Acessibilidade / Reportar erro

Urbanidade e mortalidade por cânceres selecionados em capitais brasileiras, 1980-2009

Urbanity and mortality by selected cancers in Brazilian capitals, 1980-2009

Resumos

O grau de urbanização de cada estado interfere no prognóstico do câncer, já que, quanto mais urbanizado o espaço, maior o acesso à saúde. O objetivo deste estudo é analisar a tendência de mortalidade por câncer de mama, próstata e colo de útero por locais selecionados, de acordo com o grau de urbanização, no período de 1980 e 2009. Para tanto, foram calculadas as taxas de mortalidade, padronizadas para a população mundial, por câncer de mama, próstata e colo de útero para os estados brasileiros selecionados por meio do grau de urbanização e suas respectivas capitais nos anos estudados. Não houve diferença quanto à evolução da taxa de mortalidade para câncer de mama e próstata entre os estados e capitais mais urbanizados e os menos urbanizados, pois em ambos foi crescente. Nos estados mais urbanizados a taxa média foi maior do que nos menos urbanizados, indicando maior número de óbitos nestas regiões, e relação inversa foi observada para o câncer do colo de útero. Observa-se que o aumento gradativo dessa taxa reforça a necessidade de ações específicas, como as previstas no Pacto pela Vida, e agrega informações peculiaridades acerca da organização da dinâmica de diagnóstico e tratamento do câncer no país.

neoplasias da mama; neoplasias da próstata; neoplasias do colo de útero; epidemiologia; estudos de séries temporais


The degree of urbanization in each state interferes in cancer prognosis, since the more urbanized space, greater access to health care. The objective of this study is to analyze trends in mortality from breast cancer, prostate and cervix for selected locations, according to the degree of urbanization between 1980 and 2009. Therefore, we calculated mortality rates, standardized to the world population, breast cancer, prostate and cervix for the Brazilian states selected by the degree of urbanization and their respective capitals in the years studied. There was no difference in the evolution of mortality rates for breast cancer and prostate cancer among the states and capitals more urbanized and less urbanized, because in both cases was increasing. In the more urbanized, the average rate was higher than in less urbanized, indicating greater number of deaths in these regions, and an inverse relationship was observed for cancer of the cervix. It is observed that the gradual increase in this rate increases the need for specific actions such as those contained in the Pact for Life, and adds information about the peculiarities of the dynamics of organizational diagnosis and treatment of cancer in the country.

breast neoplasms; prostatic neoplasms; uterine cervical neoplasms; epidemiology; time series studies


  • 1
    Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2010: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro; 2009.
  • 2
    Lorenzato F, Singer A, Mould T, Santos LC, Maia A, Cariri L. Cervical cancer detection by hybrid capture and evaluation of local risk factors. Int J Gynecol Obstet. 2001;73(1):41-6.
  • 3
    Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Programa Nacional de Controle do Câncer de Mama [Internet]. [cited 2012 Jan 11]. Available from: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/programa_controle_cancer_mama/
  • 4
    Brasil. Ministério da Saúde. Pacto Pela Vida 1ª Versão [Internet]. [cited 2012 Jan 23]. Available from: http://dtr2001.saude.gov.br/editora/produtos/livros/pdf/06_0257_M.pdf
  • 5
    Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (princípios e diretrizes) [Internet]. [cited 2011 Nov 29]. Available from: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/politica_nacional_atencao_integral.pdf
  • 6
    Zapponi ALB, Melo ECP. Distribuição da mortalidade por câncer de mama e de colo de útero segundo regiões brasileiras. Rev Enferm UERJ. 2010;18(4):628-31.
  • 7
     Vettore M, Lamarca G. O câncer de mama no Brasil: um problema de saúde pública que exige superação de barreiras físicas, sociais, econômicas e psicológicas [Internet]. [cited 2012 Jan 11]. Available from: http://cmdss2011.org/site/2011/12/o-cancer-de-mama-no-brasil-um-problema-de-saude-publica-que-exige-superacao-de-barreiras-fisicas-sociais-economicas-e-psicologicas/
  • 8
    Oliveira EXG de, Melo ECP, Pinheiro RS, Noronha CP, Carvalho MS. Acesso à assistência oncológica: mapeamento dos fluxos origem-destino das internações e dos atendimentos ambulatoriais. O caso do câncer de mama. Cad Saúde Pública. 2011;27(2):317-26.
  • 9
    Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde [Internet]. [cited 2011 Nov 29]. Available from: http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php
  • 10
    Organização Mundial da Saúde. CID-10: classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde. São Paulo: Edusp; 1996.
  • 11
    Latorre MRDO, Cardoso MRA. Análise de séries temporais em epidemiologia: uma introdução sobre os aspectos metodológicos. Rev Bras Epidemiol. 2001;4(3):145-52.
  • 12
    Lodha RS, Nandeshwar S, Pal DK, Shrivastav A, Lodha KM, Bhagat VK, Bankwar VV, Nandeshwar S, Saxena DM. Risk factors for breast cancer among women in Bhopal urban agglomerate: a case-control study. Asian Pac J Cancer Prev. 2011;12(8):2111-5.
  • 13
    Baade PD, Turrell G, Aitken JF. Geographic remoteness, area-level socio-economic disadvantage and advanced breast cancer: a cross-sectional, multilevel study. J Epidemiol Community Health. 2011;65(11):1037-43.
  • 14
    Martinez SR, Tseng WH, Shah DR, Canter RJ, Bold RJ. Urban and non-urban disparities in the use of post-mastectomy radiation for breast cancer. Med Oncol. 2012;29(3):1523-8.
  • 15
    Hall SA, Kaufman JS, Millikan RC, Ricketts TC, Herman D, Savitz DA. Urbanization and breast cancer incidence in North Carolina, 1995-1999. Ann Epidemiol. 2005;15(10):796-803.
  • 16
    Colli J, Sartor O, Thomas R, Lee BR. Does urological cancer mortality increase with low population density of physicians? J Urol.2011;186(6):2342-6.
  • 17
    Dey S, Zhang Z, Hablas A, Seifeldein IA, Ramadan M, El-Hamzawy H, Soliman AS. Geographic patterns of cancer in the population-based registry of Egypt: possible links to environmental exposures. Cancer Epidemiol. 2011;35(3):254-64.
  • 18
    McLafferty S, Wang F. Rural reversal? Rural-urban disparities in late-stage cancer risk in Illinois. Cancer. 2009;115(12):2755-64.
  • 19
    Li X, Sundquist K, Sundquist J. Neighborhood deprivation and prostate cancer mortality: a multilevel analysis from Sweden. Prostate Cancer Prostatic Dis. 2012;15(2):128-34.
  • 20
    Doorenbos AZ, Jacobsen C, Corpuz R, Forquera R, Bunchwald D. A randomized controlled calendar mail-out to increase cancer screening among urban American Indian and Alaska Native patients. J Cancer Educ. 2011;26(3):549-54.
  • 21
    Hayen A, Smith DP, Patel MI, O'Connell DL. Patterns of surgical care for prostate cancer in NSW, 1993-2002: rural/urban and socio-economic variation. Aust N Z J Public Health. 2008;32(5):417-20.
  • 22
    Singh GK. Rural-urban trends and patterns in cervical cancer mortality, incidence, stage, and survival in the United States, 1950-2008. J Community Health. 2012;37(1):217-23.
  • 23
    Junior ACS, Rêgo MAV. Tendência da mortalidade por câncer de colo do útero em Salvador e no estado da Bahia, Brasil, de 1980 a 2007. Revista Baiana de Saúde Pública; 35(3):722-33.
  • 24
    Rodrigues AD, Teixeira MTB. Mortalidade por câncer de mama e câncer de colo do útero em município de porte médio da Região Sudeste do Brasil, 1980-2006. Cad Saúde Pública. 2011;27(2):241-8.
  • 25
    Gamarra CJ, Valente JG, Silva GA. Magnitude da mortalidade por câncer do colo do útero na Região Nordeste do Brasil e fatores socioeconômicos. Rev Panam Salud Publica. 2010;28(2):100-6.
  • 26
    Müller EV, Biazevic MGH, Antunes JLF, Crosato EM. Tendência e diferenciais socioeconômicos da mortalidade por câncer de colo de útero no Estado do Paraná (Brasil), 1980-2000. Ciênc Saúde Coletiva. 2011:16(5):2495-500.
  • 27
    Parada R, Assis M, Silva RCF, Abreu MF, Silva MAF, Dias MBK, Tomazelli JG. A Política Nacional de Atenção Oncológica e o papel da atenção básica na prevenção e controle do câncer. Rev APS. 2008:11(2):199-206.
  • 28
    Lofters AK, Moineddin R, Hwang SW, Glazier RH. Low rates of cervical cancer screening among urban immigrants: a population-based study in Ontario, Canada. Med Care. 2010;48(7):611-8.
  • 29
    Instituto Nacional do Câncer. Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero e de Mama – Viva Mulher. Prevenção e Detecção [Internet]. [cited 2010 Nov. 26]. Available from:  http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/programa_nacional_controle_cancer_colo_utero
  • 30
    Bojar I, Bilinski P, Boyle P, Zatonski W, Marcinkowski JT, Wojtyla A. Prevention of female reproductive system cancer among rural and urban Polish pregnant women. Ann Agric Environ Med. 2011;18(1):183-8.
  • 31
    Tran NT, Choe SI, Taylor R, Ko WS, Pyo HS, So HC. Knowledge, attitude and practice (KAP) concerning cervical cancer and screening among rural and urban women in six provinces of the Democratic People's Republic of Korea. Asian Pac J Cancer Prev. 2011;12(11):3029-33.
  • 32
    Natunen K, Lehtinen J, Namujju P, Sellors J, Lehtinen M. Aspects of prophylactic vaccination against cervical cancer and other human papillomavirus-related cancers in developing countries. Infect Dis Obstet Gynecol. 2011. Epub 2011 Jul 19.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Ago 2013
  • Data do Fascículo
    Mar 2013

Histórico

  • Recebido
    08 Maio 2012
  • Aceito
    19 Set 2012
Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro Avenida Horácio Macedo, S/N, CEP: 21941-598, Tel.: (55 21) 3938 9494 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: cadernos@iesc.ufrj.br