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Adaptação transcultural do Selection, Optimization and Compensation questionnaire (SOC) para aplicação a idosos

Cross-cultural adaptation of the Selection, Optimization and Compensation questionnaire (SOC) for application to the elderly

Resumos

O artigo descreve a adaptação transcultural do Selection, Optimization and Compensation questionnaire (SOC) para o idioma português, para aplicação a idosos. O instrumento tem o objetivo de verificar o grau de adaptação de idosos frente aos desafios do dia a dia e assim explicar seu envelhecimento bem-sucedido. A partir da compreensão do que torna alguns idosos bem-sucedidos, se poderá indicar a direção do cuidado e da atenção à saúde dessa faixa etária. É avaliada a utilização de quatro estratégias de planejamento de vida que compõem o modelo de otimização seletiva com compensação proposto por Baltes, cujo modelo é estruturado na perspectiva da Psicologia do Envelhecimento conhecida como life-span. O processo de adaptação transcultural envolveu as seguintes fases: tradução inicial; síntese da tradução; back-translation (retrotradução) ao inglês; revisão por um comitê de especialistas para avaliar a equivalência semântica, idiomática, experimental e conceitual e pré-teste da versão final, com a participação de 34 idosos. Com base na adaptação transcultural do questionário SOC, foi possível propor uma versão preliminar em português. No entanto, para aceitar-se com garantia a equivalência transcultural entre o original e a versão traduzida, faz-se necessária a posterior comparação entre as propriedades psicométricas da versão em português com o instrumento original, uma tarefa primordial que já está sendo realizada e será apresentada em artigos subsequentes.

Idoso; Desenvolvimento Humano; Envelhecimento; Estudos de Validação


This paper describes the transcultural adaptation to Portuguese of the Selection, Optimization and Compensation questionnaire (SOC), to be applied to aged people. The instrument aims to check the level of adaptation by aged people facing daily challenges, and then explains their successful aging. From the understanding of what makes aged people successful, it will be possible to direct caring and attention to the health of this age group. We will assess the use of four planning strategies for life, which constitute the model of selective optimization plus compensation proposed by Baltes. This model is structured in Aging Psychology´s perspective known as life-span. The process of transcultural adaptation involved the following steps: initial translation; translation´s summary; back-translation into English; review by a committee of experts whose task is to assess semantic, idiomatic, experimental and conceptual equivalence and the pretest for final version, which included 34 aged people. From transcultural adaptation of SOC questionnaire it was possible to propose a preliminary version in Portuguese. However, for acceptance of transcultural equivalence between the original and the translation, it is necessary the later comparison between psychometric properties of Portuguese version and the original, a necessary task which is already been performed and will be presented in forthcoming articles.

Elderly; Human Development; Aging; Validation Studies


ARTIGOS ORIGINAIS ORIGINAL ARTICLES

Adaptação transcultural do Selection, Optimization and Compensation questionnaire (SOC) para aplicação a idosos

Cross-cultural adaptation of the Selection, Optimization and Compensation questionnaire (SOC) for application to the elderly

Sionara Tamanini de AlmeidaI; Claus Dieter StobäusII; Thais de Lima ResendeIII

IInstituto de Geriatria e Gerontologia. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS, Brasil

IIFaculdade de Educação. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS, Brasil

IIIFaculdade de Enfermagem, Nutrição e Fisioterapia. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS, Brasil

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Sionara Tamanini de Almeida E-mail: sionara@cpovo.net

RESUMO

O artigo descreve a adaptação transcultural do Selection, Optimization and Compensation questionnaire (SOC) para o idioma português, para aplicação a idosos. O instrumento tem o objetivo de verificar o grau de adaptação de idosos frente aos desafios do dia a dia e assim explicar seu envelhecimento bem-sucedido. A partir da compreensão do que torna alguns idosos bem-sucedidos, se poderá indicar a direção do cuidado e da atenção à saúde dessa faixa etária. É avaliada a utilização de quatro estratégias de planejamento de vida que compõem o modelo de otimização seletiva com compensação proposto por Baltes, cujo modelo é estruturado na perspectiva da Psicologia do Envelhecimento conhecida como life-span. O processo de adaptação transcultural envolveu as seguintes fases: tradução inicial; síntese da tradução; back-translation (retrotradução) ao inglês; revisão por um comitê de especialistas para avaliar a equivalência semântica, idiomática, experimental e conceitual e pré-teste da versão final, com a participação de 34 idosos. Com base na adaptação transcultural do questionário SOC, foi possível propor uma versão preliminar em português. No entanto, para aceitar-se com garantia a equivalência transcultural entre o original e a versão traduzida, faz-se necessária a posterior comparação entre as propriedades psicométricas da versão em português com o instrumento original, uma tarefa primordial que já está sendo realizada e será apresentada em artigos subsequentes.

Palavras-chave: Idoso; Desenvolvimento Humano; Envelhecimento; Estudos de Validação.

ABSTRACT

This paper describes the transcultural adaptation to Portuguese of the Selection, Optimization and Compensation questionnaire (SOC), to be applied to aged people. The instrument aims to check the level of adaptation by aged people facing daily challenges, and then explains their successful aging. From the understanding of what makes aged people successful, it will be possible to direct caring and attention to the health of this age group. We will assess the use of four planning strategies for life, which constitute the model of selective optimization plus compensation proposed by Baltes. This model is structured in Aging Psychology´s perspective known as life-span. The process of transcultural adaptation involved the following steps: initial translation; translation´s summary; back-translation into English; review by a committee of experts whose task is to assess semantic, idiomatic, experimental and conceptual equivalence and the pretest for final version, which included 34 aged people. From transcultural adaptation of SOC questionnaire it was possible to propose a preliminary version in Portuguese. However, for acceptance of transcultural equivalence between the original and the translation, it is necessary the later comparison between psychometric properties of Portuguese version and the original, a necessary task which is already been performed and will be presented in forthcoming articles.

Key words: Elderly; Human Development; Aging; Validation Studies.

INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, pesquisas foram realizadas com a intenção de identificar mecanismos e influências associadas aos declínios e incapacidades advindas da última etapa de vida nos diversos sistemas corporais.1,2 Todo o conhecimento gerado pela ciência proporcionou avanços na área médica e reflexos em estatísticas, demonstrando mais longevidade em diferentes países.

Outras questões, contudo, devem ser elaboradas, dado que o idoso não é constituído apenas da Biologia, apesar de ser a partir dela que mais elementos (social, cultural, psicológico) se constituem e se apresentam. Dessa forma, precisamos pensar e construir pesquisas em prol da saúde geral de nossos idosos e de como auxiliá-los em seu processo de desenvolvimento ao longo da vida, com maior e melhor qualidade de vida.

Um conceito que é discutido desde a década de 1960, e que pode auxiliar na reflexão sobre o envelhecimento, é considerá-lo como possivelmente bem-sucedido. O conceito de envelhecimento bem-sucedido foi objeto de várias tentativas de descrição e fechamento em definição única, a qual se mostrou insatisfatória em decorrência da abrangência do tema e do próprio termo que dá nome ao conceito, ou seja, "sucesso", que traz diferentes conotações.3-7 Mais recentemente, na década de 1970, uma perspectiva teórica da Psicologia do Envelhecimento, a life-span, definiu e ampliou o conceito na tentativa de conciliar e melhor definir o que até então permaneceu obscuro ao tema: o envelhecimento bem-sucedido é para os indivíduos que chegam à velhice sem problemas? Para obter sucesso ao envelhecer é preciso ter padrão comportamental comum / meta socialmente aceita?8,9

O conceito de envelhecimento bem-sucedido apresenta caráter individual e abarca uma diversidade para o entendimento de uma velhice com sucesso, isto é, na dependência dos objetivos que cada pessoa se propõe, alcançados ou não, pode-se atribuir àquele envelhecimento o título de bem-sucedido (ou não). Isso está diretamente relacionado às competências que aquele indivíduo possui e a seus domínios de funcionamento. O conceito apresentou um avanço na sua compreensão, uma vez que discute os processos que as pessoas utilizam para alcançar seus objetivos pessoais, e propôs três mecanismos gerenciadores definidos: seleção, otimização e compensação. Eles compõem o modelo de seletiva otimização com compensação, Selection, Optimization and Compensation questionnaire (SOC), de Baltes.8

As estratégias podem ser observadas no dia a dia das pessoas, em que cada uma corresponde a formas de adaptação na escolha de metas e ações para concretizá-las. A estratégia da seleção refere-se à necessidade da escolha de metas e ações, em razão de que não podemos buscar e/ou alcançar todas as oportunidades que nos aparecem, denominada de "seleção eletiva". Além disso, quando ocorrem perdas, precisamos concentrar nossa atenção em ações específicas para buscarmos novas metas ou adaptar-nos a novos padrões, a seleção baseada em perdas.

A estratégia da otimização, segundo os autores consultados, é um processo no qual o indivíduo adquire, aperfeiçoa e aplica recursos para atingir seus objetivos. São ações que procuram maximizar ganhos em determinada área. E, por fim, a estratégia da compensação designa a utilização de algum recurso para a manutenção de determinado nível de funcionamento desejável, quando o indivíduo sofre alguma perda.9-15

Na Alemanha, há um volume maior de pesquisas na perspectiva life-span, pois desde a década de 1970, Paul Baltes e seus colaboradores conduziram no Max Planck Institut, de Berlim, uma série de estudos sobre os processos psicológicos do desenvolvimento e envelhecimento,16 o chamado "Estudo do envelhecimento de Berlim" (BASE). O BASE foi uma investigação multidisciplinar com amostra inicial de 516 pessoas, entre homens e mulheres com idades entre 70 e 105 anos, residentes no oeste de Berlim. O estudo foi uma amostra do grande número de análises posteriormente realizadas que demonstraram características da velhice dos alemães, com o pano de fundo da life-span.16-20

No Brasil, o número de pesquisas nesta perspectiva teórica é menor. Os estudos brasileiros utilizaram metodologia qualitativa.11,12 Além disso, não foi produzido nenhum instrumento de pesquisa para uso em larga escala avaliando o grau de adaptação dos sujeitos frente a dificuldades do dia a dia que utilizem as estratégias de enfrentamento de vida na perspectiva teórica apresentada.

O uso de escalas fornece uma medida objetiva e psicometricamente rigorosa; entretanto, após vasto levantamento bibliográfico na literatura nacional, realizado nos principais bancos de dados na área médica - PubMed, Sciencedirect e Medline -, foi encontrado um instrumento que mede a resiliência em idosos, mas que não subdivide o conceito em estratégias, e tampouco é baseado na perspectiva teórica em questão.21 Por conseguinte, para possibilitar o entendimento das razões pelas quais há sujeitos que envelhecem de forma bem-sucedida e como esse conhecimento pode ajudar no cuidado daqueles que "não são bem-sucedidos", fica clara a necessidade de se buscar instrumentos que permitam avaliar a capacidade de adaptação dos sujeitos frente a dificuldades. Assim, o presente estudo teve como objetivo realizar a adaptação transcultural para o Brasil do Selection, Optimization and Compensation questionnaire (SOC), destinado a medir sucesso/insucesso do envelhecimento e que pode indicar a direção do cuidado, com base nas inferências que se pode realizar de posse do conhecimento que ele trará.

MÉTODOS

Os procedimentos metodológicos para tradução e adaptação do SOC questionnaire seguiram os estágios do processo proposto por Beaton et al.22-24 A versão utilizada para a tradução e adaptação cultural do SOC questionnaire para a língua portuguesa foi retirada do artigo escrito por Freund & Baltes e, de acordo com o Max Planck Institut for Human Development, foi a última elaborada pelos autores e publicada pela instituição.10

Como primeiro passo da adaptação transcultural, fez-se contato via correio eletrônico com o prof. Lindenberger, do Max Planck Institut for Human Development, por meio do qual foi obtida autorização para a utilização do instrumento, antes mesmo de ter sido realizada a tradução e adaptação cultural para o português do Brasil. A seguir, foram iniciadas as cinco fases metodológicas de tradução e adaptação cultural (tradução inicial, síntese das traduções, retrotradução, comitê de especialistas, pré-teste).

Fase I: tradução inicial

Foram realizadas duas traduções indepen-dentes para a língua portuguesa.

Fase II: síntese das traduções

Com base nas duas traduções, procedeu-se à segunda fase metodológica da tradução do instrumento, ou seja, a sintetização dos resultados das traduções. A síntese foi registrada para cada item e, após ajustes, o material foi utilizado na próxima fase.

Fase III: retrotradução (back-translation)

Outros dois tradutores, que não conheciam a versão original do instrumento e não tinham nenhum conhecimento sobre o instrumento, realizaram nova retrotradução para o inglês. A retrotradução foi realizada por uma tradutora nativa de língua inglesa e por uma tradutora juramentada. Após a conclusão desta fase, foram analisados os dois documentos, de modo a verificar a validade do instrumento e analisar se a versão obtida refletiu o mesmo conteúdo da versão original. Após a finalização desta etapa, os documentos foram enviados ao comitê de especialistas.

Fase IV: comitê de especialistas

Os documentos gerados foram encaminhados para o comitê de especialistas, composto por quatro professores doutores, que possuem experiência prática e de pesquisa na área da Geriatria / Gerontologia, além de fluência em inglês. Os itens analisados pelo comitê de especialistas foram: semântica - presença de duplo sentido nas palavras utilizadas ou dificuldades gramaticais no texto traduzido; idiomática - análise de expressões coloquiais de tradução difícil; cultural - identificação de diferenças culturais nas expressões utilizadas; e conceitual - conceitos que diferem entre as culturas devem ser aproximados para manter a integridade do instrumento. Após o término da primeira análise de cada participante do comitê de especialistas, uma primeira versão do instrumento foi elaborada e reenviada para os integrantes do comitê, para uma última análise e modificação (ou não) de algum item do instrumento.

Fase V: pré-teste

O instrumento gerado foi testado em idosos acima de 60 anos de idade, atendidos no ambulatório de Geriatria do Hospital São Lucas da PUC-RS e na comunidade de Porto Alegre. A média de idade dos 34 participantes foi de 70,15±6,24 anos. No momento em que os participantes respondiam ao questionário, foi solicitado que respondessem, por meio de uma escala de avaliação de cada item (bom, regular ou péssimo), sobre o entendimento das frases do instrumento. Com base nas respostas, deveriam colocar o que deveria ser modificado ao lado do item. Ao final, alguns comentaram sobre o preenchimento (forma/conteúdo), sobre suas dúvidas. Como houve necessidade de o idoso desenvolver uma reflexão acerca do instrumento, foi selecionada uma quantidade maior de idosos com níveis de escolaridade mais altos, ou seja, graduados e pós-graduados (67,6%). Para os idosos com escolaridade mais baixa, ou seja, ensino fundamental incompleto ou completo e com ensino médio completo (32,4%), optamos por ler o instrumento e a ficha de avaliação, bem como registrar seus comentários e dúvidas.

Período de coleta de dados

Os dados foram coletados durante os meses de novembro e dezembro de 2011.

Análise dos dados

Os dados referentes a idade, nível de escolaridade, sexo e os provenientes da escala de avaliação que os idosos responderam durante o pré-teste foram digitados em planilha eletrônica em formato Excel® para Windows®, versão 2003. A conferência dos dados coletados, bem como a correção de possíveis erros de digitação, foi realizada ao transferirmos os dados para o programa estatístico SPSS® para Windows®, versão 11.5, em que foram calculadas a média, o desvio-padrão da idade e frequências, com respectiva taxa percentual para faixa etária, nível de escolaridade, sexo e de cada item da escala de avaliação aplicada durante o pré-teste.

Questões éticas

O estudo foi realizado após apreciação e aprovação da Comissão Científica do Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUC-RS e do Comitê de Ética em Pesquisa da PUC-RS (nº 10/05258), sendo solicitada aos idosos a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

RESULTADOS

A amostra foi composta por uma maioria de mulheres (n = 28; 82,4%). A faixa etária mais frequente do estudo foi 60-69,9 anos (n= 17; 50%), seguida da faixa 70-79,9 anos (n = 13; 38,2%). Em termos de escolaridade, oito (23,5%) idosos cursaram pós-graduação, 15 idosos (44,1%) ensino superior completo, seis (17,6%) ensino médio completo. Apenas cinco (14,6%) dos idosos entrevistados tinham menor escolaridade (primeiro grau completo e incompleto).

O instrumento, em sua versão final para esta etapa da pesquisa pode ser visto no quadro 1. Ele é formado por duas expressões: a primeira (à esquerda) é a frase-alvo, isto é, aquela que define a teoria de seletiva otimização com compensação. A segunda frase (à direita) é o dispersor, ou seja, uma ação possível, mas que não representa resposta no modelo teórico. O instrumento não possui escala de graduação de respostas. A instrução para o preenchimento é: "Escolha qual das duas afirmativas caracterizam o seu comportamento de planejamento de vida, a partir das duas pessoas fictícias apresentadas A e B". Como ainda havia dúvidas com relação à marcação da resposta pelos idosos, incluímos, na versão em português, a seguinte afirmação: "Marque com um 'X' em cima da afirmativa escolhida".


O instrumento não possui termos técnicos que pudessem originar grandes discussões e dúvidas com relação à tradução e adaptação cultural. As discussões mais frequentes entre os integrantes do comitê de especialistas centraram-se em torno dos termos que expressassem da melhor maneira o que cada item propunha.

Por exemplo, a frase que indica o objetivo da estratégia na seleção eletiva 2 (ES2) apresentou a expressão "at a given time", que foi traduzida para "um dado momento", duas outras expressões foram sugeridas "em um certo momento" e "em cada momento". A expressão da ES4 "I am willing to downgrade other goals" foi traduzida para "eu me disponho a abandonar outros objetivos", e apresentou as seguintes sugestões "eu me disponho a rebaixar", "eu me disponho a postergar" e " eu me disponho a adiar outros objetivos".

A estratégia da seleção baseada em perdas número 4 (LBS4) apresentou divergência apenas no tempo verbal da expressão completa "If I can't do something as well as before, I concentrate only on essentials", optou-se por traduzir "concentro" no lugar de "concentrarei". Na ES5 "I always pursue goals one after the other" foram cogitadas as seguintes expressões: "Eu sempre busco objetivos um atrás do outro"; "Eu busco apenas um objetivo e depois o outro", mas a expressão escolhida foi " Eu busco apenas um objetivo de cada vez". A definição do termo aconteceu em razão de conseguir concentrar o significado da expressão original de forma mais objetiva.

Outra maneira de discussão na elaboração do instrumento se deu na construção das frases em português. Por exemplo, na expressão que representa o dispersor ES3 "Even when I really consider what I want in life, I wait and see what happens instead of committing myself to just one or two particular goals", foi sugerido que no instrumento final se colocasse "Quando eu realmente penso sobre o que quero da vida, eu vejo o que acontece e aguardo, não me comprometendo com um ou dois objetivos em particular". No entanto, discutiu-se e priorizou-se a colocação da seguinte expressão "Até mesmo quando eu realmente penso sobre o que quero da vida, eu aguardo e vejo o que acontece, não me comprometendo com um ou dois objetivos em particular", pois se questionou que a ação de aguardar é anterior a de verificar o que realmente vai acontecer no futuro.

Dois cuidados especiais foram observados durante a tradução e adaptação cultural do instrumento. O primeiro foi que cada par de frases traduzido expressasse em português, assim como no idioma original, ideias contrárias ou que conseguissem diferenciar-se, a fim de demonstrar formas distintas de exercer uma determinada ação, por exemplo, o par de frases do item otimização 12 (O12):"Eu penso sobre qual seria o melhor momento para realizar meus planos" e "Quando se trata da realização dos meus planos, eu começo logo sem planejar".

O segundo cuidado foi o de, sempre que possível, iniciar o par de frases da mesma forma. Por exemplo, na estratégia da compensação número 11 (C11) "Quando algo não funciona tão bem como de costume, observo como os outros fazem" e "Quando algo não funciona tão bem como de costume, eu não gasto muito tempo pensando sobre isto".

Os itens da estratégia seleção eletiva 1, 8, 10 e 11 não apresentaram nenhuma discussão com relação à tradução em nenhuma das duas formas, ou seja, na frase que expressa a estratégia, assim como na frase que expressa o dispersor. Nos itens da seleção eletiva 3, 6, 9; seleção baseada em perdas 3; estratégia da otimização 3, 5, 6; estratégia da compensação 2, 5 e 6 que expressam a estratégia não apresentaram controvérsias com relação à tradução, assim como as frases que representam o dispersor na estratégia da seleção eletiva 2 e 12, seleção baseada em perdas 6, 9 e 11, estratégia da otimização 12 e na estratégia da compensação 5.

Logo em seguida à fase de análise das traduções e retrotradução, o material foi reunido e construiu-se o instrumento, o qual foi repassado para cada integrante do comitê de especialistas para que pudessem analisá-lo novamente. Algumas pequenas modificações foram sugeridas e aprimoradas, resultando no instrumento final para o pré-teste, visualizado no quadro 1.

Os resultados das análises realizadas pelos 34 idosos de cada item do questionário podem ser observados nas tabelas 1,2,3 e 4.

O número de respostas referindo como bom o entendimento de cada item do instrumento foi superior à graduação "regular" ou "péssimo", o que demonstra que a maioria dos idosos aprovou o instrumento neste quesito e compreendeu o que estava escrito em cada item. Quando foi avaliada a impressão geral do instrumento e abriu-se para os idosos indicarem outras impressões e respostas para os itens, novos comentários surgiram. Além de elogios ao instrumento, reafirmando sua importância, algumas críticas foram destacadas, tais como: a sensação de repetição entre os itens, preferência de exemplos práticos para a escolha dos itens no lugar das expressões, reflexão diante da presença de apenas duas alternativas, sugestão de acréscimo de coluna em itens que foram interpretados como muito restritivos, sugestão de trocas de lugar entre a expressão que é da teoria e a que é o dispersor, e aglutinação de alguns itens indicados como repetitivos.

Após a tradução e adaptação cultural, o instrumento permaneceu com o mesmo número de itens e com a mesma formatação das expressões. As sugestões foram acolhidas, mas nem todas se transformaram em reais modificações, em função de termos optado por manter a formatação original do instrumento.

Algo que se mostrou bastante comum foi idosos marcando os dois itens do instrumento, o que posteriormente levou a se orientar que fosse feita a marcação de uma única estratégia, aquela que mais frequentemente utilizavam.

DISCUSSÃO

O envelhecimento populacional brasileiro e mundial aponta como relevante o interesse em pesquisas que ampliem a visão de uma saúde simplesmente curativa em prol de um conceito mais amplo - a promoção da saúde. Urge perceber o idoso não somente por meio de seus problemas físicos instalados, mas integrado em um sistema biopsicossocial, o que permitirá seu maior engajamento.

O questionário SOC vem ao encontro desta perspectiva, pois avalia a forma como o idoso relata agir mais frequentemente em seu dia a dia, tentando alcançar seus objetivos pessoais.10,11,20 É um instrumento emergente de uma perspectiva teórica que avalia a adaptação das pessoas frente a dificuldades experienciadas diariamente e que pode auxiliar no acréscimo de novas percepções de como o idoso atua diante de opções em sua vida.

O modelo de seletiva otimização com compensação apresenta diferentes pesquisas que o caracterizam como sendo uma abordagem multimetodológica. Em Kemper, Herman & Lian, por exemplo, o enfoque na expressão comportamental da SOC mostra-se em um paradigma de dupla tarefa, envolvendo memória e desempenho locomotor.25 O tipo de pesquisa que utiliza o instrumento do presente artigo reflete a metodologia de autorrelato. A metodologia presume que os indivíduos possuem, têm acesso e registram representações mentais que refletem o uso da SOC.10

A característica de ineditismo do presente estudo está no fato de que o número de investigações de tradução e adaptação cultural de escalas com temática semelhante à presente proposta é reduzido. Os próprios autores, Freund & Baltes, consideram que o questionário SOC é um instrumento distinto e conceitualmente único, sem equivalentes.10 Em estudos recentes, encontrou-se apenas uma escala de resiliência traduzida e adaptada no Brasil, a qual se mostrou próxima em termos de constructo do instrumento aqui apresentado, porém sem a divisão em categorias denominadas no modelo SOC de estratégias.21

Não há consenso na literatura sobre a melhor metodologia de adaptação cultural. Muitos autores realizam adaptação transcultural de instrumentos com distinções metodológicas entre si.26,27 Há autores que condenam e apontam muitas imperfeições no processo de tradução e retrotradução como forma de adaptação transcultural, porém esta metodologia é muito utilizada.

Uma vantagem deste processo está no entendimento de diferenças entre as culturas ou no status social, que afetem as informações subjetivas dadas por pessoas que estão sendo pesquisadas e, deste modo, somente uma análise empírica poderia conseguir o produto final almejado.27 O método seguido neste estudo foi escolhido por possuir abrangência e exigência minuciosa de explicações dos passos realizados. Compreende-se, nesse processo, a tradução e retrotradução, com a finalidade de obter consenso da versão em português do questionário SOC.24,28 A etapa de tradução para o português do questionário SOC não apresentou dificuldades.

O processo aconteceu de forma simétrica, não acrescentando nem diminuindo itens para a versão em português. Do mesmo modo, a equivalência conceitual foi facilmente obtida. Como detalhado no item "resultados", as sugestões entre os integrantes do comitê de especialistas aconteceram prioritariamente em torno da melhor escrita da expressão, a fim de alcançar o melhor entendimento dos idosos. Optou-se por utilizar palavras de uso corrente na língua portuguesa. A retrotradução mostrou que o instrumento guardava forte semelhança com a versão do instrumento utilizado para tradução.

Outros instrumentos que avaliam a qualidade de vida, o WHOQOL 100 e seu equivalente para pacientes renais crônicos (KDQOL-SFTM), apresentaram a mesma facilidade durante a tradução e adaptação cultural.29,30 Contrariamente, a adaptação transcultural da Exercise Benefits/ Barriers Scale (EBBS) para aplicação a idosos apresentou dificuldades.31 Os termos relacionados à área da Educação Física na língua inglesa não possuíram equivalentes no português ou causavam ambiguidade e isso aumentou o nível da discussão incluindo outras pessoas que não fizeram parte do comitê de especialistas. Além disso, expressões que traduzidas para o português não faziam sentido aumentaram a dificuldade durante a tradução da escala. O número de itens da escala em português foi diferente da original e a forma de graduação de itens teve modificações, pois a original mostrou-se inadequada.31

Quando a análise do questionário SOC foi direcionada aos idosos, os resultados da versão adaptada pareceram apontar para um bom entendimento do instrumento, pelo menos na amostra investigada. As 48 expressões que avaliam a adaptação diante de desafios do dia a dia foram consideradas por eles como relevantes e uma oportunidade para refletir diante da própria vida e de objetivos pessoais.

A amostra do estudo no pré-teste constituiu-se prioritariamente de idosos com bom nível de escolaridade e a característica da amostra pode limitar a generalização dos achados e a aceitabilidade (adesão) e aplicabilidade do instrumento (dificuldade de preenchimento). Isso pode ser entendido como uma limitação do estudo. No entanto, estudos como este, que se propõem a adaptar culturalmente um instrumento, dependem também de pessoas motivadas, com boa escolaridade, capazes de se concentrar e emitir opiniões mais elaboradas sobre cada item do instrumento.

A aplicação realizada em idosos de baixa escolaridade no presente estudo se mostrou satisfatória. Embora eles não tenham feito comentários, foi possível perceber as dificuldades que esses idosos apresentaram para preencher o instrumento, visto que preferiram que o pesquisador o lesse, em vez de realizar a própria leitura. Durante a aplicação do instrumento, pareceram precisar mais tempo de reflexão para escolher a alternativa mais adequada. Com isso, um novo estudo, com uma amostra maior de idosos com menor escolaridade, pode corroborar a inteligibilidade dos itens para este estrato da população, do ponto de vista semântico.32

Dificuldades de expressão por parte dos participantes foram encontradas no estudo de adaptação cultural da versão brasileira da escala de autoestima de Rosenberg. Dini, Quaresma & Ferreira referiram grande dificuldade durante o pré-teste, e a razão foi associada às taxas de analfabetismo, repetência e evasão escolar.33

É importante que as escalas ou questionários de qualquer ordem sigam normas para validação. A ausência de uma metodologia adequada para o processo de tradução e adaptação cultural pode induzir uma série de problemas. As traduções devem ser avaliadas tanto em termos de equivalência conceitual, para que alterações gramaticais necessárias possam ser conceitualmente semelhantes entre as culturas, quanto à adaptação cultural. No caso desta última, faz-se necessário refletir sobre os hábitos e atividades de uma população, pois uma atividade não habitual em determinada cultura pode tornar a adaptação de um instrumento inválida.33

Para a tradução e adaptação cultural do questionário SOC, os integrantes das etapas de tradução e retrotradução foram escolhidos por suas competências técnicas, pelos amplos conhecimentos na área da Gerontologia e Geriatria, e uma integrante possuía conhecimentos específicos e vivência tanto na perspectiva teórica que embasa o questionário, quanto no país que originou a teoria. Da mesma forma, outro integrante do comitê de especialistas possui conhecimento amplo na área do desenvolvimento humano e na construção de escalas da mesma área.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base na tradução e adaptação transcultural do questionário SOC, foi possível propor uma primeira versão em português que não garante ser a construção definitiva. Para que um instrumento possa ser utilizado no contexto brasileiro, recomenda-se um rigoroso processo de adaptação e análise dos índices psicométricos, uma vez que somente a adaptação semântica não cobre as diferenças culturais entre os universos explorados, além de prejudicar a análise dos resultados de validade e confiabilidade da escala.16 Essa tarefa está em processo de realização. A versão apresentada neste artigo, apesar de não ser definitiva, deve ser analisada por outros profissionais da área da Geriatria e Gerontologia, uma vez que o aperfeiçoamento de um instrumento depende de sucessivas análises e discussões.

Recebido: 18/4/2012

Revisado: 12/10/2012

Aprovado: 05/11/2012

Agência financiadora: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

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  • Endereço para correspondência:
    Sionara Tamanini de Almeida
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      26 Jul 2013
    • Data do Fascículo
      2013

    Histórico

    • Recebido
      18 Abr 2012
    • Aceito
      05 Nov 2012
    • Revisado
      12 Out 2012
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