Acessibilidade / Reportar erro

Gente do samba: malandragem e identidade nacional no final da Primeira República

Resumo

Este artigo estuda o samba malandro no final da Primeira República, tendo por objetivo mostrar um dos caminhos através dos quais se construiu uma identidade nacional brasileira fundada em conceitos como "mestiçagem", "pureza" e "cultura popular".

Palavras-chave:
samba; malandragem; Primeira República; Identidade Nacional.

Abstract

This article studies the samba malandro in the end of First Republic. The goal is to show an important way of construction of a national identity based on ideas as mestiçagem, "pureness" and "popular culture".

Key Words:
samba; malandragem; First Republic; Brazilian National Identity.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Bibliografia

  • ALENCAR, Edigar de. Nosso Sinhô do Samba. Rio de Janeiro: Funarte, 2ª edição, 1981.
  • ALENCAR, Edigar de. O Carnaval Carioca Através da Música. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1985.
  • AUGRAS, Monique. A Ordem na Desordem. Revista Brasileira de Ciências Sociais, nº 21, 1993.
  • AZEVEDO, Célia M. M. Onda Negra, Medo Branco. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
  • BARBOSA, Orestes. Samba., Rio de Janeiro: Funarte, 2ª edição 1987.
  • CABRAL, Sérgio. 1996. As Escolas de Samba do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Lumiar.
  • CALDAS, Waldenyr. Iniciação à Música Popular Brasileira. São Paulo: Ática, 1985.
  • CÂNDIDO, Antônio. Dialética da Malandragem. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, nº 8, 1970.
  • CASTELLO, José. Vinícius de Moraes. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
  • CHARTIER, Roger. Texto, Símbolos e o Espírito Francês. História: questões e debates, nº 24, 1996.
  • CHAUÍ, Marilena. Apontamentos para uma Crítica da Ação Integralista Brasileira. In: CHAUÍ, Marilena, FRANCO, Maria Sylvia Carvalho. Ideologia e Mobilização Popular. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2ª edição, 1985.
  • CUNHA, Maria Clementina P. Ecos da Folia. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
  • DA MATTA, Roberto. Carnavais, Malandros e Heróis. Rio de Janeiro: Guanabara, 5ª edição, s/d.
  • DARNTON, Robert. O Grande Massacre de Gatos. Rio de Janeiro: Graal, 2ª edição, 1996.
  • EFEGÊ, Jota. Maxixe: a dança excomungada. Rio de Janeiro: Conquista, 1974.
  • GOMES, Tiago de Melo. Lenço no Pescoço: o malandro no teatro de revista e na música popular. Dissertação de Mestrado, IFCH-Unicamp, 1998.
  • KRAUSCHE, Valter. Música Popular Brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1983.
  • LAGO, Mário. Na Rolança do Tempo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1976.
  • MATOS, Cláudia. Acertei no Milhar., Rio de Janeiro: Paz e Terra 1982.
  • MÁXIMO, João; DIDIER, Carlos. Noel Rosa. Brasília: Linha Gráfica-UnB, 1990.
  • OLIVEN, Ruben George. A Malandragem na Música Popular Brasileira. Latin American Music Review, 5:1, 1984.
  • PAIVA, Salvyano Cavalcanti. Viva o Rebolado!Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991.
  • PEDRO, Antônio. Samba da Legitimidade. Dissertação de Mestrado, FFLCHUSP, 1980.
  • RUIZ, Roberto. Araci Cortes: linda flor. Rio de Janeiro: Funarte, 1984.
  • SEVCENKO, Nicolau. Orfeu Extático na Metrópole., São Paulo: Companhia das Letras 1992.
  • TINHORÃO, José R. Pequena História da Música Popular. Rio de Janeiro: Art, 1991.
  • VASCONCELLOS, Gilberto. Yes, nós temos malandro. In: Música Popular: de olho na fresta., Rio de Janeiro: Graal 1977. GENTE DO SAMBA• 197
  • VASCONCELLOS, Gilberto; SUZUKI JR., Matinas. A Malandragem e a Formação da Música Popular Brasileira. In: FAUSTO, Bóris (Dir.). História Geral da Civilização Brasileira. São Paulo: Difel, 1984, vol. 11.
  • VENEZIANO, Neyde. O Teatro de Revista no Brasil. Campinas: Ed. Unicamp, 1991.
  • VENEZIANO, Neyde. Não Adianta Chorar., Campinas: Ed. Unicamp 1996.
  • VIANNA, Hermano. O Mistério do Samba. Rio de Janeiro: Zahar-Ed. UFRJ, 1995.
  • 1
    Note-se que neste artigo se discute a malandragem enquanto temática associada à músi-ca popular dos anos 1920 e 1930, e não a malandragem e seu papel na identidade nacional em um plano mais geral, razão pela qual textos fundamentais como os de Antônio Cândido (1970) e Roberto da Matta (s. d.) não serão foco da análise aqui empreendida.
  • 2
    Com ligeiras variações, diversos autores desenvolveram tal idéia, ver MATOS (1982),OLIVEN (1984), VASCONCELLOS (1977), VASCONCELLOS e SUZUKI JR. (1984) e PEDRO (1980).
  • 3
    Aqui se pode lembrar a análise feita por Darnton (1996) dos contos populares franceses, nos quais freqüentemente aparecem trapaças muito similares àquelas vistas por aqui como "tipicamente brasileiras". Na verdade é curioso notar que Darnton, partindo de tais contos, tenha concluído que existiria um "espírito francês" que teria essa espécie de "malandragem" como parte importante, o que abriu espaço para contundente crítica de Chartier (1996).
  • 4
    Um número infindável de autores tem repetido que tal canção originalmente conteria apalavra "otário" no lugar de "operário" ("O bonde São Januário/leva mais um operário/ sou eu que vou trabalhar"), afirmando que a mudança teria sido exigência da censura. Contudo, nenhum destes autores refere-se a qualquer tipo de fonte, para não mencionar o fato de que a palavra "otário" simplesmente é impossível de ser cantada no lugar de "operário" na música, de modo que fica difícil não suspeitar que esta seja mais uma das lendas da música popular brasileira, perpetuada indefinidamente por trabalhos desejosos de mostrar a censura getulista em ação.
  • 5
    Sobre a constituição destes tipos VENEZIANO, 1991, Cap. 4.2.
  • 6
    Música cantada na citada revista Vamos Deixar de Intimidade. Sua autoria é discutida, fato comum entre composições apresentadas em peças de teatro musicado: RUIZ (1984:134), conjectura que a autoria seria de Ari Barroso e Olegário Mariano. Já PAIVA (1991:320) afirma que o autor teria sido o maestro Sá Pereira, ambos sem apresentar fontes.
  • 7
    Naturalmente o rótulo "música sertaneja" na verdade comporta uma razoável diversidade de gêneros que nem sempre se confundem. Aqui serão utilizados termos genéricos devido ao fato de que esses tipos de música pareciam ser consumidos desta maneira pelo público urbano.
  • 8
    Havia músicas auto-intituladas "samba" nos anos 1910 e 20, mas em um sentido diverso do conhecido hoje. O conceito de samba empregado atualmente está mais próximo de um ritmo de fins dos anos 1920, criado no bairro do Estácio, por compositores como Ismael Silva e popularizado por outros, como Noel Rosa e Ari Barroso. Já o "samba" dos anos 1920 é tido hoje como "maxixe". Aqui o ritmo de Ismael e Noel será denominado "samba", enquanto que a música produzida por Donga e Sinhô estará designada como "maxixe". Isto na verdade não se refere a uma tomada de posição a respeito, mas apenas uma convenção para que não haja confusão entre diversas acepções do termo "samba" neste artigo.
  • 9
    "Mulheres Decididas no Perigoso Morro de Mangueira", O Imparcial, 1-10-26.
  • 10
    "O Morro do Pinto Modernizado", A Noite, 14-2-28.
  • 11
    "O Morro do Pinto Modernizado", A Noite, 17-2-28.
  • 12
    "Ensaiando o Samba", A Noite, 23-1-32.
  • 13
    "Samba ou Maxixe?", A Noite, 18-1-33.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Dez 2004
Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro Largo de São Francisco de Paula, n. 1., CEP 20051-070, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21) 2252-8033 R.202, Fax: (55 21) 2221-0341 R.202 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: topoi@revistatopoi.org