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Eugênio Lopez Sanchez, o grande defensor da Fisioterapia no Brasil

Eugênio Lopez Sanchez nasceu em Málaga, Espanha, em 24 de fevereiro de 1924 e veio ao Brasil em 1954. Em 1957 iniciou sua formação como fisioterapeuta no primeiro curso de fisioterapia do país, patrocinado pelo centro de estudos Raphael de Barros, cujo objetivo era formar técnicos em fisioterapia, e tinha a duração de um ano. Em 1958 foi criado, anexo à Cadeira de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), o Instituto de Reabilitação (IR), onde se iniciou, entre nós, o primeiro curso de Fisioterapia com padrão internacional mínimo, com duração de dois anos, para atender aos programas de reabilitação que a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) estava interessada em desenvolver na América Latina.

Sua trajetória como fisioterapeuta e professor começou nesse curso. Foi fisioterapeuta do Hospital das Clínicas e professor de Fisioterapia na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo de 1958 a 1991, quando se aposentou.

Sua participação na Fisioterapia brasileira foi incontestável e decisiva para o crescimento e regulamentação da profissão. Fundou a Associação Brasileira de Fisioterapia (ABF) em 19 de agosto de 1959 e, três anos depois, filiou-a à World Confederation for Physical Therapy (WCPT). Na ABF assumiu vários cargos: diretor científico, secretário, vice-presidente e presidente.

Deve-se à ABF o reconhecimento legal pois, devido a seus esforços, a profissão de fisioterapeuta foi legalmente reconhecida pelo Decreto nº 938, de 13 de outubro de 1969. Porém, sua aplicação ficou bloqueada pela falta da regulamentação da carreira: faltava instrumento jurídico que criaria os conselhos da ocupação. Para conseguir esse objetivo, a ABF lutou incansavelmente durante sete anos até conseguir a aprovação da Lei nº 6.316, de 17 de dezembro de 1976, que criava o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) e os Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (CREFITO). Porém, a área de ensino ainda estava deficiente. A Comissão de Ensino da ABF elaborou o projeto do currículo mínimo aprovado pela Resolução nº 44, de 28 de fevereiro de 1983, que fixa os conteúdos mínimos e a duração dos cursos de Fisioterapia e Terapia Ocupacional.

Em 1969 a Organização Mundial da Saúde (OMS), a OPAS e a WCPT organizaram no México o primeiro curso latino-americano para professores de escolas de fisioterapia. O Brasil enviou dois fisioterapeutas que já lecionavam na FM-USP, Danilo Vicente Define e Eugênio Lopez Sanches, que lá fizeram mestrado em fisioterapia.

Sua atuação como fisioterapeuta também teve destaque. Fica como exemplo o atendimento dado a Assis Chateaubriand, um dos homens públicos mais influentes do Brasil nas décadas de 1940 a 1960, paraplégico devido a uma trombose ocorrida em 1960. Foi acompanhado pelo prof. Eugênio até seu falecimento em 1968.

Todas estas conquistas tiveram grande envolvimento de Eugênio Lopez Sanchez, que foi meu professor, mentor e amigo, e a prova disto é que mantivemos uma grande amizade ao longo destes anos.

Ainda me lembro quando, em 1991, época em que eu já era docente do curso de fisioterapia da FM-USP, Eugênio se aposentou e, antes de ir embora, chamou-me e disse: “Estou me aposentando e quero que você cuide da minha disciplina, a que mais amo no curso: Introdução à Fisioterapia”. Cuido até hoje e, Eugênio, tenha a certeza de que continuarei cuidando dela enquanto aqui estiver. Agradeço todos os dias a amizade e os ensinamentos que deixou para a fisioterapia brasileira.

Você nos deixou fisicamente no dia 27 de junho de 2017, mas a lembrança será eterna. Em nome dos fisioterapeutas brasileiros, muito obrigada!

Amélia Pasqual Marques

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2017
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