Open-access ESTUDO DA MASTITE SUBCLÍNICA EM REBANHO GIR E MESTIÇO (HOLANDÊS X GIR) II. PREVALÊNCIA, ETIOLOGIA E SENSIBILIDADE

STUDY OF SUBCLINICAL MASTITIS IN A HERD OF GIR AND CROSSBRED COWS II. PREVALENCE, ETIOLOGY AND SENSITIVITY

RESUMO

Com o objetivo de monitorar a ocorrência de mastite subclínica em um rebanho composto por vacas zebuínas (Gir) e mestiças (Holandês x Gir), localizado em Ribeirão Preto, SP, foi realizado o presente estudo. Um total de 373 amostras de leite foi colhido de vacas positivas ao teste CMT em 7 ocasiões, no período de junho/1992 ajaneiro/1994. O índice médio de vacas positivas para mastite subclínica encontrado no rebanho foi elevado (47,63%), não havendo diferença significativa entre o índice obtido para as vacas Gire para as mestiças em nenhuma das 7 observações realizadas no período. A bactéria prevalente no rebanho foi Staphylococcus spp, seguido de Escherichia coli e outras enterobactérias, Streptococcus spp e Corynebacterium spp, com respectivamente 87,0%, 25,6%, 17,9% e 4,0% de isolamentos em cultura pura e em associações, nas amostras em que houve crescimento bacteriano (86,9%). O gênero Pasteurella spp foi encontrado em 1,8% dessas amostras em associação com outras bactérias. Pelo estudo de sensibilidade das bactérias à diferentes drogas antimicrobianas, verificou-se que a cefalosporina foi a droga de melhor eficácia contra as bactérias mais prevalentes (Staphylococcus spp, E.coli e Streptococcus spp) com 99,7% de amostras sensíveis, seguida de cloranfenicol com 96,6%, gentamicina 93,4%, kanamicina 93,0%, fluorquinolona 89,5%, ampicilina 86,5%, neomicina 83,6% e espiramicina 76,4%.

PALAVRAS-CHAVE:
Mastite subclínica; freqüência; sensibilidade; bovinos; Gir; mestiço

ABSTRACT

The objective of this study was to investigate the occurrence of subclinical mastitis (sem) in a herd of Gir and crossbred cows. Milk samples were collected on a farm located in Ribeirão Preto, SP, Brazil, on 7 occasions in the period of June/1992 to January/1994. A total of 373 samples were collected from sem CMT positive quarters. The herd sem índex was high (47. 63%), , and there was no statistical difference between the Gir sem índex and the crossbred one. The most prevaleht bacteria was Staphylococcus spp, followed by Escherichia coli and other Enterobacteriaceae, Streptocdccus spp, and Corynebacterium spp, with the frequencies of 87.0%, 25.6%, 17.9% and 4.0%, respectively, found in the samples which had bacterial growth (86.9%), in pure culture or in association with other bacterias. Pasteurella spp was found in the frequency of 1.8%, only in association with. other bacterias. The study of bacterial sensitivity to antibiotics by the antibiogram revealed that cephalosporine was the best drug against the most prevalent bacteria (Staphylococcus spp, E. coli, and Streptococcus spp) with 99.7% of sensitive samples, followed by chloramphenicol with 96.6%, gentamycin with 93.4%, kanamycin with 93.0%, fluorquinolone 89.5%, ampicillin with 86.5%, neomycin with 83.6%, and espiramicin with 76.4%.

KEY WOROS:
Subclinical mastitis; frequency; sensitivity; cattle; Gir; crossbred

INTRODUÇÃO

A mastite bovina constitui uma das mais sérias enfermidades para a indústria leiteira em todo o mundo. Os prejuízos vão desde a queda na produção de leite, comprometendo a vida útil da fêmea, custos com tratamento e reposição de matrizes, até alterações na composição química e microbiológica do leite, afetando sua qualidade, e, conseqüentemente, com implicações para a saúde pública.

O NMC (National Mastitis Council) estima que a perda anual devido a mastite no rebanho americano seja de 1 bilhão de dólares somente em leite descartado, com uma perda total anual de cerca de 2 bilhões de dólares, aproximadamente U$ l 80,00/vaca/ano (CULLOR, 1993).

A forma subclínica da mastite usualmente precede à clínica e é a que ocorre com maior freqüência, persistindo por períodos prolongados no animal, justamente por não serem evidentes os distúrbios causados à glândula mamária ou ao leite, causando, em conseqüência, consideráveis perdas econômicas para o produtor (COSTA et al., 1997). A mastite subclínica pode ser detectada através de exames bacteriológicos e provas indiretas, como o "California Mastitis Test"- CMT (SCHALM & NOORLANDER, 1957). Dentre as suas causas, a de maior importância é a bacteriana (COSTA et al., 1986).

O gênero Staphylococcus tem sido o principal agente responsável pelos processos mastíticos no Estado de São Paulo (NADER FILHO et al., 1984, 1985; COSTA etal., 1986; BALDASSI etal., 1991; LANGONi et al, 1991) à semelhança de outras regiões do país (FERREIRO et al., 1985) e do mundo (SINGH et al., 1994; LONGO et al., 1994). Esse gênero de bactéria dificilmente é controlado quando a vaca é tratada com antibiótico durante a lactação (CULLOR, 1993). A utilização do método de tratamento com antibiótico na última ordenha (tratamento da vaca seca) reduziu as infecções por Staphylococcusaureus (BATRA, 1988).

Para maior eficácia no tratamento, evitar problemas de resistência bacteriana e conseqüente mudanças nos padrões de sensibilidade e/ou evolução para uma mastite clínica, recomenda-se a realização do antibiograma para o estabelecimento da terapia. COSTA et al. (1997) demonstraram que a antibioticoterapia, quando adequadamente utilizada, e apoiada em testes de sensibilidade in vitro para a escolha dos antimicrobianos, representa importante medida no controle da mastite bovina.

O presente estudo monitorou a ocorrência da mastite subclínica em um rebanho leiteiro, constituído de vacas da raça Gir (zebu) e mestiças de vários graus de sangue Holandês x Gir, através de realizações periódicas de testes CMT, seguidos de isolamentos e antibiogramas, objetivando conhecer a prevalência da mastite e a etiologia e sensibilidade dos agentes bacterianos isolados de amostras de leite provenientes de vacas positivas para mastite subclínica.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram realizadas 7 colheitas de leite, em junho, agosto e outubro de 1992, janeiro, abril e junho de 1993 e janeiro de 1994, em um rebanho constituído, em média (no período compreendido entre as observações) por 78 vacas em lactação, 51 da raça zebuína Gire 27 mestiças Holandês x Gir, com proporção de genótipo Holandês que variava entre 25% e 88%.

As vacas eram ordenhadas duas vezes ao dia, com ordenhadeira tipo balde ao pé, com a presença do bezerro. Antes de cada ordenha, após amarrar o bezerro ao pé da vaca, era realizado o teste da caneca de fundo preto para diagnóstico de mastite clínica, e lavagem dos tetos em água corrente, secando-os com papel toalha descartável. Logo após a retirada das teteiras, os bezerros eram soltos para mamar durante alguns minutos. Antes das vacas serem soltas no pasto, os tetos eram desinfetados com solução iodoglicerinada. Vacas em que era detectada mastite clínica pelo teste da caneca eram tratadas imediatamente, sendo, geralmente, as últimas a serem ordenhadas.

As vacas Gire mestiças eram manejadas em lotes separados, ficando juntas apenas no curral de espera e no piquete maternidade. O estábulo era em forma de "U", sendo as vacas mestiças ordenhadas de um lado (capacidade para ordenhar 25 vacas) e as Gir de outro (capacidade para ordenhar 50 vacas). Nesse estábulo, era realizada a ordenha manual, tendo sido adaptado para ordenha mecânica, com a instalação de uma linha de vácuo, ao longo do comprimento (cerca de 25m). Geralmente, trabalhavam na ordenha 3 ordenhadores. No ano de 1992, os funcionários ordenhavam primeiro todas as vacas Gir para depois ordenhar as mestiças. Em 1993 e 1994, a ordenha era iniciada nos dois lados ao mesmo tempo, sendo um responsável por tirar o leite das mestiças e os outros dois das vacas Gir, revezando-se nessa tarefa.

Foram selecionadas 373 amostras de leite, triadas a partir de 3 provas consecutivas do CMT, realizadas em cada colheita com intervalo de uma semana. No último exame, foram selecionadas amostras de leite com base em apenas 2 testes CMT consecutivos.

As amostras, devidamente coletadas e identificadas, foram acondicionadas sob refrigeração em caixa isotérmica e transportadas para o Instituto Biológico, onde foram incubadas em estufa bacteriológica a 37ºC por 24 horas. A seguir, foram semeadas em ágar sangue bovino a 5%, ágar MacConkey e novamente incubadas a 37ºC por 24 horas. A partir de colônias isoladas nesses meios, foram feitos repiques para caldos simples e infuso cérebro - coração e incubadas nas mesmas condições para, desses caldos, realizarse a identificação morfológica pelo método de Gram, além de se observar o tipo de hemólise das placas. A caracterização bioquímica das bactérias foi baseada em provas preconizadas por BALDASSI et al. (1986). Os antibiogramas foram realizados em meio de Müeller-Hinton, utilizando-se diferentes antibióticos, conforme a disponibilidade. As placas foram incubadas a 37ºC por 24 horas. Após esse tempo, foram realizadas as leituras dos halos de inibição, baseadas em tabelas padronizadas. Ao todo, foram testados os seguintes antibióticos: cefalosporina, cloxacilina, ampicilina, estreptomicina, gentamicina, neomicina, penicilina, sulfonamida, cloranfenicol, tetraciclina, eritromicina, kanamicina, fluorquinolona, espiramicina, e lincomicina.

O índice de vacas com mastite subclínica e de quartos positivos no rebanho Gire mestiço foi calculado conforme a equação: (nº de vacas ou de quartos positivas ao teste CMT/ nº total de vacas ou quartos examinados) x 100. O índice de vacas com mastite subclínica foi analisado segundo o delineamento inteiramente casualisado com esquema de parcelas subdivididas com 3 repetições.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Índice de vacas com mastite subclínica

O índice de vacas com mastite subclínica não diferiu entre as Gir e as mestiças em nenhuma das datas em que foram avaliadas (Tabela 1). No entanto, houve diferença significativa (P<0,05) entre os índices observados em diferentes datas, nas vacas mestiças .

O índice de mastite subclínica, tanto nas vacas Gir, como nas mestiças, esteve alto em quase todas as avaliações realizadas. O índice mais baixo encontrado, próximo do nível máximo aceitável (15%), foi verificado em outubro de 1992, quando se realizou o tratamento de 17 quartos positivos (de 12 vacas Gir), correspondendo a 43% de vacas positivas na avaliação anterior; e 5 quartos (de 5 vacas mestiças), relativos a 39% de vacas positivas na avaliação de agosto/92. Conforme os dados apresentados na Tabela 1, o índice de vacas com mastite subclínica voltou a subir, em ambos os rebanhos, na avaliação seguinte (janeiro/93). Dos 17 peitos de vacas Gir tratados, durante 3 dias seguidos (9 a l l/set/92), com antibióticos comerciais, próprios para uso na glândula mamária durante a lactação, apenas 4 (23,5%) foram negativos ao isolamento realizado após o tratamento, em 21/out/92; dos outros 13, isolou-se em 10 Staphylococ\:us spp, em 1 Staphylococcus spp associado a St epto occus spp, em 1 E.coli, e em 1 enterobactéria. A bactéria Staphylococcus spp foi isolada das 5 v as mestiças, tratadas na mesma ocasião que as vaca Gir, antes e após o tratamento. Ao todo, o índ ce de cura bacteriológica foi 18,2%. Esse fato confirma a baixa eficácia do tratamento de mastite subclínica durante a lactação (CULLOR, 1993).

Agentes Etiológicos

Na Tabela 2 apresenta-se a distribuição dos agentes etiológicos isolados em crescimento puro ou associado, em 373 amostras de leite de vacas reagentes ao CMT, nas 7 colheitas realizadas no período de junho de 1992 a fevereiro de 1994.

A bactéria Staphylococcus spp prevaleceu, tanto no rebanho Gir como no mestiço, tendo sido isolada, em crescimento puro ou associado, em 87% das amostras em que houve crescimento bacteriano (Tabela 3). A alta prevalência de bactérias dafanu1ia Micrococcaceae também é relatada por diversos autores nacionais (NADER FILHO et al., 1984, 1983, 1985; FERREIRO et al., 1985; COSTA et al., 1986; FAGLIARI et al., 1990; BALDASSI et al., 1991; LANGONI et al., 1991), e estrangeiros(CHANDA et al., 1989;SINGH et al.,1994; LONGO et al., 1994).

Tabela 1
Prevalência da mastite subclínica (msc) em vacas da raça Gire mestiças: número médio de animais examinados, número médio de animais positivos ao teste CMT e valores médios de porcentagem do índice de mastite subclínica, em 7 avaliações realizadas no período de junho/92 a janeiro/94 (Ribeirão Preto, SP).

Observou-se que Escherichia coli e outras enterobactérias ocuparam o segundo lugar em freqüência (25,6%), predominando sobre Streptococcus spp (17,9%) e Corynebacterium spp (4%) (Tabela 3). Esse fato contraria a maioria dos trabalhos consultados que relatam estes dois últimos gêneros de bactérias em segundo e terceiro lugares, respectivamente, em ordem de ocorrência (NADER FILHO et al., 1985; FERREIRO et al., 1985; COSTA et al., 1986; CHANDA et al., 1989 e BALDASSI et al., 1991). A maior freqüência de isolamento de enterobactérias em vacas positivas ao teste CMT nesse rebanho poderia ser um indicativo de falhas no manejo higiênico-sanitário da ordenha A desinfecção dos tetos antes da colocação das teteiras (pré-"dipping") não era prática utilizada na rotina da ordenha. Apenas eram lavados com água limpa e secados com toalha de papel descartável. Sabe-se que essa é uma prática de manejo indicada no controle de bactérias ambientais (CULLOR, 1993) devendo ser, portanto, introduzida na propriedade.

Bactérias do gênero Pasteurella foram raramente isoladas, concordando com os achados de BALDASSI et al. (1991) e LANGONI et al. (1991).

Antibiograma

Quanto à sensibilidade bacteriana, BALDASSI et al. (1986) consideraram como sendo ideal uma sensibilidade superior a 75%, discutindo os resultados a partir desse nível mínimo.

Os antibióticos que apresentaram sensibilidade maior que 75%, considerando os três grupos de bactérias mais freqüentes, Staphylococcus spp, E. coli e Streptococcus spp, foram, em ordem decrescente de sensibilidade, cefalosporina (99,7%), cloranfenicol (96,6%), gentamicina (93,4%), kanamicina (93,0%), fluorquinolona (89,5%), ampicilina (86,5%), neomicina (83,6%) e espiramicina (76,4%), conforme a Tabela 4.

Em geral, os índices de sensibilidade de Staphylococcus spp aos antibióticos testados foram bons, sendo os menores índices: 73,8% para a penicilina e 70,6% para a ampicilina. Os índices de sensibilidade de Staphylococcus spp à penicilina encontrados na literatura são, em geral, bem il1feriores ao verificado neste trabalho (BALDASSI et al., 1986; NADER FILHO et al., 1986; RAJANGAM et al., 1989; LANGONI et al., 1991; BINODKUMARI e SUPEKAR, 1992; SINGH et al., 1994). Os antibióticos mais eficazes para Staphylococcus spp foram, em ordem decrescente de sensibilidade, estreptomicina (100%), eritromicina (100%), cefalosporina (99,2%), gentamicina (97,1%), neomicina (96,8%), kanamicina (96,1%), cloxacilina (95,3%), sulfonamida (93,3%), lincomicina (91,9%), fluorquinolona (89,5%) e espiramicina (89,2%). Os antibióticos cefalosporina, gentamicina e cloranfenicol também alcançaram bons níveis de sensibilidade às cepas de Staphylococcus spp nos trabalhos de LANGONI et al. (1991) e SINGH etal. (1994). Os achados deste trabalho concordam com os de BALDASSI et al. (1986) no que diz respeito à boa sensibilidade de Staphylococcus spp aos antibióticos gentamicina, cloxacilina, kanamicina, e espiramicina.

Tabela 2
Distribuição dos agentes etiológicos isolados de 373 amostras de leite de vacas reagentes ao CMT, em 7 colheitas realizadas no período de junho de 1992 a janeiro de 1994, em Ribeirão Preto, SP
Tabela 3
Resumo da freqüência dos agentes etiológicos isolados, em crescimento puro e em associação, de 324 amostras colhidas em vacas Gire mestiças reagentes ao teste CMT, no período de junho de 1992 a janeiro de 1994 (Ribeirão Preto, SP).

Em relação à E. coli, foram inócuos os antibióticos cloxacilina, eritromicina, lincomicina e penicilina. A espiramicina teve baixo índice de sensibilidade. Esses achados concordam com os de BALDASSI et al. (1986), que verificaram ser O (zero) a sensibilidade de enterobactérias isoladas de casos de mastites subclínicas aos antibióticos cloxacilina, lincomicina e penicilina, na mesma região deste estudo. SINGH et al. (1994) obtiveram baixos índices de sensibilidade para a penicilina e cloxacilina em E. coli e outras bactérias Gram negativas.

Os antibióticos estreptomicina e sulfonamida foram de eficácia nula contra Streptococcus spp. A neomicina e tetraciclina apresentaram baixos índices de sensibilidade a essa bactéria. BALDASSI (1986) também encontrou baixos índices de sensibilidade dessa bactéria à estreptomicina e neomicina.

CONCLUSÕES

O índice de mastite subclínica tanto nas vacas zebuínas Gir, como nas mestiças Holandês x Gir, esteve alto em quase todas as 7 colheitas de leite realizadas dentro do período de junho/92 a janeiro/94. O índice mais baixo encontrado no rebanho se relacionou ao tratamento intramamário realizado em cerca de 40% dos tetos infectados no mês anterior à realização do teste CMT. Embora o tratamento tenha reduzido o índice de mastite subclínica, houve cura bacteriológica apenas em um reduzido número dequartos tratados (18,2%), confirmando a literatura que relata ser o tratamento intramamário durante a lactação pouco eficaz na redução de infecção de vacas positivas para mastite subclínica, principalmente se o agente etiológico envolvido for Staphylococcus spp.

A t;,actéria Staphylococcus spp prevaleceu, tanto nas vacas Gir como nas mestiças, sendo isolada em 87% das amostras em que houve crescimento bacteriano. A alta prevalência dessa bactéria no rebanho indica a necessidade de se introduzir a terapia da vaca seca, a fim de diminuir o índice de infecção das vacas. Os animais que não responderem a essa terapia devem ser descartados do rebanho para não servir de fonte de infecção a vacas sadias. Paralelamente, recomenda-se atenção na higiene, limpeza e manutenção dos equipamentos de ordenha. O antibiograma revelou que os antibióticos testados foram, de modo geral, eficazes no controle dessa bactéria.

Tabela 4
Padrões de sensibilidade à antibióticos em amostras de leite onde foram isolados Staphylococcus spp, Streptococcus spp e Escherichia coli, em relação aos antibióticos testados, expressos em porcentagem.

Bactérias Gram negativas, principalmente E. coli, foram o segundo grupo de bactérias isoladas no rebanho, contrariando a literatura consultada e indicando possíveis falhas no manejo higiênico-sanitário da ordenha. Como medida preventiva, indica-se a introdução da prática do pré-"dipping" na rotina da ordenha. O antibiótico espiramicina foi pouco eficaz contra essa bactéria, e penicilina, cloxacilina, eritromicina e lincomicina tiveram eficácia nula.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • BALDASSI, L.; FERNANDES FILHO, M.; MOULIN, A.A.P.; HIPÓLITO, M., MURÁKAMI, T.O. Estudo da sensibilidade "in vitro"dos principais agentes bacterianos isolados de mastite subclínica na bacia leiteira de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo. Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.53, n. 1/4, p. 55-63, 1986.
  • BALDASSI, L.; FERNANDES FILHO, M.; HIPÓLITO, M.; MOULIN, A.A.P.; CALIL, E.M.B.; PIRES, D.C. Etiologia da mastite subclínica na bacia leiteira de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo. Arq. lnst. Biol., São Paulo, V. 58, n.1/2, p.29-36, 1991.
  • BATRA, T.R. Effect of complete dry cow treatment on mastitis contrai in dairy cattle. Can. J. Anim. Sei., v. 68, p. 553-556, 1988.
  • BINODKUMARI, K. & SUPEKAR, P.G. Efficacy of different drugs on subclinical mastitis in cows as per the microbial sensivity test. Indian.Vet. J., v.69, p.387-389, 1992
  • CHANDA, A .; ROY, C.R.; BANERJEE, P.K.; GUHA, C. Studies on incidence of bovine mastitis, its diagnosis, etiology and in vitro sensitivity of the isolated pathogens. Indian. Vet. J., v.66, p.277-282, 1989.
  • COSTA, E.O.; COUTINHO, S.D.A.; CASTILHO, W.; TEIXEIRA, C.M.; GAMBALE, W.; GANDRA, C.R.P.; PIRES, M.F.C. Etiologia bacteriana da mastite bovina no Estado de São Paulo, Brasil. Rev. Microbial., v.17, n. 2, p. 107-112, 1986.
  • COSTA, E.O.; CARCIOFI, AC.; PRADA, M.S.; TESSARI, J.R.; MELVILLE, P.A. Tratamento de mastite bovina: comparação in vitro e in vivo da sensibilidade a antimicrobianos. Hora Veterinária, v. 16, n. 95, p.27-30, jan/fev, 1997.
  • CULLOR, J.S. The control, treatment and prevention of the various types ofbovine mastitis. Vet. Med., v.88, p.571-579, 1993.
  • FAGLIARI, J.J.; LUCAS, A.; FERREIRA NETO, J.M. Sensibilidade à drogas antimicrobianas de bactérias isoladas de vacas com mastite clínica e subclínica. Ciên. Vet., Jaboticabal, v.4, n.2, p. 11-13, 1990.
  • FERREIRO, L.; ROCHA FERREIRO, C.L.; BANGEL JÚNIOR, J.J.; SOARES, H.C.; MOOJEN, V., FERNANDES, J.C.T. Mastite bovina na Grande Porto Alegre, RS, Brasil. I - Agentes etiológicos isolados durante o período de 1982 a 1985. Arq. Fac. Vet. Univ. Fed. Rio Grande do Sul, Porto Alegre, v.13, p.81-88, 1985.
  • LANGONI, H.; DOMINGUES, P.F.; PINTO, M.P.; LISTONI, F.J .P. Etiologia e sensibilidade bacteriana da mastite bovina subclínica. Arq. Eras. Med. Vet. Zootec., v.43, n.6, p.507-515, 1991.
  • LONGO, F.; BEGUIN, J.C.; CONSALVI, P.J.; DELTOR, J.C. Quelques données épidémiologiques sur les mammites subcliniques de la vache laitiere. Rev. Méd. Vét., v.145, n.1, p. 43-47, 1994.
  • NADER FILHO, A.; SHOCKEN-ITURRINO, R.P.; ROSSI JÚNIOR, O.D. Mastite subclínica em rebanhos produtores de leite tipo B. Arq. Eras. Med. Vet. Zootec., v.35, n.5, p.621-630, 1983.
  • NADER FILHO, A., SHOCKEN-ITURRINO, R.P., ROSSI JÚNIOR, O.D. Mastite subclínica em rebanho produtores de leite gordura 3,2%. Arq. Eras. Med. Vet. Zootec., v.36, n.5, p.549-558, 1984.
  • NADER FILHO, A.; SHOCKEN-ITURRINO, R.P.; ROSSI JÚNIOR, O.D.; CEMBRANELLI, E. Prevalência e etiologia da mastite bovina na região de Ribeirão Preto, São Paulo. Pesqui. Vet. Eras. v.5, n.2, p.53-56, 1985.
  • NADER FILHO, A.; SCHOCKEN-ITURRINO, R.P.; ROSSI JÚNIOR, O.D.; AMARAL, L. A. Sensibilidade dos Staphylococcus aureus, isolados em casos de mastite bovina, à ação de antibióticos e quimioterápicos. Arq. Eras. Med. Vet. Zootec., v.38, n.4, p.581-588, 1986.
  • RAJANGAM, R.K.; SURESH, R.V.; SUBRAMANIAN, M.; BALACHANDRAN, S. Antibiotic sensitivity of mastitis causing organisms. Jnd. Vet. J., v.66, p. 272-273, 1989.
  • SCHALM, O.W. & NOORLANDER, R.S. Experiments and observations leading to development of the Califomia Mastitis Test. J. Am. Vet. Med. Assoe., v.130, n.5, p.199-207, 1957.
  • SINGH, P.J.; SINGH, K.B.; JAND, S.K.; DHINGRA, P.N.; NAURIYAL, D.C. Incidence, etiology and antibiogram of pathogens isolated from subclinical mastitis in machine milked cows. Indian. J. Dairy Sei., v.47, n.9, p.730-733, 1994.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Fev 2025
  • Data do Fascículo
    Jul-Dec 1998

Histórico

  • Recebido
    17 Ago 1998
location_on
Instituto Biológico Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 1252 - Vila Mariana - São Paulo - SP, 04014-002 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: arquivos@biologico.sp.gov.br
rss_feed Acompanhe os números deste periódico no seu leitor de RSS
Reportar erro