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A Integração da metodologia com escopo de um periódico

Embora não seja nenhuma novidade é sempre bom reiterar a questão da relação entre o (s) método (s) e o conteúdo de um artigo de pesquisa porque estes dois aspectos constituem o cerne da comunicação científica. De fato um dos objetivos mais difíceis de alcançar em uma investigação e na sua consequente divulgação como um artigo representa a medida em que o autor empregou com precisão os métodos naquela investigação a fim de que os seus dados sejam analisados com propriedade de modo a expressar fielmente o objeto em estudo. Ainda mais, quando da publicação, o problema é apresentar o manuscrito observando muito bem a forma como os dois aspectos, método de análise e conteúdo ou matéria do texto se ajustam. Este ajuste, sendo um ponto nevrálgico em qualquer pesquisa, certamente será exigido pelos revisores e editores porque tocam no ponto de encontro das duas vigas centrais de qualquer artigo: a adequação metodológica conforme exige o escopo do periódico.

Esta adequação se torna grave e mais difícil naquelas revistas cujo escopo é de amplo espectro e mesmo multiabrangente como é o caso da nossa, visto que mesmo com o leitmotiv do título “Saúde Materno-Infantil” tem como missão e cobertura de escopo diferentes aspectos e até diferentes áreas da saúde da mulher em geral, contemplando também os seus aspectos epidemiológicos, sociais e culturais. Ademais sendo de ampla temática, a abordagem analítica dos artigos, no nosso caso, requer o emprego dos métodos pertinentes a cada área em pauta exigindo uma variedade de tipos de como aquelas para análise de pesquisas quantitativas, para pesquisas qualitativas ou para pesquisas avaliativas conforme seja a natureza do estudo. Não é fácil enfrentar o problema. Felizmente no nosso quadro de profissionais - editores, revisores e consultores - temos tido o maior êxito, de modo a atender as expectativas. Evidentemente não é tarefa simples, pois, como já dissemos cumpre analisar os resultados de uma pesquisa de tal modo a que ela seja o mais fiel ao fato objetivo estudado.

A questão metodológica não é simples. Por isso há cerca de um ano escrevemos sobre a questão da metodologia na pesquisa científica1Cabral Filho JE. A importância da qualidade da Metodologia na Pesquisa. Rev Bras Saúde Matern Infant. 2014; 14 (4): 315-8.comentando sobre as limitações e os graves problemas oriundos do emprego inadequado de métodos, especialmente estatísticos, que levam a não replicabilidade de muitos resultados.2Ioannides JPA. Why most published research findings are false. PlosOne. 2005; 2 (8): 696-701. Ora, se resultados de investigações que são projetadas para trazer novas informações capazes de serem aplicadas para a melhoria das condições de vida (humana ou em termos mais gerais, ecológica), se esses resultados não são fidedignos tornam-se espúrios de forma a implicarem evidentes problemas éticos havendo prejuízos à comunidade.

Portanto cabe a todos nós cuidarmos de nós mesmos e envidarmos todos os esforços para fazer a coisa certa! Aliás se penetrarmos mais fundo veremos que a nossa questão é um dos temas centrais da própria filosofia, que é a procura do Real. Isto evidentemente não é fácil, e o encontro deste Real provavelmente não é possível. Mas nada nos impede de buscá-lo, como, o fizeram grandes pensadores desde Hume e Kant até os modernos como o francês Bernard D’Espagnat3D' Espagnat B. A La Recherche Du Réel. Paris: Gauthier-Villars; 1981. em “A La Recherche Du Réel” e o argentino Mario Bunge4Bunge M. Caçando a Realidade. São Paulo: Perspectiva S.A.; 2006. em “Caçando a Realidade” embora não o alcançado como defende Popper.5Popper K. Conhecimento Objetivo. São Paulo: Edusp; 1975.

Como pesquisadores e cientistas queremos atingir o fato real, o objeto específico da nossa investigação e se possível, aplicá-lo. Mas precisamos fazê-lo bem!

Referências

  • 1
    Cabral Filho JE. A importância da qualidade da Metodologia na Pesquisa. Rev Bras Saúde Matern Infant. 2014; 14 (4): 315-8.
  • 2
    Ioannides JPA. Why most published research findings are false. PlosOne. 2005; 2 (8): 696-701.
  • 3
    D' Espagnat B. A La Recherche Du Réel. Paris: Gauthier-Villars; 1981.
  • 4
    Bunge M. Caçando a Realidade. São Paulo: Perspectiva S.A.; 2006.
  • 5
    Popper K. Conhecimento Objetivo. São Paulo: Edusp; 1975.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2015
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