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Mulheres no Board: Elas gerem resultados? Evidência empírica das empresas europeias cotadas

Resumo

Objetivo:

Analisar em que medida a presença de mulheres no conselho de administração e o gênero do CEO e do CFO afetam a gestão de resultados e, consequentemente, a qualidade da informação financeira das empresas cotadas europeias.

Metodologia:

Abordagem quantitativa, com informação retirada da base de dados Bloomberg, complementada com a recolha manual de dados dos relatórios financeiros, numa amostra de empresas cotadas de 17 países europeus, para o período de 2007-2013.

Resultados:

Os principais resultados do estudo sugerem que apenas o gênero do CFO tem impacto na magnitude e direção da gestão de resultados. Empresas com CFO de gênero feminino fazem menos gestão de resultados do que as empresas com CFO de gênero masculino. Também existe evidência de que os as mulheres fazem gestão de resultados no sentido descendente, ou seja, usam os accruals discricionários para gerir os resultados para baixo.

Contribuições:

Contribuir para a ainda escassa literatura sobre o impacto da diversidade do gênero na gestão de resultados e na qualidade do relato financeiro, apostando em uma abordagem internacional, dado que a maioria dos estudos analisa a realidade de um único país, concretamente a dos EUA.

Palavras-chave:
Gestão de resultados; gênero; empresas cotadas; corporate governance

Abstract

Purpose:

To analyse the impact of women on boards of directors and the gender of CEOs and CFOs on the earnings management and, thus, on the quality of the financial information of European listed firms.

Design/methodology/approach:

Archival research based on data collected from Bloomberg, complemented by information hand collected from financial reports, for a sample of European listed firms, covering 2007-2013.

Findings:

The main results show that only CFO gender has an impact on both the intensity and direction of earnings management. Firms with a woman CFO presented less earnings management than those with a male CFO. We also find evidence that women manage earnings downwards, such that discretionary accruals are used to decrease reported earnings.

Originality/value:

We contribute to the still scarce literature on the impact of gender on earnings management and financial reporting quality, namely by providing international evidence, since the extant literature focuses on the USA.

Keywords:
Earnings Management; Gender; Listed Firms; Corporate Governance

1 Introdução

A prática de gestão de resultados pode afetar a qualidade do relato financeiro e, consequentemente, o processo de tomada de decisões por parte dos diferentes utilizadores da informação contabilística. A gestão de resultados ocorre quando os gestores utilizam julgamentos no relato financeiro e na estruturação de transações de forma a alterar os relatórios financeiros (Healy & Wahlen, 1999Healy, P. & Wahlen, J. (1999). A Review of the Earnings Management Literature and Its Implications for Standard Setting. Accounting horizons, 13(4), 365-383.). Assim, não é de estranhar a crescente atenção que a literatura vem dedicando à temática da gestão de resultados (Peni & Vähämaa, 2010Peni, E. & Vähämaa, S. (2010). Female executives and earnings management. Managerial Finance, 36(7), 629-645.).

Também a temática da diversidade de gênero, e suas implicações na gestão das empresas, vem registrando um interesse crescente em diferentes áreas de pesquisa. Existe evidência de que há diferenças comportamentais significativas entre gêneros (Bernardi & Arnold, 1997Bernardi, R. & Arnold, D. (1997). An Examination of Moral Development within Public Accounting by Gender, Staff Level, and Firm. Contemporary Accounting Research, 14(4), 653-668.; Byrnes et al., 1999Byrnes, J., Miller, D. & Schafer, W. (1999). Gender differences in risk taking: A meta-analysis. Psychological bulletin, 125(3), 367-383.; Francis et al., 2015Francis, B., Hasan, I., Park, J. C., & Wu, Q. (2015). Gender differences in financial reporting decision making: Evidence from accounting conservatism. Contemporary Accounting Research, 32(3), 1285-1318.; Heminway, 2007Heminway, J. (2007). Sex, trust, and corporate boards. Hastings Women’s Law Journal, 18, 173-193.) que podem afetar as práticas de relato financeiro. Esse crescente interesse no estudo da diversidade de gênero deve-se também às pressões exercidas por várias entidades, quais sejam os reguladores em nível nacional, a Comissão Europeia e os media, no sentido de aumentar a participação das mulheres em posições de destaque (Terjesen et al., 2009Terjesen, S., Sealy, R. & Singh, V. (2009) Women directors on corporate boards: A review and research agenda. Corporate Governance: An International Review, 17(3), 320-337., European Commission, 2012). Concretamente, a imposição de cotas para mulheres nos conselhos de administração de empresas com títulos negociáveis em bolsa e de capital estatal é já uma realidade em muitos países. No entanto, a presença das mulheres em lugares de topo continua a ser modesta. Em escala mundial, apenas 10% dos membros dos conselhos de administração são do gênero feminino (Terjesen et al., 2015).

A literatura que analisa a influência do gênero na qualidade do relato financeiro, e particularmente na gestão de resultados, ainda é escassa e inconclusiva, sendo majoritariamente relativa à realidade estadunidense. Gavious et al. (2012Gavious, I., Segev, E. & Yosef, R. (2012). Female directors and earnings management in high-technology firms. Pacific Accounting Review, 24(1), 4-32.), entre outros, encontraram evidência de que a gestão de resultados é menor quando o diretor-presidente (CEO - Chief Executive Officer) e o diretor financeiro (CFO - Chief Financial Officer) são do gênero feminino. Por sua vez, Arun et al. (2015Arun, T., Almahrog, Y. & Aribi, Z. (2015). Female Directors and Earnings Management: Evidence from UK companies. International Review of Financial Analysis, 39, 137-146.) concluíram que a presença feminina no conselho de administração está associada a uma gestão de resultados no sentido descendente, sugerindo que as mulheres são mais propensas a praticar políticas de relato financeiro mais conservadoras. Em outros estudos, no entanto, não foi encontrada qualquer relação entre a presença das mulheres e o nível de gestão de resultados praticado (Ye et al., 2010Ye, K., Zhang, R. & Rezaee, Z. (2010). Does top executive gender diversity affect earnings quality? A large sample analysis of Chinese listed firms. Advances in Accounting, 26(1), 47-54.; Ge et al., 2011Ge, W., Matsumoto, D., & Zhang, J. L. (2011). Do CFOs have style? An empirical investigation of the effect of individual CFOs on accounting practices. Contemporary Accounting Research, 28(4), 1141-1179.; Arun et al., 2015). Segundo Adams et al. (2015Adams, R. B., Haan, J., Terjesen, S. & Ees, H. (2015). Board diversity: Moving the field forward. Corporate Governance: An International Review, 23(2), 77-82.), é necessária mais pesquisa sobre os efeitos da diversidade de gênero, concretamente em nível do conselho de administração, e mais estudos internacionais que analisem vários países e não apenas a realidade de um único país. Também Birnberg (2011Birnberg, J. G. (2011). A proposed framework for behavioral accounting research. Behavioral Research in Accounting, 23(1), 1-43.) argumenta que a literatura em contabilidade deve dar mais atenção à questão de gênero, dados os poucos estudos que existem sobre essa temática, bem como os resultados contraditórios encontrados.

Este estudo tem como objetivo analisar a associação entre a presença de mulheres na administração e a gestão de resultados em um contexto europeu. Ou seja, pretende-se estudar em que medida a presença de mulheres no conselho de administração, e no exercício de funções de CEO e de CFO, afeta a gestão de resultados e, consequentemente, a qualidade da informação financeira reportada das empresas cotadas europeias.

Como medidas de gestão de resultados foram escolhidas duas amplamente usadas na literatura: o valor absoluto dos accruals discricionários, calculado através do modelo de Jones modificado (Dechow et al., 1995Dechow, P., Sloan, R. & Sweeney, A. (1995). Detecting Earnings Management. The Accounting Review, 70(2), 193-225.), e a magnitude dos accruals, como proxy para o nível em que os gestores recorrem à discricionariedade nos resultados reportados (Leuz et al., 2003Leuz, C., Nanda, D. & Wysocki, P. (2003). Earnings management and investor protection: An international comparison. Journal of Financial Economics, 69(3), 505-527.). Para mensurar a presença das mulheres na gestão das empresas, foram utilizadas três medidas também comuns na literatura, a percentagem de mulheres no conselho de administração e o gênero do CEO e do CFO. A amostra do estudo é constituída por 373 empresas cotadas de 17 países europeus e abrange o período temporal de 2007 a 2013.

Os principais resultados do estudo sugerem que apenas o gênero do CFO tem impacto na magnitude e na direção da gestão de resultados. Existe evidência de que empresas com CFO de gênero feminino fazem menos gestão de resultados do que as empresas com CFO de gênero masculino. Também existe evidência de que as mulheres fazem gestão de resultados no sentido descendente, ou seja, usam os accruals discricionários para gerir os resultados para baixo, o que sugere que mulheres adotam um comportamento mais conservador do que os homens em termos de relato financeiro. Esses resultados estão em linha com os obtidos em estudos anteriores (Peni & Vähämaa, 2010Peni, E. & Vähämaa, S. (2010). Female executives and earnings management. Managerial Finance, 36(7), 629-645.; Vähämaa, 2014).

Pretende-se com este estudo contribuir para a ainda escassa literatura sobre o impacto da diversidade do gênero na gestão de resultados e na qualidade do relato financeiro, apostando em uma abordagem internacional, já que a maioria dos estudos analisa a realidade de um único país, concretamente a dos EUA. Os resultados deste estudo são do interesse dos diferentes intervenientes do processo de relato financeiro, quais sejam os analistas, investidores, credores e entidades normalizadoras e reguladoras.

O presente estudo está dividido em cinco seções. Na seção seguinte é feita uma breve revisão da literatura. Na seção 3, são descritas a amostra e a metodologia empregada. A seção 4 revela a análise dos resultados. Por fim, na seção 5, apresentam-se as principais conclusões, limitações e sugestões de pesquisa futura.

2 Revisão da literatura

2.1 Gestão de resultados

A prática de gestão de resultados suscita, provavelmente, uma das mais importantes questões éticas que os contadores enfrentam (Merchant & Rockness, 1994Merchant, K. a. & Rockness, J. (1994). The ethics of managing earnings: An empirical investigation. Journal of Accounting and Public Policy, 13(1), 79-94.). As empresas que se envolvem nessa prática podem iludir os stakeholders sobre a verdadeira rentabilidade e estabilidade de suas operações, possibilitando prejudicar o processo de tomada de decisão e o eficiente funcionamento dos mercados de capitais. De fato, a informação divulgada pelas empresas é usada para definir os preços dos títulos e os investidores a utilizam para decidir se compram, vendem ou mantêm os títulos. Os mercados podem não ter condições de avaliar os títulos corretamente quando a informação não revela precisamente a posição financeira e o desempenho das empresas. Como a gestão de resultados pode esconder o desempenho real e diminuir a habilidade de os utilizadores tomarem decisões informadas, pode ser vista como um custo de agência (Xie et al., 2003Xie, B., Davidson, W. & Dadalt, P. (2003). Earnings management and corporate governance: The role of the board and the audit committee. Journal of Corporate Finance, 9(3), 295-316.).

A gestão de resultados é a prática de escolher estimativas contabilísticas ou alterar os prazos de decisões operacionais de modo a mover os resultados, para que se atinja o objetivo desejado (Merchant & Rockness, 1994Merchant, K. a. & Rockness, J. (1994). The ethics of managing earnings: An empirical investigation. Journal of Accounting and Public Policy, 13(1), 79-94.). É uma intervenção deliberada no relato financeiro, com o objetivo de obter uma determinada vantagem para si, para a empresa ou para ambos (Schipper, 1989Schipper, K. (1989). Commentary on earnings management. Accounting Horizons, 3(4), 91-102.; Healy & Wahlen, 1999Healy, P. & Wahlen, J. (1999). A Review of the Earnings Management Literature and Its Implications for Standard Setting. Accounting horizons, 13(4), 365-383.). A gestão de resultados ocorre quando os gestores utilizam julgamentos nas demonstrações financeiras e na estruturação de operações de forma a alterar os relatórios financeiros, com o intuito de “enganar” alguns stakeholders sobre o desempenho econômico da empresa, ou de influenciar os resultados contratuais que dependem dos resultados contabilísticos reportados (Healy & Wahlen, 1999).

Segundo Beneish (2001Beneish, M. (2001). Earnings management: A perspective. Managerial Finance, 27(12), 3-17.), existem duas perspectivas sobre a gestão de resultados: a perspectiva oportunista e a perspectiva informativa. A perspectiva oportunista caracteriza-se pelo fato de os gestores tentarem “enganar” os investidores, agindo em seu benefício e em detrimento dos interesses dos acionistas (Healy & Wahlen, 1999Healy, P. & Wahlen, J. (1999). A Review of the Earnings Management Literature and Its Implications for Standard Setting. Accounting horizons, 13(4), 365-383.; Schipper, 1989Schipper, K. (1989). Commentary on earnings management. Accounting Horizons, 3(4), 91-102.). Por sua vez, na perspectiva informativa os gestores gerem os resultados de modo a reduzir a assimetria de informação, revelando aos investidores informação privada, nomeadamente, sobre quais são suas expectativas relativamente aos futuros fluxos de caixa da empresa (Peasnell et al., 2005Peasnell, K. V, Pope, P.F. & Young, S. (2005). Board monitoring and Earnings Management: Do Outside Directors Influence Abnormal Accruals? Journal of Business Finance & Accounting, 32(7-8), 1311-1346.; Dechow & Schrand, 2004Dechow, P. & Schrand, C. (2004). Earnings quality, CFA Institute.; Subramanyam, 1996Subramanyam, K.R., (1996). The pricing of discretionary accruals. Journal of accounting and economics, 22(1), 249-281.). Na literatura, prevalece a perspectiva oportunista.

De acordo com Healy & Wahlen (1999Healy, P. & Wahlen, J. (1999). A Review of the Earnings Management Literature and Its Implications for Standard Setting. Accounting horizons, 13(4), 365-383.), aspectos relacionados ao mercado de capitais e questões contratuais e legais podem motivar as práticas de gestão de resultados. Relativamente aos mercados de capital, os gestores podem recorrer a práticas de gestão de resultados de modo a reportar resultados que vão de encontro às expectativas dos analistas e dos investidores ou para influenciar as cotações das ações em bolsa. No que diz respeito às questões contratuais, o desejo de obter financiamento externo a baixo custo e de evitar violações das cláusulas contratuais motiva a gestão de resultados. Por último, as questões regulatórias poderão motivar a gestão de resultados, quer por razões fiscais, como diminuir os impostos a pagar, ou para evitar determinada regulamentação específica do setor de atividade.

Os accruals, dado que representam a parte dos resultados que não têm tradução nos fluxos de caixa, criam oportunidade para a gestão de resultados, porque requerem que os gestores façam previsões, estimativas e julgamentos. Quanto maior seu grau de discricionariedade, maior a propensão para a gestão de resultados, na medida em que oferecem maior flexibilidade na determinação dos impactos e sua mensuração. Exemplos de sua oportunidade e prevalência podem ser encontrados consistentemente na literatura. Bressan et al. (2017Bressan, V. G. F., Souza, D. C. D., & Bressan, A. A. (2017). Income smoothing: a study of the health sector’s credit unions. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 19 (66), 627-643.) demonstram o uso de estimativas de provisões por parte das uniões de crédito afiliadas com o sistema Unicred como forma de analisar os resultados e, consequentemente, reduzir a variabilidade dos retornos, apresentando imagem de solidez aos membros. Linhares et al. (2018Linhares, F. S., Costa, F. M. D., & Beiruth, A. X. (2018). Earnings management and investment efficiency. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 20 (2), 295-310.) encontram evidência da associação positiva entre gestão de resultados e desvio dos níveis ideais de investimento nas empresas cotadas na BM&FBovespa. Essa prevalência de gestão de resultados de forma oportunística não é mitigada, mesmo quando o regulador obriga a rotação de firmas de auditoria com vista a melhorar o escrutínio e promover uma menor gestão de resultados (Da Silva & Bezerra, 2010Da Silva, J. O., & Bezerra, F. A. (2010). Análise do gerenciamento de resultados e o rodízio de firmas de auditoria nas empresas de capital aberto. RBGN: Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 12 (36), 304-321.).

2.2 Diversidade de gênero

A literatura nas áreas de psicologia, sociologia e gestão reconhece que existem diferenças significativas entre gênero, nomeadamente, nos estilos de liderança, na forma de comunicação, na aversão ao risco e no nível de conservadorismo subjacente às decisões tomadas (Bernardi & Arnold, 1997Bernardi, R. & Arnold, D. (1997). An Examination of Moral Development within Public Accounting by Gender, Staff Level, and Firm. Contemporary Accounting Research, 14(4), 653-668.; Byrnes et al., 1999Byrnes, J., Miller, D. & Schafer, W. (1999). Gender differences in risk taking: A meta-analysis. Psychological bulletin, 125(3), 367-383.; Francis et al., 2015Francis, B., Hasan, I., Park, J. C., & Wu, Q. (2015). Gender differences in financial reporting decision making: Evidence from accounting conservatism. Contemporary Accounting Research, 32(3), 1285-1318.; Heminway, 2007Heminway, J. (2007). Sex, trust, and corporate boards. Hastings Women’s Law Journal, 18, 173-193.). Em razão dessas diferenças e de suas implicações na gestão das empresas, a questão da diversidade de gênero vem recebendo cada vez mais atenção por parte da literatura.

Bruns & Merchant (1990Bruns, W. & Merchant, K. (1990). The Dangerous Morality of Managing Earnings. Management Accounting, 72(2), 22-25.) demonstraram que a gestão de resultados é geralmente vista como uma questão ética pelos gestores e contadores. As diferenças entre homens e mulheres no que diz respeito à ética nos negócios têm sido consideravelmente estudadas pela literatura nessa área, existindo evidência de que mulheres e homens apresentam diferenças nos valores e interesses e na propensão para incorrer em um comportamento empresarial antiético (Gilligan, 1982Gilligan, C. (1982). In a different voice: Psychological Theory and Women’s Development. Cambridge, MA: Harvard.; Betz et al., 1989Betz, M., O’Connell, L. & Shepard, J. (1989). Gender differences in proclivity for unethical behavior. Journal of Business Ethics, 8(5), 321-324.). As mulheres são mais éticas no local de trabalho, mesmo quando poderiam se beneficiar pessoalmente de um comportamento antiético, e menos propensas a incorrer em comportamentos não éticos com o intuito de obter ganhos financeiros (Betz et al., 1989; Bernardi & Arnold, 1997Bernardi, R. & Arnold, D. (1997). An Examination of Moral Development within Public Accounting by Gender, Staff Level, and Firm. Contemporary Accounting Research, 14(4), 653-668.; Khazanchi, 1995Khazanchi, D. (1995). Unethical Behavior in Information Systems : The Gender Factor. Journal of Business Ethics, 14(9), 741-749.). Os homens se interessam por ter uma carreira bem-sucedida e por obter benefícios econômicos, tendo maior probabilidade de quebrar as regras para alcançar sucesso competitivo. Por outro lado, as mulheres têm maior tendência para ajudar os outros e para relações harmoniosas e são menos propensas a incorrer em comportamentos não éticos (Betz et al., 1989; Butz & Lewis, 1996Butz, C. & Lewis, P. (1996). Correlation of gender-related values of independence and relationship and leadership orientation. Journal of Business Ethics, 15(11), 1141-1149.; Mason & Mudrack, 1996Mason, E.S. & Mudrack, P.E. (1996). Gender and ethical orientation: A test of gender and occupational socialization theories. Journal of Business Ethics, 15(6), 599-604.).

Adicionalmente, as mulheres tendem a ser mais avessas ao risco em geral (Byrnes et al., 1999Byrnes, J., Miller, D. & Schafer, W. (1999). Gender differences in risk taking: A meta-analysis. Psychological bulletin, 125(3), 367-383.) e, em particular, ao risco no que diz respeito a decisões de investimentos (Cohn et al., 1975Cohn, R. A., Lewellen, W. G., Lease, R. C., & Schlarbaum, G. G. (1975). Individual investor risk aversion and investment portfolio composition. The Journal of Finance, 30(2), 605-620.; Riley & Chow, 1992Riley, W.B. & Chow, K.V. (1992). Asset allocation and individual risk aversion. Financial Analysts Journal, 48(6), 32-37.) e de financiamento (Jianakoplos & Bernasek, 1998Jianakoplos, N. & Bernasek, A. (1998). Are women more risk averse? Economic inquiry, 36(4), 620-630.)47 per cent compared with graduated compression stockings, and 48 per cent compared with mini-dose heparin. IPC devices significantly decreased the relative risk of DVT compared with placebo in high-risk patients such as neurosurgery and major orthopedic surgery patients and in modest risk patients such as general surgery patients. In major orthopedic surgery patients, the incidence of DVT was similar for IPC- and warfarin-treated patients; however, IPC was significantly better than warfarin at decreasing the incidence of calf only DVT, whereas warfarin seemed to be better at decreasing proximal DVT. IPC devices are effective in decreasing the incidence of DVT in patients at moderate to high risk and are probably more efficacious than graduated compression stockings or mini-dose heparin; however, IPC devices are not protective against pulmonary embolism. The data directly comparing the various methods of compression (knee-high versus thigh-high sleeves and graded-sequential versus uniform compression. Tendem também a tomar decisões mais conservadoras e prudentes no relato financeiro (Francis et al., 2015Francis, B., Hasan, I., Park, J. C., & Wu, Q. (2015). Gender differences in financial reporting decision making: Evidence from accounting conservatism. Contemporary Accounting Research, 32(3), 1285-1318.). Por outro lado, Heminway (2007Heminway, J. (2007). Sex, trust, and corporate boards. Hastings Women’s Law Journal, 18, 173-193.) argumenta que as mulheres são mais fidedignas que os homens e, assim, têm menor probabilidade de manipular o relato financeiro e outras divulgações. Também Srinidhi et al. (2011Srinidhi, B., Gul, F. a. & Tsui, J. (2011). Female directors and earnings quality. Contemporary Accounting Research, 28(5), 1610-1644.) argumentam que as mulheres são mais cautelosas na tomada de decisões financeiras, respeitam mais as regras e prestam uma melhor supervisão no relato financeiro.

2.3 Relação entre gestão de resultados e gênero

Para reestruturar os conselhos de administração nos países europeus, os reguladores propuseram tornar a presença de mulheres na administração um requisito legal. Segundo Habib & Hossain (2013Habib, A. & Hossain, M. (2013). CEO/CFO characteristics and financial reporting quality: A review. Research in Accounting Regulation, 25(1), 88-100.), a lógica inerente a essas reformas prende-se ao fato de a diversidade de gênero melhorar a supervisão dos administradores sobre as atividades corporativas.

A literatura que examina o impacto da diversidade de gênero na gestão de resultados é ainda escassa e inconclusiva, estudando majoritariamente a realidade estadunidense. Existem estudos que evidenciam que a presença feminina em posições de destaque (Krishnan & Parsons, 2008Krishnan, G. & Parsons, L. (2008). Getting to the bottom line: An exploration of gender and earnings quality. Journal of Business Ethics, 78(1-2), 65-76.), no conselho de administração (Srinidhi et al., 2011Srinidhi, B., Gul, F. a. & Tsui, J. (2011). Female directors and earnings quality. Contemporary Accounting Research, 28(5), 1610-1644.) e em funções de CFO (Barua et al., 2010Barua, A., Davidson, L. & Rama, D. (2010). CFO gender and accruals quality. Accounting Horizons, 24(1), 25-39.; Peni and Vähämaa, 2010Peni, E. & Vähämaa, S. (2010). Female executives and earnings management. Managerial Finance, 36(7), 629-645.; Gavious et al., 2012Gavious, I., Segev, E. & Yosef, R. (2012). Female directors and earnings management in high-technology firms. Pacific Accounting Review, 24(1), 4-32.; Vähämaa, 2014), afeta positivamente a qualidade de resultados.

Srinidhi et al. (2011Srinidhi, B., Gul, F. a. & Tsui, J. (2011). Female directors and earnings quality. Contemporary Accounting Research, 28(5), 1610-1644.)there is little supporting empirical evidence. We fill this void by examining the relation between female board participation and the quality of reported earnings. Using a sample of U.S. listed firms from 2001 to 2007, we show a positive relation between the presence of female directors (female nonexecutive directors, female audit committee members, contudo, que estudaram a associação entre a participação de mulheres no conselho de administração e a qualidade dos resultados em empresas dos EUA, e que verificaram que empresas com maior participação feminina no conselho de administração apresentam resultados de maior qualidade, alertam para o fato de não se poder generalizar para outros países a realidade estadunidense. De fato, existem estudos que não encontram evidência do efeito positivo da presença feminina na gestão de resultados e qualidade dos resultados, concretamente no que se refere a funções de CFO e/ou de CEO (Ye et al., 2010Ye, K., Zhang, R. & Rezaee, Z. (2010). Does top executive gender diversity affect earnings quality? A large sample analysis of Chinese listed firms. Advances in Accounting, 26(1), 47-54.; Ge et al. (2011Ge, W., Matsumoto, D., & Zhang, J. L. (2011). Do CFOs have style? An empirical investigation of the effect of individual CFOs on accounting practices. Contemporary Accounting Research, 28(4), 1141-1179.); Arun et al., 2015Arun, T., Almahrog, Y. & Aribi, Z. (2015). Female Directors and Earnings Management: Evidence from UK companies. International Review of Financial Analysis, 39, 137-146.).

Ye et al. (2010Ye, K., Zhang, R. & Rezaee, Z. (2010). Does top executive gender diversity affect earnings quality? A large sample analysis of Chinese listed firms. Advances in Accounting, 26(1), 47-54.) pretendiam demonstrar se o efeito do gênero na qualidade dos resultados nos países em desenvolvimento é igual ao verificado pela literatura nos países desenvolvidos. Para tal, investigaram a possível associação entre o gênero dos executivos de topo e a qualidade dos resultados na China, o maior mercado emergente. Ao contrário do documentado nos mercados desenvolvidos, tais como os EUA, suas conclusões evidenciaram que a qualidade dos resultados não é significativamente diferente entre empresas com executivos homens e com executivos mulheres.

Arun et al. (2015Arun, T., Almahrog, Y. & Aribi, Z. (2015). Female Directors and Earnings Management: Evidence from UK companies. International Review of Financial Analysis, 39, 137-146.) analisaram a relação entre a prática de gestão de resultados e diretoras em empresas do Reino Unido. Concluem que empresas com um maior número de diretoras e de diretoras independentes são mais propensas a praticar políticas de relato financeiro mais conservadoras e geralmente utilizam práticas que implicam a gestão de resultados no sentido decrescente. Verificaram, no entanto, que o gênero do CFO não afeta de forma estatisticamente significativa a prática de gestão de resultados. Também Lakhal et al. (2015Lakhal, F., Aguir, A., Lakhal, N., & Malek, A. (2015). Do women on boards and in top management reduce earnings management? Evidence in France. Journal of Applied Business Research, 31(3), 1107- 1118.) encontraram resultados semelhantes para as empresas francesas cotadas. Apesar de verificarem que a presença de mulheres no conselho de administração reduz a gestão de resultados, não encontraram evidência que apoie a ideia de que o gênero do CEO e do CFO afeta as práticas de gestão de resultados.

Assim, este estudo pretende responder às seguintes questões de pesquisa no contexto das empresas europeias cotadas:

  • Q1: A prática de gestão de resultados é menor em empresas com mulheres no conselho de administração?

  • Q2: A prática de gestão de resultados é menor em empresas com uma mulher como presidente executiva?

  • Q3: A prática de gestão de resultados é menor em empresas com uma mulher como diretora financeira?

3 DADOS E METODOLOGIA

3.1 Amostra e coleta de dados

Os dados usados no estudo foram retirados da base de dados Bloomberg, à exceção da informação sobre o gênero do presidente executivo e do diretor financeiro que foi recolhida e completada com informação coletada manualmente dos Relatórios e Contas. A amostra inicial é composta por empresas cotadas com sede na Europa, no período de 2007 a 2013.

Da amostra inicial, foram excluídas empresas do setor financeiro em razão de suas características específicas que poderiam conduzir a enviesamentos de resultados e empresas para as quais não existia informação disponível para todas as variáveis. Não foram também considerados os setores com menos de seis empresas e os países com menos de cinco empresas. Os setores foram classificados de acordo com o Industry Classification Benchmark (ICB).

A amostra final é constituída por 373 empresas, de 17 países europeus e de 16 setores de atividade, em um período de sete anos, entre 2007 e 2013. A Tabela 1 apresenta a composição da amostra por país. O país com maior representatividade na amostra é o Reino Unido (33,78%), seguido da França (11,26%) e da Alemanha (8,04%).

Tabela 1
Composição da amostra por país

3.2 Metodologia

3.2.1 Medidas de gestão de resultados

Como medidas de gestão de resultados, foram consideradas duas medidas amplamente usadas na literatura: os accruals discricionários, calculados segundo o Modelo de Jones Modificado desenvolvido por Dechow et al. (1995Dechow, P., Sloan, R. & Sweeney, A. (1995). Detecting Earnings Management. The Accounting Review, 70(2), 193-225.), e a magnitude dos accruals (Leuz et al., 2003Leuz, C., Nanda, D. & Wysocki, P. (2003). Earnings management and investor protection: An international comparison. Journal of Financial Economics, 69(3), 505-527.). Os accruals criam oportunidade para a gestão de resultados porque requerem que os gestores façam previsões, estimativas e julgamentos. Quanto maior seu grau de discricionariedade, maior a propensão para a gestão de resultados (Dechow & Schrand, 2004).

A primeira etapa para o cálculo da primeira medida, GRJones, foi a obtenção dos accruals totais por meio da abordagem tradicional do balanço (Dechow et al., 1995Dechow, P., Sloan, R. & Sweeney, A. (1995). Detecting Earnings Management. The Accounting Review, 70(2), 193-225.):

T A i , t = Δ A C i , t Δ C a i x a i , t Δ P C i , t + Δ D C P i , t D e p A m i , t (1)

em que TAi,t é o total dos Accruals da empresa i no ano t; ∆AC é a variação anual do ativo corrente; ∆Caixa é a variação anual de caixa e equivalentes de caixa; ∆PC é a variação anual do passivo corrente; ∆DCP é a variação anual da dívida de curto prazo; DepAm é o valor de depreciações e amortizações no ano t.

Em seguida, estimaram-se os coeficientes αi para cada setor de atividade-ano:

T A i , t = α 1 + α 2 Δ V E N i , t + α 3 A F T i , t + ε i , t (2)

em que ∆VEN é a variação anual das vendas e AFT é o ativo fixo tangível no ano t, deflacionados pelo total do ativo do ano anterior.

Com base nas estimativas dos coeficientes αi, calcularam-se os accruals não discricionários para cada empresa-ano (ANDi,t), de forma a obter a primeira medida de gestão de resultados:

G R J o n e s i , t = T A i , t A N D i , t (3)

Por fim, no modelo de base descrito abaixo, optou-se por analisar o valor absoluto dessa medida, tendo como objetivo de estudo a intensidade do nível de accruals discricionários.

Com base em Leuz et al. (2003Leuz, C., Nanda, D. & Wysocki, P. (2003). Earnings management and investor protection: An international comparison. Journal of Financial Economics, 69(3), 505-527.), foi calculada a segunda medida de gestão de resultados da seguinte forma:

G R L e u z i , t = | A c c r u a l s i , t | / | F C O i , t | (4)

em que FCO é o cash flow operacional, que resulta da subtração dos accruals ao resultado operacional, e os Accruals foram obtidos por meio de:

A c c r u a l s i , t = ( Δ A C i , t Δ C a i x a i , t ) ( Δ P C i , t Δ D C P i , t Δ I i , t ) D e p A m i , t (5)

em que ΔI é a variação anual dos impostos sobre rendimentos a pagar.

3.2.2 Variáveis de gênero

De forma a estudar a influência das mulheres na gestão de resultados, foram criadas três variáveis de gênero com base em estudos anteriores: mulheres, percentagem de mulheres no conselho de administração; CEO, variável dummy que assume o valor “1” se o diretor-presidente é do gênero feminino e “0” caso contrário; e CFO, variável dummy que assume o valor “1” se o diretor financeiro é do gênero feminino e “0” caso contrário (Arun et al., 2015Arun, T., Almahrog, Y. & Aribi, Z. (2015). Female Directors and Earnings Management: Evidence from UK companies. International Review of Financial Analysis, 39, 137-146.; Barua et al., 2010Barua, A., Davidson, L. & Rama, D. (2010). CFO gender and accruals quality. Accounting Horizons, 24(1), 25-39.; Peni & Vähämaa, 2010Peni, E. & Vähämaa, S. (2010). Female executives and earnings management. Managerial Finance, 36(7), 629-645.; Ye et al., 2010Ye, K., Zhang, R. & Rezaee, Z. (2010). Does top executive gender diversity affect earnings quality? A large sample analysis of Chinese listed firms. Advances in Accounting, 26(1), 47-54.).

3.2.3 Modelo empírico

Para testar as hipóteses em estudo, foram desenvolvidos os seguintes modelos empíricos:

| G R J o n e s | i , t = α + β 1 M U L H E R E S i , t + β 2 C E O i , t + β 3 C F O i , t + β 4 C V E N D i , t + β 5 D I M i , t + β 6 E N D i , t + β 7 F C O i , t + β 8 M B i , t + β 9 P R E J i , t + β 10 R O A i , t + β 11 A N O i + β 12 P A I S i + β 13 S E T O R i + ε i , t (6)

G R L e u z i , t = α + β 1 M U L H E R E S i , t + β 2 C E O i , t + β 3 C F O i , t + β 4 C V E N D i , t + β 5 D I M i , t + β 6 E N D i , t + β 7 F C O i , t + β 8 M B i , t + β 9 P R E J i , t + β 10 R O A i , t + β 11 A N O i + β 12 P A I S i + β 13 S E T O R i + ε i , t (7)

em que CVEND é o crescimento anual das vendas; DIM é a dimensão da empresa; END é o nível de endividamento; FCO é o fluxo de caixa operacional; MB é o índice market-to-book; PREJ indica se a empresa gerou prejuízo ou não; e ROA é a rentabilidade do ativo. O índice i representa cada uma das empresas da amostra (i=1, 2, …, 373) e o índice t diz respeito ao ano (t=2007, 2008,…, 2013).

Dado que a gestão de resultados pode diferir ao longo do tempo e entre setores, incluíram-se, também, variáveis de controle para potenciais efeitos temporais e do setor de atividade (Arun et al., 2015Arun, T., Almahrog, Y. & Aribi, Z. (2015). Female Directors and Earnings Management: Evidence from UK companies. International Review of Financial Analysis, 39, 137-146.; Peni & Vähämaa, 2010Peni, E. & Vähämaa, S. (2010). Female executives and earnings management. Managerial Finance, 36(7), 629-645.). A variável ANO é uma variável dummy referente ao ano e a variável SETOR é uma dummy de acordo com o ICB. Foi ainda utilizada uma variável dummy, denominada PAIS, para controlar possíveis efeitos das características do país na gestão de resultados. Para um maior detalhe acerca das variáveis em estudo, ver informação contida no Anexo. O método de estimação utilizado foi o pooled OLS. Os erros-padrão foram agrupados por empresa e ano, de forma a corrigir a presença de autocorrelação.

4 Análise de resultados

4.1 Estatísticas descritivas

A Tabela 2 apresenta as estatísticas descritivas das variáveis em estudo. Por meio da análise desta tabela, verifica-se que a média da variável GRJones é de -0,0082, podendo assim afirmar-se que, em média, as empresas da amostra praticam gestão de resultados no sentido decrescente, ou seja, para diminuir os resultados. Arun et al. (2015Arun, T., Almahrog, Y. & Aribi, Z. (2015). Female Directors and Earnings Management: Evidence from UK companies. International Review of Financial Analysis, 39, 137-146.) também evidenciaram que as empresas do Reino Unido tendem a ser conservadoras e preferem incorrer em práticas de gestão de resultados no sentido descendente. Em relação à média da GRLeuz é possível constatar-se que esta se encontra de acordo com o estudo de Leuz et al. (2003Leuz, C., Nanda, D. & Wysocki, P. (2003). Earnings management and investor protection: An international comparison. Journal of Financial Economics, 69(3), 505-527.).

Tabela 2
Estatísticas descritivas

No que concerne às três variáveis independentes sobre o gênero dos administradores, constata-se que as empresas da amostra apresentam, em média, uma percentagem de mulheres no conselho de administração de 13,14%. Existe uma grande discrepância entre o valor mínimo (0%) e o valor máximo (70%) dessa variável. O valor máximo de 70% corresponde unicamente a uma empresa e em um só ano, e apenas 13 empresas das 373 (37 observações) apresentam uma percentagem de mulheres no conselho de administração igual ou superior a 50%. O valor mínimo de 0% diz respeito, no entanto, a 780 observações, correspondentes a 183 empresas. Evidencia-se, assim, a reduzida percentagem de mulheres nos conselhos de administração das empresas europeias cotadas. As variáveis CEO e CFO mostram que a maioria das empresas da amostra tem homens como presidente executivo e como diretor financeiro. A média da variável CFO é de 5,82%, sendo ligeiramente superior aos 2,53% da variável CEO. Esses valores indicam que, em média, existem mais CFO mulheres do que CEO mulheres, mas, mesmo assim, o número de mulheres diretoras financeiras é pouco representativo.

Relativamente às variáveis de controle, observa-se que as empresas da amostra apresentam, em média, uma alavancagem financeira de 58,98%, um crescimento das vendas de 5,11%, um fluxo de caixa operacional de 10,03% do ativo total, um ROA de 5,71% e MB de 2,52. A média de 9,99% da variável PREJ indica que cerca de 10% dos resultados reportados são negativos.

4.2 Análise de resultados

A Tabela 4 apresenta os resultados obtidos das regressões (6) e (7). Relativamente à variável de gênero MULHERES, os resultados sugerem que a presença de mulheres no conselho de administração não influencia a gestão de resultados, visto que seus coeficientes não são estatisticamente significativos. Assim, em resposta à Q1, relativa à relação inversa entre a gestão de resultados e a presença de mulheres no conselho de administração, não existe evidência de que uma maior presença das mulheres no conselho de administração reduza a gestão de resultados.

Tabela 3
Magnitude da gestão de resultados e mulheres na administração

Da mesma forma, não encontramos evidência que nos permita responder afirmativamente à Q2, em que pesquisamos se a fato de o presidente executivo ser mulher reduz a prática de gestão de resultados, em razão da irrelevância estatística do coeficiente de CEO. Também Peni & Vähämaa (2010Peni, E. & Vähämaa, S. (2010). Female executives and earnings management. Managerial Finance, 36(7), 629-645.) e Ye et al. (2010Ye, K., Zhang, R. & Rezaee, Z. (2010). Does top executive gender diversity affect earnings quality? A large sample analysis of Chinese listed firms. Advances in Accounting, 26(1), 47-54.) não observaram uma associação significativa entre o gênero do CEO e as práticas de gestão de resultados nas empresas dos EUA e da China, respectivamente.

Em relação aos resultados da variável CFO, verifica-se que esta apresenta um coeficiente negativo e estatisticamente significativo, em um nível de significância de 10%, quando a gestão de resultados é medida pela variável GRJones. Esse resultado, que contempla a Q3, sugere que empresas com CFO de gênero feminino efetuam menos gestão de resultados. Isso está de acordo com estudos anteriores, nomeadamente com Barua et al. (2010Barua, A., Davidson, L. & Rama, D. (2010). CFO gender and accruals quality. Accounting Horizons, 24(1), 25-39.), que verificaram que empresas dos EUA com diretor financeiro do gênero feminino reportam menores níveis de accruals discricionários.

Quando a variável dependente é GRLeuz, o coeficiente de CFO, apesar de positivo, não se revela estatisticamente significativo; logo, não se tem evidência de uma associação entre o gênero do CFO e o nível de alisamento de resultados praticado pelas empresas.

Os resultados sugerem também que empresas de maior dimensão e mais rentáveis praticam menos gestão de resultados.

Assim, existe evidência de que o fato de o CFO ser do gênero feminino afeta favoravelmente a qualidade do relato financeiro, uma vez que restringe as práticas de gestão de resultados, apoiando a ideia de que as mulheres são mais éticas e menos avessas ao risco do que os homens. A ausência de relação estatisticamente significativa entre a presença de mulheres no conselho de administração e a gestão de resultados pode resultar da presença pouco expressiva das mulheres no conselho de administração, que não lhes permita ter um papel mais ativo nas decisões tomadas e na supervisão efetuada sobre o relato financeiro. Shader et al. (1997), entre outros, argumentam que, se a presença de mulheres no conselho de administração não for significativa, suas opiniões não terão impacto na organização. Em nossa amostra, a percentagem média de mulheres no conselho de administração é de apenas 13%.

Relativamente à ausência de influência do CEO, também documentada em estudos anteriores, Ye et al. (2010Ye, K., Zhang, R. & Rezaee, Z. (2010). Does top executive gender diversity affect earnings quality? A large sample analysis of Chinese listed firms. Advances in Accounting, 26(1), 47-54.), Jiang et al. (2010Jiang, J. X., Petroni, K. R., & Wang, I. Y. (2010). CFOs and CEOs: Who have the most influence on earnings management?. Journal of Financial Economics, 96(3), 513-526.) e Ge et al. (2011Ge, W., Matsumoto, D., & Zhang, J. L. (2011). Do CFOs have style? An empirical investigation of the effect of individual CFOs on accounting practices. Contemporary Accounting Research, 28(4), 1141-1179.), entre outros, defendem que o CFO tem maior influência no relato financeiro do que o CEO e, como tal, tem um papel mais decisivo em temos de gestão de resultados, o que pode em parte explicar os resultados obtidos.

4.3 Análise adicional

Foi realizada uma análise adicional considerando a variável dependente GRJones com sinal, de forma a analisar a influência da presença das mulheres no conselho de administração, bem como do gênero do CEO e CFO, na direção da gestão de resultados. A amostra foi subdividida em duas, consoante o sinal dos accruals discricionários, e estimado o modelo (6) para cada uma das subamostras. A Tabela 5 apresenta os resultados.

Tabela 4
Direção da gestão de resultados e mulheres na administração

A primeira coluna da Tabela 5 apresenta os resultados para o grupo com GRJones com sinal negativo, que representa as empresas que gerem os resultados de forma descendente, ou seja, usam os accruals discricionários para baixar os resultados. A segunda coluna apresenta os resultados para o grupo com GRJones com sinal positivo, que representa as empresas que geram os resultados de forma ascendente.

À semelhança da análise principal, a variável CFO é a única variável de gênero a apresentar um coeficiente estatisticamente significativo, mas apenas no grupo de empresas que geram os resultados de forma descendente. Ou seja, existe evidência de que empresas com CFO do gênero feminino tendem a fazer gestão de resultados no sentido descendente, o que está em linha com estudos anteriores que apoiam a ideia de que as mulheres têm um comportamento mais conservador e tendem a optar mais por políticas de relato financeiro conservadoras do que os homens (Peni & Vähämaa, 2010Peni, E. & Vähämaa, S. (2010). Female executives and earnings management. Managerial Finance, 36(7), 629-645.; Vähämaa, 2014). Não foi encontrada qualquer evidência de que o gênero influencie a prática de gestão de resultados no sentido ascendente.

Os resultados sugerem ainda que empresas com maiores perspectivas de crescimento, de menor dimensão e com prejuízos fazem menos gestão de resultados de forma descendente, mas fazem mais de forma ascendente. Ou seja, existe tendência por parte dessas empresas para utilizar os accruals discricionários para aumentar os resultados reportados. Por sua vez, empresas com menores níveis de FCO e mais rentáveis tendem a fazer mais gestão de resultados quer de forma descendente quer de forma ascendente.

4.4 Análises de robustez

De modo a garantir a solidez dos resultados da análise principal, foram realizadas quatro análises de robustez: (i) foram estimadas ambas as regressões, (6) e (7), pelo modelo dos Efeitos Fixos; (ii) foi adicionada aos modelos uma variável dummy, denominada CRISE, para controlar os efeitos da crise financeira de 2008-2009, que assume o valor “1” nos anos de crise e o valor “0”, caso contrário; (iii) transformou-se a variável MULHERES em uma dummy, que assume o valor “1” se existem mulheres no conselho de administração e “0”, caso contrário; e (iv) excluíram-se da amostra as empresas do país de maior representatividade, o Reino Unido.

Os resultados obtidos (não tabulados) são, em sua generalidade, idênticos aos reportados anteriormente. O coeficiente da varável CFO deixa, contudo, de ser significativo.

5 Conclusão

5.2 Resultados obtidos e contribuições para a literatura

Este estudo foi realizado com o objetivo de investigar se a percentagem de mulheres no conselho de administração e o gênero do CEO e CFO influenciam as práticas de resultados das empresas europeias cotadas. Dado o atual debate acerca das vantagens e desvantagens sobre a imposição de cotas para mulheres em lugares de topo, pretendia-se perceber se a presença de mulheres na administração tem ou não um impacto favorável na qualidade da informação reportada pelas empresas.

Esta pesquisa contribui para a literatura sobre os determinantes da prática de gestão de resultados e, em particular, para a ainda escassa literatura sobre o impacto da presença de mulheres na administração na gestão de resultados e, consequentemente, na qualidade do relato financeiro das empresas europeias cotadas.

Relativamente aos resultados, não encontramos evidência consistente de que uma maior participação das mulheres no conselho de administração, ou o fato de a empresa contar com um CEO ou CFO do gênero feminino, contribua para diminuir a prática de gestão de resultados através dos accruals. Foi apenas encontrada uma associação negativa estatisticamente significativa entre empresas com CFO do gênero feminino e a prática de gestão de resultados por meio do montante de accruals discricionários. A modesta participação das mulheres nos conselhos de administração nas empresas da amostra, em média apenas 13%, e o fato de o CFO ter um impacto mais direto no processo de relato financeiro do que o CEO pode estar na origem desses resultados.

Da análise adicional, sobre a influência das mulheres na direção da gestão de resultados, sugere-se que empresas com CFO do gênero feminino tendem a fazer gestão de resultados no sentido descendente, o que é consistente com a ideia de que as mulheres são mais conservadoras nas decisões que afetam o relato financeiro do que os homens. Existe também evidência de que empresas com maiores perspectivas de crescimento, de menor dimensão e com prejuízos tendem a gerir os resultados de forma ascendente, ou seja, usam os accruals discricionários de forma a apresentar melhores resultados. Por sua vez, são as empresas que geram mais cash flow operacional e as mais rentáveis que tendem a fazer mais gestão de resultados, quer de forma descendente quer de forma ascendente.

Os resultados deste estudo sugerem também que empresas de maior dimensão e mais rentáveis praticam menos gestão de resultados. As principais conclusões mantêm-se após controlarmos os possíveis efeitos da crise financeira e utilizarmos diferentes especificações dos modelos e composição da amostra.

5.3 Limitações e pesquisas futuras

A principal dificuldade encontrada na elaboração deste estudo foi a falta de informação sobre as variáveis associadas ao gênero. Concretamente, no que diz respeito às variáveis sobre o gênero do CEO e CFO, não existe essa informação diretamente na base de dados; por isso se teve que consultar, empresa a empresa, os respectivos nomes, e completar os anos em falta com a consulta dos relatórios e contas das empresas. Também a falta de informação sobre a percentagem de mulheres na administração implicou a redução da amostra trabalhada.

Os resultados do estudo devem também ser interpretados com alguma precaução em razão do reduzido número de mulheres que ocupam cargos de presidente executivo e de diretor financeiro nas empresas da amostra.

Outra limitação está relacionada às medidas de gestão de resultados utilizadas. Esse dado pode se manifestar de diferentes formas. A gestão de resultados é de difícil medição (Leuz et al. 2003Leuz, C., Nanda, D. & Wysocki, P. (2003). Earnings management and investor protection: An international comparison. Journal of Financial Economics, 69(3), 505-527.). Optou-se por escolher duas medidas sobejamente reconhecidas e usadas na literatura de gestão de resultados, mas tem-se consciência de que os resultados obtidos podem estar condicionados a essa escolha.

Seria interessante alargar este estudo ao universo das empresas não cotadas, dada sua preponderância no tecido empresarial europeu.

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  • Agências de fomento:

    FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia (Portugal), National Funding through Research Grant (UID/SOC/04521/2013).
  • Há versão preliminar apresentada em congresso ou derivada de tese/dissertação?

    Impacto da presença de mulheres na administração na gestão de resultados, Tese de Mestrado, ISEG, 2015.
  • Avaliado pelo sistema:

    Double Blind Review

ANEXO


Descrição das variáveis do estudo

Editado por

Editor responsável:

Prof. Dr. Leire San-Rose

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Set 2019
  • Data do Fascículo
    Jul-Sep 2019

Histórico

  • Recebido
    10 Maio 2018
  • Aceito
    23 Out 2018
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