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Formação generalista: a percepção de egressos de Psicologia

Generalist formation: the perception of graduates of Psychology

Formación generalista: la percepción de los egresados de Psicología

Resumo

A formação em Psicologia é alvo de discussões desde a sua regulamentação como profissão. O presente estudo teve como objetivo identificar a percepção dos egressos de um curso de graduação em Psicologia, numa universidade federal nordestina, acerca da formação generalista, considerando a sua história “recente” junto à expansão universitária no Brasil e a conformidade com as Diretrizes Curriculares Nacionais. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, cujos dados foram obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas individuais, com oito psicólogos egressos, atuantes no mercado de trabalho. A análise dos resultados ocorreu com base na Análise de Conteúdo de Bardin (1977BARDIN, Laurence. Análise do conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.), pela qual se observou uma compreensão pouco assertiva quanto ao conceito de formação generalista e certa dificuldade em nomear-se um profissional como generalista, ainda que essa postura faça parte da prática diária. Além disso, percebeu-se a existência de críticas referentes à matriz curricular e ao relacionamento com os docentes. No entanto, sobressai uma avaliação positiva.

Palavras-chave:
formação do psicólogo; formação generalista; diretrizes curriculares

Abstract

The formation in Psychology has been the subject of discussions since its regulation as a profession. The present study aimed to identify the perception of graduates of a Psychology undergraduate course at a federal university in the northeast, about the generalist formation, considering your “recent” history with the university expansion in Brazil and the compliance with the National Curricular Guidelines. This is a qualitative study, whose data were obtained through individual semi-structured interviews, with eight graduates psychologists inserted in the labor market. The analysis of the results occurred based on Bardin’s Content Analysis (1977BARDIN, Laurence. Análise do conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.), where it was observed a little assertive understanding about the concept of generalist formation, and a certain difficulty in naming itself as a generalist professional, even though this posture is part of daily practice. Besides that, there were criticisms about the curriculum and the relationship with the teachers. However, a positive evaluation stands out.

Keywords:
psychologist’s formation; generalist formation; curricular guidelines

Resumen

Desde su regulación como profesión, la Psicología ha sido objeto de discusiones. El presente estudio tuvo como objetivo identificar la percepción de los egresados de un curso de graduación en Psicología de una universidad federal de la región del nordeste, sobre la formación general, considerando su historia “reciente” así como la expansión universitaria en Brasil y el cumplimiento de la Orientaciones Curriculares Nacionales (DCN). Se trata de una investigación cualitativa, cuyos datos se obtuvieron a través de entrevistas individuales semi-estructuradas realizadas a ocho (8) graduados en Psicología y activos en el mercado laboral. El análisis de los resultados se basó en el Content Analysis de Bardin (1977BARDIN, Laurence. Análise do conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.), donde se constató una comprensión menos asertiva del concepto de formación general y cierta dificultad para reconocerse como profesional generalista a pesar que esta postura forma parte de la práctica diaria. Además se observaron ciertas críticas con respecto a la matriz curricular y a la relación con los profesores. Sin embargo, lo que se destaca es una crítica positiva.

Palabras clave:
formación de psicólogos; formación generalista; directrices curriculares

Introdução

A formação em Psicologia, desde sua implementação no Brasil, tem suscitado discussões acerca de sua estruturação, sendo explorada por diversos pesquisadores e autores (BARDAGI et al., 2008BARDAGI, Marucia Patta et al. Avaliação da formação e trajetória profissional na perspectiva de egressos de um curso de psicologia. Psicologia: ciência e profissão [online], v. 28, n 2, p. 304-315, 2008. Disponível em: Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932008000200007&lng=pt&tlng=pt . Acesso em: 6 jul. 2015.
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; BERNARDES, 2012BERNARDES, Jefferson de Souza. A formação em Psicologia após 50 anos do Primeiro Currículo Nacional da Psicologia: alguns desafios atuais. Psicologia: ciência e profissão [online], v. 32, n. spe, p. 216-231, 2012. https://doi.org/10.1590/S1414-98932012000500016
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; FERREIRA NETO, 2004FERREIRA NETO, João Leite. A formação do psicólogo: clínica, social e mercado. São Paulo: Escuta; Belo Horizonte: Fumec/FCH, 2004.; BRASILEIRO; SOUZA, 2010BRASILEIRO, Tânia Suely Azevedo; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Psicologia, diretrizes curriculares e processos educativos na Amazônia: um estudo da formação de psicólogos. Psicologia Escolar e Educacional [online], v. 14, n. 1, p. 105-120, 2010. https://doi.org/10.1590/S1413-85572010000100012
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; PEREIRA; PEREIRA NETO, 2003PEREIRA, Fernanda Martins; PEREIRA NETO, André. O psicólogo no Brasil: notas sobre seu processo de profissionalização. Psicologia em Estudo [online], v. 8. n. 2, p. 19-27, 2003. https://doi.org/10.1590/S1413-73722003000200003
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; LISBOA; BARBOSA, 2009LISBOA, Felipe Stephan; BARBOSA, Altemir José Gonçalves. Formação em Psicologia no Brasil: um perfil dos cursos de graduação. Psicologia: ciência e profissão [online], v. 29, n. 4, p. 718-737, 2009. https://doi.org/10.1590/S1414-98932009000400006
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; BORGES; BASTOS; KHOURI, 1995BORGES, Mariza M.; BASTOS, Antônio Virgílio Bittencourt; KHOURI, Yvonne. A formação em psicologia: contribuições para reestruturação curricular e avaliação dos cursos. Relatório da Comissão de Especialistas de Ensino de Psicologia. Brasília: MEC/SESU, 1995.; GONDIM, 2002GONDIM, Sônia Maria Guedes. Perfil profissional e mercado de trabalho: relação com a formação acadêmica pela perspectiva de estudantes universitários. Estudos de Psicologia, Natal, v 7, n. 2, p. 299-309, 2002. https://doi.org/10.1590/S1413-294X2002000200011
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; YAMAMOTO; COSTA, 2010YAMAMOTO, Oswaldo Hajime; COSTA, Ana Ludmila Freire. Escritos sobre a profissão de psicólogo no Brasil. Natal, RN: EDUFRN, 2010.).

Atualmente, os cursos de graduação no Brasil são regidos por currículos pautados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação, estabelecidas pelo Ministério da Educação (MEC), as quais constituem direcionamentos para a condução destes. Segundo, Cirino, Knupp e Lemos (2007CIRINO, Sérgio Dias; KNUPP, Danielle Fanni Dias; LEMOS, Letícia Siqueira. As novas diretrizes curriculares: uma reflexão sobre a licenciatura em psicologia. Temas em Psicologia, Ribeirão Preto, v. 15, n. 1, p. 23-32. 2007. Disponível em: Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2007000100004&lng=pt&nrm=iso . Acesso em: 25 fev. 2016.
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), as diretrizes devem nortear os caminhos dos cursos de graduação, de modo a possibilitar uma formação em nível superior qualificada.

Ainda de acordo com Peretta et al. (2015PERETTA, Anabela Almeida Costa e Santos et al. Novas diretrizes em tempos desafiadores: formação em Psicologia para atuar na Educação. Psicologia Escolar e Educacional [online], v. 19, n. 3, p. 547-556, 2015. https://doi.org/10.1590/2175-3539/2015/0193893
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), a formação do psicólogo está atrelada às modificações ocorridas nos currículos. Na medida em que acontecem mudanças na relação da Psicologia com a sociedade e no seu reconhecimento como profissão, observa-se a criação de novos campos de atuação e outras formas de enfrentamentos.

Nesse sentido, cabe retomar debates acerca do ensino que perpassam a formação em Psicologia, existentes desde o seu processo de regulamentação como profissão, em 1962, sob a Lei nº 4119, com a criação de cursos regidos pelo currículo mínimo, até os dias atuais. Acerca do currículo mínimo, Bernardes (2012BERNARDES, Jefferson de Souza. A formação em Psicologia após 50 anos do Primeiro Currículo Nacional da Psicologia: alguns desafios atuais. Psicologia: ciência e profissão [online], v. 32, n. spe, p. 216-231, 2012. https://doi.org/10.1590/S1414-98932012000500016
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) caracteriza-o como um ensino que ocorre por meio do parcelamento das disciplinas e o acúmulo de informações, sendo este passível de crítica devido ao distanciamento entre o estudo e a realidade social, bem como, a precariedade na abordagem de problemas e processos do contexto social.

Com a regulamentação da profissão no Brasil houve uma crescente abertura de cursos de formação, sendo a década de 1970 marcada pelo grande número de novos profissionais formados em Psicologia, com o intuito de lidar com a demanda por serviços psicológicos da população (PEREIRA; PEREIRA NETO, 2003PEREIRA, Fernanda Martins; PEREIRA NETO, André. O psicólogo no Brasil: notas sobre seu processo de profissionalização. Psicologia em Estudo [online], v. 8. n. 2, p. 19-27, 2003. https://doi.org/10.1590/S1413-73722003000200003
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).

Conforme Mello (1975, apud BRASILEIRO; SOUZA, 2010BRASILEIRO, Tânia Suely Azevedo; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Psicologia, diretrizes curriculares e processos educativos na Amazônia: um estudo da formação de psicólogos. Psicologia Escolar e Educacional [online], v. 14, n. 1, p. 105-120, 2010. https://doi.org/10.1590/S1413-85572010000100012
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), inicialmente, os cursos de Psicologia se voltavam para a formação de profissionais clínicos e liberais, ainda, apresentavam disciplinas com foco nas áreas de psicodiagnóstico, avaliação psicológica e psicoterapias. Nesse momento, a profissão seria caracterizada pela prática de consultório, o que limitava o acesso aos serviços de psicologia a uma pequena parcela da população.

Todavia, para além do consultório particular, emergem as demandas sociais pelo serviço de psicologia, o que gerou a mobilização da categoria diante desta realidade. Com isso, as primeiras mudanças são percebidas na década de 1980,

Momento também em que se configura o movimento de abertura política e a luta pela democratização do Estado brasileiro e a implantação do Sistema Único de Saúde no Brasil. Tais mudanças centram-se nas discussões a respeito das finalidades da profissão e da prática profissional, bem como veiculam críticas importantes à formação profissional e que terão seus reflexos nos anos 1990 (BRASILEIRO; SOUZA, 2010BRASILEIRO, Tânia Suely Azevedo; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Psicologia, diretrizes curriculares e processos educativos na Amazônia: um estudo da formação de psicólogos. Psicologia Escolar e Educacional [online], v. 14, n. 1, p. 105-120, 2010. https://doi.org/10.1590/S1413-85572010000100012
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, p. 107).

Para Lisboa e Barbosa (2009LISBOA, Felipe Stephan; BARBOSA, Altemir José Gonçalves. Formação em Psicologia no Brasil: um perfil dos cursos de graduação. Psicologia: ciência e profissão [online], v. 29, n. 4, p. 718-737, 2009. https://doi.org/10.1590/S1414-98932009000400006
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), a década de 1990 se inicia com uma intensa mobilização das entidades profissionais no Brasil, entre elas, o Conselho Federal e os Conselhos Regionais, que buscaram debater e consolidar modificações no currículo referente à formação do profissional psicólogo.

Em 1996, o Ministério da Educação promulga a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB - Lei n° 9.394/96), a qual viabiliza a implementação de diretrizes curriculares, possibilitando melhorias no currículo, visto que anteriormente baseava-se num ensino conteudista, passando a assumir uma postura voltada para o desenvolvimento de competências e habilidades no decorrer da formação (FERREIRA NETO, 2004FERREIRA NETO, João Leite. A formação do psicólogo: clínica, social e mercado. São Paulo: Escuta; Belo Horizonte: Fumec/FCH, 2004.).

Bernardes (2012BERNARDES, Jefferson de Souza. A formação em Psicologia após 50 anos do Primeiro Currículo Nacional da Psicologia: alguns desafios atuais. Psicologia: ciência e profissão [online], v. 32, n. spe, p. 216-231, 2012. https://doi.org/10.1590/S1414-98932012000500016
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), por sua vez, pontua que competências e habilidades são conceitos fundamentais para a reestruturação dos cursos, diante do novo perfil formativo proposto pela reforma curricular. Segundo Allessandrini (2002ALLESSANDRINI, Cristina Dias. O desenvolvimento de competências e a participação pessoal na construção de um novo modelo educacional. In PERRENOUD, Philippe; THURLER, Monica Gather (Org.). As competências para ensinar no século XXI: a formação dos professores e o desafio da avaliação. Porto Alegre: Artmed, 2002., p. 164), pode-se conceber por competência, a “capacidade de compreender uma determinada situação e reagir adequadamente a ela”. Para tanto esta requer o uso de várias habilidades, uma vez que “as habilidades seriam, então, elementos constitutivos das competências” (DELUIZ, 2001DELUIZ, Neise. O modelo das competências profissionais no mundo do trabalho e na educação: implicações para o currículo. Boletim Técnico do Senac, Rio de Janeiro, v. 27, n. 3, p. 12-25, 2001. Dsiponível em: Dsiponível em: https://www.bts.senac.br/bts/article/view/572 . Acesso em: 15 nov. 2019.
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, p. 20).

As Diretrizes Curriculares para os Cursos de Psicologia preconizam que estes tenham como meta a capacitação básica para o exercício profissional, o ensino e a pesquisa em Psicologia. Os cursos devem ter por objetivo a formação de profissionais com habilidades e competências gerais, no que concerne a atenção a saúde; a capacidade de desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde psicológica e psicossocial, de ordem coletiva ou individual, conforme princípios da ética/bioética; da tomada de decisões, quanto a escolha de condutas mais adequadas; de estabelecer comunicação ética, em relação as informações a ele confiada; de desenvolver aspectos de administração e gerenciamento; e, se comprometer quanto a educação permanente, seja na própria prática, ou no auxílio a formação de demais profissionais (BRASIL, 2004BRASIL. Ministério de Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Parecer CNE/CES 0062/2004, de 19 de fevereiro de 2004. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 2004.).

Em consonância, vide Art. 8º das Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Psicologia, o que se busca é uma formação com caráter generalista, de modo que garanta ao psicólogo o domínio básico acerca de conhecimentos sobre processos psicológicos e psicossociais, além de adquirir habilidades para utilizá-los em diferentes contextos (BRASIL, 2004BRASIL. Ministério de Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Parecer CNE/CES 0062/2004, de 19 de fevereiro de 2004. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 2004.).

Gondim (2002GONDIM, Sônia Maria Guedes. Perfil profissional e mercado de trabalho: relação com a formação acadêmica pela perspectiva de estudantes universitários. Estudos de Psicologia, Natal, v 7, n. 2, p. 299-309, 2002. https://doi.org/10.1590/S1413-294X2002000200011
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) aponta que a ênfase na formação generalista e o aumento de experiências práticas no curso superior, se colocam como possibilidades que proporcionam a construção de um perfil multiprofissional e uma identidade profissional que seja capaz de lidar com as adversidades encontradas nas organizações atuais.

Inicialmente, a formação em Psicologia permeava os contextos da clínica, da escola e das organizações, assim, os psicólogos tendiam a generalizar o modelo clínico para outras áreas de atuação (DIMENSTEIN, 1998, apud BARDAGI et al., 2008BARDAGI, Marucia Patta et al. Avaliação da formação e trajetória profissional na perspectiva de egressos de um curso de psicologia. Psicologia: ciência e profissão [online], v. 28, n 2, p. 304-315, 2008. Disponível em: Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932008000200007&lng=pt&tlng=pt . Acesso em: 6 jul. 2015.
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). Diante desses entraves, as discussões realizadas pela categoria defendem que o caráter generalista deve estar atrelado à formação básica, o qual é indispensável para a inserção do psicólogo no mercado de trabalho, visto que possibilita lidar com as novas demandas, para além dos contextos tradicionais (BORGES; BASTOS; KHOURI, 1995BORGES, Mariza M.; BASTOS, Antônio Virgílio Bittencourt; KHOURI, Yvonne. A formação em psicologia: contribuições para reestruturação curricular e avaliação dos cursos. Relatório da Comissão de Especialistas de Ensino de Psicologia. Brasília: MEC/SESU, 1995.).

Cabe salientar que a formação generalista não se restringe a formação profissionalizante, esta implica que os conteúdos básicos, sejam específicos do campo psicológico ou de disciplinas afins, como possibilidade de abarcar todos os domínios da atuação profissional (BORGES; BASTOS; KHOURI, 1995BORGES, Mariza M.; BASTOS, Antônio Virgílio Bittencourt; KHOURI, Yvonne. A formação em psicologia: contribuições para reestruturação curricular e avaliação dos cursos. Relatório da Comissão de Especialistas de Ensino de Psicologia. Brasília: MEC/SESU, 1995.). Deste modo, a formação generalista não impede que haja a obtenção de conhecimentos específicos, como se observa nos perfis dos cursos de Psicologia, as matrizes curriculares comportam, por meio de disciplinas optativas, o aprofundamento em algumas áreas específicas, e também, a participação em atividades extracurriculares.

As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para os cursos de graduação em Psicologia, aprovadas no ano de 2004, se deu concomitante ao movimento de expansão de universidades públicas no Brasil, sobretudo no processo de interiorização do ensino superior federal. Neste mesmo período se deu à implantação do curso de graduação em Psicologia na universidade referente a este estudo. Este, em conformidade com as recém-aprovadas Diretrizes, apresenta a missão de formar profissionais que possam “atuar eticamente em diversos contextos da sociedade, comprometidos com as demandas sociais, numa perspectiva generalista e interdisciplinar, contribuindo para o aprimoramento do conhecimento científico e da atividade profissional” (BRASIL, 2010BRASIL. Ministério de Educação. Projeto pedagógico do curso de Psicologia. Universidade Federal do Vale do São Francisco. Petrolina: Univasf, 2010., p. 19).

No intuito de concretizar esta missão, a instituição se constitui a partir de uma matriz curricular,

[...] organizada em um núcleo comum e em duas ênfases curriculares (Processos Clínicos e Saúde Coletiva e Processos Educativos e de Desenvolvimento-aprendizagem) [...] O núcleo comum é composto por disciplinas básicas obrigatórias e optativas (a maioria com carga horária distribuída entre atividades teóricas e práticas), Núcleos Temáticos e pelos estágios básicos (efetivados nas disciplinas Práticas Integrativas I e II) [...] As disciplinas obrigatórias propostas pelo curso propiciam o desenvolvimento de competências e habilidades básicas, organizadas em torno dos seguintes eixos estruturantes (BRASIL, 2010BRASIL. Ministério de Educação. Projeto pedagógico do curso de Psicologia. Universidade Federal do Vale do São Francisco. Petrolina: Univasf, 2010., p. 23).

Dessa forma, a matriz curricular desse curso de Bacharelado em Psicologia se fundamenta numa perspectiva generalista, ao propor que o egresso terá a capacidade de atuar em diversas áreas, como pesquisa, extensão, ensino, bem como a prestação de serviços psicológicos, via a articulação dos conhecimentos em ciências humanas, sociais e da saúde (BRASIL, 2010BRASIL. Ministério de Educação. Projeto pedagógico do curso de Psicologia. Universidade Federal do Vale do São Francisco. Petrolina: Univasf, 2010.).

Em 2011, as DCNs para os cursos de Psicologia sofreram atualização em suas orientações dos princípios e compromissos que devem ser assegurados pela formação, ao reforçar a aquisição de conhecimentos baseados em competências e habilidades em torno dos campos, fenômenos e práticas psicológicas de acordo as novas demandas da atuação profissional. Ainda, demonstra a possibilidade da Formação de Professor de Psicologia, com proposta de projeto pedagógico complementar em consonância com as regulamentações da educação (BRASIL, 2011BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Ensino Superior. Resolução nº 5, de 15 de março de 2011. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia, estabelecendo normas para o projeto pedagógico complementar. Brasília: Diário Oficial da União, 2011. Disponível em: Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=7692-rces005-11-pdf&category_slug=marco-2011-pdf&Itemid=30192 . Acesso em: 23 fev. 2017.
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).

A fim de fomentar as discussões acerca da temática, e consequente produção de conhecimento, este estudo teve como objetivo identificar junto aos egressos de um curso de graduação em Psicologia, de uma universidade federal nordestina, se estes percebem-se como profissionais generalistas, levando em consideração a sua história “recente” junto à expansão universitária no Brasil, e sua concordância com as DCNs.

Método

Nesse estudo qualitativo, fundamentado em uma perspectiva descritivo-analítica, procurou-se investigar a percepção dos egressos de um curso de Psicologia de uma universidade pública nordestina, acerca da formação generalista e suas nuances.

Participantes

Participaram das entrevistas, 8 (oito) psicólogos; destes, 7 (sete) eram do sexo feminino e 1 (um) do sexo masculino, com idades entre 23 (vinte e três) e 26 (vinte e seis) anos, apenas um deles com pós-graduação concluída. Todos estavam de acordo com o critério de inclusão, no qual o participante deveria ser egresso do curso de Psicologia aqui estudado, com colação de grau entre os períodos 2012.2 e 2015.1, inseridos/atuantes no mercado de trabalho durante o período da coleta.

Foram selecionados obedecendo o método de amostragem não-probabilística, “bola de neve”, por meio do qual se utiliza dos participantes iniciais para que indiquem novas pessoas que atendam aos critérios desejados, de acordo com a sua rede pessoal, e assim continuamente após cada entrevista, até que a amostra seja obtida (VINUTO, 2014VINUTO, Juliana. A amostragem em Bola de Neve na pesquisa qualitativa: um debate em aberto. Temáticas [online], v. 22, n. 44, p. 201-218, 2014. https://doi.org/10.20396/tematicas.v22i44.10977
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) - bem como estavam submetidos à saturação da amostra.

Instrumentos e técnicas

Para a coleta de dados foi elaborado, pelos pesquisadores, um roteiro de entrevista semiestruturado com 4 (quatro) questões abertas para identificar a percepção dos egressos acerca do curso e suas características generalistas, bem como, críticas e sugestões diante sua formação básica. Ainda, foi solicitado ao participante que esclarecesse sua concepção sobre formação generalista. As seguintes informações pessoais também foram requisitadas: sexo, idade, escolaridade, área de trabalho. Todo esse processo foi registrado com a utilização de um gravador de voz e posteriormente transcrito.

Procedimento

Os contatos foram realizados via redes sociais, onde foram esclarecidos os objetivos da pesquisa. Após o aceite, a data e local foram acertados. Com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) assinado, deu-se início as entrevistas, realizadas individualmente e com duração aproximada de 20 minutos, as quais foram gravadas em áudio, posteriormente transcritas, consolidadas e analisadas. Em todos os casos, prezou-se por locais que ofereciam um ambiente adequado para a coleta, conforme princípios éticos.

Análise dos dados

Os dados foram analisados sob a perspectiva da teoria de Análise de Conteúdo (BARDIN, 1977BARDIN, Laurence. Análise do conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.), estes submetidos às seguintes etapas de análise: a pré-análise, na qual houve a organização dos dados, com o objetivo de operacionalizar e sistematizar as ideias iniciais; seguido da exploração do material, com a codificação, e categorização; e por fim, foi realizado o tratamento dos resultados, a partir de inferências e interpretações das informações coletadas.

Para tal, foi construído um quadro de visualização para facilitar a análise de conteúdo categorial das informações presentes no conteúdo dito pelos participantes, estas divididas em: Compreensão de formação generalista; Conceito de formação generalista; Características generalistas; Elementos ausentes; e Sugestões de melhorias. Dessa forma, foi possível inferir e interpretar os dados das categorias analíticas para finalização da análise em contraponto com o encontrado na literatura.

Aspectos éticos

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Deontologia em Estudos e Pesquisa (CEDEP) da UNIVASF, via sistema CEP/CONEP, com número CAAE 46687615.8.0000.5196, e realizada de acordo com as prescrições da Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, que regulamenta as pesquisas envolvendo seres humanos.

Resultados e discussões

Aspectos do perfil dos egressos

Dentre os participantes da pesquisa, uma característica se sobressai, no que se refere à predominância do sexo feminino. Dado este, corroborado com estudos referentes ao perfil do psicólogo brasileiro, nos quais indicam a existência dessa feminização desde os primórdios dos cursos de Psicologia no Brasil (BASTOS; GONDIM, 2010BASTOS, Antônio Virgílio Bittencourt; GONDIM, Sônia Maria Guedes (Org.). O trabalho do psicólogo no Brasil. Porto Alegre: Artmed . 2010.; FERNANDES et al., 2014FERNANDES, Luan Flávia Barufi et al. Caracterização demográfica de estagiários em Psicologia no Brasil. Psicologia Argumento, Curitiba, v. 32, n. 79, Supl 1, p. 19-27, 2014. Disponível em: Disponível em: https://periodicos.pucpr.br/psicologiaargumento/article/view/19987/19275 . Acesso em: 10 set. 2015.
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).

No que concerne a área de atuação, metade dos participantes atuam na clínica, e os demais em serviços de assistência social, serviço público de saúde mental e na área organizacional e do trabalho. Esses dados são condizentes ao abordado por Ribeiro e Luzio (2008RIBEIRO, Sergio Luiz; LUZIO, Cristina Amélia. As diretrizes curriculares e a formação do psicólogo para a saúde mental. Psicologia em Revista, Belo Horizonte, v. 14, n. 3, p. 203-220, 2008. Disponível em: Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/per/v14n2/v14n2a13.pdf . Acesso em: 15 nov. 2015.
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), no qual aponta que os profissionais, em sua grande maioria, atuam na área clínica, o que demonstra a hegemonia deste campo até os dias atuais, apesar da expansão do trabalho do psicólogo para novas áreas. Todavia, mesmo com a predominância da clínica, percebe-se um palpável crescimento da atuação nas chamadas áreas emergentes, como os serviços públicos de assistência social e saúde mental.

Todavia, mesmo com a predominância da clínica, percebe-se um palpável crescimento da atuação nas chamadas áreas emergentes, como os serviços públicos de assistência social e saúde mental. Desse modo, o conteúdo das falas coletadas em entrevistas com os egressos participantes do estudo será apresentado de acordo com as categorias analíticas, de maneira a identificar a percepção deles acerca da formação generalista.

Compreensão de formação generalista

Os participantes da pesquisa, em sua grande maioria acreditam ter tido uma formação generalista. No entanto, nota-se uma dificuldade destes em compreender qual seja o significado de um currículo pautado nas diretrizes curriculares para os cursos de Psicologia, de forma que há uma compreensão restrita às diversas disciplinas e a quantidade variada de abordagens, como pode ser percebido nas seguintes falas:

P3: “O curso apresenta diversas disciplinas, mostrando o máximo possível dentro da Psicologia”.

P4: “Eu vejo como as diversas áreas de atuação do mercado do profissional de Psicologia”.

P5: “A grade do curso é voltada para áreas da Psicologia de diferentes pontos de vista epistemológicos e a partir disso se torna também de diferentes pontos de vista profissionais”.

Nesta perspectiva, para além das disciplinas ofertadas pelos cursos de graduação, deve-se compreender a formação generalista a partir de seu caráter unificador, ao possibilitar que o profissional, no caso psicólogo, se torne dotado de habilidades e competências essenciais para sua atuação no dia-a-dia. Assim, cabe às instituições formadoras potencializar o curso, de maneira que competências inovadoras possibilitam novas práticas, tal qual recomendam as DCNs instituídas em 2011. Cabe dizer, que até o momento da pesquisa, o curso não ofertava a Formação de Professores em Psicologia (BRASIL, 2011BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Ensino Superior. Resolução nº 5, de 15 de março de 2011. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia, estabelecendo normas para o projeto pedagógico complementar. Brasília: Diário Oficial da União, 2011. Disponível em: Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=7692-rces005-11-pdf&category_slug=marco-2011-pdf&Itemid=30192 . Acesso em: 23 fev. 2017.
http://portal.mec.gov.br/index.php?optio...
).

No discurso dos egressos, a falta de uma maior compreensão acerca do que propõe uma formação generalista, pode ser apontada como uma das possibilidades para certa dificuldade em se inserir em alguns contextos de atuação que exijam um caráter mais especialista, de acordo com os relatos que evidenciaram o aparecimento dessa dicotomia neste estudo.

Assim, cabe ressaltar que o objetivo de um curso generalista não se trata de formar um profissional especialista, mas de oferecer uma formação básica que propicie a aquisição de competências e habilidades para nortear a sua prática permeada pela realidade social, de forma que a especialização é atribuída aos cursos de pós-graduação. Dessa forma, as Diretrizes priorizam que os cursos de graduação devem:

[...] garantir ao profissional um domínio básico de conhecimentos psicológicos e a capacidade de utilizá-los em diferentes contextos que demandam a investigação, análise, avaliação, prevenção e atuação em processos psicológicos e psicossociais, e na promoção da qualidade de vida (BRASIL, 2004BRASIL. Ministério de Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Parecer CNE/CES 0062/2004, de 19 de fevereiro de 2004. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 2004.).

Em suma, Rudá (2015RUDÁ, Caio. Formação em psicologia no Brasil: história, constituição e processo formativo. 2015. 162 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-graduação em Estudos Interdisciplinares sobre a Universidade, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2015. Disponível em: Disponível em: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/18384 . Acesso em: 24 fev. 2017.
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/...
) reitera esta perspectiva, ao afirmar que uma formação de “especialismos” se afasta de uma formação generalista, na qual a priorização de uma determinada área deverá ser desenvolvida posteriormente a graduação, tanto nos meios acadêmicos quanto na aquisição de experiências de trabalho.

Conceito de formação generalista

Nos relatos dos egressos, o conceito de formação generalista não é elaborado de forma clara, ainda assim, alguns apontaram elementos na sua atuação profissional que remetem a isso. Nessa perspectiva, conseguiram descrever e salientar contribuições adquiridas no decorrer do curso, as quais sustentam o seu fazer psicológico atual, mesmo que não tenha sido um foco durante a sua trajetória acadêmica.

P1: “Consegue abarcar diversas questões: clínica, hospitalar, do trabalho embora seja um pouco reduzido, a gente estuda bastante saúde mental, várias coisas que são importantes para o desenvolvimento de nosso trabalho profissional; embora deixe a desejar em outros aspectos”.

P6: “Eu acho que a gente vê durante a graduação diversas áreas de atuação da psicologia, diversos temas, onde a psicologia pode se inserir, eu acho que sim, nesse sentido, porque a gente tem a oportunidade de ver, claro que são cinco anos e a gente não consegue ver tudo”.

A formação generalista deve proporcionar uma formação básica, na qual devem ser aprofundadas as competências e habilidades fundamentais ao psicólogo, a fim de que sejam capazes de refletir suas diferentes inserções e seus fazeres específicos (MARTINS; MATOS; MACIEL, 2009MARTINS, Karla Patrícia Holanda; MATOS, Tereza Gláucia Rocha; MACIEL, Regina Heloisa Mattei de Oliveira. Formação em psicologia e as novas demandas sociais: relato dos egressos da Universidade de Fortaleza. Revista Mal-Estar e Subjetividade [online], v. 9, n. 3, 2009. Disponível em: Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482009000300013&lng=pt&nrm=iso . Acesso em: 14 fev. 2016.
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?scr...
). Ainda que, os termos habilidades e competências estivessem ausentes no conteúdo das falas, estes aparecem de maneira implícita quando os egressos afirmam responder adequadamente as adversidades impostas pelo campo de atuação que estão inseridos e os seus desdobramentos.

Neste sentido, sabe-se que historicamente a abertura dos novos campos de atuação exigiu do psicólogo um outro perfil profissional, em que os saberes e práticas tiveram que ser ampliados e diversificados. Com isso, buscou-se oferecer na graduação uma formação plural e generalista, com a finalidade de constituir psicólogos críticos e construtores de novas práticas, de maneira a possibilitar uma atuação condizente com as demandas da população brasileira (MARTINS; MATOS; MACIEL, 2009MARTINS, Karla Patrícia Holanda; MATOS, Tereza Gláucia Rocha; MACIEL, Regina Heloisa Mattei de Oliveira. Formação em psicologia e as novas demandas sociais: relato dos egressos da Universidade de Fortaleza. Revista Mal-Estar e Subjetividade [online], v. 9, n. 3, 2009. Disponível em: Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482009000300013&lng=pt&nrm=iso . Acesso em: 14 fev. 2016.
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?scr...
).

Contudo, apesar do curso situar-se como uma formação generalista, que visa proporcionar aos discentes habilidades e competências para a prática profissional, os resultados obtidos demonstram que faltaram a estes egressos, uma desmitificação ou esclarecimento acerca do conceito de formação utilizado no currículo adotado. Isto pode apontar para a necessidade de a temática ser trabalhada ao longo do curso, a fim de evitar tal desconhecimento e favorecer uma postura mais crítica.

Características generalistas

Os egressos atribuem à formação generalista as seguintes características: pluralidade de temas abordados; diversidade de disciplinas; conhecimento das principais abordagens teóricas; e, projetos de extensão e eventos extracurriculares. Nesse sentido, percebe-se que o lado teórico se mostra de extrema importância para os participantes, conforme observamos na seguinte fala do participante (P7): “Eu acho que o curso tem boas noções teóricas para gente entrar em vários campos de atuação”.

No tocante a formação generalista preconiza-se, para além da teoria, a utilização de atividades práticas em todo o seu decorrer. Ciente da importância da articulação teórico-prática, recomenda-se a inserção do aluno nas mais diversas realidades, de maneira a ultrapassar os contornos da academia, permeando a formação de uma aproximação concreta entre o ensino e o mercado de trabalho (FERNANDES et al., 2005FERNANDES, Josicélia Dumêt et al. Diretrizes curriculares e estratégias para implantação de uma nova proposta pedagógica. Revista da Escola de Enfermagem da USP [online], v. 39, n. 4, p. 443-449, 2005. https://doi.org/10.1590/S0080-62342005000400011
https://doi.org/10.1590/S0080-6234200500...
).

Nas entrevistas, o curso foi avaliado positivamente:

P2: “Na parte de teoria consegue abranger: consegui ver teoria de clínica, consegui ver teoria de social, de organizacional, de fenomenologia. Acho que ele dá uma noção geral”.

P3: “Eu mesma fiz o estágio na área clínica, então não tive muita experiência com criança, quero dizer, clínica com criança. No entanto, hoje, eu atendo crianças. Mesmo não tendo a experiência prática no estágio, a formação me deu muito subsidio para isso”.

Os egressos identificaram elementos generalistas que permeiam a sua atuação profissional atual, ao passo que atribuem a formação a aquisição de conhecimentos básicos a serem utilizados nos mais variados contextos e demandas de trabalho.

Outro elemento apontado, se refere aos projetos de extensão na universidade:

P8: “Além de algumas matérias soltas, os projetos de extensão, para quem se interessa, e os eventos extracurriculares, que contam com a participação de outros profissionais, podem contemplar outras áreas, como jurídica, trânsito e outras”.

Desse modo, a extensão coloca-se como importante aliada da formação generalista, ainda que nem todos os estudantes sejam contemplados com esta oportunidade, visto que possibilita uma interação entre estudantes e comunidade, na medida em que favorece a apreensão de novos conhecimentos e contribui para que se tornem profissionais comprometidos com a realidade brasileira (PONTE et al., 2009PONTE, Cynthia Isabel Ramos Vivas et al. A extensão universitária na Famed/UFRGS: cenário de formação profissional. Revista Brasileira de Educação Médica, Rio de Janeiro, v. 33, n. 4, p. 527-534, 2009. https://doi.org/10.1590/S0100-55022009000400003
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).

Elementos ausentes

Sobre esse aspecto, ao passo que acreditam se tratar de uma formação generalista, os egressos indicam a existência de algumas lacunas a serem preenchidas na matriz curricular, principalmente, no que se refere a articulação teoria e prática, e também, a escassez de discussões relativas às áreas emergentes, como a Psicologia Jurídica, do Esporte, e em especial, as relacionadas à Política do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).

P5: “A graduação foi falha em diversos contextos, principalmente a meu ver, contextos de atualidades de atuação do psicólogo, que de certa forma os debates são muito distantes da realidade profissional”.

P6: ““Eu acho que talvez falte um pouco de integrar algumas disciplinas do curso, acho que muitas vezes a gente vê de forma isolada e não consegue perceber que o curso não é tão quadradinho assim. Acredito que tenha faltado a Psicologia Jurídica, pois na região há profissionais que atuam nessa área, mas não vemos, apesar de achar que algumas matérias contribuam para o trabalho feito, falta uma disciplina para integrar isso”.

P8: “Eu percebo algumas lacunas, eu percebo em especial com o SUAS, a gente tá pouco preparado para trabalhar com isso”.

No que diz respeito a matriz curricular do curso de Psicologia, os egressos fazem críticas aos conteúdos trabalhados em sala de aula, uma vez que percebem certo distanciamento dos contextos atuais de atuação do psicólogo e da realidade profissional, e por vezes sentem-se despreparados para inserção no mercado de trabalho. Além disso, apontam a superficialidade com a qual algumas temáticas são abordadas, a exemplo das Políticas Nacionais de Assistência Social (PNAS).

Visando compreender tais críticas por meio da matriz curricular, observou-se que o Projeto Pedagógico do Curso de Psicologia (PPC), enfatiza que a maioria das disciplinas presentes em sua grade, devam ser compostas por atividades práticas e teóricas (BRASIL, 2010BRASIL. Ministério de Educação. Projeto pedagógico do curso de Psicologia. Universidade Federal do Vale do São Francisco. Petrolina: Univasf, 2010.). De tal modo, surge um contraste entre os discursos coletados e a proposta curricular, o que chama atenção para a necessidade de compreender se estas afirmações condizem com a realidade da sala de aula.

Notou-se também que o PPC adotado por este curso de Psicologia, está de acordo com as Diretrizes, as quais preconizam

[...] que o perfil desse profissional deve ser construído por intermédio do núcleo comum, entendido como conjunto de competências, habilidades e conhecimentos, de eixos estruturantes da formação, quais as competências e habilidades devem ser desenvolvidas ao longo do curso e a obrigatoriedade de estágio básico e específico. [...] As instituições de ensino devem oferecer no mínimo duas ênfases, para que os alunos, ao longo do curso, possam ao menos optar por uma delas (RIBEIRO; LUZIO, 2008RIBEIRO, Sergio Luiz; LUZIO, Cristina Amélia. As diretrizes curriculares e a formação do psicólogo para a saúde mental. Psicologia em Revista, Belo Horizonte, v. 14, n. 3, p. 203-220, 2008. Disponível em: Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/per/v14n2/v14n2a13.pdf . Acesso em: 15 nov. 2015.
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/per/v14n2/...
, p. 211)

Todavia, alguns egressos identificaram certa dificuldade em atuar com alguns saberes psicológicos, a qual atribuem a falta de mais atividades práticas nas disciplinas durante a graduação. Afirmado nas seguintes falas:

P2: “No estágio final, por exemplo, é quando a gente tem mais contato com a prática”.

P3: “Falta atividades práticas, afinal tem uma matéria ou duas que falam de algo não te dá de fato conhecimento suficiente para atuar naquela área”.

P7: “Para você ter uma formação generalista você tem que ter contato com a prática de todas as áreas, e o curso não possibilita isso”.

A este propósito, Gondim (2002GONDIM, Sônia Maria Guedes. Perfil profissional e mercado de trabalho: relação com a formação acadêmica pela perspectiva de estudantes universitários. Estudos de Psicologia, Natal, v 7, n. 2, p. 299-309, 2002. https://doi.org/10.1590/S1413-294X2002000200011
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) relaciona a falta de atividades práticas durante a graduação à dificuldade em articular a formação científica e a profissionalizante. Esta se configura numa das possibilidades para a insegurança do egresso durante a construção de sua identidade profissional, a qual ocasiona na falta de uma visão mais concreta no que se refere a inserção no mercado de trabalho.

Sugestões de melhorias

Perante as falas abaixo, algumas sugestões de melhorias sobressaem:

P2: “Eu acho que teria a questão da matriz, rever um pouco a matriz, dividir melhor as cadeiras, tem área que está ficando prejudicada e eu acho também que colocar o estudante mais na prática”.

P3: “O diálogo aberto com os alunos”.

P5: “Se pegue na realidade profissional, onde os profissionais estão atuando, quais as demandas do psicólogo e o que o psicólogo pode fazer e com principal ponto de vista desmistificando várias coisas que seria do próprio psicólogo. Eu acho que é interessante falar sempre que a gente faz o curso de Psicologia e se forma psicólogo, isso cai a ficha assim que você se forma, você é de uma categoria profissional, independente da sua escolha de abordagem ou de linha a seguir.”

No caso do presente estudo, foi possibilitado aos egressos esse espaço para emitir propostas de melhoria do curso, dentre as quais pode-se citar a necessidade de um número maior de disciplinas optativas com temas não abordados, ou vistos de maneira superficial no núcleo básico; a reformulação da matriz curricular para melhor divisão das áreas estudadas, a fim de evitar que nenhuma será negligenciada, havendo, inclusive, a possibilidade de integração entre as disciplinas.

Ainda, quanto ao corpo docente, os entrevistados sugeriram que este estabeleça diálogo aberto com os discentes, pautando o ensino dentro da realidade da profissão, além de ressaltar que independente da abordagem teórica, formam-se psicólogos. Nesse sentido, reafirmamos aqui a proposta das Diretrizes Curriculares Nacionais, em que permeará na formação uma noção de habilidade única e generalista, de psicólogo profissional, dotado de competências e habilidades concernente a profissão exercida (RUDÁ; COUTINHO; ALMEIDA-FILHO, 2015RUDÁ, Caio; COUTINHO, Denise; ALMEIDA-FILHO, Naomar Monteiro de. Formação em psicologia no Brasil: o período do currículo mínimo (1962-2004). Memorandum, n. 29, p. 59-85, 2015. Disponível em: Disponível em: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/18385 . Acesso em: 7 mar. 2017.
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/...
).

Conclusão

Considerando as novas Diretrizes para os cursos de graduação em Psicologia no Brasil, uma perspectiva generalista passou a constituir o perfil curricular, sendo empregada até os presentes dias. Essa pesquisa possibilitou apreender minimamente toda uma multiplicidade de entendimentos acerca da formação generalista, porém, os egressos apresentam uma dificuldade em assumir uma postura de profissional generalista, ainda que os seus discursos indiquem uma aproximação da prática diária a esse lugar. Dessa forma, cabe acrescentar que a formação com este perfil, pretende preparar profissionais para a atuação frente as demandas emergentes, de acordo com as transformações e realidades sociais.

Para além de um caráter probabilístico, obteve-se dados relevantes a respeito da formação e suas nuances, ao passo que permite repensar e avaliar este curso de graduação em Psicologia. Ainda, tal estudo encontrou algumas barreiras no que se refere a oferta de literatura para o aprimoramento da análise, dado a escassez de produções acerca da formação generalista no âmbito nacional.

Conclui-se que o presente estudo possibilitou explorar algumas vertentes da temática. Entretanto, a partir das discussões surgiram outros fatores que apontam para a necessidade de pesquisas futuras que deem continuidade as premissas aqui levantadas. Deve-se considerar a replicação deste com um número maior de participantes, bem como, considerar diferentes cursos de Psicologia, em outros estados e regiões, a fim de possibilitar uma compreensão mais substancial acerca da formação generalista. Sugere-se, ainda, investigações a respeito da dificuldade apontada pelos egressos na sua inserção no mercado de trabalho.

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    Os dados completos dos autores encontram-se ao final do artigo.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Jun 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    17 Jun 2017
  • Revisado
    04 Nov 2021
  • Revisado
    26 Dez 2021
  • Aceito
    02 Fev 2022
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