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Mudanças necessárias no Jornal Vascular Brasileiro

EDITORIAL

Editor-chefe, J Vasc Bras

O Jornal Vascular Brasileiro foi criado em junho de 2002 e, nesse curto período de existência (cerca de 8 anos), teve grande desenvolvimento. A partir de 2004 já foi indexado no principal indexador do Brasil, que é o SciELO, e nos anos subsequentes também em vários indexadores internacionais, como EMBASE, EBSCO, SCOPUS, SIIC e REDALYC. A submissão de artigos, embora ainda distante do ideal, cresceu, bem como a publicação de artigos de outros países. Introduziu-se o recurso da submissão e avaliação on-line, disponibilização on-line dos artigos mesmo antes da publicação em papel e acesso em tempo real a pequenos vídeos ilustrativos dos artigos. Como reconhecimento dessa evolução, recebemos algumas submissões de outros países, e por 2 anos consecutivos o J Vasc Bras teve o auxílio-editoração aprovado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), fato que o coloca em um grupo seleto de periódicos nacionais. No entanto, isso não basta. É preciso colocar o J Vasc Bras no cenário internacional através dos seus dois mais importantes indexadores, que são o MEDLINE e o ISI.

Em fins de 2008 e início de 2009, solicitamos indexação no MEDLINE e no ISI, respectivamente, e, ao longo de 2009, nosso periódico foi avaliado por um grupo de consultores dos mesmos. No início de 2010, tivemos a resposta negativa do MEDLINE. A National Library of Medicine (NLM), responsável pelo MEDLINE, não divulga os pareceres dos avaliadores e só permite nova avaliação daqui a 2 anos. Junto com a Diretoria de Publicações da SBACV, fomos até o SciELO tentar entender o porquê da recusa. Depreendemos dessa reunião que vários fatores podem ter contribuído para o desfecho desfavorável. Os avaliadores da NLM usam uma planilha de avaliação em que constam os seguintes critérios: pontualidade, qualidade, proporção de artigos originais em relação a relatos de casos e artigos de revisão, qualidade da versão para o inglês e qualificação dos revisores.

Fazendo-se uma análise retrospectiva desses fatores, pudemos constatar a presença de vários pontos frágeis na nossa revista. Durante o ano de 2009, não fomos pontuais, a qualidade do inglês deixou a desejar em algumas edições e a qualidade geral dos artigos originais em termos de evidência científica não foi predominante.

Cabe aqui uma breve análise de alguns tópicos levantados. Em especial, a falta de pontualidade foi decorrente da limitada submissão de artigos e da demora de muitos revisores para fazer suas avaliações. Revistas nacionais indexadas no MEDLINE recebem pelo menos 300 artigos por ano, o que permite ao editor uma certa margem de segurança na preparação de cada edição. O J Vasc Bras trabalha a cada trimestre no limite do tempo para fechar as sucessivas edições, pois recebe somente cerca de 100 submissões por ano. Aproximadamente 25% dos artigos são recusados, e em torno de 5% são retirados do processamento pelos autores; isso, associado ao atraso de muitos revisores, faz com que fiquemos sempre com o número exato de artigos para compor cada edição trimestral. Embora haja uma grande produção de trabalhos na SBACV, na forma de temas-livres, infelizmente somente 6,3% desses trabalhos são publicados em alguma revista1. Várias sociedades brasileiras têm adotado a obrigatoriedade de submissão de temas-livres em seus congressos, na forma de texto completo para publicação. Essa estratégia tem sido bem-sucedida, com aporte expressivo de artigos para suas respectivas revistas. A SBACV deveria adotar essa medida, para incentivar a redação de artigos oriundos de temas-livres, com provável incremento das submissões para o J Vasc Bras.

A qualidade dos artigos originais tem relação forte com a política atual da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Os melhores artigos em geral são originários dos programas de pós-graduação, e há grande estímulo para a publicação dos mesmos em revistas internacionais com grande fator de impacto. Como o Qualis do J Vasc Bras na CAPES foi rebaixado, não temos mais recebido artigos originais mais sofisticados oriundos de teses, criando assim um círculo pernicioso: não recebemos os melhores artigos, a indexação MEDLINE vai ficando cada vez mais longe, e sem MEDLINE nosso Qualis não melhora.

Quanto aos revisores, uma parcela expressiva não tem compromisso com a pontualidade, causando grande prejuízo ao andamento do trabalho de composição de cada edição. Por outro lado, o SciELO nos informou que a NLM faz uma pesquisa da produção científica de cada revisor cujo nome consta da lista de membros do corpo editorial e do número de citações que os artigos desses revisores obtiveram. Como essa avaliação é muito importante enquanto critério para a indexação da revista, estamos também fazendo esse levantamento, o qual deverá servir de guia para a necessária reformulação do corpo editorial com vistas a uma nova solicitação de indexação daqui a 2 anos.

Finalmente, estamos aguardando a decisão do ISI quanto à indexação de nossa revista no Web of Science. Conseguir essa indexação será um grande alento e fator importante numa segunda rodada no MEDLINE.

Sem o MEDLINE e sem o ISI, nossa revista não tem como sobreviver tanto nacional como internacionalmente. A falta de uma revista de prestígio vai enfraquecer a própria SBACV, pois o J Vasc Bras é o espelho dela. É preciso que os colegas façam um grande esforço no sentido de publicar artigos e que os revisores agilizem suas avaliações e tenham produção científica valorizada.

Ainda dentro do programa de reformulação geral que obrigatoriamente teremos que fazer ao longo dos próximos 2 anos, fizemos, junto com a Diretoria de Publicações, um estudo de nova capa para o J Vasc Bras, que já está sendo implementada, valorizando graficamente nossa revista.

Colegas, valorizem a SBACV enviando seus artigos para o J Vasc Bras.

Não foram declarados conflitos de interesse associados à publicação deste editorial.

  • 1. Yoshida WB, Holmo NF, Corregliano GT, Baldon KM, Souza e Silva N. Publicações indexadas geradas a partir de resumos de congressos de angiologia e cirurgia vascular no Brasil. J Vasc Bras. 2008;7:293-7.
  • Mudanças necessárias no Jornal Vascular Brasileiro

    Winston Bonetti Yoshida
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      23 Set 2010
    • Data do Fascículo
      Jun 2010
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