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Negócios com Japão, Coréia do Sul e China: economia, gestão e relações com o Brasil

RESENHAS BIBLIOGRÁFICAS

Jean Barros e Silva

(UnB)

NEGÓCIOS COM JAPÃO, CORÉIA DO SUL E CHINA: ECONOMIA, GESTÃO E RELAÇÕES COM O BRASIL.Gilmar Masiero. São Paulo: Saraiva, 2007. 356 p. ISBN 978-85-02-06452-2.

Gilmar Masiero realizou programas de pós-doutorado na Harvard University, no David Rockefeller Center for Latin American Studies e na UNICAMP, no Centro de Estudos das Relações Internacionais. Foi pesquisador visitante no Korean Institute of International Economic Policy, Seul; no Center for Iberian and Latin American Studies, University of California, San Diego e no Institute of Developing Economies, Tóquio. É atualmente professor de Administração de Empresas no Departamento de Administração da Universidade de Brasília (UnB).

Como o Brasil se deve colocar para aprimorar sua relação comercial com os países asiáticos estudados é a proposição central de Masiero. Não apresenta, porém, fórmulas para isso, apenas esclarece, para cada país, a dinâmica econômica, como é realizada a gestão de suas empresas e o desenvolvimento de suas relações comerciais com o Brasil durante o século XX e começo do XXI. Desta forma, mostra ao leitor as estruturas socioculturais (atitudes humanas, valores, moral e ética) de Japão, Coréia do Sul e China e estas contrastadas com as do Ocidente, destacando os diferenciais benéficos dos orientais. Discorre também acerca do relacionamento diplomático e do comércio e investimento entre o Brasil e estas economias do Leste Asiático. Com tudo isso, visa ampliar a comunicação entre economistas, administradores, empresários, consultores e demais profissionais a respeito de desenvolvimento econômico, ganhos de produtividade contínuos, eficácia empresarial e competitividade.

O livro não se concentra apenas em estatísticas econômicas, explicita também os aspectos sociais, culturais e demográficos dessas sociedades asiáticas, com ênfase nos séculos XX e XXI. Comenta a reestruturação dos zaibatsus em keiretsus no Japão, grandes grupos caracterizados pelo controle familiar centralizado das atividades industriais. No Japão o desenvolvimento foi apoiado por características como o comunitarismo, a consciência de obrigações, o holismo e um Estado forte e ativo, em contraposição com a postura de individualismo e liberalismo ocidentais. Discorre sobre o desenvolvimento dos grandes conglomerados coreanos (chaebols), apoiados por estreita relação com o governo, um grande mercado consumidor de seus produtos (principalmente pela colaboração norte-americana), colaboração do Japão pela transferência de tecnologia e uma sociedade empreendedora. A estrutura de poder político na China e as reformas chinesas pós-1978 impulsionaram a economia de mercado e o aparecimento das Township and Village Enterprises [TVEs]. Os chineses também buscaram fortes ligações com o capital estrangeiro por meio de joint ventures.

Negócios com Japão, Coréia do Sul e China é dividido em oito capítulos. O primeiro foca o desenvolvimento industrial japonês, com destaque para os contextos culturais, ideológicos e a busca de um modelo de desenvolvimento. O segundo denota as características estruturais da economia sul-coreana, organizada principalmente por meio dos planos qüinqüenais de desenvolvimento econômico e reformas a partir da crise financeira de 1997. O terceiro traz uma visão geral do desenvolvimento econômico chinês com enfoque nas reformas pós-1978 e estratégias de desenvolvimento de longo prazo. O quarto capítulo discute as características do sistema gerencial japonês tanto em aspectos administrativos, como estratégicos e organizacionais. O destaque nesse capítulo está na administração de tipo orgânica japonesa (em contraposição a de tipo sistêmica americana) e a filosofia produtiva do sistema just-in-time. O quinto capítulo descreve a administração coreana baseada na educação como prioridade, trabalho árduo, disciplina e a grande diversificação de áreas de atuação dos grandes conglomerados (chaebols). O sexto centra-se na análise das empresas de vilas e distritos (TVEs), desde suas origens, relação de propriedade das TVEs, como absorvem mão-de-obra e contribuições nas exportações chinesas. As relações diplomáticas entre o Brasil e os países asiáticos são mostradas no capítulo sete, relacionando cada nação com relação ao Brasil e também este relacionado ao Leste Asiático como um todo. O último capítulo trata das relações comerciais e investimentos asiáticos no Brasil. Esta divisão em capítulos da obra permite um estudo focado em determinado país asiático, caso seja desejável.

A obra é repleta de gráficos estatísticos, mapas, tabelas, figuras e quadros de exemplo. Estes últimos são particularmente importantes e numerosos, permitindo ao leitor no mesmo tempo em que adquire o conhecimento teórico, ter a visão de um exemplo do mundo real.

Uma observação merece destaque aqui. O livro apresenta citações de outros autores no texto da obra, em notas de rodapé, o que não é prática comum em livros acadêmicos em geral. Porém é de grande valia ao pesquisador que, por meio destas citações, pode organizar, de forma mais eficiente e direcionada, uma bibliografia para um estudo específico pretendido.

O livro é recomendado para estudantes dos cursos de Administração de Empresas, Economia, Relações Internacionais e áreas afins, profissionais que tenham interesse em fazer negócios com Japão, Coréia do Sul e China.

Um trabalho fecundo, que tece perspectivas para as tendências prováveis de desenvolvimento das grandes corporações e de sistemas educacionais mais direcionados a atender às suas necessidades cada vez mais dinâmicas (na expectativa de correspondente melhora no desenvolvimento social). Revela um panorama de ampliação comercial através negociações e acordos entre blocos, de maior integração e cooperação regional na Ásia. E é nesse ambiente que emerge a possibilidade de mais parcerias e acordos de cooperação entre o Brasil e esses países asiáticos. O melhor conhecimento recíproco permitirá uma melhora contínua dos negócios e dos sistemas administrativos. Para o Brasil seria muito enriquecedora a possibilidade de adaptar o conhecimento e filosofia orientais às realidades nacionais e regionais, de forma a conseguir assimilar as tecnologias externas para inovar a partir delas, para ser mais competitivo.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Maio 2009
  • Data do Fascículo
    Jun 2009
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