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Modelo para Aferir a Hospitalidade a Bordo das Aeronaves do Transporte Aéreo Doméstico Brasileiro

Modelo para medir la hospitalidad a bordo de aviones de transporte aéreo nacional brasileño

Resumo

Propósito justificado do tema: O conhecimento da forma como os passageiros enxergam a hospitalidade a bordo das aeronaves brasileiras permite identificar os fatores tangíveis e intangíveis valorizados pelos passageiros e que podem fazer diferença no momento da escolha da empresa aérea. Objetivo: Dentro do universo da hospitalidade na aviação, a presente pesquisa tem como objetivo analisar a hospitalidade no transporte aéreo doméstico brasileiro a partir da visão dos passageiros. Metodologia e abordagem: O estudo é de natureza mista compreendendo fase qualitativa com revisão bibliográfica e quantitativa com o desenvolvimento de instrumento de coleta de dados e a análise de 1.163 questionários, tendo se utilizado como ferramenta de análise o software SPSS. Resultados: Os resultados alcançados permitem concluir que, na visão dos passageiros, a hospitalidade é percebida a bordo das aeronaves do transporte aéreo doméstico brasileiro, abrangendo um conjunto de 19 itens que podem ser explicados usando-se 5 fatores que foram denominados “atrativos”, “atendimento”, “bem-estar”, “low-cost” e “higiene”. Originalidade do documento: Este trabalho é original, pois tem por objetivo apresentar modelo inédito para se aferir a hospitalidade a bordo das aeronaves brasileiras.

Palavras-chave
Hospitalidade; Passageiros; Aviação; Empresa Aérea

Resumen

Propósito justificado del tema: El conocimiento de la forma en que los pasajeros ven la hospitalidad a bordo de las aeronaves brasileñas permite conocer los factores tangibles e intangibles valorados por los pasajeros y que pueden diferenciar en el momento de la elección de la aerolínea. Objetivo: Dentro del universo de la hospitalidad en la aviación la presente investigación tiene como objetivo analizar la hospitalidad en el transporte aéreo doméstico brasileño a partir de la visión de los pasajeros. Metodologia y enfoque: El estudio es de naturaleza mixta comprendiendo fase cualitativa con revisión bibliográfica y cuantitativa con el desarrollo de instrumento de recolección de datos y el análisis de 1.163 cuestionarios, habiéndose utilizado como herramienta de análisis el software SPSS. Resultados: Los resultados alcanzados permiten concluir que, en la visión de los pasajeros, la hospitalidad es percibida a bordo de las aeronaves del transporte aéreo doméstico brasileño, abarcando un conjunto de 19 ítems que pueden ser explicados usando 5 factores que fueron denominados "atractivos", "atención", "bienestar", "low-cost" e "higiene". Originalidad del documento: Este trabajo es original, ya que tiene como objetivo presentar un modelo sin precedentes para medir la hospitalidad a bordo de aviones brasileños.

Palabras clave
La hospitalidade; Pasajeros; La aviación; Empresa aérea

Abstract

Justified purpose of the topic: Knowledge of how passengers perceive hospitality aboard Brazilian aircraft allows us to know the tangible and intangible factors that customers value and that can influence airline choice. Objective: Within aviation hospitality, the present study aims to investigate hospitality in Brazilian domestic air transportation from passenger viewpoint. Method and approach: The study is of a mixed nature comprising a qualitative stage with literature review and quantitative one, with the development of a data collection instrument and the analysis of 1,163 questionnaires, using SPSS software as an analysis tool. Results: The findings allow us to conclude that passengers perceive hospitality aboard Brazilian domestic air transport aircraft, comprising a set of 19 items that can be explained using 5 factors that were named "attractions", "service", "well-being", "low cost" and "cleanliness". Originality: This work aims to present an original model to measure hospitality aboard Brazilian aircraft.

Keywords
Hospitality; Hospitableness; Passengers; Aviation; Airline

1 INTRODUÇÃO

A hospitalidade se faz presente nas mais singelas atividades do cotidiano, passando muitas vezes despercebida, quando transcorre dentro de padrões normalmente esperados. Segundo Camargo (2015)Camargo, L. O. L. (2015). Os interstícios da hospitalidade. Revista Hospitalidade. São Paulo, v. XII, n. especial, p. 42-69, maio, 2015. Disponível em: https://www.revhosp.org/hospitalidade/article/view/574 . Acesso em: 15 jun. 2019.
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a hospitalidade se dá em interstícios, significando dizer que esta é permeada por momentos visivelmente cercados de inospitalidade e até, porque não, de hostilidade. Significa dizer nas palavras do autor que a hospitalidade em plano oposto à inospitalidade e à hostilidade, que permeiam pequenos conflitos e até a agressividade, sempre caminharão juntas.

Mas o que seria verdadeiramente a hospitalidade? Na visão de Grinover (2002)Grinover, L. (2002). Hospitalidade: um tema a ser reestudado e pesquisado. In: Dias, Célia M. (org). Hospitalidade: reflexões e perspectivas. São Paulo: Manole. a palavra hospitalidade pode ser entendida como recepção de hóspedes, visitantes e viajantes, podendo ser simplificada no ato de bem receber. Já Gotman (2001)Gotman, A. (2001). Le sens de l´hospitalité. Paris: Presses Universitaires de France. considera a hospitalidade como o ato de acolher e servir alguém que esteja fora de seu local de domicílio, sendo resumida na relação entre aquele que recebe e aquele que é recebido por alguém. Esse encontro é regido por leis escritas ou não, que definem a continuidade do grupo. Sabe-se, também, que a hospitalidade vai além do bem receber. É uma cena que segundo Derrida (1997)Derrida, J. (1997). De l’hospitalité. Paris: Calmann-Lévy. supõe dois personagens agindo dentro de leis restritas que, se não seguidas, também poderão gerar inospitalidade.

Assim, com o avanço dos estudos científicos e dentro da multiplicidade em que se apresenta a hospitalidade, essa também pode se fazer presente no transporte aéreo, havendo estudos em âmbito nacional na Pós-Graduação Stricto Sensu em Hospitalidade da Universidade Anhembi Morumbi conforme apresentado na tabela abaixo.

Quadro 1
Pesquisas sobre hospitalidade no transporte aéreo no Brasil

Cabe enfatizar que as citadas pesquisas guardam relação com o presente estudo na medida em que relacionam a hospitalidade com o transporte aéreo sem, no entanto, abranger a abordagem ora proposta.

Também em âmbito internacional existem estudos abordando a hospitalidade na aviação tais como apresentado a seguir.

Quadro 2
Pesquisas internacionais sobre hospitalidade no transporte aéreo

Traçando-se um breve paralelo entre as pesquisas brasileiras e as internacionais, ainda que as abordagens sejam diferentes, percebe-se um ponto de contato no que se refere à percepção de que a hospitalidade ocupa papel importante, também, no contexto da aviação, corroborando a relevância do presente estudo.

Desta forma, para a construção do referencial teórico relativo ao tema investigado foram realizadas pesquisas por intermédio dos portais Google Acadêmico, Banco de Teses da CAPES, Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Blackwell Synergy, Cambridge University Press, Oxford University Press e EBSCO host, nos idiomas português, espanhol e inglês, utilizando respectivamente as palavras chave “hospitalidade na aviação”, “hospitalidad en la aviación” e “hospitality in aviation”.

Para se entender a importância e a relevância deste estudo relacionado ao turismo Vasconcelos, Machado, Almeida, Arruda e Matos (2015)Vasconcelos, A. I. T., Machado, D. Q., Almeida, S. R., Arruda, D. M. O., Matos, F. R. N. (2015). O papel das experiências de consumo na construção da imagem das marcas: um estudo nas companhias aéreas. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo. São Paulo, 9(1), pp. 138-155, jan./abr. DOI: http://dx.doi.org/10.7784/rbtur.v9i1.745.
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enfatizam que somente na América Latina e no Caribe o setor de aviação mantém mais de quatro milhões de postos de trabalho e gera mais de US$ 107 bilhões em produto interno bruto (PIB), sendo que as previsões indicam que nessas regiões o número de passageiros deverá quase triplicar de 145,9 milhões em 2010 para 438,9 milhões em 2030. Também Camargo (2019)Camargo, L.O.L. (2019). Hospitalidade, turismo e lazer. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, São Paulo 13 (3), p. 1 – 15, set./dez. DOI: http://dx.doi.org/10.7784/rbtur.v13i3.1749.
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enfatiza que as relações entre hospitalidade, lazer e turismo devem ser enriquecidas em breve com a evolução de pesquisas em torno do conceito de mobilidade intimamente relacionado ao transporte aéreo.

Portanto, o que se percebe é que o transporte aéreo é parte integrante do turismo, sendo um bom exemplo desta sinergia o estudo de Araújo, Freitas, Gomes e Brito (2016)Araujo, M. V.; Freitas, H. B. B.; Gomes, J. S.; Brito, M. I. M. (2016). O turismo potiguar que chegou a perder 100 mil desembarques. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, São Paulo, Vol. 10, n 3, set./dez. DOI: https://doi.org/10.7784/rbtur.v10i3.954
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no qual se concluiu que no ano de 2013, a diminuição dos voos domésticos se tornou o maior problema para o turismo potiguar.

Desta forma, tendo em vista a comprovada relação entre o transporte aéreo, o turismo e a hospitalidade, o objetivo deste trabalho é analisar a hospitalidade no transporte aéreo doméstico brasileiro a partir da visão dos passageiros.

Para tanto foi desenvolvido um instrumento de coleta de dados que tomou como base, o modelo desenvolvido por Nameghi e Ariffin (2013)Nameghi, E. N. M., Ariffin, A. A. M. (2013). The measurement scale for airline hospitality: Cabin crew’s performance perspective. Journal of Air Transport Management. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S096969971300032X. Acesso em: 15 jun. 2019.
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para se aferir os níveis de hospitalidade percebidos nas aeronaves da Malásia só que neste momento voltado para a realidade brasileira.

A pesquisa de acordo com Gil (2010)Gil, A. C. (2010). Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas. está relacionada com a área das Ciências Sociais Aplicadas sendo de natureza mista ao contar com a fase qualitativa com a revisão bibliográfica e a fase quantitativa ao realizar análise fatorial exploratória por intermédio do software SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) com os dados obtidos do instrumento de coleta de dados desenvolvido.

Desta forma, este artigo abrangerá o desenvolvimento do instrumento de coleta de dados, pesquisa de campo, constando da coleta de dados e de informações fornecidas em entrevista realizada com o Presidente da GOL Linhas Aéreas Paulo Sérgio Kakinoff, revisão bibliográfica e a análise fatorial exploratória dos dados obtidos que conduzirão a um modelo que definirá a forma como a hospitalidade pode ser percebida a bordo das aeronaves do transporte aéreo doméstico brasileiro, sendo o diferencial desta pesquisa a sua adaptação à realidade brasileira, além do enriquecimento do instrumento de coleta de dados que passará a abranger, também, os aspectos tangíveis da dimensão conforto não abordados por Nameghi e Ariffin (2013)Nameghi, E. N. M., Ariffin, A. A. M. (2013). The measurement scale for airline hospitality: Cabin crew’s performance perspective. Journal of Air Transport Management. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S096969971300032X. Acesso em: 15 jun. 2019.
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2 O MODELO DESENVOLVIDO POR NAMEGHI E ARIFFIN

Antes de se apresentar o instrumento de coleta de dados que foi desenvolvido nesta pesquisa, faz-se necessário entender o construto, para se medir os níveis de hospitalidade a bordo das aeronaves, de autoria de Nameghi e Ariffin (2013)Nameghi, E. N. M., Ariffin, A. A. M. (2013). The measurement scale for airline hospitality: Cabin crew’s performance perspective. Journal of Air Transport Management. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S096969971300032X. Acesso em: 15 jun. 2019.
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. Nesse sentido, na tabela a seguir encontra-se a descrição inicial dos 27 comportamentos atribuídos às tripulações durante os voos tendo como referencial teórico os autores citados à direita da tabela.

Para se gerar estes 27 comportamentos foram entrevistados 11 viajantes frequentes que eram alunos de pós-graduação da Universidade da Malásia.

Quadro 3
Resultado da Primeira Análise do Fator Exploratório

Dando continuidade ao processo e de posse dos dados coletados, os 27 itens foram submetidos ao software (SPSS) e a uma análise exploratória usando a rotação Varimax, reduzindo o número de itens para 19 e agrupando as dimensões da hospitalidade.

Na sequência com os 19 comportamentos restantes o teste foi novamente aplicado em 546 passageiros, e após rodar novamente no SPSS, foram confirmados os dados obtidos anteriormente, quais sejam, que o construto baseado na hospitalidade embarcada pode ser efetivamente explicado utilizando as quatro dimensões chamadas “cortesia”, “apreciação”, “socialização” e “conforto” na visão de Nameghi e Ariffin (2013)Nameghi, E. N. M., Ariffin, A. A. M. (2013). The measurement scale for airline hospitality: Cabin crew’s performance perspective. Journal of Air Transport Management. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S096969971300032X. Acesso em: 15 jun. 2019.
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3 O NOVO INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Apresentado o instrumento desenvolvido por Nameghi e Ariffin (2013)Nameghi, E. N. M., Ariffin, A. A. M. (2013). The measurement scale for airline hospitality: Cabin crew’s performance perspective. Journal of Air Transport Management. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S096969971300032X. Acesso em: 15 jun. 2019.
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se passa a apresentar o novo instrumento de coleta de dados utilizado nesta pesquisa, desta feita adaptado à realidade brasileira.

Nesse cenário, tendo em vista que a coleta de dados se processará por intermédio da aplicação de questionário, cabe aqui lembrar que na visão de Marconi e Lakatos (2002)Marconi, M. A., Lakatos, E. M. (2002). Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados. São Paulo: Atlas. esse instrumento apresenta vantagens como abrangência geográfica, economia de tempo, menor risco de distorção pela influência do pesquisador e maior segurança pelo fato de as respostas não serem identificadas.

Para tanto, foi feita uma adaptação e tradução do construto dos autores malaios, resultando inicialmente em um questionário de 9 (questões) fechadas.

Nestes termos, o questionário tem um total de 9 questões, sendo que 8 abordam as quatro dimensões definidas no construto desenvolvido por Nameghi e Ariffin (2013)Nameghi, E. N. M., Ariffin, A. A. M. (2013). The measurement scale for airline hospitality: Cabin crew’s performance perspective. Journal of Air Transport Management. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S096969971300032X. Acesso em: 15 jun. 2019.
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, quais sejam, cortesia, apreciação, socialização e conforto, sendo formuladas 2 questões para cada dimensão . Ainda nesse contexto, a primeira questão visa a excluir da coleta de dados àqueles que não utilizaram o transporte aéreo doméstico brasileiro nos últimos 24 meses, parâmetro também utilizado por Nameghi e Ariffin (2013)Nameghi, E. N. M., Ariffin, A. A. M. (2013). The measurement scale for airline hospitality: Cabin crew’s performance perspective. Journal of Air Transport Management. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S096969971300032X. Acesso em: 15 jun. 2019.
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Para melhor entendimento do instrumento de coleta de dados, cabe especificar a definição das citadas dimensões, conforme abaixo:

  • Cortesia: é a capacidade da tripulação de interagir com os passageiros de forma polida e respeitosa;

  • Apreciação: está relacionada a um tipo de aprovação e gratidão por parte do passageiro, demonstrando a sua disposição em voltar a voar com a empresa;

  • Socialização: se refere aos esforços da tripulação em se engajar de forma pessoal com cada passageiro fazendo com que se sintam acolhidos a bordo das aeronaves;

  • Conforto: está relacionado tanto a fatores tangíveis relacionados à qualidade da infraestrutura e das facilidades disponibilizadas a bordo, bem como ao conforto psicológico que trará a tranquilidade e a confiança necessária ao bem-estar do passageiro durante a viagem.

Assim, para cada dimensão da hospitalidade foram feitos os seguintes questionamentos:

    Cortesia
  • No(s) voo(s) realizado(s) os tripulantes interagiram com os passageiros de forma respeitosa?

  • Na sua opinião os tripulantes se esforçaram para atender prontamente às solicitações dos passageiros?

    Apreciação
  • Os tripulantes receberam os passageiros a bordo de forma gentil?

  • Os tripulantes agradeceram a preferência e convidaram a voar novamente com a empresa?

    Socialização
  • Os tripulantes se esforçaram por manter conversas informais com os passageiros?

  • Os tripulantes se esforçaram por auxiliar os passageiros em todas as suas necessidades?

    Conforto
  • Os tripulantes procuraram manter um controle de temperatura adequado ao conforto dos passageiros?

  • Os tripulantes se esforçaram para que os passageiros pudessem repousar confortavelmente?

Apresentada a estrutura do Roteiro de Questões, passou-se à aplicação de pré-teste para se identificar ambiguidades, não conformidades e a pertinência do questionário para o objeto da pesquisa.

Nesse contexto, em consonância com Gil (2010)Gil, A. C. (2010). Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas. para quem o número de respondentes pode ser bastante restrito: entre 10 ou 20, independentemente da quantidade de elementos que compõem a amostra a ser pesquisada, foram distribuídos 25 roteiros de questões.

Desse total, 01 não foi devolvido e 04 foram descartados pelo fato de os respondentes não terem voado em voos domésticos nacionais nos últimos 24 meses, restando 20 questionários para serem analisados.

Nesse cenário, após as análises, os entrevistados reportaram que sentiram falta, principalmente, de questões relacionadas à dimensão conforto.

Desta forma, tendo em vista que em relação aos fatores intangíveis relacionados ao comportamento da tripulação praticamente houve um consenso dos respondentes, optou-se, atendendo às sugestões dos entrevistados, por dar uma contribuição ao instrumento desenvolvido pelos autores malaios, adaptando o construto à realidade das condições vivenciadas pelos passageiros no universo da aviação doméstica brasileira.

Desta forma, o roteiro de questões inicial que possuía 9 questões passou a ter 22 questões abordando fatores tangíveis, não abordados pelos autores malaios, relacionados à dimensão conforto, em consonância com a realidade da aviação doméstica brasileira.

Outra observação foi relativa às opções de resposta “concordo levemente” e “discordo levemente” que, na opinião dos entrevistados, ficou de difícil mensuração, optando-se por suprimir as duas e acrescentar a opção “não concordo e nem discordo”, passando o questionário a possuir 05 opções, ao invés de 06.

Também como resultado das entrevistas, optou-se por não fazer perguntas, mas afirmações para os respondentes expressarem sua concordância ou não. Outro detalhe foi a mudança de layout, descrevendo-se as opiniões de 1 a 5, facilitando-se o preenchimento em uma tabela, em folha única.

Nesse sentido, foram mantidas todas as questões constantes do primeiro questionário, transformando-as em afirmações, acrescentando-se mais 14 questões dentro da dimensão conforto abordando os seguintes temas:

  • pontualidade;

  • espaçamento entre poltronas;

  • fornecimento de alimentação a bordo;

  • número de comissários a bordo;

  • pagamento pelo transporte de bagagens;

  • entretenimento.

Feitas estas modificações, mais uma vez, o novo questionário foi submetido a novo pré-teste a 20 respondentes, que responderam satisfatoriamente as questões apresentadas.

Dando continuidade aos aperfeiçoamentos resultantes da aplicação do segundo pré-teste verificou-se a oportunidade e a necessidade de se inserir mais três questões, relacionadas às bagagens e à alimentação, que na opinião de alguns entrevistados eram relevantes.

Feitas essas modificações no instrumento de coleta de dados se procedeu à aplicação de um terceiro pré-teste a 20 respondentes, chegando-se à conclusão que o instrumento de coleta de dados se encontrava em condições de passar à sua aplicação final.

Desta forma, a versão final do instrumento de pesquisa se encontra consubstanciada na tabela abaixo.

Quadro 4
Instrumento de Coleta de Dados

Responda com base em sua experiência com notas de 1 a 5 às afirmações da tabela abaixo conforme segue:

  1. Discordo totalmente

  2. Discordo parcialmente

  3. Não concordo e nem discordo

  4. Concordo parcialmente

  5. Concordo totalmente

1- Os tripulantes interagiram com os passageiros de forma respeitosa. 1 2 3 4 5 2- Uma bagagem de mão de até 10 Kg confere o nível de conforto necessário ao passageiro. 1 2 3 4 5 3- Os tripulantes sempre se esforçaram para atender prontamente às solicitações dos passageiros. 1 2 3 4 5 4- Uma bagagem de mão gratuita de, no máximo, 10Kg gerou redução no preço pago pela passagem aérea. 1 2 3 4 5 5- A empresa cumpriu fielmente o horário de decolagem previsto na passagem aérea. 1 2 3 4 5 6- Os tripulantes receberam os passageiros a bordo de forma gentil. 1 2 3 4 5 7- O espaço entre poltronas e o reclino permitido do encosto me possibilitaram repousar confortavelmente. 1 2 3 4 5 8- Os tripulantes agradeceram a preferência convidando a voar novamente com a empresa. 1 2 3 4 5 9- O número de comissários a bordo permitiu atender prontamente os passageiros. 1 2 3 4 5 10- Os tripulantes se esforçaram por manter conversas informais com os passageiros. 1 2 3 4 5 11- Considero fundamental o fornecimento de alimentos e bebidas a bordo. 1 2 3 4 5 12- O fornecimento de alimentos e bebidas, somente mediante pagamento durante o voo, reduz o preço da passagem aérea. 1 2 3 4 5 13- Os tripulantes se esforçaram, de forma incansável, por auxiliar os passageiros em todas as suas necessidades. 1 2 3 4 5 14- Considerei satisfatórios os entretenimentos (TV via satélite, internet wireless, filmes) disponibilizados a bordo da(s) aeronave(s). 1 2 3 4 5 15- O controle de temperatura foi adequado ao meu conforto. 1 2 3 4 5 16- Os tripulantes se esforçaram para que os passageiros pudessem repousar confortavelmente. 1 2 3 4 5 17- A aeronave estava adequadamente limpa. 1 2 3 4 5 18- Os banheiros estavam adequadamente higienizados. 1 2 3 4 5 19- A acolhida e a cordialidade influenciam na escolha da empresa aérea. 1 2 3 4 5 20- A qualidade do serviço de bordo influencia na escolha da empresa aérea. 1 2 3 4 5 21- O entretenimento a bordo influencia na escolha da empresa aérea. 1 2 3 4 5 22- A pontualidade influencia na escolha da empresa aérea. 1 2 3 4 5 23- O conforto influencia na escolha da empresa aérea. 1 2 3 4 5 24- O espaço destinado às bagagens de mão no interior das aeronaves é suficiente para acomodar os pertences de todos os passageiros. 1 2 3 4 5 25- Concordo com o preço cobrado pela alimentação fornecida a bordo das aeronaves. 1 2 3 4 5 26 - Aprecio a qualidade dos alimentos fornecidos a bordo das aeronaves. 1 2 3 4 5 Fonte: Autores (2019)

Ao atingir a versão final do instrumento de coleta de dados se enfatiza a importância da realização dos três pré-testes pois se constatou que a abordagem inicial, baseada somente na realidade da Malásia, não estava coerente com a realidade vivenciada no mercado de aviação doméstico brasileiro.

4 COLETA DE DADOS

A coleta foi feita com a distribuição de questionários impressos e com formulário do Google Forms encaminhado via e-mail, por WhatsApp, via Linkedin e Facebooks, tendo o aplicativo WhatsApp se mostrado mais efetivo para a coleta de dados quantitativos, tendo em vista que foi responsável por aproximadamente 65% das respostas. Cabe esclarecer que o link do instrumento de coleta de dados foi disponibilizado originalmente via e-mail, Linkedin e WhatsApp somente para pessoas que compunham a rede de contato dos autores. No que se refere à disponibilização via Facebooks isso foi feito espontaneamente por contatos que receberam o link. Como forma de manter a segurança quanto ao atingimento do público alvo, à semelhança do que fizeram os autores malaios, as pessoas que responderam que não haviam viajado de avião nos últimos 24 meses tiveram seus questionários excluídos da pesquisa.

No que diz respeito ao tamanho da amostra, foram respondidos 1.163 questionários, sendo que, destes, 335 foram respondidos em papel e os demais 828 foram respondidos via internet por intermédio do link do Google Forms. Quanto aos formulários respondidos em papel o autor se encarregou de digitá-los no formulário do Google Forms.

Quanto ao número de roteiros de questões válidos para as finalidades da pesquisa, ou seja, daqueles respondentes que voaram em aeronaves do transporte aéreo doméstico brasileiro nos últimos 24 meses resultou um número de 1.095 respondentes, tendo em vista que 68 questionários, 5,8% do total, foram descartados em virtude de não terem voado nos últimos 24 meses, no momento de se iniciar as análises quantitativas, quando os dados foram submetidos à análise fatorial exploratória, por intermédio do software SPSS versão 22.

5 ANÁLISE QUANTITATIVA

Quanto ao universo da pesquisa, este é composto pelos usuários do transporte aéreo doméstico brasileiro e a amostra analisada representa aqueles indivíduos que fizeram uso do transporte aéreo doméstico brasileiro nos últimos 24 meses.

Para que se possam conhecer as características principais da amostra apresentam-se, a seguir, tabelas contendo os dados demográficos dos respondentes, abrangendo gênero, faixa etária, faixa de renda, motivo da viagem e duração da viagem.

Tabela 1
Gênero
Tabela 2
Faixa etária
Tabela 3
Faixa de Renda
Tabela 4
Motivo da Viagem
Tabela 5
Duração das Viagens

Apresentados os dados demográficos, se passará à análise dos dados que levarão às conclusões finais da pesquisa.

Desta forma, como primeiro passo, foi verificada a qualidade do modelo e da adequação da análise fatorial, permitindo assim analisar os dados, por meio da análise do KMO e do teste de esfericidade de Bartlett, os quais são apresentados na tabela 6 (HAIR et al., 2009Hair, J. F. et al. (2009). Análise multivariada de dados. Edição: 6a ed. [s.l.] Bookman.; PESTANA; GAGEIRO, 2013).

Somente a título de esclarecimento acrescenta-se que a análise de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) é um critério para identificar se um modelo de análise fatorial é adequadamente ajustado aos dados coletados. Já o teste de esfericidade de Barlett visa a examinar a hipótese de que as variáveis não sejam correlacionadas na população.

Tabela 6
Análise do KMO e Teste de Bartlett

Tendo como base os dados encontrados na tabela 6, pode-se observar que o KMO do estudo é de 0,839 e pode ser considerado “Muito Bom”, segundo os critérios apontados por Pestana e Gageiro (2013) e Mingoti (2007)Mingoti, S. A. (2007). Análise de dados através de métodos de estatística multivariada: uma abordagem aplicada. Edição: 1 ed. Belo Horizonte: UFMG. indicando que a análise fatorial é adequada para análise dos dados, podendo-se dar continuidade ao estudo.

O segundo teste utilizando essa tabela é o teste de esfericidade de Bartlett, que tem como objetivo verificar se existem correlações entre as variáveis, rejeitando a hipótese nula dos dados por não serem uma matriz identidade. Tomando como base a tabela 4, podemos afirmar que com uma significância abaixo de 0,0001 os dados possuem correlações existindo adequação ao tipo de análise a ser feita (HAIR et al., 2009Hair, J. F. et al. (2009). Análise multivariada de dados. Edição: 6a ed. [s.l.] Bookman.)

Na sequência, foi realizada a análise fatorial utilizando o SPSS na versão 22 pelo método de extração das componentes principais e Rotação pelo Método Varimax e supressão de 0,3. A solução inicial apresentou seis fatores, porém foi necessário eliminar as variáveis 5=>0,310, 7=>0,337, 8=>0,364 e 10=>0,453, por apresentarem valores de comunalidade abaixo do recomendado por Pestana e Gageiro (2013).

No que se refere às variáveis 26=>0,435, 9=>0,451, 14=>0,449 e 25=>0,495 ainda que não tenham atingido os valores mínimos de comunalidade recomendados por Pestana e Gageiro (2013), as três primeiras deixaram de ser eliminadas, pois as suas remoções implicariam no desbalanceamento do modelo e a última variável por estar próxima do limite recomendável.

A estruturação final apresentou uma solução com 5 fatores a partir dos quais se passou a fazer a análise da qualidade e da adequação fatorial para o desenvolvimento do estudo.

Os dados foram analisados utilizando a análise fatorial exploratória (AFE), tendo como objetivo obter a simplificação das variáveis, por meio do conceito de variável latente ou fator, facilitando dessa forma a interpretação (MALHOTRA, 2011Malhotra, N. (2011). Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. Edição: 6a ed. Porto Alegre: Bookman.; PESTANA; GAGEIRO, 2013).

A próxima análise visando a verificação da qualidade do modelo é a medida de adequação da amostra, por meio da matriz de anti-imagem, apresentada na tabela 7, segundo Hair et al. (2009)Hair, J. F. et al. (2009). Análise multivariada de dados. Edição: 6a ed. [s.l.] Bookman. é a medida de intercorrelações entre as variáveis.

Tabela 7
Medidas de Adequação da Amostra

Os valores tidos como aceitáveis para esse tipo de análise devem ficar acima de 0,05, sendo inaceitáveis abaixo disso, tendo como base os valores encontrados na tabela 7, pode-se verificar que nenhum valor ficou abaixo do recomendado, não sendo por isso necessária a eliminação de nenhuma variável (HAIR et al., 2009Hair, J. F. et al. (2009). Análise multivariada de dados. Edição: 6a ed. [s.l.] Bookman.; PESTANA; GAGEIRO, 2013).

O próximo passo para se aferir a qualidade dos dados foi a análise das comunalidades que, segundo Hair et al. (2009)Hair, J. F. et al. (2009). Análise multivariada de dados. Edição: 6a ed. [s.l.] Bookman., representa a quantia total da variância que uma variável original compartilha com as outras, sendo uma medida de aceitação acima de 0,5. Os valores de comunalidades neste estudo são apresentados na tabela 8.

Tendo como base os valores encontrados na tabela 8 e seguindo as recomendações de Hair et al. (2009)Hair, J. F. et al. (2009). Análise multivariada de dados. Edição: 6a ed. [s.l.] Bookman. e também de Malhotra (2011)Malhotra, N. (2011). Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. Edição: 6a ed. Porto Alegre: Bookman. pode-se observar que todos os valores das variáveis ficaram acima do recomendado, à exceção das variáveis 14, 25, 26 e 9 já devidamente justificadas, não sendo por isso necessária a eliminação de nenhuma outra variável do estudo.

Tabela 8
Comunalidades das Variáveis do Estudo

A próxima análise foi a variância explicada que para uma solução de 6 fatores chegou a uma explicação de 61,71% do modelo proposto pelo autor, sendo os demais 38,29% do modelo proposto pelo autor explicados por outros fatores, podendo-se observar, portanto, uma boa explicação dos dados por meio dessa solução (PESTANA; GAGEIRO, 2013).

A última análise de qualidade de modelo foi o Alpha de Cronbach, o qual representa uma medida de confiabilidade para cada fator e que varia de 0 a 1, segundo Hair et al. (2009)Hair, J. F. et al. (2009). Análise multivariada de dados. Edição: 6a ed. [s.l.] Bookman., sendo os valores de aceitabilidade entre 0,6 e 0,7 os limites inferiores. Os valores do estudo são demonstrados na tabela 9.

Tabela 9
Alpha de Cronbach dos Fatores

Tendo como base os valores encontrados na tabela 9, pode-se verificar que o fator 6 ficou abaixo da recomendação de Hair et al. (2009)Hair, J. F. et al. (2009). Análise multivariada de dados. Edição: 6a ed. [s.l.] Bookman., devendo ser eliminado. Assim, a matriz rotacionada com os fatores encontrados no estudo é apresentada na tabela 10.

Tabela 10
Matriz de Fatores Nomeados

Finalizadas as análises fatoriais o que se percebe é que o programa agrupou as respostas apresentadas em 5 grupos de questões que se inter-relacionam e que podem ser resumidas em 5 fatores que foram objeto da análise do autor, à luz do arcabouço teórico apresentado definidos como “atrativos”, “atendimento”, “bem-estar”, “low-cost” e “higiene”.

6 DISCUSSÃO

A partir do agrupamento de questões realizado pelo SPSS e análise dos comportamentos abrangidos em cada grupo, identificou-se a característica marcante de cada um desses grupos para nomeá-los.

Desta forma, o construto, que aqui se pode traduzir como modelo idealizado, para explicar a forma como a hospitalidade é percebida a bordo das aeronaves do transporte aéreo doméstico brasileiro, na visão dos passageiros, é composto por 19 itens que podem ser explicados usando 5 fatores que na escolha feita pelo autor e baseando-se na revisão de literatura foram denominados “atrativos”, “atendimento”, “bem-estar”, “low-cost” e “higiene” escalonados na tabela 10 na sequência de sua importância. Esse escalonamento significa que na visão dos passageiros o fator mais importante são os “atrativos” seguidos sequencialmente na ordem de importância por “atendimento”, “bem-estar”, “low-cost” e “higiene”.

Em termos práticos a análise fatorial exploratória explica a forma como as perguntas se relacionam e à medida que estas conseguem explicar a hospitalidade a bordo das aeronaves.

Esclarecido assim no que consistiu a análise fatorial exploratória, apresentam-se, a seguir, as definições escolhidas pelo autor para cada um dos fatores que se relacionam à hospitalidade a bordo das aeronaves do transporte aéreo doméstico brasileiro.

Atrativos

Fator que está associado a um conjunto de motivos que levam o passageiro a fazer a escolha pela empresa aérea.

Atendimento

Fator que se relaciona à qualidade das relações interpessoais entre passageiros e tripulantes.

Bem-estar

Fator relacionado a aspectos tangíveis e intangíveis que permitem que o passageiro realize a viagem de forma confortável.

Low-cost

Fator associado ao fornecimento de alimentos e bebidas a bordo somente mediante pagamento e à limitação do volume e do peso das bagagens de mão, fatores que estão normalmente associados à operação “low-cost”.

Higiene

Fator associado à sensação de limpeza na cabine de passageiros e nos banheiros.

O primeiro fator denominado “atrativos” é explicado por 5 itens compreendendo qualidade do serviço de bordo; conforto; acolhida e cordialidade; entretenimento e hospitalidade.

O segundo fator denominado “atendimento” é explicado por 5 itens compreendendo o atendimento aos passageiros; o respeito com os passageiros; a gentileza dos tripulantes; o auxílio aos passageiros e a quantidade de comissários.

O terceiro fator denominado “bem-estar” é explicado por 4 itens compreendendo conforto térmico; entretenimentos; auxílio dos tripulantes e qualidade dos alimentos.

O quarto fator denominado “low-cost” é explicado por 3 itens compreendendo o fornecimento de alimentos e bebidas mediante pagamento; a bagagem de mão gratuita de no máximo 10 kg e o preço cobrado pela alimentação.

O quinto fator denominado “higiene” é explicado por 2 itens compreendendo a higiene da aeronave e a higiene dos banheiros.

Apresentada a definição de cada fator e os itens que os explicam se passa a descrever detalhadamente cada um deles. O fator denominado “atrativos” recebeu o mais alto nível de importância pelos respondentes e ao analisar os comportamentos é bastante compreensível que as pessoas gostariam e se sentiriam atraídas por:

  • desfrutar de um serviço de bordo com qualidade;

  • realizar a viagem com conforto;

  • ser acolhido na aeronave com cortesia;

  • ter um bom sistema de entretenimento a bordo;

  • uma empresa que seja pontual.

Voltando à revisão bibliográfica, ao se abordar o serviço de bordo, Boutaud (2011)Boutaud, J. J. (2011). Comensalidade: compartilhar a mesa. In: Montandon, Alain. O livro da hospitalidade: acolhida do estrangeiro na história e nas culturas. São Paulo: SENAC. enfatiza a importância do resgate da comensalidade, demonstrando que o fornecimento de alimentos e bebidas a bordo das aeronaves não se dá por acaso, tendo a finalidade de congregar os passageiros em um ambiente que apresente o calor da refeição e da acolhida em um lugar que passe a sensação de segurança e bem-estar.

Ao se abordar o conforto, Lashley (2000)Lashley, C. (2000). Towards a Theoretical Understanding, In: C. Lashley and A. Morrison (eds) In Search of Hospitality. Theoretical Perspectives and Debates. Oxford: Butterworth. relembra que a hospitalidade é prestada a um convidado (passageiro) que está fora de casa por um anfitrião (tripulante), envolvendo necessariamente um provedor e um receptor, permeando fatores tangíveis e intangíveis. Assim, o provedor promove conforto físico, psicológico e a necessária sensação de segurança. É nesse sentido que a hospitalidade se faz presente dentro da cabine de passageiros das aeronaves.

No que se refere ao entretenimento a bordo Milon (2011)Milon, A. (2011). Metrô: uma trans-hospitalidade. In: Montandon, Alain (dir.). O livro da hospitalidade: acolhida do estrangeiro na história e nas culturas. São Paulo: SENAC. aborda o conceito de hospitalidade móvel que passaria do lugar de acolhida como moradia - a habitação hospitaleira - ao lugar do transporte como espaço móvel de existência - o trajeto hospitaleiro, sensação esta facilitada por todos os entretenimentos disponibilizados aos passageiros.

Tal abordagem está em consonância com Kakinoff (2019)Kakinoff, P. S. (2019). Paulo Sérgio Kakinoff: entrevista [mar. 2019]. São Paulo, 1 arquivo .mp3 (25’:18’’). ao citar o programa da GOL “mais vida no seu tempo” no qual o avião deveria ser, na percepção do cliente, uma grande máquina do tempo que permitisse realizar a viagem sem perceber ou sentir os desconfortos do deslocamento.

Enfocando a pontualidade Kakinoff (2019)Kakinoff, P. S. (2019). Paulo Sérgio Kakinoff: entrevista [mar. 2019]. São Paulo, 1 arquivo .mp3 (25’:18’’). esclarece que para os passageiros de viagens de negócios este item na escolha da empresa aérea fica atrás apenas da conveniência da disponibilidade de horários.

Assim, ao finalizar os comentários relativos ao fator denominado “atrativos” constata-se que, não por acaso, estes itens receberam elevado grau de importância pelos respondentes, pois, como visto, os autores abordados contextualizam no universo da hospitalidade a importância dos “atrativos” na escolha e preferência dos clientes.

O segundo fator na escala de importância atribuída pelos passageiros foi denominado “atendimento”, envolvendo comportamentos que permeiam:

  • o esforço dos tripulantes para atender às solicitações dos passageiros;

  • a interação dos tripulantes com os passageiros de forma respeitosa;

  • a gentileza dos tripulantes com os passageiros;

  • o auxílio dos tripulantes aos passageiros; e

  • a quantidade de comissários a bordo.

Na visão de Camargo (2004)Camargo, L. O. L. (2004). Hospitalidade. São Paulo: Aleph. a hospitalidade pode ser dividida em quatro tempos, quais sejam, recepcionar, hospedar, alimentar e entreter, todos estes inseridos no fator que se usou denominar neste estudo de “atendimento”.

Nos estudos da hospitalidade, pode-se dizer que a qualidade das relações interpessoais, inserindo-se o “atendimento”, constitui o cerne de todo o processo, posto que se leis estritas não forem observadas o processo todo pode desandar na antítese da hospitalidade que seria a hostilidade. Tal visão é amparada por Camargo (2015)Camargo, L. O. L. (2015). Os interstícios da hospitalidade. Revista Hospitalidade. São Paulo, v. XII, n. especial, p. 42-69, maio, 2015. Disponível em: https://www.revhosp.org/hospitalidade/article/view/574 . Acesso em: 15 jun. 2019.
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para quem a hospitalidade se dá em interstícios, significando dizer que é permeada por momentos cercados de inospitalidade e até, porque não, de hostilidade.

Gotman (2001)Gotman, A. (2001). Le sens de l´hospitalité. Paris: Presses Universitaires de France. considera a hospitalidade como o ato de acolher e servir alguém que esteja fora de seu local de domicílio, sendo resumida na relação entre aquele que recebe e aquele que é recebido por alguém. Esse encontro é regido por leis escritas ou não, que definem a continuidade do grupo.

A importância da qualidade do atendimento, mais uma vez, fica expressa na visão de Grinover (2002)Grinover, L. (2002). Hospitalidade: um tema a ser reestudado e pesquisado. In: Dias, Célia M. (org). Hospitalidade: reflexões e perspectivas. São Paulo: Manole. para quem a palavra hospitalidade pode ser entendida como recepção de hóspedes, visitantes e viajantes, podendo ser simplificada no ato de bem receber.

Como se percebe a tônica do fator atendimento está relacionada de forma predominante a fatores intangíveis, estando essa constatação em consonância com Lashley (2000)Lashley, C. (2000). Towards a Theoretical Understanding, In: C. Lashley and A. Morrison (eds) In Search of Hospitality. Theoretical Perspectives and Debates. Oxford: Butterworth. para quem a hospitalidade é conferida por um anfitrião, a um hóspede que esteja fora de sua casa, envolvendo fatores intangíveis das relações humanas com o objetivo de prover segurança e conforto psicológico.

Nesse contexto e com o intuito de melhor esclarecer como os funcionários da empresa GOL são treinados para prover o melhor atendimento aos clientes Kakinoff (2019)Kakinoff, P. S. (2019). Paulo Sérgio Kakinoff: entrevista [mar. 2019]. São Paulo, 1 arquivo .mp3 (25’:18’’). esclareceu que toda a equipe de relacionamento com o cliente é orientada a prestar o atendimento baseando-se no tripé: segurança, simplicidade e simpatia. A segurança é inerente à atividade aérea e constitui uma obrigação, não se concebendo uma operação aérea sem segurança. A simplicidade porque a empresa transporta um espectro muito amplo de passageiros, englobando clientes das classes sociais de A até E. Por último, a simpatia é o ingrediente que fará com que o passageiro se sinta acolhido e bem recebido.

O terceiro fator mais bem avaliado pelos respondentes foi denominado “bem-estar” e está associado a aspectos tangíveis e intangíveis que permitem que o passageiro realize a viagem de forma confortável, abrangendo:

  • o conforto térmico propiciado pela manutenção de temperatura adequada a bordo;

  • a disponibilização de entretenimentos e facilidades como internet de alta velocidade e tv a cabo;

  • o esforço dos passageiros ao proporcionar os meios adequados para que os passageiros possam repousar confortavelmente; e

  • o fornecimento de alimentação que agrade a maioria dos passageiros.

Aqui se abre um parêntese ao se abordar a hospitalidade pois, neste quesito, se privilegia aspectos tangíveis que serão os responsáveis pela composição do ambiente que permitirá ao passageiro viajar de forma confortável, muito embora os intangíveis também se façam presentes nas relações entre tripulantes e passageiros.

Assim, ao se falar em aspectos tangíveis e intangíveis é oportuno lembrar que Lashley et al (2005)Lashley, C., Morrison, A., Randall, S. (2005). More Than a service encounter? Insights into the emotions of hospitality through special meal occasions. Journal of Hospitality and Tourism Management 8 (1), 80-92. Disponível em: https://www.questia.com/library/journal/1G1-133410848/more-than-a-service-encounter-insights-into-the-emotions. Acesso em: 15 jun. 2019.
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, apresentam estudo que revela que a qualidade das interações interpessoais na prestação de serviços se mostra mais efetiva na ocorrência de experiências memoráveis do que a qualidade dos aspectos tangíveis. De posse desse dado leva-se a acreditar que a associação dos aspectos intangíveis (sorriso, simpatia, calor humano, atenção, simplicidade, delicadeza) aos aspectos tangíveis (assentos confortáveis, bom serviço de bordo, temperatura adequada, entretenimento, facilidades) provavelmente formariam o cenário ideal para se acolher os passageiros.

É nesse sentido que Milon (2011)Milon, A. (2011). Metrô: uma trans-hospitalidade. In: Montandon, Alain (dir.). O livro da hospitalidade: acolhida do estrangeiro na história e nas culturas. São Paulo: SENAC. enfatiza a intenção das empresas de vender algo mais do que o simples transporte, mas principalmente de momentos nos quais a pessoa se sinta acolhida e tenha a sensação de ser transportada com segurança, em um ambiente que lhe dê o conforto e a tranquilidade esperada.

Portanto, fica patente a importância do fator “bem-estar” no contexto do transporte aéreo, tendo em vista que ele será decisivo na formação do juízo de valor acerca da qualidade do serviço prestado pela empresa aérea.

O quarto fator apontado na pesquisa está associado a comportamentos que normalmente estão associados à operação das empresas “low-cost”, abrangendo:

  • o fornecimento de alimentos e bebidas a bordo somente mediante pagamento;

  • a franquia de um máximo de 10kg de bagagem de mão gratuita; e

  • o preço cobrado pelos alimentos fornecidos a bordo das aeronaves.

Neste momento, ao se abordar a operação “low-cost” cabe relembrar com Palhares (2002)Palhares, G. L. (2002). Transportes turísticos. São Paulo: Aleph. que com a desregulamentação do setor nos Estados Unidos, alguns conceitos de novas empresas de transporte aéreo passaram a surgir criando condições de crescimento. Um desses conceitos foi o das empresas “low-cost/low-fare” baixo custo/baixa tarifa que se consubstanciou na empresa norte-americana Southwest Airlines com a qual o ato de viajar de avião passou a ser algo mais comum, reduzindo sensivelmente o glamour de voar.

Assim, a possibilidade de compra de uma passagem aérea por preços mais acessíveis e em prestações a se perder de vista, trouxe melhoria na qualidade de vida, principalmente, às classes menos abastadas, franqueando oportunidades de viagem e lazer nunca antes imaginadas.

Assim no que se refere à operação “low-cost”, as respostas apresentadas demonstram que o fornecimento de alimentos a bordo, o tamanho e o peso da bagagem de mão, bem como o preço cobrado pelos alimentos a bordo são temas importantes para os respondentes da pesquisa.

Portanto o fator “low-cost”, na visão dos respondentes, é visto como item importante na operação das aeronaves, desde que as restrições impostas aos passageiros, como decorrência dessa filosofia, impliquem na correspondente redução no valor da passagem aérea.

Desta forma, o que se constatou da pesquisa é que existe certa insatisfação no mercado aéreo doméstico brasileiro, tendo em vista que aqui não se vivencia a realidade de uma empresa como, por exemplo, a Southwest Airlines, nos Estados Unidos, na qual os voos são realizados de forma espartana, mas têm a contrapartida de passagens de baixo custo, enquanto que no Brasil existe a sensação de que o conforto é diminuído sem que haja qualquer compensação na diminuição do preço das passagens.

O quinto e último fator definido foi denominado “higiene” e se relaciona diretamente à impressão que os passageiros têm acerca da:

  • percepção de limpeza da aeronave; e

  • percepção da limpeza dos banheiros.

Seria impossível abordar o fator “higiene” sem se falar em conforto, tendo em vista que Nameghi e Ariffin (2013)Nameghi, E. N. M., Ariffin, A. A. M. (2013). The measurement scale for airline hospitality: Cabin crew’s performance perspective. Journal of Air Transport Management. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S096969971300032X. Acesso em: 15 jun. 2019.
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o definem como um conjunto que envolve tanto os fatores tangíveis relacionados à qualidade da infraestrutura e das facilidades disponibilizadas a bordo, bem como o conforto psicológico que trará a tranquilidade e a confiança necessárias ao bem-estar do passageiro durante a viagem.

Assim, a higiene dentro de seu grau de importância é um dos itens que devem ser observados para que se proporcione aos passageiros a sensação de estarem sendo transportados em um ambiente com níveis adequados de conforto.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo da presente pesquisa, descrita neste artigo, foi conhecer a forma como os passageiros enxergam a hospitalidade a bordo das aeronaves do transporte aéreo doméstico brasileiro. Para tanto, foi desenvolvido instrumento de coleta de dados que foi aplicado em 1.163 respondentes, por intermédio de formulários impressos e de link do Google forms.

O passo seguinte foi submeter os dados obtidos à análise fatorial exploratória utilizando o software SPSS, tendo o programa agrupado as respostas apresentadas em 5 grupos de questões que se inter-relacionam e que podem ser resumidas em 5 fatores que foram objeto da análise do autor, à luz do arcabouço teórico apresentado.

Desta forma, o construto, que aqui se pode traduzir como modelo idealizado, para explicar a forma como a hospitalidade é percebida a bordo das aeronaves do transporte aéreo doméstico brasileiro, na visão dos passageiros, é composto por 19 itens que podem ser explicados usando 5 fatores que na escolha feita pelo autor e baseando-se na revisão de literatura foram denominados “atrativos”, “atendimento”, “bem-estar”, “low-cost” e “higiene” escalonados na tabela 10 na sequência de sua importância.

No que se refere à principal contribuição desta pesquisa, esta se prende ao fato de se desenvolver um modelo para aferir a hospitalidade a bordo das aeronaves do transporte aéreo doméstico brasileiro, abordando fatores diferentes dos utilizados por Nameghi e Ariffin (2013)Nameghi, E. N. M., Ariffin, A. A. M. (2013). The measurement scale for airline hospitality: Cabin crew’s performance perspective. Journal of Air Transport Management. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S096969971300032X. Acesso em: 15 jun. 2019.
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, voltados, desta feita, especificamente para a realidade brasileira.

Já no que diz respeito às impressões dos autores, o trabalho permitiu conhecer um pouco mais da hospitalidade a bordo das aeronaves no transporte aéreo doméstico brasileiro, ficando claro que a dimensão conforto, em especial, no que diz respeito aos aspectos tangíveis ainda deixam a desejar na visão dos passageiros. De forma geral a visão dos passageiros é positiva e aparentemente o que mais os incomoda é o fato de que determinados cortes de custos realizados a bordo, tais como serviço de bordo somente mediante pagamento e restrição da bagagem gratuita a 10 Kg não resultaram em diminuição no preço da passagem aérea, pairando a sensação de que de alguma forma estariam sendo prejudicados.

Cabe também lembrar que este estudo possui limitações e que estas se prendem ao fato de que a pesquisa foi limitada ao transporte aéreo doméstico brasileiro, não sendo possível generalizar estes resultados para o transporte aéreo internacional e para o contexto de outros países.

Quanto à sugestão de novos estudos esta pode estar relacionada à aplicação do instrumento de pesquisa em outros países, permitindo assim uma análise comparativa entre a realidade brasileira e a de outros países.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Ago 2020
  • Data do Fascículo
    May-Aug 2020

Histórico

  • Recebido
    17 Jul 2019
  • Aceito
    07 Nov 2019
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