Acessibilidade / Reportar erro

Empreendedorismo e educação empreendedora no contexto da pós-graduação em enfermagem

RESUMO

Objetivo

Compreender o empreendedorismo e a educação empreendedora no contexto da pós-graduação em enfermagem.

Método

Estudo qualitativo, do tipo Teoria Fundamentada nos Dados. A amostragem teórica foi composta por 15 estudantes de mestrado e doutorado e sete docentes de um programa de pós-graduação em enfermagem de uma Universidade do sul do Brasil. Realizaram-se entrevistas individuais entre agosto/2018 e fevereiro/2019 em local definido pelos participantes, em geral a Universidade. Os dados foram coletados e analisados simultaneamente por codificação inicial e focalizada.

Resultados

Emergiram três categorias e 11 subcategorias que, interrelacionadas, representaram o fenômeno “Vislumbrando o empreendedorismo e a educação empreendedora na pós-graduação em enfermagem”.

Conclusão

O empreendedorismo e a educação empreendedora, no contexto da pós-graduação em enfermagem, foram compreendidos como processos incipientes e promissores. Nesse sentido, é preciso que se intensifiquem estudos para demostrar as possibilidades empreendedoras da área.

Palavras-chave
Empreendedorismo; Enfermagem; Educação em enfermagem; Educação de pós-graduação em enfermagem; Política de inovação e desenvolvimento

ABSTRACT

Objective

To understand entrepreneurship and entrepreneurial education in the context of postgraduate nursing.

Method

Qualitative study based on Grounded Theory. The theoretical sample consisted of 15 master’s and doctoral students and seven professors from a postgraduate nursing program at a university in southern Brazil. Individual interviews were conducted between August/2018 and February/2019 in a location defined by the participants, in general the University. The data were collected and analyzed simultaneously by initial and focused coding.

Results

Three categories and 11 subcategories emerged that, interrelated, represented the phenomenon “Glimpsing entrepreneurship and entrepreneurial education in postgraduate nursing”.

Conclusion

Entrepreneurship and entrepreneurial education, in the context of postgraduate nursing, were understood as incipient and promising processes. In this sense, it is necessary to intensify studies to demonstrate the entrepreneurial possibilities of the area.

Keywords
Entrepreneurship; Nursing; Education nursing; Education nursing graduate; Innovation and development policy

RESUMEN

Objetivo

Comprender el emprendimiento y la educación emprendedora en el contexto del posgrado de enfermería.

Método

Estudio cualitativo basado en la Teoría Fundamentada. La muestra teórica estuvo compuesta por 15 estudiantes de maestría y doctorado y siete profesores de un programa de posgrado en enfermería de una Universidad del sur de Brasil. Las entrevistas individuales se realizaron entre agosto/2018 y febrero/2019 en un lugar definido por los participantes, en general la Universidad. Los datos se recopilaron y analizaron simultáneamente mediante codificación inicial y enfocada.

Resultados

Surgieron tres categorías y 11 subcategorías que, interrelacionadas, representaron el fenómeno “Vislumbrando el emprendimiento y la educación emprendedora en los posgrados de enfermería”.

Conclusión

El emprendimiento y la educación emprendedora, en el contexto del posgrado de enfermería, fueron entendidos como procesos incipientes y prometedores. En este sentido, es necesario intensificar los estudios para demostrar las posibilidades emprendedoras de la zona.

Palabras clave
Emprendimiento; Enfermería; Educación en enfermería; Educación de postgrado en enfermería; Política de innovación y desarrollo.

INTRODUÇÃO

Diversas são as mudanças no mercado de trabalho em enfermagem no Brasil e no mundo. O desemprego e o subemprego têm assombrado cada vez mais a profissão, mostrando aos profissionais que é preciso se reinventar11. Machado MH, Oliveira E, Lemos W, Lacerda WF, Aguiar Filho W, Wermelinger M, et al. Mercado de trabalho da enfermagem: aspectos gerais. Enferm Foco. 2015;6(1/4):43-78. doi: https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016.v7.nESP.691
https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016....
. Por longos anos, a Enfermagem tem sido retratada, por seus pares, colegas da saúde e pela sociedade em geral, como uma profissão desvalorizada socialmente, que ganha pouco e que se doa muito. A Enfermagem, no entanto, ocupa espaço e função relevante na sociedade, mas para visibilizá-la como tal, é preciso (re)pensar a forma que se ensina e se aprende, no sentido de fomentar uma nova cultura, por meio da educação que transforma22. Albuquerque CP, Ferreira JS, Brites G. Educação holística para o empreendedorismo: uma estratégia de desenvolvimento integral, de cidadania e cooperação. Rev Bras Educ. 2016;21(67):1033-56. doi: http://doi.org/10.1590/S1413-24782016216752
http://doi.org/10.1590/S1413-24782016216...
. A educação empreendedora tem, portanto, papel de destaque na desconstrução do paradigma atual de mercado de trabalho da enfermagem e na reconstrução de uma nova cultura, a cultura do empreendedorismo.

Além dessas constatações, a educação empreendedora é importante para o desenvolvimento de uma nação, como fator gerador de renda. No que se refere ao Brasil, a educação empreendedora poderá ampliar o número de jovens inovadores com ideias novas e transformadoras33. Silva JF, Patrus R. O “bê-á-bá” do ensino em empreendedorismo: uma revisão da literatura sobre os métodos e práticas da educação empreendedora. REGEPE. 2017;6(2):372-401. Doi: http://doi.org/10.14211/regepe.v6i2.563
http://doi.org/10.14211/regepe.v6i2.563...
. A educação empreendedora não está somente relacionada à educação para a criação de uma empresa ou para a atividade autônoma, mas relaciona-se, também, à educação para o desenvolvimento pessoal e social44. Oliveira AGM, Melo MCOL, Muylder CF. Educação empreendedora: o desenvolvimento do empreendedorismo e inovação social em instituições de ensino superior. RAD. 2016;18(1):29-56. doi: http://doi.org/10.20946/rad.v18i1.12727
http://doi.org/10.20946/rad.v18i1.12727...
.

A educação empreendedora não consiste, apenas, em estimular a abertura de novos negócios, mas também no ensino de atitudes humanas e solidárias, capazes de exercer um comportamento empreendedor, transformando a sua realidade e a de quem o circunda. Assim, nessa concepção, o empreendedorismo abrange também atitudes de transformação no trabalho, nas relações interpessoais, na articulação de saberes, na busca pela autonomia e pela liberdade, que pode sim repercutir na abertura de um negócio, no protagonismo social, ou em uma postura proativa frente à vida55. Caggy RC, Lago OS. Educação empreendedora: do que estamos falando? Rev Form. 2016 [cited 2020 Nov 11];9(6):28-31. Available from: https://seer-adventista.com.br/ojs3/index.php/formadores/article/view/790/637
https://seer-adventista.com.br/ojs3/inde...
.

A educação empreendedora pode, também, ser analisada pelo olhar da pedagogia. Nessa perspectiva, ascendem-se movimentos que visam romper com a formação tradicional das instituições de ensino, com foco, apenas, no mercado de trabalho formal. Dessa forma, a educação empreendedora tem como ênfase o processo de aprender a aprender, a apropriação do aprendizado pelo estudante, o professor como mediador da aprendizagem, a partir de estratégias prospectivas não-lineares66. Schaefer R, Minello IF. Educação empreendedora: premissas, objetivos e metodologias. RPCA. 2016;10(3):60-81. doi: http://doi.org/10.12712/rpca.v10i3.816
http://doi.org/10.12712/rpca.v10i3.816...
-77. Backes DS, Erdmann AL. Formação do enfermeiro pelo olhar do empreendedorismo social. Rev Gaúcha Enferm. 2009 [cited 2020 Nov 11];30(2):242-8. Available from: https://seer.ufrgs.br/rgenf/article/view/7252/6681
https://seer.ufrgs.br/rgenf/article/view...
.

A educação empreendedora pode ser estimulada desde o início da aprendizagem, portanto, pode ser desenvolvida desde a escola88. Nazareth CCN, Souza RM, Leite LL, Coqueiro SP. Entrepreneurial education: as a human development tool. Revista UniAraguaia. 2016 [cited 2020 Nov 11];9(9):260-79. Available from: http://www.faculdadearaguaia.edu.br/sipe/index.php/REVISTAUNIARAGUAIA/article/view/491/pdf_46
http://www.faculdadearaguaia.edu.br/sipe...
. Reafirma-se, assim, a importância das instituições de nível superior de aprimorar e/ou desenvolver lacunas, a partir de um ensino que valorize o desenvolvimento humano, social e de negócios. Acredita-se, portanto, que a universidade possui papel fundamental e imprescindível no fomento da educação empreendedora em nível de graduação e, sobretudo, em nível de pós-graduação44. Oliveira AGM, Melo MCOL, Muylder CF. Educação empreendedora: o desenvolvimento do empreendedorismo e inovação social em instituições de ensino superior. RAD. 2016;18(1):29-56. doi: http://doi.org/10.20946/rad.v18i1.12727
http://doi.org/10.20946/rad.v18i1.12727...
,66. Schaefer R, Minello IF. Educação empreendedora: premissas, objetivos e metodologias. RPCA. 2016;10(3):60-81. doi: http://doi.org/10.12712/rpca.v10i3.816
http://doi.org/10.12712/rpca.v10i3.816...
,99. Santos JLG, Bolina AF. Empreendedorismo na enfermagem: uma necessidade para inovações no cuidado em saúde e visibilidade profissional. Enferm Foco. 2020;11(2):4-5. doi: https://doi.org/10.21675/2357-707X.2020.v11.n2.4037
https://doi.org/10.21675/2357-707X.2020....
. Ressalta-se o compromisso da pós-graduação em enfermagem com o desenvolvimento de investigações que contribuam com inovações para a transformação da prática profissional1010. Guimarães GL, Mendoza IYQ, Corrêa AR, Ribeiro EG, Guimarães MO, Chianca TCM. A proposed evaluation of postgraduate nursing according to Thomas Kuhn. Texto Contexto Enferm. 2020;29:e20190090. doi: https://doi.org/10.1590/1980-265x-tce-2019-0090
https://doi.org/10.1590/1980-265x-tce-20...
.

Porém, duas revisões de literatura recentes sobre empreendedorismo na Enfermagem1111. Arnaert A, Mills J, Bruno FS, Ponzoni N. The educational gaps of nurses in entrepreneurial roles: an integrative review. J Prof Nurs. 2018;34(6):494-501. doi: http://doi.org/10.1016/j.profnurs.2018.03.004
http://doi.org/10.1016/j.profnurs.2018.0...
, que incluíram bases de dados internacionais, como Publisher Medline (PUBMED), SciVerse Scopus (SCOPUS), Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL) e Education Resource Information Center (ERIC), evidenciaram a carência de estudos sobre educação empreendedora em Enfermagem, especialmente no contexto da pós-graduação. Assim, há uma lacuna na produção do conhecimento acerca da problemática em tela, o que torna este estudo relevante para ampliar as discussões sobre a temática entre a comunidade científica e contribuir para o fomento de uma cultura e educação empreendedora na Enfermagem. Desse modo, questiona-se: como ocorre o empreendedorismo e a educação empreendedora em um programa de pós-graduação em enfermagem?

Este estudo teve como objetivo compreender o empreendedorismo e a educação empreendedora no contexto da pós-graduação em enfermagem.

MÉTODO

Estudo qualitativo orientado pela Teoria Fundamentada nos Dados (TFD) ou Grounded Theory1212. Charmaz KA. Construção da teoria fundamentada: guia prático para análise quantitativa. Porto Alegre: Artmed; 2009.. A TFD foi escolhida para este estudo pela possibilidade de reflexão analítica sobre o conjunto de dados 1212. Charmaz KA. Construção da teoria fundamentada: guia prático para análise quantitativa. Porto Alegre: Artmed; 2009..

Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas com uma amostragem teórica dividida, em dois grupos amostrais, entre os meses de agosto de 2018 a fevereiro de 2019. O primeiro grupo amostral (GA1) foi formado por 15 estudantes de mestrado e doutorado de um programa de pós-graduação em enfermagem. Nesse grupo, incluíram-se estudantes do primeiro ao quarto ano de pós-graduação. O segundo grupo amostral (GA2) foi composto por sete docentes do mesmo programa.

O GA1 foi determinado de forma intencional, a partir da hipótese de que estes seriam os participantes chave para responder o objetivo do estudo. Definiu-se como critério de inclusão: estar regularmente matriculado no programa de pós-graduação em enfermagem e ter disponibilidade para participar do estudo. Foram excluídos os discentes do mestrado e do doutorado interinstitucional, pela dificuldade de acesso a esses participantes e do pós-doutorado pelo número reduzido de estudantes. O GA2 foi constituído a partir da análise dos dados do primeiro grupo amostral, o qual apontou os docentes como os principais responsáveis pela difusão da cultura empreendedora do programa. O tamanho da amostra culminou com a saturação teórica dos dados, atingida com 22 participantes1212. Charmaz KA. Construção da teoria fundamentada: guia prático para análise quantitativa. Porto Alegre: Artmed; 2009.. Nenhum participante desistiu ou retirou-se da pesquisa.

As entrevistas foram presenciais, com duração média de 20 minutos cada e conduzidas a partir de questionamentos sobre o significado de empreendedorismo e educação empreendedora. As entrevistas foram realizadas por um único entrevistador, coautor deste estudo, nas dependências da Universidade em que está inserido o Programa de Pós-graduação em Enfermagem em questão. Este local foi escolhido por ser um Programa de excelência e referência no país. As entrevistas foram gravadas em meio digital, transcritas e inseridas no software NVIVO 10 para a sua codificação e organização dos dados. As transcrições foram devolvidas e validades pelos participantes para inclusões ou exclusões. A coleta e análise dos dados foram realizadas simultaneamente.

Para a análise dos dados, foram adotadas duas etapas: codificação inicial e codificação focalizada. Na codificação inicial, o texto transcrito transformou-se em segmentos de dados que geraram códigos provisórios, comparativos e fundamentados nos dados. Na codificação focalizada, os códigos mais significativos e frequentes foram agrupados por similaridades conceituais formando categorias, memorandos e diagramas foram utilizados como estratégia para auxiliar o processo de análise comparativa-constante1212. Charmaz KA. Construção da teoria fundamentada: guia prático para análise quantitativa. Porto Alegre: Artmed; 2009.. Ao final, a construção teórica obtida foi validada por participantes do estudo e pesquisadores com experiência no método.

Os aspectos éticos foram respeitados, conforme preconizado pela Resolução número 466/12, do Conselho Nacional de Saúde. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer número 2.620.227 e CAAE 81636017.9.0000.012. A confidencialidade da identidade dos participantes foi preservada por meio da adoção do código “ME” para os mestrandos, “DO” para os doutorandos e “PRO” para os professores, seguido por um número ordinal para identificação dos seus depoimentos (ex. ME1, DO2, PRO3).

RESULTADOS

Os resultados serão descritos a partir do delineamento das três categorias e 11 subcategorias que, interrelacionadas, representaram o fenômeno “Vislumbrando o empreendedorismo e a educação empreendedora na pós-graduação em enfermagem” (Figura 1). A seguir, apresenta-se cada uma das categorias e suas respectivas subcategorias.

Figura 1 -
Modelo representativo do fenômeno, categorias e subcategorias.

Desmistificando o perfil empreendedor na pós-graduação em enfermagem

Quando questionados sobre empreendedorismo, os participantes mencionaram algumas situações da pós-graduação que remetiam a três comportamentos principais, que interrelacionados compreendem o perfil empreendedor na pós-graduação em enfermagem. São eles, comportamentos gerenciais e de negócios, comportamentos pessoais e comportamentos sociais.

Comportamentos gerenciais e de negócios: empreendendo economicamente

O comportamento gerencial e de negócios foi o mais citado, principalmente em relação à capacidade de administrar. Nesse tópico, o empreendedorismo foi associado ao capitalismo, à criação de uma empresa, à liderança e à motivação frente a uma equipe ou grupo de trabalho. Por último, foram citados exemplos de situações empreendedoras no que tange ao desenvolvimento de um negócio, como a prática de assessoria e consultoria, o atendimento domiciliar, entre outros.

Empreendedorismo confunde muito com a questão da gestão (DO6).

Quando se fala em empreendedorismo, a primeira coisa que passa pela minha cabeça é capitalismo, negócios, administração, empresas não voltadas para a saúde (ME3).

[...] o empreendedor normalmente gosta de ser líder, ele precisa ser líder, isso é uma característica (PRO3).

Empreendedorismo na enfermagem eu penso em situações como prestar consultoria em amamentação, em curativos, prestar cuidados domiciliares, práticas integrativas e complementares [...] (ME4).

Comportamentos pessoais: empreendendo de forma inata

Os comportamentos deste bloco são aqueles que representam a personalidade das pessoas empreendedoras, a partir de um conjunto de características naturais, próprias, individuais e inatas do indivíduo. A expressão “pensar fora da caixa”, a inquietude de “olhar para o que é rotineiro e se questionar”, a busca de oportunidades de “transformar situações não muito boas em possibilidades”, a criatividade e a inovação foram elementos trazidos como sinônimos do empreendedorismo no cenário da pós-graduação em enfermagem. Esses comportamentos, associados à autoconfiança de “acreditar no seu potencial” e o interesse pessoal de se dedicar a algo que esteja almejando, dizem respeito ao sentimento de insatisfação, desejo de mudança e evolução que são próprios dos empreendedores.

A criatividade é fundamental para o empreendedor [...] criatividade é pensar fora da caixa, é olhar para aquilo que é rotineiro e se questionar (DO5).

Acho que [o empreendedorismo] é a questão de acreditar realmente no seu potencial e naquilo que é possível desenvolver (PRO7).

Acho que o empreendedorismo é a dedicação que a gente aplica para alguma coisa que esteja almejando (ME5).

Comportamentos sociais: empreendendo socialmente

Os comportamentos sociais são aqueles alusivos às relações humanas e coletividades. Nesse quesito, comunicação, solidariedade e formação de parcerias podem ser consideradas habilidades empreendedoras no contexto do programa de pós-graduação em enfermagem. Além disso, foi levantado o conceito de empreendedorismo social e a importância da geração de valor para a sociedade, como forma de beneficiar as coletividades, reforçando a preocupação em dar uma devolutiva para a comunidade.

Os empreendedores percebem as potencialidades das pessoas e as convencem de que o empreendimento é possível, criam parcerias [...] (PRO5).

Empreender do ponto de vista das relações humanas, é pensar no que faz diferença para o coletivo, no que traz benefícios coletivos e sociais, é agregar valor a sociedade [...] (PRO1).

Pelo que eu me lembro, eu li que tem o empreendedorismo social, que é mais voltado para o coletivo, então eu penso que na saúde a gente tem esse empreendedorismo mais voltado para o social (ME3).

Assinalando os desafios para o empreendedorismo na pós-graduação em enfermagem

Os desafios do empreendedorismo na pós-graduação em enfermagem concentraram-se em duas linhas. A primeira ligada à dificuldade de compreensão da relação entre o empreendedorismo e a enfermagem; e, a segunda, pela história da profissão, marcada pela abnegação, caridade e doação ao próximo.

In(compreendendo) a relação entre empreendedorismo e enfermagem

Essa subcategoria expressa a relação paradoxal de incompreensão e compreensão do empreendedorismo no contexto do programa de pós-graduação em enfermagem. Por diversas vezes, foi citado o desconhecimento em relação ao tema e a não identificação de estratégias e ações empreendedoras. Entretanto, apesar dessa incompreensão inicialmente expressa, foram apresentados, por meio de exemplos mencionados na categoria anterior, comportamentos e atitudes que compuseram o perfil empreendedor na pós-graduação em enfermagem. Isso pode ter acontecido, porque os discentes e docentes ainda não estão sensibilizados para esses conceitos. Além disso, esta incompreensão versus compreensão foi geral entre os participantes, não havendo diferença entre alunos do mestrado, doutorado ou docentes.

Sobre empreendedorismo eu sei muito pouco. É porque todo mundo escuta falar do empreendedorismo, mas às vezes a gente não entende muito do que se trata (ME6).

Eu penso que na enfermagem a gente está um pouco atrasado nesse sentido [de empreender] (PRO3).

Aqui na pós-graduação [em enfermagem], da rede de contato que eu tenho, eu não consigo pensar em nada que tenha sido empreendedor (DO8).

Analisando a enfermagem pela perspectiva histórica e social

A reflexão sobre a história social pregressa da Enfermagem foi realizada na tentativa de justificar a ausência atual de empreendedorismo na profissão. Nesse sentido, a caridade realizada nos primórdios foi mencionada como uma explicação da configuração da profissão, hoje, no mercado de trabalho, incluindo características de devoção, “enfermagem por amor” e doação. Ademais, foram mencionadas as opções de trabalho da enfermagem, fazendo a crítica de que os enfermeiros, em maioria, ocupam vagas de empregados em instituições de saúde.

A enfermagem não tem muito isso [empreendedorismo], você se forma e vai trabalhar numa clínica, num hospital, na atenção básica ou vai dar aula. Agora criar uma coisa sua, claro que tem, mas ainda falta muito esse empreendedorismo dentro da enfermagem (PRO3).

O empreendedorismo parece ser algo distante para nós [enfermeiros], a gente não tem essa visão de empreender financeiramente [...] (ME1).

A gente [enfermeiros] nunca foi empreendedor, isso vem da história da nossa profissão [...] a enfermagem começou prestando caridade, não tinha a questão financeira envolvida e até hoje a “enfermagem é por amor”, a enfermagem não deve ser só por amor, a enfermagem também é ciência, é profissão, é conhecimento (ME4).

“Apreendedorismo”: aprendendo a empreender na pós-graduação em enfermagem, possibilidades iniciais

A educação em empreendedorismo para enfermagem foi destacada como ponto de partida para o alcance de novos patamares profissionais. Nesse sentido, foram feitas reflexões sobre modificação que poderiam ser realizadas no programa de pós-graduação em que o estudo foi desenvolvido, para que futuramente o empreendedorismo pudesse se instalar como um conteúdo, um método ou uma estratégia empregada. Além disso, eles partiram do pressuposto de que o empreendedorismo é um tema relevante e necessário para a Enfermagem, principalmente diante das transformações do mercado de trabalho. Assim, neste quesito, foram elencados o uso de metodologias ativas e a importância da pesquisa em enfermagem e empreendedorismo como possibilidades iniciais para o despontar do empreendedorismo neste cenário.

Utilizando metodologias ativas como estratégia de educação empreendedora

O empreendedorismo foi fortemente associado às metodologias ativas. Nesse sentido, a utilização de estratégias de ensino que transcendam o modelo tradicional e bancário representou uma das formas de se empreender no programa de pós-graduação em enfermagem. Além disso, foi comentado que as disciplinas da pós-graduação possuem um conteúdo programático apropriado e esclarecedor, porém poderiam ser mais atrativas, inovadoras e dinâmicas, no sentido de modificar a didática e desenvolver outras estratégias didáticas, como as metodologias ativas. Também foi relatada a necessidade de atualização de alguns docentes, que acabam por utilizar as mesmas estratégias de ensino-aprendizagem nas aulas de graduação e pós-graduação por anos, sem levar em consideração as especificidades de cada grupo. Demonstrou-se que, por muitas vezes, a única estratégia utilizada é a apresentação de seminários, revelando a carência de outras estratégias de ensino.

As disciplinas são esclarecedoras, mas não sei se a didática deveria se manter, eu acho que deveria ter outra estratégia, porque a gente passa muito tempo só fazendo seminário e não ouve bem a experiência do professor naquilo (DO4).

Eu vejo que alguns professores conseguem elaborar metodologias e trabalhar com metodologias que são mais didáticas, que o aluno consegue compreender melhor aquele conteúdo. É muito presente que os professores acabem trabalhando da mesma forma ao longo de todo o percurso, graduação, mestrado e doutorado (DO8).

Pesquisando na área da enfermagem e empreendedorismo

As pesquisas e produções científicas foram compreendidas como formas de empreender junto ao programa de pós-graduação em enfermagem. Assim, chegou-se à conclusão que para fortalecer o empreendedorismo na enfermagem é necessário investimento em pesquisa. Portanto, pesquisar em empreendedorismo colocou-se em duas direções: uma relacionada às pesquisas que já vem sendo desenvolvidas e que vem agregando valor à Enfermagem e, a outra, relacionada à necessidade de pesquisar em empreendedorismo para aplicar na prática da enfermagem e torná-la uma profissão mais empreendedora.

Eu acho que o programa [de pós-graduação em enfermagem] é muito empreendedor, então a partir do momento que cada professor publica um artigo, que é algo inovador ou que é algo para modificar a prática, já é um tipo de empreendedorismo (PRO6).

Eu acho que muitas pesquisas que a gente desenvolve no grupo de pesquisa são empreendedoras. Entendo que as pesquisas estimulam o empreendedorismo (DO2).

Os aspectos que facilitariam seriam ter mais contato com o empreendedorismo, porque a gente tem pouco contato, produção científica, que se relaciona com esse contato, porque eu acho que a gente tem uma produção escassa sobre a temática (ME2).

DISCUSSÃO

Apesar de não ter emergido um conceito único para o empreendedorismo na pós-graduação em enfermagem, os resultados deste estudo sinalizaram um perfil empreendedor. O primeiro comportamento que compreende esse perfil é o comportamento gerencial ou de negócios. Diante desse resultado, pode-se estabelecer duas linhas de pensamento. A primeira linha está relacionada à associação que os participantes enfermeiros fazem do empreendedorismo à gestão/administração/empresa. Para se justificar tal achado, basta olhar para a história do empreendedorismo, que surgiu da ciência da administração há muitas décadas1313. Colichi RMB, Lima SAM. Entrepreneurship in Nursing compared to other health professions. Rev Eletr Enf. 2018;20:v20a11. doi: https://doi.org/10.5216/ree.v20.49358
https://doi.org/10.5216/ree.v20.49358...
. Somado a isso, atribui-se o fato do empreendedorismo ser relacionado principalmente à um indivíduo que inicia e/ou gerencia um negócio próprio, assumindo riscos e responsabilidades, contribuindo para que o empreendedor seja visto como empresário e vice-versa1414. Marques CS, Marques CP, Ferreira JJM, Ferreira FAF. Effects of traits, self-motivation and managerial skills on nursing intrapreneurship. Int Entrep Manag J. 2019;15:733-48. doi: https://doi.org/10.1007/s11365-018-0520-9
https://doi.org/10.1007/s11365-018-0520-...
.

Já a segunda linha de pensamento, pode estar associada à ascensão do empreendedorismo na enfermagem, nos últimos anos, tendo em vista a autonomia profissional diante de novos cenários de atuação ocupados por enfermeiros. Nessa lógica, semelhante a profissionais da saúde de outras áreas, a enfermagem descobriu que pode ter representatividade econômica, atuando como proprietária de uma empresa, oferecendo serviços de enfermagem, direta ou indiretamente, na área assistencial, educacional, de pesquisa ou gerencial1515. Colichi RMB, Lima SGS, Bonini ABB, Lima SAM. Entrepreneurship and nursing: integrative review. Rev Bras Enferm. 2019;72(Suppl 1):321-30. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0498
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0...
.

O segundo comportamento relatado pelos participantes foi o comportamento pessoal. Nesse âmbito, a criatividade, a determinação, a autoconfiança, a liderança, o conhecimento e a inovação foram mencionados como comportamentos inatos, ou seja, inerentes e naturais de cada indivíduo. Por muito tempo, considerou-se que essas características realmente eram inatas a indivíduos empreendedores, isto é, impossíveis de serem aprendidas. Porém, o avanço da produção do conhecimento demonstrou que essas e outras habilidades, chamadas de “soft skills”, podem ser aprendidas e ensinadas a partir de abordagens específicas que direcionem o conhecimento teórico necessário para substituir e/ou potencializar aquilo que não é inato1616. Morrell BLM, Eukel HN, Santurri LE. Soft skills and implications for future professional practice: qualitative findings of a nursing education escape room. Nurse Educ Today. 2020;93:104462. doi: https://doi.org/10.1016/j.nedt.2020.104462
https://doi.org/10.1016/j.nedt.2020.1044...
. Nessa perspectiva, pode-se considerar que o perfil empreendedor está tanto em pessoas que possuem habilidades inatas, assim como em pessoas que desenvolveram aptidões a partir da busca e aperfeiçoamento de conhecimento teórico-prático sobre empreendedorismo.

As atitudes sociais, citadas pelos participantes vão, em parte, ao encontro do conceito de empreendedorismo social, amplamente difundido. Apesar dos participantes, em sua maioria, não terem a apropriação do conceito, os mesmos acabaram associando a ideia de coletividade ao empreendedorismo (social) em enfermagem. Isso pode ter ocorrido em função da enfermagem ser historicamente considerada uma profissão caritativa, preocupada com as pessoas e, portanto, com a sociedade. Além disso, é possível que os participantes tenham conectado o trabalho em equipe, que é característico na enfermagem, ao pensamento de coletividade e formação de parcerias.

Diante do que foi elencado, enquanto atitudes sociais e empreendedorismo social, no que diz respeito às relações interpessoais, comunicação e outros, considera-se que há um viés entre o que está descrito na literatura como empreendedorismo social em enfermagem e o que os participantes entenderam por empreendedorismo social na enfermagem. Assim, acredita-se que há relativa discordância entre os resultados desse estudo e a literatura científica no que se refere ao empreendedorismo social da enfermagem, que o apresenta como atitude de promover o viver saudável de indivíduos, famílias e comunidades1717. Backes DS, Ilha S, Weissheimer AS, Halberstadt BMK, Megier ER, Machado R. Socially entrepreneurial activities in nursing: contributions to health/healthy living. Esc Anna Nery. 2016;20(1):77-82. doi: https://doi.org/10.5935/1414-8145.20160011
https://doi.org/10.5935/1414-8145.201600...
.

Nesse sentido, entende-se que o conceito de empreendedorismo social em enfermagem pode ser ampliado, a fim de contemplar todas as nuances que envolvem o social, o coletivo, o grupo e a equipe Apesar disso e da diversidade na classificação e tipificação acerca do perfil empreendedor no contexto da pós-graduação em enfermagem, os resultados do estudo permitem considerar a presença de uma visão positiva acerca do empreendedorismo na enfermagem, seja pela perspectiva gerencial, pessoal e social. Porém, ainda há desafios a serem superados.

O primeiro desafio ao empreendedorismo na enfermagem foi a incompreensão/compreensão relativa da relação entre empreendedorismo e enfermagem no programa de pós-graduação. Assim, cabe pontuar que o empreendedorismo é antigo na história da Enfermagem, apesar de ter obtido maior evidência nos últimos anos. A Enfermagem é a principal força de trabalho em saúde e naturalmente gera novas ideias e contribui para o desenvolvimento de novas tecnologias99. Santos JLG, Bolina AF. Empreendedorismo na enfermagem: uma necessidade para inovações no cuidado em saúde e visibilidade profissional. Enferm Foco. 2020;11(2):4-5. doi: https://doi.org/10.21675/2357-707X.2020.v11.n2.4037
https://doi.org/10.21675/2357-707X.2020....
.

Portanto, reforça-se a ideia de que tanto discentes quanto docentes não estão sensibilizados para o empreendedorismo. Tal pressuposto fortalece a importância, já identificada pelos próprios participantes, de novas possibilidades para o empreendedorismo na enfermagem a partir da educação empreendedora no programa de pós-graduação.

O desconhecimento da relação empreendedorismo e enfermagem também advém da história da profissão, marcada pelas características de caridade, doação ao próximo e vocação. O impacto disso, juntamente com o modelo formativo que ainda forma para a empregabilidade, reverbera no cenário atual da Enfermagem Brasileira, de desemprego, subsalários, baixas condições de trabalho e desvalorização profissional e social. Paralelamente, os enfermeiros detêm uma visão redutora de empreender economicamente, talvez pela concepção que é divulgada nos cursos da saúde de formação para o trabalho no setor público, não apresentando, ao menos na enfermagem, o trabalho autônomo11. Machado MH, Oliveira E, Lemos W, Lacerda WF, Aguiar Filho W, Wermelinger M, et al. Mercado de trabalho da enfermagem: aspectos gerais. Enferm Foco. 2015;6(1/4):43-78. doi: https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016.v7.nESP.691
https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016....
.

Com relação ao ensino, os participantes referiram não visualizar, na pós-graduação em enfermagem, estratégias educacionais que auxiliassem no aperfeiçoamento da ideia que faziam de empreendedorismo. Entretanto, quando questionados sobre exemplos empreendedores no ensino, identificaram as metodologias ativas como parte da educação empreendedora. Na literatura1815. Rodrigues GS. Análise do uso da metodologia ativa Problem Based Learning (PBL) na educação profissional. Outras Palavras. 2016 [cited 2020 Nov 11];12(2):24-34. Available from: http://revista.faculdadeprojecao.edu.br/index.php/Projecao5/article/view/717
http://revista.faculdadeprojecao.edu.br/...
, há consenso que o uso das metodologias ativas se constitui em estratégia de ensino do empreendedorismo. Assim, cabe a enfermagem superar o reducionismo e o assistencialismo para estimular o emprego de metodologias ativas na construção do conhecimento. Nesse sentido, a formação profissional que abrange os conceitos de empreendedorismo deve, necessariamente, ser pautada em espaços que fomentem a criatividade, a iniciativa e a autorreflexão1916. Lomba MLLF, Toson M, Weissheimer AS, Backes MTS, Buscher A, Backes DS. Social entrepreneurship: translation of knowledge and practices in Brazilian nursing students. Rev Enf Ref. 2018;IV(19):107-15. doi: http://doi.org/10.12707/RIV18064
http://doi.org/10.12707/RIV18064...
.

Uma sugestão dos participantes quanto ao despertar da pós-graduação para o empreendedorismo foi o incentivo à produção científica na temática. Nessa direção, destaca-se o aumento da produção científica na área, em especial, a partir do ano de 2009, porém ainda com a necessidade de ampliação, a fim de evoluir em conjunto com as demandas mundiais do mercado de trabalho e com a própria profissão da enfermagem2017. Copelli FHS, Erdmann AL, Santos JLG. Entrepreneurship in nursing: an integrative literature review. Rev Bras Enferm. 2019;72(Suppl 1):289-98. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0523
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0...
. Além disso, acredita-se que o empreendedorismo em enfermagem tenha um caminho promissor para os próximos anos. Apesar de ser um campo em expansão, é necessário investimento em mais estudos, iniciativas e experiências para consolidação do empreendedorismo na atuação dos enfermeiros. Afinal, investir em empreendedorismo significa, também, investir em realização e satisfação profissional em enfermagem2017. Copelli FHS, Erdmann AL, Santos JLG. Entrepreneurship in nursing: an integrative literature review. Rev Bras Enferm. 2019;72(Suppl 1):289-98. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0523
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0...
.

Como limitação do estudo, pontua-se o recorte temporal e contextua, afinal esta é uma pesquisa que representa um contexto e tempo específicos, o que pode comprometer a aplicabilidade em outros cenários. Portanto, sugere-se a realização de novos estudos sejam desenvolvidos em outros contextos para demostrar as oportunidades e as possibilidades empreendedoras da área. Não somente no que diz respeito ao conhecimento sobre a temática, mas também para o (re)conhecimento da profissão tanto pelos pares quanto pelos demais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O empreendedorismo e a educação empreendedora no contexto da pós-graduação em enfermagem foram compreendidos como processos incipientes e promissores. No que tange ao perfil empreendedor, o comportamento gerencial ou de negócios foi a categoria central para o empreendedorismo na enfermagem, uma vez que a origem administrativa e empresarial do empreendedorismo foi a mais citada pelos participantes. Nesse sentido, subentendeu-se que os comportamentos pessoais e sociais são um sub aspecto do comportamento central. Por outro lado, isso mostra que a enfermagem está assumindo novos espaços de atuação, inovando-se e se reinventando, a partir de um novo pensar sobre o mercado de trabalho e a economia. Assim, pode-se olhar com otimismo para o empreendedorismo em enfermagem.

Com relação aos desafios, constatou-se que o principal desafio é a falta de contato com o tema. Isso pode ser resolvido com uma série de possibilidades que os próprios participantes elencaram para o empreendedorismo e a educação empreendedora no programa de pós-graduação em enfermagem. Além do aspecto anterior, entendeu-se que é também necessário superar a característica de caridade da profissão, o que só será possível a partir de uma mudança no processo de trabalho da enfermagem, construção de uma mentalidade empreendedora (cultura empreendedora) entre os pares e educação empreendedora em enfermagem.

Diante disso e do fenômeno “Vislumbrando possiblidades para o empreendedorismo e a educação empreendedora na pós-graduação em enfermagem”, elencou-se um caminho inicial para a construção dessa educação empreendedora no programa de pós-graduação. Como estratégia, destaca-se o uso de metodologias ativas e a busca de inovação na produção do conhecimento científico para contribuir positivamente para a prática profissional como possibilidades iniciais para a educação empreendedora no programa de pós-graduação em enfermagem. Assim, acredita-se que este estudo tenha trazido um panorama inicial sobre a educação em empreendedorismo na enfermagem, no sentido de mostrar o que pode ser feito para se modificar o paradigma atual da profissão no mercado de trabalho.

REFERENCES

  • 1. Machado MH, Oliveira E, Lemos W, Lacerda WF, Aguiar Filho W, Wermelinger M, et al. Mercado de trabalho da enfermagem: aspectos gerais. Enferm Foco. 2015;6(1/4):43-78. doi: https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016.v7.nESP.691
    » https://doi.org/10.21675/2357-707X.2016.v7.nESP.691
  • 2. Albuquerque CP, Ferreira JS, Brites G. Educação holística para o empreendedorismo: uma estratégia de desenvolvimento integral, de cidadania e cooperação. Rev Bras Educ. 2016;21(67):1033-56. doi: http://doi.org/10.1590/S1413-24782016216752
    » http://doi.org/10.1590/S1413-24782016216752
  • 3. Silva JF, Patrus R. O “bê-á-bá” do ensino em empreendedorismo: uma revisão da literatura sobre os métodos e práticas da educação empreendedora. REGEPE. 2017;6(2):372-401. Doi: http://doi.org/10.14211/regepe.v6i2.563
    » http://doi.org/10.14211/regepe.v6i2.563
  • 4. Oliveira AGM, Melo MCOL, Muylder CF. Educação empreendedora: o desenvolvimento do empreendedorismo e inovação social em instituições de ensino superior. RAD. 2016;18(1):29-56. doi: http://doi.org/10.20946/rad.v18i1.12727
    » http://doi.org/10.20946/rad.v18i1.12727
  • 5. Caggy RC, Lago OS. Educação empreendedora: do que estamos falando? Rev Form. 2016 [cited 2020 Nov 11];9(6):28-31. Available from: https://seer-adventista.com.br/ojs3/index.php/formadores/article/view/790/637
    » https://seer-adventista.com.br/ojs3/index.php/formadores/article/view/790/637
  • 6. Schaefer R, Minello IF. Educação empreendedora: premissas, objetivos e metodologias. RPCA. 2016;10(3):60-81. doi: http://doi.org/10.12712/rpca.v10i3.816
    » http://doi.org/10.12712/rpca.v10i3.816
  • 7. Backes DS, Erdmann AL. Formação do enfermeiro pelo olhar do empreendedorismo social. Rev Gaúcha Enferm. 2009 [cited 2020 Nov 11];30(2):242-8. Available from: https://seer.ufrgs.br/rgenf/article/view/7252/6681
    » https://seer.ufrgs.br/rgenf/article/view/7252/6681
  • 8. Nazareth CCN, Souza RM, Leite LL, Coqueiro SP. Entrepreneurial education: as a human development tool. Revista UniAraguaia. 2016 [cited 2020 Nov 11];9(9):260-79. Available from: http://www.faculdadearaguaia.edu.br/sipe/index.php/REVISTAUNIARAGUAIA/article/view/491/pdf_46
    » http://www.faculdadearaguaia.edu.br/sipe/index.php/REVISTAUNIARAGUAIA/article/view/491/pdf_46
  • 9. Santos JLG, Bolina AF. Empreendedorismo na enfermagem: uma necessidade para inovações no cuidado em saúde e visibilidade profissional. Enferm Foco. 2020;11(2):4-5. doi: https://doi.org/10.21675/2357-707X.2020.v11.n2.4037
    » https://doi.org/10.21675/2357-707X.2020.v11.n2.4037
  • 10. Guimarães GL, Mendoza IYQ, Corrêa AR, Ribeiro EG, Guimarães MO, Chianca TCM. A proposed evaluation of postgraduate nursing according to Thomas Kuhn. Texto Contexto Enferm. 2020;29:e20190090. doi: https://doi.org/10.1590/1980-265x-tce-2019-0090
    » https://doi.org/10.1590/1980-265x-tce-2019-0090
  • 11. Arnaert A, Mills J, Bruno FS, Ponzoni N. The educational gaps of nurses in entrepreneurial roles: an integrative review. J Prof Nurs. 2018;34(6):494-501. doi: http://doi.org/10.1016/j.profnurs.2018.03.004
    » http://doi.org/10.1016/j.profnurs.2018.03.004
  • 12. Charmaz KA. Construção da teoria fundamentada: guia prático para análise quantitativa. Porto Alegre: Artmed; 2009.
  • 13. Colichi RMB, Lima SAM. Entrepreneurship in Nursing compared to other health professions. Rev Eletr Enf. 2018;20:v20a11. doi: https://doi.org/10.5216/ree.v20.49358
    » https://doi.org/10.5216/ree.v20.49358
  • 14. Marques CS, Marques CP, Ferreira JJM, Ferreira FAF. Effects of traits, self-motivation and managerial skills on nursing intrapreneurship. Int Entrep Manag J. 2019;15:733-48. doi: https://doi.org/10.1007/s11365-018-0520-9
    » https://doi.org/10.1007/s11365-018-0520-9
  • 15. Colichi RMB, Lima SGS, Bonini ABB, Lima SAM. Entrepreneurship and nursing: integrative review. Rev Bras Enferm. 2019;72(Suppl 1):321-30. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0498
    » https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0498
  • 16. Morrell BLM, Eukel HN, Santurri LE. Soft skills and implications for future professional practice: qualitative findings of a nursing education escape room. Nurse Educ Today. 2020;93:104462. doi: https://doi.org/10.1016/j.nedt.2020.104462
    » https://doi.org/10.1016/j.nedt.2020.104462
  • 17. Backes DS, Ilha S, Weissheimer AS, Halberstadt BMK, Megier ER, Machado R. Socially entrepreneurial activities in nursing: contributions to health/healthy living. Esc Anna Nery. 2016;20(1):77-82. doi: https://doi.org/10.5935/1414-8145.20160011
    » https://doi.org/10.5935/1414-8145.20160011
  • 15. Rodrigues GS. Análise do uso da metodologia ativa Problem Based Learning (PBL) na educação profissional. Outras Palavras. 2016 [cited 2020 Nov 11];12(2):24-34. Available from: http://revista.faculdadeprojecao.edu.br/index.php/Projecao5/article/view/717
    » http://revista.faculdadeprojecao.edu.br/index.php/Projecao5/article/view/717
  • 16. Lomba MLLF, Toson M, Weissheimer AS, Backes MTS, Buscher A, Backes DS. Social entrepreneurship: translation of knowledge and practices in Brazilian nursing students. Rev Enf Ref. 2018;IV(19):107-15. doi: http://doi.org/10.12707/RIV18064
    » http://doi.org/10.12707/RIV18064
  • 17. Copelli FHS, Erdmann AL, Santos JLG. Entrepreneurship in nursing: an integrative literature review. Rev Bras Enferm. 2019;72(Suppl 1):289-98. doi: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0523
    » https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0523

Agradecimentos:

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    01 Ago 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    14 Nov 2020
  • Aceito
    10 Ago 2021
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Escola de Enfermagem Rua São Manoel, 963 -Campus da Saúde , 90.620-110 - Porto Alegre - RS - Brasil, Fone: (55 51) 3308-5242 / Fax: (55 51) 3308-5436 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: revista@enf.ufrgs.br