Resumos
O artigo trata da temática da cidade real-cidade imaginária. Argumenta que, ao refletirmos sobre a cidade, refletimos, também, sobre nós mesmos, com todos os nossos sonhos, frustrações, ansiedades e esperanças. A discussão parte de uma ciência reencantada, que aproxima as questões do cotidiano, da memória, do símbolo e do mito.
cidade; imaginário; símbolo; mito
Exploring the topic ‘actual city/imagined city’, the article argues that when we reflect on the question of city, we are also reflecting upon ourselves - including all our dreams, frustrations, anxieties, and hopes. This discussion is made possible by a science that interrelates the issues of daily life, of memory, of symbol and of myth.
city; imagination; imaginary; symbol; myth
A cidade imaginada
ou o imaginário
da cidade
The city imagined,
or the citys
imaginary
Maria Aparecida Lopes Nogueira
Antropóloga da Fundação Joaquim Nabuco e
pesquisadora da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE).
Rua d. Julieta 70 casa 2 Encruzilhada
52045-550 Recife PE Brasil
e-mail: cidanogu@hotlink.com.br
NOGUEIRA M. A. L.: A cidade imaginada ou o imaginário da cidade. História, Ciências, Saúde Manguinhos,
V (1): 115-123 mar.-jun. 1998.
O artigo trata da temática da cidade real-cidade imaginária. Argumenta que, ao refletirmos sobre a cidade, refletimos, também, sobre nós mesmos, com todos os nossos sonhos, frustrações, ansiedades e esperanças. A discussão parte de uma ciência reencantada, que aproxima as questões do cotidiano, da memória, do símbolo e do mito.
PALAVRAS-CHAVE: cidade, imaginário, símbolo, mito.
NOGUEIRA M. A. L.: The city imagined, or the citys imaginary. História, ciências, Saúde Manguinhos,
V (1): 115-123 Mar.-Jun. 1998.
Exploring the topic actual city/imagined city, the article argues that when we reflect on the question of city, we are also reflecting upon ourselves including all our dreams, frustrations, anxieties, and hopes. This discussion is made possible by a science that interrelates the issues of daily life, of memory, of symbol and of myth.
KEYWORDS: city, imagination, imaginary, symbol, myth.
11 topografia móvel, que se reconstrói no entre-cruzamento entre a nossa emoção e as ruas da cidade. Tenho em mente, portanto, um espaço qualitativo (o topos, espaço próprio do mito). Convém ressaltar que a memória é contraditória, não-racional, e envolve um universo diversificado de marcas, como mostra Montenegro (1992). Possuindo lógica desconhecida, distingue-se em dois tipos: a voluntária e a involuntária. Na primeira, os fatos vêm à tona de acordo com a vontade do indivíduo, ao passo que, na segunda, não se sabe qual estímulo desencadeia o rememorar: uma relação invisível envolve os dois tipos de memória, configurando uma dimensão não apreendida, que só reforça sua imersão no universo simbólico, cujos significados nos escapam a todo instante. Fio condutor desse trabalho, a memória é assim a responsável pela construção da cidade imaginada da qual trato. Não me importa saber se é ou não real, e considero descabido qualquer esforço no sentido de estabelecer nítida distinção entre a cidade real e a imaginada, visto que a realidade objetiva daquela nem sempre coincide com o que significa, subjetivamente, para o indivíduo. Na cidade, constrói-se uma rede infinita de relações e repre-sentações, o que torna pertinente o conceito de cultura de Muniz Sodré (1988). Tal conceito se adequa a um estudo na perspectiva da antropologia do imaginário, entendendo-se este como "vasto campo organizado de forças antagônicas" (Durand, 1988). Em seu âmbito, a memória entrecruza os pares de opostos indivíduo/sociedade, significante/significado, sujeito/objeto, objetividade/subjetividade, combinando-os segundo sua própria lógica e reordenando-os nas malhas do tempo sincronístico, mítico, arquetípico e do espaço qualitativo. O estudo da cidade imaginada é importante porque permite ampliar nossa compreensão do fenômeno urbano a partir da narrativa da memória. O narrador "aquele que descreve com a maior exatidão o extraordinário e o miraculoso" (Benjamin, 1985, p. 221) informa-nos, em última instância, qual "o processo reativo que a realidade provoca no sujeito" (Montenegro, op. cit., pp. 19-20). Tais reações interessam-nos na medida em que representam "o que está submerso no desejo e na vontade individual e coletiva". O que subjaz à cidade são nossos desejos, que logo se tornam lembranças, mas "a cidade não conta o seu passado, ela o contém" (Calvino, 1990, p. 14). Ao rememorar, o narrador revê não as coisas em si, mas significados das coisas. Ele se revisita. Às imagens que vêm à tona corresponde um olhar a percorrer ruas, becos, calçadas, pessoas, brigas, amores, família, patrão, trabalho... A cidade é um livro-texto que se deixa desnudar pelo narrador. Este, ao mesmo tempo que olha, conta-lhe segredos, repete discursos. É impossível apreender em sua totalidade esse universo infinito de símbolos que envolve a cidade, pois cada um de nós estabelece relações próprias com o lugar, descreve com ele uma trajetória sempre singular. O que se pode compreender são representações individuais e coletivas plasmadas em conteúdos simbólicos gerais. Afinal de contas, "a cidade é redundante: repete-se para fixar alguma imagem na mente ..., a memória é redundante: repete os símbolos para que a cidade comece a existir" (idem, ibidem, p. 23). Decifrar símbolos é tarefa incerta, pois a todo instante são colecionados novos sentidos. Sempre existe algo a descobrir: "Agora, desse passado real ou hipotético, ele está excluído; não pode parar; deve prosseguir até uma outra cidade em que outro passado aguarda por ele, ou algo que talvez fosse um possível futuro e que agora é o presente de outra pessoa" (idem, ibidem, p. 29). A cidade carrega consigo algo de grandioso, porque é aquilo que ela de fato se tornou que proporciona a magia atrativa da recordação, assim como a possibilidade de imprimir as marcas do que não-é na alma de seus habitantes. Em todas as épocas, vão imaginar o que seria dela e deles mesmos caso não tivesse se tornado a cidade real. Cada um constrói, então, sua cidade imaginada, sua cidade ideal, e dentro dela as relações dão conta de todos os desejos. Podemos supor que há as que dão forma aos desejos, e outras, que são engolidas por eles. Os desejos são os dínamos da cidade, viabilizando a transformação das lembranças no âmago de novas relações com os fatos. Ao descrever a cidade, o narrador percorre-a inteira com o pensamento, não se perde, e tem a sensação exata do vazio que envolve o espaço percorrido, vazio inexprimível por palavras. Daí a necessidade de metáforas para aludir ao que só o coração revisita. Das relações, das pessoas, o que se obtém é o que o olhar do narrador capta. Ele propicia os encontros e desencontros com pessoas e acontecimentos de um tempo dado. É desse modo que Baudelaire (1989) nos fala através da figura tão bem qualificada por Benjamin (1985): o flâneur. Este estabelece com a cidade outro nível de relação, uma cumplicidade que decorre do ritmo próprio com que a percorre, e dos olhos poéticos com que perscruta a alma de seus habitantes. A cidade contém os segredos deles. Por isso, não convém confundi-la com a descrição de quem a narra: ela não se deixa apreender por um só discurso. Os deuses e mitos que a guardam tornam-na ambigua e milagrosa, e muito maior que a construção de um modelo. A cidade extrapola a ânsia de ser verossímil. As relações intricadas que agasalha são um convite permanente ao mergulho. Não se pode compreender o homem da cidade fora dessa rede que o engole e embala, que se inventa na mente a partir de detalhes, caminhos de cidades já vistas e de outras, nunca visitadas. Todas as imagens construídas estão presentes na própria história de vida do narrador. Suas dúvidas, respostas, alegrias, seus anseios e seu futuro é que possibilitam a cidade imaginada. A viagem que faz por ela através da memória transcende espaço e tempo convencionais, e ativa, a um só tempo, indivíduo e multidão, sendo esta a origem de seu transtorno ou, ao contrário, o seu refúgio (Benjamin, 1985). Visitar a cidade através da memória é visitá-la com paixão para o instante-já; é conservá-la singular da única forma possível, dentro do coração, sem visualizar a ordem subjacente ao resgate. Mas quem ouve/lê a narrativa "retém somente as palavras que deseja (pois) ... quem comanda a narração não é a voz: é o ouvido" (Calvino, 1990, p. 123). Para Recket (1989, pp. 11, 13) o imaginário da cidade é "um conjunto de imagens que a significam, ou que ela por sua vez significa". Entre os significados, ressalta o autor o de mãe: "as estruturas mais primitivas casa, celeiro, pombal, o cercado que as rodeia até o túmulo eram maternalmente redondas e aconchegantes". Não por acaso a cidade imaginada de Platão era circular. A própria Bíblia designa-a como recinto familiar protegido por cerca. Encontramos novamente o arquétipo do círculo na etimologia indo-européia, onde um conceito abstrato figura a cidade enquanto comunidade de habitantes. A identificação da maternidade, do feminino, com a cidade encontra-se em Calvino (op. cit.). Todas têm nome de mulher. Metaforicamente, a cidade é personificada como mãe-pátria. O psicanalista Carl G. Jung (1981) também a associa ora à mãe, ora à filha. Imagens similares freqüentam os poemas do pernambucano João Cabral de Melo Neto (1968). Outro conjunto de símbolos leva a perceber a cidade à luz da dicotomia paraíso/inferno. A saudade, a distância da terra trazem à memória o paraíso, enquanto o inferno pode ser apreendido no passado recente. Por exemplo, na Paris onde escreveu Baudelaire (1989), que o oprime e que, pouco a pouco, transfigura a paisagem de "sua" Paris. A idealização do passado é tema marcante nas narrativas sobre a cidade. Acrescenta-se a esta a utopia do futuro (cidade celeste) e a do presente, encontrada em Fernando Pessoa (1971), que se vê "com saudades dele/já ao vivê-lo". A utopia do passado revela "uma metáfora da perda íntima e irrecuperável sofrida por quem a lamenta, e causada pela mudança que o tempo operou tanto nele como no ... tal centro perdido, o qual não era menos um tempo o da juventude do que um espaço" (Recket, 1989, pp. 20-1). Lembremos da "topografia móvel" de W. Bollie:1 esse é o topos mítico, silencioso, poético, subjetivo, o tempo todo reencontrado na narrativa. "Voltar ao passado/sem tempo de manteiga nos dentes", deseja Fernando Pessoa (1971). Já a utopia do futuro envolve uma viagem de religação com o centro perdido. É o caráter sagrado da cidade que se tenta recuperar, literal e fisicamente. Quer-se de volta o "umbigo do mundo", o lugar de Deus. No presente, a cidade situa-se num continuum espaço-tempo em eterno movimento, um "sonho feliz de cidade ... (onde) Narciso acha feio o que não é espelho" (Caetano Veloso, Sampa). Projetaram-se utopias desde sempre: da cidade de Platão, passando pelas de Gulliver, até a Brasília de Niemeyer e aquela imaginada por Philip K. Dick em Blade Runner. É na utopia do futuro que se apreende o mito da decadência e destruição, cujo ápice seria o fim da civilização ocidental e o começo de um novo tempo, uma nova civilização, através do restabelecimento do laço com o sagrado. Para Calvino (1990, p. 48), a cidade é uma metáfora da linguagem, pois "os símbolos formam uma língua, mas não aquela que você imagina conhecer ..., não existe linguagem sem engano". Ora, se a cidade é uma linguagem, e se quase todas as cidades ideais são metáforas de mulheres, podemos pensar que as mulheres são linguagens, "as mulheres particulares, que a preenchem de figura e de forma, como textos ou signos: cada uma com a sua mensagem única e intraduzível, o seu discurso individual, o seu secreto significado". Podemos ir além nessas conjecturas, dizendo que a cidade é ainda mais insondável e imprevisível que a linguagem e a mulher, visto que é anterior tanto "à diferenciação dos signos como à dos sexos" (Recket, 1989, p. 27). O imaginário da cidade remete-nos à "nostalgia do paraíso", de que M. Eliade (1964) nos fala. Remete-nos à busca incessante do divino, atualizando o símbolo que "se revela como a melhor forma de se comunicar com os mistérios", já que a palavra, em sua lineari-dade, não dá acesso a eles (Lucas, M. Clara de A., 1989, p. 79). O paraíso é inatingível, é o centro, o ponto de partida do mundo. E o centro é uma construção arquetípica. Seu simbolismo reúne noções que vão desde a união entre céu e terra, o espaço de criação do mundo, até a fonte de vida. Portanto, quando repetimos um gesto arquetípico, "vivemos um presente mítico, situado num tempo sagrado anti-histórico" (idem, p. 95). Lembremos do tempo junguiano associado à memória: o narrador revive um gesto arquetípico ao revisitar suas lembranças, e este momento é presente, eterno. Na realidade, o narrador vivencia um tempo mágico-religioso através da utopia da cidade. Dessa forma, o presente torna-se o instante em que o discurso é pronunciado, e o ouvinte/leitor se transporta, também, para a cidade imaginada, viajando por esse presente fora do tempo cronológico. Tal discurso/narrativa envolve uma outra lógica, e é fundamentalmente simbólico, porquanto estrutura um conjunto de arquétipos, manifesta certo processo de aquisição de conhecimento. A cidade imaginada "não seria uma encarnação do desejo do homem, mas ela própria ... seria o desejo" (idem, ibidem, p. 102). Isso gera imaginários de várias ordens, e eles apenas se deixam tocar pela emoção que corrompe a narrativa. Nessa linha, o que o narrador nos dá é uma cidade de origens e atributos míticos, consubstanciada na imagem da mãe, objeto de desejo e de satisfação de desejo. A cidade está fadada à destruição, pela exacerbação do princípio feminino que consegue sobrepor o instinto e a sensualidade à razão, o excesso à medida, o ócio ao trabalho. Essa ordem, tida como desordem em nossa civilização, permite o nascimento de uma cidade nova, voltada para o sagrado, repetindo o gesto arquetípico da criação do mundo. Mas não nos esqueçamos de que "a imagem é um modelo da realidade ... o que é imaginável é também possível" (Wittgenstein, 1963, pp. 16 e 19). Portanto, a utopia que envolve a cidade percorre um círculo incessante que supõe sonho e realidade. Corresponde a um imaginário singular próprio da narrativa, que se alimenta das visões do narrador e as alimenta ao mesmo tempo. A cidade ultrapassa a dicotomia natureza-cultura e se nos apresenta como "natureza naturante, que ... se liga não à paisagem arquitetônica, mas a um dinamismo de forças" que reflete "a presença dos conflitos humanos" (Mendes, 1989, pp. 306-7). Os versos de Fernando Pessoa (1971) deixam transparecer essa complexidade de relações e conflitos: "Recluso/Num desejo de não ser recluso,/Escuto ansiosamente os ruídos da rua." Tal vivência ambivalente da cidade lá fora/cá dentro corresponde ao paradoxo inerente à relação eu/cidade. É necessário o entrecruzamento dos elementos opostos para que seja superado, no decurso da busca incessante do sentido da existência. O paradoxo implica a idéia de uma cidade inatingível, contraponto necessário à cidade imaginada. É na verdade seu impulso criador: "a cidade imagina-se e alimenta-se do real, realizando e construindo imaginário" (Fernandes, e Dias, 1989, p. 358). O imaginário liberta-se. A cidade passa a ser reconhecida por sua imagem, pelos sentidos e desejos que insufla. Lembro de Brasília, a cidade funcionalizada que funcionalizou o homem dentro dela: "as cidades-satélite: planejadas segundo o imaginário da função (da sua função) não têm lugar para o homem fora dessa função" (Pimenta, 1989, p. 415). A concepção estática de cidade é superada no instante em que seu imaginário se liberta e poematiza. Agora, ela é cenário e personagem de vivências e situações, é paisagem e abrigo. Passa a jogar o esconde-esconde, mostra-se labirinto a ser percorrido pelo homem-minotauro. O desejo do narrador/homem/minotauro é capturar a cidade, apreendê-la, descrevê-la. Mas, repetimos, a cidade não se reduz ao discurso. Não há uma idéia verdadeira de cidade, pois toda imagem urbana está carregada de emoções e visões de mundo. Isso a torna inevitavelmente plural. Nessa perspectiva, a tarefa do leitor/ouvinte não é tentar descobrir a cidade, e sim, compreendê-la como o narrador compreende, pois, afinal, "o catálogo de formas é interminável: enquanto cada forma não encontra a sua cidade, novas cidades continuarão a surgir" (Calvino, 1990, p. 126). O trajeto que percorremos juntos, leitor-ouvinte/narrador, insere-se num universo simbólico onde revelar a cidade é vê-la pelo avesso. Tal estudo nos encaminha para um repertório infinito de imagens onde "o irreal ou o sobre-real se desvendam e assumem estruturas explícitas possíveis de experimentação e de conceituação" (Durand, 1989b, p. 51). Em última instância, podemos afirmar que o estudo da cidade-símbolo/cidade-mito é o estudo da metáfora da profundidade. "As cidades ... vêm captar e por assim dizer identificar na memória do grupo, a pulsão dos arquétipos. A cidade concreta vem modelar o desejo da cidade ideal, porque uma utopia jamais está isenta do seu nível sócio-histórico" (idem, ibidem, p. 55). Conferência proferida na 45a Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência (SBPC), Recife, 12 a 16 de julho de l993.
É uma cidade igual a um sonho: tudo o que pode ser imaginado pode ser sonhado, mas mesmo o mais inesperado dos sonhos é um quebra-cabeça que esconde um desejo, ou então o seu oposto, um medo. As cidades, como os sonhos, são construídas por desejos e medos, ainda que o fio condutor de seu discurso seja secreto, que as suas regras sejam absurdas, as suas perspectivas enganosas e que todas as coisas escondam uma outra coisa.
Ítalo Calvino
A cidade de que pretendo falar é um símbolo. É a cidade ambígua, desenhada pelas marcas da memória individual/coletiva. É a cidade do nosso desejo, espelho de nossas paixões, experiências e expectativas. Nesse sentido, está presente em nossa memória sob a forma de marcas profundas. O conceito de memória que adoto está calcado na psicanálise e tem relação direta com a fantasia (Bezerra de Menezes, 1991). É inventada e reinventada, construída e reconstruída a partir do laço estabelecido com o acontecimento, que muda constantemente, arrastando nessa mudança o seu significado.
Na memória superpõem-se presente, passado e futuro. Nela flui não mais o tempo linear encontrado em Freud, mas um tempo a-causal, sincronístico, junguiano, o Kairos, tempo próprio do mito, tão bem colocado por Calvino (1990, p. 29): "Você viaja para reencontrar o seu futuro?", ou mesmo, na referência a "saudades do futuro" dos físicos modernos (Capra, 1983). Pois a memória não tem margens nem limites, é solta, atrela-se apenas ao desejo. Se fixarmos suas margens com palavras, elas cancelam-se.
Recebido para publicação em maio de 1998 .
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
10 Abr 2006 -
Data do Fascículo
Jun 1998