No Brasil, o conceito de gênero circula de forma intensa, incluído em documentos oficiais e em materiais didáticos. Considerando a amplitude alcançada pelo arcabouço teórico-prático denominado gênero, este artigo destina-se a todos os que, na vivência profissional ligada a ensino e pesquisa, enfrentam essa realidade e se dispõem a discutir, de maneira crítica e construtiva, nuances contemporâneas desse conceito, bem como suas consequências para os meios institucionais, quer acadêmicos, escolares ou editoriais. Esse enfrentamento exige o reconhecimento de que, em suas múltiplas filiações, o conceito de gênero implica dimensões teóricas e metodológicas diferenciadas, cujas consequências para a compreensão de textos e discursos não podem ser ignoradas. Dentre as reflexões existentes, encontra-se a que foi desenvolvida por Bakhtin, Volochinov e Medvedev. Embora o ensaio "Os gêneros do discurso" seja o único difundido e utilizado em documentos e pesquisas, ele não é o único a tratar da questão. Outros trabalhos do Círculo contribuem para a concepção de gênero fundada na ideia de que a linguagem se materializa por meio de enunciados concretos, articulando "interior" e "exterior", viabilizando a noção de sujeito, histórica e socialmente situado. Essa concepção será apresentada, neste trabalho, de forma teórica e prática.
Gênero do discurso; Bakhtin e o Círculo; Enunciado concreto; Texto; Discurso; Análise dialógica do discurso; Ensino