Acessibilidade / Reportar erro

Carta de valores versus carta de intenções: uma reflexão sobre a abordagem integrativa da dimensão cultural em organizações

Resumos

Este artigo propõe a discussão da abordagem integrativa dos estudos sobre cultura organizacional, tratada como um instrumento homogeneizador e normatizador, na qual a carta de valores seria uma ferramenta para submeter os atores aos ideais organizacionais. A proposição é que se deve reconhecer a complexidade e a heterogeneidade das organizações, utilizando-se dos enfoques da integração, diferenciação e fragmentação de forma complementar. Em contra-partida à carta de valores propõese a idéia da carta de intenções que, mesmo contendo princípios desejáveis pela organização, deve ser confrontada com as percepções dos atores responsáveis pela definição de significados inerentes ao seu universo organizacional, muitas vezes em posição de ambigüidade entre o consenso e o dissenso sobre o que é desejável para os atores e a organização. Como ilustração serão discutidos dados de uma pesquisa de campo em uma empresa estatal brasileira.


This paper proposes the discussion of the integration approach in studies about organizations culture, which seems like an instrument to homogenize and normalize, in which the values letter would be a tool to submit the actors to organizational ideals. It proposes the recognition of complexity and heterogeneity in the organizations world, using the integration, differentiation, and fragmentation perspectives, in a complementary way. How an alternative of values letter it works the idea of the intentions letter, that although containing organizations desirable beginnings should be confronted with actors' perceptions. That defines the inherent meanings of organizational universe, many times in an ambiguity position between consensus and dissension, about what it is desirable for those same actors and the organization. As an illustration, will be discussed a research accomplished in a Brazilian state company.


ARTIGOS / ARTICLES

Carta de valores versus carta de intenções: uma reflexão sobre a abordagem integrativa da dimensão cultural em organizações

Gelson Silva JunquilhoI ; Alfredo R. L. da SilvaII

IProf. PPGDAM/UFES

IIDoutorando CEPEAD/FACE/UFMG

RESUMO

Este artigo propõe a discussão da abordagem integrativa dos estudos sobre cultura organizacional, tratada como um instrumento homogeneizador e normatizador, na qual a carta de valores seria uma ferramenta para submeter os atores aos ideais organizacionais. A proposição é que se deve reconhecer a complexidade e a heterogeneidade das organizações, utilizando-se dos enfoques da integração, diferenciação e fragmentação de forma complementar. Em contra-partida à carta de valores propõese a idéia da carta de intenções que, mesmo contendo princípios desejáveis pela organização, deve ser confrontada com as percepções dos atores responsáveis pela definição de significados inerentes ao seu universo organizacional, muitas vezes em posição de ambigüidade entre o consenso e o dissenso sobre o que é desejável para os atores e a organização. Como ilustração serão discutidos dados de uma pesquisa de campo em uma empresa estatal brasileira.

ABSTRACT

This paper proposes the discussion of the integration approach in studies about organizations culture, which seems like an instrument to homogenize and normalize, in which the values letter would be a tool to submit the actors to organizational ideals. It proposes the recognition of complexity and heterogeneity in the organizations world, using the integration, differentiation, and fragmentation perspectives, in a complementary way. How an alternative of values letter it works the idea of the intentions letter, that although containing organizations desirable beginnings should be confronted with actors' perceptions. That defines the inherent meanings of organizational universe, many times in an ambiguity position between consensus and dissension, about what it is desirable for those same actors and the organization. As an illustration, will be discussed a research accomplished in a Brazilian state company.

Texto completo disponivel apenas em PDF.

Full text avaliable only in PDF.

  • AKTOUF, O. O simbolismo e a cultura de empresa: dos abusos conceituais às lições empíricas. In: CHANLAT, J. F. (org.). O indivíduo nas organizações: dimensões esquecidas. V.2. São Paulo, Atlas, 1994. p.39-79.
  • BARBOSA, L. Cultura e empresas Jorge Zahar: Rio de Janeiro, 2002.
  • ______. Igualdade e meritocracia: a ética do desempenho nas sociedades modernas. 3. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2001.
  • CARRIERI, A. de P. O fim do "mundo Telemig": a transformação das significações culturais em uma empresa de telecomunicações. 2001. 326 f. Tese (Doutorado em Administração) - Departamento de Ciências Administrativas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2001.
  • CAVEDON, N. R. O método etnográfico em estudos sobre a Cultura Organizacional; implicações positivas e negativas. In: ENCONTRO NACIONAL DE PROGRAMAS DE PÓS GRADUÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, 23., 1999, Foz do Iguaçu. Anais.. [CD-ROM]. Foz do Iguaçu: ANPAD, 1999. Enan99\Org\ORG08.doc.
  • ______; FACHIN, R. C. Homogeneidade versus heterogeneidade cultural: um estudo em universidade pública. In: ENCONTRO NACIONAL DE PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, 24., 2000, Florianópolis. Anais.. [CDROM]. Florianópolis: ANPAD, 2000. Enan00\Org\org - 370.doc.
  • CHANLAT, J. F. Por uma antropologia da condição humana nas organizações In: CHANLAT, J. F. (org.). O indivíduo nas organizações: dimensões esquecidas. v.1. São Paulo, Atlas, 1996. p.21-45.
  • ______. Ciências sociais e management: reconciliando o econômico com o social. São Paulo, Atlas, 1999.
  • DAVEL, E., VERGARA, S. C. Gestão com pessoas e subjetividade São Paulo: Atlas, 2001.
  • DEAL, T. E., KENNEDY, A. A. The new corporate cultures : revitalizing the workplace after downsizing, mergers, and reengineering. Reading, Massachusetts: Perseus Books, 1999.
  • ______. Corporate cultures : the rites and rituals of corporate life. Reading, Massachusetts : Addison-Wesley, 1982.
  • D'IRIBARNE, P. Le tiers-monde qui réussit: nouveaux modèles. Paris: Odile Jacobe, 2003.
  • ______ et al. Cultures et mondialisation: gére par-delà les frontières. Paris: Seuil, 1998.
  • EDGAR, A.; SEDGWICK, P. Teoria cultural de A a Z: conceitos-chave para entender o mundo contemporâneo. São Paulo: Contexto, 2003.
  • FLEURY, M. T. L.; SHINYASHIKI, G. T.; STEVANATO, L. A. Entre a antropologia e a psicanálise: dilemas metodológicos dos estudos sobre a cultura organizacional. Revista de Administração, v. 32, n. 1, p. 23-38, 1997.
  • FROST, P. J. et al.(eds.). Reframing organizational culture California: Sage, 1991.
  • GEERTZ, C. A interpretação das culturas Rio de Janeiro: LTC, 1989.
  • HOFSTEDE, G. Culturas e organizações: compreender a nossa programação mental. Lisboa: Sílabo, 1997.
  • ______. Culture's consequences : international differences in work-related values. Beverly Hills ; London : Sage, 1980.
  • JAQUES, E. The changing culture of a factory London: Tavistock, 1951.
  • JUNQUILHO, G. S. Ação gerencial na administração pública: a re/produção das raízes brasileiras. 2000. Tese (Doutorado em Administração) - Departamento de Ciências Administrativas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2000.
  • MARTIN, J. Cultures in organizations: three perspectives. New York: Oxford University Press, 1992.
  • ______. Organizational Culture: mapping the terrain Thousand Oaks, CA: Sage Publications, 2002.
  • MARTIN, J.; FROST, P. J. The organizational culture war games: a struggle for intellectual dominance. In: CLEGG, S R.; HARDYM, C. (eds.). Studying organization: theory and method. London: Sage, 1999.
  • MEYERSON, Debra; MARTIN, Joanne. Cultural change: an integration of three different views. Journal of Management Studies, v. 24, n. 6, p. 623-647, nov. 1987.
  • MINAYO, M. C. de S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo:Hucitec-Abrasco, 1992.
  • OUCHI, W. Teoria Z: como as empresas podem enfrentar o desafio japonês. 10. ed. São Paulo: Nobel, 1986.
  • PASCALE, R. T., ATHOS, A. G. The art of Japanese management. London: Penguin Books, 1986.
  • PATTON, M. Q. How to use qualitative methods in evaluation London: Sage, 1987.
  • PÉPIN, N. Cultura de empresa. Nascimento, alcance e limites de um conceito. Mosaico - Revista de Ciências Sociais, Vitória, v. 1, n. 1, p.267-293, 1998.
  • PETERS, T. J., WATERMAN Jr., R. H. Vencendo a crise: como o bom senso empresarial pode superá-la. 12. ed. São Paulo: Harbra, 1986.
  • SCHEIN, E. Organization Cultures and Leadership: a dynamic view. San Francisco: Jossey-Bass, 1985.
  • SMIRCICH, L. Concepts of culture and organizational analysis. In: Administrative Science Quartely, Cornell University, v. 28, n. 3, 1983.
  • TAMAYO, A. Valores organizacionais. In: TAMAYO, A.; BORGES-ANDRADE, J. E.; CODO, W. (Orgs.). Trabalho, organizações e cultura São Paulo: Cooperativa de autores associados, 1997. p.175-193.
  • ______. Valores organizacionais: sua relação com satisfação no trabalho, cidadania organizacional e comprometimento afetivo. Revista de Administração São Paulo, v.33, n. 3, p. 56-63, 1998.
  • TROMPENAARS, F. Nas ondas da cultura São Paulo: Educator, 1994.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Out 2014
  • Data do Fascículo
    Dez 2004
Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia Av. Reitor Miguel Calmon, s/n 3o. sala 29, 41110-903 Salvador-BA Brasil, Tel.: (55 71) 3283-7344, Fax.:(55 71) 3283-7667 - Salvador - BA - Brazil
E-mail: revistaoes@ufba.br