Acessibilidade / Reportar erro

2017: Diretrizes em Hipertensão Arterial para Cuidados Primários nos Países de Língua Portuguesa

Palavras-chave
Hipertensão / complicações; Doença Crônica / mortalidade; Dislipidemias; Obesidade; Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

Introdução

A meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de reduzir a mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) em 2% ao ano demanda um enorme esforço dos países.11 Malachias MV, Souza WK, Plavnik FL, Rodrigues CI, Brandão AA, Neves MF, et al; Sociedade Brasileira de Cardiologia; Sociedade Brasileira de Hipertensão; Sociedade Brasileira de Nefrologia. 7th Brazilian Guideline of Arterial Hypertension. Arq Bras Cardiol. 2016;107(3 Suppl 3):1-83. doi: http://dx.doi.org/10.5935/abc.20160140
http://dx.doi.org/10.5935/abc.20160140...

2 Mancia G, Fagard R, Narkiewicz K, Redón J, Zanchetti A, Böhm M, et al; Task Force Members. 2013 ESH/ESC Guidelines for the management of arterial hypertension: the Task Force for the management of arterial hypertension of the European Society of Hypertension (ESH) and of the European Society of Cardiology (ESC). Eur Heart J.2013;34(28):2159-219. doi: 10.1093/eurheartj/eht151.
https://doi.org/10.1093/eurheartj/eht151...

3 Nelumba JE, Vidigal MS, Fernandes M, Luanzo L. Normas Angolanas de Hipertensão arterial - 2017. [Acesso em 2017 maio 5]. Disponível em: http://www.angola-portal.ao/MINSA/Default.aspx.
http://www.angola-portal.ao/MINSA/Defaul...
-44 República de Moçambique. Ministério da Saúde. Normas para o diagnóstico, tratamento e controlo da hipertensão arterial e outros factores de risco cardiovasculares. Misau; 2011. Esse grande desafio dos profissionais de saúde requer uma ação política global através do controle pelas medidas sociais, com intervenções populacionais de cunho custo-efetivo para reduzir as DCNT e seus fatores de risco (FR). Aos profissionais de saúde cabe a exigência ao governo de implementação de medidas com custo aceitável, como a eliminação do tabaco, o esclarecimento sobre alimentação saudável, a necessidade de atividade física regular, o controle da hipertensão arterial sistêmica (HAS), além da promoção de atividades de ensino e atualização em programas voltados para essas afecções. Essas medidas contribuiriam com cerca de 70% da meta de redução de 2%/ano das DCNT.22 Mancia G, Fagard R, Narkiewicz K, Redón J, Zanchetti A, Böhm M, et al; Task Force Members. 2013 ESH/ESC Guidelines for the management of arterial hypertension: the Task Force for the management of arterial hypertension of the European Society of Hypertension (ESH) and of the European Society of Cardiology (ESC). Eur Heart J.2013;34(28):2159-219. doi: 10.1093/eurheartj/eht151.
https://doi.org/10.1093/eurheartj/eht151...
,55 GBD 2015 Risk Factors Collaborators. Global, regional, and national comparative risk assessment of 79 behavioral, environmental and occupational, and metabolic risks or clusters of risks, 1990-2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015. Lancet. 2016;388(10053):1659-724.doi: 10.1016/S0140-6736(16)31679-8.
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(16)31...

A HAS, dislipidemia e obesidade são doenças multifatoriais de grande prevalência nas populações dos países de língua portuguesa (PLP).55 GBD 2015 Risk Factors Collaborators. Global, regional, and national comparative risk assessment of 79 behavioral, environmental and occupational, and metabolic risks or clusters of risks, 1990-2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015. Lancet. 2016;388(10053):1659-724.doi: 10.1016/S0140-6736(16)31679-8.
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(16)31...
,66 NCD Risk Factor Collaboration (NCD-RisC). Worldwide trends in blood pressure from 1975 to 2015: a pooled analysis of 1479 population-based measurement studies with 19·1 million participants. Lancet. 2017;389(10064):37-55. doi: 10.1016/S0140-6736(16)31919-5.
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(16)31...
A HAS representa o principal FR para complicações como acidente vascular encefálico (AVE), infarto agudo do miocárdio e doença renal crônica, correspondendo em importância à dislipidemia e obesidade para as doenças ateroscleróticas.55 GBD 2015 Risk Factors Collaborators. Global, regional, and national comparative risk assessment of 79 behavioral, environmental and occupational, and metabolic risks or clusters of risks, 1990-2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015. Lancet. 2016;388(10053):1659-724.doi: 10.1016/S0140-6736(16)31679-8.
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(16)31...
,66 NCD Risk Factor Collaboration (NCD-RisC). Worldwide trends in blood pressure from 1975 to 2015: a pooled analysis of 1479 population-based measurement studies with 19·1 million participants. Lancet. 2017;389(10064):37-55. doi: 10.1016/S0140-6736(16)31919-5.
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(16)31...
Além do significativo impacto epidemiológico, o tratamento não medicamentoso desses FR cardiovascular agrega significativo valor econômico às despesas dos Ministérios da Saúde, Segurança Social e Economia, por se tratar de uma das principais causas envolvidas direta ou indiretamente (por suas complicações) no afastamento do trabalho. Evidências demonstram que as ações preventivas são mais promissoras no âmbito da atenção básica.

O número de adultos com HAS aumentou de 594 milhões em 1975 para 1,13 bilhões em 2015, sendo 597 milhões de homens e 529 milhões de mulheres. Esse aumento possivelmente foi devido ao crescimento e envelhecimento das populações.66 NCD Risk Factor Collaboration (NCD-RisC). Worldwide trends in blood pressure from 1975 to 2015: a pooled analysis of 1479 population-based measurement studies with 19·1 million participants. Lancet. 2017;389(10064):37-55. doi: 10.1016/S0140-6736(16)31919-5.
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(16)31...
Na análise das tendências dos níveis de pressão arterial (PA) de 19,1 milhões de adultos de diversos estudos populacionais, nas últimas quatro décadas (1975-2015), foi observado um deslocamento dos níveis elevados nos países de alto nível socioeconômico para os de baixo e médio nível socioeconômico do sul da Ásia e da África Subsaariana. Por outro lado, os níveis permaneceram elevados na Europa Oriental e Central e na América Latina.66 NCD Risk Factor Collaboration (NCD-RisC). Worldwide trends in blood pressure from 1975 to 2015: a pooled analysis of 1479 population-based measurement studies with 19·1 million participants. Lancet. 2017;389(10064):37-55. doi: 10.1016/S0140-6736(16)31919-5.
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(16)31...

Observaram-se tendências diversas na análise da mortalidade proporcional e no percentual de mudança das taxas de mortalidade por doenças hipertensivas e pelos desfechos dela decorrentes, doenças isquêmicas do coração (DIC) e AVE, nos PLP no período de 1990 a 2015 (Tabela 1). Observam-se as maiores mortalidades proporcionais por doenças hipertensivas no Brasil, Moçambique e Angola. Portugal apresentou o maior índice de desenvolvimento humano (IDH) em 2015 e tinha maiores taxas de mortalidade por AVE.77 World Health Organization. (WHO). World health statistics 2017: monitoring health for the SDGs: Sustainable Development Goals. Geneva; 2017.

8 United Nations, Department of Economic and Social Affairs, Population Division (2015). World Population Prospects: the 2015 revision, key findings and advance. [Accessed in 2017 May 5]. Available from: https://www.un.org/development/desa/en/
https://www.un.org/development/desa/en/...
-99 Global Health Data Exchange. [Accessed in 2016 Jul 16]. Available from: http://www.healthdata.org/
http://www.healthdata.org/...
Possivelmente o acesso reduzido, cerca de 50-65%, aos medicamentos essenciais nos países de baixo nível socioeconômico e de baixo-moderado nível socioeconômico contribuíram para esses resultados. Também deve ser referido que 40% desses países têm menos de 1 médico para 1000 habitantes, e pequeno número de leitos hospitalares para o cuidado dos desfechos relacionados com a HAS não controlada.77 World Health Organization. (WHO). World health statistics 2017: monitoring health for the SDGs: Sustainable Development Goals. Geneva; 2017. Sendo assim, ações conjuntas que visem à implementação de medidas de prevenção primária poderão reduzir os desfechos relacionados com a doença hipertensiva, especialmente DIC e AVE. Torna-se necessário garantir a implementação das diretrizes para o tratamento da HAS através de um processo continuado, envolvendo fundamentalmente ações de educação, de mudança do estilo de vida e garantia de acesso aos medicamentos.

Tabela 1
Mortalidade proporcional e porcentagem anual de mudança nas taxas de mortalidade em ambos os sexos, todas as idades, de 1990 a 2015, por doenças hipertensivas, isquêmicas do coração e acidente vascular encefálico, IDH e população em 2015

Diagnóstico e classificação

O risco decorrente dos níveis elevados de PA é incremental com a idade e cada elevação de 2 mmHg está associada com aumento de 7% no risco de morte por DIC e 10% por AVE.22 Mancia G, Fagard R, Narkiewicz K, Redón J, Zanchetti A, Böhm M, et al; Task Force Members. 2013 ESH/ESC Guidelines for the management of arterial hypertension: the Task Force for the management of arterial hypertension of the European Society of Hypertension (ESH) and of the European Society of Cardiology (ESC). Eur Heart J.2013;34(28):2159-219. doi: 10.1093/eurheartj/eht151.
https://doi.org/10.1093/eurheartj/eht151...
A avaliação da PA no consultório pode ser feita pelo método automático ou auscultatório, considerando-se elevada a PA sistólica (PAS) ≥ 140 mmHg e/ou PA diastólica (PAD) ≥ 90 mmHg, em pelo menos duas ocasiões.

O diagnóstico de HAS baseia-se na medição no consultório médico de dois ou mais valores de PA elevada em pelo menos duas ocasiões. A classificação da PA de acordo com as medidas de consultório, em maiores de 18 anos, pode ser vista na Tabela 2. O uso da monitorização ambulatorial da PA por 24 horas (MAPA) ou da monitorização residencial da PA (MRPA) pode auxiliar no diagnóstico da hipertensão do avental branco (HAB) e da hipertensão mascarada (HM). A HAB relaciona-se à diferença observada entre a PA aferida no consultório (elevada) e na MAPA ou MRPA (normal). Na HM, a situação ocorre de modo inverso (Figura 1). Perante a suspeita de HAB ou de HM, a realização de MAPA torna-se mandatória, podendo ser substituída pela MRPA nas comunidades onde a MAPA não estiver disponível. A Figura 1 descreve o fluxograma para o diagnóstico da HAS.

Tabela 2
Classificação da PA de acordo com a medição no consultório* * a partir de 18 anos de idade. Fonte: 7ª Diretriz brasileira de hipertensão arterial, 2016.1

Figura 1
Fluxograma para o diagnóstico de hipertensão arterial. PA: pressão arterial; MAPA: monitorização ambulatorial da PA; MRPA: monitorização residencial da PA.

A MAPA possibilita identificar as alterações circadianas da PA, especialmente as relacionadas ao período de sono. Considera-se elevação da PA na MAPA os seguintes valores: PA nas 24 horas ≥ 130/80 mmHg, variando entre os períodos de vigília ≥ 135/85 mmHg e sono ≥ 120/70 mmHg. Para a MRPA, considera-se elevada a PA ≥ 135/85 mmHg.11 Malachias MV, Souza WK, Plavnik FL, Rodrigues CI, Brandão AA, Neves MF, et al; Sociedade Brasileira de Cardiologia; Sociedade Brasileira de Hipertensão; Sociedade Brasileira de Nefrologia. 7th Brazilian Guideline of Arterial Hypertension. Arq Bras Cardiol. 2016;107(3 Suppl 3):1-83. doi: http://dx.doi.org/10.5935/abc.20160140
http://dx.doi.org/10.5935/abc.20160140...

Técnica recomendada para aferição da pressão arterial

Inicialmente devemos explicar o procedimento para os pacientes e seguir os passos da Tabela 3.33 Nelumba JE, Vidigal MS, Fernandes M, Luanzo L. Normas Angolanas de Hipertensão arterial - 2017. [Acesso em 2017 maio 5]. Disponível em: http://www.angola-portal.ao/MINSA/Default.aspx.
http://www.angola-portal.ao/MINSA/Defaul...
,1010 James PA, Oparil S, Carter BL, Cushman WC, Dennison-Himmelfarb C, Handler J, et al. 2014 Evidence-based guideline for the management of high blood pressure in adults: report from the panel members appointed to the Eighth Joint National Committee (JNC 8). JAMA. 2014;311(5):507-20. doi: 10.1001/jama.2013.284427.Erratum in:JAMA.2014;311(17):1809.
https://doi.org/10.1001/jama.2013.284427...
,1111 Leung AA, Daskalopoulou SS, Dasgupta K, McBrien K, Butalia S, Zarnke KB, et al; Hypertension Canada. Hypertension Canada's 2017 Guidelines for diagnosis, risk assessment, prevention, and treatment of hypertension in adults. Can J Cardiol. 2017;33(5):557-76. doi: 10.1016/j.cjca.2017.03.005.
https://doi.org/10.1016/j.cjca.2017.03.0...
A aferição da PA deve ser realizada por todos os profissionais de saúde em cada avaliação clínica e pelo menos uma vez ao ano.

Tabela 3
Técnica recomendada para aferição da pressão arterial de consultório pelo método auscultatório

Avaliação clínica e estratificação de risco

A avaliação complementar tem como objetivo detectar lesões em órgãos-alvo (LOA), auxiliar na estratificação de risco cardiovascular e identificar indícios de HAS secundária. Os exames complementares recomendados (rotina e para populações específicas) podem ser vistos na Tabela 4.

Tabela 4
Os exames complementares recomendados (rotina e para populações específicas)

A pesquisa de LOA deve ser realizada com os exames complementares descritos na Tabela 4 adicionando-se os seguintes exames:

  • Hipertrofia ventricular esquerda, avaliada por eletrocardiograma (índice de Sokolow-Lyon - somatória da maior onda R da derivação V5 ou V6 com a onda S da derivação V1 > 35 mm; RaVL > 1,1 mV; índice de Cornell-somatória da onda R de aVL com a onda S de V3 > 28 mm em homens e > 20 mm em mulheres) ou ecocardiograma (índice de massa de VE: homens ≥ 116 g/m2 e mulheres ≥ 96 g/m2);

  • Doença aterosclerótica em outros territórios e doença renal crônica a partir do estágio 3 [ritmo de filtração glomerular estimado (RFG-e) > 60 mL/min/1,73 m2] (Tabela 5).

Tabela 5
Estratificação por fatores de risco, lesão em órgão-alvo e doença cardiovascular ou renal

Para a estratificação do risco deverão ser levados em conta os FR clássicos, relacionando-os com os níveis de PA como descrito na Tabela 5.

Os fatores de risco considerados são:

  • sexo masculino e idade (homens > 55 anos e mulheres > 65 anos),

  • tabagismo, dislipidemias (triglicérides > 150 mg/dl; LDL-C > 100 mg/dl; HDL-C < 40 mg/dl), obesidade (índice de massa corporal ≥ 30 kg/m2), obesidade abdominal (circunferência da cintura > 102 cm nos homens e > 88 cm nas mulheres), diabetes mellitus, teste de tolerância a glicose anormal ou glicemia de jejum 102-125 mg/dL, e história familiar prematura de doença cardiovascular (homens < 55 anos e mulheres < 65 anos).

Tratamento

A redução da PA acompanha-se de significativa redução do risco cardiovascular com maior magnitude naqueles de alto risco cardiovascular, observando-se também redução de risco residual relativo nos demais.22 Mancia G, Fagard R, Narkiewicz K, Redón J, Zanchetti A, Böhm M, et al; Task Force Members. 2013 ESH/ESC Guidelines for the management of arterial hypertension: the Task Force for the management of arterial hypertension of the European Society of Hypertension (ESH) and of the European Society of Cardiology (ESC). Eur Heart J.2013;34(28):2159-219. doi: 10.1093/eurheartj/eht151.
https://doi.org/10.1093/eurheartj/eht151...
,1111 Leung AA, Daskalopoulou SS, Dasgupta K, McBrien K, Butalia S, Zarnke KB, et al; Hypertension Canada. Hypertension Canada's 2017 Guidelines for diagnosis, risk assessment, prevention, and treatment of hypertension in adults. Can J Cardiol. 2017;33(5):557-76. doi: 10.1016/j.cjca.2017.03.005.
https://doi.org/10.1016/j.cjca.2017.03.0...
A terapia não farmacológica com mudança de estilo de vida (MEV) deve ser implementada inicialmente para todos os estágios de HAS e também para os portadores de PA de 135-139/85-89 mmHg (Tabela 6). Nos hipertensos estágio 1 com risco cardiovascular moderado ou baixo, pode-se iniciar com MEV e aguardar 3 a 6 meses antes da decisão de começar a terapia medicamentosa. Nos demais estágios, recomenda-se iniciar a medicação hipertensiva tão logo tenha sido feito o diagnóstico.

Tabela 6
Recomendações para o tratamento não medicamentoso da hipertensão arterial

Recomenda-se meta pressórica inferior a 130/80 mmHg para pacientes de alto risco cardiovascular, incluindo os diabéticos. Os hipertensos no estágio 3 deverão ter como meta pressórica a PA < 140/90 mmHg. Para pacientes com doença coronariana, a PA não deve ser inferior a 120/70 mmHg pelo risco de hipoperfusão coronariana, lesão miocárdica e eventos cardiovasculares. Para hipertensos idosos ≥ 80 anos, recomenda-se PA < 145/85 mmHg. Deve-se ter atenção especial com os pacientes com fenótipo de pele escura que irão se beneficiar mais do uso de bloqueadores de cálcio.1212 Krause T, Lovibond K, Caulfield M, McCormack T, Williams B; Guideline Development Group. Management of hypertension: summary of NICE guidance.BMJ.2011 Aug 25;343:d4891. doi: 10.1136/bmj.d4891.
https://doi.org/10.1136/bmj.d4891...

13 Ritchie LD, Campbell NC, Murchie P. New NICE guidelines for hypertension.BMJ. 2011 Sep 7;343:d5644. doi: 10.1136/bmj.d5644.
https://doi.org/10.1136/bmj.d5644...
-1414 Redman CW(.)Hypertension in pregnancy: the NICE guidelines. Heart. 2011;97(23):1967-9. doi: 10.1136/heartjnl-2011-300949.
https://doi.org/10.1136/heartjnl-2011-30...
A Figura 2 descreve a abordagem farmacológica da HAS.

Figura 2
Fluxograma para o tratamento de hipertensão arterial. (adaptada de Malachias et al11 Malachias MV, Souza WK, Plavnik FL, Rodrigues CI, Brandão AA, Neves MF, et al; Sociedade Brasileira de Cardiologia; Sociedade Brasileira de Hipertensão; Sociedade Brasileira de Nefrologia. 7th Brazilian Guideline of Arterial Hypertension. Arq Bras Cardiol. 2016;107(3 Suppl 3):1-83. doi: http://dx.doi.org/10.5935/abc.20160140
http://dx.doi.org/10.5935/abc.20160140...
)

CV: cardiovascular; PA: pressão arterial; IECA: inibidor da enzima de conversão da angiotensina; BRA: bloqueador do receptor de angiotensina; BCC: bloqueadores dos canais de cálcio.


Se os inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECA) não forem tolerados, deve-se substituí-los por bloqueadores de receptores de angiotensina (BRA) de baixo custo. Betabloqueadores devem ser considerados para os indivíduos jovens com intolerância aos IECA ou BRA, mulheres em amamentação, indivíduos com tônus adrenérgico aumentado e portadores de DIC ou insuficiência cardíaca (IC). Em caso de intolerância aos bloqueadores dos canais de cálcio (BCC) devido a edema, ou presença ou suspeita de IC, os diuréticos podem ser empregados: tiazídicos (clortalidona- 12,5-25 mg 1X ao dia; indapamida - 1,5-2,5 mg 1X ao dia). Nos portadores de fenótipo pele escura os BRA são preferíveis aos IECA para combinações de medicamentos.22 Mancia G, Fagard R, Narkiewicz K, Redón J, Zanchetti A, Böhm M, et al; Task Force Members. 2013 ESH/ESC Guidelines for the management of arterial hypertension: the Task Force for the management of arterial hypertension of the European Society of Hypertension (ESH) and of the European Society of Cardiology (ESC). Eur Heart J.2013;34(28):2159-219. doi: 10.1093/eurheartj/eht151.
https://doi.org/10.1093/eurheartj/eht151...
,1111 Leung AA, Daskalopoulou SS, Dasgupta K, McBrien K, Butalia S, Zarnke KB, et al; Hypertension Canada. Hypertension Canada's 2017 Guidelines for diagnosis, risk assessment, prevention, and treatment of hypertension in adults. Can J Cardiol. 2017;33(5):557-76. doi: 10.1016/j.cjca.2017.03.005.
https://doi.org/10.1016/j.cjca.2017.03.0...

12 Krause T, Lovibond K, Caulfield M, McCormack T, Williams B; Guideline Development Group. Management of hypertension: summary of NICE guidance.BMJ.2011 Aug 25;343:d4891. doi: 10.1136/bmj.d4891.
https://doi.org/10.1136/bmj.d4891...

13 Ritchie LD, Campbell NC, Murchie P. New NICE guidelines for hypertension.BMJ. 2011 Sep 7;343:d5644. doi: 10.1136/bmj.d5644.
https://doi.org/10.1136/bmj.d5644...
-1414 Redman CW(.)Hypertension in pregnancy: the NICE guidelines. Heart. 2011;97(23):1967-9. doi: 10.1136/heartjnl-2011-300949.
https://doi.org/10.1136/heartjnl-2011-30...

Cerca de dois terços dos pacientes irão necessitar de combinações de pelo menos dois fármacos para controle da PA. A vantagem da associação é o sinergismo dos diferentes mecanismos de ação com diminuição das doses e consequente redução dos efeitos adversos, além de maior adesão terapêutica.

Não há preferência por classe terapêutica para o tratamento do hipertenso com passado de AVE, mas deve ter-se como alvo PA menor que 130/80 mmHg.

A Tabela 7 descreve situações clínicas onde existe indicação ou contraindicação de drogas específicas. No caso de doença renal crônica, IECA e BRA associam-se com redução de albuminúria, empregando-se também os diuréticos tiazídicos para estágios 1 a 3, e os diuréticos de alça para estágios 4 e 5.22 Mancia G, Fagard R, Narkiewicz K, Redón J, Zanchetti A, Böhm M, et al; Task Force Members. 2013 ESH/ESC Guidelines for the management of arterial hypertension: the Task Force for the management of arterial hypertension of the European Society of Hypertension (ESH) and of the European Society of Cardiology (ESC). Eur Heart J.2013;34(28):2159-219. doi: 10.1093/eurheartj/eht151.
https://doi.org/10.1093/eurheartj/eht151...
,1111 Leung AA, Daskalopoulou SS, Dasgupta K, McBrien K, Butalia S, Zarnke KB, et al; Hypertension Canada. Hypertension Canada's 2017 Guidelines for diagnosis, risk assessment, prevention, and treatment of hypertension in adults. Can J Cardiol. 2017;33(5):557-76. doi: 10.1016/j.cjca.2017.03.005.
https://doi.org/10.1016/j.cjca.2017.03.0...

12 Krause T, Lovibond K, Caulfield M, McCormack T, Williams B; Guideline Development Group. Management of hypertension: summary of NICE guidance.BMJ.2011 Aug 25;343:d4891. doi: 10.1136/bmj.d4891.
https://doi.org/10.1136/bmj.d4891...

13 Ritchie LD, Campbell NC, Murchie P. New NICE guidelines for hypertension.BMJ. 2011 Sep 7;343:d5644. doi: 10.1136/bmj.d5644.
https://doi.org/10.1136/bmj.d5644...
-1414 Redman CW(.)Hypertension in pregnancy: the NICE guidelines. Heart. 2011;97(23):1967-9. doi: 10.1136/heartjnl-2011-300949.
https://doi.org/10.1136/heartjnl-2011-30...

Tabela 7
Situações clínicas onde existe indicação ou contraindicação de drogas específicas

Hipertensão arterial na gravidez

Mulheres grávidas com hipertensão crônica não complicada devem ter os níveis de PA inferiores a 150/100 mmHg, tomando-se cuidado para que a PAD não seja < 80 mmHg.11 Malachias MV, Souza WK, Plavnik FL, Rodrigues CI, Brandão AA, Neves MF, et al; Sociedade Brasileira de Cardiologia; Sociedade Brasileira de Hipertensão; Sociedade Brasileira de Nefrologia. 7th Brazilian Guideline of Arterial Hypertension. Arq Bras Cardiol. 2016;107(3 Suppl 3):1-83. doi: http://dx.doi.org/10.5935/abc.20160140
http://dx.doi.org/10.5935/abc.20160140...
,22 Mancia G, Fagard R, Narkiewicz K, Redón J, Zanchetti A, Böhm M, et al; Task Force Members. 2013 ESH/ESC Guidelines for the management of arterial hypertension: the Task Force for the management of arterial hypertension of the European Society of Hypertension (ESH) and of the European Society of Cardiology (ESC). Eur Heart J.2013;34(28):2159-219. doi: 10.1093/eurheartj/eht151.
https://doi.org/10.1093/eurheartj/eht151...
,1111 Leung AA, Daskalopoulou SS, Dasgupta K, McBrien K, Butalia S, Zarnke KB, et al; Hypertension Canada. Hypertension Canada's 2017 Guidelines for diagnosis, risk assessment, prevention, and treatment of hypertension in adults. Can J Cardiol. 2017;33(5):557-76. doi: 10.1016/j.cjca.2017.03.005.
https://doi.org/10.1016/j.cjca.2017.03.0...

12 Krause T, Lovibond K, Caulfield M, McCormack T, Williams B; Guideline Development Group. Management of hypertension: summary of NICE guidance.BMJ.2011 Aug 25;343:d4891. doi: 10.1136/bmj.d4891.
https://doi.org/10.1136/bmj.d4891...

13 Ritchie LD, Campbell NC, Murchie P. New NICE guidelines for hypertension.BMJ. 2011 Sep 7;343:d5644. doi: 10.1136/bmj.d5644.
https://doi.org/10.1136/bmj.d5644...
-1414 Redman CW(.)Hypertension in pregnancy: the NICE guidelines. Heart. 2011;97(23):1967-9. doi: 10.1136/heartjnl-2011-300949.
https://doi.org/10.1136/heartjnl-2011-30...
O uso de IECA e BRA é contraindicado na gestação, e o atenolol e prazosin devem ser evitados. A metildopa, os betabloqueadores (exceto atenolol), a hidralazina e os BCC (nifedipino, amlodipino e verapamil) podem ser usados com segurança.22 Mancia G, Fagard R, Narkiewicz K, Redón J, Zanchetti A, Böhm M, et al; Task Force Members. 2013 ESH/ESC Guidelines for the management of arterial hypertension: the Task Force for the management of arterial hypertension of the European Society of Hypertension (ESH) and of the European Society of Cardiology (ESC). Eur Heart J.2013;34(28):2159-219. doi: 10.1093/eurheartj/eht151.
https://doi.org/10.1093/eurheartj/eht151...
,1111 Leung AA, Daskalopoulou SS, Dasgupta K, McBrien K, Butalia S, Zarnke KB, et al; Hypertension Canada. Hypertension Canada's 2017 Guidelines for diagnosis, risk assessment, prevention, and treatment of hypertension in adults. Can J Cardiol. 2017;33(5):557-76. doi: 10.1016/j.cjca.2017.03.005.
https://doi.org/10.1016/j.cjca.2017.03.0...

12 Krause T, Lovibond K, Caulfield M, McCormack T, Williams B; Guideline Development Group. Management of hypertension: summary of NICE guidance.BMJ.2011 Aug 25;343:d4891. doi: 10.1136/bmj.d4891.
https://doi.org/10.1136/bmj.d4891...

13 Ritchie LD, Campbell NC, Murchie P. New NICE guidelines for hypertension.BMJ. 2011 Sep 7;343:d5644. doi: 10.1136/bmj.d5644.
https://doi.org/10.1136/bmj.d5644...
-1414 Redman CW(.)Hypertension in pregnancy: the NICE guidelines. Heart. 2011;97(23):1967-9. doi: 10.1136/heartjnl-2011-300949.
https://doi.org/10.1136/heartjnl-2011-30...

Na hipertensão crônica gestacional com LOA, a PA deve ser mantida em níveis inferiores a 140/90 mmHg e a gestante deve ser encaminhada a um especialista com intuito de preparar a assistência durante o parto e evitar teratogenicidade. Não se deve antecipar o parto se PA < 160/110 mmHg (com ou sem o uso de drogas anti-hipertensivas) até a 37ª semana. A monitoração do crescimento fetal e da quantidade de líquido amniótico deve ser feita com ultrassonografia, entre a 28ª e 30ª semana e entre a 32ª e 34ª semana, e com dopplerfluxometria da artéria umbilical. A PA deve ser monitorizada continuamente durante o parto.11 Malachias MV, Souza WK, Plavnik FL, Rodrigues CI, Brandão AA, Neves MF, et al; Sociedade Brasileira de Cardiologia; Sociedade Brasileira de Hipertensão; Sociedade Brasileira de Nefrologia. 7th Brazilian Guideline of Arterial Hypertension. Arq Bras Cardiol. 2016;107(3 Suppl 3):1-83. doi: http://dx.doi.org/10.5935/abc.20160140
http://dx.doi.org/10.5935/abc.20160140...
,22 Mancia G, Fagard R, Narkiewicz K, Redón J, Zanchetti A, Böhm M, et al; Task Force Members. 2013 ESH/ESC Guidelines for the management of arterial hypertension: the Task Force for the management of arterial hypertension of the European Society of Hypertension (ESH) and of the European Society of Cardiology (ESC). Eur Heart J.2013;34(28):2159-219. doi: 10.1093/eurheartj/eht151.
https://doi.org/10.1093/eurheartj/eht151...
,1212 Krause T, Lovibond K, Caulfield M, McCormack T, Williams B; Guideline Development Group. Management of hypertension: summary of NICE guidance.BMJ.2011 Aug 25;343:d4891. doi: 10.1136/bmj.d4891.
https://doi.org/10.1136/bmj.d4891...

13 Ritchie LD, Campbell NC, Murchie P. New NICE guidelines for hypertension.BMJ. 2011 Sep 7;343:d5644. doi: 10.1136/bmj.d5644.
https://doi.org/10.1136/bmj.d5644...
-1414 Redman CW(.)Hypertension in pregnancy: the NICE guidelines. Heart. 2011;97(23):1967-9. doi: 10.1136/heartjnl-2011-300949.
https://doi.org/10.1136/heartjnl-2011-30...
Durante o período puerperal, a PA deve ser mantida em níveis inferiores a 140/90 mmHg, preferencialmente com as seguintes medicações, que são seguras durante a amamentação: hidroclorotiazida, espironolactona, alfa-metildopa, propranolol, hidralazina, minoxidil, verapamil, nifedipino, nimodipino, nitrendipino, benazepril, captopril e enalapril.11 Malachias MV, Souza WK, Plavnik FL, Rodrigues CI, Brandão AA, Neves MF, et al; Sociedade Brasileira de Cardiologia; Sociedade Brasileira de Hipertensão; Sociedade Brasileira de Nefrologia. 7th Brazilian Guideline of Arterial Hypertension. Arq Bras Cardiol. 2016;107(3 Suppl 3):1-83. doi: http://dx.doi.org/10.5935/abc.20160140
http://dx.doi.org/10.5935/abc.20160140...
,22 Mancia G, Fagard R, Narkiewicz K, Redón J, Zanchetti A, Böhm M, et al; Task Force Members. 2013 ESH/ESC Guidelines for the management of arterial hypertension: the Task Force for the management of arterial hypertension of the European Society of Hypertension (ESH) and of the European Society of Cardiology (ESC). Eur Heart J.2013;34(28):2159-219. doi: 10.1093/eurheartj/eht151.
https://doi.org/10.1093/eurheartj/eht151...
,1212 Krause T, Lovibond K, Caulfield M, McCormack T, Williams B; Guideline Development Group. Management of hypertension: summary of NICE guidance.BMJ.2011 Aug 25;343:d4891. doi: 10.1136/bmj.d4891.
https://doi.org/10.1136/bmj.d4891...

13 Ritchie LD, Campbell NC, Murchie P. New NICE guidelines for hypertension.BMJ. 2011 Sep 7;343:d5644. doi: 10.1136/bmj.d5644.
https://doi.org/10.1136/bmj.d5644...

14 Redman CW(.)Hypertension in pregnancy: the NICE guidelines. Heart. 2011;97(23):1967-9. doi: 10.1136/heartjnl-2011-300949.
https://doi.org/10.1136/heartjnl-2011-30...
-1515 Task Force of the Latin American Society of Hypertension. Guidelines on the management of arterial hypertension and related comorbidities in Latin America. J Hypertens.2017;35(8):1529-45. doi: 10.1097/HJH.0000000000001418.
https://doi.org/10.1097/HJH.000000000000...

A pré-eclâmpsia (PE) é definida pela presença de HAS após a 20ª semana associada a proteinúria significativa ou presença de cefaleia, turvação visual, dor abdominal, plaquetopenia (menos que 100.000/mm3), elevação de enzimas hepáticas (duas vezes o valor basal), comprometimento renal (acima de 1,1 mg/dl de creatinina ou duas vezes o valor basal), edema pulmonar, distúrbios visuais ou cerebrais e escotomas. A eclâmpsia ocorre quando as convulsões do tipo grande mal se associam a PE. O uso de sulfato de magnésio é recomendado para a prevenção e tratamento da eclâmpsia, na dose de ataque de 4 a 6 g IV por 10 a 20 minutos, seguido por infusão de 1-3 g/h, em geral por 24 horas após a convulsão. Em caso de recorrência de convulsão, 2 a 4 g IV podem ser administrados. O uso de corticosteroides, anti-hipertensivos venosos (hidralazina, labetalol) e expansão volêmica também são recomendados. As pacientes devem ser internadas em ambiente de terapia intensiva.11 Malachias MV, Souza WK, Plavnik FL, Rodrigues CI, Brandão AA, Neves MF, et al; Sociedade Brasileira de Cardiologia; Sociedade Brasileira de Hipertensão; Sociedade Brasileira de Nefrologia. 7th Brazilian Guideline of Arterial Hypertension. Arq Bras Cardiol. 2016;107(3 Suppl 3):1-83. doi: http://dx.doi.org/10.5935/abc.20160140
http://dx.doi.org/10.5935/abc.20160140...
,22 Mancia G, Fagard R, Narkiewicz K, Redón J, Zanchetti A, Böhm M, et al; Task Force Members. 2013 ESH/ESC Guidelines for the management of arterial hypertension: the Task Force for the management of arterial hypertension of the European Society of Hypertension (ESH) and of the European Society of Cardiology (ESC). Eur Heart J.2013;34(28):2159-219. doi: 10.1093/eurheartj/eht151.
https://doi.org/10.1093/eurheartj/eht151...
,1111 Leung AA, Daskalopoulou SS, Dasgupta K, McBrien K, Butalia S, Zarnke KB, et al; Hypertension Canada. Hypertension Canada's 2017 Guidelines for diagnosis, risk assessment, prevention, and treatment of hypertension in adults. Can J Cardiol. 2017;33(5):557-76. doi: 10.1016/j.cjca.2017.03.005.
https://doi.org/10.1016/j.cjca.2017.03.0...

12 Krause T, Lovibond K, Caulfield M, McCormack T, Williams B; Guideline Development Group. Management of hypertension: summary of NICE guidance.BMJ.2011 Aug 25;343:d4891. doi: 10.1136/bmj.d4891.
https://doi.org/10.1136/bmj.d4891...

13 Ritchie LD, Campbell NC, Murchie P. New NICE guidelines for hypertension.BMJ. 2011 Sep 7;343:d5644. doi: 10.1136/bmj.d5644.
https://doi.org/10.1136/bmj.d5644...

14 Redman CW(.)Hypertension in pregnancy: the NICE guidelines. Heart. 2011;97(23):1967-9. doi: 10.1136/heartjnl-2011-300949.
https://doi.org/10.1136/heartjnl-2011-30...
-1515 Task Force of the Latin American Society of Hypertension. Guidelines on the management of arterial hypertension and related comorbidities in Latin America. J Hypertens.2017;35(8):1529-45. doi: 10.1097/HJH.0000000000001418.
https://doi.org/10.1097/HJH.000000000000...

A Tabela 8 lista as razões a serem verificadas quando não se obtém o controle adequado da PA, sendo importante afastar previamente a pseudorresistência (HAB).

Tabela 8
Razões possíveis para controle inadequado da pressão arterial

Hipertensão arterial secundária

A prevalência de HAS secundária na população de hipertensos, de modo geral, está em torno de 3-5%. A causa mais comum de HAS secundária é a doença do parênquima renal, responsável por 2-5% dos casos de HAS. As causas adrenais de HAS e o feocromocitoma ocorrem em menos de 1% de todos os casos de HAS. Por outro lado, 80% dos pacientes portadores de síndrome de Cushing têm HAS. É fundamental que os médicos tenham um alto grau de suspeita clínica em hipertensos de difícil controle. A Tabela 9 lista os achados clínicos das principais etiologias de HAS secundária, associando-as com exames complementares que devem ser usados para a realização do diagnóstico.

Tabela 9
Etiologias, sinais indicativos e exames complementares para o diagnóstico de HAS secundária

Como em todas as DCNT, a adesão ao tratamento da HAS para toda a vida é pequena e acredita-se que, no primeiro ano, cerca de 40% dos pacientes abandonem o tratamento regular, deixando de se beneficiar da redução das LOA e da diminuição dos eventos cardiovasculares, como a ocorrência de infarto do miocárdio e AVE. Os fatores que se associam à não adesão ao tratamento são: ocorrência de efeitos adversos, número de doses diárias e tolerabilidade aos fármacos. Parece que as combinações fixas de fármacos aumentam a adesão por possibilitar melhor adequação individual com menor possibilidade de uso irregular das diversas doses diárias. O envolvimento do paciente e de seus familiares e a abordagem por equipe multidisciplinar também aumentaram a adesão. Sugere-se o emprego de aplicativos interativos que aumentem a participação dos pacientes no controle da PA, encorajando-os na persistência e na tomada de medicações regularmente.1616 Naderi SH, Bestwick JP, Wald DS. Adherence to drugs that prevent cardiovascular disease: meta-analysis on 376,162 patients. Am J Med. 2012;125(9):882-7. doi: 10.1016/j.amjmed.2011.12.013.
https://doi.org/10.1016/j.amjmed.2011.12...

References

  • 1
    Malachias MV, Souza WK, Plavnik FL, Rodrigues CI, Brandão AA, Neves MF, et al; Sociedade Brasileira de Cardiologia; Sociedade Brasileira de Hipertensão; Sociedade Brasileira de Nefrologia. 7th Brazilian Guideline of Arterial Hypertension. Arq Bras Cardiol. 2016;107(3 Suppl 3):1-83. doi: http://dx.doi.org/10.5935/abc.20160140
    » http://dx.doi.org/10.5935/abc.20160140
  • 2
    Mancia G, Fagard R, Narkiewicz K, Redón J, Zanchetti A, Böhm M, et al; Task Force Members. 2013 ESH/ESC Guidelines for the management of arterial hypertension: the Task Force for the management of arterial hypertension of the European Society of Hypertension (ESH) and of the European Society of Cardiology (ESC). Eur Heart J.2013;34(28):2159-219. doi: 10.1093/eurheartj/eht151.
    » https://doi.org/10.1093/eurheartj/eht151
  • 3
    Nelumba JE, Vidigal MS, Fernandes M, Luanzo L. Normas Angolanas de Hipertensão arterial - 2017. [Acesso em 2017 maio 5]. Disponível em: http://www.angola-portal.ao/MINSA/Default.aspx
    » http://www.angola-portal.ao/MINSA/Default.aspx
  • 4
    República de Moçambique. Ministério da Saúde. Normas para o diagnóstico, tratamento e controlo da hipertensão arterial e outros factores de risco cardiovasculares. Misau; 2011.
  • 5
    GBD 2015 Risk Factors Collaborators. Global, regional, and national comparative risk assessment of 79 behavioral, environmental and occupational, and metabolic risks or clusters of risks, 1990-2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015. Lancet. 2016;388(10053):1659-724.doi: 10.1016/S0140-6736(16)31679-8.
    » https://doi.org/10.1016/S0140-6736(16)31679-8
  • 6
    NCD Risk Factor Collaboration (NCD-RisC). Worldwide trends in blood pressure from 1975 to 2015: a pooled analysis of 1479 population-based measurement studies with 19·1 million participants. Lancet. 2017;389(10064):37-55. doi: 10.1016/S0140-6736(16)31919-5.
    » https://doi.org/10.1016/S0140-6736(16)31919-5
  • 7
    World Health Organization. (WHO). World health statistics 2017: monitoring health for the SDGs: Sustainable Development Goals. Geneva; 2017.
  • 8
    United Nations, Department of Economic and Social Affairs, Population Division (2015). World Population Prospects: the 2015 revision, key findings and advance. [Accessed in 2017 May 5]. Available from: https://www.un.org/development/desa/en/
    » https://www.un.org/development/desa/en/
  • 9
    Global Health Data Exchange. [Accessed in 2016 Jul 16]. Available from: http://www.healthdata.org/
    » http://www.healthdata.org/
  • 10
    James PA, Oparil S, Carter BL, Cushman WC, Dennison-Himmelfarb C, Handler J, et al. 2014 Evidence-based guideline for the management of high blood pressure in adults: report from the panel members appointed to the Eighth Joint National Committee (JNC 8). JAMA. 2014;311(5):507-20. doi: 10.1001/jama.2013.284427.Erratum in:JAMA.2014;311(17):1809.
    » https://doi.org/10.1001/jama.2013.284427.Erratum
  • 11
    Leung AA, Daskalopoulou SS, Dasgupta K, McBrien K, Butalia S, Zarnke KB, et al; Hypertension Canada. Hypertension Canada's 2017 Guidelines for diagnosis, risk assessment, prevention, and treatment of hypertension in adults. Can J Cardiol. 2017;33(5):557-76. doi: 10.1016/j.cjca.2017.03.005.
    » https://doi.org/10.1016/j.cjca.2017.03.005
  • 12
    Krause T, Lovibond K, Caulfield M, McCormack T, Williams B; Guideline Development Group. Management of hypertension: summary of NICE guidance.BMJ.2011 Aug 25;343:d4891. doi: 10.1136/bmj.d4891.
    » https://doi.org/10.1136/bmj.d4891
  • 13
    Ritchie LD, Campbell NC, Murchie P. New NICE guidelines for hypertension.BMJ. 2011 Sep 7;343:d5644. doi: 10.1136/bmj.d5644.
    » https://doi.org/10.1136/bmj.d5644
  • 14
    Redman CW(.)Hypertension in pregnancy: the NICE guidelines. Heart. 2011;97(23):1967-9. doi: 10.1136/heartjnl-2011-300949.
    » https://doi.org/10.1136/heartjnl-2011-300949
  • 15
    Task Force of the Latin American Society of Hypertension. Guidelines on the management of arterial hypertension and related comorbidities in Latin America. J Hypertens.2017;35(8):1529-45. doi: 10.1097/HJH.0000000000001418.
    » https://doi.org/10.1097/HJH.0000000000001418
  • 16
    Naderi SH, Bestwick JP, Wald DS. Adherence to drugs that prevent cardiovascular disease: meta-analysis on 376,162 patients. Am J Med. 2012;125(9):882-7. doi: 10.1016/j.amjmed.2011.12.013.
    » https://doi.org/10.1016/j.amjmed.2011.12.013

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Nov 2017
Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC Avenida Marechal Câmara, 160, sala: 330, Centro, CEP: 20020-907, (21) 3478-2700 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil, Fax: +55 21 3478-2770 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista@cardiol.br