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Composição florística das epífitas vasculares em duas fisionomias vegetais no município de Botucatu, estado de São Paulo, Brasil1 1 Parte da dissertação de Mestrado do primeiro autor.

Floristic composition of vascular epiphytes in two phytophysiognomies in Botucatu, São Paulo, Brazil

Resumo

Em fragmentos de Floresta Paludosa (FP) e Floresta Estacional Semidecídua (FES), em Botucatu, São Paulo (22º 55'23"S e 48º 27'28"W), através de expedições mensais no período de um ano, foi avaliada a composição florística das epífitas vasculares, classificadas de acordo com as categorias ecológicas e síndromes de dispersão. Foram realizadas comparações das similaridades florísticas com outras florestas também com clima sazonal. As coletas foram depositadas no Herbário Rioclarense (HRCB), depois de identificadas através de consulta bibliográfica, a especialistas e comparação com material de herbário. Foram registradas 87 espécies pertencentes a 51 gêneros e 13 famílias, sendo a FP a fitofisionomia mais rica. Orchidaceae, Polypodiaceae, Bromeliaceae e Piperaceae foram as famílias mais representativas nas duas fitofisionomias. Das espécies amostradas, 72,4% são anemocóricas e 87,4% holoepífitas obrigatórias. Sete espécies encontram-se ameaçadas ou quase ameaçadas de extinção no estado de São Paulo, duas classificadas como "presumivelmente extintas". A área estudada foi mais similar a áreas no Paraná, Rio Grande do Sul e Argentina. O presente estudo registra uma das maiores riquezas de epífitas vasculares já encontrada em locais com clima sazonal no Domínio Atlântico, fato que demonstra a importância da conservação e estudos em fragmentos, mesmo que pequenos, alterados e imersos em ambientes antrópicos.

Palavras-chave:
Cuesta; Epífitas; Floresta Atlântica; Hemiepífitas

Abstract

We evaluated the floristic composition of vascular epiphytes, and classified them according to their ecological categories and dispersion syndrome, in a Swamp Forest (SF) and a Seasonal Semideciduous Forest (SSF), in Botucatu municipality, São Paulo. Sampling was carried monthly during one year. Comparisons with other epiphytes surveys were carried, using Jaccard Index. For species identifications, we used taxonomic literature, consult to herbarium specimens and experts. The collected specimens are deposited at the Herbário Rioclarense (HRCB). We identified 87 species, belonging to 51 genera and 13 families; the SF was the richest physiognomy. Orchidaceae, Polypodiaceae, Bromeliaceae and Piperaceae are the most representative families. Of the species sampled 2.4% are anemocoric and 87.4% are obligatory holoepiphytes. Seven species are threatened or near threatened; two of them are presumably extinct. The studied area is more similar to sites in Paraná, Rio Grande do Sul and Argentina. The present work recorded one of the major species richness in seasonal forest in the Atlantic Domain, what demonstrates the importance of floristic surveys and the protection of these small and neglected forest patches.

Key words:
Cuesta; Epiphytes; Atlantic Forest; Hemiepiphytes

Introdução

Epífitas são plantas que germinam sobre outras plantas vivas (forófitos) e as utilizam como suporte, sem parasita-las, passando a vida sem estabelecer contato com o solo ou estabelecendo em parte de seu ciclo (hemiepífitas) (Madison 1977Madison, M. 1977. Vascular epiphytes: their systematic occurrence and salient features. Selbyana 2: 1-13.). Podem apresentar uma interação acidental com o forófito ou uma relação mais especializada (Benzing 1987Benzing, D.H. 1987. Vascular epiphytism: taxonomic participation and adaptative diversity. Annals of Missouri Botanical Garden 74: 183-204.). Em todo o mundo, cerca de 9% de toda a flora vascular são epífitas, distribuídas em 73 famílias e 913 gêneros, somando cerca de 28 mil espécies (Zotz 2013Zotz, G. 2013. The systematic distribution of vascular epiphytes - a critical update. Botanical Journal of the Linnean Society 171: 453-481.). Entre essas famílias, as mais representativas são: Orchidaceae, Bromeliaceae, Araceae e Polypodiaceae (Zotz 2013Zotz, G. 2013. The systematic distribution of vascular epiphytes - a critical update. Botanical Journal of the Linnean Society 171: 453-481.).

Mesmo com o crescente número de estudos das epífitas vasculares no estado de São Paulo, e apesar da maioria ter sido realizado na Floresta Estacional Semidecídua (e.g., Dislich & Mantovani 1998Dislich, R. & Mantovani, W. 1998. A flora de epífitas vasculares da Reserva da Cidade Universitária "Armando de Salles Oliveira" (São Paulo, Brasil). Boletim Botânico da Universidade de São Paulo 17: 61-83.; Breier 2005Breier, T.B. 2005. O epifitismo vascular em florestas do sudeste do Brasil. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 139p.; Bataghin et al. 2010Bataghin, F.A.; Barros, F. & Pires, J.S.R. 2010. Distribuição da comunidade de epífitas vasculares em sítios sob diferentes graus de perturbação na Floresta Nacional de Ipanema, São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 33: 501-512.; Joanitti 2013Joanitti, S.A. 2013. Epifitismo vascular em três formações vegetais distintas: mata de brejo, floresta estacional semidecidual e cerradão, pertencentes ao município de Bauru, estado de São Paulo. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Botucatu. 58p.), ainda há muitas lacunas de conhecimento, como a região da Cuesta de Botucatu, no centro do estado de São Paulo. Os remanescentes de vegetação dessa formação florestal são de grande valor ecológico e taxonômico, funcionando como uma coleção viva de espécies representativas da flora local e de sua diversidade genética, bem como banco de informações acerca da estrutura e funcionamento desse tipo de ecossistema (Ortega & Engel 1992Ortega, V.R. & Engel, V.L. 1992. Conservação da biodiversidade de remanescentes de Mata Atlântica na região de Botucatu, SP. Revista do Instituto Florestal 4: 839-852.). Tais fatos evidenciam a necessidade urgente de se conhecer o que resta da vegetação, especialmente por que o epifitismo vascular em florestas ripárias é menos conhecido (Giongo & Waechter 2004Giongo, C. & Waechter, J.L. 2004. Composição florística e estrutura comunitária de epífitos vasculares em uma floresta de galeria na Depressão Central do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Botânica 27: 563-572.), assim como na Floresta Estacional Semidecídua (Cielo et al. 2009Cielo-Filho, R.; Baitello, J.B.; Pastore, J.A.; Aguiar, O.T.; Souza, S.C.P.M.; Toniato, M.T.Z.; Lima, C.R. & Ribeiro, A.P. 2009. Ampliando a densidade de coletas botânicas na região da bacia hidrográfica do Alto Paranapanema: Caracterização florística da Floresta Estadual e da Estação Ecológica de Paranapanema. Biota Neotropica 9: 255-276.), e ainda mais escassos são os estudos que abordam a comparação entre estas fitofisionomias. Assim como destacado por Dressler (1981)Dressler, R.L. 1981. The Orchids. Natural history and classification. Harvard University, Cambridge. 332p., uma das lacunas de conhecimento para Orchidaceae, família com maior número de representares epífitos, são os estudos de distribuição entre diferentes tipos de vegetação.

Estudos direcionados a determinados hábitos, como o epifítico, por exemplo, apresentam objetivos específicos, bem como metodologia e esforço amostral diferenciado, fatos que podem influenciar nos resultados encontrados, fazendo com que levantamentos generalistas (incluindo vários hábitos) gerem resultados que subestimam a riqueza de epífitas vasculares (Ivanauskas et al. 2001Ivanauskas, N.M.; Monteiro, R. & Rodrigues, R.R. 2001. Levantamento florístico de trecho de Floresta Atlântica em Pariquera-Açu, São Paulo, Brasil. Naturalia 26: 97-129.; Lima et al. 2011Lima, R.A.F.; Dittrich, V.A.O.; Souza, V.C.; Salino, A.; Breier, T.B. & Aguiar, O.T. 2011. Flora vascular do Parque Estadual Carlos Botelho, São Paulo, Brasil. Biota Neotropica 11. Disponível em <http://www.biotaneotropica.org.br/v11n4/en/abstract?inventory+bn012110420112011>. Acesso em 13 fevereiro 2013.
http://www.biotaneotropica.org.br/v11n4/...
). Desta maneira, buscamos ampliar a disponibilidade de dados sobre esse componente da vegetação, o qual é geralmente subamostrado em levantamos florísticos generalistas.

Nesse contexto, tivemos como objetivos inventariar a composição florística das epífitas vasculares ocorrente em fragmentos de Floresta Paludosa e Floresta Estacional Semidecídua no município de Botucatu, SP, e classificá-las quanto às suas categorias ecológicas e síndromes de dispersão, além de realizar a comparação da similaridade florística com outros trabalhos em fitofisionomias florestais situadas em áreas com clima sazonal no Domínio Atlântico.

Material e Métodos

Área de estudo

Localiza-se no município de Botucatu, nas dependências da Escola do Meio Ambiente (EMA) (22º55'23"S e 48º27'28"W, 850 m de altitude), instituição criada em 2005 pela prefeitura municipal de Botucatu. A EMA possui remanescentes de Floresta Estacional Semidecídua (FES) (segundo classificação do IBGE 2012Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2012. Manual técnico da vegetação brasileira. 2ª ed. IBGE, Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, Rio de Janeiro. 276p.) e Floresta Paludosa (FP) (floresta ribeirinha com influência fluvial permanente, de acordo com Rodrigues 2000Rodrigues, R.R. 2000. Florestas ciliares? In: Rodrigues, R.R. & Leitão Filho, H.F. (org.). Matas ciliares: conservação e recuperação. Editora da Universidade de São Paulo, São Paulo. Pp. 91-99.), além de ambientes antropizados. Juntas, as duas fitofisionomias da área estudada somam 16 hectares, cerca de dois hectares de FP e 14 hectares de FES.

O clima da região é, segundo a classificação de Köeppen, tropical de altitude (Cwa), com chuva no verão e seca no inverno. A precipitação média anual é de 1.358,6 mm, distribuídas irregularmente ao longo do ano, com seis meses precipitando menos de 100 mm (abril a setembro), a mínima média é de 37,7 mm em julho e máxima de 224 mm em janeiro. A média anual da temperatura é de 20,7ºC, com mínima média de 15,3ºC e máxima média de 26,1ºC (dados de CEPAGRI 2014CEPAGRI. 2014. Disponível em <http://www.cpa.unicamp.br/outras informacoes/clima_muni_457.html>. Acesso em 10 fevereiro 2014.
http://www.cpa.unicamp.br/outras informa...
).

O município situa-se no Planalto da Bacia do Paraná, província geomorfológica que é segmentada em três unidades: Depressão Periférica, Cuestas de Botucatu e Planalto Ocidental (Ponçano et al. 1981Ponçano, W.L.; Carneiro, C.D.R; Almeida, M.A.; Pires Neto, A.G. & Almeida, F.F.M. 1981. Mapa geomorfológico do estado de São Paulo. Vol. 2. Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, São Paulo. 183p.); a área de estudo encontra-se sobre o reverso da Cuesta (Casseti 1994Casseti, V. 1994. Elementos de geomorfologia. Editora da UFG, Goiânia. 137p.). A drenagem principal tem duas bacias hidrográficas: a do Rio Tietê ao norte, e a do Rio Pardo ao sul (Campos et al. 2004Campos, C.; Silva, M.; Piroli, E.L.; Cardoso, L.G. & Barros, Z.X. 2004. Evolução do uso da terra entre 1996 e 1999 no município de Botucatu-SP. Engenharia Agrícola 24: 211-218.). No reverso os solos são oriundos do grupo Bauru, formações Marília e Adamantina (Almeida & Melo 1981Almeida, F.F.M. & Melo, M.S. 1981. A bacia do Paraná e o vulcanismo mesozóico. In: Mapa Geológico do Estado de São Paulo, escala 1:500000. Vol. 1. Divisão de Minas e Geologia aplicada, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S.A. - IPT, São Paulo. Pp. 46-81.).

Levantamento florístico

Para a realização das coletas a área foi percorrida mensalmente através do método de caminhamento (Filgueiras et al. 1994Filgueiras, T.S.; Nogueira, P.E.; Brochado, A.L. & Gualall, G.F. 1994. Caminhamento: um método expedito para levantamentos florísticos qualitativos. Cadernos de Geociências 12: 39-43.) no período de um ano (julho de 2013 a julho de 2014). Os espécimes férteis coletados em campo foram preparados e herborizados conforme métodos propostos por Fidalgo & Bononi (1984)Fidalgo, O. & Bononi, V.L.R. 1984. Técnicas de coleta, preservação e herborização de material botânico. Instituto de Botânica, São Paulo. 62p., e os materiais testemunhos incorporados no acervo do Herbário Rioclarense (HRCB), do Instituto de Biociências da UNESP, campus Rio Claro. Além disso, com o objetivo de melhorar os registros, quando encontrados estéreis foram mantidos em cultivo até o período fértil e, posteriormente submetidos aos processos de identificação e herborização (Breier 2005Breier, T.B. 2005. O epifitismo vascular em florestas do sudeste do Brasil. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 139p.; Obermüller et al. 2014Obermüller, A.F.; Freitas, L.; Daly, D.C. & Silveira, M. 2014. Patterns of diversity and gaps in vascular (hemi-) epiphyte flora of Southwestern Amazonia. Phytotaxa 166: 259-272.).

As epífitas foram classificadas de acordo com as suas relações com os forófitos em categorias ecológicas, conforme Kersten (2010)Kersten, R.A. 2010. Epífitas vasculares - histórico, participação taxonômica e aspectos relevantes, com ênfase na Mata Atlântica. Hoehnea 37: 9-38., em holoepífitas obrigatórias: nunca são observadas fora do ambiente epifítico em uma comunidade; holoepífitas facultativas: em uma mesma comunidade, podem crescer tanto como epífitos quanto como terrícolas; holoepífitas acidentais: geralmente terrícolas, mas casualmente podem desenvolver-se como epífitos; hemiepífitas primárias: espécies que germinam no forófito e posteriormente estabelecem contato com o solo; e hemiepífitas secundárias: espécies que germinam no solo e posteriormente usam forófito como suporte, perdendo contato com o solo. Espécies terrícolas ocasionalmente encontradas crescendo em forquilhas, ocos ou cavidades com acúmulo de matéria orgânica, incapazes de completar seu ciclo biológico em estado epifítico, não foram consideradas no estudo, por serem consideradas epífitas efêmeras (Waechter 1992Waechter, J.L. 1992. O epifitismo vascular na planície costeira do Rio Grande do Sul. Tese de Doutorado, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. 163p.; Blum et al. 2011Blum, C.T.; Roderjan, C.V. & Galvão, F. 2011. Composição florística e distribuição altitudinal de epífitas vasculares da floresta ombrófila densa na Serra da Prata, Morretes, Paraná, Brasil. Biota Neotropica 11: 141-159.).

As síndromes de dispersão foram conforme os critérios de Gentry & Dodson (1987Gentry, A.H. & Dodson, C.H. 1987. Diversity and biogeography of neotropical vascular epiphytes. Annals of the Missouri Botanical Garden 74: 205-233.), onde as anemocóricas são todos os propágulos dispersos pelo vento e zoocóricas todos os propágulos dispersos por animais de diferentes maneiras.

A identificação das epífitas foi realizada através de literatura taxonômica especializada (revisão de famílias e gêneros), consultas ao acervo do Herbário Rioclarense (HRCB) e, quando necessário, consulta a especialistas.

A classificação das famílias está de acordo com o APG III (2009)Angiosperm Phylogeny Group-APG III. 2009. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean Society 161: 105-121. para as angiospermas e Christenhusz et al. (2011)Christenhusz, M.J.M.; Zhang, X.-C. & Schneider, H. 2011. A linear sequence of extant families and genera of lycophytes and ferns. Phytotaxa 19: 7-54. para as monilófitas e licófitas. A determinação das autoridades taxonômicas foi realizada de acordo com BFG (2015)BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113. e Prado et al. (2015)Prado, J.; Sylvestre, L.S.; Labiak, P.H.; Windisch, P.G.; Salino, A.; Barros, E.C.L.; Hirai, R.Y.; Almeida, T.E.; Santiago, A.C.P.; Kieling-Rubio, M.A.; Pereira, A.F.N.; Øllgaard, B.; Ramos, C.G.V.; Mickel, J.T.; Dittrich, V.A.O.; Mynssen, C.M.; Schwartsburd, P.B.; Condack, J.P.S.; Pereira, J.B.S. & Matos, F.B. 2015. Diversity of ferns and lycophytes in Brazil. Rodriguésia 66: 1073-1083..

Similaridade florística

Foi elaborada uma matriz de presença-ausência para comparação da similaridade florística das duas áreas estudadas com outros 20 estudos que abordam exclusivamente a flora epifítica realizados em diversas florestas situadas em áreas com clima sazonal no Domínio Atlântico (Florestas Estacional Decídua e Semidecídua, Cerradão e ecótonos entre Florestas Estacionais e outras fitofisionomias - Fig. 1, Tab. 1). A partir dessa matriz foi realizada a análise de agrupamento pelo método de médias não ponderadas (UPGMA), calculadas através do índice de similaridade de Jaccard com software Paleontological Statistics - PAST 2.15 (Hammer et al. 2001Hammer, Ø.; Harper, D.A.T. & Ryan, P.D. 2001. PAST: paleontological statistics software package for education and data analysis. Palaeontologia Electronica 4: 1-9.). Apenas as espécies identificadas até nível específico foram incluídas nas análises, sendo descartados também os registros affinis (aff.) e confer (cf.). Foram verificados os sinônimos para uniformização nomenclatural da listagem. Para a avaliação da contribuição da distância geográfica nas relações florísticas entre as localidades comparadas neste estudo, foi realizado um teste de Mantel (Legendre & Legendre 1998Legendre, P. & Legendre, L. 1998. Numerical Ecology. 2nd English Edition. Elsevier, Amsterdam. 853p.) entre as matrizes com os valores de similaridade e de distância geográfica entre as áreas.

Figura 1
Distribuição geográfica das áreas utilizadas nas comparações florísticas - 1. Marcelino Ramos, RS; 2. San Pedro, Argentina (A); 3. San Pedro, Argentina (B); 4. Foz do Iguaçu, PR; 5. Campo Mourão, PR; 6. Fênix, PR; 7. Médio rio Tibagi, PR; 8. Baixo rio Tibagi; 9. Maringá, PR; 10. Jateí, MS; 11. Assis, SP; 12. Gália, SP; 13. Bauru, SP; 14. Botucatu, SP; 15. Iperó, SP; 16. São Paulo, SP (A); 17. São Paulo, SP (B); 18. Luís Antônio, SP; 19. Barroso, MG; 20. Descoberto, MG; 21. Ouro Preto, MG.
Figure 1
Geographical distribution of the areas used for comparison of the floristic similarity - 1. Marcelino Ramos, Rio Grande do Sul state; 2. San Pedro, Argentina (A); 3. San Pedro, Argentina (B); 4. Foz do Iguaçu, Paraná state; 5. Campo Mourão, Paraná state; 6. Fênix, Paraná state; 7. Médio rio Tibagi, Paraná state; 8. Baixo rio Tibagi; 9. Maringá, Paraná state; 10. Jateí, Mato Grosso do Sul state; 11. Assis, São Paulo state; 12. Gália, São Paulo state; 13. Bauru, São Paulo state; 14. Botucatu, São Paulo state; 15. Iperó, São Paulo state; 16. São Paulo, São Paulo state (A); 17. São Paulo, São Paulo state (B); 18. Luís Antônio, São Paulo state; 19. Barroso, Minas Gerais state; 20. Descoberto, Minas Gerais state; 21. Ouro Preto, Minas Gerais state.

Tabela 1
Levantamentos de epífitas vasculares realizados em áreas de floresta estacional, cerradão e ecótonos da floresta estacional com outras fitofisionomias nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil e Misiones, Argentina, utilizados para comparação das similaridades florísticas neste estudo. (FES: floresta estacional semidecidual; FED: floresta estacional decidual; FP: floresta paludosa; FG: floresta de galeria; FESA: floresta estacional semidecidual aluvial; FOM: floresta ombrófila mista; CE: cerradão; NI: não informado; *somente angiospermas; ** excluída hemiparasitas; ***somente holoepífitas).
Table 1
Surveys of vascular epiphytes carried in seasonal forest, “cerradão" and ecotonal with others phytophysiognomies, in the South and West-Center regions of Brazil and Misiones, Argentina, utilized to the floristic similarity comparison in this study. (FES: Seasonal Semideciduous Forest; FED: Seasonal Deciduous Forest; FP: Swamp Forest; FG: Gallery Forest; FESA: Alluvial Seasonal Semideciduous Forest; FOM: Ombrophilous Mix Forest; CE: "Cerradão"; NI: uninformed; *only angiosperms; ** excluded mistletoe; ***only holoepiphytes).

Lepismium lineare (K.Schum.) Barthlott foi considerada como Lepismium warmingianum (K.Schum.) Barthlott, já que apenas recentemente foi proposta a distinção das duas espécies (Lombardi 2014Lombardi, J.A. 2014. On the identity of Lepismium lineare and L. warmingianum (Cactaceae, Rhipsalidae). Phytotaxa 161: 177-180.).

Resultados

Levantamento florístico

Foram encontradas nos fragmentos de FES e FP 87 espécies de epífitas vasculares pertencentes a 51 gêneros e 13 famílias (Tab. 2). A FP apresentou maior riqueza de espécies (73 espécies ou 83,9%) enquanto FES menor (56 espécies ou 64,4%) (Tabs. 2, 3). Do total, 31 espécies foram exclusivas da FP (35,6% do total), 14 espécies exclusivas da FES (16,1% do total) e 42 espécies (48,3% do total) encontradas em ambas (Tabs. 2, 3). O grupo das monocotiledôneas foi o que apresentou o maior número de espécies em ambas as fitofisionomias, seguido das Monilófitas (Tab. 3).

Tabela 2
Lista das espécies de epífitas vasculares, suas síndromes de dispersão, categorias ecológicas, fitofisionomias e voucher, amostrados nas duas fisionomias vegetais estudadas, Floresta Estacional Semidecídua e Floresta Paludosa, localizadas na Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP. (ANE: anemocoria; ZOO: zoocoria; HEP: hemiepífita primária; HES: hemiepífita secundária; HLA: holoepífita acidental; HLO: holoepífita obrigatória; HLF: holoepífita facultativa; GMM: Gabriel Mendes Marcusso; # espécies não citadas para a FES de acordo com Stehman et al. 2009Stehmann, J.R.; Forzza, R.C.; Salino, A.; Sobral, M.; Costa, D.P. & Kamino, L.Y. 2009. Plantas da Floresta Atlântica. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 516p.).
Table 2
Species of vascular epiphytes, dispersion syndromes, ecological category, phytophysiognomies and collector number, surveyed in the two vegetal physiognomy studied, Seasonal Semideciduous Forest and Swamp Forest, in the Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP. (ANE: anemochory; ZOO: zoochory; HEP: primary hemiepiphytes; HES: secondary hemiepiphytes; HLA: accidental holoepiphytes; HLO: obligate holoepiphytes; HLF: facultative holoepiphytes; GMM: Gabriel Mendes Marcusso; #species no cited to FES according to Stehman et al. 2009Stehmann, J.R.; Forzza, R.C.; Salino, A.; Sobral, M.; Costa, D.P. & Kamino, L.Y. 2009. Plantas da Floresta Atlântica. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 516p.).
Tabela 3
Composição taxonômica das epífitas vasculares amostradas nas duas fisionomias vegetais estudadas, floresta estacional semidecidual e floresta paludosa, localizadas na Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP.
Table 3
Taxonomic composition of the vascular epiphytes sampled in two phytophysiognomies, Seasonal Semideciduous Forest and Swanp Forest, in the Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP.

As famílias mais representativas foram Orchidaceae (35 espécies, 40,2%), Polypodiaceae (15 espécies, 12,2%), Bromeliaceae (12 espécies, 13,8%) e Piperaceae (10 espécies, 11,5%), correspondendo 77,7% do total; e os gêneros mais representativos foram Peperomia (10 espécies), Tillandsia (6 espécies) e Campyloneurum e Pleopeltis (4 espécies cada) (Tabs. 2, 3).

A categoria ecológica mais numerosa foi a das holoepífitas obrigatórias (HLO) (76 espécies, 87,4%), seguida das holoepífitas acidentais com cinco espécies (5,7%), hemiepífitas primárias (três espécies, 3,4%), holoepífitas facultativas (duas espécies, 2,3%) e das hemiepífitas secundárias (uma espécie, 1,1%), além de uma espécie de Araceae (Philodendron appendiculatum Nadruz & Mayo) que foi encontrada como hemiepífita primária e secundária (1,1%) (Fig. 2, Tab. 2). A síndrome de dispersão mais comum foi a anemocoria (63 espécies, 72,4%), e em menor parcela os grupos zoocóricos (24 espécies, 27,6%) (Tab. 2).

Figura 2
Representatividade das famílias de epífitas vasculares nas duas fisionomias vegetais estudadas, Floresta Estacional Semidecídua e Floresta Paludosa, localizadas na Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP. (FES: Floresta Estacional Semidecídua; FP: Floresta Paludosa).
Figure 2
Representativeness of the vascular epiphytes families in the two vegetation types studied, Seasonal Semideciduous Forest and Swamp Forest, in the Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP. (FES: Seasonal Semideciduous Forest; FP: Swamp Forest).

De acordo com o Livro Vermelho das Espécies Vegetais Ameaçadas do Estado de São Paulo (Mamede et al. 2007Mamede, M.C.H.; Souza, V.C.; Prado, J.; Barros, F.; Wanderley, M.G.L. & Rando, J.G. (org.). 2007. Livro vermelho das espécies vegetais ameaçadas do estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo. 165p.) e o Livro Vermelho da Flora do Brasil (Martinelli & Moraes 2013Martinelli, G. & Moraes, M.A. (org.). 2013. Livro vermelho da flora do Brasil. Vol. 1. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Pp.749-818.), sete espécies de epífitas vasculares registradas no presente estudo encontram-se ameaçadas ou quase ameaçadas de extinção, sendo duas até então classificadas como "presumivelmente extintas" (Tab. 4).

Tabela 4
Espécies de epífitas vasculares registradas nas duas fisionomias vegetais estudadas, Floresta Estacional Semidecídua e Floresta Paludosa, localizadas na Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP, ameaçadas ou quase ameaçadas de extinção pela lista apresentada no Livro vermelho das espécies vegetais ameaçadas do Estado de São Paulo (Mamede et al. 2007Mamede, M.C.H.; Souza, V.C.; Prado, J.; Barros, F.; Wanderley, M.G.L. & Rando, J.G. (org.). 2007. Livro vermelho das espécies vegetais ameaçadas do estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo. 165p.) e Livro Vermelho do Brasil (Martinelli & Moraes 2013Martinelli, G. & Moraes, M.A. (org.). 2013. Livro vermelho da flora do Brasil. Vol. 1. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Pp.749-818.).
Table 4
Species of vascular epiphytes recorded in two phytophysiognomies, Seasonal Semideciduous Forest and Swanp Forest, in the Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP, endangered or half endangered presented in the Red book of endangered plant species of the São Paulo State (Mamede et al. 2007Mamede, M.C.H.; Souza, V.C.; Prado, J.; Barros, F.; Wanderley, M.G.L. & Rando, J.G. (org.). 2007. Livro vermelho das espécies vegetais ameaçadas do estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo. 165p.) and de Red book of Brazil (Martinelli & Moraes 2013Martinelli, G. & Moraes, M.A. (org.). 2013. Livro vermelho da flora do Brasil. Vol. 1. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Pp.749-818.).

Similaridade florística

A matriz de similaridade compilou 365 espécies e a análise de agrupamento apresentou correlação cofenética de 0,8. O dendrograma de análise de similaridade agrupou a área estudada com localidades situadas no Paraná, Rio Grande do Sul e Argentina (Fig. 3) e o teste de Mantel não demonstrou uma correlação significativa (r = 0,07; p = 0,77) entre a distância geográfica e a similaridade florística.

Discussão

Levantamento florístico

A maior riqueza de espécies encontradas na FP, mesmo com uma área menor (2 hectares) em comparação à FES (14 hectares), provavelmente está relacionada com as condições microclimáticas da FP, onde o lençol freático encontra-se próximo à superfície, influenciando na umidade atmosférica da floresta, condição que pode favorecer o epifitismo vascular nessa fitofisionomia (Waechter & Baptista 2004Waechter, J.L. & Baptista, L.R.M. 2004. Abundância e distribuição de orquídeas epifíticas em uma floresta turfosa do Brasil Meridional. In: Barros F. & Kerbauy G.B. (org.). Orquideologia sul-americana: uma compilação científica. Secretaria do Meio Ambiente. Instituto de Botânica, São Paulo. Pp. 135-145.; Kersten et al. 2009Kersten, R.A.; Kunyioshi, Y.S. & Roderjan, C.V. 2009. Epífitas vasculares em duas formações ribeirinhas adjacentes na bacia do rio Iguaçu - Terceiro Planalto Paranaense. Iheringia 64: 33-43.). Os distintos valores de riqueza não estão relacionados com a pluviosidade ou a sazonalidade ao longo do ano (Gentry & Dodson 1987Gentry, A.H. & Dodson, C.H. 1987. Diversity and biogeography of neotropical vascular epiphytes. Annals of the Missouri Botanical Garden 74: 205-233.; Breier 2005Breier, T.B. 2005. O epifitismo vascular em florestas do sudeste do Brasil. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 139p.), pois as duas fitofisionomias estudadas são contíguas e estão sujeitas às mesmas condições macroclimáticas.

Quase metade das espécies (42 espécies) ocorreram nas duas fitofisionomias, contudo, é importante destacar que a família Orchidaceae apresentou exclusividade de 42,9% na FP e de 31,4% na FES. Desta forma, esta família poderia ser utilizada como parâmetro para caracterização fitofisionômica, assim como já destacado por Ribeiro et al. (1994)Ribeiro, J.E.L; Garcia, J.P.M. & Monteiro, R. 1994. Distribuição das espécies de orquídeas na planície litorânea (restinga) da praia da fazenda, município de Ubatuba, SP. Arquivos de Biologia e Tecnologia 37: 515-526.. Tal resultado também demonstra a importância da heterogeneidade fitofisionômica e microclimática na manutenção da comunidade epifítica (Gentry & Dodson 1987Gentry, A.H. & Dodson, C.H. 1987. Diversity and biogeography of neotropical vascular epiphytes. Annals of the Missouri Botanical Garden 74: 205-233.; Kersten et al. 2009Kersten, R.A.; Kunyioshi, Y.S. & Roderjan, C.V. 2009. Epífitas vasculares em duas formações ribeirinhas adjacentes na bacia do rio Iguaçu - Terceiro Planalto Paranaense. Iheringia 64: 33-43.).

Entre os trabalhos utilizados para comparação realizados em florestas com clima sazonal, a riqueza de espécies reportada nesse estudo figura entre as maiores, sendo menor apenas que Bonnet et al. (2011)Bonnet, A.; Curcio, G.R.; Lavoranti, O.J. & Galvão, F. 2011. Flora epifítica vascular em três unidades vegetacionais do Rio Tibagi, Paraná, Brasil. Rodriguésia 62: 491-498. (Tab. 1), que foi realizado em área ecotonal entre FES e Floresta Ombrófila Mista (FOM) que, segundo Kersten (2010)Kersten, R.A. 2010. Epífitas vasculares - histórico, participação taxonômica e aspectos relevantes, com ênfase na Mata Atlântica. Hoehnea 37: 9-38., são as zonas ecotonais que apresentam as maiores riquezas de epífitas vasculares no Domínio Atlântico, o que também foi observado na comparação com ecótonos entre a FOM e a Floresta Ombrófila Densa (FOD) (Kersten & Waechter 2011Kersten, R.A. & Waechter, J.L 2011. Florística e estrutura de epífitas vasculares na transição entre as florestas ombrófilas densa e mista da vertente oeste da Serra do Mar paranaense, Brasil. In: Felfili, J.M.; Eisenlohr, P.V.; Melo, M.M.R.F.; Andrade, L.A. & Meira Neto, J.A.A. (org.). Fitossociologia no Brasil: métodos e estudos de casos. Vol. 1. Editora UFV, Viçosa. Pp. 479-503.; Bianchi et al. 2012Bianchi, J.S.; Bento, C.M. & Kersten, R.A. 2012. Epífitas vasculares de uma área de ecótono entre as florestas ombrófilas densa e mista, no Parque Estadual do Marumbi, PR. Revista Estudos de Biologia 34: 37-44.). Contudo em comparação com outros ecótonos entre a FES e a FOM, o presente estudo apresentou maior riqueza (Geraldino et al. 2010Geraldino, H.C.L.; Caxambú, M.G. & Souza, D.C. 2010. Composição florística e estrutura da comunidade de epífitas vasculares em uma área de ecótono em Campo Mourão, PR, Brasil. Acta Botânica Brasílica 24: 469-482.; Kersten & Rios 2013Kersten, R.A. & Rios, R.C. 2013. Epífitas vasculares em área de ecótono entre floresta ombrófila mista e estacional semidecidual em Missiones, Argentina. Revista Estudos de Biologia 35: 49-57.), demonstrando uma grande variação de riqueza nas áreas ecotonais.

Uma das possíveis explicações para a elevada riqueza encontrada é que a área estudada, situada no reverso das Cuestas, é favorecida pela umidade graças ao relevo, que ocasiona na formação das chamadas chuvas orográficas, quando as massas de ar são forçadas para cima pela Cuesta e causam precipitação, e aos nevoeiros que se formam, propiciando condições climáticas diferenciadas (Bonnet et al. 2009Bonnet, A.; Lavoranti, O.J. & Curcio, G.R. 2009. Epífitos vasculares no corredor de biodiversidade araucária, bacia do rio Iguaçu, Paraná, Brasil. Cadernos de Biodiversidade 6: 49-70.; Bonnet et al. 2010Bonnet, A.; Curcio, G.R.; Lavoranti, O.J. & Galvão, F. 2010. Relações de epífitos vasculares com fatores ambientais nas florestas do Rio Tibagi, Paraná, Brasil. Biotemas 23: 37-47.), as quais favorecem o epifitismo (Gentry & Dodson 1987Gentry, A.H. & Dodson, C.H. 1987. Diversity and biogeography of neotropical vascular epiphytes. Annals of the Missouri Botanical Garden 74: 205-233.).

Além disso, fatores históricos da região também podem ser uma justificativa para os resultados encontrados. Segundo Viadana & Cavalcanti (2007)Viadana, A.G. & Cavalcanti, A.P.B. 2007. A teoria dos refúgios florestais aplicada ao estado de São Paulo. Revista da Casa da Geografia de Sobral 8/9: 61-80., durante o pleistoceno a região das Cuestas constituiu-se de refúgios, onde manchas florestais retraídas se mantiveram devido às chuvas orográficas, as quais permitiam a manutenção de florestas nos períodos frios e secos, assim como acontece na atual região nordeste onde se encontram os brejos de altitude, áreas mais úmidas localizadas em meio ao semiárido. Posteriormente, por conta do aumento gradual da umidade e da temperatura, tais manchas expandiram-se para as florestas encontradas atualmente (Viadana & Cavalcanti 2007Viadana, A.G. & Cavalcanti, A.P.B. 2007. A teoria dos refúgios florestais aplicada ao estado de São Paulo. Revista da Casa da Geografia de Sobral 8/9: 61-80.; Bissa et al. 2013Bissa, W.M.; Miklós, A.A.W.; Medeanic, S. & Catharino, E.L.M. 2013. Paleoclimatic and paleoenvironmental changes in the Serra de Botucatu (Southeast Brazil) during the late Pleistocene and Holocene. Earth Science & Climatic Change 4: 134.). Desta forma, esses redutos florestais pleistocênicos possibilitaram que a biota florestal tenha se mantido durante períodos de flutuações climáticas, refletindo na flora atual, e possivelmente justificando a elevada riqueza encontrada.

Contudo, quando comparado com os resultados de Biral & Lombardi (2012)Biral, L. & Lombardi, J.A. 2012. Flora vascular da mata da Pavuna, Botucatu, SP, Brasil. Rodriguésia 63: 441-450., que realizaram o levantamento da flora vascular em uma área de FES mais seca que a do presente estudo, localizada no front da Cuesta, também no município de Botucatu, SP, uma baixa riqueza de epífitas foi registrada (27 espécies), sendo Bromeliaceae, Cactaceae e Polypodiaceae as famílias mais ricas. Tais resultados corroboram com a afirmação de que os ambientes mais secos são os que apresentam menor riqueza de epífitas vasculares (Breier 2005Breier, T.B. 2005. O epifitismo vascular em florestas do sudeste do Brasil. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 139p.; Gentry & Dodson 1987Gentry, A.H. & Dodson, C.H. 1987. Diversity and biogeography of neotropical vascular epiphytes. Annals of the Missouri Botanical Garden 74: 205-233.), fato que pode justificar a riqueza encontrada no citado trabalho, já que as condições abióticas dessa área, tal como a presença de afloramentos rochosos e solo raso, provavelmente influenciaram a vegetação dessa área, como demonstrado pelas várias espécies xerofíticas registradas (Biral & Lombardi 2012Biral, L. & Lombardi, J.A. 2012. Flora vascular da mata da Pavuna, Botucatu, SP, Brasil. Rodriguésia 63: 441-450.). Porém, é importante destacar que levantamentos florísticos amplos podem subestimar ou superestimar determinados hábitos, já que, em geral, há um foco maior no componente arbustivo e arbóreo em detrimento de herbáceas e trepadeiras (Ivanauskas et al. 2001Ivanauskas, N.M.; Monteiro, R. & Rodrigues, R.R. 2001. Levantamento florístico de trecho de Floresta Atlântica em Pariquera-Açu, São Paulo, Brasil. Naturalia 26: 97-129.).

Dessa maneira pode-se ressaltar também a importância das florestas situadas no reverso da Cuesta nessa região que, apesar de restarem apenas pequenas manchas de vegetação, diferente do front que concentra os maiores fragmentos (Gabriel 1991Gabriel, J.L.C. 1990. Composição florística e estrutura fitossociológica do estrato arbóreo de floresta estacional semidecidual de encosta, no município de Botucatu, SP. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Rio Claro. 198p.; Orsi 2004Orsi, A.C. 2004. Mapeamento dos parâmetros pedológicos e ambientais da bacia do Ribeirão Lavapés, em Botucatu - SP, utilizando técnicas de geoprocessamento. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Botucatu. 112p.), possuem relevante riqueza florística e devem ser levadas em consideração nos projetos de conservação.

Tradicionalmente se assumiu que a FES é menos rica que a FOD, mesmo em áreas em bom estado de conservação (Gentry & Dodson 1987Gentry, A.H. & Dodson, C.H. 1987. Diversity and biogeography of neotropical vascular epiphytes. Annals of the Missouri Botanical Garden 74: 205-233.; Breier 2005Breier, T.B. 2005. O epifitismo vascular em florestas do sudeste do Brasil. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 139p.; Kersten 2010Kersten, R.A. 2010. Epífitas vasculares - histórico, participação taxonômica e aspectos relevantes, com ênfase na Mata Atlântica. Hoehnea 37: 9-38.), resultado encontrado também no presente estudo, que apresentou uma riqueza menor que áreas em FOD (e.g., Breier 2005Breier, T.B. 2005. O epifitismo vascular em florestas do sudeste do Brasil. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 139p.; Alves & Menini Neto 2014Alves, F.E. & Menini Neto, L. 2014. Vascular epiphytes in a Forest fragmento of Serra da Mantiqueira and floristic relationship with Atlantic high altitude areas in Minas Gerais. Brazilian Journal of Botany 37: 187-196.) e Restinga (e.g., Breier 2005Breier, T.B. 2005. O epifitismo vascular em florestas do sudeste do Brasil. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 139p.; Kersten & Silva 2006Kersten, R.A. & Silva, S.M. 2006. The floristic compositions of vascular epiphytes of a seasonally inundated forest on the coastal plain of Ilha do Mel Island, Brazil. International Journal of Tropical Biology 54: 935-942.), contudo, em comparação com a FOM, o presente estudo apresentou mais espécies que alguns trabalhos realizados nessa formação (e.g., Dittrich et al. 1999Dittrich, V.A.O.; Kozera, C. & Menezes-Silva, S. 1999. Levantamento florístico dos epífitos vasculares do Parque Barigüí, Curitiba, Paraná, Brasil. Iheringia Serie Botânica 52: 11-22.; Gaiotto & Acra 2005Gaiotto, D.F. & Acra, L.A. 2005. Levantamento qualitativo de epífitos da fazenda Gralha Azul - Fazenda Rio Grande - Paraná. Revista Estudos de Biologia 27: 25-32.), corroborando o que foi demonstrado por Kersten (2010)Kersten, R.A. 2010. Epífitas vasculares - histórico, participação taxonômica e aspectos relevantes, com ênfase na Mata Atlântica. Hoehnea 37: 9-38., que entre as formações florestais da Floresta Atlântica, a FES só é mais rica que a FOM, enquanto a FOD é a formação que apresenta o maior número de espécies de epífitas vasculares.

Sete espécies encontradas nesse estudo são consideradas ameaçadas ou quase ameaçadas de extinção (Mamede et al. 2007Mamede, M.C.H.; Souza, V.C.; Prado, J.; Barros, F.; Wanderley, M.G.L. & Rando, J.G. (org.). 2007. Livro vermelho das espécies vegetais ameaçadas do estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo. 165p.; Martinelli & Moraes 2013Martinelli, G. & Moraes, M.A. (org.). 2013. Livro vermelho da flora do Brasil. Vol. 1. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Pp.749-818.) (Tab. 4), duas dessas previamente consideradas "Presumivelmente Extintas" no estado de São Paulo [Peperomia loxensis Kunth e P. quadrifolia (L.) Kunth] pelo fato de não haverem sido coletadas nos últimos 50 anos (Mamede et al. 2007Mamede, M.C.H.; Souza, V.C.; Prado, J.; Barros, F.; Wanderley, M.G.L. & Rando, J.G. (org.). 2007. Livro vermelho das espécies vegetais ameaçadas do estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo. 165p.). Desta forma, os registros desses táxons ameaçados de extinção, demonstram que ainda existem lacunas de conhecimento na flora estadual, e que levantamentos florísticos ainda são necessários, especialmente com epífitas, que são geralmente negligenciadas em levantamentos florísticos.

Além disso, 44 espécies aqui encontradas não estão citadas por Stehmann et al. (2009)Stehmann, J.R.; Forzza, R.C.; Salino, A.; Sobral, M.; Costa, D.P. & Kamino, L.Y. 2009. Plantas da Floresta Atlântica. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 516p. para a FES no Domínio Atlântico, ampliando o conhecimento sobre a distribuição geográfica desses táxons.

O elevado número de espécies registradas, além das espécies ameaçadas de extinção reforça a importância da conservação e demonstram a necessidade de estudos nesses fragmentos de vegetação, mesmo que de tamanhos reduzidos, isolados e perturbados (Brancalion et al. 2012Brancalion, P.H.S.; Viani, R.A.G.; Rodrigues, R.R. & César, R.G. 2012. Estratégias para auxiliar na conservação de florestas tropicais secundárias inseridas em paisagens alteradas. Belém. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Ciências Naturais 7: 219-234.). Além disso, também demonstra a necessidade de se considerar os mais diversos ambientes para uma efetiva conservação da flora, protegendo diversas fitofisionomias, como a FP e a FES nos interflúvios, pois como demonstrado aqui, essa última também apresentou uma expressiva riqueza de epífitas vasculares, demonstrando o quão desconhecidas são essas florestas.

A distribuição das riquezas por famílias seguiu a tendência observada em estudos realizados na FES, sendo Orchidaceae a mais representativa na maioria dos estudos, seguida de Polypodiaceae, Bromeliaceae, Piperaceae, Cactaceae e Araceae, porém, algumas inversões na ordem de importância dessas seis famílias são observadas (e.g., Rogalski & Zanin 2003Rogalski, J.M. & Zanin, E.M. 2003. Composição florística de epífitos vasculares no estreito de Augusto César, Floresta Estacional Decidual do Rio Uruguai, RS, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 26: 551-556.; Geraldino et al. 2010Geraldino, H.C.L.; Caxambú, M.G. & Souza, D.C. 2010. Composição florística e estrutura da comunidade de epífitas vasculares em uma área de ecótono em Campo Mourão, PR, Brasil. Acta Botânica Brasílica 24: 469-482.), com destaque para o estudo de Menini Neto et al. (2009)Menini Neto, L.; Forzza, R.C. & Zappi, D. 2009. Angiosperm epiphytes as conservation indicators in Forest fragments: A case study from southeastern Minas Gerais, Brazil. Biodiversity Conservation 18: 3785-3807. realizado em Minas Gerais, que encontrou Araceae como a terceira família mais rica, o oposto encontrado por Rogalski & Zanin (2003)Rogalski, J.M. & Zanin, E.M. 2003. Composição florística de epífitos vasculares no estreito de Augusto César, Floresta Estacional Decidual do Rio Uruguai, RS, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 26: 551-556. que estudaram uma área no Rio Grande do Sul, e não registraram nenhuma espécie de Araceae, demonstrando a menor participação dessa família em florestas subtropicais, assim como é observado na FOM (Kersten et al. 2009Kersten, R.A.; Kunyioshi, Y.S. & Roderjan, C.V. 2009. Epífitas vasculares em duas formações ribeirinhas adjacentes na bacia do rio Iguaçu - Terceiro Planalto Paranaense. Iheringia 64: 33-43.).

Quanto às síndromes de dispersão, os resultados corroboram outros dados da literatura, onde a anemocoria é o tipo de dispersão dominante entre as epífitas, seguido da zoocoria (Gentry & Dodson 1987Gentry, A.H. & Dodson, C.H. 1987. Diversity and biogeography of neotropical vascular epiphytes. Annals of the Missouri Botanical Garden 74: 205-233.; Kersten 2010Kersten, R.A. 2010. Epífitas vasculares - histórico, participação taxonômica e aspectos relevantes, com ênfase na Mata Atlântica. Hoehnea 37: 9-38.). No estado de São Paulo, em diferentes fisionomias florestais, o mesmo padrão também foi encontrado, tanto nas florestas mais secas do interior quanto nas mais úmidas próximas ao litoral (Breier 2005Breier, T.B. 2005. O epifitismo vascular em florestas do sudeste do Brasil. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 139p.). Uma exceção são algumas localidades na América Central e Andes com pluviosidade média anual acima de 2500 mm, onde essa tendência se inverte, tendo a família Araceae (zoocórica) maior importância, enquanto famílias anemocóricas (Orchidaceae, Bromeliaceae, Polypodiaceae), são menos ricas (Wolf & Flamenco 2003Wolf, J.H.D. & Flamenco-S, A. 2003. Patterns in species richness and distribution of vascular epiphytes in Chiapas, Mexico. Journal of Biogeography 30: 1689-1707.).

Entre as categorias ecológicas das epífitas vasculares encontradas, a predominância de holoepífitas obrigatórias também é corroborado por outros trabalhos em FES, representando grande parcela da riqueza, com poucos representantes das outras categorias (Menini neto et al. 2009Menini Neto, L.; Forzza, R.C. & Zappi, D. 2009. Angiosperm epiphytes as conservation indicators in Forest fragments: A case study from southeastern Minas Gerais, Brazil. Biodiversity Conservation 18: 3785-3807.; Bonnet et al. 2011Bonnet, A.; Curcio, G.R.; Lavoranti, O.J. & Galvão, F. 2011. Flora epifítica vascular em três unidades vegetacionais do Rio Tibagi, Paraná, Brasil. Rodriguésia 62: 491-498.; Kersten & Rios 2013Kersten, R.A. & Rios, R.C. 2013. Epífitas vasculares em área de ecótono entre floresta ombrófila mista e estacional semidecidual em Missiones, Argentina. Revista Estudos de Biologia 35: 49-57.), assim como também em outras fitofisionomias (Breier 2005Breier, T.B. 2005. O epifitismo vascular em florestas do sudeste do Brasil. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 139p.; Kersten & Kunyoshi 2006Kersten, R.A. & Kunyioshi, Y.S. 2006. Epífitos vasculares na Bacia do Alto Iguaçu, Paraná, Brasil - composição florística. Estudos de Biologia 28: 55-71.; Mania & Monteiro 2010Mania, L.F. & Monteiro, R. 2010. Florística e ecologia de epífitas vasculares em um fragmento de floresta de restinga, Ubatuba, SP, Brasil. Rodriguésia 61: 705-713.). A única exceção encontrada, é o trabalho de Perleberg et al. (2013)Perleberg, T.D.; Garcia, E.N. & Pitrez, S.R. 2013. Epífitos vasculares em área com floresta estacional semidecidual, Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Ciência e Natura 35: 65-73., em uma FES em Pelotas, Rio Grande do Sul, onde 70% das espécies registradas foram holoepífitas facultativas; tal fato foi atribuído à presença de afloramentos rochosos no interior da floresta, fornecendo assim, condições que possibilitam a colonização de ambientes rochosos por espécies de epífitas.

Vale destacar também alguns outros hábitos que foram observados no presente estudo, como uma espécie de Araceae (Philodendron appendiculatum Nadruz & Mayo) que foi encontrada crescendo como hemiepífita primária e secundária; e Ficus luschnathiana (Miq.) Miq., que foi encontrada como hemiepífita primária e também crescendo diretamente no solo, podendo ser chamado, neste último caso, de hemiepífita facultativa (Willians-Linera & Lawton 1995Willians-Linera, G. & Lawton, R.O. 1995. The ecology of hemiepiphytes in forest canopies. In: Lowman, M.D. & Nadkarni, N.M. (org.). Forest Canopies. Academic Press, San Diego. Pp. 255-283.). Os estudos de epífitas vasculares geralmente acabam se limitando a determinadas categorias ecológicas, contudo, estes outros tipos de hábitos são melhor registrados em estudos taxonômicos desses grupos (Mendonça-Souza 2006Mendonça-Souza, L.R. 2006. Ficus (Moraceae) no estado de São Paulo. Dissertação de Mestrado. Instituto de Botânica, São Paulo. 140p.; Temponi et al. 2012Temponi, L.G.; Poli, L.P.; Sakuragui, C.M. & Coelho, M.A.N. 2012. Araceae do Parque Estadual de Ibitipoca. Rodriguésia 63: 957-969.).

Similaridade florística

Nos grupos formados no dendrograma (Fig. 3), áreas geograficamente distantes se agruparam com a do presente estudo, enquanto outras geograficamente próximas foram floristicamente muito diferentes (e.g., Gália, Luíz Antônio, São Paulo e Iperó, todas no estado de São Paulo - Fig. 1). Esses resultados contrariam afirmações de que, de modo geral, quanto maior a distância entre as áreas, menor é a similaridade florística entre elas (Nekola & White 1999Nekola, J. & White, P. 1999. The distance decay of similarity in biogeography and ecology. Journal of Biogeography 26: 867-878.). Alguns fatores não analisados no presente estudo poderiam contribuir para a explicação da distribuição das epífitas e assim justificar de maneira mais apurada tais agrupamentos, como por exemplo, a pluviosidade e temperatura (Menini Neto et al. 2009Menini Neto, L.; Forzza, R.C. & Zappi, D. 2009. Angiosperm epiphytes as conservation indicators in Forest fragments: A case study from southeastern Minas Gerais, Brazil. Biodiversity Conservation 18: 3785-3807.; Leitman 2013Leitman, P.M. 2013. Angiospermas epífitas de um remanescente de floresta Montana no sul da Bahia, Brasil. Dissertação de Mestrado. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro/Escola Nacional de Botânica Tropical, Rio de Janeiro. 49p.).

Figura 3
Dendrograma de similaridade (índice de Jaccard) das epífitas vasculares entre as áreas analisadas (detalhes na Tab. 1).
Figure 3
Similarity dendrogram (Jaccard Index) of the vascular epiphytes of the analyzed areas (details in Tab. 1).

Pode se observar no dendrograma maior similaridade da área estudada com as florestas de regiões ecotonais entre a FES e a FOM no Paraná e na Argentina, assim como com outras florestas do Sul do Brasil (Figs. 1, 3). A similaridade da área de estudo com as áreas de influência da FOM pode ser justificada pela presença de espécies dos gêneros Tillandsia (Bromeliaceae), Peperomia (Piperaceae), Pleopeltis e Campyloneurum (Polypodiaceae), assim como, em uma menor parcela, pelas espécies de Rhipsalis (Cactaceae), Acianthera e Campylocentrum (Orchidaceae) registradas, além da baixa representatividade da família Araceae (Kersten & Silva 2002Kersten, R.A. & Silva, S.M. 2002. Florística e estrutura do componente epifítico vascular em floresta ombrófila mista aluvial do rio Barigüi, Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 25: 259-267.; Buzzato et al. 2008Buzzato, C.R.; Severo, B.M.A. & Waechter, J.L. 2008. Composição florística e distribuição ecológica de epífitos vasculares na Floresta Nacional de Passo Fundo, Rio Grande do Sul. Iheringia, Série Botânica 63: 231-239.; Bonnet et al. 2009Bonnet, A.; Lavoranti, O.J. & Curcio, G.R. 2009. Epífitos vasculares no corredor de biodiversidade araucária, bacia do rio Iguaçu, Paraná, Brasil. Cadernos de Biodiversidade 6: 49-70.; Boelter et al. 2011Boelter, C.R.; Zartman, C.E. & Fonseca, C.R. 2011. Exotic tree monocultures play a limited role in the conservation of Atlantic Forest epiphytes. Biodiversity Conservation 20: 1255-1272.). Uma possível justificativa para a similaridade encontrada entre as áreas supracitadas é o fato de que a área de estudo sofre a influência do ambiente montano (IBGE 2012), que, naturalmente, determina médias de temperatura mais baixas (Körner 2007Körner, C. 2007. The use of 'altitude' in ecological research. Trends in Ecology and Evolution 22: 569-574.; Alvares et al. 2013Alvares, C.A.; Stape, J.L.; Sentelhas, P.C.; Gonçalves, J.L.M. & Sparovek, G. 2013. Köppen's climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift 22: 711-728.), podendo aproximar-se do clima das áreas do Sul do Brasil e Argentina, que apresentam menores médias de temperatura em relação ao Sudeste do Brasil (Waechter 2009Waechter, J.L. 2009. Epífitos vasculares da Floresta com Araucária do sul do Brasil. In: Fonseca, C.R.; Souza, A.F.; Leal-Zanchet, A.M.; Dutra, T.L.; Backes, A. & Ganade, G. (org.). Floresta com Araucária: Ecologia, Conservação e Desenvolvimento Sustentável. Holos Editora, Ribeirão Preto. Pp. 127-135.). Tal similaridade corrobora com a ideia da presença de condições compatíveis para a ocorrência de elementos subtropicais sobrepostos à FES, ainda hoje, como a presença de espécies do gênero Podocarpus, nessa latitude e altitude no estado de São Paulo (Soares et al. 2003Soares, J.J.; Silva, D.W. & Lima, M.I.S. 2003. Current state and projection of the probable original vegetation of the São Carlos region of São Paulo State, Brazil. Brazilian Journal of Biology 63: 527-536.). Assim como também dá suporte à ideia de que ocorreu migração para latitudes maiores de algumas espécies após o último período glacial (Oliveira-Filho et al. 2013Oliveira-Filho, A.T.; Budke, J.C.; Jarenkow, J.A.; Eisenlohr, P.V. & Neves, D.M. 2013. Delving into the variations in tree species composition and richness across South American subtropical Atlantic and Pampean forests. Journal of Plant Ecology 6: 1-23.), resultando, nos tempos atuais, na presença de elementos compartilhados, assim como transições ou sobreposições, entre essas formações (Waechter 2009Waechter, J.L. 2009. Epífitos vasculares da Floresta com Araucária do sul do Brasil. In: Fonseca, C.R.; Souza, A.F.; Leal-Zanchet, A.M.; Dutra, T.L.; Backes, A. & Ganade, G. (org.). Floresta com Araucária: Ecologia, Conservação e Desenvolvimento Sustentável. Holos Editora, Ribeirão Preto. Pp. 127-135.). Desta forma, variáveis ambientais, como temperaturas mais baixas, podem ser um dos fatores cruciais que estariam influenciando na similaridade entre as epífitas vasculares nessas áreas analisadas.

Em contrapartida, as localidades em contato com Cerrado (e.g., Luís Antônio, Bauru e Assis, em SP) e as localidades próximas à Floresta Ombrófila Densa (FOD) (e.g., São Paulo capital em SP e Descoberto e Barroso em MG) formaram grupos distintos no dendrograma, influenciados, provavelmente, a oeste pelo domínio do Cerrado e a leste pela FOD (Menini Neto et al. 2009Menini Neto, L.; Forzza, R.C. & Zappi, D. 2009. Angiosperm epiphytes as conservation indicators in Forest fragments: A case study from southeastern Minas Gerais, Brazil. Biodiversity Conservation 18: 3785-3807.; Leitman 2013Leitman, P.M. 2013. Angiospermas epífitas de um remanescente de floresta Montana no sul da Bahia, Brasil. Dissertação de Mestrado. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro/Escola Nacional de Botânica Tropical, Rio de Janeiro. 49p.).

Outro interessante aspecto pode ser observado no dendrograma em relação à formação de dois outros grupos distintos. Um deles agrupou somente áreas do Paraná (Foz do Iguaçu, Fênix e baixo rio Tibagi) e outro com áreas de três estados (Gália e Iperó em SP, Jateí, MS e Maringá, PR). O primeiro grupo pode ter se formado por apresentarem, de fato, uma composição florística próxima, enquanto o segundo agrupamento pode ter sido devido ao baixo número de espécies que as áreas que o compõe apresentaram assim como aos níveis de conservação que essas florestas encontram-se (Tab. 1 e Fig. 3). O fato da área estudada não ter se agrupado com nenhum destes pode se dever provavelmente a fatores ambientais distintos condicionados pela maior altitude da área estudada, fatores estes não analisados no presente estudo.

Tais resultados concordam com a ideia da distribuição irregular das epífitas vasculares no Domínio Atlântico (Waechter 2009Waechter, J.L. 2009. Epífitos vasculares da Floresta com Araucária do sul do Brasil. In: Fonseca, C.R.; Souza, A.F.; Leal-Zanchet, A.M.; Dutra, T.L.; Backes, A. & Ganade, G. (org.). Floresta com Araucária: Ecologia, Conservação e Desenvolvimento Sustentável. Holos Editora, Ribeirão Preto. Pp. 127-135.; Kersten 2010Kersten, R.A. 2010. Epífitas vasculares - histórico, participação taxonômica e aspectos relevantes, com ênfase na Mata Atlântica. Hoehnea 37: 9-38.), além do que, podem também caracterizar a condição ecotonal da FES dessa região do estado de São Paulo, situando-se entre os domínios fitogeográficos da Floresta Atlântica e Cerrado (Ab'Sáber 2003Ab'Sáber, A. 2003. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. 7ª ed. Ateliê Editorial, São Paulo. 158p.; Fiaschi & Pirani 2009Fiaschi, P. & Pirani, J.R. 2009. Review of plant biogeographic studies in Brazil. Journal of Systematics and Evolution 47: 477-496.; IBGE 2012Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2012. Manual técnico da vegetação brasileira. 2ª ed. IBGE, Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, Rio de Janeiro. 276p.). De maneira geral, nas áreas de FES analisadas pode-se notar algumas relações fitogeográficas com o Cerrado, a FOD e a FOM. Contudo, há ainda muitas lacunas em relação ao conhecimento das epífitas vasculares nessa formação, tornando-se necessários mais estudos para que tais padrões sejam mais bem elucidados.

  • 1
    Parte da dissertação de Mestrado do primeiro autor.
  • Material Suplementar
    Esse artigo conta com os seguintes materiais suplementares em formato digital:
    A lista das espécies de epífitas vasculares, suas síndromes de dispersão, categoria ecológica, fitofisionomias e voucher, amostrados nas duas fisionomias vegetais estudadas, Floresta Estacional Semidecídua e Floresta Paludosa, localizadas na Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP (ANE: anemocoria; ZOO: zoocoria; HEP: hemiepífita primária; HES: hemiepífita secundária; HLA: holoepífita acidental; HLO: holoepífita obrigatória; HLF: holoepífita facultativa; GMM: Gabriel Mendes Marcusso; # espécies não citadas para a FES de acordo com Stehman et al. 2009Stehmann, J.R.; Forzza, R.C.; Salino, A.; Sobral, M.; Costa, D.P. & Kamino, L.Y. 2009. Plantas da Floresta Atlântica. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 516p.). Disponível em <http://dx.doi.org/10.6084/m9.figshare.1456278>.
    List of the vascular epiphytes, dispersion syndromes, ecological category, phytophysiognomies and collector number, surveyed in two phytophysiognomies, Seasonal Semideciduous Forest and Swanp Forest, in the Escola do Meio Ambiente, Botucatu, SP (ANE: anemochory; ZOO: zoochory; HEP: primary hemiepiphytes; HES: secondary hemiepiphytes; HLA: accidental holoepiphytes; HLO: obligate holoepiphytes; HLF: facultative holoepiphytes; GMM: Gabriel Mendes Marcusso; #species no cited to FES according to Stehman et al. 2009Stehmann, J.R.; Forzza, R.C.; Salino, A.; Sobral, M.; Costa, D.P. & Kamino, L.Y. 2009. Plantas da Floresta Atlântica. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 516p.). Available at <http://dx.doi.org/10.6084/m9.figshare.1456278>.
    A matriz de presença-ausência contendo a lista de espécies em todas as áreas utilizadas na análise de similaridade com suas respectivas ocorrências em cada local, em formato Word. Disponível em <http://dx.doi.org/10.6084/m9.figshare.1456279>.
    Presence-absence matrix based on the species lists of all of the sites used in the similarity analyses, with their respective occurrences in each area, in Word format. Available at <http://dx.doi.org/10.6084/m9.figshare.1456279>.

Agradecimentos

À Dra. Eliana N. Gabriel, a permissão do estudo na Escola do Meio Ambiente; ao Dr. Rodrigo A. Kersten, à Dra. Alessandra T. Fidelis, ao Dr. Marcelo Moro e aos dois revisores anônimos, as sugestões ao manuscrito; ao Msc. Diogo A. Amorim, o auxílio no abstract e as sugestões no manuscrito; ao Msc. Pablo R. Sanine, a ajuda nos trabalhos de campo; e aos diversos especialistas que auxiliaram nas identificações. O primeiro autor agradece ao CNPq, a bolsa de Mestrado.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2016

Histórico

  • Recebido
    02 Abr 2015
  • Aceito
    10 Set 2015
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