ESTRIA BACTERIANA DO PAINÇO CAUSADA POR ACIDOVORAX AVENAE SUBSP. AVENAERESUMO
Em novembro de 1995, na região de Cascavel, PR, foram observadas, em cultivos comerciais de painço (Panicum miliaceum L.), plantas apresentando anomalias nas folhas e na panícula. Nas panículas os sintomas eram de crestamento, atingindo principalmente a ráquis e, ao evoluir, causavam a sua morte. Nas folhas ocorria a presença de estrias pardacentas, de diferentes comprimentos, que quando coalesciam causavam a destruição de extensas regiões do limbo foliar. De materiais apresentando essa sintomatologia foram isoladas bactérias caracterizadas através de testes bioquímicos, fisiológicos, culturais, serológicos e de patogenicidade como Acidovorax avenae subsp. avenae (sin. Pseudomonas avenae), ainda não assinalada como patogênica a essa cultura no Brasil. Isolados foram incorporados à Coleção de Cà1lturas IBSBF sob nllS 1228 e 1229.
1,
PALAVRAS-CHAVE:
Estria bacteriana; painço;
Panicum miliaceum
ABSTRACT
Abnormalities in leaves and panicles of millet (Panicum miliaceum L.) were observed in cultivated areas located in Cascavel county, state of Paraná, Brazil, in November, 1995. These abnormalities were characterized by brownish necrotic leaf streaks and panicle branches blight. Bacteria isolated from infected materiais showing these kind of symptoms were characterized by biochemical, cultural, physiological, serological and pathogenicity tests as Acidovorax avenae subsp. avenae (syn. Pseudomonas avenae). This is the first relate of A. avenae subsp. avenae affecting millet in Brazil. Cultures were deposited in the IBSBF Culture Collection under accession numbers 1228 and 1229.
KEY WORDS:
Bacterial streak; millet;
Panicum miliaceum
O painço (Panicum miliaceum L.) é uma importante gramínea cultivada principalmente com fins industriais ou para alimentação animal. Em novembro de 1995, na região de Cascavel, PR, foram observadas, em cultivos comerciais, plantas apresentando anomalias nas folhas e nas panículas. Nas panículas, os sintomas eram de crestamento, atingindo principalmente o ráquis e, ao evoluir, causavam a sua morte ou queda de grãos. Nas folhas ocorria a presença de estrias pardacentas, de diferentes comprimentos, e que, quando coalesciam, causavam a destruição de extensas regiões do limbo foliar (Fig. 1). A partir de materiais apresentando essa sintomatologia, foram isoladas bactérias fitopatogênicas. De acordo com BRADBURY (1986), diversas bactérias já foram assinaladas como patogênicas a muitos gêneros e espécies da família Gramineae, incluindo P. miliaceum. Com o objetivo de se caracterizar o agente responsável pelos sintomas observados, foi realizado o presente trabalho.
Isolamento do patógeno - Porções de tecido de limbo foliar de plantas de painço com sintomas da doença foram macerados em água destilada e a suspensão resultante foi plaqueada em meios nutriente agar e B de King. Após 72 horas de incubação a 28ºC, selecionaram-se as colônias predominantes.
Cairacteirização dos isolacllos - A identificação dos isolados foi feita através de testes bioquímicos, culturais e fisiológicos, relacionados por LELLIOTT & STEAD (1987). Os testes de patogenicidade foram realizados através da aspersão de suspensão bacteriana (ca. 108 UFC/mL) em folhas sadias de painço, previamente feridas com agulha esterilizada. Após a inoculação, as plantas foram mantidas em condições de câmara úmida por 72 horas. As plantas testemunhas foram inoculadas com água esterilizada. A reação de hipersensibilidade foi feita em folhas de fumo cv. White Burley. Foram realizados também testes serológicos de dupla difusão em agar, tendo-se empregado antígenos da bactéria em estudo e de Acidovorax avenae subsp. avenae (sin. Pseudomonas avenae) e antissoros paraAcidovorax avenae subsp. avenae e Burkholderia andropogonis (sin. P. andropogonis), patógenos freqüentemente associados a doenças bacterianas em gramíneas, e anteriormente pertencentes ao grupo das Pseudomonas não fluorescentes.
Os isolamentos realizados mostraram, após 48-72 horas, predominância de colônias convexas, de coloração creme, Gram-negativas, oxidativas, catalase positiva, produzindo hipersensibilidade em folhas de fumo e que não apresentavam fluorescência sob luz ultra-violeta em meio BK, sugerindo tratar-se de bactéria pertencente ao gênero das Pseudomonas não fluorescentes. A maioria das bactérias fitopatogênicas, não fluorescentes, anteriormente classificadas no gênero Pseudomonas, tiveram alterada sua classificação, encontrando-se atualmente distribuídas nos gêneros Acidovorax, Burkholderia e Ralstonia (WILLENS et al., 1992; YABUUCHI et al., 1992, 1995; GILLIS et al., 1995; YOUNG et al., 1996), sendo que as espécies B. andropogonis e A. avenae subsp. avenae encontramse freqüentemente associadas a doenças em gramíneas (BRADBURY, 1986).
Os testes bioquímicos, culturais e fisiológicos efetuados para caracterização dos isolados estão apresentados na Tabela 1. Os resultados obtidos nos testes de patogenicidade, reproduziram os sintomas observados a campo, enquanto as plantas testemunhas permaneceram sadias.
As reações de dupla difusão em agar evidenciaram linhas de precipitação entre os isolados empregados e o antissoro para A avenae subsp. avenae. Observou-se também reação de identidade total com o antígeno produzido para A avenae subsp. avenae. As reações com o antissoro para B. andropogonis foram negativas.
A análise conjunta dos resultados obtidos permitiu identificar a bactéria isolada de painço como Acidovorax. avenae subsp. avenae (sin. Pseudomonas avenae), sendo este o primeiro registro de sua ocorrência no Brasil nessa cultura. Isolados encontram-se depositadas na Coleção de Culturas IBSBF sob nlla 1228 e 1229.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
10 Fev 2025 -
Data do Fascículo
Jul-Dec 1998
Histórico
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Recebido
08 Abr 1998
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