Resumos
O experimento objetivou estimar as exigências de proteína bruta (PB) e energia metabolizável (EM) para máximo desempenho de machos de codornas japonesas criadas para a produção de carne e determinação da idade de abate que resultasse em peso máximo das aves. Quatrocentos e cinqüenta codornas foram utilizadas em delineamento experimental de blocos ao acaso, com cinco repetições de seis codornas por unidade experimental. Os tratamentos, de dietas formuladas a partir da combinação de cinco níveis de PB (18, 20, 22, 24 e 26%) e três níveis de EM (2800, 3000 e 3200kcal/kg de ração), foram alocados nas parcelas e os quatro períodos experimentais nas sub-parcelas. As variáveis estudadas durante os quatro períodos (5 a 16; 16 a 27; 27 a 38 e 38 a 49 dias de idade) foram consumo de ração (CR), ganho de peso (GP), conversão alimentar (CA) e peso vivo (PV). No período total (5 a 49 dias de idade) foram estudados consumo de ração acumulado (CRA), ganho de peso acumulado (GPA) e conversão alimentar acumulada (CAA). As exigências estimadas de PB e EM durante o primeiro (5 a 16) e terceiro (27 a 38) períodos foram 26 e 2800 e 18% e 3200kcal/kg de ração, respectivamente. A exigência de PB no segundo período (16 a 27 dias de idade) foi de 26%, não sendo possível estimar a exigência energética. No quarto (38 a 49 dias de idade) período experimental a exigência estimada de EM foi de 3200kcal/kg de ração, não sendo possível estimar a exigência protéica. No período total as exigências protéica e energética, estimadas para máximos ganhos de peso acumulados, foram de 26% e 3200kcal/kg de ração, respectivamente. As idades estimadas que resultaram em PV máximo dependeram do nível de PB e de EM da dieta, variando de 57 a 85 e 60 a 74 dias, respectivamente.
Codorna japonesa; energia metabolizável; exigência nutricional; proteína bruta
The experiment aimed to estimate the crude protein (CP) and metabolizable energy (ME) requirements for maximum performance of male Japanese quails reared for meat production purpose and to further estimate the slaughter age for maximum weight of quails. Four hundred and fifty quails were used in a completely randomized design with five replicates of six quails per experimental unit. The treatments, consisting of the combination of five levels of CP (18, 20, 22, 24 and 26%) and three level of ME (2800, 3000 and 3200kcal/kg of diet), were allotted to the plots, while the four periods, to the split-plot. The studied traits during four periods (5 to 16; 16 to 27; 27 to 38 and 38 to 49 days of age) were feed intake (FI), weight gain (WG), feed:gain ratio (FG) and body weight (BW). During the whole period (5 to 49 days of age) the studied traits were total feed intake (TFI), total weight gain (TWG) and total feed:gain ratio (TFG). The estimates of CP and ME requirements, during the first (5 to 16) and third (27 to 38 days of age) periods were: 26 and 2800 and 18% and 3200kcal/kg of diet. The CP requirement in the second period (16 to 27 days of age) was 26%, however, it was not possible to estimate the ME requirement. In the fourth (38 to 49 days of age) experimental period, the estimated ME requirement was 3200kcal/kg of diet, however, it was not possible to estimate the CP requirement. For the whole period, the crude protein and metabolizable energy requirements, estimated for maximum total weight gain were 26% and 3200kcal/kg of diet, respectively. The estimated ages for maximum BW depended on the CP and ME level of diet, and varied from 57 to 85 and 60 to 74 days, respectively.
Japanese quails; crude protein; metabolizable energy; nutritional requirements
Exigências de proteína bruta e energia metabolizável para codornas japonesas machos criadas para a produção de carne
[Energy and protein requirements for male Japanese quails reared for meat production]
N.T.E. Oliveira1, M.A. Silva2, R.T.R.N. Soares3,J.B. Fonseca3, J.T.L. Thiebaut3, A.B. Fridrich4, R.G. Duarte4, L.V. Teixeira4
1Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal
Universidade Estadual do Norte Fluminense
Av. Alberto Lamego, 2000
28015-620 - Campos dos Goytacazes, RJ
2Escola de Veterinária da UFMG e Bolsista do CNPq
3Universidade Estadual do Norte Fluminense
4Alunos da Escola de Veterinária da UFMG
Recebido para publicação em 3 de abril de 2001.
Recebido para publicação, após modificações, em 31 de agosto de 2001.
RESUMO
O experimento objetivou estimar as exigências de proteína bruta (PB) e energia metabolizável (EM) para máximo desempenho de machos de codornas japonesas criadas para a produção de carne e determinação da idade de abate que resultasse em peso máximo das aves. Quatrocentos e cinqüenta codornas foram utilizadas em delineamento experimental de blocos ao acaso, com cinco repetições de seis codornas por unidade experimental. Os tratamentos, de dietas formuladas a partir da combinação de cinco níveis de PB (18, 20, 22, 24 e 26%) e três níveis de EM (2800, 3000 e 3200kcal/kg de ração), foram alocados nas parcelas e os quatro períodos experimentais nas sub-parcelas. As variáveis estudadas durante os quatro períodos (5 a 16; 16 a 27; 27 a 38 e 38 a 49 dias de idade) foram consumo de ração (CR), ganho de peso (GP), conversão alimentar (CA) e peso vivo (PV). No período total (5 a 49 dias de idade) foram estudados consumo de ração acumulado (CRA), ganho de peso acumulado (GPA) e conversão alimentar acumulada (CAA). As exigências estimadas de PB e EM durante o primeiro (5 a 16) e terceiro (27 a 38) períodos foram 26 e 2800 e 18% e 3200kcal/kg de ração, respectivamente. A exigência de PB no segundo período (16 a 27 dias de idade) foi de 26%, não sendo possível estimar a exigência energética. No quarto (38 a 49 dias de idade) período experimental a exigência estimada de EM foi de 3200kcal/kg de ração, não sendo possível estimar a exigência protéica. No período total as exigências protéica e energética, estimadas para máximos ganhos de peso acumulados, foram de 26% e 3200kcal/kg de ração, respectivamente. As idades estimadas que resultaram em PV máximo dependeram do nível de PB e de EM da dieta, variando de 57 a 85 e 60 a 74 dias, respectivamente.
Palavras-chave: Codorna japonesa, energia metabolizável, exigência nutricional, proteína bruta
ABSTRACT
The experiment aimed to estimate the crude protein (CP) and metabolizable energy (ME) requirements for maximum performance of male Japanese quails reared for meat production purpose and to further estimate the slaughter age for maximum weight of quails. Four hundred and fifty quails were used in a completely randomized design with five replicates of six quails per experimental unit. The treatments, consisting of the combination of five levels of CP (18, 20, 22, 24 and 26%) and three level of ME (2800, 3000 and 3200kcal/kg of diet), were allotted to the plots, while the four periods, to the split-plot. The studied traits during four periods (5 to 16; 16 to 27; 27 to 38 and 38 to 49 days of age) were feed intake (FI), weight gain (WG), feed:gain ratio (FG) and body weight (BW). During the whole period (5 to 49 days of age) the studied traits were total feed intake (TFI), total weight gain (TWG) and total feed:gain ratio (TFG). The estimates of CP and ME requirements, during the first (5 to 16) and third (27 to 38 days of age) periods were: 26 and 2800 and 18% and 3200kcal/kg of diet. The CP requirement in the second period (16 to 27 days of age) was 26%, however, it was not possible to estimate the ME requirement. In the fourth (38 to 49 days of age) experimental period, the estimated ME requirement was 3200kcal/kg of diet, however, it was not possible to estimate the CP requirement. For the whole period, the crude protein and metabolizable energy requirements, estimated for maximum total weight gain were 26% and 3200kcal/kg of diet, respectively. The estimated ages for maximum BW depended on the CP and ME level of diet, and varied from 57 to 85 and 60 to 74 days, respectively.
Keywords: Japanese quails, crude protein, metabolizable energy, nutritional requirements
INTRODUÇÃO
São escassos os resultados de pesquisas sobre exigências nutricionais de codornas japonesas visando à produção de carne, além da maioria dos dados ser proveniente de literatura estrangeira, obtida sob condições ambientais diferentes das condições climáticas brasileiras. Como a alimentação representa a maior parte dos custos variáveis de uma atividade avícola e os teores de proteína bruta e de energia metabolizável da dieta influem decisivamente no desempenho de codornas japonesas, é de extrema importância a estimativa de suas exigências para que se formulem rações de mínimo custo ou de máximo retorno.
Segundo Kirkpinar & Oguz (1995), codornas japonesas alimentadas com 30% de proteína bruta alcançaram maior peso vivo no 35.º dia de idade, ao compararem o desempenho de codornas alimentadas com dietas isocalóricas (2800kcal EM/kg) porém com seis níveis protéicos (16, 20, 22, 25, 28 e 30%). Weber & Reid (1967) indicaram 24% de proteína bruta para que codornas japonesas alcançassem maior peso vivo no 35o dia de idade. Hyánková et al. (1997) preconizaram, para maior taxa de crescimento de fêmeas e machos de codornas japonesas, o uso de 26 e 21,6% de proteína bruta, ao final dos períodos de 1 a 21 e 22 a 35 dias de idade, respectivamente.
De acordo com Murakami et al. (1993), codornas japonesas de ambos os sexos obtiveram melhor conversão alimentar com o aumento do teor de energia de 2800 para 3000kcal EM/kg de dieta. O NRC (1994) recomenda 2900kcal EM/kg de dieta para atender às exigências de codornas japonesas nas fases inicial e de crescimento.
Este trabalho objetivou estimar os níveis de proteína bruta e energia metabolizável para máximo desempenho de machos de codornas japonesas em diversos períodos de idade e determinar a idade de abate que resultasse em peso máximo dessas aves.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no laboratório de melhoramento genético animal do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA) da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), localizada no município de Campos dos Goytacazes - RJ.
Foram utilizados 450 machos de codornas japonesas (Coturnix coturnix japonica) de cinco dias de idade, alojados em galpão inicial contendo quatro gaiolas de madeira, com 2m de comprimento x 0,52m de largura x 0,15m de altura, com 16 divisões internas cada e capacidade para 96 codornas por gaiola, onde permaneceram até o 27° dia de idade. Água e ração foram administradas à vontade.
A partir do 27º dia de idade, as codornas foram transferidas para outro galpão onde foram alojadas em gaiolas metálicas com 1m de comprimento x 0,34m de largura x 0,24m de altura, com quatro divisões internas cada. Em cada gaiola foram colocadas 24 codornas onde permaneceram até o 49° dia de idade. Nessa fase experimental as também receberam água e ração à vontade.
As seguintes variáveis dependentes foram avaliadas: ganho de peso (g), consumo de ração (g) e conversão alimentar (g de ração consumida por g de ganho de peso) durante os quatro primeiros períodos experimentais, isto é, do 5º ao 16º; do 16º ao 27º; do 27º ao 38º e do 38º ao 49º dia de idade; peso vivo (g) referente ao 5º, 16º, 27º, 38º e 49º dia de idade e ganho de peso acumulado (g), consumo de ração acumulado (g) e conversão alimentar acumulada (g de ração consumida por g de ganho de peso) no período total (5º ao 49º dia).
O delineamento experimental foi de blocos inteiramente ao acaso, com cinco repetições de seis codornas por unidade experimental.
Para o estudo do ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar os tratamentos, alocados nas parcelas, consistiram da combinação de cinco níveis de proteína bruta (18, 20, 22, 24 e 26% da dieta) e três níveis de energia metabolizável (2800, 3000 e 3200kcal/kg de ração), avaliados em quatro períodos experimentais, que constituíram as sub-parcelas. Para avaliação do peso vivo, em vez de períodos nas sub-parcelas, foram utilizadas as idades em que as codornas foram pesadas.
As análises químicas da proteína bruta, cálcio e fósforo do milho, farelo de soja e farelo de trigo foram realizadas no laboratório de zootecnia e nutrição animal (LZNA) e no laboratório de solos, do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias - CCTA/UENF. Os resultados foram: 7,48, 46,11 e 14,43% de proteína bruta, 0,005, 0,25 e 0,11% de cálcio e 0,27, 0,59 e 1,13% de fósforo total para milho, farelo de soja e farelo de trigo, respectivamente.
O fósforo disponível foi calculado a partir do fósforo total, considerando-se 33% a disponibilidade do mineral no milho, farelo de soja e farelo de trigo.
Os níveis de metionina, lisina e treonina foram calculados para serem expressos como percentual fixo da proteína bruta, baseado nos valores apresentados pelo NRC (1994). Os percentuais calculados foram de 2,08, 5,42 e 4,25% para metionina, lisina e treonina, respectivamente.
Exceto os nutrientes analisados em laboratório, as dietas foram formuladas de acordo com as composições químicas dos ingredientes apresentadas por Rostagno et al. (1994) e adequadas às exigências nutricionais para codornas japonesas do NRC (1994). A composição percentual das dietas experimentais e os respectivos valores nutricionais calculados encontram-se na Tab. 1.
Os efeitos dos níveis de proteína bruta e de energia metabolizável sobre as diversas variáveis foram estimados por meio de equações polinomiais, respeitando-se suas interações significativas, porventura existentes, com os diversos fatores incluídos no modelo.
Foram também obtidas regressões do peso vivo das codornas em relação à idade, respeitadas as interações significativas entre idade e os demais fatores incluídos no modelo, para determinar a idade de abate que promovesse peso máximo das codornas.
Todas as análises estatísticas foram feitas usando-se o programa SAEG (Sistema para Análise Estatística e Genética), desenvolvido pela UFV (1982).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com o aumento dos níveis de proteína bruta, o ganho de peso (GP) foi crescente nos dois primeiros períodos experimentais (Tab. 2). As codornas alimentadas com dietas contendo 26% de proteína bruta tiveram maior GP, indicando que o fator proteína tem importância decisiva no desempenho de codornas japonesas nesses períodos experimentais, em função de sua maior demanda para aumento de tamanho corporal. Resultados obtidos por Shim & Vohra (1984), Lepore & Marks (1968) e Shim & Lee (1982a) indicaram 24%, por Vogt (1967) 26% por Lee et al. (1977a) 28% até a terceira semana de idade e por Sakurai (1979) 32,2%. O NRC (1994) indica 24% de proteína bruta na dieta como sendo o nível adequado para o atendimento das exigências de codornas japonesas nos períodos iniciais. A divergência entre exigências protéicas pode ser atribuída a diferenças entre períodos, níveis de energia metabolizável, genética, condições ambientais, entre outros.
À medida que os níveis de proteína bruta aumentaram houve decréscimo do GP no terceiro período experimental (27º - 38º dia de idade). Codornas alimentadas com dietas contendo 18% de proteína bruta tiveram maior GP. Esse resultado mostra redução da exigência protéica em relação aos dois primeiros períodos experimentais.
Com o acréscimo dos níveis energéticos o GP foi decrescente no primeiro período, indicando que codornas alimentadas com dietas contendo 2800kcal EM/kg de ração tiveram maior GP (Tab. 3). Não houve efeito do nível de energia metabolizável sobre o GP no segundo período (16º - 27º dia de idade), mostrando que codornas podem utilizar com eficiência a energia de dietas com 2800kcal EM/kg de ração sem comprometer o GP, não exigindo nível energético superior nesse período. Resultado similar foi apresentado por Begin (1968), que também não verificou diferença entre o GP de codornas japonesas alimentadas com dietas contendo 3380 e 2180kcal EM/kg de dieta, no período de 14 a 30 dias de idade.
Com o aumento dos níveis energéticos o GP foi crescente no terceiro e quarto períodos. Codornas que receberam dietas contendo 3200kcal EM/kg de ração tiveram maior GP. O aumento da exigência energética entre o primeiro e os dois últimos períodos experimentais pode estar relacionado com o aumento do tamanho corporal e, conseqüentemente, com a maior demanda para mantença.
No terceiro período (27° ao 38° dia de idade) observou-se efeito linear positivo dos níveis de proteína bruta sobre a conversão alimentar (CA). Codornas alimentadas com dietas contendo 18% de proteína bruta tiveram melhor CA nesse período. Efeito quadrático ocorreu no quarto período (38° ao 49° dia de idade), com pior CA estimada para dietas contendo 21,96% de proteína bruta (Tab. 4).
No quarto período experimental (38º ao 49º dia de idade), houve efeito linear negativo dos níveis energéticos sobre a CA. As codornas alimentadas com dietas contendo 3200kcal EM/kg de ração tiveram melhor CA (Tab. 5). Considerando o período de 14 a 33 dias de idade, Angulo et al. (1993) também verificaram melhor CA em codornas japonesas (ambos os sexos) alimentadas com dietas contendo nível de energia metabolizável mais elevado (3200kcal/kg de ração), comparadas a codornas que receberam 3000kcal EM/kg de ração na dieta. Não foi constatado efeito significativo do nível energético sobre a CA nos demais períodos.
Efeito quadrático de idade sobre o PV foi observado em todos os níveis protéico e energético. Os pesos vivos máximos para codornas alimentadas com os níveis de 18, 20, 22, 24 e 26% de proteína bruta ocorreram nos 85°, 79°, 63°, 60° e 57° dias de idade, respectivamente, enquanto que para as dietas contendo 2800, 3000 e 3200kcal EM/kg de dieta, os pesos máximos das codornas ocorreram nos 60°, 66° e 74° dias de idade, respectivamente. Além disso, com a elevação do teor protéico ou diminuição do teor energético das dietas houve redução no número de dias em que ocorreu PV máximo. (Tab. 6 e 7). As médias do PV são apresentadas nas Tab. 8 e 9.
No nível de 18% de proteína bruta houve efeito quadrático dos níveis de energia sobre o consumo de ração acumulado (CRA) (CRA mínimo em 3022,73kcal EM/kg de ração).Verificou-se efeito linear negativo dos níveis de energia metabolizável sobre o CRA nos níveis 20, 22, 24 e 26% de proteína bruta (Tab. 10). Com esses níveis protéicos, machos alimentados com dietas contendo 2800kcal EM/kg de ração tiveram maior CRA.
Murakami et al. (1993) observaram que codornas japonesas submetidas a dietas com 2800kcal EM/kg de ração tiveram maior CRA comparadas àquelas que receberam 3000kcal EM/kg de ração, no período de 1 a 42 dias de idade. Angulo et al. (1993) obtiveram resultado similar quando utilizaram dietas contendo 3000 e 3200kcal EM/kg de ração e considerando o período de 1 a 33 dias de idade. Estes resultados mostram que codornas que consomem dietas com menor teor calórico tendem a compensar o insuficiente consumo energético, ingerindo maior quantidade da dieta, a fim de manterem estáveis suas reservas energéticas corporais, ratificando a existência de um mecanismo fisiológico regulador do consumo, a longo prazo, no qual essas reservas funcionam como referencial.
Observou-se efeito linear positivo dos níveis de proteína bruta sobre o ganho de peso acumulado (GPA) nos níveis 2800 e 3000kcal EM/kg de ração (Tab. 11). Nesses níveis energéticos, machos alimentados com dietas contendo 26% de proteína bruta tiveram maior GPA, mostrando que codornas alimentadas com dietas de teores protéicos inferiores a 26% não obtiveram ganho compensatório ao longo do período.
Estes resultados contrastam com os de Sinha & Verma (1984), que concluíram que não houve efeito do nível protéico sobre o GPA do 7º ao 49º dia de idade de codornas japonesas de ambos os sexos, alimentadas com dietas contendo 24, 26 e 28% de proteína bruta.
Marks (1978) revelou que o GPA de codornas japonesas, de ambos os sexos e alimentadas com dietas contendo 20% de proteína, referente ao período de duas a seis semanas de idade, foi 96 a 99% menor que o de codornas alimentadas com 28% de proteína, no mesmo período.
Verificou-se efeito linear positivo dos níveis de energia metabolizável sobre o GPA nos níveis de 18 e 22% de proteína bruta, expresso pelas equações =63,99+0,015 X (R2=1,00) e =44,72+0,023 X (R2=0,72), respectivamente. Com esses níveis protéicos, machos alimentados com dietas contendo 3200kcal EM/kg de ração tiveram maior GPA.
Observou-se efeito quadrático dos níveis energéticos sobre a conversão alimentar acumulada (CAA), independente dos níveis de proteína bruta, estimado pela equação =31,76-0,0167 X + 0,0000025 X2. A conversão mínima estimada ocorreu em 3340kcal EM/kg de ração. As médias da CAA são apresentadas na Tab. 12.
CONCLUSÕES
As exigências estimadas de proteína bruta e energia metabolizável durante o primeiro (5 a 16 dias de idade) e o terceiro (27 a 38 dias de idade) períodos foram: 26 e 2800 e 18% e 3200kcal/kg de ração. A exigência de proteína bruta no segundo período (16 a 27 dias de idade) foi de 26%, não sendo possível estimar a exigência energética. No quarto (38 a 49 dias de idade) período experimental, a exigência estimada de energia metabolizável foi de 3200kcal/kg de ração, não sendo possível estimar a exigência protéica. Contudo, em função dos efeitos gerais de proteína bruta e energia metabolizável serem lineares, há necessidade de investigações que incluam níveis maiores que 26% e menores que 18% de proteína bruta nos dois primeiros e no terceiro períodos, respectivamente, e menores que 2800 e maiores que 3200kcal EM/kg de ração no primeiro e nos dois últimos períodos de acabamento de machos, respectivamente. No período total (5 a 49 dias de idade), as exigências protéica e energética, estimadas para máximos ganhos de peso acumulados, foram de 26% e 3200kcal/kg de ração, respectivamente. As idades estimadas que resultaram em peso vivo máximo dependeram do nível de proteína bruta e de energia metabolizável da dieta, apresentando amplitude que variou de 57 a 85 dias.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
17 Jul 2002 -
Data do Fascículo
Abr 2002
Histórico
-
Aceito
31 Ago 2001 -
Recebido
03 Abr 2001