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Fixação externa de fratura metacarpiana com pinos transcorticais e gesso sintético em bezerro Simental

External fixation of the metacarpal fracture with transcortical pins and fiberglass cast in Simmental calf

Resumo

A six-month-old 245 kg male Simmental calf was referred to the Veterinary Hospital in Cuiabá, MT, with closed comminuted diaphyseal fracture in metacarpus. It was given preference to external fixation as means of fracture immobilization, and transcortical pins and fiberglass cast were used. This technique showed effective immobilization of the fracture, less expensive and feasible to be done in the field.

bovine; metacarpus; fracture; external fixation


bovine; metacarpus; fracture; external fixation

bovino; metacarpo; fratura; fixação externa

COMUNICAÇÃO COMMUNICATION

Fixação externa de fratura metacarpiana com pinos transcorticais e gesso sintético em bezerro Simental

External fixation of the metacarpal fracture with transcortical pins and fiberglass cast in Simmental calf

E.A.N. Martins; L.M. Camargo

Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Cuiabá Rua Itália, s/n, Jardim Europa 78065-420 – Cuiabá, MT

Palavras-chave: bovino, metacarpo, fratura, fixação externa

ABSTRACT

A six-month-old 245 kg male Simmental calf was referred to the Veterinary Hospital in Cuiabá, MT, with closed comminuted diaphyseal fracture in metacarpus. It was given preference to external fixation as means of fracture immobilization, and transcortical pins and fiberglass cast were used. This technique showed effective immobilization of the fracture, less expensive and feasible to be done in the field.

Keywords: bovine, metacarpus, fracture, external fixation

As fraturas metacarpianas e metatarsianas são as de maior ocorrência em bovinos de todas as idades (Tulleners, 1986b), seguidas pelas fraturas da tíbia, rádio e ulna (Tulleners, 1986a). As perdas econômicas são significativas e decorrem do elevado custo do tratamento, da perda de peso corpóreo, do pequeno ganho de peso durante o período de convalescência, e não raro a morte ou eutanásia (Anderson et al., 1994).

Vários métodos de imobilização foram descritos e a escolha em cada caso dependerá da configuração da fratura, da injúria do tecido mole e da presença ou não de fraturas expostas (Adams, 1985; Anderson et al., 1994). Dentre as técnicas utilizadas citam-se o uso do gesso até o carpo ou por todo o membro (Tulleners, 1986a; Tulleners, 1986b; Adams, 1985; Welch, Watkins, 1990), a transfixação de pinos transcorticais com aplicação de gesso e o emprego do aparelho de Kirschner-Ehmer (Anderson, Saint-Jean, 1996), de placas, parafusos e pinos intramedulares (Ferguson, 1985).

O escopo deste trabalho é demonstrar a aplicabilidade do gesso sintético associado aos pinos transcorticais como opção ao tratamento das fraturas de bovinos, assunto pouco tratado na literatura nacional.

Atendeu-se no Hospital Veterinário da Universidade de Cuiabá – MT um bezerro com seis meses de idade, da raça Simental, macho, pesando 245 kg, com histórico de claudicação do membro torácico direito há dois dias. Ao exame clínico observou-se aumento de volume e crepitação na região média do metacarpo direito, e impotência funcional. O exame radiográfico nas posições dorso-palmar e latero medial mostrou fratura fechada, cominutiva em diáfise dos metacarpianos III e IV (Fig. 1), com desvio do eixo ósseo em sentido dorso-palmar. Previamente ao ato operatório, fez-se jejum de 24 horas para sólidos e 12 horas para líquido. O protocolo anestésico constou do uso da xilazina 2% (Rompun® - Bayer – S.A.- Brasil), via intra-muscular (0,2 mg/kg), butorfanol (Turbogesic® – Fort Dodge – Brasil), via intravenosa (0,02 mg/kg) e bloqueio anestésico de Bier com lidocaína 2% (Lidison® – Ariston - Brasil), num volume total de 20 ml.


Com o membro em extensão e preparado de maneira asséptica, duas incisões de pele de aproximadamente 0,5cm, na face lateral, foram feitas para acesso à perfuração óssea, com localização acima e abaixo do foco da fratura. Com uma broca de 4,3mm acoplada a uma furadeira auto reversível, perfurou-se o osso em sentido latero medial, deixando-se fluir solução salina fisiológica sobre a broca a cada perfuração. Pinos de Steinman (Ortoangio®) de 4,8mm foram introduzidos nos orifícios com auxílio da furadeira, eqüidistantes 2cm da pele.

A área de contato pino/pele foi protegida com gazes embebida em iodo tópico. Revestiu-se o membro com malha ortopédica (06cmX15m) e ataduras de algodão (15 cm x 1,0m) abaixo da articulação carpiana. Dois rolos de gesso sintético Scothcast (Scothcast® - 3 M) (12,5cm x 3,6m) foram utilizados para sustentação da transfixação óssea, sendo a atadura gessada, perfurada a cada passagem pelos pinos enquanto envolvia o membro (Fig. 1 e 2). O pós-operatório constou de antibioticoterapia sistêmica por 10 dias com penicilina benzatina (Pentabiótico reforçado® - Fort Dodge – Brasil) na dose de 20.000 UI / kg a cada 48 horas (IM), terapia analgésica com fenilbutazona (Equipalazone® - Marcolab – Brasil) na dose de 4,4 mg/kg a cada 12 horas (IV) por três dias e restrição de movimentos durante todo o período de convalescência. Exames radiográficos como controle na posição latero-medial e dorso-palmar procederam-se a cada 15 dias até a remoção da fixação externa.


Na apresentação da configuração da fratura havia uma pequena área para passagem do pino no fragmento distal, fazendo-se necessário a inserção de agulhas na metáfise distal, evitando-se a penetração do pino na linha de crescimento e intra-articular. Segundo Anderson e Saint-Jean (1996), este procedimento associado à imagem radiográfica permite não só a identificação do melhor local para passagem dos pinos em relação ao foco da fratura e às articulações adjacentes, como também às linhas de fissura e ao osso cortical intacto. A formação do calo ósseo e a epifisiodese são complicações decorrentes de traumas na linha de crescimento podendo resultar nas deformidades angulares (Welch, Watkins, 1990). O gesso sintético associado aos pinos transcorticais foi escolhido como método de fixação externa por ser fratura fechada e em diáfise. Anderson e Saint-Jean (1996) relatam vantagens no seu uso, como rápido retorno funcional do membro, preservação do fluxo sangüíneo local e das proteínas estimulantes da osteogênese e fácil remoção dos pinos após a consolidação da fratura.

Com base nos estudos de Anderson e Saint-Jean (1996), optou-se pelos pinos de Steinman por apresentarem dureza de até 10 graus de deflexão e máxima tolerância à força de arqueamento. O diâmetro do pino pode variar entre 20 a 30% do diâmetro do osso. Uma perfuração acima da porcentagem recomendada causará redução de 34% na força de torção do osso. O uso da solução salina sobre a broca durante a perfuração óssea diminui a termonecrose óssea e confere melhor estabilidade do pino no trajeto cortical. O gesso sintético tem sido recomendado como fixador externo por ser poroso, leve, resistente ao peso, não deteriorar quando submetido à umidade, apresentar secagem rápida e propiciar nítida visualização das radiografias (Fig. 1) quando o osso está envolvido pelo material (Adams, Fessler, 1983; Martins et al., 2001).

O conjunto pinos/gesso sintético foi removido no 43o dia do pós-operatório, após constatação de ponte periostal (Fig. 3 e 4) em todo o foco da fratura. Durante esse período, a partir do 30o dia, o bezerro permaneceu em decúbito lateral esquerdo por tempo prolongado, evidenciando-se ao exame radiográfico o aumento no trajeto do pino proximal (Fig. 3), característico de osteólise. De acordo com Anderson e Saint-Jean (1996), pequenos movimentos na área de contato pino/osso podem levar a reações como reabsorção óssea, infecção no trajeto do pino e grande desconforto ao animal, sendo as complicações de maior ocorrência. Entretanto, neste caso, o desconforto causado pela osteólise teve resolução após a remoção dos pinos e cicatrização dos orifícios.



A viabilidade no uso dessa técnica se restringe aos animais de alto valor zootécnico, aos animais de estimação e àqueles ao qual o proprietário credita os gastos à sua produção. A fixação externa da fratura com pinos e gesso sintético proporcionou curto período de recuperação (43 dias), facilidade na deambulação, baixo custo, além de dispender pouco tempo para realização do pós-operatório.

Recebido para publicação em 24 de junho de 2002

Recebido para publicação, após modificações, em 18 de novembro de 2002

E-mail: eanunes@terra.com.br 1 Rompun® - Bayer – S.A.- Brasil

1 Turbogesic® – Fort Dodge – Brasil

1 Lidison® – Ariston - Brasil

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    15 Jul 2003
  • Data do Fascículo
    Abr 2003

Histórico

  • Aceito
    18 Nov 2002
  • Recebido
    24 Jun 2002
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