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Instrumentos de avaliação do vínculo entre mãe e bebê Estudo conduzido na Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil.

Resumos

Objetivo:

Identificar os instrumentos utilizados na avaliação do vínculo entre mãe e bebê com até um ano de vida, descrevê-los e fornecer informações sobre suas medidas de confiabilidade, validade e adaptação para o contexto brasileiro.

Fonte de dados:

Trata-se de um estudo de revisão integrativa realizado com base nas publicações contidas nas bases de dados PUBMED, LILACS, ScienceDirect, PsycINFO e CINAHL. Utilizaram-se os descritores mother-child relations e mother infant relationship, e as expressões validity, reliability e scale. Selecionaram-se 23 pesquisas, que foram lidas em sua integralidade.

Síntese dos dados:

Foram identificados 13 instrumentos de avaliação do apego entre mãe e bebê: sete escalas, três questionários, dois inventários e um método de observação. Do total de ferramentas analisadas, o Prenatal Attachment Inventory apresentou maior validade e confiabilidade para analisar a relação entre a mãe e o feto durante a gestação. Quanto ao período puerperal, foram encontrados melhores coeficientes de consistência interna para o Maternal Attachment Inventory e o Postpartum Bonding Questionnaire. Além disso, esse último revelou elevada sensibilidade para identificar disfunções leves e graves nas relações afetivas entre mãe e bebê.

Conclusões:

Verificou-se que a maioria dos instrumentos é confiável para estudar o fenômeno em questão. Contudo, foram evidenciadas limitações com relação à validade de construto e de critério. Ademais, apenas dois estão traduzidos e adaptados para a população de mulheres e crianças brasileiras, sendo portanto uma lacuna encontrada na produção científica nessa área.

Relações mãe-filho; Comportamento materno; Reprodutibilidade dos testes


Objective:

To identify and describe research tools used to evaluate bonding between mother and child up to one year of age, as well as to provide information on reliability and validity measures related to these tools.

Data source:

Research studies available on PUBMED, LILACS, ScienceDirect, PsycINFO and CINAHL databases with the following descriptors: mother-child relations and mother infant relationship, as well as the expressions validity, reliability and scale.

Data synthesis:

23 research studies were selected and fully analyzed. Thirteen evaluation research tools were identified concerning mother and child attachment: seven scales, three questionnaires, two inventories and one observation method. From all tools analyzed, the Prenatal Attachment Inventory presented the higher validity and reliability measures to assess mother and fetus relation during pregnancy. Concerning the puerperal period, better consistency coefficients were found for Maternal Attachment Inventory and Postpartum Bonding Questionnaire. Besides, the last one revealed a higher sensibility to identify amenable and severe disorders in the affective relations between mother and child.

Conclusions:

The majority of research tools are reliable to study the phenomenon presented, although there are some limitations regarding the construct and criterion related to validity. In addition to this, only two of them are translated into Portuguese and adapted to women and children populations in Brazil, being a decisive gap to scientific production in this area.

Mother-child relations; Maternal behavior; Reproducibility of results


Introdução

O estabelecimento do vínculo entre a mãe e o filho é uma necessidade física e psicológica do bebê que lhe proporciona conforto e proteção. Dessa forma, a mãe é considerada a base segura para o estabelecimento das primeiras ligações emocionais da criança que repercutirão em todas as suas relações sociais futuras.1Biaggio AM. Psicologia do desenvolvimento. 15th ed. Petrópolis: Vozes; 2001. A Teoria do Apego desenvolvida por Bowlby2Bowlby J. Apego: a natureza do vínculo. 3rd ed. São Paulo: Martins Fontes; 2002. propõe existir uma necessidade humana de desenvolver vínculos afetivos íntimos, com função biológica de sobrevivência da espécie, desde a fase fetal até a velhice. Na infância, essas interações emocionais se desenvolvem primeiramente com os pais com o intuito de trazer conforto, proteção, carinho e amor. Na adolescência e na vida adulta, elas são aprimoradas, modificadas, e novos laços com outras pessoas importantes são construídos e agregados.

A qualidade do vínculo entre mãe e bebê exerce influência direta na saúde mental da criança. Portanto, essa relação deve ser calorosa, íntima, carinhosa e contínua, além de proporcionar prazer e conforto para ambos.2Bowlby J. Apego: a natureza do vínculo. 3rd ed. São Paulo: Martins Fontes; 2002.Porém, o apego dos pais com seus filhos não é instantâneo e instintivo. Trata-se de um processo contínuo, iniciado na gestação, em que o bebê imaginário passa a fazer parte do cotidiano da gestante mais intensamente e é formado por fantasias, desejos, sonhos e representações dos modelos de ser mãe.3Carmona EV, do Vale IN, Ohara CV, Abrão AC. Diagnóstico de enfermagem "conflito no desempenho do papel de mãe" em mães de recém-nascidos hospitalizados. Rev Latino-Am Enfermagem 2013;21:1-8.,4Bowlby J. Uma base segura: Aplicações clínicas da teoria do apego. Porto Alegre: Artes Médicas; 1989. A forma de compreensão da mulher sobre o apego com seu filho repercute nas habilidades de entender e responder às necessidades da criança.2Bowlby J. Apego: a natureza do vínculo. 3rd ed. São Paulo: Martins Fontes; 2002. Dessa forma, as interações entre pais e filhos influenciam a estrutura de vínculo afetivo desenvolvida pela criança desde o nascimento.5Povedano MC, Noto IS, Pinheiro MS, Guinsburg R. Mother's perceptions and expectations regarding their newborn infants: the use of Broussard's neonatal perception inventory. Rev Paul Pediatr 2011;29:239-44. Portanto, é importante que se avalie a qualidade desse vínculo, especialmente no primeiro ano de vida do bebê, com o intuito de identificar possíveis transtornos nessa ligação e evitar consequências futuras para a saúde mental da criança.

Uma revisão realizada em 2010, cujo objetivo foi descrever os principais instrumentos utilizados para analisar a relação entre mãe e filho, evidenciou um total de 10 ferramentas. Embora exista uma diversidade de instrumentos para estudar esse fenômeno, observa-se a escassez de propostas adaptadas para o contexto de mães e bebês brasileiros menores de um ano. Esse mesmo estudo encontrou apenas um inventário adequado para a população citada, mas esse instrumento não se aplica ao contexto de crianças menores de um ano.6Lago VM, Amaral CE, Bosa CA, Bandeira DR. Measures to assess the relationship between parents and children. Rev Bras Crescimento Desenvolvimento Hum 2010;20:330-41. Isso mostra a importância de verificar quais são os avanços nos últimos anos em termos de adaptação transcultural de ferramentas para estudar o vínculo entre mãe e filho no contexto brasileiro.

A seleção do instrumento mais apropriado para determinado estudo exige a verificação de suas propriedades psicométricas: validade e confiabilidade. A primeira refere-se à capacidade do instrumento para verificar com precisão o que se pretende medir, e a segunda trata da competência em mensurar rigorosamente determinado evento.7Pasquali L. Instrumentação Psicológica: fundamentos e práticas. Porto Alegre: Artmed; 2010.,8Polit DF, Beck CT. Fundamentos de pesquisa em enfermagem: avaliação de evidências para a prática da enfermagem. Porto Alegre: Artmed; 2011. Utilizar instrumentos imprecisos para medir a relação entre mãe e filho produzirá dados controversos e questionáveis acerca desse fenômeno. Faz-se necessário conhecer detalhadamente as características dos diversos instrumentos e possibilidades de utilização no contexto de mães e bebês brasileiros, considerando as peculiaridades existentes nessa população. Diante disso, o objetivo deste artigo é identificar os instrumentos utilizados na avaliação do vínculo entre mãe e bebê com até um ano de vida, descrevê-los e fornecer informações sobre suas medidas de confiabilidade e validade.

Método

Trata-se de um estudo de revisão integrativa realizada com base nas publicações presentes nas seguintes bases de dados: PUBMED (U.S National Library of Medicine), LILACS (Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde), ScienceDirect (Base de dados da Elsevier), PsycINFO e CINAHL (Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature).

A revisão foi elaborada para atender à seguinte pergunta de pesquisa: os instrumentos utilizados para analisar o vínculo entre mãe e filho com até um ano de vida são precisos e confiáveis?

A busca dos estudos foi realizada no período de janeiro a abril de 2013 por meio dos descritores (1) mother-child relations, (2) mother infant relationship e das expressões (3) validity, (4) reliability e (5) scale. O detalhamento da busca encontra-se na figura 1.

Figura 1
Fluxograma de seleção dos artigos incluídos na revisão

Um total de 67 estudos relatou a utilização de alguma ferramenta de avaliação do vínculo entre mãe e filho (critério de inclusão 1) e, portanto, foram analisados na segunda etapa para averiguação do segundo critério de inclusão: investigações com apresentação de resultados referentes às propriedades psicométricas das ferramentas utilizadas. Após verificação dos aspectos citados, 47 pesquisas não responderam à pergunta condutora do estudo. Assim, 23 artigos compuseram esta revisão. Os relatos de casos, teses, dissertações, relatórios de pesquisas, editoriais, cartas ao editor, comunicações breves e estudos de revisão foram excluídos.

Avaliaram-se os atributos confiabilidade e validade dos instrumentos encontrados nos estudos incluídos. A confiabilidade, geralmente, é averiguada por meio de estabilidade, consistência interna e concordância entre avaliadores acerca dos escores do instrumento.7Pasquali L. Instrumentação Psicológica: fundamentos e práticas. Porto Alegre: Artmed; 2010.,8Polit DF, Beck CT. Fundamentos de pesquisa em enfermagem: avaliação de evidências para a prática da enfermagem. Porto Alegre: Artmed; 2011. A estabilidade refere-se ao grau de similaridade dos resultados adquiridos em duas medições realizadas em ocasiões diferentes. É mensurada com base no coeficiente de confiabilidade teste-reteste. A consistência interna é examinada por meio do índice alfa(α) de Cronbach. Nunnally sugere que um instrumento é confiável quando o valor alfa(α) é de pelo menos 0,70.9Nunnally JC. Introduction to psychological measurement. New York: McGraw-Hill; 1970. Ademais, valores acima de 0,80 evidenciam elevada consistência interna.1010 Cronbach L. Coefficient alpha and the internal structure of tests. Psychometrika. 1951;16:297-37. Para avaliação da concordância entre avaliadores, utiliza-se o coeficiente kappa (k≥0,60).1111 Landis JR, Koch GG. The measurement of observer agreement for categorical data. Biometrics 1977;33:159-74. Além dos aspectos acima, verificou-se conjuntamente a validade da ferramenta por meio dos seguintes aspectos: validade de conteúdo, critério e construto.7Pasquali L. Instrumentação Psicológica: fundamentos e práticas. Porto Alegre: Artmed; 2010.,8Polit DF, Beck CT. Fundamentos de pesquisa em enfermagem: avaliação de evidências para a prática da enfermagem. Porto Alegre: Artmed; 2011.

Resultados e discussão

Os estudos descreveram o apego entre mãe e filho durante a gestação e o puerpério. Foram identificados 13 instrumentos de avaliação dessa relação: sete escalas, três questionários, dois inventários e um método de observação. Do total de ferramentas averiguadas, nove podem ser utilizadas no primeiro ano após o parto e quatro durante a gestação. Um questionário é composto por duas versões apropriadas para o período puerperal e o gestacional. Os dados obtidos estão organizados em duas categorias: Relação mãe e filho durante a gestação e Apego entre mãe e filho no período pós-parto. As propriedades psicométricas dos instrumentos utilizados no período gestacional estão apresentadas nas tabelas 1 e 2.

Tabela 1
Dados sobre validade dos instrumentos de avaliação do vínculo entre mãe e bebê durante a gestação

 

 

Tabela 2
Dados sobre confiabilidade dos instrumentos de avaliação do vínculo entre mãe e bebê durante a gestação

Relação mãe e filho durante a gestação

Foram identificadas duas escalas para mulheres grávidas: MFAS1212 Sjögren B, Edman G, Widström AM, Mathiesen AS, Uvnäs-Moberg K. Maternal foetal attachment and personality during first pregnancy. J Reprod Infant Psychol 2004;22:57-69.,1313 Shin H, Kim YH. Maternal attachment inventory: psychometric evaluation of the Korean version. J Adv Nurs 2007;59:299-307.,1717 Seimyr L, Sjögren B, Welles-Nyström B, Nissen E. Antenatal maternal depressive mood and paternal-fetal attachment at the end of pregnancy. Arch Womens Ment Health 2009;12:269-79.,1818 Ustunsoz A, Guvenc G, Akyuz A, Oflaz F. Comparison of maternal-and paternal-fetal attachment in Turkish couples. Midwifery 2010;26:1-9. e MAAS.1414 Gomez R, Leal I. Vinculação parental durante a gravidez: versão portuguesa da forma materna e paterna da antenatal emotional attachment scale. Psic Saude & Doenças 2007;8:153-65.A primeira é constituída por 23 indicadores distribuídos em cinco subescalas: diferenciação própria e do feto, interação com o feto, atribuição de características ao feto, doação própria e assumir responsabilidade. Pode ser utilizada para mães (MFAS) e pais (PFAS) e tem o objetivo de medir o apego entre os genitores e o feto.2020 Cranley MS. Development of a tool for the measurement of maternal attachment during pregnancy. Nurs Res 1981;30:281-4. Encontra-se adaptada para a população de mulheres suecas1212 Sjögren B, Edman G, Widström AM, Mathiesen AS, Uvnäs-Moberg K. Maternal foetal attachment and personality during first pregnancy. J Reprod Infant Psychol 2004;22:57-69. e turcas.1818 Ustunsoz A, Guvenc G, Akyuz A, Oflaz F. Comparison of maternal-and paternal-fetal attachment in Turkish couples. Midwifery 2010;26:1-9.

A consistência interna da MFAS variou de α=0,82 a α=0,92.1313 Shin H, Kim YH. Maternal attachment inventory: psychometric evaluation of the Korean version. J Adv Nurs 2007;59:299-307.,1717 Seimyr L, Sjögren B, Welles-Nyström B, Nissen E. Antenatal maternal depressive mood and paternal-fetal attachment at the end of pregnancy. Arch Womens Ment Health 2009;12:269-79.,1818 Ustunsoz A, Guvenc G, Akyuz A, Oflaz F. Comparison of maternal-and paternal-fetal attachment in Turkish couples. Midwifery 2010;26:1-9. Com relação à versão paterna, essa variabilidade foi de α=0,85 a α=0,86.1717 Seimyr L, Sjögren B, Welles-Nyström B, Nissen E. Antenatal maternal depressive mood and paternal-fetal attachment at the end of pregnancy. Arch Womens Ment Health 2009;12:269-79.,1818 Ustunsoz A, Guvenc G, Akyuz A, Oflaz F. Comparison of maternal-and paternal-fetal attachment in Turkish couples. Midwifery 2010;26:1-9. Esses resultados corroboram os achados da versão original cuja confiabilidade da escala total foi α=0,85.2020 Cranley MS. Development of a tool for the measurement of maternal attachment during pregnancy. Nurs Res 1981;30:281-4. Sobre os coeficientes das subescalas, a variação encontrada nos estudos revisados1717 Seimyr L, Sjögren B, Welles-Nyström B, Nissen E. Antenatal maternal depressive mood and paternal-fetal attachment at the end of pregnancy. Arch Womens Ment Health 2009;12:269-79.,1818 Ustunsoz A, Guvenc G, Akyuz A, Oflaz F. Comparison of maternal-and paternal-fetal attachment in Turkish couples. Midwifery 2010;26:1-9. foi semelhante à encontrada na validação da versão original (α=0,52 - α=0,73).2020 Cranley MS. Development of a tool for the measurement of maternal attachment during pregnancy. Nurs Res 1981;30:281-4. Isso mostra que o instrumento é confiável para avaliar a relação entre os pais e o feto, ainda que apresente limitações em suas subescalas.

Quanto à validade de construto, uma pesquisa sobre os sentimentos dos pais e das mães com relação ao bebê evidenciou, por meio da análise fatorial (AF), um modelo de cinco fatores para essa escala.1212 Sjögren B, Edman G, Widström AM, Mathiesen AS, Uvnäs-Moberg K. Maternal foetal attachment and personality during first pregnancy. J Reprod Infant Psychol 2004;22:57-69. Outro estudo com dois grupos de mulheres evidenciou modelos distintos com dois e três fatores. As soluções resultantes dessa análise não corresponderam às subescalas originais da MFAS e foram diferentes nos dois grupos.2121 Müller ME, Ferketich S. Factor analysis of the maternal fetal attachment scale. Nurs Res 1993;42:144-7. A AF tem o propósito de diminuir o número de dimensões necessárias para descrever dados derivados de um grande número de medidas. Essas dimensões são definidas por uma matriz de correlação cujos coeficientes devem apresentar valores acima de 0,30.2222 Figueiredo Filho DB, da Silva Júnior JA. Visão além do alcance: uma introdução à análise fatorial. Opin Publica 2010;16:160-85. Os achados referentes à AF da MFAS mostraram-se divergentes entre os estudos revisados e a versão original. Tais resultados sugerem problemas referentes à validade de construto.

Observou-se validade concorrente moderada entre a MFAS e o MAI, mas o índice de correlação foi inferior ao adequado (r≥0,70).8Polit DF, Beck CT. Fundamentos de pesquisa em enfermagem: avaliação de evidências para a prática da enfermagem. Porto Alegre: Artmed; 2011.

Essa escala encontra-se adaptada e validada para a população de mulheres brasileiras. Contudo apenas seu resumo encontra-se disponível para leitura, portanto a pesquisa não foi incluída nesta revisão. O estudo foi desenvolvido com 300 mulheres com idade gestacional de 6 a 9 meses. O autor destaca que a versão brasileira da MFAS apresentou consistência interna aceitável, mas também apresentou limitações em seu conteúdo semântico, mostrando restrições quanto à validade.2323 Feijó MC. Brasilian validation of the maternal-fetal attachment scale. Arq Bras Psicol (Rio J) 1999;51:52-66.

A MAAS é composta por duas versões: materna, com 19 itens, e paterna, com 16. A escala possui dois componentes: qualidade e tempo de duração do vínculo. Os itens são respondidos por meio de uma escala de cinco pontos. Altos escores indicam um apego positivo e maior preocupação dos pais com o feto.2424 Condon JT. The assessment of antenatal emotional attachment: development of a questionnaire instrument. Br J Med Psychol 1993;66:167-83.

Sobre as propriedades psicométricas, a MAAS encontra-se validada para a população de mulheres portuguesas com consistência interna aceitável. Ademais, a confiabilidade teste-reteste da versão paterna mostrou-se maior do que a materna, mas ambas foram abaixo da considerada adequada (r≥0,85). Além disso, foi evidenciado um modelo de dois fatores.1414 Gomez R, Leal I. Vinculação parental durante a gravidez: versão portuguesa da forma materna e paterna da antenatal emotional attachment scale. Psic Saude & Doenças 2007;8:153-65. Originalmente, essa escala também revelou duas dimensões e mostrou índices de confiabilidade superiores, α=0,82 e α=0,83 para as versões materna e paterna, respectivamente.2424 Condon JT. The assessment of antenatal emotional attachment: development of a questionnaire instrument. Br J Med Psychol 1993;66:167-83.

Ainda com relação à avaliação do apego entre mãe e filho durante a gestação, foram identificados um questionário (MAMA) e um inventário (PAI). O MAMA tem o objetivo de avaliar o ajuste e as atitudes maternas durante a gravidez. É autoaplicável, composto por 60 itens distribuídos em cinco aspectos: imagem corporal, sintomas somáticos, relação marital, atitudes referentes ao sexo e atitudes referentes à gravidez e ao bebê. Os itens são respondidos numa escala de quatro pontos: 1) nunca/de forma alguma; 2) raramente/um pouco; 3) muito; 4) muitíssimo. Há duas versões: pré-natal e pós-parto.2525 Kumar R, Robson KM, Smith AM. Development of a selfadministered questionnaire to measure maternal adjustment and maternal attitudes during pregnancy and after delivery. J Psychosom Res 1984;28:43-51.

O MAMA encontra-se disponível para o contexto de mães portuguesas com índice de confiabilidade da escala-total próximo da versão original (α=0,89), sendo considerado confiável.2525 Kumar R, Robson KM, Smith AM. Development of a selfadministered questionnaire to measure maternal adjustment and maternal attitudes during pregnancy and after delivery. J Psychosom Res 1984;28:43-51. Porém, a consistência interna das subescalas portuguesas mostrou-se inferior à encontrada no MAMA original, conforme descrição a seguir: imagem corporal: α=0,89; sintomas somáticos: α=0,83; relação conjugal: α=0,81; atitudes com relação ao sexo: α=0,95; e atitudes referentes à gravidez e ao bebê: α=0,84.2525 Kumar R, Robson KM, Smith AM. Development of a selfadministered questionnaire to measure maternal adjustment and maternal attitudes during pregnancy and after delivery. J Psychosom Res 1984;28:43-51.

Outro estudo utilizando o PAI e o MAMA, em suas versões originais, também revelou maior consistência interna nas subescalas citadas em comparação com a versão portuguesa (imagem corporal: α=0,76; sintomas somáticos: α=0,66; relação conjugal: α=0,87; atitudes com relação ao sexo: α=0,84; e atitudes referentes à gravidez e ao bebê: α=0,68).2626 Müller ME, Mercer RT. Development of the prenatal attachment inventory. West J Nurs Res 1993;15:199-215. Isso mostra que as subescalas da versão adaptada para mulheres portuguesas necessitam de refinamento.

Sobre o coeficiente de correlação split-half do MAMA, observaram-se que as atitudes referentes à gravidez e ao bebê, e os sintomas somáticos, apresentaram, nesta ordem, r=0,54 e r=0,65.1919 Figueiredo B, Mendonça M, Sousa R. Versão portuguesa do maternal adjustment and maternal attitudes (MAMA). Psic Saude & Doenças 2004;5:31-51. Esse último aspecto mostrou resultado ainda menor na versão original (r=0,58).2525 Kumar R, Robson KM, Smith AM. Development of a selfadministered questionnaire to measure maternal adjustment and maternal attitudes during pregnancy and after delivery. J Psychosom Res 1984;28:43-51. O coeficiente split-half, ou estimativa de fidedignidade de Spearman-Brown, refere-se à correlação entre os itens componentes das duas metades de uma escala. Valores próximos a 1,0 conferem elevada consistência entre as metades do instrumento e o teste em sua totalidade.2727 Spearman C. Correlation calculated from faulty data. Br J Psychol 1910;3:271-295.,2828 Brown W. Some experimental results in the correlation of mental abilities. Br J Psychol 1910;3:296-322. Observou-se que as subescalas da versão portuguesa do MAMA que representaram adequadamente o construto relativo a atitudes e ajustamentos da mãe na gravidez (correlação split-half r≥0,70) foram: Imagem Corporal, Relação Conjugal e Atitudes relacionadas ao sexo.1919 Figueiredo B, Mendonça M, Sousa R. Versão portuguesa do maternal adjustment and maternal attitudes (MAMA). Psic Saude & Doenças 2004;5:31-51. Esses achados corroboram os resultados encontrados no estudo original, cuja correlação foi r=0,72 (imagem corporal), r=0,74 (relação conjugal), r=0,82 (atitudes referentes ao sexo) e r=0,73 (atitudes relacionadas à gestação e ao feto).2525 Kumar R, Robson KM, Smith AM. Development of a selfadministered questionnaire to measure maternal adjustment and maternal attitudes during pregnancy and after delivery. J Psychosom Res 1984;28:43-51. Contudo, observa-se que, no estudo de Figueiredo,1919 Figueiredo B, Mendonça M, Sousa R. Versão portuguesa do maternal adjustment and maternal attitudes (MAMA). Psic Saude & Doenças 2004;5:31-51. essa última dimensão apresentou medida de correlação abaixo do mínimo esperado. Isso sugere que, na versão portuguesa, as atitudes referentes à gravidez e ao feto (r=0,48), juntamente com os sintomas somáticos (r=0,62),1919 Figueiredo B, Mendonça M, Sousa R. Versão portuguesa do maternal adjustment and maternal attitudes (MAMA). Psic Saude & Doenças 2004;5:31-51. parecem apresentar problemas quanto à verificação do mesmo construto das demais subescalas e, portanto, necessitam de revisão.

Quanto ao PAI, esse inventário mensura os sentimentos afetuosos da mãe com relação ao feto. Tem 21 itens que são respondidos com base em uma escala Likert de quatro pontos. Pontuações elevadas indicam maior apego dos pais com o feto.2626 Müller ME, Mercer RT. Development of the prenatal attachment inventory. West J Nurs Res 1993;15:199-215. Esse inventário apresentou maiores índices de consistência interna nos dois estudos revisados (α=0,89),1515 Gau ML, Lee TY. Construct validity of the prenatal attachment inventory: a confirmatory factor analysis approach. J Nurs Res 2003;11:177-87.,1616 Damato EG. Prenatal attachment and other correlates of postnatal maternal attachment to twins. Adv Neonatal Care 2004;4:274-91. em comparação à sua versão original (α=0,81).2626 Müller ME, Mercer RT. Development of the prenatal attachment inventory. West J Nurs Res 1993;15:199-215. Isso mostra que o instrumento é confiável.

Quanto à validade de construto, a AF revelou que um fator foi responsável por 79,0% da variância total.1515 Gau ML, Lee TY. Construct validity of the prenatal attachment inventory: a confirmatory factor analysis approach. J Nurs Res 2003;11:177-87. O estudo sobre a versão original apresentou modelo de cinco dimensões, e o fator 1 - composto por 11 itens que abordam os conteúdos preparação para o parto, fantasia, afeição e interação - foi responsável por 50,0% da variância. Além disso, essa pesquisa mostrou adequada validade concorrente entre PAI e MFAS, cujo coeficiente de correlação foi de r=0,72.2626 Müller ME, Mercer RT. Development of the prenatal attachment inventory. West J Nurs Res 1993;15:199-215.

Apego entre mãe e filho após o parto

A avaliação da resposta emocional da mãe com relação ao bebê, no período pós-parto, foi o objetivo da maior parte dos instrumentos. Serão discutidos os utilizados com maior frequência: PBQ,2929 Reck C, Klier CM, Pabst K, Stehle E, Steffenelli U, Struben K et al. The german version of the postpartum bonding instrument: psychometric properties and association with postpartum depression. Arch Womens Ment Health 2006;9:265-71.

30 Bronckington IF, Fraser C, Wilson D. The postpartum bonding questionnaire: a validation. Arch Womens Ment Health 2006;9:233-42.

31 Van Bussel JC, Spitz B, Demyttenare K. Three self-report questionnaires of the early mother-to-infant bond: reliability and validity of the Dutch version of the MPAS, PBQ and MIBS. Arch Womens Ment Health 2010;13:373-84.

32 Wittkowski A, Williams J, Wieck A. An examination of the psychometric properties and factor structure of the postpartum bonding questionnaire in a clinical inpatient sample. Br J Clin Psychol 2010;49:163-72.

33 Siu BW, Chow HM, Kwok SS, Li OL, Koo ML, Cheung EF et al. Impairment of mother-infant relationship: validation of the Chinese version of postpartum bonding questionnaire. J Nerv Ment Dis 2010;198:174-9.

34 Wittkowski A, Wieck A, Mann S. An evaluation of two bonding questionnaires: a comparison of the mother-to-infant bonding scale with the postpartum bonding questionnaire in a sample of primiparous mothers. Arch Womens Ment Health 2007;10:171-5.
-3535 Moehler E, Brunner R, Wiebel A, Reck C, Resch F. Maternal depressive symptoms in the postnatal period are associated with long-term impairment of mother-child bonding. Arch Womens Ment Health 2006;9:273-8. MIBS, 3131 Van Bussel JC, Spitz B, Demyttenare K. Three self-report questionnaires of the early mother-to-infant bond: reliability and validity of the Dutch version of the MPAS, PBQ and MIBS. Arch Womens Ment Health 2010;13:373-84.,3434 Wittkowski A, Wieck A, Mann S. An evaluation of two bonding questionnaires: a comparison of the mother-to-infant bonding scale with the postpartum bonding questionnaire in a sample of primiparous mothers. Arch Womens Ment Health 2007;10:171-5.,3636 Taylor A, Atkins R, Kumar R, Adams D, Glover V. A new motherto-infant bonding scale: links with early maternal mood. Arch Womens Ment Health 2005;8:45-51.

37 Bienfait M, Maury M, Haquet A, Faillie JL, Franc N, Combes C et al. Pertinence of the self-report mother-to-infant bonding scale in the neonatal unit of a maternity ward. Early Hum Dev 2011;87:281-7.
-3838 Figueiredo B, Marques A, Costa R, Pacheco A, Pais A. Bonding: scale to evaluate parents' emotional involvement with their infant. Psychologica 2005;40:133-54. PAQ, 3131 Van Bussel JC, Spitz B, Demyttenare K. Three self-report questionnaires of the early mother-to-infant bond: reliability and validity of the Dutch version of the MPAS, PBQ and MIBS. Arch Womens Ment Health 2010;13:373-84.,3939 Scapesi A, Viterbori P, Sponza S, Zuchinetti P. Assessing motherto-infant attachment: the Italian Adaptation of a self-report questionnaire. J Reprod Infant Psychol 2004;22:99-109.

40 Feldstein S, Hane AA, Morrison BM, Huangi KY. Relation of the Postnatal attachment questionnaire to the attachment Q-Set. J Reprod Infant Psychol 2004;22:111-21.
-4141 Condon JT, Corkindale CJ, Boyce P. Assessment of postnatal patern-infant attachment: development of a questionnaire instrument. J Reprod Infant Psychol 2008; 26:195-210. MAI.1313 Shin H, Kim YH. Maternal attachment inventory: psychometric evaluation of the Korean version. J Adv Nurs 2007;59:299-307.,1616 Damato EG. Prenatal attachment and other correlates of postnatal maternal attachment to twins. Adv Neonatal Care 2004;4:274-91. As tabelas 3 e 4 contêm informações sobre validade e confiabilidade das ferramentas identificadas.

Tabela 3
Dados sobre validade dos instrumentos de avaliação do vínculo entre mãe e bebê durante o período pós-parto.
Tabela 4
Dados sobre confiabilidade dos instrumentos de avaliação do vínculo entre mãe e bebê durante o período pós-parto

O PBQ foi o questionário mais utilizado nos estudos revisados. Esse instrumento tem o objetivo de rastrear problemas na relação mãe-bebê com base em quatro componentes: 1) laço enfraquecido, 2) rejeição e raiva patológica, 3) ansiedade sobre o bebê/ansiedade acerca do cuidado com o bebê e 4) abuso iminente/risco de abuso.4242 Brockington F, Oates J, George S, Turner D, Vostanis P, Sullivan M et al. A screening questionnaire for mother-infant bonding disorders. Arch Womens Ment Health 2001;3:133-40. Possui tradução e adaptação para as culturas alemã, holandesa e chinesa. É uma ferramenta confiável para identificar disfunções nas relações com os filhos, de acordo com os coeficientes alfa das versões alemã2929 Reck C, Klier CM, Pabst K, Stehle E, Steffenelli U, Struben K et al. The german version of the postpartum bonding instrument: psychometric properties and association with postpartum depression. Arch Womens Ment Health 2006;9:265-71.,3535 Moehler E, Brunner R, Wiebel A, Reck C, Resch F. Maternal depressive symptoms in the postnatal period are associated with long-term impairment of mother-child bonding. Arch Womens Ment Health 2006;9:273-8. e holandesa.3131 Van Bussel JC, Spitz B, Demyttenare K. Three self-report questionnaires of the early mother-to-infant bond: reliability and validity of the Dutch version of the MPAS, PBQ and MIBS. Arch Womens Ment Health 2010;13:373-84. Esses valores sustentam os achados do estudo original, cujos coeficientes de confiabilidade variaram de α=0,74 a α=0,95.4242 Brockington F, Oates J, George S, Turner D, Vostanis P, Sullivan M et al. A screening questionnaire for mother-infant bonding disorders. Arch Womens Ment Health 2001;3:133-40. Portanto, observa-se que o PBQ detém consistência interna adequada.

Quanto à validade preditiva, a adaptação para mulheres chinesas apresentou sensibilidade adequada para identificar danos nas relações com seu bebê.3333 Siu BW, Chow HM, Kwok SS, Li OL, Koo ML, Cheung EF et al. Impairment of mother-infant relationship: validation of the Chinese version of postpartum bonding questionnaire. J Nerv Ment Dis 2010;198:174-9. Ademais, viu-se que as subescalas 1 e 2 apresentaram sensibilidade elevada para rastrear problemas na ligação entre mãe e filho e rejeição.

Os resultados acima corroroboram os achados referentes à validação do instrumento original, em que o componente 1, laço enfraquecido, mostrou-se sensível para identificar mães com disfunções leves na ligação com seu filho e a subescala 2, rejeição e raiva patológica, apresentou sensibilidade elevada para verificar mulheres com graves problemas relacionados à rejeição ao seu bebê. Os demais componentes do PBQ não apresentaram elevada sensibilidade.4242 Brockington F, Oates J, George S, Turner D, Vostanis P, Sullivan M et al. A screening questionnaire for mother-infant bonding disorders. Arch Womens Ment Health 2001;3:133-40.

Outros autores utilizaram a versão original e verificaram resultados semelhantes, haja vista que os componentes 1 e 2 foram, respectivamente, sensíveis para identificar mães com algum tipo de desordem na ligação com o filho e para rastrear mulheres com rejeição ao seu bebê. Os demais fatores do PBQ não apresentaram validade preditiva suficiente para verificar outros problemas na relação.3030 Bronckington IF, Fraser C, Wilson D. The postpartum bonding questionnaire: a validation. Arch Womens Ment Health 2006;9:233-42.

Esse instrumento pode ser uma ferramenta importante para o profissional da atenção primária, pois uma de suas peculiaridades é a aplicação em serviços de saúde localizados na comunidade.4242 Brockington F, Oates J, George S, Turner D, Vostanis P, Sullivan M et al. A screening questionnaire for mother-infant bonding disorders. Arch Womens Ment Health 2001;3:133-40. As Unidades Básicas de Saúde (UBS) possuem algumas fragilidades no que concerne à abordagem dos aspectos psicossociais envolvendo a relação entre mãe e bebê. Autores sugerem ser imprescindível a capacitação desses profissionais para atuarem no âmbito da saúde mental da mulher durante a gestação e o período puerperal, promovendo qualidade de vida dos pais e de seus filhos.4343 Figueiredo B, Costa R, Pacheco A, Pais A. Mother-to-infant emotional involvement at birth. Matern Child Health J 2009;13:539-49.

A MIBS pode ser utilizada nas primeiras semanas após o nascimento da criança até quatro meses pós-parto para identificar dificuldades vivenciadas pela mãe para estabelecer relação com o bebê. É composta por oito adjetivos distribuídos em três aspectos: apego positivo, negativo e confuso. Adjetivos negativos têm pontuação invertida. Elevadas pontuações indicam problemas no vínculo mãe-bebê.3636 Taylor A, Atkins R, Kumar R, Adams D, Glover V. A new motherto-infant bonding scale: links with early maternal mood. Arch Womens Ment Health 2005;8:45-51.

Com relação às propriedades psicométricas, os estudos que utilizaram a MIBS encontraram consistência interna inferior ao ideal (α≥0,70). Contudo, a pesquisa de validação da versão original da MIBS mostrou consistência interna aceitável (α=0,71) e um modelo de dois fatores.3636 Taylor A, Atkins R, Kumar R, Adams D, Glover V. A new motherto-infant bonding scale: links with early maternal mood. Arch Womens Ment Health 2005;8:45-51.

Quanto à validade de critério, a referida escala apresentou elevada sensibilidade para detectar mães com alterações no vínculo com seus bebê3737 Bienfait M, Maury M, Haquet A, Faillie JL, Franc N, Combes C et al. Pertinence of the self-report mother-to-infant bonding scale in the neonatal unit of a maternity ward. Early Hum Dev 2011;87:281-7. e validade concorrente moderada com PBQ3434 Wittkowski A, Wieck A, Mann S. An evaluation of two bonding questionnaires: a comparison of the mother-to-infant bonding scale with the postpartum bonding questionnaire in a sample of primiparous mothers. Arch Womens Ment Health 2007;10:171-5. e MPAS.3131 Van Bussel JC, Spitz B, Demyttenare K. Three self-report questionnaires of the early mother-to-infant bond: reliability and validity of the Dutch version of the MPAS, PBQ and MIBS. Arch Womens Ment Health 2010;13:373-84. Contudo, neste último caso, a correlação foi negativa, de modo que elevados escores de apego na MIBS estão correlacionados com pequenas pontuações na MPAS.3131 Van Bussel JC, Spitz B, Demyttenare K. Three self-report questionnaires of the early mother-to-infant bond: reliability and validity of the Dutch version of the MPAS, PBQ and MIBS. Arch Womens Ment Health 2010;13:373-84. Essa escala tem pontuação invertida para os aspectos negativos relacionados ao apego, portanto elevados escores denotam dificuldades no vínculo entre mãe e filho.3636 Taylor A, Atkins R, Kumar R, Adams D, Glover V. A new motherto-infant bonding scale: links with early maternal mood. Arch Womens Ment Health 2005;8:45-51. Esses achados sugerem que as versões para outras culturas apresentam limitações quanto à confiabilidade, mas demonstram validade preditiva e concorrente, ainda que de forma moderada.

As disfunções do apego detectadas pela MIBS estão relacionadas ao fato de que, no período puerperal, a mulher apresenta maiores alterações de humor, que podem comprometer o estabelecimento do vínculo com o filho. A depressão se apresenta como preditora de problemas na relação emocional entre a mãe e o bebê.4343 Figueiredo B, Costa R, Pacheco A, Pais A. Mother-to-infant emotional involvement at birth. Matern Child Health J 2009;13:539-49. Na presença dessa doença, a mulher tende a não responder satisfatoriamente às necessidades do filho, sejam elas de natureza física, como alimentação, manutenção da temperatura corporal e promoção do conforto da criança, sejam emocionais, como as necessidades de comunicação, carinho e amor do filho para com sua progenitora.4444 Cantilino A, Zambaldi CF, Sougey EB, Rennó Júnior J. Postpartum psychiatric disorders. Rev Psiq Clin 2010;37:288-94.-4545 Figueiredo B, Costa R. Mother's stress, mood and emotional involvement with the infant: 3 months before and 3 months after childbirth. Arch Womens Ment Health 2009;12:143-53.

O PAQ é um questionário composto por 19 itens organizados em três subescalas: qualidade do vínculo (QV), ausência de hostilidade (AH) e prazer na interação (PI). Esse instrumento tem o objetivo de avaliar a resposta emocional da mãe com relação ao bebê, especificamente no primeiro ano de vida.4646 Condon JT, Corkindale CJ. The assessment of parent-to-infant attachment: development of a self-report questionnaire. J Reprod Infant Psychol 1998;16:57-76. Foi utilizado em quatro investigações, das quais duas estão relacionadas à adaptação e à validação para as culturas holandesa3131 Van Bussel JC, Spitz B, Demyttenare K. Three self-report questionnaires of the early mother-to-infant bond: reliability and validity of the Dutch version of the MPAS, PBQ and MIBS. Arch Womens Ment Health 2010;13:373-84. e italiana.3939 Scapesi A, Viterbori P, Sponza S, Zuchinetti P. Assessing motherto-infant attachment: the Italian Adaptation of a self-report questionnaire. J Reprod Infant Psychol 2004;22:99-109. Todas as publicações que utilizaram esse instrumento evidenciaram índices de confiabilidade aceitáveis. Porém, a versão holandesa, quando utilizada para mães de bebês com 8 a 12 semanas, mostrou problemas quanto à confiabilidade. O uso dessa versão é apropriada para bebês com idade entre 4 e 5 meses.3131 Van Bussel JC, Spitz B, Demyttenare K. Three self-report questionnaires of the early mother-to-infant bond: reliability and validity of the Dutch version of the MPAS, PBQ and MIBS. Arch Womens Ment Health 2010;13:373-84.

Quanto à versão original, o PAQ apresentou consistência interna superior à encontrada nas versões citadas (α=0,78 - bebês com 4 semanas e 8 meses; e α=0,79 - 4 meses).4646 Condon JT, Corkindale CJ. The assessment of parent-to-infant attachment: development of a self-report questionnaire. J Reprod Infant Psychol 1998;16:57-76. Contudo, outros autores evidenciaram consistência interna superior à versão original.4141 Condon JT, Corkindale CJ, Boyce P. Assessment of postnatal patern-infant attachment: development of a questionnaire instrument. J Reprod Infant Psychol 2008; 26:195-210. Esses achados sustentam a confiabilidade desse instrumento. Com relação à validade de construto, verificou-se um modelo de seis fatores na versão italiana.3939 Scapesi A, Viterbori P, Sponza S, Zuchinetti P. Assessing motherto-infant attachment: the Italian Adaptation of a self-report questionnaire. J Reprod Infant Psychol 2004;22:99-109. Em contrapartida, para mães de bebês holandeses, outros autores revelaram um modelo de três dimensões.4141 Condon JT, Corkindale CJ, Boyce P. Assessment of postnatal patern-infant attachment: development of a questionnaire instrument. J Reprod Infant Psychol 2008; 26:195-210. Esses últimos achados corroboram os resultados da versão original do instrumento, cuja AF resultou num modelo de três fatores.4646 Condon JT, Corkindale CJ. The assessment of parent-to-infant attachment: development of a self-report questionnaire. J Reprod Infant Psychol 1998;16:57-76.

O MAI é utilizado para mensurar o apego entre mãe e filho. Trata-se de um inventário composto por 26 itens organizados numa escala Likert de quatro pontos. Elevadas pontuações indicam maior apego entre mãe e bebê.4747 Müller ME. A questionnaire to measure mother-to-infant attachment. J Nurs Meas 1994;2:129-41. Encontra-se traduzido e adaptado para a população de mulheres coreanas1313 Shin H, Kim YH. Maternal attachment inventory: psychometric evaluation of the Korean version. J Adv Nurs 2007;59:299-307. e brasileiras.4848 Boeckel MG, Wagner A, Ritter F, Sohne L, Schein S, Grassi-Oliveira R. Análise fatorial do inventário percepção de vinculação materna. RIP 2011;45:439-48. Neste último caso, realizou-se a validação para mães de crianças com idade entre seis e treze anos e demonstrou elevada confiabilidade (α=0,90).4848 Boeckel MG, Wagner A, Ritter F, Sohne L, Schein S, Grassi-Oliveira R. Análise fatorial do inventário percepção de vinculação materna. RIP 2011;45:439-48. A consistência interna da versão original (α=0,85 - bebês com 4 semanas, α=0,76 - bebês com 4 meses e α=0,85 - bebês com 8 meses)4747 Müller ME. A questionnaire to measure mother-to-infant attachment. J Nurs Meas 1994;2:129-41. apresentou valores inferiores aos encontrados em duas outras pesquisas, cujo α>0,90.1313 Shin H, Kim YH. Maternal attachment inventory: psychometric evaluation of the Korean version. J Adv Nurs 2007;59:299-307.,1616 Damato EG. Prenatal attachment and other correlates of postnatal maternal attachment to twins. Adv Neonatal Care 2004;4:274-91. Assim, observa-se que o MAI é uma ferramenta robusta para mensurar o apego entre a mãe e o bebê.

Outros instrumentos foram citados, com menor frequência, nos estudos sobre a relação entre mãe e bebê no período pós-parto. São eles: global Rating Scales (gRS),4949 Gunning M, Conroy S, Valoriani V, Figueiredo B, Kammerer MH, Muzik M et al. Measurement of mother-infant interactions and the home environment in a European setting: preliminary results from a cross-cultural study. Br J Psychiatry Suppl 2004;46:s38-44. Barkin Index of Maternal Functioning (BIMF),5050 Barkin JL, Wisner KL, Bromberger JT, Beach SR, Terry MA, Wisniewski SR. development of the barkin index of maternal. J Women's Health 2010;19:2239-46. Parent-Child Early Relational Assessment (PCERA),5151 Korja R, Savonlahti E, Ahlqvist-Björkroth S, Stolt S, Haataja L, Lapinleimu H et al. Maternal depression is associated with mother-infant interaction in preterm infants. Acta Pædiatr 2008;97:724-30. Postpartum Maternal Attachment Scale (PMAS)5252 Nagata M, Nagai Y, Sobajima H, Ando T, Honjo S. Depression in the early postpartum period and attachment to children - in mothers of nicu infants. Inf Child Dev 2004;13:93-110. e Escala de interações de Brown.5353 Scappaticci AL, Lacoponi E, Blay SL. An inter-rater reliability study of a scale to assess mother-infant interaction. R Psiquiatr RS 2004;26:39-46. Todos mostraram elevada consistência interna, exceto a ferramenta gRS, cujo estudo não descreveu nenhuma medida de confiabilidade.4949 Gunning M, Conroy S, Valoriani V, Figueiredo B, Kammerer MH, Muzik M et al. Measurement of mother-infant interactions and the home environment in a European setting: preliminary results from a cross-cultural study. Br J Psychiatry Suppl 2004;46:s38-44. A maior parte dos itens da Escala de Brown apresentou elevada concordância entre observadores (coeficiente Kappa acima de 0,85).5353 Scappaticci AL, Lacoponi E, Blay SL. An inter-rater reliability study of a scale to assess mother-infant interaction. R Psiquiatr RS 2004;26:39-46. Quanto às medidas de validade concorrente, o gRS mostrou correlação com o Infant-Toddler Home Inventory,4949 Gunning M, Conroy S, Valoriani V, Figueiredo B, Kammerer MH, Muzik M et al. Measurement of mother-infant interactions and the home environment in a European setting: preliminary results from a cross-cultural study. Br J Psychiatry Suppl 2004;46:s38-44. e o BMIF revelou correlação com Gratification Check List, Short-Form Health Survey Mental Functioning component e com a Escala de Depressão de Hamilton.5050 Barkin JL, Wisner KL, Bromberger JT, Beach SR, Terry MA, Wisniewski SR. development of the barkin index of maternal. J Women's Health 2010;19:2239-46.

Considerações finais

As subescalas atitudes referentes à gravidez e ao feto e sintomas somáticos (MAMA) apresentaram problemas quanto à verificação do mesmo construto das demais dimensões desse questionário.

O PAI mostrou validade de critério e de construto, além de elevado índice de confiabilidade. Em contrapartida, a MFAS apresentou limitações quanto à validade de construto. Há tradução e adaptação para a população de mães e bebês brasileiros, porém esse estudo encontra-se indisponível para acesso eletrônico.

Quanto ao período puerperal, o MAI demonstrou melhores coeficientes de confiabilidade, mas sua versão brasileira não se encontra validada para mães de crianças menores de um ano. O PBQ mostrou-se sensível para identificar mães com disfunções leves na ligação com seu filho e mulheres com graves problemas relacionados à rejeição ao bebê. As versões portuguesa e holandesa da MIBS apresentaram consistência interna insuficiente.

Finalmente, observou-se que a maior parte dos instrumentos possui elevada precisão para mensurar o apego materno-infantil, porém alguns apresentam limitações quanto à sua validade. Ademais, a maioria não se encontra traduzido e adaptado para a população brasileira. Assim, observa-se a necessidade de se adaptar e validar instrumentos, considerando as especificidades de mães e bebês brasileiros no primeiro ano de vida.

  • Estudo conduzido na Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Set 2014

Histórico

  • Recebido
    04 Dez 2013
  • Aceito
    23 Mar 2014
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