Resumo
This study was carried out to evaluate the effect of the amount of colostrum (two and four liters) and methods of colostrum feeding (direct suckling from the cow, feeding colostrum using nipple bottle, and no feeding colostrum) on different blood traits. Thirty two Holstein calves (four groups of eight animals each) were randomly allotted to four treatments: treatment 1 - calves were hand fed four liters of colostrum; treatment 2 - calves were hand fed two liters of colostrum; treatment 3 - calves were fed colostrum directly from the cow, and treatment 4 - calves were not fed colostrum. Higher values of total serum protein, betaglobulins and gamaglobulins were observed in the calves after 24 hours of colostrum feeding. No differences among animals fed colostrum directly from the cow and hand fed two or four liters of colostrum were observed for total protein and eletrophoretic fractions. However lower values of total and eletrophoretic fractions were observed for calves that were not fed colostrum.
Calf; colostrum; eletrophoresis; serum protein; gamaglobulin
Calf; colostrum; eletrophoresis; serum protein; gamaglobulin
Bezerro; colostro; eletroforese; proteína sérica; gamaglobulina
COMUNICAÇÃO
[Communication]
Influência da forma de administração e da quantidade fornecida de colostro sobre a concentração de proteína total e de suas frações eletroforéticas no soro sangüíneo de bezerros da raça Holandesa
[Influence of volume and method of administration of colostrum on total protein and eletrophoretic serum fractions in Holstein calves]
A.S. Borges1, F.L.F. Feitosa2, F.J. Benesi3, E.H. Birgel3, L.C.N. Mendes2
1Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp - Campus de Botucatu
18608-000 Botucatu, SP
2Curso de Medicina Veterinária da Unesp Campus de Araçatuba
3Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP-São Paulo
Recebido para publicação em 22 de fevereiro de 2000.
Recebido para publicação, após modificações, em 22 de maio de 2001.
E-mail: asborges@laser.com.br Trabalho financiado pela FAPESP
A ingestão de colostro é considerada uma das mais importantes recomendações do período neonatal. Entre os componentes do colostro destacam-se as imunoglobulinas (Andrews & Lyons, 1990; White, 1993), indispensáveis à defesa orgânica do animal no início da vida.
O momento de ingestão, a qualidade e a quantidade do colostro são aspectos decisivos para que o neonato adquira quantidades suficientes de imunoglobulinas (Lucci, 1989; Borges,1997; Perino, 1997).
A eletroforese das proteínas séricas é um método valioso para a determinação quantitativa das proteínas séricas, sendo de particular importância para avaliação dos níveis de gamaglobulinas presentes no soro (Oliveira & Vogel, 1984).
Baroni et al. (1982), em 100 bezerros da raça Holandesa entre quatro e oito meses de vida, observaram valor médio de 7,07±0,06g/dl de proteína total. Pinheiro et al. (1983) verificaram taxa média de proteína total de 8,71±1,08g/dl em bezerros com idade entre dois e dez meses. Naylor & Kronfeld (1977), ao avaliarem o aumento nos níveis de proteína plasmática total após a ingestão de colostro, observaram valores de 2,03±0,6g/dl. Braun et al. (1982) demonstraram que a elevação dos níveis de proteína plasmática total ocorreu durante os dois primeiros dias de vida dos bezerros após a ingestão do colostro
Susin et al. (1987), após realizarem 13 colheitas seriadas em bezerros da raça Holandesa, durante os primeiros 60 dias de vida, constataram que a concentração máxima de proteína total foi observada na 24ª hora pós-nascimento, com valor médio de 8,1±0,76g/dl. Perino & Wittum (1995) realizaram dosagem da proteína total sérica em 143 bezerros mantidos com as mães e encontraram valores de 5,20±1,00 e 5,80±1,20g/dl para, respectivamente, 10 e 24 horas após o nascimento.
Braun et al. (1982) observaram que a elevação dos níveis das frações beta e gamaglobulinas no soro sangüíneo de bezerros ocorreu após a ingestão de colostro. Fagliari et al. (1996) estudaram 140 bezerros do primeiro ao sexto dia de vida e observaram baixa concentração sérica de gamaglobulinas nas primeiras seis horas de vida (0,56±0,27g/dl), alcançando nível máximo 24 a 30 horas após o nascimento (2,08±0,40g/dl).
Este trabalho teve o objetivo de verificar o comportamento da proteína total e de suas frações eletroforéticas em bezerros da raça Holandesa que receberam ou não colostro ou que mamaram colostro na própria mãe ou o receberam na mamadeira.
Foram utilizados 32 bezerros machos da raça Holandesa, distribuídos em quatro grupos experimentais com oito animais cada. O grupo 1 foi tratado com quatro litros de colostro fornecido na mamadeira, divididos em duas alimentações de dois litros cada, com intervalo de 12 horas, sendo a primeira ingestão de colostro realizada dentro das primeiras seis horas pós-nascimento. Após essa ingestão eles passaram a receber leite em quantidade equivalente a 10% do peso vivo/dia, dividida em duas alimentações diárias fornecidas em mamadeira. O grupo 2 recebeu apenas dois litros de colostro fornecidos na mamadeira dentro das primeiras seis horas pós-nascimento. Após essa ingestão a alimentação com leite foi igual à do grupo 1. O colostro utilizado nos grupos 1 e 2 foi obtido da primeira ordenha da própria mãe do bezerro. O grupo 3 ingeriu colostro voluntariamente nas mães. Nesse grupo os bezerros permaneceram com suas mães por até 24 horas. Após esse período passaram a receber leite em quantidade igual aos do grupo 1, em mamadeira. O grupo 4 foi tratado exclusivamente com leite fornecido na mamadeira. Os bezerros desse grupo foram separados das mães imediatamente após o parto, não receberam colostro ou outra possível fonte de imunoglobulinas, sendo alimentados desde o nascimento exclusivamente com leite, conforme critério estabelecido para os animais do grupo 1.
Os bezerros foram acompanhados desde o nascimento até os três meses de vida, sendo submetidos a avaliações clínicas periódicas nesse período. Os animais que adoeceram foram avaliados e medicados de acordo com o diagnóstico realizado.
As amostras de sangue para obtenção do soro foram obtidas antes da ingestão do colostro, e às 6, 12, 24, 48 e 96 h após a ingestão do colostro, e aos 10, 15, 30, 60 e 90 dias de idade.
A proteína sérica total foi determinada usando-se o analisador bioquímico RA-100em comprimento de onda de 550nm.
A migração eletroforética para separação das frações protéicas do soro sangüíneo foi efetuada em fitas de acetato de celulose e a leitura e o cálculo do fracionamento eletroforético foram realizados em densitômetro para eletroforese (Zênite - Z-30), com separação manual das várias frações protéicas (albumina, alfaglobulina, betaglobulina e gamaglobulina).
Foram feitas análise descritiva (média e desvio padrão) e análise de variância para estudar a influência dos tratamentos (grupos) nos vários momentos sobre cada característica (Zar, 1984).
A dosagem de proteína sérica total no tempo 0 não apresentou diferença significativa entre os grupos (Tab. 1), registrando-se valores médios semelhantes aos resultados de Fagliari et al. (1988). Com a ingestão do colostro pelos animais dos grupos 1, 2 e 3 ocorreu aumento dos níveis séricos de proteína total, observando-se valores máximos na 24ª hora, resultados semelhantes aos de Susin et al. (1987). Os aumentos nas taxas séricas de proteína total foram maiores do que os obtidos por Naylor & Kronfeld (1977) e Fagliari et al. (1988). No grupo 4 o aumento foi discreto até 15 dias de avaliação. Esses valores também foram significativamente menores do que os dos outros grupos até 15 dias de avaliação e inferiores aos citados na literatura durante os dois primeiros meses de vida. A partir do quarto dia de vida, a comparação dos resultados desses três grupos com dados da literatura revela valores de proteína total sérica menores do que os obtidos por Pinheiro et al. (1983) e maiores do que os descritos por Lumsden et al. (1980) e Green et al. (1982). Aos três meses de idade são semelhantes aos descritos por Baroni et al. (1982) e Pinheiro et al. (1983).
O proteinograma sérico no tempo 0 caracterizou o predomínio da fração albumina sobre a fração globulinas, tendo a gamaglobulina os mais baixos valores, menores do que os citados por Fagliari et al. (1988, 1996) (Tab. 2, 3, 4 e 5).
A albumina e a fração alfaglobulina mantiveram-se estáveis. Esses valores são similares aos descritos por Fagliari et al. (1988) e mostraram a não influência da ingestão do colostro (Tab. 2, 3). A concentração de betaglobulina nos grupos 1, 2 e 3 variou de forma significativa em decorrência da ingestão de colostro. Os valores aumentaram significativamente seis horas após a ingestão do colostro (Tab. 4).
Os bezerros neonatos apresentaram teores praticamente insignificantes da fração gamaglobulina antes da ingestão de colostro. Eles aumentaram após a ingestão do colostro materno, confirmando os resultados de Lumsden et al. (1980) e de Fagliari et al. (1996). A partir de 24 horas de vida, quando foram atingidos valores máximos, observou-se decréscimo progressivo até 30 dias de idade para os animais que ingeriram colostro. Esse comportamento foi similar ao observado para a concentração da proteína total nos diferentes momentos. Tais resultados encontraram respaldo nos trabalhos de Logan et al. (1973), que destacaram a ocorrência de degradação das imunoglobulinas passivamente transferidas pela ingestão de colostro nos primeiros 30 dias, e de Banks & Mcguire (1989), que consideraram os bezerros imunocompetentes a partir do primeiro mês de vida. Os valores da fração gamaglobulina no grupo 4 foram significativamente menores do que os considerados normais para os grupos de animais que receberam colostro. Essa diferença persistiu até 30 dias de idade (Tab. 5).
O aumento das frações beta e gamaglobulinas após a mamada do colostro é indicação de que as imunoglobulinas absorvidas do colostro distribuem-se particularmente por essas duas frações globulínicas, conforme descrito por Butler (1969).
Observa-se comportamento similar nos valores de proteína total e de suas frações entre os animais que receberam dois ou quatro litros de colostro na mamadeira e os que ingeriram colostro diretamente de suas mães.
Palavras-chave: Bezerro, colostro, eletroforese, proteína sérica, gamaglobulina
ABSTRACT
This study was carried out to evaluate the effect of the amount of colostrum (two and four liters) and methods of colostrum feeding (direct suckling from the cow, feeding colostrum using nipple bottle, and no feeding colostrum) on different blood traits. Thirty two Holstein calves (four groups of eight animals each) were randomly allotted to four treatments: treatment 1 calves were hand fed four liters of colostrum; treatment 2 calves were hand fed two liters of colostrum; treatment 3 calves were fed colostrum directly from the cow, and treatment 4 calves were not fed colostrum. Higher values of total serum protein, betaglobulins and gamaglobulins were observed in the calves after 24 hours of colostrum feeding. No differences among animals fed colostrum directly from the cow and hand fed two or four liters of colostrum were observed for total protein and eletrophoretic fractions. However lower values of total and eletrophoretic fractions were observed for calves that were not fed colostrum.
Keywords: Calf, colostrum, eletrophoresis, serum protein, gamaglobulin
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
18 Jun 2002 -
Data do Fascículo
Out 2001
Histórico
-
Revisado
22 Maio 2001 -
Recebido
22 Fev 2000