Acessibilidade / Reportar erro

The two english versions of Mioritza

As duas versões em inglês de Mioritza

Abstracts

This paper proposes a short comparative analysis of two English translations of the Romanian poem Mioritza, the first from 1856, made by Henry Stanley, and the second, by the American Poet W.D. Snodgrass, from 1972. It is argued that the latter has more poetic value, for it utilizes rhyme patterns and a meter closer to the Romanian ballad.

Mioritza; Romania poetry; Romanian folk ballad


O artigo traz uma breve análise comparativa das duas versões em inglês de Mioritza, a primeira, de 1856, realizada por Henry Stanley, e a segunda, de 1972, feita pelo poeta americano W. D. Snodgrass. Defende-se a hipótese de que a segunda apresenta maior valor poético com a utilização de rima e métrica em moldes próximos ao da balada romena.

Mioritza; poesia romena; balada popular romena


L'article propose une brève analyse comparative des deux traductions en anglais de Mioritza, la première de 1856, faite par Henry Stanley, et la deuxième de 1872, par le poète américain W. D. Snodgrass. On soutient que cette dernière a plus de valeur poétique dans la mesure où elle se sert d'un schéma formel plus proche de celui de la ballade roumaine.

Mioritza; poésie roumaine; ballade populaire roumaine


ARTIGOS

As duas versões em inglês de Mioritza

The two english versions of Mioritza

Victor Olaru

Universidade de Craiova Craiova, Romênia

RESUMO

O artigo traz uma breve análise comparativa das duas versões em inglês de Mioritza, a primeira, de 1856, realizada por Henry Stanley, e a segunda, de 1972, feita pelo poeta americano W. D. Snodgrass. Defende-se a hipótese de que a segunda apresenta maior valor poético com a utilização de rima e métrica em moldes próximos ao da balada romena.

Palavras-chave:Mioritza, poesia romena, balada popular romena

ABSTRACT

This paper proposes a short comparative analysis of two English translations of the Romanian poem Mioritza, the first from 1856, made by Henry Stanley, and the second, by the American Poet W.D. Snodgrass, from 1972. It is argued that the latter has more poetic value, for it utilizes rhyme patterns and a meter closer to the Romanian ballad.

Keywords:Mioritza; Romania poetry; Romanian folk ballad

RÉSUMÉ

L'article propose une brève analyse comparative des deux traductions en anglais de Mioritza, la première de 1856, faite par Henry Stanley, et la deuxième de 1872, par le poète américain W. D. Snodgrass. On soutient que cette dernière a plus de valeur poétique dans la mesure où elle se sert d'un schéma formel plus proche de celui de la ballade roumaine.

Mots clés:Mioritza; poésie roumaine; ballade populaire roumaine

Depois de mais de cem anos, uma nova versão em inglês de Mioritza1 1 Mioritza (Inglês: The Little Ewe [A Cordeirinha]) é uma antiga balada pastoral romena, considerada uma das peças mais importantes do folclore romeno. Ela tem várias e bastante diversas versões de conteúdo, uma das quais foi selecionada por Vasile Alecsandri para texto de referência. Conteúdo: O cenário é simples: três pastores (um moldaviano, um transilvaniano e um vranciano) a cuidar dos seus rebanhos. Uma ovelha aparentemente encantada pertencente ao moldaviano diz a seu dono que os outros dois estão tramando seu assassinato e a pilhagem dos seus bens. O pastor responde que, se isso acontecer, a cordeirinha deve pedir a seus assassinos que enterrem seu corpo no curral das ovelhas. Além disso, ela deve dizer às demais ovelhas que ele, na verdade, havia se casado com uma princesa durante uma cerimônia realizada pelos próprios elementos da natureza, e marcada pela queda de uma estrela. No entanto, a metáfora do rito de passagem descarta toda referência celestial na versão da história na qual a cordeirinha representa a mãe do pastor: ela apenas ouve que seu filho havia se casado com uma princesa. foi publicada no volume Balade populare romanesti [Baladas populares romenas] (ed. Minerva: Bucaresti, 1980) de excelente acabamento gráfico; a primeira tradução tendo sido realizada por Henry Stanley e publicada no volume Rouman Anthology, orSelections on Rouman Poetry, Ancient and Modern (Hertford: Inglaterra, 1856). De início, deve-se mencionar que as duas versões são bilíngues, e se, no caso de Stanley, não sabemos realmente se ele tinha se beneficiado da colaboração de um romeno, a versão mais recente do volume acima mencionado, assinada pelo famoso poeta americano W. D. Snodgrass, um amigo da literatura e da cultura romena2 2 Entre os muitos prêmios e reconhecimentos de William D. Snodgrass tem-se o Prêmio de Tradução de Literatura Romena, Colóquio de Tradutores e Editores de Literatura Romena, Sinaia, Romênia, 1998. , é o resultado de sua colaboração com dois especialistas romenos: Simone Draghici e Ioan Popa. Este ensaio tem em vista uma breve análise comparativa do valor artístico dessas duas versões em inglês de Mioritza, realizadas em condições extremamente diferentes, pensando nos períodos em que foram publicadas, 1856 e 1980, uma diferença de tempo de mais de um século.

Referindo-se à tradução de 1856, notamos alguns elementos bastante desfavoráveis para a nossa obra-prima popular nacional. Embora, em seu prefácio, Henry Stanley mencione que "[n]as traduções usamos a forma mais literária, com vistas a manter a individualidade dos poemas" (STANLEY, 1856: 5), expressando juntamente seu desejo de se manter o mais próximo possível do texto de partida, na verdade nos deparamos com alguns erros de transposição, entre os quais um é extremamente grave. Essa afirmação refere-se em primeiro lugar à utilização pelo tradutor para o termo romeno "ungurean" (transilvaniano, habitante da Transilvânia) do inglês "Hungarian" (húngaro). Assim, o pastor romeno torna-se húngaro, o que implica a ideia de que o assassinato do moldávio foi planejado por um pastor vranciano e por um húngaro (Moldávia e Vrancea são regiões do nordeste da Romênia). Obviamente, as implicações ao nível de interpretação que possam surgir desse erro de tradução são numerosas e não temos a intenção de insistir sobre elas. Na verdade, não é de admirar que, em 1856, Stanley não tivesse tido a oportunidade de obter uma ajuda útil de um falante nativo romeno. No entanto, essa lacuna grave, que desloca os significados fundamentais do poema a diferentes níveis, não-existentes, é, portanto, inaceitável. Eis os versos com sua tradução errada: "Unu-i moldovan, / Unu-i ungurean, / si altu-i vrancean" // "Um é moldaviano / Um é húngaro / E um é vranciano".

Dentre outras deficiências da versão de Stanley, pode-se citar o seguinte verso: "Mioritza laie, / Laie bucalaie", o qual foi traduzido por: "Mioara, little pet / Plump little darling" [Mioara, pequeno animal / queridinha roliça], ou seja, "Mioara, micut animal / Dragalasa, durdulie", o que induz o leitor a uma imagem inadequada do animal. Ademais, o significado significado do original foi completamente mudado uma vez que "laie" em inglês significaria "black" [negro], e "bucalaie" significa "com focinho negro"; em romeno significa "negru".

Sem dúvida, o autor não sabe o significado correto das palavras também nos seguintes versos: "Da-ti oile-ncoace / La negru zavoi" (Em romeno "zavoi" significa "mata ribeirinha") traduzido por "Give your sheep back to the black dog" ["Dê sua ovelha de volta para o cão negro], um erro que não precisa de nenhum comentário adicional. Os versos "Oita barsana / De esti nazdravana" são novamente mal interpretados pelo tradutor como: "Little lamb / Thou art mad" [Pequeno cordeiro / Tu és louco], o romeno "oita" [ovelha] é traduzido por "cordeiro", e "barsana" ("a Bârsan" referindo-se a ovelha significa "ter uma lã longa e áspera") por "little" [pequeno] (rom. "micut"), e, "nazdravana" (que no inglês seria "ingenious" [engenhosa]) por "mad/insane" [louco/insano].

Os versos "In dosul stinii / Sa-mi aud ciinii" trazem uma inversão completa: "That from beneath the stone / The dogs may hear me [Pois debaixo da pedra / Os cães podem me ouvir].

Nos versos "Iar daca-i zari / Daca-i intilni", Stanley, para o verbo "a zari", utiliza o inglês "to meet" [encontrar], em romeno: "a intalni". Isso é surpreendente, e supomos que o autor não sabia o significado do verbo "a zari", uma vez que se sabe que existe um correspondente inglês geral dele, ou seja, "to see / to notice" [ver / perceber], cujo uso no texto não teria desencadeado uma diminuição na qualidade da tradução, uma vez que pressupomos que Stanley não tinha em mente uma versão literária onde a rima e o ritmo precisassem ser necessariamente respeitados.

A ignorância do significado das palavras deve ser notada ainda na tradução do verso: "Păsărele mii" [Passarinhos ao milhares] por "One thousand birds" [Mil pássaros], em romeno: "O mie de păsări".

Os exemplos acima mencionados são apenas alguns. Certamente, eles podem continuar, mas temos de admitir que a versão de Stanley tem o mérito de ser a primeira da Mioritza em inglês, resultado de um esforço para manter o mais próximo possível do texto original romeno, segundo o declarado pelo próprio tradutor.

Comparando a versão de 1856 à de 1972 (Bukarest: Editura Albatros), pode-se observar que o último foi realizado por um literato hábil, a saber, o famoso poeta americano William D. Snodgrass, que amava a espiritualidade romena. O resultado é uma versão de um verdadeiro profissionalismo poético, de alto valor estético, onde a rima e o ritmo são considerados e artisticamente alcançados, oferecendo assim a fluência e a musicalidade da balada. Um bom exemplo é o começo da balada:

Pe-un picior de plai, Near a low foothill No sopé da montanha, Pe-o gură de rai, At Heaven's doorsill, Que no Céu entranha, Iată vin în cale, Where the trail's descending De lá descem a trilhar, Se cobor la vale To the plain and ending, Para no vale chegar, Trei turme de miei, Here three shepherds keep Três redis de carneiros Cu trei ciobănei. Their three flocks of sheep, Com três pegureiros. Unu-i moldovan, One, Moldavian, Um moldaviano, Unu-i ungurean, One, Transylvanian Um transilvaniano, Și unu-i vrâncean. And one, Vrancean. E um vranciano. Iar cel ungurean Now, the Vrancean Mas o transilvaniano Și cu cel vrâncean, And the Transylvanian E o vranciano, ări, se vorbiră, In their thoughts, conniving, Terríveis, conversam, Ei se sfătuiră Have laid plans, contriving Juntos planejam Pe l-apus de soare At the close of day No final do dia acertado Ca să mi-l omoare To ambush and slay Matar emboscado Pe cel moldovan, The Moldavian; O moldaviano valoroso,

Ademais, é um truísmo que não exista tal coisa como uma tradução perfeita. A linha de nossa balada é simples, curta, carregada de significado, talvez por esta razão, o tradutor americano não fosse inteiramente capaz de transpor, da mesma forma simples e direta a riqueza de ideias e sentimentos, bem como o valor artístico, eventualmente alcançando em uma versão mais "explícita", as linhas inglesas sendo às vezes maiores do que os originais. A necessidade de respeitar rima e ritmo proveu reais dificuldades na tradução exata de elementos narrativos, e algumas nuances de conteúdo foram sacrificadas para encontrar rimas adequadas.

Além disso, o próprio tradutor acrescentou muitas vezes elementos que não necessariamente eram provenientes do texto original. E mais, em certas passagens, ele chegou a igualar a beleza do texto original, tendo em vista a especificidade do idioma inglês.

Mencionamos no início que Snodgrass tinha sido ajudado por dois colaboradores romenos. É provável que a contribuição se limitasse a uma tradução em prosa a fim de enfatizar o significado das palavras, que, posteriormente, o poeta norte-americano transformou em verso. O fato de a tradução ser notável por sua fluência e musicalidade é mérito dele.

Deve-se mencionar ainda que Snodgrass não repetiu o erro de Stanley sobre a nacionalidade do segundo pastor, portanto, "Ungurean" é corretamente traduzido por "transilvaniano".

Contudo, há alguns versos que nos podem fazer pensar que na base de um erro de tradução pode estar uma recepção errada de alguns significados lexicais. Por exemplo, o verso "Si ciini mai barbati" é traduzido por "And the fiercest hounds" [E os cães de caça mais ferozes], isto é, "Dulaii cei mai fiorosi". Também parece um pouco estranha a tradução da passagem: "Cu-o mindra craiasa / Um mireasa lumii" por "A princess-my Bride / Is the whole world's pride" [Uma princesa, minha noiva / É o orgulho de todo o mundo], isto é, "O printesa-mireasa mea, / Care-i mindria intregii lumi".

Todas estas breves considerações levam à conclusão de que a nossa famosa balada ainda não se beneficiou de uma válida versão em inglês em termos de seu real valor literário, quer ao nível artístico, quer ao nível de uma cópia exata do conteúdo, embora a versão de Snodgrass, em comparação com a de Stanley, seja muito mais valiosa do ponto de vista estético. Um excelente exemplo seria o fim da balada, no qual o pastor da Moldávia pediu à Cordeirinha para transmitir à sua mãe sua mensagem final (Balade populare romanesti / Baladas Populares Romenas, ed. Minerva, Bucaresti, 1980):

Tu, mioara mea, Ewe-lamb, small and pretty, Tu, minha ovelhinha bela, Pe-o gură de rai, For her sake have pity, Tem piedade dela, Să te-nduri de ea Let it just be said Diz que fui abençoado Și-i spune curat I have gone to wed Que me encontro casado Că m-am însurat A princess most noble Com uma donzela de véu C-o fată de crai, There on Heaven's doorsill. Ali na porta do céu. Iar la cea măicuță To that mother, old, Que à mãezinha adorada, Să nu spui, drăguță, Let it not be told Não seja dito, amada, Că la nunta mea That a star fell, bright, Que na cerimônia nupcial A căzut o stea, For my bridal night; Caiu uma estrela sideral, C-am avut nuntași Firs and maple trees Que foram convidados, Brazi și păltinași, Were my guests, priests Abetos e bordos de ramos folhados Preoți, munții mari, Were the mountains high; Sacerdotes, montes alpinos, Păsări, lăutari, Fiddlers, birds that fly, Pássaros, violinos, Păsărele mii, All birds of the sky; Passarinhos aos milhares, Și stele făclii! Torchlights, stars on high. E brilhos estelares!

Segue o texto integral da balada e a respectiva tradução em inglês:

Mioriţa The Little Ewe A Cordeirinha3 3 A presente tradução para o português foi feita com base na tradução em inglês de Snodgrass, nas traduções em português de Nelson Vainer - Antologia da Poesia Romena, RJ: Jornal das Moças, 1965 - e Luciano Maia - Mioritza ( A Cordeirinha). São Paulo: Giordano, Fortaleza: Biblioteca O Curumim Sem Nome, 1995 -, levando em conta o próprio texto romeno, uma vez que as respectivas traduções fizeram necessários ajustes no vocabulário para a formatação de seus estilos e manutenção das rimas. A de Vainer recebeu uma roupagem em redondilhas maiores, providas por M. Cavalcante Proença (VAINER, 1965: 22); já a de Maia ateve-se à forma breve dos versos romenos. Ambos utilizaram o termo húngaro para "ungurean", sendo que Maia coloca uma nota ao final avisando que se tratava de "húngaros da Transilvânia". Em relação à descrição da cordeirinha, Vainer coloca "Mioritza cinzenta, / cinzenta, encaracolada" (VAINER, 1965: 20), e Maia "Ó Mioritza minha, / testa cinzentinha" (MAIA, 1995: 23). Procurei igualmente me ater à rima (o que consegui na maior parte do texto), procurando manter o que foi dito e reproduzir o que foi sentido (N. do T.). (Vasile Alecsandri) Trad. de W. D. Snodgrass Pe-un picior de plai, Near a low foothill No sopé da montanha, Pe-o gură de rai, At Heaven's doorsill, Que no Céu entranha, Iată vin în cale, Where the trail's descending De lá descem a trilhar, Se cobor la vale To the plain and ending, Para no vale chegar, Trei turme de miei, Here three shepherds keep Três redis de carneiros Cu trei ciobănei. Their three flocks of sheep, Com três pegureiros. Unu-i moldovan, One, Moldavian, Um moldaviano, Unu-i ungurean, One, Transylvanian Um transilvaniano, Și unu-i vrâncean. And one, Vrancean. E um vranciano. Iar cel ungurean Now, the Vrancean Mas o transilvaniano Și cu cel vrâncean, And the Transylvanian E o vranciano, Mări, se vorbiră, In their thoughts, conniving, Terríveis, conversam, Ei se sfătuiră Have laid plans, contriving Juntos planejam Pe l-apus de soare At the close of day No final do dia acertado Ca să mi-l omoare To ambush and slay Matar emboscado Pe cel moldovan, The Moldavian; O moldaviano valoroso, Că-i mai ortoman He, the wealthier one, O de riqueza mais copioso, Ș-are oi mai multe, Had more flocks to keep, Com ovelhas numerosas, Mândre și cornute Handsome, long-horned sheep, Chifrudas e vistosas, Și cai învățați Horses, trained and sound, E cavalos treinados, Și câni mai bărbați. And the fiercest hounds. E os cães mais ousados. Dar cea mioriță, One small ewe-lamb, though, Mas uma cordeirinha encantada, Cu lână plăviță, Dappled gray as tow, Com lã de cinza manchada, De trei zile-ncoace While three full days passed Por três dias se inquietou Gura nu-i mai tace, Bleated loud and fast; De gemer não cessou, Iarba nu-i mai place. Would not touch the grass. A relva não apreciou. — Mioriță laie, "Ewe-lamb, dapple-gray, – Cordeirinha de pêlo rajado, Laie, bucălaie, Muzzled black and gray, Rajado, com focinho pretejado, De trei zile-ncoace While three full days passed Por três dias te inquietaste Gura nu-ți mai tace! You bleat loud and fast; De gemer não cessaste! Ori iarba nu-ți place, Don't you like this grass? Tua relva não apreciaste? Ori ești bolnăvioară, Are you too sick to eat, Ou estás adoentada, Drăguță mioară? Little lamb so sweet?" Ovelhinha amada? — Drăguțule bace, "Oh my master dear, – Oh pastor amado, Dă-ți oile-ncoace, Drive the flock out near Levai as ovelhas a outro lado, La negru zăvoi, That field, dark to view, Na escura mata da foz, Că-i iarbă de noi Where the grass grows new, Com relva para nós, Și umbră de voi. Where there's shade for you E sombra para vós. Stăpâne, stăpâne, "Master, master dear, Senhor, senhor querido, Îți cheamă ș-un câne, Call a large hound near, Chame um cão destemido, Cel mai bărbătesc A fierce one and fearless, O mais matreiro, Și cel mai frățesc, Strong, loyal and peerless. E mais companheiro, Că l-apus de soare When the daylight's through Pois no final do dia acertado, Vreau să mi te-omoare Mean to murder you." Sabei que sereis emboscado Baciul ungurean The Transylvanian Pelo pastor transilvaniano Și cu cel vrâncean! And the Vrancean Junto com o vranciano! – Oiță bârsană, "Lamb, my little ewe, – Ovelha de lã grosseira, De ești năzdrăvană If this omen's true, Se a visão for verdadeira, Și de-a fi să mor If I'm doomed to death E eu vier a ser matado În câmp de mohor, On this tract of heath, No prado relvado, Să spui lui vrâncean Tell the Vrancean Seja dito ao vranciano Și lui ungurean And Transylvanian E ao transilvaniano Ca să mă îngroape To let my bones lie Para me enterrar Aice, pe-aproape, Somewhere here close by, Aqui, em algum lugar, În strunga de oi, By the sheepfold here No curral dos cordeiros, Să fiu tot cu voi; So my flocks are near, Para ouvir os berreiros; În dosul stânii, Back of my hut's grounds Atrás da cabana escondido Să-mi aud cânii. So I'll hear my hounds. Para escutar dos cães o latido. Aste să le spui, Tell them what I say: Isto lhes seja falado: Iar la cap să-mi pui There, beside me lay No alto da cova seja colocado Fluieraș de fag, One small pipe of beech Flauta de faia frondosa Mult zice cu drag; Whith its soft, sweet speech, Que muito fala amorosa, Fluieraș de os, One small pipe of bone Flauta de osso vazado Mult zice duios; Whit its loving tone, Que muito fala emocionado, Fluieraș de soc, One of elderwood, Flauta do sabugueiro lenhoso, Mult zice cu foc! Fiery-tongued and good. Que muito fala ardoroso! Vântul, când a bate, Then the winds that blow O vento, quando soprar, Prin ele-a răzbate Would play on them so Através deles irá vibrar Ș-oile s-or strânge, All my listening sheep E as ovelhas vão se juntar Pe mine m-or plânge Would draw near and weep Por mim irão chorar Cu lacrimi de sânge! Tears, no blood so deep. Com lágrimas a sangrar! Iar tu de omor How I met my death, E do assassinato maldito Să nu le spui lor. Tell them not a breath; Nada lhes seja dito. Să le spui curat Say I could not tarry, Seja dito que fui abençoado Că m-am însurat I have gone to marry Que me encontro casado C-o mândră crăiasă, A princess – my bride Com uma princesa vistosa, A lumii mireasă; Is the whole world's pride. A noiva mais valorosa; Că la nunta mea At my wedding, tell Que na cerimônia nupcial A căzut o stea; How a bright star fell, Caiu uma estrela sideral; Soarele și luna Sun and moon came down O sol e a lua se juntaram Mi-au ținut cununa. To hold my bridal crown, E minha coroa seguraram. Brazi și păltinași Firs and maple trees Abetos e bordos de ramos folhados I-am avut nuntași, Were my guests; my priests Foram meus convidados, Preoți, munții mari, Were the mountains high; Sacerdotes, montes alpinos, Păsări, lăutari, Fiddlers, birds that fly, Pássaros, violinos, Păsărele mii, All birds of the sky; Passarinhos aos milhares, Și stele făclii! Torchlights, stars on high. E brilhos estelares! Iar dacă-i zări, But if you see there, Mas se lá observares, Dacă-i întâlni Should you meet somewhere, E em algum lugar encontrares Măicuță bătrână, My old mother, little, Minha velha mãezinha, Cu brâul de lână, With her white wool girdle, Com seu cinto de lã e linha, Din ochi lăcrimând, Eyes with their tears flowing, Os olhos lacrimejando, Pe câmp alergând, Over the plains going, No prado caminhando, De toți întrebând Asking one and all, A todos perguntando, Și la toți zicând Saying to them all, E a todos falando "Cine-a cunoscut 'Who has ever known, "Quem conheceu Cine mi-a văzut Who has seen my own Quem avistou Mândru ciobănel, Shepherd fine to see, Meu pegureiro fiel, Tras printr-un inel? Slim as a willow tree, Magro como um cinzel? Fețișoara lui, With his dear face, bright Seu rostinho, Spuma laptelui; As the milk-foam, white, Espuma de leite; Mustăcioara lui, His small moustache, right Seu bigodinho, Spicul grâului; As the young wheat's ear, Palha de trigo; Perișorul lui, With his hair so dear, Seus cabelinhos, Peana corbului; Like plumes of the crow Plumas de corvo; Ochișorii lui, Little eyes that glow Seus olhinhos, Mura câmpului ?" Like the ripe black sloe?' Amoras do campo?" Tu, mioara mea, Ewe-lamb, small and pretty, Tu, minha ovelhinha bela, Să te-nduri de ea For her sake have pity, Tem piedade dela, Și-i spune curat Let it just be said Diz que fui abençoado Că m-am însurat I have gone to wed Que me encontro casado C-o fată de crai, A princess most noble Com uma donzela de véu Pe-o gură de rai, There on Heaven's doorsill. Ali na porta do céu. Iar la cea măicuță To that mother, old, Que à mãezinha adorada, Să nu spui, drăguță, Let it not be told Não seja dito, amada, Că la nunta mea That a star fell, bright, Que na cerimônia nupcial A căzut o stea, For my bridal night; Caiu uma estrela sideral, C-am avut nuntași Firs and maple trees Que foram convidados, Brazi și păltinași, Were my guests, priests Abetos e bordos de ramos folhados Preoți, munții mari, Were the mountains high; Sacerdotes, montes alpinos, Păsări, lăutari, Fiddlers, birds that fly, Pássaros, violinos, Păsărele mii, All birds of the sky; Passarinhos aos milhares, Și stele făclii! Torchlights, stars on high E brilhos estelares!

Tradução do inglês de Edmir Missio

(Doutor em Teoria Literária/ UNICAMP)

Recebido em: 15/09/2013

Aprovado em: 25/10/2013

Victor Olaru é professor de Literatura e Cultura Inglesa e Americana da Universidade de Craiova. Ensaísta e tradutor literário do francês e do inglês, é membro da Associação de Escritores Romenos, e editor associado do periódico literário Ramuri desde 1992. Publicou textos nas revistas Scrisul Romanesc, Luceafarul, Romania Literara, Tomis, Asylum, A Balcan Poetry Magazine, The Poetry Miscellany, Autograf MJM, dentre outras. E-mail: victorolaru05@yahoo.com

  • 3 A presente tradução para o português foi feita com base na tradução em inglês de Snodgrass, nas traduções em português de Nelson Vainer - Antologia da Poesia Romena, RJ: Jornal das Moças, 1965 - e Luciano Maia - Mioritza (A Cordeirinha).
  • São Paulo: Giordano, Fortaleza: Biblioteca O Curumim Sem Nome, 1995 -,
  • 1
    Mioritza (Inglês:
    The Little Ewe [A Cordeirinha]) é uma antiga balada pastoral romena, considerada uma das peças mais importantes do folclore romeno. Ela tem várias e bastante diversas versões de conteúdo, uma das quais foi selecionada por Vasile Alecsandri para texto de referência. Conteúdo: O cenário é simples: três pastores (um moldaviano, um transilvaniano e um vranciano) a cuidar dos seus rebanhos. Uma ovelha aparentemente encantada pertencente ao moldaviano diz a seu dono que os outros dois estão tramando seu assassinato e a pilhagem dos seus bens. O pastor responde que, se isso acontecer, a cordeirinha deve pedir a seus assassinos que enterrem seu corpo no curral das ovelhas. Além disso, ela deve dizer às demais ovelhas que ele, na verdade, havia se casado com uma princesa durante uma cerimônia realizada pelos próprios elementos da natureza, e marcada pela queda de uma estrela. No entanto, a metáfora do rito de passagem descarta toda referência celestial na versão da história na qual a cordeirinha representa a mãe do pastor: ela apenas ouve que seu filho havia se casado com uma princesa.
  • 2
    Entre os muitos prêmios e reconhecimentos de William D. Snodgrass tem-se o Prêmio de Tradução de Literatura Romena,
    Colóquio de Tradutores e Editores de Literatura Romena, Sinaia, Romênia, 1998.
  • 3
    A presente tradução para o português foi feita com base na tradução em inglês de Snodgrass, nas traduções em português de Nelson Vainer -
    Antologia da Poesia Romena, RJ: Jornal das Moças, 1965 - e Luciano Maia -
    Mioritza (
    A Cordeirinha). São Paulo: Giordano, Fortaleza: Biblioteca O Curumim Sem Nome, 1995 -, levando em conta o próprio texto romeno, uma vez que as respectivas traduções fizeram necessários ajustes no vocabulário para a formatação de seus estilos e manutenção das rimas. A de Vainer recebeu uma roupagem em redondilhas maiores, providas por M. Cavalcante Proença (VAINER, 1965: 22); já a de Maia ateve-se à forma breve dos versos romenos. Ambos utilizaram o termo húngaro para "ungurean", sendo que Maia coloca uma nota ao final avisando que se tratava de "húngaros da Transilvânia". Em relação à descrição da cordeirinha, Vainer coloca "Mioritza cinzenta, / cinzenta, encaracolada" (VAINER, 1965: 20), e Maia "Ó Mioritza minha, / testa cinzentinha" (MAIA, 1995: 23). Procurei igualmente me ater à rima (o que consegui na maior parte do texto), procurando manter o que foi dito e reproduzir o que foi sentido (N. do T.).
  • Publication Dates

    • Publication in this collection
      09 May 2014
    • Date of issue
      June 2014

    History

    • Received
      15 Sept 2013
    • Accepted
      25 Oct 2013
    Programa de Pos-Graduação em Letras Neolatinas, Faculdade de Letras -UFRJ Av. Horácio Macedo, 2151, Cidade Universitária, CEP 21941-97 - Rio de Janeiro RJ Brasil , - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
    E-mail: alea.ufrj@gmail.com