EDITORIAL
Editorial
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A saúde das Américas avança sem pausa no sentido de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e a atenção para as prioridades sóciosanitárias nacionais e regionais. No entanto, nesse processo, a enorme dívida da desigualdade aumenta para alertar que é preciso muitos e árduos esforços para superar a triste e preocupante designação de "continente mais desigual do mundo."
A renovação da Atenção Primária em Saúde (APS) é a estratégia que os governos das Américas têm escolhido para combater as desigualdades, para atingir o direito ao mais alto nível possível de saúde para todos os cidadãos do hemisfério, para alcançar a equidade em saúde e para gerar mecanismos de solidariedade em sistemas sociais e de saúde, que permitam a consecução das metas anteriores.
Assim, a renovação da APS, conforme o definido pelos governos das Américas, em vez de uma estratégia prática, é um conjunto de valores, princípios e elementos que podem ser adotados pelos países para enfrentar com equidade os problemas sóciosanitáarios, e desenvolver com criatividade, relevância e contextualização, sistemas de saúde que respondam às necessidades.
Nas Américas, a enfermagem tem dedicado compromisso, inteligência e esforços para a saúde das populações, garantindo um atendimento seguro e acessível a todos. Serviços de enfermagem são necessários, mais do que nunca, para enfrentar as desigualdades, os problemas de mortalidade materna e infantil e de doenças crônicas, as imunizações, as consequências de desastres naturais e da violência, a prevenção do uso de substâncias nocivas, os problemas de saúde mental e principalmente, para gerar processos de promoção e proteção da saúde das comunidades e contribuir para o desenvolvimento de redes integradas de serviços de saúde. Portanto, o cuidado de enfermagem é necessário em todas as fases da vida - do começo ao fim.
Para atender às demandas de cuidados, a enfermagem deve estar preparada para a proposta de novos modelos de atenção a saúde, que podem contribuir para alterar o cenario dos cuidados de saúde nas Américas. A enfermagem precisa redobrar os esforços científicos, práticos, políticos e administrativos, para colocar o foco na saúde, mais que na enfermagem mesma. É um desafio para a enfermagem gerar reflexão e ação para fortalecer e expandir a sua consciência da sociedade e a adoção da sociedade como unidade de análise e objeto de cuidados;, um salto qualitativo que supõe a perspectiva científica, epidemiológica e de determinantes de saúde em cada ação.
A confiança que as nossas comunidades têm nas enfermeiras e na enfermagem é uma confiança plena de esperança e expectativa que vai além do afeto e alcança os limites da confiança na responsabilidade. É a confiança na contribuição das enfermeiras para que o sistema de saúde melhore. Da capacidade e compromisso que as enfermeiras têm de assumir a sua missão social, pode depender, em grande parte, o progresso para a renovação da APS e sua contribuição para atingir o mais alto nível possível de saúde para todos.
Neste contexto, e dirigindo o olhar da enfermagem para esse desafio, uma dimensão-chave do processo está na produção, disseminação e transferência de conhecimentos do cuidado humano; uma dimensão que é gerada por meio de pesquisas em enfermagem e a socialização de seus resultados.
Assim, tanto a promoção de políticas de investigação, como a educação continuada e a criação de espaços de diálogo entre universidades e serviços são as principais estratégias para incentivar mudanças nos serviços, a busca de soluções para problemas de saúde e para produção e acúmulo de evidências para sustentar as políticas e práticas de cuidado.
Os Coloquios Panamericanos de Investigación en Enfermería foram inaugurados em 1988 e, desde então, têm sido realizados a cada dois anos, com o apoio da Organização Pan-Americana de Saúde e do compromisso sustentado de universidades e organizações de enfermagem na América Latina; representam um espaço de articulação, sinergia e promoção da pesquisa em enfermagem e consolidam uma história de convivência acadêmica e científica entre os enfermeiros em diferentes países das Américas, para o desenvolvimento do cuidado no contexto internacional, e promover uma forte adesão a um programa de prioridades e compromissos coletivos para conhecimento em saúde.
Em 2010, na 12ª edição realizada em Florianópolis, Brasil, sob a organização e coordenação da Universidade Federal de Santa Catarina, o Coloquio Panamericano de Investigación en Enfermería aprofundou a reflexão sobre os fundamentos ontoepistemológicos do conhecimento, os desafios metodológicos e os avanços na construção de alternativas para o desenvolvimento do conhecimento em saúde, como um bem público regional e global.
Nesta edição da Revista Texto & Contexto fornecemos os avanços científicos que foram compartilhados neste espaço de convivencia científica. Uma difusão desta natureza é vital para a enfermagem, porque tão importante como a produção é a socialização do conhecimento.
A transferência de conhecimento para as práticas saúde e de enfermagem em todos os cenarios de ação, promoção de parcerias, o alinhamento do ensino e da pesquisa de enfermagem às necessidades de saúde e desenvolvimento dos povos e o estabelecimento de uma agenda estratégica conjunta para incentivar a pesquisa e promover a sua relevância social, foram os principais resultados deste encontro continental, cujos debates damos a conhecer hoje.
Silvina Malvárez
Assessora Regional de Enfermagem e Técnicos em saúde da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
02 Dez 2011 -
Data do Fascículo
2011