., Martins, V. A., & Silva, D. M. da. (2015). Escolhas Contábeis: O caso brasileiro das propriedades para investimento. Revista Contabilidade & Finanças, 26(69), 274-289. https://doi.org/10.1590/1808-057x201512280
https://doi.org/10.1590/1808-057x2015122...
; Scherer et al., 2012Scherer, L. M., Teodoro, J. D., Kos, S. R., & Anjos, R. P. (2012). Demonstração dos Fluxos de caixa: análise de diferenças de procedimentos de divulgação entre empresas listadas nas bolsas de valores de São Paulo, Frankfurt, Milão e Londres. Revista de Contabilidade E Controladoria, 4(2), 37-51. http://doi.org/10.5380/rcc.v4i2.29025
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; Sedki et al., 2018Sedki, S. S., Posada, G. A., & Pruske, K. A. (2018). Differences between U.S. GAAP and IFRS in accounting for goodwill impairment and inventory: Tax treatment under the internal revenue code. Journal of Accounting and Finance, 18(4), 23-29. https://doi.org/10.33423/jaf.v18i4.421
https://doi.org/10.33423/jaf.v18i4.421...
; Silva & Barranco, 2015Silva, A. H. C., & Barranco, T. M. de S. (2015). Escolhas contábeis: Análise dos métodos de avaliação de estoques antes e após implementação do Ifrs. Revista de Informação Contábil, 9(2), 39-56.; Silva & Martins, 2018Silva, D. M. da, & Martins, V. A. (2018). Politicas contábeis recomendadas nas normas e escolhas contábeis predominantes em companhias abertas e fechadas no Brasil. Advances in Scientific and Applied Accounting, 11(3), 372-390. http://doi.org/10.14392/asaa.2018110301
http://doi.org/10.14392/asaa.2018110301...
; Silvestre & Malaquias, 2015Silvestre, L. N., & Malaquias, R. F. (2015). Classificação dos juros e dividendos na demonstração dos fluxos de caixa das empresas brasileiras. Revista Ambiente Contábil, 7(2), 119-134.; Simeon & John, 2018Simeon, E. D., & John, O. (2018). Implication of choice of inventory valuation methods on profit, tax and closing inventory. Account and Financial Management Journal, 3(7), 1639-1645. https://doi.org/10.31142/afmj/v3i7.05
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; Souza et al., 2015Souza, F. E. A., Botinha, R. A., Silva, P. R., & Lemes, S. (2015). A comparabilidade das escolhas contábeis na avaliação posterior de propriedades para investimento: Uma análise das companhias abertas brasileiras e portuguesas. Revista Contabilidade & Finanças, 26(68), 154-166. https://doi.org/10.1590/1808-057x201500580
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).

Tabela 1.
Métrica de Escolhas Contábeis

Para a métrica de semelhança das escolhas contábeis, cada item recebeu a valoração dicotômica, 0 ou 1. Posteriormente, os valores obtidos pelas empresas individualmente foram comparados com os das outras empresas com as quais mantêm ligação. No caso de valores iguais, foi atribuído valor 1 (um), e para valores divergentes, 0 (zero). Na sequência, os itens de cada classificação: mensuração, reconhecimento, classificação e evidenciação foram somados e divididos pelo total de cada classificação. Por exemplo, para o campo de mensuração, o máximo dos itens será 6 (seis), nesse caso, após o comparativo com a empresa da conexão, se o valor resultar 4 (quatro), o valor para essa variável será 4/6 ou 0,67. Os valores assim calculados podem variar entre 0 e 1 e, por isso adotou-se Regressão Logit.

Para determinar os valores das variáveis de escolhas contábeis, a amostra foi separada em três parte, sendo a parte intermediária retirada da amostra e adotando valor 1 (um) para os escores do tercil superior, e 0 (zero) para os escores do tercil inferior.

Como variáveis independentes da pesquisa, utilizaram-se a estabilidade e a intensidade do board interlocking. Entende-se por estabilidade a capacidade das conexões apresentarem constância durante os anos, ou seja, a manutenção da presença dos membros do conselho entre as companhias.

Para identificar a estabilidade das ligações, primeiramente foi acessado o Formulário de Referência de cada uma das companhias listadas na B3. Na sequência, foi consultado o item 12, que se refere à Assembleia e administração no subitem 5/6 que especifica a composição e experiência profissional da administração e do conselho fiscal. Nesse local, são identificados os nomes de todos os membros componentes da diretoria, CA e conselho fiscal da companhia.

Os nomes dos profissionais com seus respectivos CPFs foram tabulados com o auxílio de planilha de Excel, procedimento realizado para cada ano do estudo. Posteriormente, foi aplicado um filtro para identificar os profissionais que atuam simultaneamente em duas ou mais companhias, constituindo o board interlocking.

Durante a coleta, foram identificadas as conexões estabelecidas entre as companhias, algumas com duração de apenas um ano, e outras que se tornaram constantes durante todo o período analisado.

Como variáveis de controle, empregou-se a classificação de empresas em estatais e privadas, o nível de Governança Corporativa e a presença de ADRs. Para identificar a presença de empresas estatais, utilizou-se uma dummy, que recebeu valor 1 (um) caso a empresa seja estatal e caso contrário, 0 (zero), conforme estudo de Camilo, Marcon, e Bandeira-de-Mello (2012Camilo, S. P. O., Marcon, R., & Bandeira-de-Mello, R. (2012). Conexões Políticas e Desempenho: Um estudo das firmas listadas na BM&FBovespa. Revista de Administação Contemporânea, 16(6), 784-805. https://doi.org/10.1590/S1415-65552012000600003
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).

A variável referente ao nível de Governança Corporativa segrega as companhias que participam dos níveis N1 e Novo Mercado diferenciados de governança corporativa daqueles que possuem outra classificação.

Por último, empregou-se a presença de ADRs como variável de controle. Conforme Silveira et al. (2004Silveira, A. D. M. da, Barros, L. A. B. de C., & Famá, R. (2004). Qualidade da Governança Corporativa no Brasil e os Fatores que a determinam. 28o Encontro da ANPAD - ENANPAD, Curitiba.), as empresas que apresentam ADRs receberam o valor de 1 (um), e foi atribuído 0 (zero) para as companhias que não possuem.

Na Tabela 2, estão descritas as variáveis de pesquisa e suas definições operacionais.

Tabela 2.
Resumo das variáveis da pesquisa

Com base nas variáveis definidas na Tabela 2, são apresentados os modelos para estimação da influência da estabilidade e intensidade da formação do board interlocking nas escolhas contábeis.

E C M i t = α i t + β 1 E S T A B + β 2 I N T E N S + β 3 E S T A B _ I N T E N S + β 4 E P + β 5 N G C + β 6 A D R + ε i t (1)

E C R i t = α i t + β 1 E S T A B + β 2 I N T E N S + β 3 E S T A B _ I N T E N S + β 4 E P + β 5 N G C + β 6 A D R + ε i t (2)

E C C i t = α i t + β 1 E S T A B + β 2 I N T E N S + β 3 E S T A B _ I N T E N S + β 4 E P + β 5 N G C + β 6 A D R + ε i t (3)

E C E i t = α i t + β 1 E S T A B + β 2 I N T E N S + β 3 E S T A B _ I N T E N S + β 4 E P + β 5 N G C + β 6 A D R + ε i t (4)

Em que,

ECM - Escolhas contábeis de Mensuração

ECR - Escolhas contábeis de Reconhecimento

ECC - Escolhas contábeis de Classificação

ECE - Escolhas contábeis de Evidenciação

ESTAB - Estabilidade das ligações

INTENS - Intensidade das ligações

ESTAB_INTENS - Estabilidade e Intensidade das ligações

EP - Entidades Públicas

NGC - Nível de Governança Corporativa

ADR - Presença de ADRs

ε - erro residual

Para o tratamento dos dados, empregou-se a Análise de Regressão Logit. A Regressão foi utilizada para testar os efeitos da estabilidade e da intensidade do board interlocking na semelhança das escolhas contábeis.

4. Análise e discussão dos Resultados

O panorama das conexões entre as empresas revela consideráveis mudanças nas estruturas da rede, partindo da formação de uma grande rede nos anos de 2010 e 2011 para a constituição de cinco grupos bem definidos em 2016. O setor de energia elétrica apresenta nove grupos de empresas bem definidos. Esses grupos apresentaram estabilidade nas conexões durante os sete anos analisados. Entre as conexões estáveis, notam-se as conexões constituídas pela Cemig, Light e Teasa, bem como a rede de energia do Nordeste formada pelas empresas Consern, Termopernanbuco, Elektro Redes, Itapebi, Coelba, Afluente, Neoenergia e Uptick, que representam o maior volume de companhias interligadas.

Os resultados da análise descritiva das variáveis são apresentados na Tabela 3.

Tabela 3.
Análise descritiva das variáveis1

Os achados da estatística descritiva indicam que a intensidade média das conexões varia em torno de quatro membros em cada ligação, todavia nota-se que há um elevado desvio-padrão na amostra, o que sugere a presença de números heterogêneos de ligações, ou seja, enquanto há empresas com mais de quarenta membros em comum, há outras ligações com somente um profissional.

No tocante à estabilidade, constata-se que a maioria das conexões tem duração superior a 4 anos (0,60 x 7 anos = 4,2 anos). Esse resultado indica que as conexões entre as empresas do setor de energia elétrica são, em geral, estáveis e a apresentarem poucas oscilações, conforme observado na Tabela 3.

Com relação aos índices de escolhas contábeis, verifica-se que os escores são similares entre as empresas que compõem as ligações, sendo tais semelhanças mais elevadas nas escolhas contábeis de mensuração (0,85) e evidenciação (0,84).

Os resultados associados às variáveis de controle indicam que as companhias, em sua maioria, não possuem títulos negociados nas bolsas americanas (ADRs), visto que a média foi inferior a 0,5. Ademais, percebe-se uma predominância de companhias privadas nesse setor com participação nos níveis diferenciados de governança corporativa.

Foram testadas as hipóteses da pesquisa com os resultados mostrados nas Tabelas 4, 5, 6, e 7.

Tabela 4.
Análise de Regressão Logit - Variável dependente: ECM

As escolhas contábeis de mensuração descrevem as escolhas a respeito de qual método a companhia adota para avaliar determinado evento econômico (Silva, 2016Silva, D. M. da. (2016). Escolhas contábeis e características de empresas de grande porte na adoção do IFRS em duas etapas: diagnóstico e análise. [Tese de doutorado, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto]. ). Os resultados indicam que as escolhas contábeis de mensuração são influenciadas significativamente (p < 0,01) pela estabilidade das conexões entre os conselhos. Isso sugere que o número de profissionais atuando simultaneamente no conselho de administração tende a favorecer a disseminação de escolhas relacionadas à mensuração de propriedade para investimento, ajuste a valor presente e mensuração dos estoques.

Ademais, percebe-se que as ECMs também são influenciadas pela origem do capital próprio das companhias. Os achados indicam que as empresas com origem de capital privado tendem a apresentar maior similaridade entre as práticas contábeis.

Tabela 5.
Análise de Regressão Logit - Variável dependente: ECR

As escolhas contábeis de reconhecimento, de que trata a Tabela 5, referem-se ao modo pelo qual determinado evento econômico é reconhecido quanto ao seu impacto nas demonstrações financeiras, alterando valores de resultado, componentes patrimoniais e fluxos de caixa. Os resultados indicam que a estabilidade das conexões influencia negativamente as escolhas contábeis de reconhecimento (Modelo#5). Isso contraria a ideia de que a disseminação das práticas contábeis poderia ser evidenciada a partir das conexões estabelecidas pelos profissionais do Conselho de Administração das empresas, se observa que tal evidência não se destaca enquanto significativa.

Na Tabela 6, são apresentados os resultados referentes às escolhas contábeis de classificação.

Tabela 6.
Análise de Regressão Logit - Variável dependente: ECC

As escolhas contábeis de classificação estão relacionadas à forma de disposição nas demonstrações financeiras de elementos patrimoniais, de resultado e de fluxos de caixa. Os resultados sugerem que a estabilidade e a intensidade das conexões favorecem a disseminação das escolhas contábeis de classificação. De acordo com a teoria da dependência de recursos, os conselheiros interligados podem fornecer informações e conhecimentos inéditos e detalhados que são obtidos de outras empresas e são relevantes e cruciais para as decisões e estratégias de sua própria empresa (Shropshire, 2010Shropshire, C. (2010). The role of the interlocking director and board receptivity in the diffusion of practices. Academy of Management Review, 35(2), 246-264.).

Assim, o board interlocking possui vantagens comparativas nas decisões corporativas, incluindo a decisão de escolha de métodos contábeis, devido à sua capacidade de aquisição e interpretação de informações (Rao et al., 2000Rao, H., Davis, G., & Ward, A. (2000). Embeddedness, social identity and mobility: Why firms leave NASDAQ and Join NYSE. Administrative Science Quarterly, 45(2), 268-292. https://doi.org/10.2307/2667072
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).

Os achados também indicam que os níveis de governança corporativa estão negativamente associados às escolhas contábeis de classificação. Isso faz pensar que empresas não pertencentes aos níveis 1, 2 e Novo Mercado tendem a apresentar maior similaridade de práticas contábeis com as empresas com as quais estão conectadas.

Ademais, contatou-se que as empresas com títulos negociados nas bolsas americanas tendem a apresentar maior semelhança entre as escolhas relacionadas à forma de disposição nas demonstrações financeiras de elementos patrimoniais, de resultado e de fluxos de caixa. Silveira et al. (2004Silveira, A. D. M. da, Barros, L. A. B. de C., & Famá, R. (2004). Qualidade da Governança Corporativa no Brasil e os Fatores que a determinam. 28o Encontro da ANPAD - ENANPAD, Curitiba.) afirmam que a submissão a estruturas regulatórias necessárias à adequação às práticas de governança corporativa exigidas pela Securities and Exchange Commission (SEC) para o lançamento de ADRs pode aumentar a visibilidade da empresa. Considerando que tais empresas seguem tanto o modelo contábil brasileiro quanto o norte-americano, haveria incentivo para que os resultados apresentassem maior grau de comparabilidade.

Na Tabela 7, são apresentados os resultados referentes às escolhas contábeis de evidenciação.

Tabela 7.
Análise de Regressão Logit - Variável dependente: ECE

As escolhas contábeis de evidenciação referem-se ao modo como as informações contábeis são divulgadas. Os achados indicam que a estabilidade (ESTAB) e a intensidade (INTENS) não apresentam efeito significativo sobre a semelhança das escolhas contábeis de evidenciação. Tais resultados não são suficientes para confirmar a ideia de que o volume de conexões entre membros do conselho e a sua durabilidade ao longo dos anos favorecem a disseminação de práticas contábeis de divulgação.

A ausência de significância estatística não permitiu inferir conclusões associadas à origem de recursos das companhias.

5. Conclusões

Este artigo apresentou como objetivo analisar a influência da estabilidade e da intensidade do board interlocking nas escolhas contábeis em companhias do setor de energia elétrica com ações negociadas na B3, no período 2010-2016. Para isso, foi utilizada uma amostra constituída por 59 companhias, das quais 57 apresentaram as informações necessárias para a realização da análise, resultando em 177 diferentes conexões entre as empresas.

A priori, os resultados demonstram a existência de interessantes ligações que muitas vezes se tornam “ocultas” para os investidores no emaranhado de companhias inscritas na bolsa de valores. Tais ligações podem influenciar a tomada de decisão sobre investimentos, principalmente, quando se leva em consideração a premissa de diversificação.

No que se refere à intensidade das conexões entre membros do conselho de administração, observa-se que a maior média de profissionais ocorreu em 2013, com aproximadamente, 4,18 membros conectados em cada uma das ligações, seguindo pelos anos de 2010, 2015, 2011. No ano de 2012, ocorreu a menor média de ligações entre as companhias, 3,69 profissionais. Os achados indicam que a intensidades das ligações gira em torno de 3,98 membros atuando em conselhos de outras companhias, porém esse valor tende a ser elevado devido ao fato de empresas como a Cemig Distribuição S.A. e Cemig Geração e Transmissão S.A., por exemplo, possuírem em média 47 profissionais em comum.

Em termos gerais, nota-se que as escolhas contábeis relacionadas à mensuração, apresentaram um considerável nível de similaridade. Percebe-se que 85% das informações desse grupo, em média, são evidenciadas de forma similar nas companhias em que tais empresas estão conectadas. Esse elevado nível de homogeneidade também pode ser observado nas escolhas associadas à evidenciação das demonstrações contábeis. Os resultados evidenciam que os índices das escolhas contábeis de mensuração, classificação e evidenciação se apresentaram praticamente estáveis a partir do ano de 2012, indicando que as companhias que estabeleceram conexões do conselho de administração não mudaram suas práticas contábeis.

Ademais, os resultados sugerem que a estabilidade e a intensidade das conexões favorecem a disseminação das escolhas contábeis, principalmente quando relacionadas à mensuração e classificação. Esses achados convergem com os de Connelly e Slyke (2012Connelly, B. L., & Van Slyke, E. J. (2012). The power and peril of board interlocks. Business Horizons, 55(5), 403-408. https://doi.org/10.1016/j.bushor.2012.03.006
https://doi.org/10.1016/j.bushor.2012.03...
) para quem a existência de conselheiros em comum em diferentes empresas favorece o acesso e a disseminação de informações.

Os resultados encontrados complementam um número vasto de estudos (Addy et al., 2014Addy, N., Chu, X., & Yoder, T. (2014). Voluntary adoption of clawback provisions, corporate governance, and interlock effects. Journal of Accounting and Public Policy, 33(2), 167-189. https://doi.org/10.1016/j.jaccpubpol.2013.12.001
https://doi.org/10.1016/j.jaccpubpol.201...
; Balsam et al., 2017Balsam, S., Kwack, S. Y., & Lee, J. Y. (2017). Network connections, CEO compensation and involuntary turnover: The impact of a friend of a friend. Journal of Corporate Finance, 45, 220-244. https://doi.org/10.1016/j.jcorpfin.2017.05.001
https://doi.org/10.1016/j.jcorpfin.2017....
; Beckman & Haunschild, 2002Beckman, C. M., & Haunschild, P. R. (2002). Network learning: The effects of partner experience heterogeneity on corporate acquisitions. Administrative Science Quarterly, 47(1), 92-124. https://doi.org/10.2307/3094892
https://doi.org/10.2307/3094892...
; Cai et al., 2014Cai, Y., Dhaliwal, D. S., Kim, Y., & Pan, C. (2014). Board interlocks and the diffusion of disclosure policy. Review of Accounting Studies, 19(3), 1086-1119. https://doi.org/10.1007/s11142-014-9280-0
https://doi.org/10.1007/s11142-014-9280-...
; Chandler et al., 2013Chandler, D., Haunschild, P. R., Rhee, M., & Beckman, C. M. (2013). The effects of firm reputation and status on interorganizational network structure. Strategic Organization, 11(3), 217-244. https://doi.org/10.1177/1476127013478693
https://doi.org/10.1177/1476127013478693...
; Chiu et al., 2013Chiu, P. C., Teoh, S. H., & Tian, F. (2013). Board interlocks and earnings management contagion. Accounting Review, 88(3), 915-944. https://doi.org/10.2308/accr-50369
https://doi.org/10.2308/accr-50369...
; Han et al., 2015Han, J., Bose, I., Hu, N., Qi, B., & Tian, G. (2015). Does director interlock impact corporate R&D investment? Decision Support Systems, 71, 28-36. https://doi.org/10.1016/j.dss.2015.01.001
https://doi.org/10.1016/j.dss.2015.01.00...
; Helmers et al., 2017Helmers, C., Patnam, M., & Rau, P. R. (2017). Do board interlocks increase innovation? Evidence from a corporate governance reform in India. Journal of Banking and Finance, 80, 51-70. https://doi.org/10.1016/j.jbankfin.2017.04.001
https://doi.org/10.1016/j.jbankfin.2017....
; Ribeiro & Colauto 2016Ribeiro, F., & Colauto, R. D. (2016). The relationship between board interlocking and income smoothing practices. Revista Contabilidade & Finanças, 27(70), 55-66. https://doi.org/10.1590/1808-057x201501320
https://doi.org/10.1590/1808-057x2015013...
; Wong et al., 2015Wong, L. H. H., Gygax, A. F., & Wang, P. (2015). Board interlocking network and the design of executive compensation packages. Social Networks, 41, 85-100. https://doi.org/10.1016/j.socnet.2014.12.002
https://doi.org/10.1016/j.socnet.2014.12...
) os quais têm confirmado empiricamente que o board interlocking pode ser considerado um importante canal de informações.

Por fim, os resultados encontrados nesse estudo são limitados pela amostra de empresas investigadas, bem como pelas variáveis e técnicas empregadas na análise. Para futuros estudos sugere-se ampliar a análise considerando outras variáveis de controle como modelos de negócios e adoção das mesmas empresas de auditoria que podem culminar em práticas contábeis comuns.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Abr 2023
  • Data do Fascículo
    Jan-Feb 2023

Histórico

  • Recebido
    01 Maio 2020
  • Revisado
    28 Jun 2020
  • Aceito
    10 Mar 2022
  • Aceito
    06 Dez 2022
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