Acessibilidade / Reportar erro

Composição florística e estrutura de um fragmento de vegetação savânica sobre os tabuleiros pré-litorâneos na zona urbana de Fortaleza, Ceará1 1 Parte da dissertação de Mestrado do primeiro autor, Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (UFC).

Floristic composition and phytosociological structure of an urban savannic vegetation fragment in the pre-litoranean plains of Fortaleza, Ceará

Resumo

O crescimento urbano promove redução na cobertura vegetal, introdução de espécies exóticas e tem sérias implicações na conservação biológica. Um fragmento com vegetação savânica (24 ha - 3º47'55"S e 38º29'10"W) localizado na zona urbana de Fortaleza, Ceará, teve sua flora amostrada por coletas assistemáticas e teve um hectare inventariado em um estudo fitossociológico. Para a listagem florística foram coletadas espécies de todas as formas de crescimento presentes no fragmento. Para a descrição da estrutura da vegetação foram alocadas de forma aleatória oito transeções de 5 ´ 250 m totalizando 1ha, nas quais foram medidos os perímetros e altura dos indivíduos lenhosos com perímetro no nível do solo (PNS) maior ou igual a 9 cm. Foram coletadas 151 espécies (138 indígenas e 13 exóticas) no levantamento florístico e 37 (35 indígenas) no levantamento fitossociológico. A densidade e a área basal total da comunidade foram, respectivamente, 1218 ind/ha e 7,34 m2/ha e a altura e diâmetro médios foram, respectivamente, 2,53 ± 1,29 m e 6,68 ± 5,67 cm, o que enquadra a área estudada dentro da amplitude de variações encontradas em áreas de cerrado sensu stricto e campo cerrado. Os resultados alcançados incrementam as poucas informações sobre as savanas costeiras do nordeste.

Palavras-chave:
Cerrado; fitossociologia; florística; savanas pré-litorâneas; zona costeira

Abstract

Urban growth promotes reduction in the vegetation cover, introduction of exotic species and has serious implications for biological conservation. In the urban area of Fortaleza, Ceará state, a vegetation fragment with savannic physiognomy (24 ha - 3º47'55"S and 38º29'10"W) was sampled for a floristic survey and had 1 ha subjected to a phytosociological inventory. The floristic list of the fragment, considered a priority area for municipal conservation, is showed here. Phytosociological data have also been sampled, providing more information about the savannas from the Brazilian's Northeast coast. For the floristic list, species from all growth forms present in the fragment were collected. For the description of the structure of the vegetation, we assigned randomly eight transects with 5 × 250 m (1ha in total) in which the perimeters at ground level (PNS) and the total height of individual plants were measured for all woody plants with PNS greater than or equal to 9 cm. In the floristic survey we collected 151 species (138 indigenous and 13 exotic) and in the phytosociological study, 37 species (35 native). The density and basal coverage of the community were 1218 ind/ha and 7.34 m2/ha, respectively. The average height and average diameter were respectively 2.53 ± 1.29 m and 6.68 ± 5.67 cm. Although our study site is geographically out of the Cerrado domain, it has structural variables compatible with the ones observed within the range of variations found in other Cerrado areas.

Key words:
Cerrado; phytosociology; floristic; coastal savannas; coastal region

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

  • 1
    Parte da dissertação de Mestrado do primeiro autor, Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (UFC).

Referências

  • APG II - Angiosperm Phylogeny Group. 2003. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the Linnean Society 141: 399-436.
  • Breuste J.H. 2004. Decision making, planning and design for the conservation of indigenous vegetation within urban development. Landscape and Urban Planning 68: 439-452.
  • Bridson, D. & Forman, L. 1998. The herbarium handbook. Royal Botanical Gardens, Kew, Londres. 334p.
  • Brower, J.; Zar, J. & Von Ende, C.N. 1997. Field and laboratory methods for general ecology. McGraw-Hill Science. 288p.
  • Castro, A.A.J.F. 1994. Comparação florístico-geográfica (Brasil) e fitossociológica (Piauí - São Paulo) de amostras de cerrado. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 520p.
  • Castro, A.A.J.F. & Martins, F.R. 1999. Cerrados do Brasil e do Nordeste: caracterização, área de ocupação, considerações sobre sua fitodiversidade. Pesquisa em Foco 7: 147-178.
  • Castro, A.A.J.F.; Martins, F.R.; Tamashiro, J.Y. & Shepherd, G.J. 1999. How rich is the flora of Brazilian Cerrados? Annals of the Missouri Botanical Garden 86: 192-224.
  • Costa, I.R.; Araújo, F.S. & Lima-Verde, L.W. 2004. Flora e aspectos auto-ecológicos de um encrave de cerrado na chapada do Araripe, Nordeste do Brasil. Acta Botanica Brasilica 18: 759-770.
  • Costa, I.R. & Araújo, F.S. 2007. Organização comunitária de um encrave de cerrado sensu stricto no bioma caatinga, chapada do Araripe, Brabalha, Ceará. Acta Botanica Brasilica 21: 281-291.
  • Durigan, G. 2003. Métodos para análise de vegetação arbórea. In: Cullen Júnior, L.; Rudran, R. & Valladares-Padua, C. (eds.). Métodos de estudos em biologia da conservação e manejo da vida silvestre. Universidade Federal do Paraná/Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, Curitiba. 667p.
  • Durigan, G.; Siqueira, M.F & Franco, G..A.D.C. 2007. Threats to the cerrado remnants of the state of São Paulo, Brazil. Scientia Agricola 64: 355-363.
  • Eiten, G. 1972. The cerrado vegetation of Brazil. Botanical Review 38: 201-341.
  • Eiten, G. 1978. Delimitation of the cerrado concept. Vegetatio 36: 169-178.
  • Felfili, J.M.; Nogueira, P.E.; Silva Júnior, M.C.; Marimon, B.S. & Delitti, W.B.C. 2002. Composição florística e fitossociologia do cerrado sentido restrito no município de Água Boa - MT. Acta Botanica Brasilica 16: 103-112.
  • Felfili, J.M.; Rezende, A.V. & Silva Júnior, M.C. 2007. Biogeografia do bioma cerrado: vegetação e solos da Chapada dos Veadeiros. Universidade de Brasília, Brasília. 256p.
  • Fernandes, A. 1990. Temas fitogeográficos. Stylus Comunicações, Fortaleza. 116p.
  • Fidelis, A.T. & Godoy, S.A.P. 2003. Estrutura de um cerrado stricto sensu na gleba cerrado pé-de-gigante, Santa Rita do Passa Quatro, SP. Acta Botanica Brasilica 17: 531-539.
  • Figueiredo, M.A. & Fernandes, A. 1987. Encraves de cerrado no interior do Ceará. Ciência Agronômica 18: 103-106.
  • Figueiredo, M.A. 1997. A cobertura vegetal do Ceará (Unidades Fitoecológicas). In: Atlas do Ceará. Governo do Estado do Ceará/IPLANCE, Fortaleza.
  • Fortaleza. 2003. Inventário ambiental de Fortaleza. Prefeitura Municipal de Fortaleza, Fortaleza.
  • Gottsberger, G. & Silberbauer-Gottsberger, I. 2006. Life in the cerrado: a South American Tropical Seasonal Vegetation. Vol I. Reta Verlag, Ulm. 277p.
  • IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2000. Censo Demográfico Brasileiro - ano de 2000.
  • IPECE - Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará. 2008 [online]. Perfil básico municipal: Fortaleza. Disponível em <http://www.ipece.ce.gov.br/publicacoes/perfil_basico/perfil-basico-municipal-2008>. Acesso em 17 set 2009.
    » http://www.ipece.ce.gov.br/publicacoes/perfil_basico/perfil-basico-municipal-2008
  • Lewis, G.P. 1987. Legumes of Bahia. Royal Botanic Gardens, Kew. 369p.
  • Libano, A.M. & Felfili, J.M. 2006. Mudanças temporais na composição florística e na diversidade de um cerrado sensu stricto do Brasil Central em um período de 18 anos (1985-2003). Acta Botanica Brasilica 20: 927-936.
  • McCune, B. & Grace, J.B. 2002. Analysis of ecological communities. MJM, Gleneden Beach. 300p.
  • McKinney, M.L. 2002. Urbanization, biodiversity, and conservation. BioScience 52: 883-890.
  • McKinney, M.L. 2006. Urbanization as a major cause of biotic homogenization. Biological Conservation 127: 247-260.
  • Medeiros, M.B. & Miranda, H.S. 2008. Post-fire resprouting and mortality in cerrado woody plant species over a three-year period. Edinburgh Journal of Botany 65: 53-68.
  • Mendonça, R.C.; Filgueiras, T.S. & Fagg, C.W. 2007. Análise florística da Chapada dos Veadeiros. In: Felfili, J.M.; Rezende, A.V. & Silva Júnior, M.C. (eds.). Biogeografia do bioma cerrado: vegetação e solos da Chapada dos Veadeiros. Universidade de Brasília, Brasília. 256p.
  • Miranda, H.S. & Sato, M.N. 2005. Efeitos do fogo na vegetação lenhosa do Cerrado. In: Scariot, A.; Sousa-Silva, J.C. & Felfili, J.M. (eds.). 2005. Cerrado: ecologia, biodiversidade e conservação. Ministério do Meio Ambiente, Brasília. 439p.
  • Mori, S.A.; Silva, L.A.M.; Lisboa, G. & Coradin, L. 1985. Manual de manejo do herbário fanerogâmico. Centro de Pesquisas do Cacau, Ilhéus. 97p.
  • Município de Fortaleza. Lei Complementar n.° 062, de 02 de fevereiro de 2009. Institui o Plano Diretor Participativo do Município de Fortaleza e dá outras providências. Diário Oficial do Município, Fortaleza, CE, Ano LVI, n.° 14.020. 13 de março de 2009.
  • Oliveira-Filho, A.T. & Carvalho, D.A. 1993. Florística e fisionomia da vegetação no extremo norte do litoral da Paraíba. Revista Brasileira de Botânica 16: 115-130.
  • Pivello, V.R.; Shida, C.N. & Meirelles, S.T. 1999a. Alien grasses in Brazilian savannas: a threat to the biodiversity. Biodiversity and Conservation 8: 1281-1294.
  • Pivello, V.R.; Carvalho, V.M.C.; Lopes, P.F.; Peccinini, A.A. & Rosso, S. 1999b. Abundance and distribution of native and alien grasses in a "cerrado" (Brazilian savanna) Biological Reserve. Biotropica 31: 71-82.
  • Pivello, V.R. 2005. Manejo de fragmentos de Cerrado: princípios para a conservação da biodiversidade. In: A. Scariot; J.C. Sousa-Silva; J.M. Felfili (eds.). 2005. Cerrado: ecologia, biodiversidade e conservação. Ministério do Meio Ambiente, Brasília. 439p.
  • Ratter, J.A.; Bridgewater, S. & Ribeiro, J.F. 2003. Analysis of the floristic composition of the brazilian cerrado vegetation III: comparison of the woody vegetation of 376 areas. Edinburgh Journal of Botany 60: 57-109.
  • Renvoize, S.A. 1984. The grasses of Bahia. Royal Botanic Gardens, Kew. 301p.
  • Ribeiro, J.F. & Walter, B.M.T. 2008. As principais fitofisionomias do bioma cerrado. In: Sano, S.M.; Almeida, S.P. & Ribeiro, J.F. (eds.). Cerrado: ecologia e flora. Vol. I. Embrapa, Brasília. 406p.
  • Richardson, D.M.; Pysek, P.; Rejmánek, M.; Barbour, M.G.; Panetta, F.D. & West, C.J. 2000. Naturalization and invasion of alien plants: concepts and definitions. Diversity and Distributions 6: 93-107.
  • Tannus, J.L.S. & Assis, M.A. 2004. Composição de espécies vasculares de campo sujo e campo úmido em área de cerrado, Itirapina - SP, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 27: 489-506.
  • UNDP, UNEP, WB, WRI - United Nations Development Programme, United Nations Environment Programme, World Bank, World Resources Institute. 2000. World resources 2000-2001: people and ecosystems: the fraying web of life. Elsevier, Amsterdam. 389p.
  • Whittaker, R.H. 1975. Communities and ecosystems. MacMillan, Nova York. 385p.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 2011

Histórico

  • Recebido
    16 Ago 2010
  • Aceito
    31 Out 2010
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br