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Regeneração Natural de Espécies Vegetais em Jazidas Revegetadas

Natural Regeneration of Plant Species in Revegetated Mining Areas

RESUMO

A mineração provoca degradação intensa no ambiente. Em consequência dos impactos dessa atividade, a legislação determina a elaboração e execução de Planos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRADs) como medida de reabilitação do ambiente degradado. O objetivo deste estudo foi realizar a avaliação de áreas de mineração reabilitadas com plantio de Eucalyptus sp. ou espécies arbóreas nativas, utilizando como parâmetros a composição, a diversidade florística implantada e as condições da regeneração natural. Foram identificadas 41 espécies distribuídas em 39 gêneros e 22 famílias. Observaram-se 16 espécies de novos regenerantes no conjunto das áreas. O levantamento florístico revelou menor diversidade na área com Eucalyptus sp. do que nas áreas revegetadas com espécies nativas. Assim, o uso de espécies nativas na recuperação de áreas degradadas se mostrou mais adequado à diversidade florística.

Palavras-chave:
degradação; mineração; recuperação

ABSTRACT

Mining activities causes severe environmental degradation. In light of the activity impacts, the legislation determine the development and implementation of Recovery of Degraded Areas Plans (PRDA) as a measure to restore the degraded environment. This study aimed to evaluate the mining areas rehabilitated by planting Eucalyptus sp. or native species, using parameters such as composition, implanted floristic diversity and conditions of natural regeneration. We identified 41 species in 39 genera and 22 families, and noted 16 new regenerating species in the whole area. The floristic survey revealed lower diversity in the area with Eucalyptus sp. than in the area revegetated with native species Thus, the use of native species in degraded land recovery was more appropriate due to the floristic diversity.

Keywords:
degradation; mining; recovery

1 INTRODUÇÃO

Em ecossistemas naturais, as atividades mineradoras provocam impactos intensos em virtude das alterações associadas a esse tipo de atividade. Dessa forma, a intervenção humana é imprescindível para que ações de recuperação das áreas degradadas possam ser realizadas (Parrota & Knowles, 2008Parrota JA, Knowles OH. Restauração florestal em áreas de mineração de bauxita na Amazônia. In: Kageyama PY, Oliveira RE, Moraes LF, Engel VL, Gandara FB, organizadores. Restauração ecológica de ecossistemas naturais. Botucatu: FEPAF; 2008. p. 307-330.; Sheoran et al., 2010Sheoran V, Sheoran AS, Poonia P. Soil reclamation of abandoned mine land by revegetation: a review. The International Journal of Soil, Sediment and Water: Documenting the Cutting Edge of Environmental Stewardship 2010; 3: 1-20.).

A mineração degrada a paisagem ao remover a vegetação e as camadas do solo, promovendo alterações físicas, químicas e biológicas no meio. Uma das consequências da mineração é a drástica redução da regeneração natural na área, pois a exploração desses locais é realizada com máquinas pesadas, que comprometem severamente as condições do solo e as possibilidades de surgimento de novas espécies (Ferreira et al., 2010Ferreira WC, Botelho SA, Davide AC, Faria JM, Ferreira DF. Regeneração natural como indicador da recuperação de área degradada a jusante da usina hidrelétrica de Camargos, MG. Revista Árvore 2010; 34(4): 651-660. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-67622010000400009.
http://dx.doi.org/10.1590/S0100-67622010...
). Isto posto, as atividades de revegetação são fundamentais, para que assim o processo de recuperação ocorra nesses locais (Araújo, 2006Araújo GHMF. Efeito do manejo sobre a qualidade do substrato e o desenvolvimento de espécies arbóreas do cerrado em uma cascalheira no Distrito Federal [dissertação]. Brasília: Universidade de Brasília; 2006.; Fontes, 1991Fontes MPF. Estudo pedológico reduz impacto da mineração. Revista da Cetesb de Tecnologia Ambiente 1991: 58-61.; Pereira et al., 2015Pereira IM, Gonzaga APD, Machado ELM, Oliveira MLR, Marques IC. Estrutura da vegetação colonizadora em ambiente degradado por extração de cascalho em Diamantina, MG. Pesquisa Florestal Brasileira 2015; 35(82): 77-88. http://dx.doi.org/10.4336/2015.pfb.35.82.769.
http://dx.doi.org/10.4336/2015.pfb.35.82...
).

Recuperar um ambiente minerado torna-se um desafio, principalmente com relação ao resgate da estrutura da vegetação, no tocante à sua composição e funções ecológicas. Além disso, estudos apontam que os trabalhos de recuperação de áreas mineradas são muitas vezes realizados de forma isolada, sem considerar as diversas interações, que influenciam a dinâmica da sucessão ecológica em ambientes atingidos por esse tipo de degradação (Carvalho, 2011Carvalho RPB. Contribuições da análise de geosssistemas na recuperação de áreas degradadas por mineração. Caderno de Geografia 21(36), 13-28, 2011.; Suhartoyo et al., 2012Suhartoyo H, Munawar A, Wiryono. Returning biodiversity of rehabilitated forest on a coal mined site at Tanjung Enim, South Sumatra. Proceedings of the Society for Indonesian Biodiversity – International Conference 2012; 1: 126-130.).

A revegetação é o ponto de partida e pré-requisito obrigatório para a recuperação de ecossistemas. Para áreas mineradas, geralmente os objetivos da recuperação relacionam-se com a redução da erosão e a proteção dos solos. No entanto, a Recuperação de Áreas Degradadas (RAD) pela mineração é uma atividade complexa e não se restringe ao mero plantio para conter processos erosivos. Logo, é necessário selecionar as espécies vegetais características de cada região que possam suportar as condições da área, bem como acelerar a regeneração natural, objetivando reconstituir e intensificar os processos de sucessão que ocorreriam naturalmente (Dutra et al., 2002Dutra GC, Botelho SA, Ferreira CAG, Davide AC. Avaliação do crescimento de espécies arbóreas plantadas em duas estratégias de recuperação de áreas degradadas pela mineração. In: Anais do V Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas "Água e Biodiversidade"; 2002; Belo Horizonte. Belo Horizonte: SOBRADE; 2002. p. 331-333.; Sheoran et al., 2010Sheoran V, Sheoran AS, Poonia P. Soil reclamation of abandoned mine land by revegetation: a review. The International Journal of Soil, Sediment and Water: Documenting the Cutting Edge of Environmental Stewardship 2010; 3: 1-20.; Viani et al., 2010Viani RAG, Durigan G, Melo ACG. A regeneração natural sob plantações florestais: desertos verdes ou redutos de biodiversidade? Ciência Florestal 2010; 20(3): 533-552. http://dx.doi.org/10.5902/198050982067.
http://dx.doi.org/10.5902/198050982067...
).

Entre as etapas previstas nos Programas de Recuperação de Áreas Degradadas (PRADs), a seleção adequada das espécies a serem implantadas pode ser considerada uma das fases fundamentais para o sucesso dos trabalhos de recuperação (Rodrigues & Gandolfi, 1998Rodrigues RRR, Gandolfi S. Restauração de florestas tropicais: subsídios para uma definição metodológica e indicadores de avaliação e monitoramento. In: Dias LE, Mello JWV. Recuperação de áreas degradadas. Viçosa: Sobrade/UFV; 1998. p. 203-215.). E a escolha do modelo de plantio mais adequado para cada área degradada depende de uma série de informações sobre aspectos ecológicos, estado de degradação, disponibilidade de mudas, dentre outras (Martins, 2007Martins SV. Recuperação de matas ciliares. 2. ed. Viçosa: CPT; 2007.; Aumond et al., 2012Aumond JJ, Loch C, Comin JJ. Abordagem sistêmica e o uso de modelos para recuperação de áreas degradadas. Revista Árvore 2012; 36(6): 1089-1118. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-67622012000600011.
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).

Após a seleção do modelo a ser implantado é necessário avaliar se as atividades realizadas obtiveram sucesso ou não, e essas respostas são adquiridas a partir dos trabalhos de monitoramento da área em recuperação (Daronco et al., 2013Daronco C, Melo AC, Durigan G. Ecossistema em restauração versus ecossistema de referência: estudo de caso da comunidade vegetal de mata ciliar em região de Cerrado, Assis, SP, Brasil. Hoehnea 2013; 40(3): 485-498. http://dx.doi.org/10.1590/S2236-89062013000300008.
http://dx.doi.org/10.1590/S2236-89062013...
). Nesse sentido, devido ao fato de o restabelecimento de espécies vegetais nativas em áreas mineradas ocorrer lentamente, é fundamental que seja avaliado até que ponto as metas e objetivos planejados foram alcançados e quando esses resultados poderão ser considerados satisfatórios (Almeida & Sánchez, 2015Almeida ROPO, Sánchez LE. Indicadores da qualidade do substrato para monitoramento de áreas de mineração revegetadas. Floresta e Ambiente 2015; 22(2): 153-163. http://dx.doi.org/10.1590/2179-8087.072714.
http://dx.doi.org/10.1590/2179-8087.0727...
).

De acordo com os estudos de avaliação e monitoramento em RAD, as pesquisas sobre a comunidade vegetal em áreas de PRADs podem contribuir para o desenvolvimento de novas tecnologias e formas de manejo das áreas degradadas (Alday et al., 2014Alday JG, Santana VM, Marrs RH, Martínez-Ruiz C. Shrub-induced understory vegetation changes in reclaimed mine sites. Ecological Engineering 2014; 1(73): 691-698. http://dx.doi.org/10.1016/j.ecoleng.2014.09.079.
http://dx.doi.org/10.1016/j.ecoleng.2014...
). E, segundo Bellotto et al. (2009)Bellotto A, Gandolfi S, Rodrigues SRR. Principais iniciativas de restauração florestal na Mata Atlântica, apresentadas sob a ótica da evolução dos conceitos e dos métodos aplicados. In: RODRIGUES RR, BRANCALION PHS, ISERNHAGEM I. Pacto pela restauração da Mata Atlântica: referencial dos conceitos e ações de restauração florestal. São Paulo: LERF/ESALQ; Instituto BioAtlântica; 2009., no monitoramento das áreas em recuperação, a regeneração natural é um indicador fundamental na avaliação de modelos de PRADs implantados.

Assim, as avaliações com base na regeneração natural trazem informações do restabelecimento da vegetação bem como dos processos ecológicos associados e ainda servem de base para ações de melhoria do PRADs, assegurando maior eficiência (Moreira, 2004Moreira PR. Manejo do solo e recomposição da vegetação com vistas a recuperação de áreas degradadas pela extração de bauxita, Poço de Caldas, MG [tese]. São Paulo: Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”; 2004.; Mochiutti et al., 2008Mochiutti S, Higa AR, Simon AA. Fitossociologia dos estratos arbóreo e de regeneração natural em um povoamento de Acácia-Negra (Acacia mearnsii De Wild.) na região da floresta estacional semidecidual do Rio Grande do Sul. Ciência Florestal 2008; 18(2): 207-222.; Alday et al., 2011Alday JG, Marrs RH, Martínez-Ruiz C. Vegetation sucession on reclaimed coal wastes in Spain: The influence of soil and environmental factors. Applied Vegetation Science 2011; 14(1): 84-94. http://dx.doi.org/10.1111/j.1654-109X.2010.01104.x.
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; Miranda-Neto et al., 2012Miranda-Neto A, Martins SV, Silva KA, Gleriani JM. Estrato de regeneração natural de uma floresta restaurada com 40 anos. Pesquisa Florestal Brasileira 2012; 32(72): 409-420. http://dx.doi.org/10.4336/2012.pfb.32.72.409.
http://dx.doi.org/10.4336/2012.pfb.32.72...
). Nesse contexto, este trabalho objetivou avaliar comparativamente três modelos de plantio distintos de PRADs, com o uso de espécies nativas e exóticas em áreas mineradas, utilizando como principal indicador a regeneração natural e a diversidade florística associada entre as áreas.

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Área de estudo

O estudo foi desenvolvido em quatro áreas mineradas (Copener, CP; Caboclo, CB; Rio Torto, RT; e Mangueira, MG), localizadas no município de Alagoinhas (Bahia, Brasil), 12º07’13”S e 38º24’35”W (Figura 1), região denominada Agreste da Bahia e Território do Litoral Norte (IBGE, 2010Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE [online]. Rio de Janeiro: IBGE; 2010. [citado em 2010 fev. 5]. Disponível em: www.ibge.gov.br
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). O clima é do tipo Af’, segundo a classificação de Köppen, com pluviosidade média anual de 1.469 mm e temperatura média de 24,2 ºC, com máxima de 30 ºC e mínima de 17,3 ºC (IBGE, 2010Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE [online]. Rio de Janeiro: IBGE; 2010. [citado em 2010 fev. 5]. Disponível em: www.ibge.gov.br
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).

Figura 1
Mapa do município de Alagoinhas (Bahia, Brasil). Fonte: adaptada de CEI (1980)Centro de Estatística e Informações – CEI. Informações básicas dos municípios baianos: por microrregiões homogêneas. Salvador: SEPLANTEC; 1980. v. 5..

As áreas de propriedade da empresa Bahia Specialty Cellulose (BSC) foram selecionadas pela semelhança no histórico de degradação: áreas mineradas para extração de cascalho na década de 1980. Os PRADs foram iniciados nas áreas a partir de 2006, com preparação do terreno e o plantio das mudas de espécies arbóreas, gramíneas e leguminosas em maio de 2007 (Copener Florestal, 2006Copener Florestal. Programa de recuperação de áreas degradadas. Alagoinhas: Copener Florestal Ltda; 2006.).

Em cada jazida foram aplicados três modelos de plantio distintos, de acordo com o PRAD elaborado pela empresa BSC, áreas identificadas como: Copener (CP), Caboclo (CB), Rio Torto (RT) e Mangueira (MG), citadas anteriormente.

Na área de Copener (0,2 ha) fez-se o plantio de espécie exótica (Eucalyptus sp.) em espaçamento 2 x 2 m; nas áreas de Caboclo (0,13 ha) e Rio Torto (3,91 ha) utilizou-se o plantio de espécies nativas em quincôncio, com espaçamento 3 x 1,5 m e plantio de enriquecimento, em espaçamento 4 x 4 m nos trechos da área que apresentavam algumas espécies vegetais já estabelecidas. Na jazida Mangueira (0,76 ha) fez-se o plantio de espécies nativas em quincôncio com espaçamento 3 x 1,5 m; plantio de enriquecimento em espaçamento 4 x 4 m nos locais onde ocorriam espécies vegetais; plantio de leguminosa rasteira e herbáceas nas entrelinhas de 0,8 metro de largura e plantio de gramíneas nas encostas e voçorocas (Tabela 1). Em todas as áreas, antes do plantio foi realizada a sistematização e preparo do terreno com equipamentos mecanizados (Copener Florestal, 2006Copener Florestal. Programa de recuperação de áreas degradadas. Alagoinhas: Copener Florestal Ltda; 2006.).

Tabela 1
Modelos implantados nas jazidas. Fonte: Copener Florestal (2006)Copener Florestal. Programa de recuperação de áreas degradadas. Alagoinhas: Copener Florestal Ltda; 2006..

Table 1. Models deployed in mined areas. Source: Copener Florestal (2006)Copener Florestal. Programa de recuperação de áreas degradadas. Alagoinhas: Copener Florestal Ltda; 2006..


No preparo do terreno para o plantio foram realizadas as atividades mecânicas de (i) escarificação mecânica do solo nas áreas que receberam o vermicomposto, com uso de um trator acoplado a escarificador; (ii) coveamento para a introdução das mudas, podendo as covas serem feitas manualmente, com auxílio de ferramentas ou com um trator com broca de perfuração, nas dimensões de 40 cm x 40 cm x 40 cm; e (iii) a correção do solo, após análise química com calagem para correção do pH e adubação inicial composta de 150 g de fosfato natural depositado no fundo das covas das mudas (Copener Florestal, 2006Copener Florestal. Programa de recuperação de áreas degradadas. Alagoinhas: Copener Florestal Ltda; 2006.).

Com a conclusão das atividades mecânicas, a empresa confeccionou uma lista de espécies vegetais nativas pioneiras, secundárias e climácicas (Tabela 2), que foram implantadas nas jazidas em maio de 2006, incluindo espécies de gramíneas [Brachiaria decumbens Stapf. e o capim touceira Sporobolus indicus (L.) R. Br.] associadas com leguminosas forrageiras (feijão guandu, Cajanus cajan L., e mucuna-preta Mucuna spp.) e Eucalyptus sp. (Copener Florestal, 2006Copener Florestal. Programa de recuperação de áreas degradadas. Alagoinhas: Copener Florestal Ltda; 2006.).

Tabela 2
Espécies arbóreas selecionadas para recuperação nas áreas mineradas. Fonte: Copener Florestal (2006)Copener Florestal. Programa de recuperação de áreas degradadas. Alagoinhas: Copener Florestal Ltda; 2006..

Table 2. Tree species selected for recovery in mined areas. Source: Copener Florestal (2006)Copener Florestal. Programa de recuperação de áreas degradadas. Alagoinhas: Copener Florestal Ltda; 2006..


A avaliação da comunidade vegetal foi feita nas quatro áreas de estudo através do estudo florístico quatro anos após o plantio, empregando-se o método qualitativo do “caminhamento” recomendado por Filgueiras et al. (1994)Filgueiras TS, Brochado AL, Nogueira PE, Gualla Ii GF. Caminhamento: um método expedito para levantamentos florísticos qualitativos. Caderno Geociência 12:39-43, 1994.. O método consiste em caminhadas aleatórias ao longo de uma ou mais linhas retas imaginárias, incluindo as bordas do fragmento, com a identificação das espécies de plantas encontradas. Durante as caminhadas foram feitas coletas de exemplares de plantas em estágio reprodutivo para herborização, conforme Fidalgo & Bononi (1984)Fidalgo O, Bononi VLR. Técnica de coleta, preservação e herborização de material botânico. São Paulo: Instituto de Botânica; 1984. e Mori et al. (1989)Mori SA, Mattos-Silva LA, Lisboa G, Coradin L. Manual de manejo do herbário fanerogâmico. 2. ed. Ilhéus: CEPLAC; 1989..

As amostras das plantas coletadas foram levadas para o Herbário da Universidade do Estado da Bahia (HUNEB), onde foram preparadas em exsicatas e identificadas a partir de comparações com as exsicatas do acervo do herbário. Com base no levantamento realizado, lista e dados florísticos da região, como referência (Bastos, 2009Bastos NG. Levantamento florístico do remanescente florestal Araticum, localizado no município de Alagoinhas. [trabalho de conclusão de curso]. Alagoinhas: Universidade do Estado da Bahia; 2009.; Brasil, 1981Brasil. Ministério de Minas e Energia. Projeto Radam. Rio de Janeiro: Ministério de Minas e Energia; 1981. Levantamento dos Recursos Naturais vol. 24.), avaliou-se o uso de espécies vegetais nativas e exóticas em cada modelo implantado. Verificou-se ainda o surgimento de indivíduos regenerantes, em cada local estudado. Consideraram-se como novos regenerantes espécimes vegetais jovens com altura entre 0,30-1,30 m encontrados entre as linhas de plantio cujo nome não constava na lista original do PRAD e que não apresentavam coveamento na base (Castanho, 2009Castanho GG. Avaliação de dois trechos de uma Floresta estacional Semidecidual restaurada por meio de plantio, com 18 e 20 anos no sudeste do Brasil [dissertação]. Piracicaba: Universidade de São Paulo; 2009.; Sorreano, 2002Sorreano MCM. Avaliação de aspectos da dinâmica de florestas restauradas, com diferentes idades [dissertação]. Piracicaba: Universidade de São Paulo; 2002.).

A ordenação das famílias e gêneros foi baseada no sistema APG II (2003Angiosperm Phylogeny Group – APG II. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the Linnean Society 2003; 141(4): 399-436. http://dx.doi.org/10.1046/j.1095-8339.2003.t01-1-00158.x.
http://dx.doi.org/10.1046/j.1095-8339.20...
). Quanto ao hábito, as espécies foram classificadas em arbóreas, arbustivas, subarbustivas, herbáceas e lianas.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O levantamento florístico revelou um total de 41 espécies entre as que foram plantadas e as de regeneração natural. Entre as espécies encontradas havia 38 gêneros e 22 famílias representadas. As famílias Fabaceae, Asteraceae, Melastomataceae predominaram nas áreas, com 6, 5 e 4 espécies, respectivamente (Tabela 3). A maior representatividade da família Fabaceae justifica-se pelo fato deste grupo se destacar entre as famílias mais frequentes na Mata Atlântica (Rizzini, 1979Rizzini CT. Árvores e madeiras úteis do Brasil: manual de dendrologia brasileira. São Paulo: Edgard Blücher; 1979.). Além disso, espécies pertencentes a essa família possuem grande plasticidade ecológica, a qual permite que habitem ambientes em situações adversas (Araújo et al., 2006Araújo FS, Martins SV, Meira JAA No, Lani JL, Pires IE. Estrutura da vegetação arbustivo-arbórea colonizadora de uma área degradada por mineração de caulim, Brás Pires, MG. Revista Árvore 2006; 30(1): 107-116. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-67622006000100013.
http://dx.doi.org/10.1590/S0100-67622006...
). E as famílias Asteraceae e Melastomataceae apresentam espécies consideradas pioneiras que habitam as bordas e clareiras de florestas, sendo frequentes em áreas antropizadas (Dutra et al., 2008Dutra VF, Garcia FCP, Lima HC, Queiroz LP. Diversidade florística de Leguminosae Adans. em áreas de campos rupestres. Megadiversidade 2008; 4(1): 117-125.; Rizzini, 1979Rizzini CT. Árvores e madeiras úteis do Brasil: manual de dendrologia brasileira. São Paulo: Edgard Blücher; 1979.). Estudo realizado por Esperança et al. (2011)Esperança AAF, Demolinari RA, Soares CE, Martins SV, Miranda A No. Caracterização fitossociológica da regeneração natural de uma área restaurada após a mineração de bauxita, em Itamarati- Minas, MG. In: Resumo do Congresso Brasileiro de Reflorestamento Ambiental; 2011; Guarapari, ES: SESC Centro de Turismo; 2011. p. 1-8. em Itamarati, MG, também evidenciou predominância das famílias Fabaceae e Melastomataceae em áreas mineradas para extração de bauxita.

Tabela 3
Lista de espécies coletadas nas áreas Copener (CP), Caboclo (CB), Rio Torto (RT) e Mangueira (M). Hábito: árvore (AR), arbusto (AB), subarbusto (SUB), herbácea (HE) e liana (LI).

Table 3. List of species collected in areas Copener (CP), Caboclo (CB), Rio Torto (RT) and Hose (M). Habit: Tree (AR), bush (AB), subshrub (SUB), herbaceous (HE) and liana (LI).


Outras pesquisas indicam espécies dessas famílias para plantio em solos degradados por que apresentam altas taxas de sobrevivência e facilidade de adaptação a ambientes degradados, contribuindo para a melhoria do solo e, consequentemente, para a instalação de outras espécies (Gonçalves et al., 2008Gonçalves JLM, Nogueira LR, Ducatti F. Recuperação de solos degradados. In: Kageyama PY, Oliveira RE, Moraes LF, Engel VL, Gandara FB. Restauração ecológica de ecossistemas naturais. Botucatu: FEPAF; 2008. p. 307-330.; Rizzini, 1979Rizzini CT. Árvores e madeiras úteis do Brasil: manual de dendrologia brasileira. São Paulo: Edgard Blücher; 1979.).

Considerando-se apenas o hábito de cada espécie de planta coletada nas quatro áreas em recuperação, das 41 espécies identificadas houve predominância de árvores, com 15 espécies (37%), seguidas de 10 arbustivas (24%), 8 de ervas (19%), 6 de subarbustos (15%) e duas espécies de lianas (5%) (Figura 2).

Figura 2
Distribuição por porte das espécies de plantas coletadas nas quatro áreas em recuperação – Copener, Caboclo, Rio Torto e Mangueira.

Foram coletados indivíduos novos regenerantes das seguintes espécies: Aspilia foliosa, Baccharis salzimannii, Borreria verticillata, Comolia ovolifolia, Conocliniopsis prasiifolia, Croton campestris, C. sellowii, Eremanthus icanus, Evolvulus glomeratus, Miconia albicans, M. ciliata, M. pileata, Polygala glochidiata, Sebastiania myrtilioides, Solanum apiculatum e Tetracera breyniana.

A contribuição da regeneração natural pelas famílias Asteraceae, Melastomataceae e Euphorbiaceae nas áreas indica a importância das espécies desses grupos em condições de solos minerados e/ou degradados. Estudos indicam que as espécies pertencentes ao grupo das Asteraceae, Melastomataceae e Euphorbiaceae são de rápido crescimento, geralmente de estádios iniciais de sucessão, e que podem contribuir para a formação da cobertura vegetal na área (Amaral et al., 2013Amaral WG, Pereira IM, Machado ELM, Oliveira PA, Dias LG, Mucida DP et al. Relação das espécies colonizadoras com as características do substrato em áreas degradadas na Serra do Espinhaço Meridional. Bioscience Journal 2013; 29(1): 1696-1707.; Jacobi et al., 2008Jacobi M, Carmo FF, Vincent RC. Estudo fitossociológico de uma comunidade vegetal sobre Canga como subsídio para a reabilitação de áreas mineradas no Quadrilátero Ferrífero, MG. Revista Árvore 2008; 32(2): 345-353. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-67622008000200017.
http://dx.doi.org/10.1590/S0100-67622008...
). Resultados semelhantes foram encontrados por Lima (2008)Lima EP. Florística e estrutura de uma área degradada por garimpo de ouro abandonado e do remanescente florestal de entorno, no município de Alta Floresta-MT [dissertação]. Sinop: Universidade do Estado de Mato Grosso; 2008. ao estudar a regeneração natural em uma área degradada por garimpo de ouro em Mato Grosso, na qual se evidenciou a predominância de espécies das famílias Clusiaceae, Euphorbiaceae, Melastomataceae e Solanaceae.

Nesse contexto é possível inferir que a regeneração natural apresenta extrema relevância como parâmetro ou indicador de áreas em processo de recuperação, pois a partir do surgimento e estabelecimento de novas espécies na área é possível avaliar se os processos sucessionais estão presentes e quais medidas podem ser tomadas para melhorar resultados do PRAD implantado (Souza, 2014Souza LM. Regeneração natural como indicador da sustentabilidade em áreas em processo de restauração [tese]. Lavras: Universidade Federal de Lavras; 2014.; Reis et al.,2014Reis DN, Davide AC, Ferreira DF. Indicadores preliminares para avaliação da restauração em reflorestamentos de ambientes ciliares. Pesquisa Florestal Brasileira 2014; 34(80): 375-389. http://dx.doi.org/10.4336/2014.pfb.34.80.757.
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).

Quanto aos modelos de plantio adotados nos PRADs (CP, CB, RT e MG), ocorreu uma variação na diversidade florística em cada área, registrando-se um gradiente crescente de diversidade entre Copener, com 6 famílias e 8 espécies; Caboclo, com 9 famílias e 14 espécies; Rio Torto, com 14 famílias e 22 espécies; e Mangueira, com 15 famílias e 24 espécies (Figura 3). Logo, a menor diversidade florística foi registrada na área Copener, com predominância do uso de espécies exóticas, enquanto a maior diversidade florística foi observada na área Mangueira, na qual se adotou uso exclusivo de espécies de plantas nativas (Figura 3).

Figura 3
Número de espécies e famílias implantadas considerando-se os modelos de PRAD nas áreas em recuperação – Copener (CP), Caboclo (CB), Rio Torto (RT) e Mangueira (MG).

Assim, o número de famílias e espécies nos PRAD que utilizaram espécies nativas, como nas áreas Caboclo, Mangueira e Rio Torto, foi maior do que no plantio homogêneo de Eucalyptus sp. adotado em Copener (Figura 3). De acordo com Nóbrega et al. (2009)Nóbrega AM, Valeri SV, Paula RC, Pavani MCMD, Silva SA. Banco de sementes de remanescentes naturais e de áreas reflorestadas em uma área várzea do rio Mogi-Guaçu-SP. Revista Árvore 2009; 33(3): 403-411., plantios que utilizam espécies nativas têm maiores probabilidades de apresentar similaridade florística com as áreas naturais ao longo do tempo. Portanto, a revegetação de áreas mineradas deve observar em princípio o resgate da biodiversidade local, com a seleção e implantação de espécies nativas que suportem as condições áridas de substratos expostos, comuns a esse tipo de degradação (Corrêa, 2006Corrêa RS. Recuperação de áreas degradadas pela mineração no cerrado: manual para revegetação. Brasília: Universa; 2006.; Ferreira et al., 2010Ferreira WC, Botelho SA, Davide AC, Faria JM, Ferreira DF. Regeneração natural como indicador da recuperação de área degradada a jusante da usina hidrelétrica de Camargos, MG. Revista Árvore 2010; 34(4): 651-660. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-67622010000400009.
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).

Segundo Ferracin et al. (2010)Ferracin TP, Silva VT, Medri PS, Bianchini E, Pimenta JA, Torezan JMD. Comparação de parâmetros bióticos e abióticos entre fragmento de floresta secundária nativa e um reflorestamento de Pinus taeda L. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde 2010; 31(2): 179-188. e Fidalgo et al. (2009)Fidalgo AO, Alcântara RP, Caldiron GT. Parâmetros de crescimento na avaliação de uma floresta implantada em uma restinga degradada pela mineração. Revista Brasileira de Biociências 2009; 7(4): 382-386., plantios de recuperação de áreas degradadas que possuem espécies exóticas e que não realizam medidas de condução e retirada delas geralmente apresentam baixa diversidade, porque as espécies exóticas podem influenciar o desenvolvimento das mudas implantadas e o recrutamento de novas espécies. Porém, mesmo em áreas de plantio com espécies exóticas é possível, através do manejo desses indivíduos, ocorrer o incremento de diversidade florística com a regeneração natural ao longo do tempo (Fidalgo et al., 2009Fidalgo AO, Alcântara RP, Caldiron GT. Parâmetros de crescimento na avaliação de uma floresta implantada em uma restinga degradada pela mineração. Revista Brasileira de Biociências 2009; 7(4): 382-386.).

Resultados semelhantes aos desta pesquisa foram encontrados por Neri et al. (2005)Neri AV, Campos EP, Duarte TG, Meira JAA No, Silva AF, Valente GE. Regeneração de espécies nativas lenhosas sob o plantio de Eucalyptus em área de Cerrado na Floresta Nacional de Paraopeba, MG, Brasil. Acta Botanica Brasílica 2005; 19(2): 369-376. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-33062005000200020.
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ao compararem a regeneração de espécies nativas sob plantios de Eucalyptus spp. com a de uma área natural. Segundo os autores, a área amostrada contendo somente espécie exótica (Eucalyptus sp.) apresentou índice reduzido de diversidade, fato que foi relacionado às condições de sombreamento causado pelas espécies de Eucalyptus. Entretanto, Onofre et al. (2010)Onofre FF, Engel VL, Cassola H. Regeneração natural de espécies da Mata Atlântica em sub-bosque de Eucalyptus saligna Smith. em uma antiga unidade de produção florestal no Parque das Neblinas, Bertioga, SP. Scientia Forestalis 38(85):39-52, 2010., ao estudar a regeneração natural com espécies da Floresta Atlântica em um sub-bosque de Eucalyptus saligna, encontraram condições de riqueza e diversidade florística acima do esperado, fato justificado pela proximidade de um extenso remanescente de vegetação Atlântica que provavelmente foi fator fundamental para o aumento da biodiversidade.

Neste estudo, Eucalyptus sp. ocorreu em todas as áreas em recuperação. Segundo Araújo et al. (2008)Araújo GHS, Almeida JR, Guerra AJT. Gestão ambiental de áreas degradadas. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil; 2008., as espécies exóticas, ao serem utilizadas nos PRADs, geralmente apresentam uma grande amplitude de dispersão, espalhando-se mais rapidamente e sobrepondo-se às espécies nativas, podendo mesmo formar manchas monoespecíficas na paisagem. Dessa forma, a presença de Eucalyptus sp. em todas as áreas, independentemente do modelo de PRAD adotado, pode ser explicada pelo comportamento ecológico de rápido crescimento e dispersão da espécie e pela localização, nas áreas adjacentes, de plantios homogêneos dessa espécie.

Espécies exóticas podem comprometer a restauração de áreas degradadas, pois algumas são de difícil controle e interferem no processo sucessional das espécies nativas (Costa & Durigan, 2010Costa JNMN, Durigan G. Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit (Fabaceae): invasora ou ruderal? Revista Árvore 2010; 34(5): 825-833. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-67622010000500008.
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). De acordo com Assis et al. (2013)Assis GB, Suganuma MS, Melo ACG, Durigan G. Uso de espécies nativas e exóticas na restauração de matas ciliares no estado de São Paulo (1957-2008). Revista Árvore 2013; 37(4): 599-609. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-67622013000400003.
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, embora existam instrumentos legais para a regularização do uso de espécies exóticas, ainda é frequente o plantio desse tipo de espécie em áreas de PRAD.

Nesse contexto é necessário que sejam direcionados maiores esforços para pesquisas sobre os efeitos das espécies exóticas em plantios de PRAD e, por outro lado, que se incentive a maior produção de mudas de espécies nativas locais. Além disso, principalmente no contexto da recuperação de áreas mineradas, é necessário ainda que sejam analisadas alternativas de recuperação que apresentem maiores possibilidades de resgate da biodiversidade local.

4 CONCLUSÃO

A utilização de monopovoamentos de Eucalyptus sp. em PRADs não obteve a mesma intensidade e diversidade de espécies naturalmente regeneradas em relação às jazidas revegetadas com espécies nativas.

As famílias Fabaceae, Asteraceae e Melastomataceae apresentaram resultados efetivos, na representatividade de suas espécies, para a recuperação das áreas avaliadas. Portanto, é possível inferir que as espécies dessas famílias apresentam possibilidades de sobrevivência em substratos minerados.

Aspilia foliosa, Baccharis salzimannii, Borreria verticillata, Comolia ovolifolia, Conocliniopsis prasiifolia, Croton campestris, C. sellowii, Eremanthus icanus, Evolvulus glomeratus, Miconia albicans, M. ciliata, M. pileata, Polygala glochidiata, Sebastiania myrtilioides, Solanum apiculatum e Tetracera breyniana podem ser indicadas para recuperação de áreas mineradas na região de Alagoinhas, BA, principalmente pelo fato de ocorrerem em condições de regeneração natural de áreas mineradas.

Nesse sentido, a presença dessas espécies regenerantes agrega elementos significativos a ambientes degradados, como dispersão em circunstâncias adversas, resistência diante das condições alteradas do solo e, ainda, maiores possibilidades de germinação. Assim, esse conjunto de fatores sugere que estas são espécies promissoras para os PRADs locais.

AGRADECIMENTOS

A Empresa Copener Florestal Ltda. por todo apoio na realização deste trabalho. A FAPESB (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia) e a UNEB (Universidade do Estado da Bahia) pela concessão de bolsa de estudos para este projeto.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    01 Abr 2016
  • Data do Fascículo
    Apr-Jun 2016

Histórico

  • Recebido
    07 Out 2014
  • Aceito
    28 Nov 2015
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