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A Linguística Contrastiva Português/Alemão e seus Mecanismos de Comunicação Científica

[Portuguese/German Contrastive Linguistics and its Scientific Communication Mechanisms]

Resumo

Construir possibilidades de circulação das informações é essencial para qualquer área do conhecimento e quando se trata de uma área específica da Linguística, como a Linguística Contrastiva, par de língua Português e Alemão, torna-se imprescindível para o reconhecimento e a consolidação da área. Nesse sentido, esta pesquisa se propõe a buscar a literatura produzida na área, ampliando levantamento anterior (Sipriano, Souza e Pereira 2021) para áreas intra- e extralinguísticas (Tekin 2012). O intento é concentrar os dados bibliográficos em locus acessível a toda comunidade científica. A partir das produções encontradas, traçamos análise quanti-qualitativa no que diz respeito ao número de produções, à concentração de trabalhos por área e por periódico científico. Os dados encontrados possibilitaram, ainda, uma reflexão a respeito da política de classificação dos periódicos científicos e seus impactos na comunidade científica e na sociedade.

Palavras-chave:
Linguística contrastiva; Comunicação científica; Periódicos científicos; Alemão; Português

Abstract

It is essential for any area of knowledge to build possibilities of information circulation and, when it comes to a specific area of Linguistics, such as the Portuguese/German language pair Contrastive Linguistics, it is essential for the recognition and consolidation of the area. In this sense, this research proposes to review the literature produced in the area, extending the previous survey (Sipriano, Souza e Pereira 2021) to intra- and extralinguistic areas (Tekin 2012). The intent is to concentrate bibliographic data in a locus that will be accessible to the entire scientific community. From the publications found, we conducted a quanti-qualitative analysis of the number of productions, the concentration of studies per area and per scientific periodical. The obtained data also made it possible to reflect on the classification of scientific journals and their impact on the scientific community and on society.

Keywords:
Contrastive linguistics; Scientific communication; Academic journals; German; Portuguese

Zusammenfassung

Zugang zu Informationsmöglichkeiten zu verschaffen ist für jedes Wissensgebiet unerlässlich. Wenn es sich um ein spezifisches Gebiet der Linguistik handelt, wie z. B. die Kontrastive Linguistik für das Sprachenpaar Portugiesisch/Deutsch, ist dies für die Anerkennung und Konsolidierung des Fachs unbedingt nötig. In diesem Sinne wird in dieser Untersuchung vorgeschlagen, die in diesem Bereich entstandene Literatur zu durchsuchen und die bisherige Untersuchung (Sipriano, Souza e Pereira 2021) auf linguistische und außerlinguistische Disziplinen auszuweiten (Tekin 2012). Das eigentliche Ziel ist es, die bibliografischen Daten an einem Ort zu sammeln, der für die gesamte wissenschaftliche Gemeinschaft zugänglich ist. Anhand der gefundenen Produktionen wird eine quantitative Analyse hinsichtlich der Anzahl der Produktionen verfolgt, der Konzentration der Werke pro Bereich und pro wissenschaftlicher Zeitschrift. Die erfassten Daten ermöglichten auch eine Diskussion über das Rangsystem wissenschaftlicher Zeitschriften und ihre Auswirkungen auf die wissenschaftliche Gemeinschaft und die Gesellschaft.

Stichwörter:
Kontrastive Linguistik; Wissenschaftskommunikation; Wissenschaftliche Fachzeitschriften; Deutsch; Portugiesisch

Introdução

Considerando diversos marcos sócio-históricos no desenvolvimento da tecnologia e da informação, a ciência, enquanto fenômeno situado, também é marcada por essas mudanças e evoluções. Com a ascensão das Novas Tecnologias de Informação (NTICs) e com maior acessibilidade ao número de produções científicas, tornou-se difícil encontrar um locus de concentração desses trabalhos, seja este espaço físico ou digital. A dificuldade de obter uma visão geral da produção de uma área de investigação não é exclusividade da literatura da Linguística Contrastiva (doravante LC), subárea tanto da Linguística Teórica quanto da Linguística Aplicada, objeto do corrente texto.

Blühdorn (2005Blühdorn, Hardarik. Forschungsstand und Perspektiven der kontrastiven Linguistik Portugiesisch-Deutsch. In: Fischer, Eliana; Glenk, Eva; Meireles, Selma (Orgs.). Blickwechsel: Akten des XI. Lateinamerikanischen Germanistenkongresses. São Paulo: Edusp/Monferrer Produções, 2005, 155-160.), em seu artigo “Forschungsstand und Perspektiven der kontrastiven Linguistik Portugiesisch-Deutsch”, já mencionava a necessidade da construção de uma base de dados que contemplasse as literaturas dos estudos contrastivos no par de línguas Português-Alemão. Na busca de materializar essa proposta, Sipriano, Souza e Pereira (2021Sipriano, Flaviana da Silva; Souza, Rebeca Santos de; Pereira, Rogéria Costa. Mapeamento de Estudos da Linguística Contrastiva Português/Alemão: Dados Bibliográficos no Brasil. Pandaemonium Germanicum, São Paulo, v. 24, n. 44, 452-474, 2021.), em “Mapeamento de Estudos da Linguística Contrastiva Português/Alemão: Dados Bibliográficos no Brasil”, iniciam o processo de construção de uma base de dados que possa abrigar as informações bibliográficas da área. Assim sendo, a presente pesquisa propõe a expansão desta base de dados, incorporando os achados em buscas em bases europeias (Portugal e países de língua alemã), bem como a extensão da área pesquisada, acrescendo ao levantamento não somente as áreas básicas da LC (Morfologia, Sintaxe, Pragmática, Semântica e Fonética e Fonologia), bem como suas áreas correlatas (Análise do Discurso, Aquisição da Linguagem, Bilinguismo, Ensino e Aprendizagem, Letramento, Morfossemântica, Morfossintaxe, Sociolinguística, Psicolinguística e Tradução). Outro movimento realizado no corrente mapeamento diz respeito à extensão também da busca em cadernos de resumos e anais de congressos da área.

A partir do número de produções indexadas na base de dados que aqui apresentamos, foram analisados os dados bibliográficos de produções com premissas na área de LC, par de línguas Português-Alemão, encontradas em bases de dados digitais, em revistas e em anais de congressos, publicadas no período de 1945 a 2019, em dimensão quanti e qualitativa. Em um primeiro momento, traçamos o teor quantitativo a respeito do número de produções por áreas da linguística e tipo de material. No segundo momento, dando continuidade à amostra quantitativa, mas já em uma perspectiva qualitativa, traçamos um paralelo comparativo entre os dados de quatro revistas que mais concentram artigos científicos.

Nesse sentido, este artigo apresenta, em sua fundamentação teórica, definições e discussões a respeito da LC, área das produções mapeadas; o advento das NTIC e o impacto delas na Comunicação Científica; e os Periódicos Científicos, assim como a implicação das classificações destes últimos na circulação da informação científica. Na seção de Metodologia relatamos os mecanismos utilizados na extração e no manuseio dos dados encontrados, bem como a natureza metodológica da pesquisa. A Análise de Dados explana sobre uma série de discussões implicadas pelos dados, como a concentração de produções por área, a predominância do tipo de material “artigos de periódico”, bem como os impactos da classificação de revistas em sua continuidade e descontinuidade. Por fim, a Conclusão retoma algumas ideias centrais, sintetiza os resultados encontrados na exploração dos dados e aponta o futuro desta pesquisa.

Fundamentação teórica

Para a discussão dos achados aqui relatados, é necessária, inicialmente, uma explanação acerca da LC, sua evolução como subárea da Linguística, sua definição e o seu atual caráter interdisciplinar. A partir disso, discutiremos o desenvolvimento da circulação da informação e dos periódicos científicos como agentes de consolidação científica da área.

Linguística Contrastiva

A ideia de contrastar dois (ou mais) sistemas linguísticos, desse contraste extrair informações sobre semelhanças e diferenças entre as línguas e, assim, obter também mais conhecimento sobre a própria língua materna, vem desde a antiga Grécia (Tekin 2012Tekin, Özlem. Grundlagen der Kontrastiven Linguistik in Theorie und Praxis. Tübingen: Stauffenburg, 2012.: 9). Com o surgimento, no século 18, de estudos no âmbito da Linguística Histórico-Comparativa e da Tipologia Linguística e seus respectivos métodos de investigação, é possível identificar o início de uma pesquisa sistemática precursora do que hoje entendemos como LC (Reimann 2014Reimann, Daniel. „Kontrastive Linguistik revisited oder: Was kann Sprachvergleich für Linguistik und Fremdsprachenvermittlung heute leisten?”. In: Reimann, Daniel. (Org.). Kontrastive Linguistik und Fremdsprachendidaktik Iberoromanisch - Deutsch. Studien zu Morphosyntax, nonverbaler Kommunikation, Mediensprache, Lexikographie und Mehrsprachigkeitsdidaktik (Spanisch, Portugiesisch, Deutsch). Tübingen: Narr, 2014, 9-35.: 9; Tekin 2012: 10), a fim de que, a partir desse contraste, fosse possível traçar, por exemplo, uma série de “similaridades e diferenças estruturais entre a língua materna (de um grupo de alunos) e uma língua estrangeira, objeto de estudo” (Vandresen 1988Vandresen, Paulino. Linguística Contrastiva e ensino de línguas estrangeiras. In: Bohn, Hilário Inácio; Vandresen, Paulino. Tópicos de Linguística Aplicada: o ensino de língua estrangeira. Florianópolis: UFSC, 1988, 75-94.: 75). Nesse contexto, a análise contrastiva tem como finalidade contribuir para o ensino de língua estrangeira (Reimann 2014: 13-14), pois, como advoga Schmitz (1988Schmitz, John Robert. Análise Contrastiva. In: Bohn, Hilário Inácio; Vandresen, Paulino. Tópicos de Linguística Aplicada: o ensino de língua estrangeira. Florianópolis: UFSC, 1988, 95-116.: 95), a Análise Contrastiva3 3 A Linguística Contrastiva ganha força a partir do movimento estruturalista do Círculo Linguístico de Praga (doravante CLP) de 1926. Na literatura é apresentada a dicotomia estruturalista e funcionalista da CLP, mas nossa proposta é situar a gênese da Linguística Contrastiva. Schmitz (1988: 9) aponta, inclusive, Vilém Mathesius (1882-1945), fundador e primeiro presidente do CLP, como o precursor da Análise Contrastiva. funciona como mecanismo de identificação dessas similaridades e diferenças, através das quais é possível identificar “estruturas que oferecem dificuldades de aprendizagens e as que, devido a similaridades com a Língua Materna, apresentam facilidades” (Vandresen 1988: 75).

Durante os seus primeiros anos, a LC encontra grande ressonância na comunidade linguística, mas a sua incapacidade de, somente com o contraste estrutural de dois idiomas, prever as dificuldades de aprendizado faz com que a disciplina caia em forte crítica e em desuso, principalmente nos Estados Unidos da América. Tekin (2012Tekin, Özlem. Grundlagen der Kontrastiven Linguistik in Theorie und Praxis. Tübingen: Stauffenburg, 2012.: 47) e Reimann (2014Reimann, Daniel. „Kontrastive Linguistik revisited oder: Was kann Sprachvergleich für Linguistik und Fremdsprachenvermittlung heute leisten?”. In: Reimann, Daniel. (Org.). Kontrastive Linguistik und Fremdsprachendidaktik Iberoromanisch - Deutsch. Studien zu Morphosyntax, nonverbaler Kommunikation, Mediensprache, Lexikographie und Mehrsprachigkeitsdidaktik (Spanisch, Portugiesisch, Deutsch). Tübingen: Narr, 2014, 9-35.: 18) relatam, no entanto, que a LC na Europa sempre se entendeu como uma disciplina teórica que caminhava em conjunto, por exemplo, com a Tipologia Linguística e sua busca pelos universais linguísticos, as quais também podem ter ressonância no ensino de LE. Durante os anos de 1970 e 1980, com o surgimento de estudos da Pragmática, a LC ampliou o seu poder de ação e se espalhou em estudos contrastivos nas áreas de Semântica, Linguística Textual, Análise do Discurso e Pragmática, as quais procuram mapear a estreita ligação entre língua e cultura também de forma contrastiva (Tekin 2012: 57). Nesse contexto, compreendemos a LC tal como definida por Tekin (2012):

[A] linguística contrastiva é entendida como uma subdisciplina da linguística que tenta descobrir convergências, semelhanças e diferenças entre idiomas usando vários métodos comparativos. O objeto desses estudos inclui tanto recursos quanto propósitos linguísticos, assim como também aspectos culturais da língua. Os objetivos da LC podem ser de natureza intra ou extralinguística, sendo que esta última exige uma estreita articulação interdisciplinar. A comparação linguística aqui é entendida tanto como um ramo da linguística teórica como da linguística aplicada. (Tekin 2012Tekin, Özlem. Grundlagen der Kontrastiven Linguistik in Theorie und Praxis. Tübingen: Stauffenburg, 2012.: 68, tradução das autoras)4 4 Texto original: “Im Rahmen dieser Arbeit wird Kontrastive Linguistik als eine Unterdisziplin der Sprachwissenschaft verstanden, die anhand unterschiedlicher vergleichender Methoden interlinguale Gemeinsamkeiten, Ähnlichkeiten und Unterschiede aufzudecken versucht. Der Gegenstand dieser Untersuchungen umfasst dabei sowohl Sprachmittel als auch Sprachzwecke und bezieht dabei auch kulturelle Aspekte der Sprache mit ein. Die Ziele der KL können inner- und außerlinguistischer Natur sein, wobei Letzteres eine interdisziplinäre Zusammenarbeit voraussetzt. Der hier gemeinte Sprachvergleich wird als Zweig sowohl der theoretischen als auch der angewandten Linguistik aufgefasst“. (Tekin 2012: 68).

Tekin (2012Tekin, Özlem. Grundlagen der Kontrastiven Linguistik in Theorie und Praxis. Tübingen: Stauffenburg, 2012.: 98) salienta que a LC se atualiza nos seus objetivos de pesquisa na medida em que ela trabalha em cooperação com disciplinas intra e/ou extralinguísticas, tornando-se interdisciplinar e investigando fenômenos linguísticos tanto na teoria quanto na prática. A fim de melhor localizarmos a LC dentre as disciplinas linguísticas, assim como visualizarmos as áreas com as quais ela atualmente interage, apresentamos a Figura 1, proposta por Reimann (2014Reimann, Daniel. „Kontrastive Linguistik revisited oder: Was kann Sprachvergleich für Linguistik und Fremdsprachenvermittlung heute leisten?”. In: Reimann, Daniel. (Org.). Kontrastive Linguistik und Fremdsprachendidaktik Iberoromanisch - Deutsch. Studien zu Morphosyntax, nonverbaler Kommunikation, Mediensprache, Lexikographie und Mehrsprachigkeitsdidaktik (Spanisch, Portugiesisch, Deutsch). Tübingen: Narr, 2014, 9-35.: 21) a partir de uma sugestão de Tekin (2012):

Figura 1:
A Linguística contrastiva entre a Linguística teórica, a Linguística aplicada, disciplinas extralinguísticas e a práxis

Como é possível observar, a LC é considerada uma subárea tanto da Linguística Geral, como atua no âmbito da Linguística Aplicada (Schmitz 1988Schmitz, John Robert. Análise Contrastiva. In: Bohn, Hilário Inácio; Vandresen, Paulino. Tópicos de Linguística Aplicada: o ensino de língua estrangeira. Florianópolis: UFSC, 1988, 95-116.: 95). Na Figura 1 podemos constatar, ainda, uma estreita relação entre a LC e as disciplinas extralinguísticas, com alcance, inclusive, em disciplinas essencialmente práticas, tais como a Tradução e Interpretação, a Lexicografia e o Ensino de Língua Estrangeiras (Tekin 2012Tekin, Özlem. Grundlagen der Kontrastiven Linguistik in Theorie und Praxis. Tübingen: Stauffenburg, 2012.: 98). É possível verificar, ainda, a relação da LC com diversas disciplinas intra (Linguística Geral, Linguística Comparada, Linguística Histórico-comparativa, Tipologia Linguística, Linguística areal e Análise de erros) e extralinguísticas (Didática e Metodologia em Língua Estrangeira, Psicologia da Aprendizagem e Estudos Culturais).

Considerando a exposição a respeito da evolução da LC na comunidade científica, a discussão a seguir sobre a comunicação científica pretende contribuir para a construção do entendimento do processo de divulgação e disseminação da LC, bem como a consolidação da área na comunidade científica.

Comunicação Científica5 5 A discussão apresentada nessa seção a respeito da comunicação científica foi feita, especialmente, a partir das propostas de Targino (2000) e Valério e Pinheiro (2008).

A comunicação é um dado essencial da sociedade, visto que os atos de se comunicar e compartilhar informação sempre existiram na história da humanidade. Quando pensamos no âmbito científico, a ciência se fortalece e se estabelece a partir da divulgação de suas descobertas. Le Coadic (1996Le Coadic, Yves François. A Ciência da Informação. Tradução de Maria Yêda F. S. de Filgueiras Gomes. Brasília: Briquet de Lemos, 1996.: 27) advoga que a informação é que sustenta a ciência, todavia a informação só interessa se circula, e, se circula livremente. É nesse sentido que a troca de informação é vista como um processo de intermediação que permite o intercâmbio de ideias entre os indivíduos, considerando que a informação é um produto e a comunicação é um mecanismo operacional (Targino 2000Targino, Maria das Graças. Comunicação científica: uma revisão de seus elementos básicos. Informação e Sociedade: Estudos, v. 10, n. 2, 1-27, 2000.: 10). Assim, os cientistas buscam literaturas “exclusivas” de seus interesses e informações pertinentes às suas demandas. A literatura aponta, portanto, ser a comunicação científica uma série de atividades associadas à produção, disseminação e uso dessas informações. Targino (2000: 10), citando trabalho seminal de Menzel (1958Menzel, Herbert. The Flow of Information among Scientists: Problems, Opportunities and Research Questions. New York: Columbia University: Bureau of Applied Social Research, 1958.), lista as principais funções dessa comunicação científica: a) responder a perguntas específicas, b) fomentar a atualização profissional, c) descobrir e compreender novos campos de interesse, d) divulgar áreas emergentes, e) testar a confiabilidade de novos conhecimentos, f) redirecionar ou ampliar o rol de interesse dos cientistas e g) fornecer feedback para aperfeiçoar a produção do pesquisador. É a partir dessas aproximações que as comunidades científicas, nas quais os participantes possuem interesse em torno de uma especialidade, criam uma mesma literatura técnica, um mesmo objetivo. É atribuição dessas comunidades o compartilhamento de conhecimentos científicos com toda a sociedade e essa função se fixou ainda mais no processo de institucionalização da ciência, principalmente porque a ciência fechada em si mesma assume a faceta do cientismo, enquanto uma espécie de identidade religiosa (Dayan 1985Dayan, Sonia; Dayan, Maurice. Pour une analyse critique de la science et de ses fonctions. In: Jaubert, Alain; Lévy-Leblond, Jean-Marc (org.). (Auto)Critique de la science. Paris: Seuil, 1985.).

Uma importante distinção para sequência desta pesquisa é a definição de comunicação e de divulgação científica. A comunicação científica tem os pares de determinada área do conhecimento como público-alvo, já a divulgação científica busca alcançar uma maior diversidade de público, público este que está fora da comunidade científica (Valerio e Pinheiro 2008Valerio, Palmira Moriconi; Pinheiro, Lena Vania Ribeiro. Da comunicação científica à divulgação. TransInformação. Campinas, v. 20, n. 2, 159-169, 2008.: 161). Embora apresentem a distinção entre comunicação e divulgação científica, Valerio e Pinheiro (2008: 166) alegam que a aproximação dos dois âmbitos deve ser uma preocupação da comunidade científica, haja vista a popularização da ciência e da tecnologia, bem como a sua instrumentalização para legitimação da área e de maior conscientização da população para questões da ciência. Baseando-se na discussão apresentada por Garvey e Griffith (1972Garvey, William D.; Griffith, Belver. C. Communication and information process within scientific disciplines, empirical findings for psychology. Information Storage and Retrieval, v. 8, n. 3, 123-136, 1972.), Targino (2000Targino, Maria das Graças. Comunicação científica: uma revisão de seus elementos básicos. Informação e Sociedade: Estudos, v. 10, n. 2, 1-27, 2000.: 10) define comunicação científica como “o conjunto de atividades associadas à produção, disseminação e uso da informação”. Assim sendo, a comunicação científica é determinante no processo de geração e disseminação da informação e, desse modo, contribui para o desenvolvimento da ciência.

A fim de melhor compreendermos como os meios de comunicação científica se desenvolveram ao longo da história, discutiremos, nas próximas seções, a influências das NTIC no desenvolvimento da circulação de informação científica através, principalmente, dos periódicos científicos, enfatizando importância destes últimos para a consolidação de uma área de pesquisa.

Novas Tecnologias da Informação

Marcos sociais tais como a Revolução Industrial - com a técnica - e o século XX - com o desenvolvimento dos meios de informação - modificou e impulsionou um aumento expressivo de produções científicas. Com a ciência ganhando mais espaço, criou-se a necessidade de novos mecanismos de organização e controle do fenômeno nomeado por Bush (1945Bush, Vannevar. As we may think. Atlantic Monthly, v. 176, n. 1, 101-108, 1945. Disponível em: https://www.theatlantic.com/magazine/archive/1945/07/as-we-may-think/303881/. (18/07/2021).
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) como “explosão da informação” (Valerio e Pinheiro 2008Valerio, Palmira Moriconi; Pinheiro, Lena Vania Ribeiro. Da comunicação científica à divulgação. TransInformação. Campinas, v. 20, n. 2, 159-169, 2008.: 160). Assim, graças às redes eletrônicas enquanto veículos de armazenamento e disseminação científica, há uma maior aproximação e convergência de públicos, o que, por sua vez, possibilita uma maior conscientização da sociedade em relação à formulação de políticas públicas de ciência e tecnologia.

Um recurso produto desse novo cenário científico são as bases de dados de bibliotecas digitais, as quais são, segundo Guinchat e Menou (1994Guinchat, Claire; Menou, Michel. Introdução geral às ciências e técnicas da informação e documentação. Tradução de Miriam Vieira da Cunha. Brasília: IBICT, 1994.: 295), um “conjunto organizado de referências bibliográficas de documentos que se encontram armazenadas fisicamente em vários locais”. Nesse sentido, a base de dados é um recurso importantíssimo para o armazenamento, a recuperação e a atualização de informações e, diante ao aumento considerável da publicação de resultados de pesquisas nos últimos anos, surgiu a necessidade de um melhor gerenciamento dessas publicações. Um recurso criado para gerenciar de forma rápida e eficiente esses dados são diversos programas computacionais, dentre eles os gerenciadores de referências bibliográficas que buscam, principalmente, organizar sistematicamente os trabalhos acadêmicos disponíveis na literatura (Yamakawa et al 2014Yamakawa, Eduardo Kazumi; Kubota, Flavio Issao; Beuren, Fernanda Hansch; Scalvenzi, Lisiane; Cauchick Miguel, Paulo Augusto. Comparativos dos softwares de gerenciamento de referências bibliográficas: Mendley, Endnote e Zotero. TransInformação, Campinas, v. 26, n. 2, 167-176, 2014.: 168), considerando sua funcionalidade de busca, de armazenamento e escrita. Pretel (s/d: 1) faz mapeamento de gerenciadores bibliográficos disponíveis no mercado e descreve o Zotero como um software de fácil manuseio, versátil e gratuito, sendo estas características as de maior contribuição para esta pesquisa, que tem como um dos objetivos finais a livre disponibilização das informações coletadas.

Periódicos Científicos

Diante da grande escala de obras científicas, encontramos os periódicos como uma das principais produções de divulgação científica. Todavia, antes de pensarmos no desenvolvimento desses periódicos nos meios digitais, é importante entendermos seu processo evolutivo, desde sua primeira aparição na sociedade acadêmica. Segundo Souza (2006Souza, Eliana Pereira Salles de. Publicação de revistas científicas na Internet. Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery. v. 21, n. 1, 24-28, 2006.: 24), os primeiros periódicos se manifestaram como uma espécie de correspondências pessoais, o que per se era uma atividade restrita e lenta. A ideia de periódico como atividade de divulgação científica surge através da instituição de revistas. As revistas científicas brasileiras, por exemplo, são o principal canal de comunicação da produção científica, dado ser o veículo efetivo no processo de execução da divulgação de resultados de investigações. Souza (2006: 24) reforça essa atividade como determinante para o êxito da validade da pesquisa, pois “[o] trabalho que uma pesquisa proporciona só terá validade se puder ser apreciada pela comunidade científica, pois somente desta maneira há disseminação, preservação da ciência e sua divulgação”.

No Brasil, no entanto, os primeiros periódicos científicos não foram veiculados por revistas como o periódico francês Journal dês Sçavans ou a revista inglesa Philosophical Transactions da Royal Society of London. Os primeiros periódicos brasileiros surgiram em 1862, com dois séculos de atraso em relação à Europa, e eram veiculados em jornais, como a Gazeta Médica do Rio de Janeiro (Souza 2006Souza, Eliana Pereira Salles de. Publicação de revistas científicas na Internet. Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery. v. 21, n. 1, 24-28, 2006.: 25). Freitas (2006Freitas, Maria Helena. Considerações acerca dos primeiros periódicos científicos brasileiros. Ciência da Informação, v. 35, n. 3, 54-66, 2006.: 57) cita O Patriota como sendo, de fato, a primeira revista brasileira que pode ser considerada periódico científico. A partir de então surgem no Brasil, ainda em passos lentos, algumas outras revistas científicas, porém somente com o crescente número de pesquisadores e pesquisas, somadas ao marco industrial e tecnológico, a quantidade de revistas se torna expressiva. Em desenvolvimento mais recente, vê-se também uma modificação do material de publicação dos periódicos científicos, que migram dos meios impressos para online.

Considerando o número substancial de produções bem como de revistas, deu-se um processo de hierarquização dos periódicos. Isso porque o Institute for Scientific Information (ISI) ao investigar, em 1960, o número de citações de periódicos, concluiu que “a maioria das citações são atribuídas a relativamente poucas revistas, enquanto uma minoria de citações é distribuída por muitas revistas” (Passos et al 2018Passos, Paula Caroline Schifino Jardim; Passos, Jaire Ederson; Caregnato, Sônia Elisa; Silva, Tânia Luisa Koltermann. Critérios de qualidade em periódicos científicos. Informação & Sociedade, v. 28, n. 2, 209-226, 2018.: 10-11). Desde então, o processo de avaliação de revistas científicas se desenvolveu, e hoje temos o fator de impacto como o principal índice quantitativo de verificação da qualidade de periódicos. Vilhena e Crestana (2002Vilhena, Valeria; Crestana, Maria Fazanelle. Produção científica: critério de avaliação de impacto. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 48, n. 1, 20-21, 2002.: 20) explicam que o fator de impacto é “definido matematicamente como o número de vezes que os artigos das revistas são citados durante um período específico (o numerador), dividido pelo número total de artigos publicados por esta revista no mesmo período (denominador), num período convencional de dois anos”. O Qualis (CAPES, 2016a e 2016b), Sistema de Classificação de Periódicos, Anais, Jornais e Revistas no Brasil, foi uma outra ferramenta de medição da qualidade das revistas aderida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), em 1998, como forma de aperfeiçoar o sistema de avaliação da pós-graduação brasileira. Passos et al (2018: 212) define o Qualis como “o conjunto de procedimentos utilizados pela CAPES para estratificação da qualidade da produção intelectual dos programas de pós-graduação”. O indicativo de qualidade do Qualis constitui-se de uma junção de letras e números, sendo o estrato A o mais elevado em relação aos estratos B e C, respectivamente. E o A1 superior ao A2, bem como o B1, que está abaixo do estrato A, mas superior ao B2, B3, B4 e B5. E na camada mais inferior da indicada, o C - com peso zero. Vilhena e Crestana (2002) esclarecem o critério de indexação entre os indicadores de qualidade A, B e C da seguinte maneira:

Qualis Nacional A: todos aqueles que se encontram indexados em pelo menos um dos seguintes indexadores internacionais. [...] Qualis Nacional B: aqueles indexados no LILACS ou que sejam editados por sociedades científicas nacionais representativas da área; Qualis C: os demais periódicos que não atendam os critérios acima. (Vilhena e Crestana 2002Vilhena, Valeria; Crestana, Maria Fazanelle. Produção científica: critério de avaliação de impacto. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 48, n. 1, 20-21, 2002.: 21)

Vimos, portanto, que a classificação por estrato está ligada ao locus de indexação da revista. O processo de indexação, por sua vez, é minucioso e criterioso e se inicia, inclusive, na elaboração das normas de submissão adotadas pelas revistas que buscam alcançar o estrato máximo de avaliação da CAPES, o estrato A1. Para tanto, a revista precisa atender, ainda, a uma série de critérios quantitativos e qualitativos exigidos pela CAPES. No sistema brasileiro do Qualis, atualizado a cada quadriênio, cada área possui seu quadro de critérios com diversas variáveis avaliativas. Quanto aos objetivos gerais do Qualis, o documento apresenta que “[o]s critérios utilizados visam valorar qualitativa e quantitativamente a produção intelectual dos programas, hierarquizando-a com base em sua relevância científica, originalidade, complexidade, acessibilidade e impacto acadêmico, público e social” (Capes 2016a: 1). Já no que tange aos critérios e aos parâmetros de classificação, o documento pontua:

Indexação em bases de dados nacionais e internacionais; relevância para a área de Ciências Sociais e para o sistema de pós-graduação e pesquisa; publicação por instituição com pós-graduação strictu sensu, instituição de pesquisa reconhecida, sociedade científica nacional ou internacional ou por associação profissional pertinente à área; apoio por parte de agências de fomento; informação sobre pertencimento institucional e titulação dos autores; regularidade e acessibilidade das edições; reputação na área; avaliação do periódicos nos Qualis das demais áreas das Humanidades. (Capes 2016a: 4)

De um modo geral, podemos observar que a proposta da CAPES está muito próxima do modelo de avaliação de periódicos científicos desenvolvido por Stumpf (2003Stumpf, Ida Regina Chitto. Avaliação das revistas de comunicação pela comunidade acadêmica da área. Em Questão: Revista da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS, v. 9, n. 1, 25-38, 2003.). Neste modelo, o autor traça uma série de critérios intrínsecos e extrínsecos adotados no processo de avaliação do periódico. Com base nesta proposta, Passos et al (2018Passos, Paula Caroline Schifino Jardim; Passos, Jaire Ederson; Caregnato, Sônia Elisa; Silva, Tânia Luisa Koltermann. Critérios de qualidade em periódicos científicos. Informação & Sociedade, v. 28, n. 2, 209-226, 2018.) citam que, dentre os critérios intrínsecos, temos

[o] conteúdo dos artigos, a reputação da instituição publicadora, a composição do conselho editorial ou científico, o sistema de seleção de originais, os autores, a difusão geral ou circulação da revista, a indexação por serviços bibliográficos nacionais ou internacionais, as medidas de citações e o fator de impacto. (Passos et al 2018Passos, Paula Caroline Schifino Jardim; Passos, Jaire Ederson; Caregnato, Sônia Elisa; Silva, Tânia Luisa Koltermann. Critérios de qualidade em periódicos científicos. Informação & Sociedade, v. 28, n. 2, 209-226, 2018.: 213)

Já nos critérios de qualidade extrínsecos encontramos

[a] periodicidade e a regularidade da publicação, o respeito às normas de apresentação e de padronização, o tempo de duração da publicação, a tiragem, a quantidade média de artigos que recebe e que publica em cada fascículo, bem como a correta apresentação gráfica, entre outros. (Passos et al 2018Passos, Paula Caroline Schifino Jardim; Passos, Jaire Ederson; Caregnato, Sônia Elisa; Silva, Tânia Luisa Koltermann. Critérios de qualidade em periódicos científicos. Informação & Sociedade, v. 28, n. 2, 209-226, 2018.: 213)

É com base no modelo geral de critérios de avaliação de periódicos levantado por Stumpf (2003Stumpf, Ida Regina Chitto. Avaliação das revistas de comunicação pela comunidade acadêmica da área. Em Questão: Revista da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS, v. 9, n. 1, 25-38, 2003.) que está inserido o Qualis da C

APES. Considerando estes critérios gerais de avaliação e a Linguística Contrastiva como a área desta pesquisa, interessa-nos analisar, posteriormente, os critérios e as variáveis da área de Letras e Linguística propostos pela CAPES no período quadriênio de 2013 a 2016.

Metodologia

A corrente pesquisa, na busca de cumprir seus objetivos, assumiu um estudo descritivo de natureza bibliográfica. É bastante recorrente na literatura de produção científica a diferenciação entre a técnica bibliográfica e documental de delineamento da pesquisa, especialmente no que diz respeito à natureza da fonte. Enquanto a pesquisa documental lida com materiais que ainda não receberam tratamento analítico, a pesquisa bibliográfica utiliza materiais já publicados (Gil 2002Gil, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisas. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.: 88). Assim, utilizamos uma abordagem quanti-qualitativa para procedermos à discussão a respeito dos dados bibliográficos mapeados. Prodanov (2013Prodanov, Cleber Cristiano; Freitas, Ernani Cesar de. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo: Feevale, 2013.: 128) afirma que a abordagem quantitativa: “Requer o uso de recursos e técnicas de estatísticas”, enquanto a abordagem qualitativa propõe a “interpretação de fenômenos e atribuição de significados”. A contemplação de ambas as abordagens se manifestou nesta pesquisa na medida em que o levantamento quantitativo, no primeiro momento, sustenta a abordagem qualitativa a posteriori. Ainda no âmbito teleológico desta pesquisa, Prodanov (2013) comenta a respeito da demanda de técnicas padronizadas de coletas de dados. Essas técnicas padronizadas percorreram todas as etapas da construção da base de dados de referências bibliográficas referentes à literatura linguística contrastiva no par de línguas Português/Alemão indexadas em bancos de dados brasileiros e europeus (especialmente na Alemanha e em Portugal) durante o período de 1945 a 20196 6 A determinação do início das buscas no ano de 1945 coincide com o início do Curso de Letras Anglo-Germânicas na Universidade de São Paulo (USP). . Outras fontes de busca foram anais de congressos, mapeados manualmente, visto que muitas vezes seus dados não se encontram indexados. O pré-requisito para a incorporação no levantamento é que estas produções apresentem premissas da LC, seja em áreas ditas tradicionais (tais como Fonética e Fonologia, Morfologia, Sintaxe, Semântica, Pragmática) seja em áreas intra7 7 Cf. apresentado por Tekin (2012). e extralinguísticas (Análise do discurso, Estudos sobre Bilinguismo, Letramento, Morfossemântica, Morfossintaxe, Psicolinguística, Sociolinguística, Aquisição da Linguagem, Ensino e Aprendizagem, Lexicologia, bem como Tradução). Estas áreas cumpriram dupla funcionalidade nesta pesquisa, isto é, além de serem usadas como palavras-chave condutoras do processo de busca de dados, também formaram as categorias que nortearam a organização dos dados bibliográficos no software Zotero. Um primeiro movimento desse controle sistemático dos dados foi a elaboração de um Diário de Busca, do qual reproduzimos um trecho no Quadro 1:

Quadro 1
Diário de Busca

O Quadro 1 apresenta excerto da documentação do processo de coleta das referências bibliográficas, no qual a primeira coluna indica a data em que foi feita a busca. Na segunda indicamos a base na qual foi levantada a literatura e na terceira as combinações dos operadores de buscas que auxiliaram a efetividade da coleta. Na quarta coluna, listamos o número total de itens encontrados antes da aplicação de qualquer filtro (critérios temporais, espaciais e temáticos, sendo estes selecionados a partir da leitura do título, do resumo e das considerações finais), elencados na quinta coluna. Por fim, na última coluna, temos o número de trabalhos selecionados para compor a nossa base de dados bibliográfica. É importante acrescentar, ainda, que a combinação da terceira coluna foi feita por meio dos buscadores booleanos, os quais são “usados para recuperação da informação, utilizando os operadores And, Or e Not para refinar ou ampliar os resultados da pesquisa” (Vieira 2014Vieira, Ronaldo. Introdução à teoria geral da biblioteconomia. Rio de Janeiro: Interciência, 2014.: 170).

Segundo Albrecht e Ohira (2000Albrecht, Rogéria Fernandes; Ohira, Maria Lourdes Blatt. Base de dados: metodologia para seleção e coleta de documentos. Revista ACB, v. 5, n. 5, 131-144, 2000.: 132), bases de dados referenciais são as que encaminham o usuário a outras fontes, seja para busca de informações adicionais ou de visualização do texto na íntegra. É esta a base que permite a recuperação da referência (com ou sem o resumo), do acervo e dos dados situados mais específicos. A construção da nossa base de dados, portanto, se deu a partir das buscas em bases de dados de bibliotecas digitais, como a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, a Scielo, o Portal de Periódicos da CAPES, o Google Acadêmico, o Catálogo de Teses e Dissertações, o Repositório de Acesso Aberto da Produção da Universidade de São Paulo, a Modern Language Association, a Elektronische Dokumente Universitätsbibliothek, a Universidade Aberta do Brasil (UAB), a Porbase - Biblioteca Nacional de Portugal, a Universidade de Coimbra, a Bibliography of Linguistic Literature e Bibliographie der deutschen Sprach- und Literaturwissenschaft, bem como, de forma complementar, a busca manual em revistas de associações de professores e/ou pesquisadores e anais de congressos da área de Germanística e Lusitanística, a saber: Revista Projekt, Revista Portuguesa de Estudos Germanísticos (RUNA), Revista Portuguesa de Estudos Alemães (REAL), Revista Lusorama e os Anais dos Congressos da Associação Brasileira de Estudos Germanísticos (ABEG). A busca manual nessas revistas e anais foi necessária por dois motivos: muitos de seus textos não se encontram indexados em bases de dados; a probabilidade de encontrar trabalhos que contemplassem temas de LC envolvendo o par de línguas Português/Alemão. O processo de busca dos dados nas bases e revistas acima listadas, a construção e a indexação no gerenciador de dados bibliográficos Zotero ocorreram durante o período de aproximadamente quatro meses (de novembro de 2020 a março de 2021).

Após a seleção dos trabalhos que contemplaram os critérios dos objetivos da pesquisa, os seus dados bibliográficos foram compilados no software Zotero, ferramenta computacional que auxilia os pesquisadores na busca, no armazenamento e na escrita de referências bibliográficas (Yamakawa et al 2014Yamakawa, Eduardo Kazumi; Kubota, Flavio Issao; Beuren, Fernanda Hansch; Scalvenzi, Lisiane; Cauchick Miguel, Paulo Augusto. Comparativos dos softwares de gerenciamento de referências bibliográficas: Mendley, Endnote e Zotero. TransInformação, Campinas, v. 26, n. 2, 167-176, 2014.: 169). A principal vantagem do software Zotero é sua aquisição gratuita e, tendo em vista o compartilhamento da base de dados com pesquisadores da área, esse critério garante a efetividade no processo de difusão e compartilhamento da base de dados. Além da livre obtenção, Sipriano, Souza e Pereira (2021Sipriano, Flaviana da Silva; Souza, Rebeca Santos de; Pereira, Rogéria Costa. Mapeamento de Estudos da Linguística Contrastiva Português/Alemão: Dados Bibliográficos no Brasil. Pandaemonium Germanicum, São Paulo, v. 24, n. 44, 452-474, 2021.: 462) elencam uma série de benefícios no uso do software: a viabilidade de armazenamento em nuvem; a extensão para diversos navegadores; a dupla versão web e desktop (acesso em vários computadores); a interface em língua portuguesa; a possibilidade de colaboração em grupo; a facilidade de busca de referências duplas e a integração com o processador de texto Word.

A indexação dos dados encontrados nos apresenta uma quantidade expressiva de produções no âmbito da LC Português-Alemão e suas áreas correlatas, produzidas no Brasil e na Europa, especialmente na Alemanha e em Portugal, no período de 1945 a 2019. Foram indexados no Zotero 330 trabalhos, de diferentes tipos de materiais, tais como livros, capítulos de livros, artigos em periódicos acadêmicos, conferências e apresentações (que contemplam tanto os resumos, como os anais de congressos) e trabalhos acadêmicos de conclusão (teses, dissertações e trabalhos de conclusão de curso).

Estes dados bibliográficos serão explorados na próxima seção, na qual apresentamos o levantamento quantitativo e listamos as áreas às quais pertencem os trabalhos identificados. Esse mapeamento quantitativo auxilia a análise qualitativa dos achados em tipo de material veiculado, explorando a sua dimensão extrínseca, a qual diz respeito ao “contexto histórico-social em que esses textos são legitimados como parte de um processo científico e/ou intelectual” (Batista 2019Batista, Ronaldo de Oliveira. Historiografia da linguística. São Paulo: Contexto, 2019.: 11).

Análise de dados

A descrição metodológica nos apresentou alguns dados na dimensão macro e na presente seção, em uma perspectiva mais minuciosa de esquadrinhamento dos dados, analisaremos o levantamento das produções com premissas na área de LC, par de línguas Português-Alemão, encontradas em bases de dados digitais, em periódicos e revistas científicas e em anais de congressos, publicadas no período de 19678 8 A busca compreendeu o período de 1945 a 2019, mas o primeiro trabalho encontrado foi de 1967, da área de tradução e intitulado “Periphrastische Prädikatsformen mit Modalverben im Portugiesischen als Übersetzung von Adverbien und adverbiellen Bestimmungen bei finiten Verben im Deutschen”. a 2019. Em termos quantitativos, 330 trabalhos contemplaram os critérios de busca apresentados na seção Metodologia e constituíram nossa base de dados. O Gráfico 1 apresenta a distribuição dessas produções por áreas correlatas da Linguística Contrastiva Português/Alemão. É importante observar que além do título do trabalho, outro critério adotado para a determinação das áreas dos textos identificados foi a leitura do seu resumo, palavras-chave e conclusão.

Gráfico 1:
Distribuição das produções por área

O Gráfico 1 nos mostra que mais de 45% das produções se concentram nas chamadas “áreas clássicas da Linguística” (Sipriano, Souza e Pereira 2021Sipriano, Flaviana da Silva; Souza, Rebeca Santos de; Pereira, Rogéria Costa. Mapeamento de Estudos da Linguística Contrastiva Português/Alemão: Dados Bibliográficos no Brasil. Pandaemonium Germanicum, São Paulo, v. 24, n. 44, 452-474, 2021.: 461). São elas a Morfologia (37), a Sintaxe (40), a Pragmática (27), a Semântica (28) e a Fonética e Fonologia (18). Outros números que chamam atenção dizem respeito à quantidade de literatura na área da Tradução, pois, considerando a natureza teórica da LC e, nesta pesquisa, o contraste de duas línguas - português e alemão - um número elevado de produções no âmbito da tradução era, até certo ponto, intuído. A pasta Tradução, com 46 produções, apresenta o maior número de trabalhos indexados no software. Outra área que segue o mesmo viés da natureza das línguas em contraste, mas em uma dimensão prática, e que tem um número considerável de produções é a Ensino e Aprendizagem, com 25 trabalhos indexados. Ainda a respeito do tema Ensino e Aprendizagem, Araújo e Uphoff (2019Araújo, Fabiana Reis de; Uphoff, Dörthe. Historiografia de estudos brasileiros sobre o ensino-aprendizagem de alemão como língua estrangeira. In: Uphoff, Dörthe; Leipnitz, Luciane; Arantes, Poliana Coeli Costa; Pereira, Rogéria Costa (Orgs.). Alemão em contexto universitário: ensino, pesquisa e extensão. São Paulo: Humanitas, 2019, 79-102.) realizam levantamento bibliográfico sobre ensino-aprendizagem de Alemão como Língua Estrangeira no Brasil desde a década de 1980.

Vimos que as áreas cumpriram dupla função nesta pesquisa, ao passo que desempenharam o papel de palavras-chaves no processo de busca, também deram título às categorias no software Zotero. É importante apontar, ainda, que uma categoria que não cumpre esta dupla funcionalidade é a categoria de Livros, com 30 produções.9 9 O número total de arquivos que constituem o tipo de material Livro são 34. Todavia, há 4 livros que, diferentemente dos outros 30, são direcionados à área específica da Linguística Contrastiva. Estas outras 30 produções de livros contemplam não uma só uma área, mas reúne várias áreas concomitantemente. Nesta pasta foram indexados tanto os livros que contemplam a Linguística Contrastiva Português/Alemão, assim como livros que reúnem, concomitantemente, produções de várias áreas. Retornaremos ainda a esta informação na sequência, quando apresentamos a distribuição da literatura por tipo de material.

Tipos de publicação

O software Zotero, assim como muitos gerenciadores bibliográficos, contém algumas limitações (Sipriano, Souza e Pereira 2021Sipriano, Flaviana da Silva; Souza, Rebeca Santos de; Pereira, Rogéria Costa. Mapeamento de Estudos da Linguística Contrastiva Português/Alemão: Dados Bibliográficos no Brasil. Pandaemonium Germanicum, São Paulo, v. 24, n. 44, 452-474, 2021.: 460), a partir das quais elaboramos adaptações mais eficazes para o êxito na construção da base de dados. Uma dessas limitações diz respeito à criação de uma pasta para a categoria Livro, a fim de contemplar as obras de multiáreas. A distribuição das produções por tipo de material é apresentada no Gráfico 2, no qual visualizamos, ainda, que há no total 34 livros. Destes 30 contêm, simultaneamente, produções de várias áreas e não somente versam sobre a LC, ao passo que outros quatro contemplam, majoritariamente, uma das áreas da LC.

Gráfico 2:
Distribuição das produções por tipo de material

O Gráfico 2 nos mostra predominância do gênero acadêmico Artigo de Periódico nas publicações identificadas, com 127 itens (38,5%) da produção total indexada na base de dados. Dos 330 arquivos que compõem a base de dados, 18,5% são Teses (de Doutorado, Dissertações de Mestrado e Trabalhos de Conclusão de Curso), 16,4% são Capítulos de livros, 10,3% representam os próprios livros em sua integralidade, 7,3% são as Apresentações em Eventos e Congressos e, enfim, os 9,1% das produções restantes são Conferências.

Artigo de Periódico

Ao traçarmos um paralelo da natureza de cada material, conseguimos separá-los em dois grupos. O primeiro grupo é composto por materiais cuja produção costuma cumprir um protocolo institucional, seja a obtenção de certificado ou de título, como as Teses ou Dissertações, e apresentações orais ou conferências em eventos acadêmicos. O segundo grupo de materiais é aquele que reúne um tipo de material per se e cuja natureza não está a serviço do cumprimento de protocolo de alguma instituição. Neste grupo temos os livros, os capítulos de livros e os artigos de periódicos.

Neste segundo grupo, dos livros, dos capítulos de livros e dos artigos de periódicos, podemos observar a predominância numérica dos artigos em relação aos livros e, consequentemente, aos capítulos de livros. Em um primeiro momento, podemos associar essa concentração considerável da comunicação científica por meio de Artigos de Periódicos à afirmativa de Targino (2000Targino, Maria das Graças. Comunicação científica: uma revisão de seus elementos básicos. Informação e Sociedade: Estudos, v. 10, n. 2, 1-27, 2000.: 51), na qual o periódico “persiste como instrumento de atualização indispensável em qualquer profissão e provoca impactos significativos no fluxo da informação científica e tecnológica” (grifo das autoras). Conversando ainda com a proposta de Targino (2000), Matte e Araújo (2012Matte, Ana Cristina Fricke; Araújo, Adelma. A importância da escrita acadêmica na formação do jovem pesquisador. In: Moura, Maria Aparecida (Org.). Educação científica e cidadania: abordagem teóricas e metodológicas para a formação de pesquisadores juvenis. Belo Horizonte: UFMG/PROEX, 2012, 97-110.) traçam um paralelo entre a produção de livros e a produção de artigos. Os autores apontam que o artigo costuma ter um tamanho relativamente curto, considerando que as revistas científicas distribuem suas páginas para a apresentação do maior número de pesquisas possíveis dentro de suas políticas de publicação. O tamanho também reflete diretamente na agilidade da divulgação científica, uma vez que o leitor consegue apropriar-se das discussões com pouco tempo de leitura.

Outro fator que também distingue os dois tipos de obra é a celeridade de publicação: “O artigo permite publicar com agilidade um resultado específico que será valorizado no contexto histórico apropriado” (Matte e Araújo 2012Matte, Ana Cristina Fricke; Araújo, Adelma. A importância da escrita acadêmica na formação do jovem pesquisador. In: Moura, Maria Aparecida (Org.). Educação científica e cidadania: abordagem teóricas e metodológicas para a formação de pesquisadores juvenis. Belo Horizonte: UFMG/PROEX, 2012, 97-110.: 100). Ou seja, os artigos são essenciais na consolidação da área da LC já que contribuem diretamente para a atualização e o fluxo da informação científica da área.

O processo de publicação de uma produção científica perpassa pela seleção do veículo no qual ela será indexada. No caso dos artigos de periódicos, há uma série de critérios que os autores utilizam no processo de seleção da revista acadêmica na qual desejam publicar. Em um levantamento feito por Targino (2000Targino, Maria das Graças. Comunicação científica: uma revisão de seus elementos básicos. Informação e Sociedade: Estudos, v. 10, n. 2, 1-27, 2000.), dois principais critérios mapeados são a afinidade temática e o prestígio do periódico. Estes dois critérios também são apontados por Oliveira e Sousa (2020Oliveira, Mariana Paranhos de; Sousa, Rodrigo Silva Caxias de. Motivações e critérios para publicação de artigos científicos. Informação em Pauta, Fortaleza, v. 5, n. 1, 54-73, 2020.: 70) ao afirmar que “os critérios que condicionam a busca de informação em relação a [sic] escolha do periódico científico a ser publicado o artigo calcam-se nos elementos concernentes à visibilidade do canal (Fator de Impacto do periódico) e as [sic] temáticas do periódico”. De posse dessas informações, interessa-nos, neste primeiro momento, observar as revistas que veicularam os artigos periódicos da área de LC Português-Alemão, o que apresentamos no Gráfico 3:

Gráfico 3:
Concentração dos artigos por revista

O Gráfico 3 nos mostra a distribuição dos artigos de periódicos em suas respectivas revistas e, em um primeiro momento, podemos ver que há, na verdade, uma descentralização de produções distribuídas em várias revistas; fenômeno este já mencionado por Passos et al (2018Passos, Paula Caroline Schifino Jardim; Passos, Jaire Ederson; Caregnato, Sônia Elisa; Silva, Tânia Luisa Koltermann. Critérios de qualidade em periódicos científicos. Informação & Sociedade, v. 28, n. 2, 209-226, 2018.: 10-11). São 68 artigos de periódicos em 4910 10 ALFA; Ao Pé da Letra; Beiträge zur romanischen Philologie; Biblos; Cadernos de Tradução; Contingentia; D.E.L.T.A; Deutscher Germanisten-Verband. Mitteilungen des Deutschen Germanistenverbandes; Domínios de Linguagem; Estudios Filológicos Alemanes; Grazer linguistische Studien; Iberoromania; Informationen Deutsch als Fremdsprache; Intercultural Pragmatics; Interdisciplinary Journal for Germanic Linguistics and Semiotic Analysis; International Review of Applied Linguistics in Language Teaching; Journal of Pragmatics; Journal of Sociolinguistics; Kodikas, Code; Language and Speech; Lebende Sprachen; Letrônica; Linguistic typolog; Linguistica Antverpiensia; Linguistische Studien; Linha D'água; Máthesis; Metaphor and symbol; Organon; Polissema; Probus; Proverbium: Yearbook of International Proverb Scholarship; Revista Brasileira de Linguística Aplicada; Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia; Revista de Letras; Revista Diacrítica; Revista Linguística; Revista Portuguesa de Filologia; Sprachwissenschaft; Trabalhos em linguística aplicada; Transversal; UniLetras; Wissenschaftliche Zeitschrift der Humboldt-Universität zu Berlin; Wissenschaftliche Zeitschrift der Karl-Marx-Universität Leipzig; Working Papers em Linguística; Zeitschrift für angewandte Linguistik; Zeitschrift für romanische Philologie; Zielsprache Deutsch. revistas, ou seja, muitas revistas não contêm mais de um artigo da área produzido durante os anos de 1967 a 2019. Em sentido oposto, temos também quatro revistas que concentram um número expressivo de artigos de periódicos: Pandaemonium Germanicum (29 artigos), Lusorama (14 artigos), Projekt (9 artigos) e Runa (7). Considerando o critério de afinidade temática, três das revistas são da área de Germanística e uma da Lusitanística (Lusorama). Podemos analisar, portanto, um paralelo entre as quatro revistas quanto a sua visibilidade e prestígio na comunidade científica, assim como observado por Targino (2000Targino, Maria das Graças. Comunicação científica: uma revisão de seus elementos básicos. Informação e Sociedade: Estudos, v. 10, n. 2, 1-27, 2000.: 10) e Oliveira e Sousa (2020Oliveira, Mariana Paranhos de; Sousa, Rodrigo Silva Caxias de. Motivações e critérios para publicação de artigos científicos. Informação em Pauta, Fortaleza, v. 5, n. 1, 54-73, 2020.: 57).

A divulgação dos resultados de pesquisas por meio dos periódicos científicos é determinante para o desenvolvimento e a consolidação de qualquer área de pesquisa e não seria diferente com a LC. Um primeiro movimento importante de análise do prestígio das revistas é o fator de impacto de cada uma das revistas que concentram um maior número de produção da área durante o período de 1967 a 2019. Um índice básico de demonstração do fator de impacto é o Qualis, que consultamos na Plataforma Sucupira e na qual constatamos ser o último período de classificação dos periódicos no quadriênio 2013-2016. Essa informação apresentamos no Quadro 2:

Quadro 2:
Fator de impacto (Qualis)

O Quadro 2 apresenta o Qualis das quatro revistas identificadas com o maior número de publicações da LC Português/Alemão. A classificação de prestígio do Qualis na segunda coluna está ordenada em ordem decrescente, isto é, da revista de maior prestígio para a de menor prestígio. Dessas quatro revistas, duas são brasileiras (Pandaemonium Germanicum e Projekt), uma portuguesa (Runa) e uma alemã (Lusorama). Considerando a concentração de artigos, a Runa é a revista com menos artigos (sete), seguida pela Projekt (nove), tendo ambas o Qualis B3. Temos ainda o periódico Lusorama, de Qualis B2, com ao todo 14 artigos, e a revista Pandaemonium Germanicum com mais que seu dobro de artigos (29) e Qualis A1.

Com a intenção de traçarmos uma perspectiva qualitativa sobre esses dados quantitativos, reunimos os critérios para indexação de periódicos no fator Qualis pertinentes a esta pesquisa no Quadro 3.

Quadro 3
Critérios Qualis/CAPES de classificação de periódico por estratos (2013-2016) na área de Letras e Linguística

No Quadro 3 apresentamos quatro critérios distintivos (de um total de sete) entre os três estratos da Qualis (A1, B2 e B3), os quais podem ser detalhados da seguinte maneira:

  • a) Diversidade institucional dos autores: o periódico científico de nível A1 apresenta uma maior heterogeneidade tanto de produção por instituições diferentes (A1 - 80%, B2 - 65% e B3 - 60%), quanto um número maior de diversidade institucional (A1 - 5 instituições; B2 e B3 - 3 instituições);

  • b) Conselho editorial: iguais para os periódicos A1 e B2; o periódico de nível B3 não precisa ter um conselho editorial de pesquisadores internacionais;

  • c) Indexação (ainda seguindo a linha geográfica) diz respeito ao compromisso com o processo de divulgação científica em bases nacionais e internacionais (A1), em base nacional e internacional desde 2015 (B2). Já o nível B3 não precisa cumprir este critério;

  • d) Política de publicação plurilíngue: somente o nível A1 se compromete a aderir a esse critério que contempla o processo de expansão do conhecimento científico, no qual o periódico coloca à disposição artigos em outra língua que o português e conta com a participação de pesquisadores estrangeiros com reconhecida importância para a área.

Após a visualização dos critérios estabelecidos pela CAPES, podemos compreender que estes fatores contribuem para o número de produções e, consequentemente, para a consolidação e reconhecimento da revista na comunidade científica. A respeito da continuidade e da descontinuidade de publicação, o Gráfico 4 nos mostra como se dá esse fator nas quatro revistas aqui analisadas:

Gráfico 4:
Cronologia das publicações nas principais revistas

O Gráfico 4 demonstra a cronologia dos artigos mapeados nas quatro revistas analisadas e podemos visualizar como funciona a periodicidade desses em relação à revista que os veicula. Integrando essa informação ao fator de impacto, tentamos esclarecer como esses critérios podem contribuir para a consolidação da revista na área. Vemos no Gráfico 4 que a revista Runa, com sete publicações e Qualis B3, alcança um pico de publicações na área da LC no ano de 1996, número que não consegue ser mantido nos anos posteriores. Em 2001 há um novo crescimento, mas só com uma publicação, e depois disso não encontramos mais nenhuma produção da área. A revista Lusorama, mesmo tendo Qualis B2 e 14 artigos, não consegue manter a continuidade de produções na área da LC a partir de 2009. Importante aqui informar que essas duas revistas tiveram suas publicações descontinuadas em 2003 e 2016, respectivamente.

Uma continuidade na publicação é encontrada, entretanto, na revista Projekt, de Qualis B3 e com nove artigos indexados, no período de 1989 a 2019. Já a revista Pandaemonium Germanicum, de Qualis máximo alcançável (A1), por sua vez, apresenta 29 artigos e uma regularidade de produções na área, assim como também é a revista com uma linha de tendência crescente no número de trabalhos, como podemos observar a partir de 2018. Diante desses números, resolvemos explorar mais detalhadamente essa última revista, o que é feito na próxima seção.

Pandaemonium Germanicum

Vimos que a Pandaemonium Germanicum é a revista que concentra um maior número de artigos de periódicos da área de linguística contrastiva publicados conforme nosso recorte temporal de 1945 a 2019. Em uma perspectiva macro temos a temática, a visibilidade da revista, seu fator de impacto e sua continuidade atuando como fatores na sua consolidação como veículo de artigos da área de LC Alemão/Português. Já em uma proposta minuciosa, podemos visualizar outro fator que fortalece a revista e, consequentemente, justifica o número expressivo de publicações na área da LC. No Gráfico 5 exploramos a produção por área das publicações na revista Pandaemonium Germanicum e indexadas no software Zotero.

Gráfico 5:
Revista Pandaemonium Germanicum e sua produção de artigo por área

Assim como no Gráfico 1, no qual apresentamos o número de publicações por área intra ou extralinguística (Tekin 2012Tekin, Özlem. Grundlagen der Kontrastiven Linguistik in Theorie und Praxis. Tübingen: Stauffenburg, 2012.: 98), os dados da distribuição dos artigos por área na Pandaemonium Germanicum nos mostram um número considerável de publicações na área de Tradução, o que, diante a natureza da disciplina, é esperado. Na revista Pandaemonium Germanicum temos uma concentração parcial das pesquisas nas áreas clássicas da Linguística, visto que nem todas são contempladas com produções. Podemos dizer que as áreas clássicas que concentram artigos são aquelas de cunho formalista da língua: a Fonética e Fonologia (cinco), a Morfologia (quatro) e a Sintaxe (três). Já as que não contemplam nenhum trabalho são as de cunho funcionalista, como a Semântica e a Pragmática.

Apresentado este breve paralelo, podemos começar a esquadrinhar e retornar aos critérios estabelecidos pela CAPES a revistas de nível A1, analisando como lida a Pandaemonium Germanicum com essas exigências. Pensando, então, na diversidade institucional como fator que contribui para a consolidação da revista e seu respectivo reconhecimento pela comunidade científica, temos o aspecto geográfico dos autores dos artigos publicados. Aqui nos referimos à produção doméstica e à não-doméstica, como definido por Miranda e Pereira (1996Miranda, Dely Bezerra de; Pereira, Maria de Nazaré Freiras. O periódico científico como veículo de comunicação: uma revisão de literatura. Ciência da Informação, v. 25, n. 3, 375-382, 1996.: 380), que esclarecem ser doméstica a produção de autores da mesma instituição da revista. Consequentemente, a não-doméstica se refere às publicações de autores de outras instituições. Este fator é importante para confirmarmos a visibilidade da revista na comunidade científica, uma vez que um periódico reconhecido costuma ser requerido por pesquisadores de diferentes origens. O Gráfico 6 apresenta a natureza dos artigos da área de LC, indexados na nossa base de dados, quanto a sua domesticidade ou não-domesticidade:

Gráfico 6
Domesticidade dos artigos da revista Pandaemonium Germanicum

Através do Gráfico 6 visualizamos uma distribuição bastante equilibrada de artigos domésticos e não-domésticos, fator que influencia diretamente na visibilidade da revista na comunidade científica. Antes de explorarmos mais detalhadamente esses dados, precisamos pontuar que o levantamento não contempla somente uma edição de revista, mas sim uma série de 29 artigos que, seguindo todos critérios de inclusão e exclusão da proposta da corrente pesquisa, foram indexados na nossa base de dados. Ainda assim, temos 55,2% dos artigos de autores da Universidade de São Paulo, o que é esperado diante do próprio reconhecimento local. Há um número expressivo de produções não-domésticas, treze artigos, considerando o critério de seleção dos artigos por área, pelos aspectos históricos e geográficos. A política de publicações plurilíngues, exigência para o Qualis A1, é atendida por produções de autores brasileiros e estrangeiros, fato que, considerando a área da LC do par de línguas Português/Alemão, era igualmente esperado. Dentre os artigos não-domésticos, temos produções nacionais (de pesquisadores dos estados de Santa Catarina, Minas Gerais, Ceará, Paraíba e Rio de Janeiro) e produções internacionais (pesquisadores das cidades de Stuttgart, Mannheim, Heidelberg, Stockholm e Roma). Essa informação nos permite traçar um paralelo entre duas informações disponíveis no sítio da revista na Scielo:

Figura 2
Revista Pandaemonium Germanicum: distribuição de autores por países filiados

Figura 3
Artigos da área de Linguística Contrastiva publicados na revista Pandaemonium Germanicum durante o período de 1945 a 2019: distribuição de autores por países filiados

O paralelo entre as duas figuras nos permite visualizar a transposição do gráfico geral da revista Pandaemonium Germanicum no gráfico mais específico das limitações propostas nesta pesquisa. No âmbito integralmente geográfico, temos 22 artigos nacionais, de autores de instituições brasileiras e os outros sete artigos internacionais, dos quais cinco são artigos de autores de instituições alemãs, um de autor de instituição sueca e outro autor de instituição italiana. Esse mapeamento caracteriza o direcionamento adotado pela revista em disponibilizar os artigos brasileiros em outras línguas, assim como em expandir suas produções à participação de pesquisadores estrangeiros com reconhecida importância para a área.

Conforme um dos objetivos traçados para a pesquisa, colocamos à disposição de discentes, pesquisadores e docentes da área de Germanística os dados bibliográficos levantados e aqui analisados, assim como realizado por Sipriano, Souza e Pereira (2021Sipriano, Flaviana da Silva; Souza, Rebeca Santos de; Pereira, Rogéria Costa. Mapeamento de Estudos da Linguística Contrastiva Português/Alemão: Dados Bibliográficos no Brasil. Pandaemonium Germanicum, São Paulo, v. 24, n. 44, 452-474, 2021.). O acesso às informações é realizado através do Zotero web, por meio do site <https://www.zotero.org/>. Nesse endereço basta procurar o grupo “LingContraPA_2” (no link “Groups”) e logo se pode ter acesso aos 330 dados bibliográficos dos trabalhos mapeados. Esperamos com isso disseminar resultados de pesquisas que possam dar suporte a outras investigações e, desse modo, contribuir para o intercâmbio e a consolidação da área.

Conclusão

Seguindo a proposta de Blühdorn (2005Blühdorn, Hardarik. Forschungsstand und Perspektiven der kontrastiven Linguistik Portugiesisch-Deutsch. In: Fischer, Eliana; Glenk, Eva; Meireles, Selma (Orgs.). Blickwechsel: Akten des XI. Lateinamerikanischen Germanistenkongresses. São Paulo: Edusp/Monferrer Produções, 2005, 155-160.) e buscando ampliar o mapeamento de Sipriano, Souza e Pereira (2021Sipriano, Flaviana da Silva; Souza, Rebeca Santos de; Pereira, Rogéria Costa. Mapeamento de Estudos da Linguística Contrastiva Português/Alemão: Dados Bibliográficos no Brasil. Pandaemonium Germanicum, São Paulo, v. 24, n. 44, 452-474, 2021.), este trabalho tencionou a concentração de informações das produções da área de LC, par de línguas Português/Alemão, publicadas durante o período de 1945 a 2019 em bases de dados nacionais e europeias, bem como em cadernos de resumos e anais de congressos.

A pesquisa mapeou 330 trabalhos que contemplavam os critérios de busca e, a partir desses achados, foi traçada uma análise quanti-qualitativa. Um dado inicial diz respeito à concentração de 45% dos trabalhos nas áreas consideradas “clássicas” da Linguística (Fonética e Fonologia, Sintaxe, Semântica, Morfologia e Pragmática), enquanto as outras produções se dispersam em outras 11 áreas correlatas à LC, com destaque para a área de Tradução, que reúne sozinha 46 produções.

Esquadrinhando ainda esse dado inicial, verificamos que dos 330 trabalhos encontrados, 127 são artigos de periódicos. Gênero este que, devido a sua agilidade de circulação e seu impacto na sociedade, é um dos mais reconhecidos e usados pela comunidade científica (Matte e Araújo 2012Matte, Ana Cristina Fricke; Araújo, Adelma. A importância da escrita acadêmica na formação do jovem pesquisador. In: Moura, Maria Aparecida (Org.). Educação científica e cidadania: abordagem teóricas e metodológicas para a formação de pesquisadores juvenis. Belo Horizonte: UFMG/PROEX, 2012, 97-110.). É válido apontar, porém, que 59 dos 127 artigos concentram-se em quatro periódicos (Pandaemonium Germanicum, Lusorama, Projekt e Runa), enquanto os demais trabalhos se dispersam em outras 49 revistas. Consideramos que essa concentração se justifica tanto pelo seu reconhecimento junto à comunidade científica assim como pelo fator de impacto, especialmente, no contexto brasileiro, o Qualis/CAPES.

A consideração acima fica ainda mais evidente quando visualizamos que, das quatro revistas com maior número de produções, a com maior concentração de produção (29 artigos) é a Pandaemonium Germanicum, com o fator de impacto Qualis A1. Nesse sentido, vimos que ela é a revista que mais se aproxima dos critérios de qualificação propostos pela Capes (2016b): (i) Diversidade institucional dos autores, ii) Conselho editorial, iii) Indexação e iv) Política de publicação plurilíngue. Ao observarmos a adequação da revista aos critérios de classificação, concluímos que uma série de atributos contribuem para sua classificação A1: o número de produções advindas de instituições diferentes, como vimos no caso da domesticidade; sua política de internacionalização, determinante para seu reconhecimento entre os pares; seu impacto na comunidade científica e na sociedade e, consequentemente, sua continuidade no meio científico.

Esta pesquisa, além de trazer contribuições na área da Germanística, também se propõe a otimizar o trabalho de busca dos pares, que normalmente têm uma rotina árdua no Brasil, já que são, ao mesmo tempo, pesquisadores e docentes. Para além do compartilhamento dos dados indexados, vislumbramos ser possível outras inúmeras investigações qualitativas a partir do seu uso. Outra possibilidade para a continuação desse mapeamento e análise é a extensão a outras bases, cadernos e anais de congressos da área, mudanças nos critérios de buscas, bem como a inclusão de pesquisas mais recentes dos últimos anos (2020 e 2021). Projetamos, ainda, como desdobramento da corrente pesquisa a construção de um repositório para abrigar os dados com as produções encontradas, em um site institucional aberto e acessível à comunidade, indo além da indexação dos dados em um gerenciador de referências.

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  • 3
    A Linguística Contrastiva ganha força a partir do movimento estruturalista do Círculo Linguístico de Praga (doravante CLP) de 1926. Na literatura é apresentada a dicotomia estruturalista e funcionalista da CLP, mas nossa proposta é situar a gênese da Linguística Contrastiva. Schmitz (1988: 9) aponta, inclusive, Vilém Mathesius (1882-1945), fundador e primeiro presidente do CLP, como o precursor da Análise Contrastiva.
  • 4
    Texto original: “Im Rahmen dieser Arbeit wird Kontrastive Linguistik als eine Unterdisziplin der Sprachwissenschaft verstanden, die anhand unterschiedlicher vergleichender Methoden interlinguale Gemeinsamkeiten, Ähnlichkeiten und Unterschiede aufzudecken versucht. Der Gegenstand dieser Untersuchungen umfasst dabei sowohl Sprachmittel als auch Sprachzwecke und bezieht dabei auch kulturelle Aspekte der Sprache mit ein. Die Ziele der KL können inner- und außerlinguistischer Natur sein, wobei Letzteres eine interdisziplinäre Zusammenarbeit voraussetzt. Der hier gemeinte Sprachvergleich wird als Zweig sowohl der theoretischen als auch der angewandten Linguistik aufgefasst“. (Tekin 2012: 68).
  • 5
    A discussão apresentada nessa seção a respeito da comunicação científica foi feita, especialmente, a partir das propostas de Targino (2000) e Valério e Pinheiro (2008).
  • 6
    A determinação do início das buscas no ano de 1945 coincide com o início do Curso de Letras Anglo-Germânicas na Universidade de São Paulo (USP).
  • 7
    Cf. apresentado por Tekin (2012).
  • 8
    A busca compreendeu o período de 1945 a 2019, mas o primeiro trabalho encontrado foi de 1967, da área de tradução e intitulado “Periphrastische Prädikatsformen mit Modalverben im Portugiesischen als Übersetzung von Adverbien und adverbiellen Bestimmungen bei finiten Verben im Deutschen”.
  • 9
    O número total de arquivos que constituem o tipo de material Livro são 34. Todavia, há 4 livros que, diferentemente dos outros 30, são direcionados à área específica da Linguística Contrastiva. Estas outras 30 produções de livros contemplam não uma só uma área, mas reúne várias áreas concomitantemente.
  • 10
    ALFA; Ao Pé da Letra; Beiträge zur romanischen Philologie; Biblos; Cadernos de Tradução; Contingentia; D.E.L.T.A; Deutscher Germanisten-Verband. Mitteilungen des Deutschen Germanistenverbandes; Domínios de Linguagem; Estudios Filológicos Alemanes; Grazer linguistische Studien; Iberoromania; Informationen Deutsch als Fremdsprache; Intercultural Pragmatics; Interdisciplinary Journal for Germanic Linguistics and Semiotic Analysis; International Review of Applied Linguistics in Language Teaching; Journal of Pragmatics; Journal of Sociolinguistics; Kodikas, Code; Language and Speech; Lebende Sprachen; Letrônica; Linguistic typolog; Linguistica Antverpiensia; Linguistische Studien; Linha D'água; Máthesis; Metaphor and symbol; Organon; Polissema; Probus; Proverbium: Yearbook of International Proverb Scholarship; Revista Brasileira de Linguística Aplicada; Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia; Revista de Letras; Revista Diacrítica; Revista Linguística; Revista Portuguesa de Filologia; Sprachwissenschaft; Trabalhos em linguística aplicada; Transversal; UniLetras; Wissenschaftliche Zeitschrift der Humboldt-Universität zu Berlin; Wissenschaftliche Zeitschrift der Karl-Marx-Universität Leipzig; Working Papers em Linguística; Zeitschrift für angewandte Linguistik; Zeitschrift für romanische Philologie; Zielsprache Deutsch.
  • A presente pesquisa foi realizada com apoio parcial da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Nov 2022
  • Data do Fascículo
    Jan-Apr 2023

Histórico

  • Recebido
    23 Nov 2021
  • Aceito
    18 Fev 2022
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