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Composição corporal e exigências de macroelementos minerais (Ca, P, Mg, Na e K) de bovinos não-castrados de quatro raças Zebuínas

Body composition and macrominerals (Ca, P, Mg, Na and K) requirements of bulls, from four Zebu breeds

Resumos

A composição corporal e as exigências de macroelementos minerais (Ca, P, Mg, Na e K) para ganho de peso de bovinos de quatro raças zebuínas (Gir, Guzerá, Mocho-Tabapuã e Nelore) foram estimadas com 63 animais não-castrados, com idade média de 24 meses e 366 kg de PVinicial. Dezesseis animais das raças Gir, Guzerá e Mocho-Tabapuã e 15 da raça Nelore foram usados. Quinze animais, quatro das raças Gir, Guzerá e Mocho-Tabapuã e três da Nelore, foram abatidos ao início do estudo e os demais, distribuídos em três grupos, com três animais de cada raça e alimentados individualmente, ad libitum, com ração contendo 50% de concentrado na matéria seca, até atingirem peso de abate de 405, 450 e 500 kg, respectivamente. Equações de regressão do logaritmo do conteúdo corporal de macroelementos minerais, em função do logaritmo do corpo vazio (PCV), foram ajustadas para estimar os composição corporal dos constituintes para qualquer PCV, dentro do intervalo incluído na pesquisa (250 a 450kg). Pela derivação destas equações, a composição do ganho de PCV foi obtida. Animais das quatro raças não diferiram quanto à composição corporal de macroelementos minerais e às exigências líquidas para ganho de peso. Houve decréscimo na concentração dos cinco macroelementos no PCV e no peso ganho, com a elevação do PCV. As exigências líquidas estimadas para ganho de PCV, para os cinco macrominerais, foram inferiores aos valores fixos sugeridos pelo ARC (1980). Os requerimentos líquidos estimados de Ca e P para ganho de peso de um bovino não-castrado de 400 kg PV foram 16 e 24% inferiores, respectivamente, aos propostos pelo AFRC (1991).

macroelementos minerais; exigências; raças zebuínas


The body composition and macrominerals requirements for weight gain of four Zebu breeds (Gyr, Guzera, Mocho-Tabapuã and Nellore) were estimated using 63 bulls averaging 24 months of age and 366 kg initial LW. Sixteen animals from Gir, Guzera e Mocho-Tabapuã breeds and 15 from Nellore breed. Fifteen animals, four animals from Gyr, Guzera and Mocho-Tabapuã breeds and three from Nellore breed, were slaughtered at the beginning of the trial. The remaining animals were distributed into three groups, containing three animals from each breed, which were individually fed a diet containing 50% concentrate as dry matter base, to reach the target live weight of 405, 450 and 500 kg, respectively. Regression of the log the of body composition of macrominerals, on the log of empty body weight (EBW), was fitted to estimate the total body composition of those constituents for any EBW inside the range included in this research (250 to 450 kg). By derivation of those regression, the composition of gain was rejusted. The animals from the four breeds did not differ regarding to body composition of macroelements minerals, as for the net requirements for weight gain. There were decreases in the concentration of the five macrominerals in the EBW and in the weight gain, as the EBW increased. The estimated net requirements for EBW gain, for the five macrominerals were lower as compared to the fixed values suggested by ARC (1980). The estimated Ca and P net requirements for weight gain of a 400 kg LW bulls were 16 and 24% lower, respectively, to the proposed by the AFRC (1991).

macrominerals; requirements; Zebu breeds


Composição corporal e exigências de macroelementos minerais (Ca, P, Mg, Na e K) de bovinos n ão-castrados de quatro raças zebuínas* * Parte da Tese apresentada pelo primeiro autor à UFV para obtenção do título de "Doctor Scientiae". Trabalho realizado na UFV em colaboração com a EPAMIG e FAPEMIG.

Body composition and macrominerals (Ca, P, Mg, Na and K) requirements of bulls, from four zebu breeds

Mário Fonseca PaulinoI; Carlos Augusto de Alencar FontesII; André Mendes JorgeIII; Augusto César de QueirozI; José Fernando Coelho da SilvaII; Paulo Gomes JúniorIV

IProfessor da UFV. Bolsista do CNPq

IIProfessor Titular - UENF - LZNA/CCTA, Campos, RJ

IIIPesquisador Científico do Instituto de Zootecnia. EEZ-VR

IVEstudante de Mestrado da UFV

RESUMO

A composição corporal e as exigências de macroelementos minerais (Ca, P, Mg, Na e K) para ganho de peso de bovinos de quatro raças zebuínas (Gir, Guzerá, Mocho-Tabapuã e Nelore) foram estimadas com 63 animais não-castrados, com idade média de 24 meses e 366 kg de PVinicial. Dezesseis animais das raças Gir, Guzerá e Mocho-Tabapuã e 15 da raça Nelore foram usados. Quinze animais, quatro das raças Gir, Guzerá e Mocho-Tabapuã e três da Nelore, foram abatidos ao início do estudo e os demais, distribuídos em três grupos, com três animais de cada raça e alimentados individualmente, ad libitum, com ração contendo 50% de concentrado na matéria seca, até atingirem peso de abate de 405, 450 e 500 kg, respectivamente. Equações de regressão do logaritmo do conteúdo corporal de macroelementos minerais, em função do logaritmo do corpo vazio (PCV), foram ajustadas para estimar os composição corporal dos constituintes para qualquer PCV, dentro do intervalo incluído na pesquisa (250 a 450kg). Pela derivação destas equações, a composição do ganho de PCV foi obtida. Animais das quatro raças não diferiram quanto à composição corporal de macroelementos minerais e às exigências líquidas para ganho de peso. Houve decréscimo na concentração dos cinco macroelementos no PCV e no peso ganho, com a elevação do PCV. As exigências líquidas estimadas para ganho de PCV, para os cinco macrominerais, foram inferiores aos valores fixos sugeridos pelo ARC (1980). Os requerimentos líquidos estimados de Ca e P para ganho de peso de um bovino não-castrado de 400 kg PV foram 16 e 24% inferiores, respectivamente, aos propostos pelo AFRC (1991).

Palavras-chave: macroelementos minerais, exigências, raças zebuínas

ABSTRACT

The body composition and macrominerals requirements for weight gain of four Zebu breeds (Gyr, Guzera, Mocho-Tabapuã and Nellore) were estimated using 63 bulls averaging 24 months of age and 366 kg initial LW. Sixteen animals from Gir, Guzera e Mocho-Tabapuã breeds and 15 from Nellore breed. Fifteen animals, four animals from Gyr, Guzera and Mocho-Tabapuã breeds and three from Nellore breed, were slaughtered at the beginning of the trial. The remaining animals were distributed into three groups, containing three animals from each breed, which were individually fed a diet containing 50% concentrate as dry matter base, to reach the target live weight of 405, 450 and 500 kg, respectively. Regression of the log the of body composition of macrominerals, on the log of empty body weight (EBW), was fitted to estimate the total body composition of those constituents for any EBW inside the range included in this research (250 to 450 kg). By derivation of those regression, the composition of gain was rejusted. The animals from the four breeds did not differ regarding to body composition of macroelements minerals, as for the net requirements for weight gain. There were decreases in the concentration of the five macrominerals in the EBW and in the weight gain, as the EBW increased. The estimated net requirements for EBW gain, for the five macrominerals were lower as compared to the fixed values suggested by ARC (1980). The estimated Ca and P net requirements for weight gain of a 400 kg LW bulls were 16 and 24% lower, respectively, to the proposed by the AFRC (1991).

Key Words: macrominerals, requirements, Zebu breeds

Introdução

Os minerais são participantes ativos nas reações enzimáticas, têm especificidade de funções e são críticos para a vida (KINCAID, 1988), constituindo cerca de 5% do peso vivo do animal.

UNDERWOOD (1981) afirma que os requerimentos minerais são influenciados pela espécie ou raça do animal, a intensidade ou taxa de produção possibilitada pelos outros aspectos da dieta, ou o ambiente, e pelo critério de adequação empregado.

Muitos fatores influenciam o requerimento de minerais, incluindo natureza e nível de produção, idade, nível e forma química do elemento nos ingredientes da dieta, inter-relações com outros nutrientes, raça e adaptação do animal (CONRAD et al., 1985). São especialmente importantes o grupo genético, o sexo e o peso do animal (ARC, 1980; NRC, 1984). Ênfase deve ser colocada na interação com outros nutrientes. O AFRC (1991) salienta que, além do suprimento adequado de minerais, são necessários níveis adequados de proteína e energia para que ocorra desenvolvimento normal dos ossos. O NRC (1984) relaciona os requerimentos de Ca e P ao ganho diário de proteína e CONRAD et al. (1985) afirmam que a nutrição adequada de Ca e P depende do nível de vitamina D da dieta.

As exigências de macroelementos minerais para crescimento e engorda têm sido estimadas pelo método fatorial. Esse método baseia-se nas quantidades líquidas depositadas no corpo do animal para atender o crescimento e a engorda. A essas exigências líquidas são acrescidas as quantidades necessárias para atender as perdas inevitáveis do corpo, ou seja, as secreções endógenas que são as exigências líquidas de manutenção. A soma das frações de mantença e produção vai constituir a exigência líquida total, a qual corrigida por um coeficiente de absorção do elemento inorgânico no aparelho digestivo do animal, resulta na exigência dietética do animal (ARC, 1980). A retenção de minerais dependerá da composição do ganho; fatores que modifiquem-na afetarão a composição mineral e, por conseqüência, os requerimentos líquidos para ganho.

O ARC (1980) admite que os requerimentos líquidos de macroelementos minerais são constantes, independentemente do peso do animal, e estima os requerimentos de Ca, P, Mg, Na e K em 14; 8; 0,450; 1,5; e 2g/kg de GPCVZ, respectivamente. O NRC (1984) estima os requerimentos líquidos de Ca e P para ganho de peso em função do peso vivo e ganho de proteína (g/dia). Para Mg, Na e K, recomenda níveis médios de 0,10; 0,08; e 0,65% na MS da ração, respectivamente.

O AFRC (1991) adota equações baseadas no crescimento ósseo para estimar as exigências de cálcio e fósforo, considerando que a deposição destes elementos no corpo do animal decresce à medida que o animal se torna adulto. As perdas endógenas são estimadas com base na ingestão de matéria seca.

FONTES (1995), em análise de dados de vários experimentos realizados no Brasil, verificou requerimentos diferentes entre animais castrados e não-castrados. As estimativas do requerimento líquido de minerais para ganho, independentemente de peso do animal, foram maiores para animais não-castrados. As menores exigências dos animais castrados foram credenciadas à sua maior deposição de gordura, uma vez que as concentrações de minerais nos tecidos adiposos são mais baixas que nos músculos e ossos do animal. Esse autor verificou, também, decréscimo nas concentrações dos cinco macroelementos minerais no corpo vazio e no peso ganho, com a elevação do peso corporal dos animais. O autor salienta a redução acentuada que ocorre na proporção dos ossos na carcaça com a elevação do PCVZ, na faixa de 200 a 450 kg.

Objetivou-se com o presente estudo avaliar a composição corporal e do peso ganho e estimar as exigências de macroelementos minerais (Ca, P, Mg, Na e K) para ganho de peso de bovinos das raças Gir, Guzerá, Mocho-Tabapuã e Nelore em confinamento.

Material e Métodos

O local, as instalações, os constituintes e a composição da ração, o manejo dos animais, os procedimentos ao abate e metodologia de amostragem e análises laboratoriais foram descritos por PAULINO et al. (1999).

De modo a permitir a estimativa dos conteúdos de macroelementos minerais de animais dentro da faixa de pesos estudados, foram ajustadas equações de regressão do logaritmo do conteúdo corporal de minerais em função do logaritmo do peso do corpo vazio (ARC, 1980), conforme o seguinte modelo:

em que

Yij = logaritmo do conteúdo total de mineral (kg) retido no corpo vazio, do animal j do grupo genético i;

μ = efeito da média (intercepto);

bi = coeficiente de regressão do logaritmo do conteúdo de mineral em função do logaritmo do peso do corpo vazio, para o grupo genético i, em que i = 1, Gir; 2, Guzerá; 3, Nelore; 4, Mocho Tabapuã;

Xij = logaritmo do peso do corpo vazio, do animal j do grupo genético i; e

eij = erro aleatório.

Na determinação das equações de regressão, utilizou-se o programa LSMLMW, versão PC - 1, HARVEY (1987). As equações obtidas foram avaliadas quanto ao coeficiente de determinação (STEEL e TORRIE, 1960), e as comparações entre grupos genéticos foram realizadas de acordo com a metodologia adotada por GRAYBILL (1976), para testar identidade de modelos. Na análise de variância, utilizou-se o teste de F a 5% de probabilidade (PIMENTEL GOMES, 1982).

Para a conversão do peso vivo (PV) em PCVZ, dentro do intervalo de pesos, incluídos no estudo, utilizou-se a equação obtida por regressão do PCVZ dos 63 animais utilizados no experimento, em função do PV dos mesmos.

Para conversão das exigências para ganho de PCVZ em exigências para ganho de peso vivo, utilizou-se o fator médio de 1,08 obtido por FONTES (1995), em condições brasileiras.

Derivando-se as equações de predição do conteúdo corporal de mineral em função do logaritmo do PCVZ, obtiveram-se as equações de predição das exigências líquidas de mineral, para ganho de 1kg de PCVZ, do tipo:

em que

Y' = exigência líquida de mineral (kg);

a e b = intercepto e coeficiente de regressão, respectivamente, das equações de predição dos conteúdos corporais de mineral; e

X = PCVZ em (kg).

Os requerimentos dietéticos dos macroelementos minerais foram estimados seguindo a método fatorial proposto pelo ARC (1980), para a faixa de peso de 300 a 500 kg de peso vivo e ganho de 1 kg de peso vivo por dia, com base nas seguintes equações:

em que

RL = requerimento líquido total;

G = retenção diária do elemento mineral;

E = perda endógena do elemento nas fezes e urina;

RD = requerimento dietético; e

D = disponibilidade do elemento na dieta.

Os valores adotados para perdas endógenas totais e a biodisponibilidade de cálcio, fósforo, magnésio, sódio e potássio dos alimentos encontram-se na Tabela 1.

Resultados e Discussão

O teste de identidade de modelos (GRAYBILL, 1976) aplicado às equações de regressão do logaritmo do conteúdo corporal de macroelementos minerais (Ca, P, Mg, Na e K), em função do logaritmo do PCVZ, para as quatro raças estudadas (Gir, Guzerá, Mocho - Tabapuã e Nelore) mostrou não haver diferença entre essas raças. Assim, para se estimarem os conteúdos de cálcio, fósforo, magnésio, sódio e potássio no PCVZ, adotou-se a equação geral para as quatro raças zebuínas (Tabela 2).

Os coeficientes de determinação (r2) das equações de regressão para macroelementos minerais, situam-se na mesma magnitude dos encontrados por LANA et al. (1992), SOARES (1994), FONTES (1995) e ESTRADA (1996) e são superiores aos de PIRES et al. (1993 a).

Os conteúdos corporais de cálcio, fósforo, magnésio, potássio e sódio, totais e por quilograma de PCVZ, estimados por meio das equações enunciadas anteriormente, são apresentados na Tabela 3.

Derivando-se as equações de regressão anteriormente apresentadas, foram obtidas as equações dos conteúdos de cálcio, fósforo, magnésio, sódio e potássio por kg ganho de PCVZ (Tabela 4), os quais, por sua vez, correspondem as exigências líquidas estimadas de cada macromineral para ganho de 1 kg de PCVZ (Tabela 5).

Na Tabela 6 são apresentadas as exigências líquidas diárias de cálcio, fósforo, magnésio, sódio e potássio, para ganho de 1 kg de PV e de PCVZ.

Observa-se que as quantidades totais dos macroelementos minerais aumentaram com a elevação do peso corporal. Por outro lado, os resultados mostram decréscimo nas concentrações dos cinco macroelementos minerais no corpo vazio e no peso ganho com a elevação do peso corporal vazio. Este fato pode estar associado ao efeito de diluição provocado pelo aumento da gordura corporal, uma vez que a gordura tem baixo teor de minerais. Salienta-se que há, também, redução acentuada na proporção de ossos na carcaça com a elevação do PCVZ. Avaliando a composição física da carcaça dos animais utilizados neste trabalho, JORGE et al. (1996) concluíram que houve aumento nos valores numéricos de proporção de gordura e indicação de menor proporção de ossos em animais de maturidade mais elevada. O decréscimo na concentração de minerais verificado neste trabalho encontra suporte nos resultados de PIRES et al. (1993a, b) SOARES (1994), FONTES (1995) e ESTRADA (1996).

O ARC (1980) admite que os requerimentos líquidos de macroelementos minerais são constantes, independentemente do peso do animal, e estima as exigências de Ca, P, Mg, Na e K em 14; 8; 0,45; 1,5; e 2 g respectivamente, tanto por kg de PCVZ quanto por kg de ganho de PCVZ.

À exceção do magnésio, os dados desta pesquisa, para concentração corporal, são superiores aos valores fixos apresentados pelo ARC (1980). Os valores mais baixos sugeridos pelo ARC (1980) são, em grande parte, explicados pelo fato de terem sido obtidos em animais castrados. Estes animais depositam gordura mais precocemente, aumentando o teor corporal de gordura, com conseqüente queda na porcentagem de ossos e diluição do conteúdo corporal dos minerais. A influência da gordura sobre o conteúdo de minerais foi salientada por SEEBECK e TULLOH (1969), WILLIAMS et al. (1983) e NOUR e THONNEY (1988). COELHO DA SILVA e LEÃO (1979) também salientam que o tecido adiposo, praticamente, não contém minerais. No presente trabalho o tecido adiposo apresentou 0,44% de cinzas.

Por outro lado, as exigências líquidas para ganho de peso de corpo vazio são inferiores, para todos cinco macroelementos minerais, aos valores fixos estabelecidos pelo ARC (1980), cujos valores provavelmente são maiores que as exigências reais, pois espera-se queda nas exigências de minerais, à medida que o peso do animal se eleva, com conseqüente redução da taxa de crescimento ósseo e aumento da deposição de gordura.

Já o AFRC (1991) considerou que a deposição de cálcio e fósforo no corpo do animal decresce à medida que o animal se torna adulto. Utilizando-se o modelo matemático do AFRC (1991), para bovinos de 300, 400 e 500 kg de PV, e considerando peso à maturidade de 500 kg, os requerimentos líquidos estimados de Ca, por kg de ganho de PV, são 11,0; 10,3; e 9,81 g, respectivamente. Estes valores são 8, 16 e 22% superiores aos encontrados no presente trabalho. Para P, os requerimentos líquidos de animais de mesmos pesos vivos são 6,4; 6,1; e 5,8 g, respectivamente, os quais são 18, 24 e 28% superiores aos do presente trabalho. Observa-se que as diferenças são mais acentuadas à medida que o peso vivo aumenta, o que pode indicar depósito de gordura mais intenso nos animais, no presente trabalho, com o aumento do peso corporal. COELHO DA SILVA (1995) avaliando, por intermédio da metodologia do AFRC (1991), dados de uma série de experimentos realizados no Brasil, conclui que as estimativas das exigências líquidas de Ca e P diferiram, em cerca de 100%, das propostas pelo referido conselho. As estimativas do presente trabalho guardam relação mais estreita com as do AFRC (1991).

Comparando-se com os valores estimados por FONTES (1995), ao analisar os dados de vários experimentos realizados utilizando metodologia semelhante à deste trabalho, e tomando como referência os requerimentos de minerais para ganho de 1 kg de PCVZ, por animal não-castrado de 400 kg de peso vivo, os valores obtidos neste trabalho são 20,7; 27,8; 39,1; 42,6; e 19,8% inferiores, respectivamente, para Ca, P, Mg, Na e K.

As exigências líquidas de mantença e totais de cálcio e fósforo calculadas utilizando-se perdas endógenas preconizadas pelo ARC (1980) e AFRC (1991) são apresentadas na Tabela 7. Na Tabela 8 são apresentadas as exigências dietéticas de cálcio e fósforo, calculadas com base nos coeficientes de absorção propostos pelo ARC (1980) e pelo AFRC (1991).

As exigências líquidas totais e dietéticas de Mg, Na e K, estimadas mediante a utilização de perdas endógenas e coeficientes de absorção propostos pelo ARC (1980) e das exigências líquidas para ganho determina das neste trabalho, são apresentadas nas Tabelas 9 e 10, respectivamente.

Conclusões

As raças zebuínas (Gir, Guzerá, Nelore e Mocho-Tabapuã) não diferiram entre si, quanto ao conteúdo corporal de macroelementos minerais.

As exigências líquidas de minerais reduziram com o aumento do peso corporal.

As exigências líquidas para ganho de peso de corpo vazio para os cinco macrominerais foram inferiores aos valores fixos estabelecidos pelo ARC (1980).

O requerimentos líquidos estimados de Ca e P para ganho de peso de um bovino de 400 kg de peso vivo foram 16 e 24% inferiores, respectivamente, aos propostos pelo AFRC (1991).

Recebido em: 04/03/98

Aceito em: 04/12/98

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  • *
    Parte da Tese apresentada pelo primeiro autor à UFV para obtenção do título de "Doctor Scientiae". Trabalho realizado na UFV em colaboração com a EPAMIG e FAPEMIG.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      16 Out 2012
    • Data do Fascículo
      1999

    Histórico

    • Aceito
      04 Dez 1998
    • Recebido
      04 Mar 1998
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