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Prevenção de lesões de membros inferiores e redução da morbidade em pacientes diabéticos Trabalho desenvolvido no Instituto Mineiro de Estudo e Pesquisa em Nefrologia (Imepen), Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Juiz de Fora, MG, Brasil.

Resumos

Objetivo:

Avaliar o impacto de um ambulatório de pé diabético na redução da morbidade da doença, com ênfase nas lesões dos membros inferiores.

Métodos:

Estudo prospectivo, observacional, com população alvo de 30 casos do total de 77 pacientes do ambulatório de pé diabético. O critério de inclusão foi que todos os pacientes tivessem exames laboratoriais, exame clínico, testes neuropático e vascular e índice tornozelo-braço repetidos após 18 meses de acompanhamento, o que permitiu analisar sua evolução. A análise estatística foi feita com o teste qui-quadrado de MacNemar para amostras dependentes.

Resultados:

A média de idade dos pacientes foi de 61 anos, todos portadores de diabetes mellitus (DM) tipo 2, iniciada em média havia 14,5 anos, e 20% eram neuropatas. Após 18 meses, não houve mudança na frequência de lesão em órgão alvo da diabetes (p = 1,000) e no índice de neuropatía (p = 1,000). Obteve-se, no entanto, melhoria significativa dos sintomas neuro-páticos de 70% para 36,7% (p = 0,035), bem como da doenca arterial periférica de 73,3% para 46,7% (p = 0,021). Foi observada ainda diminuição de 13,3% para 10% das úlceras (p = 1,000).

Conclusões:

A criação de ambulatórios especializados em prevenção do pé diabético é investimento viável, de baixo custo quando comparado aos altos custos gerados pelas complicates dessa doenca. Essa abordagem melhora sensivelmente a qualidade de vida do paciente, com a redução da morbidade.

Diabetes mellitus; Prevenção primária; Pé; Neuropatías diabéticas; Doencas vasculares periféricas; Infecção; Úlcera; Amputação


Objective:

To assess the impact of a diabetic foot outpatient clinic on reducing the morbidity of this disease, with emphasis on lower-limb lesions.

Methods:

This was a prospective observational study with a target population of 30 cases out of a total of 77 patients in the diabetic foot outpatient clinic. The inclusion criterion was that data relating to laboratory tests, clinical examinations, neuropathic and vascular tests and the elbow-arm index needed to be available from all the patients, with repetition after 18 months of follow-up, so as to analyze their evolution. The statistical analysis was done using the McNemar chi-square test for dependent samples.

Results:

The patients' mean age was 61 years. All of them had type 2 diabetes mellitus (DM), which had started 14.5 years previously, on average, and 20% had neuropathies. After 18 months, there was no change in the frequency of lesions in diabetes target organs (p = 1.000) or in the neuropathy rate (p = 1.000). However, there were significant improvements in neuropathic symptoms, from 70% to 36.7% (p = 0.035), and in peripheral arterial disease, from 73.3% to 46.7% (p = 0.021). There was also a decrease in ulcers from 13.3% to 10% (p = 1.000).

Conclusions:

Creation of specialized outpatient clinics for prevention of diabetic foot is a viable investment, which has low cost compared with the high costs generated through the complications from this disease. This approach noticeably improves the patients' quality of life, with reduction of morbidity.

Diabetes mellitus; Primary prevention; Foot Diabetic neuropathies; Peripheral vascular diseases; Infection; Ulcer; Amputationa


Introdução

A diabetes melitus (DM) ocasiona complicates degenerativas, que geram repercussões humanas e socioeconômicas e tornam-se um importante problema de saúde pública.11. International Consensus on the Diabetic Foot and Practical Guidelines on the Management and Prevention of the Diabetic Foot. Consultative Section of the IDF; 2007. Dentre as complicações estão lesões em órgãos-alvo, como retinopatia, nefropatia, aceleração da aterosclerose, com riscos acrescidos de infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral, e as que afetam os pés, que são as mais frequentes.22. Brasil. Grupo de trabalho Internacional sobre Pé Diabético. Consenso internacional sobre pé diabético. Brasília: Ministério da Saúde; 2001. Entende-se como pé diabético, segundo definição do Consenso Internacional sobre Pé Diabético, a infecção, ulceração e/ou destruição dos tecidos profundos associadas a anormalidades neurológicas e a vários graus de doença vascular periférica nos membros inferiores.22. Brasil. Grupo de trabalho Internacional sobre Pé Diabético. Consenso internacional sobre pé diabético. Brasília: Ministério da Saúde; 2001. A prevalência de úlcera nos pés da população diabética é de 4% a 10% e 85% das amputações das extremidades inferiores desses pacientes são precedidas de ulceração.22. Brasil. Grupo de trabalho Internacional sobre Pé Diabético. Consenso internacional sobre pé diabético. Brasília: Ministério da Saúde; 2001. Aproximadamente 40% a 60% de todas as amputações não traumáticas dos membros inferiores são feitas em pacientes diabéticos.11. International Consensus on the Diabetic Foot and Practical Guidelines on the Management and Prevention of the Diabetic Foot. Consultative Section of the IDF; 2007.'22. Brasil. Grupo de trabalho Internacional sobre Pé Diabético. Consenso internacional sobre pé diabético. Brasília: Ministério da Saúde; 2001.Três anos após a amputação de um membro inferior do indivíduo diabético a porcentagem de sobrevida é de 50%, enquanto que no prazo de cinco anos a taxa de mortalidade varia de 39% a 68%.33. Faglia E, Favales F, Morabito A. New ulceration, new major amputation, and survival rates in diabetic subjects hospitalized for foot ulceration from 1990 to 1993. Diab Care. 2001;24(1):78-83.

Fator muito importante para o desenvolvimento de úlcera nos pés é a presenca de neuropatia sensitivo-motora periférica, que vem associada com a perda da sensibilidade dolorosa, da percepção da pressão, da temperatura e da propriocepção.44. Armstrong DG, Nguyen HC, Lavery LA, van Schie CH, Boulton AJ, Harkless LB. Off-loading the diabetic foot wound: a randomized clinical trial. Diab Care. 2001;24(6):1019-22.88. Rathur H, Boulton AJM. The neuropathic diabetic foot. Nat Clin Pract Endocrinol Metab. 2007;3:14-25. Isso leva à diminuição da percepção de ferimentos ou traumas. Quatro entre cinco úlceras em indivíduos diabéticos são precipitadas por trauma externo.22. Brasil. Grupo de trabalho Internacional sobre Pé Diabético. Consenso internacional sobre pé diabético. Brasília: Ministério da Saúde; 2001. Além disso, a neuropatia motora acarreta atrofia e enfraquecimento dos músculos intrínsecos do pé e gera deformidades, como flexão dos dedos e um padrão anormal da marcha, que evoluem para calosidades e úlceras de pressão. Nos casos mais severos leva ao pé de Charcot, uma doença progressiva, caracterizada pelo deslocamento articular, por fraturas patológicas e deformidades debilitantes.88. Rathur H, Boulton AJM. The neuropathic diabetic foot. Nat Clin Pract Endocrinol Metab. 2007;3:14-25.,99. Sinacore DR. Acute charcot arthropathy in patients with diabetes mellitus: healing times by foot location. J Diab Complications. 1998;12(5):287-93. A neuropatia autonómica também conduz à redução ou à total ausência da secreção sudorípara e leva ao ressecamento da pele, com rachaduras e fissuras.88. Rathur H, Boulton AJM. The neuropathic diabetic foot. Nat Clin Pract Endocrinol Metab. 2007;3:14-25.,1010. Garrow AP, Boulton AJ. Vibration perception threshold – a valuable assessment of neural dysfunction in people with diabetes. Diab Metab Res Rev. 2006;22(5):411-9.

A doença vascular periférica (DVP) é importante fator de risco para ulceração e amputação.66. Krishnan S, Nash F, Baker N, Fowler D, Rayman G. Reduction in diabetic amputations over 11 years in a defined U.K. population: benefits of multidisciplinary team work and continuous prospective audit. Diab Care. 2008;31(1):99-101.,1111. Game FL, Jeffcoate WJ. Primarily non-surgical management of osteomyelitis of the foot in diabetes. Diabetologia. 2008;51(6):962-7.1313. Lipsky BA. New developments in diagnosing and treating diabetic foot infections. Diab Metab Res Rev. 2008;24 Suppl. 1:S66-71. É decorrente da aterosclerose das artérias periféricas, leva à obstrução das artérias e arteríolas distais, dificulta o fluxo sanguíneo e priva os tecidos de adequado fornecimento de oxigênio, nutrientes e antibióticos, o que prejudica a cicatrização das úlceras e pode, consequentemente, levar à gangrena,1414. Levin ME. Foot lesions in patients with diabetes mellitus. Endocrinol Metab Clin N Am. 1996;25(2):447-62. que é quatro vezes mais frequente em pessoas com diabetes do que na população em geral e sua incidência aumenta gradualmente com a idade e com a duração da doença.1515. Levin ME. Patogenia e tratamento geral das lesões do pé em pacientes diabéticos. In: Bowker JO, Pfeifer MA, editors. Levin O'Neal: o pé diabético. 6a ed. Rio de Janeiro: Di-Livros; 2002. p. 221-61.

As úlceras geralmente decorrem de traumas banais, leves e repetidos, como erros na acomodação e uso de calcados ou mesmo da marcha com os pés descalcos.88. Rathur H, Boulton AJM. The neuropathic diabetic foot. Nat Clin Pract Endocrinol Metab. 2007;3:14-25.,1212. Jude EB, Eleftheriadou I, Tentolouris N. Peripheral arterial disease in diabetes – a review. Diab Med. 2010;27(1):4-14.Aproximadamente 70% a 100% das úlceras apresentam sinais de neuropatia periférica com vários graus de DVP. Raramente a infecção é considerada causa direta de uma úlcera.1616. Brodsky JW, Schneidler C. Diabetic foot infections. Orthop Clin N Am. 1991;22(3):473-89. No entanto, na úlcera infectada existe maior risco de amputação subsequente.22. Brasil. Grupo de trabalho Internacional sobre Pé Diabético. Consenso internacional sobre pé diabético. Brasília: Ministério da Saúde; 2001.

Diante dos elevados custos das úlceras e das amputações tanto para o indivíduo quanto para a sociedade, os cuidados preventivos do pé diabético conduzem a um efeito positivo na relação custo e benefício. Já ficou demonstrado que até 50% das amputações e ulcerações podem ser prevenidas pelo diagnóstico precoce e tratamento adequado.11. International Consensus on the Diabetic Foot and Practical Guidelines on the Management and Prevention of the Diabetic Foot. Consultative Section of the IDF; 2007.,1717. Apelqvist J, Bakker K, van Houtum WH, Schaper NC, International Working Group on the Diabetic Foot (IWGDF) Editorial Board. Practical guidelines on the management and prevention of the diabetic foot: based upon the International Consensus on the Diabetic Foot (2007) Prepared by the InternationalWorking Group on the Diabetic Foot. Diab Metab Res Rev. 2008;24 Suppl. 1:S181-7.,1818. Lavery LA, Higgins KR, Lanctot DR, Constantinides GP, Zamorano RG, Athanasiou KA, et al. Preventing diabetic foot ulcer recurrence in high-risk patients: use of temperature monitoring as a self-assessment tool. Diab Care. 2007;30(1):14-20. Em busca desse objetivo, em janeiro de 2006 foi iniciado, pelo Serviço de Controle de Hipertensão, Diabetes e Obesidade da Secretaria de Saúde da Prefeitura da cidade onde o estudo foi feito, o Programa de Atenção Interdisciplinar ao Diabético (Paid), que promove acompanhamento multidisciplinar especializado dos pacientes diabéticos e tem como metas a educação do paciente e a prevenção, o diagnóstico e o tratamento precoces de lesões em órgão alvo.

Objetivo

Avaliar o impacto do Ambulatório de Pé Diabético do Paid na redução da morbidade do paciente diabético, com ênfase nas lesões dos membros inferiores.

Material e métodos

O presente estudo foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa (protocolo: 1437.128.2008). Contou com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica. Trata-se de um estudo observacional, prospectivo de casos, cuja população alvo foram 30 dos 77 pacientes do Ambulatório de Pé Diabético do Paid, recrutados de forma espontânea, que até abril de 2011, após 18 meses de acompanhamento, tiveram exames laboratoriais e testes clínicos iniciais completamente repetidos.

O estudo teve a participação de pacientes com mais de 18 anos, sem distinção de sexo e etnia. Eles puderam se recusar a participar a qualquer momento, sem modificação na forma com que foram atendidos pelo pesquisador. Foram garantidos o sigilo e a privacidade. Um consentimento livre e esclarecido foi assinado por todos.

Foram excluídos os que não concordaram com a participação e os que não participaram de toda a reavaliação clínica e laboratorial feita após 18 meses de acompanhamento.

A equipe multiprofissional do Paid é constituída por cirurgião vascular, endocrinologista, dermatologista, nefrologista, psicólogo e nutricionista. Todos os pacientes tiveram seu seguimento monitorado e foram encaminhados a cardiologista, ortopedista e oftalmologista da Prefeitura sempre que necessário.

Descrição do funcionamento do Ambulatório de Pé Diabético do Paid:

  1. Avaliação médica inicial, com testes clínicos neurológicos periféricos (a neuropatia diabética foi classificada de acordo com as versões em português do Escore de Sintomas Neuropáticos e do Escore de Comprometimento Neuropático elaborados por Dycket et al.1919. Moreira RO, Castro AP, Papelbaum M, Appolinário JC, Ellinger VC, Coutinho WF, et al. Translation into Portuguese and assessment of the reliability of a scale for the diagnosis of diabetic distal polyneuropathy. Arq Bras Endocrinol Metabol. 2005;49(6):944-50.) e avaliação arterial pelo índice tornozelo-braço (ITB) (pressão arterial sistólica do tornozelo dividida pela pressão arterial sistólica do braço, ambas medidas com o paciente na posição supina, com o uso de Doppler portátil22. Brasil. Grupo de trabalho Internacional sobre Pé Diabético. Consenso internacional sobre pé diabético. Brasília: Ministério da Saúde; 2001.). Repetição dos testes neurológicos e vasculares com 18 meses.

  2. Exames laboratoriais;

  3. Os retornos eram programados de acordo com o Consenso Internacional sobre Pé Diabético e as orientações práticas sobre a gestão e prevenção do pé diabético 2007: anual, na ausência de neuropatia; semestral, na presenca de neuropatia; trimestral, na vigência de neuropatia associada a sinais de doença vascular periférica e/ou deformidades nos pés; e entre um e três meses nos casos de amputação ou úlcera prévia;11. International Consensus on the Diabetic Foot and Practical Guidelines on the Management and Prevention of the Diabetic Foot. Consultative Section of the IDF; 2007.

  4. Os pacientes eram orientados de forma sistemática quanto aos cuidados para evitar o surgimento de lesões. Para tanto, foram feitas palestras periódicas, distribuição de folhetos e orientação durante as consultas;

  5. As feridas foram tratadas em regime ambulatorial. Nos casos de feridas infectadas, acima de 2 cm de diâmetro ou com sinais clínicos de sepse, os pacientes eram encaminhados ao hospital de referência.

Os dados foram digitados no programa Epi Info (versão 3.5.1). Para as comparações estatísticas foi usado o teste qui-quadrado de MacNemar para amostras dependentes, quando as variáveis eram do tipo categórico, e o teste t de Student para amostras dependentes, quando as variáveis eram do tipo numérico, e se consideraram significantes valores de p<0,05. A análise estatística foi feita no programa SPSS, versão 15.

Resultados

Participaram da primeira avaliação do estudo, feita no primeiro dia em que deram entrada no ambulatório, 77 pacientes. Eram 33 (42,9%) do sexo masculino e 44 (57,1%) do feminino. Desses, 30 tiveram exames laboratoriais e testes neurológicos e vasculares iniciais completamente repetidos após 18 meses de acompanhamento.

Treze (43,3%) eram do sexo masculino e 17 (56,7%) do feminino e todos eram portadores de DM tipo 2, com início em média havia 14,5 anos. A média de idade foi de 61 anos e o desvio padrão de 9,01.

Na primeira avaliação, quatro pacientes (13,3%) haviam sido submetidos a amputação prévia. Foi verificada amputação do quarto pododáctilo direito de um paciente na segunda avaliação.

Havia algum tipo de lesão em órgão-alvo (coração, rim, retina, microvasculatura dos pés) em 90% dos pacientes, cuja frequência não se alterou após 18 meses (p = 1,000). As doenças cardíacas, 40% (n = 12), e renal, 23,3% (n = 7), não alteraram (p = 1,000) e a retinopatia teve aumento não significativo de 53,3% (n = 16) para 63,3% (n = 19) (p = 0,453). Os pacientes também não apresentaram nesse período acidente vascular cerebral e/ou infarto agudo do miocárdio.

As tabelas 1-6apresentam os resultados de dados avaliados na pesquisa.

Tabela 1
Percepção da capacidade de autocuidar dos pés (n = 30)
Tabela 2
Exame clínico dos pés (n = 30)
Tabela 3
Escore de Sinais Neuropáticos (ECN)1919. Moreira RO, Castro AP, Papelbaum M, Appolinário JC, Ellinger VC, Coutinho WF, et al. Translation into Portuguese and assessment of the reliability of a scale for the diagnosis of diabetic distal polyneuropathy. Arq Bras Endocrinol Metabol. 2005;49(6):944-50. (n = 30)
Tabela 4
Escore de Sintomas de Comprometimento Neuropáticos (ESN)1919. Moreira RO, Castro AP, Papelbaum M, Appolinário JC, Ellinger VC, Coutinho WF, et al. Translation into Portuguese and assessment of the reliability of a scale for the diagnosis of diabetic distal polyneuropathy. Arq Bras Endocrinol Metabol. 2005;49(6):944-50. (n = 30)
Tabela 5
Diagnóstico de neuropatia diabética de acordo com a combinação indicada por Dyck et al.19 entre o Escore de Sintomas Neuropáticos (ESN) e o Escore de Comprometimento Neuropático (ECN) (p = 1,000)
Tabela 6
doença arterial periférica baseada no ITB (n =30)

Os pacientes não apresentaram ao longo de 18 meses alterações significantes da palpação dos pulsos dos membros inferiores (p = 1,000).

Discussão

Está bem estabelecido que 85% dos problemas decorrentes do pé diabético são passíveis de prevenção a partir de cuidados especializados22. Brasil. Grupo de trabalho Internacional sobre Pé Diabético. Consenso internacional sobre pé diabético. Brasília: Ministério da Saúde; 2001.'77. Ndip A, Lavery LA, Lafontaine J, Rutter MK, Vardhan A, Vileikyte L, et al. High levels of foot ulceration and amputation risk in a multiracial cohort of diabetic patients on dialysis therapy. Diab Care. 2010;33(4):878-80.'88. Rathur H, Boulton AJM. The neuropathic diabetic foot. Nat Clin Pract Endocrinol Metab. 2007;3:14-25.'1212. Jude EB, Eleftheriadou I, Tentolouris N. Peripheral arterial disease in diabetes – a review. Diab Med. 2010;27(1):4-14.'2020. Abbott CA, Carrington AL, Ashe H, Bath S, Every LC, Griffiths J, et al. The North-West diabetes foot care study: incidence of and risk factors for new diabetic foot ulceration in a community-based patient cohort. Diab Med. 2002;19(5):377-84.'2121. Singh N, Armstrong DG, Lipsky BA. Preventing foot ulcers in patients with diabetes. J Am Med Assoc. 2005;293(2):217-28. e que até 50% das amputações e ulcerações podem ser prevenidas pelo diagnóstico precoce e tratamento adequado.11. International Consensus on the Diabetic Foot and Practical Guidelines on the Management and Prevention of the Diabetic Foot. Consultative Section of the IDF; 2007.,1717. Apelqvist J, Bakker K, van Houtum WH, Schaper NC, International Working Group on the Diabetic Foot (IWGDF) Editorial Board. Practical guidelines on the management and prevention of the diabetic foot: based upon the International Consensus on the Diabetic Foot (2007) Prepared by the InternationalWorking Group on the Diabetic Foot. Diab Metab Res Rev. 2008;24 Suppl. 1:S181-7.,1818. Lavery LA, Higgins KR, Lanctot DR, Constantinides GP, Zamorano RG, Athanasiou KA, et al. Preventing diabetic foot ulcer recurrence in high-risk patients: use of temperature monitoring as a self-assessment tool. Diab Care. 2007;30(1):14-20. A identificação e a classificação do paciente de risco (como neuropatia diabética, doença arterial periférica e deformidades estruturais22. Brasil. Grupo de trabalho Internacional sobre Pé Diabético. Consenso internacional sobre pé diabético. Brasília: Ministério da Saúde; 2001.), o tratamento precoce, agressivo, e a educação individual, familiar e comunitária compreendem as bases sólidas para a prevenção da amputação de membros2222. Van Gils CC, Wheeler LA, Mellstrom M, Brinton EA, Mason S, Wheeler CG. Amputation prevention by vascular surgery and podiatry collaboration in high-risk diabetic and nondiabetic patients. The operation desert foot experience. Diab Care. 1999;22(5):678-83. e foram metas no Ambulatório de Pé Diabético do Paid.

Dos 30 pacientes que participaram do estudo, 90% apresentavam algum tipo de lesão em órgão-alvo (coração, rim, retina, microvasculatura dos pés), cuja frequência não se alterou após 18 meses (p = 1,000), o que mostra que o cuidado do paciente como um todo deve fazer parte da abordagem.2323. Farber DC, Farber JS. Office-based screening, prevention, and management of diabetic foot disorders. Prim Care. 2007;34(4):873-85.

Após 18 meses de acompanhamento no Ambulatório de Pé Diabético do Paid, a percepção quanto às totais condições de autocuidado dos pés (tabela 1) variou de 73,3% na primeira avaliação para 40% na segunda e a percepção quanto à capacidade de autocuidado parcial variou de 23,3% para 56,7%, o que indica que um número significativo de pacientes (p = 0,004) percebeu que precisaria de acompanhamento especializado para receber o tratamento preventivo e/ou curativo adequado. Pacientes diabéticos que não aderem ao tratamento têm probabilidade 50 vezes maior de ulcerar o pé e 20 vezes maior de ser amputados do que aqueles que seguem corretamente as orientações.2424. Armstrong DG, Harkless LB. Outcomes of preventative care in a diabetic foot specialty clinic. J Foot Ankle Surg. 1998;37(6):460-6. Um estudo demonstrou que 22 de 23 amputações abaixo do joelho foram feitas em pacientes que nunca haviam recebido informações sobre cuidados terapêuticos ou medidas preventivas.22. Brasil. Grupo de trabalho Internacional sobre Pé Diabético. Consenso internacional sobre pé diabético. Brasília: Ministério da Saúde; 2001.

No início do acompanhamento, 46,7% dos pacientes faziam o uso de calçados adequados. Após um 18 meses, 83,3% usavam calçados adequados (p = 0,013) (tabela 2). Os calçados inadequados predispõem os pés a traumas extrínsecos e são considerados fator precipitante de ulcerações nos pés.2525. Abbott CA, Garrow AP, Carrington AL, Morris J, Van Ross ER, Boulton AJ. Foot ulcer risk is lower in South-Asian and African-Caribbean compared with European diabetic patients in the U.K.: the North-West diabetes foot care study. Diab Care. 2005;28(8):1869-75. Muitos estudos têm demonstrado que quando há a disponibilidade de calçados protetores, a prevenção da recorrência de úlceras é obtida entre 60% a 85% dos pacientes.22. Brasil. Grupo de trabalho Internacional sobre Pé Diabético. Consenso internacional sobre pé diabético. Brasília: Ministério da Saúde; 2001. calçados ideais são os que reduzem a pressão nos pés, abaixo do limiar para ulceração. Eles e as palmilhas devem ser inspecionados frequentemente e trocados quando necessário. Se os calçados habituais não se adaptam por causa das deformidades ortopédicas ou lesões por áreas de contato exagerado, deve ser indicada a confecção de calçados especiais.55. Boulton AJ, Armstrong DG, Albert SF, Frykberg RG, Hellman R, Kirkman MS, et al. Comprehensive foot examination and risk assessment: a report of the task force of the foot care interest group of the American Diabetes Association, with endorsement by the American Association of Clinical Endocrinologists. Diab Care. 2008;31(8):1679-85.,88. Rathur H, Boulton AJM. The neuropathic diabetic foot. Nat Clin Pract Endocrinol Metab. 2007;3:14-25.,1111. Game FL, Jeffcoate WJ. Primarily non-surgical management of osteomyelitis of the foot in diabetes. Diabetologia. 2008;51(6):962-7.,1313. Lipsky BA. New developments in diagnosing and treating diabetic foot infections. Diab Metab Res Rev. 2008;24 Suppl. 1:S66-71.,2121. Singh N, Armstrong DG, Lipsky BA. Preventing foot ulcers in patients with diabetes. J Am Med Assoc. 2005;293(2):217-28.

Após os 18 meses houve redução da micose interdigital de 46,7% para 16,7% (p = 0,012), a micose ungueal diminuiu de 63,3% para 50% (p = 0,125) e as rachaduras mantiveram-se em 10% (tabela 2). Em um estudo a micose interdigital foi considerada responsável por 20,8% das úlceras nos pés, a onicomicose por 52,5%, calos e rachaduras por 49,5%, pele ressecada e descamativa por 63,4% e higiene e corte de unhas impróprios por 73,3%.2626. Vigo KO, Torquato MTCG, Silvério IAS, Queiroz FA, De-La-Torre-Ugarte-Guanilo MC, Pace AE. Caracterização de pessoas com diabetes em unidades de atenção primária e secundária em relação a fatores desencadeantes do pé diabético. Acta Paul Enferm. 2006;19(3):296-303. Medidas básicas de higiene, sistematicamente feitas no Paid, como lavar adequadamente os pés e enxugá-los cuidadosamente, o uso de creme ou óleo hidratante e o corte de unhas retas não muito rentes, feito por podólogos, evitam o surgimento desses fatores desencadeantes do pé diabético.2727. Ochoa-Vigo K, Pace AE. Pé diabético: estratégias para prevenção. Acta Paul Enferm. 2005;18(1):100-9.

Na avaliação inicial, 13,3% dos pacientes tinham histórico de amputação e 46,7% de úlcera prévia já curada (tabela 2), o que representa um elevado número de pacientes com histórico de alto risco para amputação segundo a Classificação de Risco do Consenso Internacional sobre Pé Diabético.11. International Consensus on the Diabetic Foot and Practical Guidelines on the Management and Prevention of the Diabetic Foot. Consultative Section of the IDF; 2007. Em 18 meses de acompanhamento houve diminuição das úlceras ativas de quatro (13,3%) para três pacientes (10,0%), o que demonstra que foi alcançado o objetivo de prevenção do surgimento de novas úlceras. Após 18 meses foi observada apenas uma amputação do quarto pododáctilo direito em um paciente (3,4%), na avaliação final foram cinco pacientes com história de amputação (16,7%), o que demonstra um ótimo resultado, quando comparado à literatura, que relata taxas de amputação em torno de 43% a 85% em pacientes submetidos a abordagem multidisciplinar.11. International Consensus on the Diabetic Foot and Practical Guidelines on the Management and Prevention of the Diabetic Foot. Consultative Section of the IDF; 2007.'22. Brasil. Grupo de trabalho Internacional sobre Pé Diabético. Consenso internacional sobre pé diabético. Brasília: Ministério da Saúde; 2001.'1212. Jude EB, Eleftheriadou I, Tentolouris N. Peripheral arterial disease in diabetes – a review. Diab Med. 2010;27(1):4-14.

No diagnóstico da neuropatia, que é fator de risco importante para o desenvolvimento da úlcera nos pés,22. Brasil. Grupo de trabalho Internacional sobre Pé Diabético. Consenso internacional sobre pé diabético. Brasília: Ministério da Saúde; 2001.,44. Armstrong DG, Nguyen HC, Lavery LA, van Schie CH, Boulton AJ, Harkless LB. Off-loading the diabetic foot wound: a randomized clinical trial. Diab Care. 2001;24(6):1019-22.88. Rathur H, Boulton AJM. The neuropathic diabetic foot. Nat Clin Pract Endocrinol Metab. 2007;3:14-25.foram usados os critérios de Dyck et al.1919. Moreira RO, Castro AP, Papelbaum M, Appolinário JC, Ellinger VC, Coutinho WF, et al. Translation into Portuguese and assessment of the reliability of a scale for the diagnosis of diabetic distal polyneuropathy. Arq Bras Endocrinol Metabol. 2005;49(6):944-50. (tabelas 3-5). No Paid 20% dos pacientes eram neuropatas (tabela 5) e esse número não aumentou em 18 meses (p = 1,000). Esse dado é relevante, considerando-se que quando a neuropatia periférica se instala, ela é irreversível.2828. Boike AM, Hall JO. A practical guide for examining and treating the diabetic foot. Cleve Clin J Med. 2002;69(4):342-8.,2929. Liatis S, Marinou K, Tentolouris N, Pagoni S, Katsilambros N. Usefulness of a new indicator test for the diagnosis of peripheral and autonomic neuropathy in patients with diabetes mellitus. Diab Med. 2007;24(12):1375-80. Portanto, é importante que pessoas com diagnóstico recente tenham o adequado controle dos fatores de risco e que também se faça a profilaxia nos que não os têm, com o controle rigoroso da glicemia, orientação quanto ao tabagismo e etilismo, controle da hipertensão arterial, dislipidemia e vasculopatia.3030. Caiafa JS, Castro AA, Fidelis C, Santos VP, Silva ES, Sitrângulo CJ. Atenção integral ao portador de pé diabético. J Vasc Bras. 2011;10(4):1-32.

Com o tratamento adotado no Paid observou-se a melhoria significativa dos sintomas de neuropatia periférica (p = 0,035) (tabela 4). Houve queda de 70% de pacientes com sintomas moderados a severos para 36,7% em 18 meses. Já os sinais de neuropatia diabética tiveram uma redução não significativa (p = 0,102) (tabela 3) nos níveis de normalidade de 80% para 63,3%, o que mostra que foi mais fácil reverter os sintomas, que refletem um quadro mais inicial, do que os sinais, que são um quadro mais avancado da neuropatia.1919. Moreira RO, Castro AP, Papelbaum M, Appolinário JC, Ellinger VC, Coutinho WF, et al. Translation into Portuguese and assessment of the reliability of a scale for the diagnosis of diabetic distal polyneuropathy. Arq Bras Endocrinol Metabol. 2005;49(6):944-50.

A perfusão distal é outro importante fator de risco para ulceração e amputação.22. Brasil. Grupo de trabalho Internacional sobre Pé Diabético. Consenso internacional sobre pé diabético. Brasília: Ministério da Saúde; 2001.,66. Krishnan S, Nash F, Baker N, Fowler D, Rayman G. Reduction in diabetic amputations over 11 years in a defined U.K. population: benefits of multidisciplinary team work and continuous prospective audit. Diab Care. 2008;31(1):99-101.,1111. Game FL, Jeffcoate WJ. Primarily non-surgical management of osteomyelitis of the foot in diabetes. Diabetologia. 2008;51(6):962-7.1313. Lipsky BA. New developments in diagnosing and treating diabetic foot infections. Diab Metab Res Rev. 2008;24 Suppl. 1:S66-71. Os pacientes não apresentaram ao longo de 18 meses alterações com significância estatística à palpação dos pulsos dos membros inferiores. No entanto, houve melhoria significativa do ITB (p = 0,021), pois a presenca de doença arterial periférica segundo esse índice (ITB <0,90 ou > 1,30) (tabela 6) caiu de 73,3% para 46,7%. Essa melhoria é atribuída ao surgimento de circulação colateral, decorrente provavelmente do tratamento com caminhadas regulares, controle dos fatores de risco, como a hipertensão arterial sistêmica e a dislipidemia, alteração de hábitos, como eliminação do tabagismo e controle da dieta, e uso de estatinas, anti-agregantes plaquetários e drogas hemorrealógicas.3030. Caiafa JS, Castro AA, Fidelis C, Santos VP, Silva ES, Sitrângulo CJ. Atenção integral ao portador de pé diabético. J Vasc Bras. 2011;10(4):1-32.

Conclusão

A criação de programas de prevenção e controle do pé diabético nos setores da atenção primária e secundária da saúde é investimento viável por ser de baixo custo, diante das importantes repercussões humanas e socioeconômicas da doença. Tem impacto positivo por melhorar sensivelmente a qualidade de vida do paciente e por reduzir os sintomas vasculares, neuropáticos e o surgimento de úlceras e amputações.

  • Trabalho desenvolvido no Instituto Mineiro de Estudo e Pesquisa em Nefrologia (Imepen), Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Juiz de Fora, MG, Brasil.
  • Fontes de pesquisa Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora-Propesq. Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica-Pibic CNPq/UFJF.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Sep-Oct 2014

Histórico

  • Recebido
    20 Jun 2013
  • Aceito
    23 Ago 2013
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