Resumos
Foram utilizados 20 cães machos, sem raça definida, divididos em dois grupos de 10 para análise da variação circadiana dos leucócitos, fibrinogênio e plaquetas. Todos os cães foram submetidos a um processo inflamatório subcutâneo induzido pela administração de Terebentina. Após 24 horas os animais do grupo 1 foram tratados com duas doses de 1,3mg/kg de escina com intervalos de 12 horas e os cães do grupo II mantidos como testemunha. Coletas de sangue foram feitas em todos os animais às 0, 4, 8, 12, 16, 20 e 24 horas do dia para determinação dos leucócitos, fibrinogênio e plaquetas. A escina determinou nos animais do grupo I monocitose às 0, 8, 12, 16 e 24 horas, linfopenia às 12, 16 e 24 horas, leucocitose às 0, 20 e 24 horas, aumento da taxa de fibrinogênio às 16 e 24 horas e uma diminuição das plaquetas durante todo o dia. Conclui-se que a escina determina variações circadiana instáveis do número de leucócitos, plaquetas e quantidade de fibrinogênio em cães com processo inflamatório.
escina; variação circadiana; leucócitos; fibrinogênio; plaquetas; processo inflamatório; cães
To analyse the circadian variations of the leucocyte, fibrinogen and platelet 20 mongrel male dogs were used divided into two groups of ten animals. The first group was exposed to an inflamatory process induced by the administration of turpentine and after 24 hours the animals were treated with Aesein 1.3mg/kg from 12 to 12 hours. The second group was only exposed to the inflamatory process. Blood samples were performed in all the animals at 0,4am, 8am, 12am, 4pm, 8pm and 12pm hours of the day to examine the parameters. Aescin has determined monocytose at 0,8am, 12am, 4pm and 12pm; linfopenia at 4pm and 12pm; leucocitosis at 0,8pm and 12 pm, as well as an increase in the amount of fibrinogen at 4pm and 12pm; and a decrease in the platelets during all day. Aescin determines unstable circadian variations in the number of leucocyte, platelet and in the amount of fibrinogen in dogs with inflamatory process.
aescin; circadian variation; leucocyte; fibrinogen; platelet; inflamatory process; dogs
VARIAÇÃO CIRCADIANA DOS LEUCÓCITOS, FIBRINOGÊNIO E PLAQUETAS NO SANGUE DE CÃES SUBMETIDOS A PROCESSO INFLAMATÓRIO, TRATADOS COM ESCINA1 1 Trabalho retirado da Dissertação de Mestrado do Curso de Pós-graduaçãoem Medicina Vetetinaria, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), 1992.
LEUCOCYTES, FIBRINOGEN AND PLATELETS CIRCADIAN VARIATION IN DOGS EXPOSED TO AN INFLAMATORY PROCESS AND TREATED WITH AESCIN
Maria Vargas dos Santos2 1 Trabalho retirado da Dissertação de Mestrado do Curso de Pós-graduaçãoem Medicina Vetetinaria, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), 1992. Cláudio Baptista de Carvalho3 1 Trabalho retirado da Dissertação de Mestrado do Curso de Pós-graduaçãoem Medicina Vetetinaria, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), 1992. Luis Carlos Ribeiro Fan4 1 Trabalho retirado da Dissertação de Mestrado do Curso de Pós-graduaçãoem Medicina Vetetinaria, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), 1992. Hilton Machado Magalhães5 1 Trabalho retirado da Dissertação de Mestrado do Curso de Pós-graduaçãoem Medicina Vetetinaria, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), 1992.
RESUMO
Foram utilizados 20 cães machos, sem raça definida, divididos em dois grupos de 10 para análise da variação circadiana dos leucócitos, fibrinogênio e plaquetas. Todos os cães foram submetidos a um processo inflamatório subcutâneo induzido pela administração de Terebentina. Após 24 horas os animais do grupo 1 foram tratados com duas doses de 1,3mg/kg de escina com intervalos de 12 horas e os cães do grupo II mantidos como testemunha. Coletas de sangue foram feitas em todos os animais às 0, 4, 8, 12, 16, 20 e 24 horas do dia para determinação dos leucócitos, fibrinogênio e plaquetas. A escina determinou nos animais do grupo I monocitose às 0, 8, 12, 16 e 24 horas, linfopenia às 12, 16 e 24 horas, leucocitose às 0, 20 e 24 horas, aumento da taxa de fibrinogênio às 16 e 24 horas e uma diminuição das plaquetas durante todo o dia. Conclui-se que a escina determina variações circadiana instáveis do número de leucócitos, plaquetas e quantidade de fibrinogênio em cães com processo inflamatório.
Palavras-chave: escina, variação circadiana, leucócitos, fibrinogênio, plaquetas, processo inflamatório, cães.
SUMMARY
To analyse the circadian variations of the leucocyte, fibrinogen and platelet 20 mongrel male dogs were used divided into two groups of ten animals. The first group was exposed to an inflamatory process induced by the administration of turpentine and after 24 hours the animals were treated with Aesein 1.3mg/kg from 12 to 12 hours. The second group was only exposed to the inflamatory process. Blood samples were performed in all the animals at 0,4am, 8am, 12am, 4pm, 8pm and 12pm hours of the day to examine the parameters. Aescin has determined monocytose at 0,8am, 12am, 4pm and 12pm; linfopenia at 4pm and 12pm; leucocitosis at 0,8pm and 12 pm, as well as an increase in the amount of fibrinogen at 4pm and 12pm; and a decrease in the platelets during all day. Aescin determines unstable circadian variations in the number of leucocyte, platelet and in the amount of fibrinogen in dogs with inflamatory process.
Key words: aescin, circadian variation, leucocyte, fibrinogen, platelet, inflamatory process, dogs.
INTRODUÇÃO
Os rítmos dos sistemas biológicos associados aos ciclos geofísicos são os rítmos circadianos que compreendem um rítmo biológico entre 20 e 28 horas, permitindo aos organismos adaptarem-se aos eventos recorrentes do mundo externo (PITTENDRIGH, 1981).
A cronoterapia tem como objetivo aplicar os princípios cronobiológicos no tratamento das doenças, desenvolvendo padrões rítmicos para a administração dos medicamentos de forma a melhorar a eficácia e reduzir os efeitos indesejáveis (HALBERG et al., 1980).
JERMSTAB & WAALER (1953) extraíram a saponina da semente da árvore cavalo castanho (Aesculus hippocastanum l.) através da adsorção da saponina ao óxido de alumínio e posterior diluição, sendo purificada através de eletrodiálise, onde seus componentes foram estudados pela cromatografia sendo identificada como: Hexose Glicose, Pentose Xilose e Ácido glicurônico. PATT & WINKLER (1960) e WAGNER et al. (1970) comprovaram através da cromatografia a existência de uma substância com atividade hemolítica e efeito farmacológico antiedematoso, a qual foi identificada com Escina saponina.
A Escina (escigenin-(-metil-3-acetoxibutirate)-(2-xilosideo-4-glicosideo glicuronidase) é uma mistura de vários ácidos triterpenóides saponina glicosídeos, encontrada no extrato da semente da árvore Aesculus hippocastanum L. conhecida na Europa como Horse Chestnut Tree (WULFF & TSCHESCHE, 1969).
A Escina possui um efeito seletivo antiinflamatório e antiedematoso, sendo usada no tratamento do edema traumático difuso ou localizado do cérebro, com sintomatologia hipertensiva (RIVANO & ROSADINI, 1970) e danos musculares (FINI et al., 1977; PABST & KLEINE, 1986) nos seres humanos.
A Escina é administrada em formulações gel nas terapias percutâneas (GREIFENSTEINER, 1966; LANG, 1974, 1977), oral (EISEMBURGER et al. 1976; PIRARD et al. 1976) e venosa (MINGRINO & SCANARINI, 1978).
A importância do estudo da cronoterapia bem como a carência de publicações em relação ao uso da Escina na clínica médica veterinária de pequenos animais, motivaram a realização da presente pesquisa, cujo objetivo é determinar as variações circadianas leucocitária, do fibrinogênio e das plaquetas em cães submetidos a processo inflamatório e tratados com Escina.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados 20 cães machos, sem raça definida, com peso médio de 12kg, idade aproximada de 6 anos e sadios. Os animais foram divididos em dois grupos de dez e reunidos cinco a cinco, em local medindo 3x4x2 m, na temperatura entre 19-24°C, com 15 horas luz e 9 horas escuro e alimentados com ração comercial e água ad libitum.
Nos animais do grupo I foi provocado um processo inflamatório pela administração de Terebentinaa via subcutânea na região sub-escapular na dose de 0,2ml. Decorridas 24 horas foi administrado 1,3mg/kg de Escinato de sódiob, via venosa, com intervalo de 12 horas. Nos animais do grupo II foi provocado somente o processo inflamatório.
Foram colhidos de todos os animais 2,5ml de sangue da veia cefálica em anticoagulante EDTA e realizados hemogramas, medida do fibrinogênio e contagem de plaquetas nas horas 0, 4, 8, 12, 16, 20 e 24 do dia.
A contagem total dos leucócitos foi realizada através de contador eletrônico de células modelo Coulter Counterc, a contagem diferencial dos leucócitos foi realizada em esfregaços de sangue corados pelo método Panótico e a leitura feita através da microscopia óptica com objetivas de imersão aumento de 100x.
O fibrinogênio foi medido segundo técnica descrita por KANEKO & SMITH (1967) e as plaquetas pela técnica citada por COLES (1986).
Para a análise estatística considerou-se que o experimento bifatorial (2 grupos e 7 tempos) em 10 repetições no delineamento experimental inteiramente casualizado, não possui os valores conjuntamente independentes. Os dados para os diferentes tempos foram tomados dos mesmos indivíduos (cães). Neste caso, a falta de independência sugere a "análise de perfil" uma análise multi-variada com hipóteses adequadas para os objetivos do experimento.
Para os cálculos usou-se o programa de computador SISMUL e para a análise, considerou-se o modelo de SINGER & ANDRADE (1986).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos para os cães do grupo I estão na Tabela 1 e para os do grupo II na Tabela 2.
A análise destes dados permite afirmar a existência de uma variação circadiana dos diferentes constituintes sangüíneos. Este fato sugere um cuidado maior na interpretação dos exames hematológicos quando realizados em diversas horas do dia.
A ocorrência de eosinopenia, diminuição do número de neutrófilos não segmentados e segmentados, monocitose e linfopenia nos animais do grupo I (Tabela 1), evidenciados na presente pesquisa, podem ser explicados pelos achados obtidos por PREZIOSI & MANCA (1964) os quais demonstraram possuir a Escina uma atividade estimuladora da córtex suprarenal, determinando a liberação de glicocorticóides (corticosterona), causado pelo aumento de ACTH. Sendo portanto os hormônios corticais os responsáveis indiretos de tais eventos.
O aumento da concentração de fibrinogênio se faz necessário para auxiliar a atividade dos fibroblastos que ocorre durante o processo inflamatório (DUNCAN & PRASSE (1982) e FENNER (1985)). Este aumento que foi verificado às 16 e 24 horas, justifica a medição da concentração do fibrinogênio como rotina hematológica nos animais doentes, conforme recomendam SUTTON & JOHNSTONE(1977).
A inexistência de dados a respeito das variações que podem ocorrer na concentração de fibrinogênio durante as 24 horas do dia, reforçam as recomendações anteriores, principalmente por ter a presente pesquisa demonstrado a existência de uma variabilidade circadiana desses parâmetros, permitindo a recomendação de que este exame hematológico seja feito com regular frequência.
A diminuição do número de plaquetas observadas nos animais do grupo I (Tabela 1) pode ser explicado pelos achados de BERTI et al. (1977) e LONGIAVE et al. (1978), os quais demonstraram que a Escina possui habilidade para estimular a produção e liberação de prostaglandinas através dos pulmões. Segundo demonstrou KLOEZE (1967) as prostaglandinas possuem uma potente ação inibitória sobre agregação plaquetária. Por outro lado a diminuição do número de plaquetas pode ser também devido a seu sequestro em órgão retículo-endotelial de acordo com as afirmações de DAVENPORT et al. (1982). Isto pode ocorrer e ser justificada pela atividade da prostaglandina liberada pela Escina que é capaz de produzir vasodilatação em algumas regiões do organismo.
Ao examinar-se as médias (Tabela 1 e 2), pode-se observar os seguintes aspectos em relação às variações que ocorrem durante o período de luz e de noite. Todos os parâmetros medidos durante o período de luz e de noite, diminuíram, sendo que durante o dia a diminuição predominou sobre a noite. Estes achados demonstram uma atividade farmacológica da Escina, potencializadorada atividade biológica que ocorre de forma mais intensa durante o período diurno, conforme demonstraram vários autores citdos por CIPOLLA et al. (1988).
CONCLUSÕES
A Escina determina em cães submetidos a processo inflamatório produzido pela Terebentina:
1 - diminuição dos neutrófilos às 0 e 20 horas, bem como monocitose às 0, 8, 12, 16 e 24 horas;
2 - linfopenia às 12, 16 e 24 horas e leucocitose às 20 e 24 horas;
3 - aumento da concentração da taxa de fibrinogênio plasmático às 16 e 24 horas e,
4 - diminuição constante no número de plaquetas durante o ciclo circadiano.
AGRADECIMENTO
A Dra. Sônia T.A. Lopes do Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário/UFSM, pelo auxílio.
FONTES DE AQUISIÇÃO
a - Terebentina - Aproquímica - Aparelhos e Produtos Químicos Lida. Rua Floriano Peixoto, 1475 - 97010-030 - Santa Maria, RS.
b - Reparil, BYK Química e Farmacêutica Ltda, Av. Casa Grande, 2121, 09900-905 - Diadema, SP.
c - Coulter Counter Indústria e Comércio Ltda, 31270-900 - Rio de Janeiro, RJ.
2Médico Veterinário, MSc, Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia da Pontifícia Universidade Calólica do Rio Grande do Sul, Campus Universitário II, Caixa Postal 143, 97500-970, Uruguaiana, RS.
3Médico Veterinário, Doutor, Departamento de Clínica de Pequenos Animais, UFSM, 97119-900. Santa Maria. RS.
4Médico Veterinário, MS, Departamento de Clínica de Pequenos Animais, UFSM.
5Médico Veterinário, Doutor, Rua Vale Machado, 1210, apto. 12, 97100, Santa Maria, RS.
Recebido para publicação em 19.08.93. Aprovado em 27.09.94.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
19 Out 2009 -
Data do Fascículo
1995
Histórico
-
Aceito
27 Set 1994 -
Recebido
19 Ago 1993