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Influência da consciência morfológica na leitura e na escrita: uma revisão sistemática de literatura

RESUMO

Objetivo

Realizar uma revisão sistemática de estudos nacionais e internacionais sobre a relação entre consciência morfológica e leitura e escrita de escolares.

Estratégia de pesquisa

Foi realizado um levantamento na literatura nacional e internacional utilizando as bases de dados Medline (via PubMed) e Portal de Periódicos da Capes (Eric, PsycINFO, LILACS, SciELO) no período de agosto a setembro de 2015.

Critérios de seleção

Os critérios de inclusão utilizados foram: artigos que respondiam à pergunta norteadora e que atendiam à temática estabelecida pelos descritores e palavras-chave. Excluíram-se os estudos com animais, laboratoriais, artigos de opinião/autoridade, série de caso, relato de caso e estudos de revisão.

Análise dos dados

Foram considerados os seguintes marcadores: tipo de estudo, objetivo do estudo e habilidade relacionada à consciência morfológica (leitura, escrita), os testes realizados e principais resultados.

Resultados

A partir da busca por meio de descritores e termos livres foram encontrados 203 artigos nas bases de dados pré-estabelecidas. Na Pubmed, a pesquisa resultou em 81 estudos e 122 no Portal de Periódicos da Capes. Do total, 154 foram excluídos pelo título e resumo e 39, pela leitura do texto completo. Isso possibilitou a análise de 10 artigos.

Conclusão

Crianças com melhor desempenho em testes de consciência morfológica apresentam melhores resultados em provas de leitura e escrita, para todas as séries.

Descritores
Fonoaudiologia; Linguagem; Crianças; Escrita Manual; Compreensão de Leitura

ABSTRACT

Purpose

this study aimed to perform a systematic review of national and international studies about the relationship between morphological awareness, reading/writing, reading comprehension, and spelling.

Research strategies

a search for national and international literature was carried out using databases Medline (via PubMed) and Portal de Periódicos da Capes (Eric, PsycINFO, LILACS, SciELO) from August to September 2015.

Selection criteria

the inclusion criteria were: studies that answered the guiding question and addressed the subject matter established by the descriptors and keywords. Studies with animals, laboratories, opinion/expert pieces, case series, case reports and review studies were excluded.

Data analysis

the following markers were considered: type and objective of the study, the skills related to morphological awareness (reading, writing, reading comprehension and spelling), tests performed, and their main results.

Results

the search carried out in the pre-established databases with descriptors and free terms resulted in 203 articles. The search in PubMed resulted in 81 studies, and in Portal de Periódicos Capes, 122. Of the total, 154 were excluded according to the title and abstract, whereas 39 were excluded upon reading the full text. This allowed for the analysis of 10 articles.

Conclusion

children with better scores in the morphological awareness test show better results in reading and writing across all school grades.

Keywords
Speech Therapy; Language; Children; Handwriting; Reading Comprehension

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, os estudos em linguagem escrita concentraram-se em entender a influência das habilidades metalinguísticas em seu desenvolvimento e desempenho(11 Mota MMPE. O papel da consciência morfológica para a alfabetização em leitura. Psicol Estud. 2009;14(1):159-66. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-73722009000100019.
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-73722009...
). Contudo, as habilidades metalinguísticas propriamente ditas necessitam do aprendizado formal escolar, principalmente da leitura e da escrita para sua manifestação no nível explícito(22 Cunha VLO, Silva C, Capellini SA. Correlação entre habilidades básicas de leitura e compreensão de leitura. Estud Psicol. 2012;29(Supl.):799s-807s.).

Diversos autores(11 Mota MMPE. O papel da consciência morfológica para a alfabetização em leitura. Psicol Estud. 2009;14(1):159-66. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-73722009000100019.
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-73722009...
,33 Marec-Breton N, Gombert JE. A dimensão morfológica nos principais modelos de aprendizagem da leitura. In: Maluf MR, org. Psicologia educacional – questões contemporâneas. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2004. p. 105-21.,44 Nagy W, Berninger VW, Abbott RD. Contributions of morphology beyond phonology to literacy outcome of upper elementary and middle-school students. J Educ Psychol. 2006;98(1):134-47. http://dx.doi.org/10.1037/0022-0663.98.1.134.
http://dx.doi.org/10.1037/0022-0663.98.1...
) postulam que três das habilidades metalinguísticas estariam mais relacionadas com o aprendizado da leitura e da escrita, a consciência fonológica, a sintática e a morfológica. À medida que os estudos em consciência morfológica progridem, novas questões metodológicas e apontamentos teóricos são levantados, como a real interferência da consciência morfológica nas habilidades de leitura e escrita.

A habilidade de consciência morfológica consiste na reflexão sobre as menores unidades dotadas de sentido da língua e sua utilização para reconhecimento semântico e estrutural das palavras(55 Gombert J. Atividades metalingüística e aquisição da leitura. In: Maluf MR, org. Metalinguagem e aquisição da escrita. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2003. p. 19-64.). Os morfemas apresentam duas classes: raízes, que se constituem como núcleo morfológico e os afixos que podem ser categorizados em prefixos e sufixos, por exemplo, a palavra “empoderamento” que possui três morfemas: “em”, “poder” e “mento”. Dessa forma a palavra “empoderamento” é morfologicamente complexa, pois é constituída de mais de um morfema(66 Laroca MNC. Manual de morfologia do português. Juiz de Fora: Editora da UFJF; 2005.). Existem ainda as palavras morfologicamente simples que são constituídas por apenas um morfema.

A morfologia das palavras, por sua vez, é subdividida em dois tipos, morfologia flexional e derivacional(66 Laroca MNC. Manual de morfologia do português. Juiz de Fora: Editora da UFJF; 2005.). Estes se opõem pelos papéis desempenhados por seus afixos que têm funções diferentes. O primeiro tem função substancialmente sintática, uma vez que permite marcar o gênero, o número e os tempos verbais. A morfologia flexional, portanto, se atém às variações das palavras, de acordo com seus contextos sintáticos. Os afixos derivacionais, por sua vez, possuem função semântica. O campo da morfologia derivacional está relacionado à construção de palavras e às relações estruturais que podem manter uns com os outros (sapato – sapatinho – sapatão)(77 Marec-Breton N, Besse AS, Royer C. La conscience morphologique est-elle une variable importante dans l’apprentissage de la lecture? Educ Rev. 2010;38(38):73-91. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-40602010000300006.
http://dx.doi.org/10.1590/S0104-40602010...
).

Para entender como a manipulação morfêmica auxilia na escrita, alguns autores(88 Hagen V, Miranda LC, Mota MMPE. Consciência morfológica: um panorama da produção científica em línguas alfabéticas. Psicol Teor Prat. 2010;12(3):135-48.) postulam que, para esta habilidade, é necessária a combinação de dois princípios em sobreposição, o fonográfico e o semiográfico. O fonográfico diz respeito a correspondências fonográficas e à aquisição do princípio alfabético, já o semiográfico, diz respeito às relações dos signos gráficos como sendo unidades carregadas de valor semântico. A consciência morfológica relaciona-se ao segundo sistema, neste sentido os morfemas são as unidades básicas da língua carregadas de valor semântico.

Entretanto, nem sempre esta correspondência fonema/grafema é fidedigna ou unívoca, desta forma, o princípio fonográfico nem sempre é suficiente para a decisão da escrita correta das palavras, bem como para a compreensão leitora. No português brasileiro, que é uma língua alfabética, nem sempre um signo gráfico representa apenas um som e, muitas vezes, um som pode ser representado por diversos signos gráficos. Neste contexto, o princípio semiográfico apresenta forte poder de decisão ortográfica na escrita(33 Marec-Breton N, Gombert JE. A dimensão morfológica nos principais modelos de aprendizagem da leitura. In: Maluf MR, org. Psicologia educacional – questões contemporâneas. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2004. p. 105-21.).

Por outro lado, para a leitura, em línguas alfabéticas, acredita-se, erroneamente, ser necessária, basicamente, a codificação dos signos gráficos em sons. No entanto, a leitura envolve vários outros processos essenciais para a compreensão do conteúdo lido (pistas grafofonêmicas, informações visuais, contextuais e fonológicas já apresentadas no texto) que auxiliam na leitura contextual e acesso aos significados e ocorrem paralelamente à reflexão consciente da estrutura morfológica da palavra(11 Mota MMPE. O papel da consciência morfológica para a alfabetização em leitura. Psicol Estud. 2009;14(1):159-66. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-73722009000100019.
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-73722009...
,99 Mota MMPE, Anibal L, Lima S. A morfologia derivacional contribui para a leitura e escrita no português? Psicol Reflex Crit. 2008;21(2):311-8. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722008000200017.
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722008...
,1010 Guimaraes SRK, Paula FV. O papel da consciência morfossintática na aquisição e no aperfeiçoamento da leitura e da escrita. Educ Rev. 2010;38(38):92-111. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-40602010000300007.
http://dx.doi.org/10.1590/S0104-40602010...
). Podem-se identificar, ainda, variações quanto ao grau de correspondência entre letras e os sons da fala, logo, quanto mais regular, mais unívoca a correspondência entre letra e som da fala e, quanto mais irregular, menos a palavra escrita se aproxima da pronúncia. No português brasileiro, que é uma língua considerada menos opaca, ainda assim é possível observar palavras cuja morfologia remete à significação da palavra, o que facilita a leitura e a compreensão do conteúdo lido(99 Mota MMPE, Anibal L, Lima S. A morfologia derivacional contribui para a leitura e escrita no português? Psicol Reflex Crit. 2008;21(2):311-8. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722008000200017.
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722008...
).

Alguns autores(1111 Carlisle J. Morphological awareness and early reading achievement. In: Feldman L, org. Morphological aspects of language processing. Hillsdale: Lawrence Erlbaum Associates; 1995. p. 189-211.

12 Deacon S, Kirby J. Morphological awareness: just “more phonological”? The roles of morphological and phonological awareness in reading development. Appl Psychol. 2004;25:223-38.
-1313 Carlisle J, Fleming J. Lexical processing of morphologically complex words in the elementary years. Sci Stud Read. 2003;7(3):239-53. http://dx.doi.org/10.1207/S1532799XSSR0703_3.
http://dx.doi.org/10.1207/S1532799XSSR07...
) têm verificado forte correlação entre o desempenho em provas de consciência morfológica e as habilidades de leitura e escrita, principalmente, no inglês (língua menos regular que o português brasileiro). No português, por sua vez, há indícios de uma relação entre a consciência morfológica e desempenho na escrita e na leitura(1414 Mota MMPE. Children´s role of grammatical rules in spelling [thesis]. Inglaterra: Universidade de Oxford; 1996.

15 Queiroga B, Lins M, Pereira M. Conhecimento morfossintático e ortografia em crianças do ensino fundamental. Psicol Teor Pesqui. 2006;22(1):95-9. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722006000100012.
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722006...
-1616 Paula FV. Conhecimento morfológico implícito e explícito na linguagem escrita [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2007.). Tal fato deve-se à logística de que, apesar de o português ser uma língua regular, há muitas ocasiões em que a morfologia pode ajudar na escolha da grafia correta das palavras ambíguas e palavras que seguem regras ortográficas arbitrariamente convencionadas.

Levando em consideração as contribuições da consciência morfológica no processamento da linguagem escrita no português brasileiro e a necessidade de se explorar melhor tal conteúdo, este estudo trata de uma revisão sistemática da literatura com foco nos estudos que mostram relações entre consciência morfológica, leitura e escrita.

OBJETIVOS

Este estudo tem como objetivo analisar sistematicamente a literatura científica na área da Fonoaudiologia, Psicologia e áreas relacionadas à consciência morfológica e sua relação com a leitura e a escrita.

ESTRATÉGIA DE PESQUISA

Para atingir o objetivo proposto, realizou-se uma revisão de literatura sistemática, baseada na literatura nacional e internacional, que buscou responder à seguinte pergunta: “Qual a influência da consciência morfológica em leitura e escrita?” Esta revisão de literatura foi estruturada nas seguintes etapas:

  1. 1

    Identificação do tema e seleção da questão de pesquisa - (estabelecimento dos Descritores em Ciências da Saúde-DeCS); termos do Medical Subject Headings-MeSH da National Library of Medicine; BVS-Psi e termos livres, que foram combinados entre si com a utilização dos operadores booleanos AND e OR);

  2. 2

    Definição dos critérios para inclusão e exclusão de estudos - definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados;

  3. 3

    Categorização dos estudos - avaliação dos estudos incluídos na revisão sistemática de literatura; interpretação dos resultados; apresentação da revisão/síntese do conhecimento.

CRITÉRIOS DE SELEÇÃO

Os artigos foram selecionados por meio da base de dados PubMed e Portal Capes utilizando os seguintes descritores: (“Consciência morfológica” OR “morphological awareness” OR “morplological processing” OR “conciencia morfológica”) AND (“leitura” OR “lectura” OR “Reading”) OR (“writing” OR “escrita” OR “escritura”) OR (“ortografía” OR “ortografía” OR “spelling”) e termos libres, respectivamente. Foram incluídos somente artigos de língua inglesa, portuguesa e espanhola publicados no período de 2010 a 2015.

A busca dos textos no banco de dados foi realizada de forma independente por dois pesquisadores, visando minimizar possíveis perdas de citações. Cada citação recuperada no banco de dados foi analisada por cada um dos pesquisadores visando analisar a pertinência ou não da seleção e inclusão no estudo. Excluíram-se as citações em línguas que não pertenciam ao inglês, português ou espanhol que não permitiram o acesso ao texto completo e citações repetidas por cruzamento das palavras-chave e estudos com animais, laboratoriais, artigos de opinião/autoridade, série de caso, relato de caso e estudos de revisão.

Dos textos completos obtidos, foram excluídos os que não se relacionavam diretamente ao tema. Todas as etapas do estudo foram conduzidas independentemente pelos pesquisadores. Quando houve discordância entre os pesquisadores, só foram incluídos os textos em que a decisão final foi consensual. Todos os artigos relacionados ao tema foram incluídos no levantamento, independentemente do desenho do estudo.

ANÁLISE DOS DADOS

Para análise dos 203 estudos selecionados, foram considerados os seguintes marcadores: local do estudo, tipo de estudo, delineamento, características da amostra, os testes realizados considerando as habilidades relacionadas à consciência morfológica; leitura e/ou escrita e principais resultados. Em seguida, os estudos observacionais foram analisados de acordo com o proposto pela Iniciativa STROBE (Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology)(1717 Malta M, Cardoso LO, Bastos FI, Magnanini MM, Silva CM. Iniciativa STROBE: subsídios para a comunicação de estudos observacionais. Rev Saude Publica. 2010;44(3):559-65. PMid:20549022. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102010000300021.
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102010...
) constituída por dez itens, relacionados a informações que deveriam estar presentes no título, no resumo, na introdução, na metodologia, nos resultados e na discussão dos artigos. Os artigos foram avaliados por duas pesquisadoras independentes, que, ao término da análise, cruzaram os resultados e discutiram para decisão consensual dos itens divergentes.

A iniciativa STROBE (cujo principal objetivo é disseminar os princípios norteadores para descrição de estudos observacionais, elaborada por pesquisadores, epidemiologistas, estatísticos e editores de revistas científicas) foi utilizada neste estudo para facilitar a análise dos estudos observacionais selecionados e minimizar os efeitos de subjetividades comuns em estudos de revisão bibliográfica.

RESULTADOS

Na busca por meio de descritores e termos livres, foram encontrados 203 artigos nas bases de dados pré-estabelecidas. No Pubmed, a pesquisa resultou em 81 estudos e 122 no Portal de Periódicos da Capes. Do total, 154 foram excluídos pelo título e resumo e 39, pela leitura do texto completo. Isso possibilitou a análise de dez artigos (Figura 1).

Figura 1
Fluxograma do processo de seleção dos estudos

As informações relativas à análise dos estudos observacionais desta revisão estão descritas na Tabela 1.

Tabela 1
Descrição simplificada dos estudos selecionados

No tocante à análise tendo por base a estratégia STROBE, os artigos foram avaliados de acordo com o check list proposto pelas autoras(1717 Malta M, Cardoso LO, Bastos FI, Magnanini MM, Silva CM. Iniciativa STROBE: subsídios para a comunicação de estudos observacionais. Rev Saude Publica. 2010;44(3):559-65. PMid:20549022. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102010000300021.
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102010...
) e classificados quanto ao atendimento em maior ou menor grau dos critérios propostos. Foi observado predomínio de classificação dos itens em “atende parcialmente”, seguido de “atende”. Não houve itens classificados como “não atende” (Figura 2).

Figura 2
Análise global dos estudos observacionais de acordo com a iniciativa STROBE

Dos artigos selecionados, foram contabilizadas três publicações no ano de 2014, duas para os anos de 2013 e 2015 e uma publicação para os anos de 2010, 2011, 2012, respectivamente, o que demonstra progressão no número de publicações sobre a temática nos últimos cinco anos.

Os EUA e o Brasil foram os países com o maior número de estudos selecionados relacionados à pergunta da revisão. Destes, 50% pertenciam à língua inglesa. Estes achados refletem o estado da arte e apontam a predominância de estudos que abordam tal temática no continente americano. As demais publicações estudavam a influência da consciência morfológica no português brasileiro e no espanhol, línguas menos opacas, que, no entanto, apresentam número crescente de estudos ao longo dos últimos cinco anos acerca da relação entre a consciência morfológica e as habilidades de leitura e escrita.

O fato de o inglês ser a língua mais encontrada está diretamente relacionado à estrutura desta língua. O inglês apresenta em sua estrutura gramatical alto nível de irregularidade (palavras que não obedecem à regra de correspondência entre letra e som) destacando o potencial da manipulação morfológica no auxílio em leitura e decisão ortográfica. O português brasileiro e o espanhol, por sua vez, são línguas menos opacas, no entanto não são consideradas totalmente transparentes, como é o caso do finlandês, neste sentido, a manipulação morfológica poderia estar mediando a compreensão de leitura e escrita de palavras consideradas morfologicamente complexas ou irregulares.

Em relação ao delineamento, percebeu-se a necessidade de os autores dos artigos utilizados na presente revisão de se realizarem comparação entre desenvolvimento ou desempenho dos escolares nas tarefas de consciência morfológica em diferentes momentos. Esta se realizou por meio da distribuição da amostra nas diferentes séries/anos/grades escolares, incluindo os estágios mais iniciais da alfabetização, bem como os anos em que a apropriação do princípio alfabético já está consolidada. Devido ao foco dos estudos, o delineamento mais encontrado foi o observacional analítico transversal. Além disso, encontraram-se estudos do tipo coorte e caso controle.

As amostras tiveram número mínimo de 52 e máximo de 4780 indivíduos e todos os estudos selecionados foram realizados com crianças ou adolescentes de cinco a 13 anos. O fato de estas amostras serem compostas por esta faixa etária considera o início da escolarização, uma vez que a linguagem escrita necessita ser explicitada por meio do aprendizado escolar. Desta forma, todos os estudos encontrados utilizaram escolares, e todos eles realizaram os testes no próprio ambiente escolar. As amostras apresentaram número inferior a 170 escolares, apenas uma amostra(2727 Foorman BR, Petscher Y, Bishop MD. The incremental variance of morphological knowledge to reading comprehension in grades 3-10 beyond prior reading comprehension, spelling, and text reading efficiency. Learn Individ Differ. 2012;22(6):792-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.lindif.2012.07.009.
http://dx.doi.org/10.1016/j.lindif.2012....
) apresentou número acima deste (4780 escolares). Tal amostra considerou todas as escolas primárias de um distrito nos EUA, sendo as provas aplicadas juntamente com testes anuais coletivos, comuns a todas as escolas do distrito.

Os artigos selecionados apresentaram grande variabilidade dos testes que avaliam a leitura e a escrita(1818 Guimaraes SRK, Paula FV, Mota MMPE, Barbosa VR. Consciência morfológica: que papel exerce no desempenho ortográfico e na compreensão de leitura? Psicol USP. 2014;25(2):201-12. http://dx.doi.org/10.1590/0103-6564A20133713.
http://dx.doi.org/10.1590/0103-6564A2013...
,2020 Apel K, Diehm E. Morphological awareness intervention with kindergarteners and first and second grade students from low SES homes: a small efficacy study. J Learn Disabil. 2014;47(1):65-75. PMid:24191977. http://dx.doi.org/10.1177/0022219413509964.
http://dx.doi.org/10.1177/00222194135099...
,2121 Mota MMPE. Consciência morfológica, aspectos cognitivos da linguagem e reconhecimento de palavras. Inter Psicol. 2011;15(1):21-6. http://dx.doi.org/10.5380/psi.v15i1.15654.
http://dx.doi.org/10.5380/psi.v15i1.1565...
,2525 Gilbert JK, Goodwin AP, Compton DL, Kearns DM. Multisyllabic word reading as a moderator of morphological awareness and reading comprehension. J Learn Disabil. 2014;47(1):34-43. PMid:24219914. http://dx.doi.org/10.1177/0022219413509966.
http://dx.doi.org/10.1177/00222194135099...

26 Deacon SH, Benere J, Pasquarella A. Reciprocal relationship: children’s morphological awareness and their reading accuracy across grades 2 to 3. Dev Psychol. 2013;49(6):1113-26. PMid:22845830. http://dx.doi.org/10.1037/a0029474.
http://dx.doi.org/10.1037/a0029474...
-2727 Foorman BR, Petscher Y, Bishop MD. The incremental variance of morphological knowledge to reading comprehension in grades 3-10 beyond prior reading comprehension, spelling, and text reading efficiency. Learn Individ Differ. 2012;22(6):792-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.lindif.2012.07.009.
http://dx.doi.org/10.1016/j.lindif.2012....
) e sua seleção foi realizada de acordo com o objetivo do estudo, no entanto, observou-se maior diversidade de testes, bem como do uso de instrumentos para controlar as variáveis de confusão (variáveis que podem direcionar a resultados equivocados, caso não controladas estatisticamente, haja visto que se relacionam com a variável dependente e independente ao mesmo tempo), nos artigos de língua inglesa.

Em relação às habilidades avaliadas em cada idioma, todas as habilidades listadas foram testadas nos artigos de língua inglesa. Tal fato reforça o interesse dos países de língua inglesa em entender e lidar com as relações entre consciência morfológica e as habilidades de leitura e escrita, dado o grau de arbitrariedade e opacidade da língua. O português, por sua vez, apresentou o segundo maior número de habilidades avaliadas, o que reflete o grau de arbitrariedade da língua bem como sua estrutura morfológica e fonográfica, relativamente, menos arbitrários do que o inglês (Figura 3).

Figura 3
Proporção das habilidades avaliadas, distribuídas por idioma dos estudos encontrados

Em relação aos testes para avaliação da consciência morfológica, observou-se predominância dos testes de analogia gramatical, decisão morfológica e criação de neologismos, para a avaliação da consciência morfológica; e prova de vocabulário receptivo por figuras e teste de vocabulário de dígitos WISC III, para avaliação do vocabulário(1919 Kirby JR, Deacon SH, Bowers PN, Izenberg L, Wade-Woolley L, Parrila R. Children’s morphological awareness and reading ability. Read Writ. 2012;25(2):389-410. http://dx.doi.org/10.1007/s11145-010-9276-5.
http://dx.doi.org/10.1007/s11145-010-927...
,2121 Mota MMPE. Consciência morfológica, aspectos cognitivos da linguagem e reconhecimento de palavras. Inter Psicol. 2011;15(1):21-6. http://dx.doi.org/10.5380/psi.v15i1.15654.
http://dx.doi.org/10.5380/psi.v15i1.1565...
,2323 Miranda LC, Mota MMPE. Há uma relação específica entre consciência morfológica e reconhecimento de palavras? Psico-USF. 2013;18(2):241-8. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-82712013000200008.
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-82712013...
,2525 Gilbert JK, Goodwin AP, Compton DL, Kearns DM. Multisyllabic word reading as a moderator of morphological awareness and reading comprehension. J Learn Disabil. 2014;47(1):34-43. PMid:24219914. http://dx.doi.org/10.1177/0022219413509966.
http://dx.doi.org/10.1177/00222194135099...
,2626 Deacon SH, Benere J, Pasquarella A. Reciprocal relationship: children’s morphological awareness and their reading accuracy across grades 2 to 3. Dev Psychol. 2013;49(6):1113-26. PMid:22845830. http://dx.doi.org/10.1037/a0029474.
http://dx.doi.org/10.1037/a0029474...
). O uso predominante dos testes de analogia gramatical, decisão morfológica e criação de neologismos, para avaliação da consciência morfológica, corrobora estudos recentes no português brasileiro(99 Mota MMPE, Anibal L, Lima S. A morfologia derivacional contribui para a leitura e escrita no português? Psicol Reflex Crit. 2008;21(2):311-8. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722008000200017.
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722008...
,2121 Mota MMPE. Consciência morfológica, aspectos cognitivos da linguagem e reconhecimento de palavras. Inter Psicol. 2011;15(1):21-6. http://dx.doi.org/10.5380/psi.v15i1.15654.
http://dx.doi.org/10.5380/psi.v15i1.1565...
) que testaram tais provas por meio de análises estatísticas apropriadas e chegaram à conclusão de que apresentam maior evidência de validade para avaliar a habilidade de consciência morfológica, no entanto com níveis de correlação diferenciados para cada série escolar e componente avaliado (morfologia derivacional ou flexional).

Alguns estudos(1919 Kirby JR, Deacon SH, Bowers PN, Izenberg L, Wade-Woolley L, Parrila R. Children’s morphological awareness and reading ability. Read Writ. 2012;25(2):389-410. http://dx.doi.org/10.1007/s11145-010-9276-5.
http://dx.doi.org/10.1007/s11145-010-927...
,2323 Miranda LC, Mota MMPE. Há uma relação específica entre consciência morfológica e reconhecimento de palavras? Psico-USF. 2013;18(2):241-8. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-82712013000200008.
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-82712013...
,2626 Deacon SH, Benere J, Pasquarella A. Reciprocal relationship: children’s morphological awareness and their reading accuracy across grades 2 to 3. Dev Psychol. 2013;49(6):1113-26. PMid:22845830. http://dx.doi.org/10.1037/a0029474.
http://dx.doi.org/10.1037/a0029474...
) consideraram ainda o uso de provas de consciência fonológica, juntamente com a aplicação de análises estatísticas multivariadas, para controlar a influência da consciência fonológica nos resultados, uma vez que esta poderia estar influenciando positivamente o desempenho em leitura(2828 Rodrigues A, Befi-Lopes DM. Memória operacional fonológica e suas relações com o desenvolvimento da linguagem infantil. Pró-Fono Rev Atual Cient. 2009;21(1):63-8. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-56872009000100011.
http://dx.doi.org/10.1590/S0104-56872009...
,2929 Costa RCC, Ávila CRB. Competência lexical e metafonológica em pré-escolares com transtorno fonológico. Pró-Fono Rev Atual Cient. 2010;22(3):189-94. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-56872010000300006.
http://dx.doi.org/10.1590/S0104-56872010...
) e, consequentemente, mascarando o desempenho na habilidade de consciência morfológica. Outra habilidade controlada(2121 Mota MMPE. Consciência morfológica, aspectos cognitivos da linguagem e reconhecimento de palavras. Inter Psicol. 2011;15(1):21-6. http://dx.doi.org/10.5380/psi.v15i1.15654.
http://dx.doi.org/10.5380/psi.v15i1.1565...
,2323 Miranda LC, Mota MMPE. Há uma relação específica entre consciência morfológica e reconhecimento de palavras? Psico-USF. 2013;18(2):241-8. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-82712013000200008.
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-82712013...
), por meio da Escala de Inteligência Wechsler para crianças – WISC III(3030 Wechsler D. WISC-III: escala de inteligência Weschsler para crianças. São Paulo: Casa do Psicólogo; 1991.), foi o desenvolvimento cognitivo. Em seu estudo, Mota et al.(2121 Mota MMPE. Consciência morfológica, aspectos cognitivos da linguagem e reconhecimento de palavras. Inter Psicol. 2011;15(1):21-6. http://dx.doi.org/10.5380/psi.v15i1.15654.
http://dx.doi.org/10.5380/psi.v15i1.1565...
) avaliaram o coeficiente de fidedignidade, para o subteste utilizado, e verificaram que este apresentou bons índices de consistência interna.

Os resultados variaram conforme os objetivos e variáveis selecionadas dos estudos, mas a maioria evidenciou a relação entre habilidade de consciência morfológica e as habilidades de leitura e escrita. Crianças com bons resultados em provas de consciência morfológica apresentam melhores resultados em provas de leitura, compreensão de leitura e escrita quando pareadas às crianças com desempenho inferior em provas de consciência morfológica. Este achado contribui para a relação de que, mesmo em línguas menos opacas, a reflexão acerca da estrutura morfológica das palavras contribui para o desempenho em leitura e escrita(33 Marec-Breton N, Gombert JE. A dimensão morfológica nos principais modelos de aprendizagem da leitura. In: Maluf MR, org. Psicologia educacional – questões contemporâneas. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2004. p. 105-21.,44 Nagy W, Berninger VW, Abbott RD. Contributions of morphology beyond phonology to literacy outcome of upper elementary and middle-school students. J Educ Psychol. 2006;98(1):134-47. http://dx.doi.org/10.1037/0022-0663.98.1.134.
http://dx.doi.org/10.1037/0022-0663.98.1...
,77 Marec-Breton N, Besse AS, Royer C. La conscience morphologique est-elle une variable importante dans l’apprentissage de la lecture? Educ Rev. 2010;38(38):73-91. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-40602010000300006.
http://dx.doi.org/10.1590/S0104-40602010...
,88 Hagen V, Miranda LC, Mota MMPE. Consciência morfológica: um panorama da produção científica em línguas alfabéticas. Psicol Teor Prat. 2010;12(3):135-48.,1616 Paula FV. Conhecimento morfológico implícito e explícito na linguagem escrita [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2007.,1818 Guimaraes SRK, Paula FV, Mota MMPE, Barbosa VR. Consciência morfológica: que papel exerce no desempenho ortográfico e na compreensão de leitura? Psicol USP. 2014;25(2):201-12. http://dx.doi.org/10.1590/0103-6564A20133713.
http://dx.doi.org/10.1590/0103-6564A2013...
,2121 Mota MMPE. Consciência morfológica, aspectos cognitivos da linguagem e reconhecimento de palavras. Inter Psicol. 2011;15(1):21-6. http://dx.doi.org/10.5380/psi.v15i1.15654.
http://dx.doi.org/10.5380/psi.v15i1.1565...
).

Com a análise dos resultados de cada artigo incluído na revisão, podem-se verificar correlações positivas entre provas de consciência morfológica e as habilidades de leitura e escrita. Além disso, verificou-se ainda, relação da consciência morfológica com velocidade de leitura e identificação de palavras(1919 Kirby JR, Deacon SH, Bowers PN, Izenberg L, Wade-Woolley L, Parrila R. Children’s morphological awareness and reading ability. Read Writ. 2012;25(2):389-410. http://dx.doi.org/10.1007/s11145-010-9276-5.
http://dx.doi.org/10.1007/s11145-010-927...
).

Considerando as limitações relevantes, a maioria dos estudos considera, respectivamente, a necessidade de provas com maior validade e confiabilidade para a avaliação da consciência morfológica(2222 McCutchen D, Stull S, Herrera BL, Lotas S, Evans SP. Putting words to work: effects of morphological instruction on children’s writing. J Learn Disabil. 2014;47(1):86-97. PMid:24306461. http://dx.doi.org/10.1177/0022219413509969.
http://dx.doi.org/10.1177/00222194135099...
,2626 Deacon SH, Benere J, Pasquarella A. Reciprocal relationship: children’s morphological awareness and their reading accuracy across grades 2 to 3. Dev Psychol. 2013;49(6):1113-26. PMid:22845830. http://dx.doi.org/10.1037/a0029474.
http://dx.doi.org/10.1037/a0029474...
), bem como a necessidade de inclusão de provas para posterior controle da consciência fonológica, vocabulário e conhecimento geral, reduzindo, assim, o incremento de influências e fatores de confundimento(1212 Deacon S, Kirby J. Morphological awareness: just “more phonological”? The roles of morphological and phonological awareness in reading development. Appl Psychol. 2004;25:223-38.,1818 Guimaraes SRK, Paula FV, Mota MMPE, Barbosa VR. Consciência morfológica: que papel exerce no desempenho ortográfico e na compreensão de leitura? Psicol USP. 2014;25(2):201-12. http://dx.doi.org/10.1590/0103-6564A20133713.
http://dx.doi.org/10.1590/0103-6564A2013...
,2121 Mota MMPE. Consciência morfológica, aspectos cognitivos da linguagem e reconhecimento de palavras. Inter Psicol. 2011;15(1):21-6. http://dx.doi.org/10.5380/psi.v15i1.15654.
http://dx.doi.org/10.5380/psi.v15i1.1565...
,2424 Gutiérrez CS. Contribución de la consciência morfológica a la mejora de laortografía. Un estudio evolutivo con niños de tercero a sexto de primaria. Sintag. 2013;25:33-46.,3131 Mota MMPE, Santos AAA, Guimarães SB. Evidências de validade e consistência interna de tarefas de analogia gramatical. Estud Psicol. 2014;19(4):250-7. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-294X2014000400002.
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-294X2014...
). Alguns autores ressaltam, ainda, a necessidade de cautela nas análises e generalização das provas de consciência morfológica, uma vez que os testes não apresentam escores padronizados e possibilitam, em suma, análise de correlação, os autores apontam que análises de associação e causalidade, seriam desafios para estudos futuros e permitiriam melhor compreensão da influência da consciência morfológica nas habilidades avaliadas(2222 McCutchen D, Stull S, Herrera BL, Lotas S, Evans SP. Putting words to work: effects of morphological instruction on children’s writing. J Learn Disabil. 2014;47(1):86-97. PMid:24306461. http://dx.doi.org/10.1177/0022219413509969.
http://dx.doi.org/10.1177/00222194135099...
,2626 Deacon SH, Benere J, Pasquarella A. Reciprocal relationship: children’s morphological awareness and their reading accuracy across grades 2 to 3. Dev Psychol. 2013;49(6):1113-26. PMid:22845830. http://dx.doi.org/10.1037/a0029474.
http://dx.doi.org/10.1037/a0029474...
).

CONCLUSÃO

O presente estudo demonstrou que a maior parte das pesquisas realizadas nos últimos cinco anos e publicadas nas bases de dados Pubmed e Portal Capes, revelou que existe forte correlação entre consciência morfológica e as habilidades de leitura e escrita. Foi observado que crianças com melhores resultados em provas de consciência morfológica, apresentam também melhores resultados em leitura e escrita, quando comparadas àquelas com desempenho inferior em consciência morfológica ou que não passaram por intervenção morfológica.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos à CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior) e à FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais) pelo subsídio financeiro concedido à primeira autora ao longo do estudo, por meio de bolsa de mestrado.

  • Trabalho realizado no Departamento de Fonoaudiologia, Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG - Belo Horizonte (MG), Brasil.
  • Fonte de financiamento: nada a declarar.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    2017

Histórico

  • Recebido
    12 Fev 2016
  • Aceito
    28 Maio 2016
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