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Efeitos da fotobioestimulação no tratamento da neuralgia pós-herpética: relato de caso

Resumo

Objetivo:

Descrever o efeito da fotobiomodulação no tratamento de neuralgia pós-herpética em idosa.

Relato de caso:

Paciente do gênero feminino, 61 anos, 56kg, 1,67cm de altura, procurou o Centro de Laserterapia da Universidade do Vale do Paraíba, na cidade de São José dos Campos, SP, Brasil, no dia 27 de outubro de 2015. Diagnosticada com herpes zoster em 4 de setembro de 2015 com queixas de neuralgia intermitente no trajeto do nervo torácico longo e picos de dor intensa (nível 10, segundo escala analógica de dor). A fotobiomodulação foi realizada com irradiações pontuais do laser de baixa intensidade em 20 pontos ao redor do nervo acometido pelo herpesvírus, com uma distância de 2 cm de cada ponto. A irradiação foi realizada com o tempo de 20 segundos em cada ponto, ou seja, 3J/cm2 por ponto e energia total de 60 J. Sendo ao final do tratamento o nível de dor 0 e o padrão de sono normal (oito horas de sono).

Conclusão:

A fotobiomodulação tratou o desconforto álgico, melhorou a qualidade de vida da paciente e mostrou-se, por meio de suas vantagens, ser um tratamento efetivo, seguro e promissor, com grande potencial de se tornar a terapia de escolha em tais casos.

Palavras-chave:
Herpes Zoster; Idoso; Neuralgia; Terapia a Laser de Baixa Intensidade

Abstract

Objectives:

to describe the effect of photobiomodulation therapy in the treatment of post-herpetic neuralgia in the elderly.

Case report:

a female patient, 61 years old, 56 kg, 1.67cm tall, sought treatment at the Laser Therapy Center of the Universidade do Vale do Paraíba, in the city of São José dos Campos, São Paulo, Brazil, on October 27, 2015. She had been diagnosed with herpes zoster on September 4, 2015 with complaints of intermittent neuralgia in the long thoracic nerve path and spikes of intense pain (level 10, according to the analogue pain scale). Photobiomodulation was performed with low intensity laser spot irradiations at 20 points around the herpesvirus nerve, with a distance of 2cm between each point. Irradiation was performed at each point after 20 seconds, with 3J/cm2 per point and total energy of 60 J. At the end of the treatment the pain level was 0 and the patient exhibited a normal sleep pattern (8 hours of sleep).

Conclusions:

Photobiomodulation treated painful discomfort, improved the quality of life of the patient and proved to be an effective, safe and promising treatment, with significant potential to become the therapy of choice in such cases.

Keywords:
Herpes Zoster; Elderly; Neuralgia; Low-Intensity Laser Therapy

INTRODUÇÃO

O nome herpes vem do grego herpein que significa “aquilo que irrompe de surpresa”, pois a herpes em suas diferentes formas virais pode manter-se latente ao longo dos anos até a primo-infecção irromper-se11 Reggiori MG, Allegretti CE, Scabar LF, Armonia PL, Giovani EM. Laser therapy for herpes simplex treatment in HIV patients: case report. Rev Inst Ciênc Saúde. 2008;26(3):357-61..

O vírus varicela-zoster (VVZ) é um herpesvírus que causa a varicela e persiste de forma latente no sistema nervoso após um quadro de infecção primária. A reativação do VVZ em um nervo craniano ou no gânglio dorsal da raiz, com propagação ao longo do nervo sensorial para o dermátomo, leva a manifestações cutâneas dolorosas, condição essa denominada herpes zoster22 Coelho PAB, Coelho PB, Carvalho NC, Duncan MS. Diagnóstico e manejo do herpes-zóster pelo médico de família e comunidade. Rev Bras Med Fam Comunidade. 2014;9(32):279-85..

A reativação do herpesvírus está intimamente correlacionada ao sistema imunológico, uma vez que a doença ocorre principalmente em indivíduos imunocomprometidos por outras doenças, como câncer, síndrome da imunodeficiência adquirida, imunossupressão pós-transplante e quimioterapia. Há forte correlação entre a maior incidência de herpes zoster (HZ) com o aumento da idade, principalmente acima de 55 anos, porque a idade avançada está associada a um declínio na resposta imune mediada pelas células T11 Reggiori MG, Allegretti CE, Scabar LF, Armonia PL, Giovani EM. Laser therapy for herpes simplex treatment in HIV patients: case report. Rev Inst Ciênc Saúde. 2008;26(3):357-61.,33 Schmader KE, Dworkin RH. Natural history and treatment of herpes zoster. J Pain. 2008;9(Suppl. 1):3-9..

O quadro clínico do HZ é, quase sempre, típico. A maioria dos doentes refere, antecedendo às lesões cutâneas, dores nevrálgicas, além de parestesias, ardor e prurido locais, acompanhados de febre, cefaleia e mal-estar. A lesão elementar é uma vesícula sobre base eritematosa. A erupção é unilateral, raramente ultrapassando a linha mediana, seguindo o trajeto de um nervo. Surgem de modo gradual, levando de dois a quatro dias para se estabelecerem2,44 Brasil. Mistério da Saúde. Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica [Internet]. Brasília, DF: MS; 2012 [acesso em 20 mar. 2017]. (Cadernos de Atenção Básica; nº 28; vol. 2). Disponível em: http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/Caderno28volII.pdf.

Quanto ao diagnóstico, na sua grande maioria, é feito de forma clínica, sem a necessidade de exames complementares. Várias outras doenças cutâneas podem se apresentar de forma semelhante, devendo ser lembradas no diagnóstico diferencial. O diagnóstico tem maior probabilidade de ser HZ em pessoas com história prévia conhecida de varicela e com todas as manifestações clássicas: pródromos de dor, erupção cutânea e distribuição em dermátomo e neuralgia11 Reggiori MG, Allegretti CE, Scabar LF, Armonia PL, Giovani EM. Laser therapy for herpes simplex treatment in HIV patients: case report. Rev Inst Ciênc Saúde. 2008;26(3):357-61.,22 Coelho PAB, Coelho PB, Carvalho NC, Duncan MS. Diagnóstico e manejo do herpes-zóster pelo médico de família e comunidade. Rev Bras Med Fam Comunidade. 2014;9(32):279-85..

A neuralgia, sintoma mais comum em pacientes acometidos por HZ é caracterizada por dor neuropática crônica com persistência mínima de um mês no trajeto do nervo afetado e que se inicia entre um e seis meses após a cura das erupções cutâneas, podendo durar anos. A incidência de neuralgia pós-herpética (NPH) varia entre 10% e 20% em idosos imunocompetentes55 Portella AVT, Souza LCB, Gomes JMA. Herpes-zoster and post-herpetic neuralgia. Rev Dor. 2013;14(3):210-15..

Diante disso, o uso do laser de baixa intensidade (LBI) surge como uma abordagem terapêutica viável ao tratamento da NPH. O LBI, nas ciências da saúde tem sido empregado com constância na prática clínica devido aos seus efeitos anti-inflamatório, analgésico, antiedematoso e sua contribuição no reparo tecidual66 Ferreira DC, Martins FO, Romanos MTV. Impact of low-intensity laser on the suppression of infections caused by Herpes simplex viruses 1 and 2: in vitro study. Rev Soc Bras Med Trop. 2009;42(1):82-5.. Entre os efeitos citados, pode-se incluir também a aceleração no processo de sedimentação óssea, bem como a degranulação de mastócitos, além de promover o aumento na circulação periférica, a vasodilatação e a proliferação fibroblástica77 Prockt AP, Takahashi A, Pagnoncelli RM. Uso de terapia com laser de baixa intensidade na cirurgia bucomaxilofacial. Rev Port Estomatol Cir Maxilofac. 2008;49(4):247-55..

Diante disso, o presente relato de caso teve como objetivo descrever o efeito da fotobiomodulação no tratamento de neuralgia pós-herpética em idosa.

RELATO DE CASO

A pesquisa foi realizada no Centro de Laserterapia e Fotobiologia na Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP), em São José dos Campos, SP, Brasil, após deliberação do parecer consubstanciado do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UNIVAP, protocolo nº 1.610.060 aprovado em 24/06/2016. Antes do início do tratamento a paciente foi informada de todos os passos da terapêutica e da posterior descrição do caso clínico para uma eventual publicação. Para tanto, a mesma foi convidada a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, resguardando a sua identidade e o direito de eximir sua participação do estudo a qualquer momento.

Paciente do gênero feminino, idosa (61 anos), 56kg, 1,67cm de altura, natural de São Paulo capital, Brasil, atualmente residente no Estado da Flórida, Estados Unidos, negou uso de drogas lícitas e/ou ilícitas, procurou o Centro de Laserterapia no dia 27 de outubro de 2015 com queixas de neuralgia intermitente e picos de dor intensa (nível 10, segundo escala analógica de dor). Referiu os primeiros sintomas da doença (intensa neuralgia) em junho de 2015 e recebeu o diagnóstico de HZ em 4 de setembro de 2015. Manteve o quadro clínico de intensa neuralgia.

Quando procurou o Centro de Laser estava realizando o mesmo tratamento prescrito à época do diagnóstico: aciclovir (400 mg, por via oral, cinco vezes ao dia durante sete dias), gabapentina (300 mg, de 12 em 12 horas) clonazepam (0,5 mg, de 12 em 12 horas), tramadol (50 mg, por via oral, de 12 em 12 horas) e dipirona (500 mg, por via oral, de 8 em 8 horas) para auxílio no tratamento do HZ e da NPH, sem grandes efeitos segundo relatos da paciente. Queixava-se de dor neuropática no trajeto do nervo torácico longo, local anteriormente proliferado por vesículas características de HZ.

Para as irradiações foi executada uma paramentação básica (jaleco, óculos de proteção, luvas, gorro e máscara) dos profissionais legal e tecnicamente habilitados (Figura 1). Para a remoção de sujidades do local que foi irradiado utilizou-se gaze estéril embebida em álcool a 70% para melhorar a penetração da luz no tecido irradiado. O aparelho foi revestido com plástico transparente para impedir eventuais contaminações.

Figura 1
Irradiações com o laser de baixa intensidade. São José dos Campos, SP, 2016.

A laserterapia foi realizada com aplicações pontuais do LBI em 20 pontos ao redor do nervo acometido pelo herpesvírus, com uma distância de 2cm de cada ponto. A demarcação dos pontos na pele foi realizada com auxílio de caneta hipoalergênica de longa duração e resistente à umidade. A medida da distância dos pontos foi realizada com régua. A irradiação foi realizada pela técnica transcutânea (contato direto com a pele), com o tempo de 20 segundos em cada ponto, sendo utilizada energia de 3J/cm2 por ponto, energia total de 60 J e area do feixe de 0,5cm2. O aparelho de laser utilizado foi um Cluster com cinco lasers de GaAlAs (Clean Line, Brasil) com comprimento de onda de 654 nm (vermelho) e potência de 200mW.

Inicialmente foram instituídas 10 sessões de laserterapia, sendo duas irradiações por semana. Na fase final do tratamento (as três últimas irradiações) foi realizada apenas uma irradiação por semana. O nível de dor88 Bottega FH, Fontana RT. A dor como quinto sinal vital: utilização da escala de avaliação por enfermeiros de um hospital geral. Texto & Contexto Enferm. 2010;19(2):283-90.,99 Fonseca DC, Galdino DAA, Guimarães LHCT, Alves DAG. Avaliação da qualidade do sono e sonolência excessiva diurna em mulheres idosas com incontinência urinária. Rev Neurociênc. 2010;18(3):294-99. (Tabela 1), a qualidade de vida (Tabela 2) e o padrão de sono foram avaliados a cada sessão para acompanhamento da terapêutica. O nível de dor foi avaliado com base na Escala Analógica de Dor88 Bottega FH, Fontana RT. A dor como quinto sinal vital: utilização da escala de avaliação por enfermeiros de um hospital geral. Texto & Contexto Enferm. 2010;19(2):283-90., o padrão de sono foi avaliado com base em questão norteadora acerca da qualidade e da quantidade de horas de sono, enquanto a qualidade de vida foi avaliada por meio do SF-361010 Adorno MLGR, Brasil-Neto JP. Avaliação da qualidade de vida com o instrumento sf-36 em lombalgia crônica. Acta Ortop Bras. 2013;21(4):202-7..

Tabela 1
Avaliação do nível de dor (Escala Analógica de Dor). São José dos Campos, SP, 2016.
Tabela 2
Avaliação da qualidade de vida por meio do SF-36. São José dos Campos, SP, 2016.

A questão norteadora foi utilizada para avaliar, em cada sessão da fotobiomodulação, a qualidade e quantidade de horas de sono. No início do tratamento (até a terceira sessão) a paciente referia no máximo três horas de sono, sob efeito medicamentoso (gabapentina, clonazepam e tramadol). No intervalo entre a quarta e a sétima sessão de LBI houve uma melhora significativa no padrão de sono (em torno de cinco a seis horas de sono profundo). Entre a oitava e a décima sessão de fotobiomodulação houve estabilização no padrão de sono, com cerca de oito horas diárias de sono profundo.

DISCUSSÃO

O vírus varicella-zoster (VVZ), membro da Herpesviridae, é um vírus altamente contagioso, com grande potencial neurotrópico e com potencial de infectar apenas seres humanos. O herpesvírus têm a capacidade de induzir latência nos organismos infectados, podendo portanto se tornarem reativados a qualquer momento1111 Bostikova V, Salavec M, Smentana J, Chlibek R, Kosina P, Prasil p, et al. Genotyping of varicella-zoster virus (VZV) wild-type strains isolated in the Czech Republic. Biomed Pap Med Fac Univ Palacky Olomouc Czech Repub. 2011;155(4):379-84.,1212 Vazzoller RMS, Fernandes RD, Sena RMM, Senna AM. Tratamento do herpes simples por meio da laserterapia: relato de casos. Rev Cient ITPAC. 2016;9(1):1-11..

O HZ deve-se à reativação do VVZ, que permanece de forma latente em gânglios nervosos sensoriais ou em nervos cranianos após infeção primária1212 Vazzoller RMS, Fernandes RD, Sena RMM, Senna AM. Tratamento do herpes simples por meio da laserterapia: relato de casos. Rev Cient ITPAC. 2016;9(1):1-11.. A infecção primária pelo VVZ se dá pela inalação de aerossóis quando o vírus entra em contato com a mucosa do sistema respiratório superior e/ou a conjuntiva1313 Lobo IM, Santos ACL, Santos Júnior JÁ, Passos RO, Pereira CU. Vírus varicela zoster. Rev Bras Med. 2015;72(6):231-8..

Já a transmissão do HZ ocorre por meio do contato direto com as áreas lesadas do indivíduo infectado. As complicações mais conhecidas do HZ são as acometimentos neurológicos, oftalmológicos e a NPH (a mais comum)22 Coelho PAB, Coelho PB, Carvalho NC, Duncan MS. Diagnóstico e manejo do herpes-zóster pelo médico de família e comunidade. Rev Bras Med Fam Comunidade. 2014;9(32):279-85.,1313 Lobo IM, Santos ACL, Santos Júnior JÁ, Passos RO, Pereira CU. Vírus varicela zoster. Rev Bras Med. 2015;72(6):231-8..

A NPH, dor que perdura após a resolução da erupção cutânea, pode continuar por muitos meses ou mesmo anos e pode ser grave, interferindo com o sono e qualidade de vida dos pacientes22 Coelho PAB, Coelho PB, Carvalho NC, Duncan MS. Diagnóstico e manejo do herpes-zóster pelo médico de família e comunidade. Rev Bras Med Fam Comunidade. 2014;9(32):279-85.,1212 Vazzoller RMS, Fernandes RD, Sena RMM, Senna AM. Tratamento do herpes simples por meio da laserterapia: relato de casos. Rev Cient ITPAC. 2016;9(1):1-11..

O tratamento recomendado é realizado com antiviral, sendo os mais comuns o aciclovir, o valaciclovir e o fanciclovir. Esses três medicamentos têm eficácia comprovada em termos de redução da formação de novas lesões, aceleração da resolução das lesões e diminuição da intensidade da dor aguda. No entanto, o tratamento com valaciclovir ou fanciclovir parece ser mais eficaz no tratamento do HZ do que o aciclovir22 Coelho PAB, Coelho PB, Carvalho NC, Duncan MS. Diagnóstico e manejo do herpes-zóster pelo médico de família e comunidade. Rev Bras Med Fam Comunidade. 2014;9(32):279-85.,1414 Chen N, Li Q, Yang J, Zhou M, Zhou D, He L. Antiviral treatment for preventing nerve pain after shingles (postherpetic neuralgia). Cochrane Database Syst Rev. 2014;(2):1-3..

Há evidências consistentes de que o aciclovir oral é ineficaz para reduzir a incidência de NPH e não há evidências suficientes para recomendar os outros antivirais para esta finalidade1414 Chen N, Li Q, Yang J, Zhou M, Zhou D, He L. Antiviral treatment for preventing nerve pain after shingles (postherpetic neuralgia). Cochrane Database Syst Rev. 2014;(2):1-3..

A dor é uma complicação muito frequente do HZ, e o seu manejo varia de acordo com sua intensidade, duração e características do paciente. Comumente os opióides são utilizados para dores mais intensas, enquanto para dores leves os anti-inflamatórios não esteroides podem ser administrados. O prurido também é um sintoma comum, podendo ser tratado com o uso de calamina1414 Chen N, Li Q, Yang J, Zhou M, Zhou D, He L. Antiviral treatment for preventing nerve pain after shingles (postherpetic neuralgia). Cochrane Database Syst Rev. 2014;(2):1-3.,1515 Cohen JI. Herpes Zoster. N Engl J Med. 2013;369(3):255-63..

As medicações recomendadas para minimizar dores muito intensas associadas à NPH incluem antidepressivos tricíclicos (amitriptilina, nortriptilina e imipramina), agentes anticonvulsivantes (gabapentina e pregabalina), opióides, lidocaína tópica (adesivo de lidocaína) e capsaicina. A terapias combinada entre anticonvulsivantes e antidepressivos tricíclico, ou com opiáceos e anticonvulsivantes, têm demonstrado-se mais eficazes do que a monoterapia. No entanto, mesmo assim a dor pode permanecer1616 Dubinsky RM, Kabbani H, El-Chami Z, Boutwell C, Ali H. Practice parameter: treatment of postherpetic neuralgia: an evidence-based report of the Quality Standards Subcommittee of the American Academy of Neurology. Neurology. 2004;28;63(6):959-65..

Não obstante a terapêutica convencional com antivirais, antidepressivos, anticonvulsivantes, opiáceos e anti-inflamatórios não demonstrou ser completamente eficaz no tratamento dos sinais e sintomas provocados pelo VVZ no HZ. Por isso, a LBI é estudada como uma modalidade alternativa e/ou coadjuvante de tratamento99 Fonseca DC, Galdino DAA, Guimarães LHCT, Alves DAG. Avaliação da qualidade do sono e sonolência excessiva diurna em mulheres idosas com incontinência urinária. Rev Neurociênc. 2010;18(3):294-99.,1616 Dubinsky RM, Kabbani H, El-Chami Z, Boutwell C, Ali H. Practice parameter: treatment of postherpetic neuralgia: an evidence-based report of the Quality Standards Subcommittee of the American Academy of Neurology. Neurology. 2004;28;63(6):959-65..

Desta forma, a LBI oferece uma modalidade de terapia segura que geralmente é livre de efeitos deletérios. Devido à natureza atérmica dos lasers utilizado na LBI não há relatos de efeitos adversos relacionados à terapia1717 Abreu EMC, Nicolau RA. Terapia a laser de baixa intensidade na regeneração do tecido nervoso após lesão medular. Rev Neurociênc. 2015;23(2):297-304.,1818 Gomes RNS, Gomes VTS, Nicolau RA. Tratamento da neuralgia pós-herpética. Sci Med. 2016;26(2):1-6..

O mecanismo de biomodulação do LBI tem sido associado à ativação da cadeia respiratória mitocondrial, resultando em uma cascata de sinalização que promove a proliferação celular e a citoprotecção. As evidências sugerem que o citocromo c-oxidase seja o principal biomodulador77 Prockt AP, Takahashi A, Pagnoncelli RM. Uso de terapia com laser de baixa intensidade na cirurgia bucomaxilofacial. Rev Port Estomatol Cir Maxilofac. 2008;49(4):247-55.. A resposta anti-inflamatória e analgésica está relacionada ao mecanismo que envolve a inibição de ácido araquidônico e a consequente e redução da produção de prostaglandina E2, além de fatores de modulação de citocinas pró-inflamatórias1717 Abreu EMC, Nicolau RA. Terapia a laser de baixa intensidade na regeneração do tecido nervoso após lesão medular. Rev Neurociênc. 2015;23(2):297-304.,1818 Gomes RNS, Gomes VTS, Nicolau RA. Tratamento da neuralgia pós-herpética. Sci Med. 2016;26(2):1-6..

No presente caso foram obtidos resultados positivos na redução da neuralgia, na melhora da qualidade de vida e no padrão de sono. Outros estudos também encontraram evidencias semelhantes à deste estudo ao destacar os efeitos da fotobioestimulação11 Reggiori MG, Allegretti CE, Scabar LF, Armonia PL, Giovani EM. Laser therapy for herpes simplex treatment in HIV patients: case report. Rev Inst Ciênc Saúde. 2008;26(3):357-61.,33 Schmader KE, Dworkin RH. Natural history and treatment of herpes zoster. J Pain. 2008;9(Suppl. 1):3-9.,55 Portella AVT, Souza LCB, Gomes JMA. Herpes-zoster and post-herpetic neuralgia. Rev Dor. 2013;14(3):210-15..

A fotobioestimulação na região do infravermelho tem sido amplamente divulgada nos meios científicos e clínicos, devido aos efeitos positivos na redução da NPH. Os resultados encontrados neste caso corroboram estudos clínicos ao destacarem a ação anti-inflamatória e analgésica do laser aplicado a pacientes com NPH33 Schmader KE, Dworkin RH. Natural history and treatment of herpes zoster. J Pain. 2008;9(Suppl. 1):3-9.,66 Ferreira DC, Martins FO, Romanos MTV. Impact of low-intensity laser on the suppression of infections caused by Herpes simplex viruses 1 and 2: in vitro study. Rev Soc Bras Med Trop. 2009;42(1):82-5.,1818 Gomes RNS, Gomes VTS, Nicolau RA. Tratamento da neuralgia pós-herpética. Sci Med. 2016;26(2):1-6..

Estudo de revisão realizado com 11 trabalhos científicos demonstrou o potencial da LBI como meio viável ao tratamento do HZ, uma vez que houve uma redução significativa dos principais acometimentos (dor, sono e repouso) relacionados à NPH1717 Abreu EMC, Nicolau RA. Terapia a laser de baixa intensidade na regeneração do tecido nervoso após lesão medular. Rev Neurociênc. 2015;23(2):297-304.,1818 Gomes RNS, Gomes VTS, Nicolau RA. Tratamento da neuralgia pós-herpética. Sci Med. 2016;26(2):1-6.. No entanto, para que possa ser bem empregada e para que consiga alcançar um resultado satisfatório é imprescindível conhecer bem a técnica, o seu princípio de funcionamento, o HZ e as peculiaridades intricas a cada paciente99 Fonseca DC, Galdino DAA, Guimarães LHCT, Alves DAG. Avaliação da qualidade do sono e sonolência excessiva diurna em mulheres idosas com incontinência urinária. Rev Neurociênc. 2010;18(3):294-99.,1919 Oliveira ECSS, Marinelli NP, Santos FJL, Gomes RNS, Galindo Neto NM. Perfil epidemiológico dos presos de uma central de custódia de presos de justiça. Rev Enferm UFPE on line. 2016;10(9):3377-83.,2020 Gomes RNS, Gomes VTS, Gomes MS, Reis EG, Cardoso JC, Conceição FR, et al. Aplicações neurológicas da espectroscopia Raman. Rev Eletr Acervo Saúde. 2017;Supl. 8:578-83..

CONCLUSÃO

A fotobioestimulação tratou o desconforto álgico, melhorou a qualidade de vida da paciente e mostrou-se, por meio de suas vantagens, ser um tratamento efetivo, seguro e promissor, com grande potencial de se tornar a terapia de escolha em tais casos. Portanto, o protocolo de fotobioestimulação adotado neste relato de caso foi efetivo e demonstrou a sua capacidade terapêutica na neuralgia. Desta forma, objetivando padronizar os parâmetros de fotobioestimulação utilizados neste estudo sugerem-se mais pesquisas envolvendo mais participantes.

REFERENCES

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Feb 2018

Histórico

  • Recebido
    01 Ago 2017
  • Revisado
    06 Dez 2017
  • Aceito
    24 Jan 2018
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